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REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA SUMARIO DO NUMERO DE JULHO-SETEMBRO DE 1941 ARTIGOS A GEOGRAFIA URBANA E. SUA INFLUENCIA SOBRE 0 TRAFEGO, ‘pelo eng. Jenoxemo CATALCANT:, a Prefeltura do Distrito, Federal cose 4985 A REDIVISKO POLITICA DO BRASIL, Dela diy MOA Tesentta ne PReio, georstério goral do Instituto Brellelro de Geogr oe Bstatiation, 9 AGRUTA DE MAQUINE E SU's ARREDORES, lo gr Avowso Dr GuAisa Himes, do Departamento Hstadual de Bstatistica do Rstado Ge Minas Gerais 555 GEOGRAFIA DOS TRANSPORTES NO BRASIL,” ‘pelo eng, Moacr M, F. Siva, Consultor Téenico do Conselho Nacional de Geografia ... 589 VULTOS DA GEOGRAFIA DO BRASIL TENENTE JOAO SALUSTIANO LIRA 08 WILHELM VON BSCHWEGE ... DUNE 60 INQUERITOS GEOGRAFICOS GEOGRAFIA REGIONAL DO BRASIL, belo ‘Tte, Cel. Lima Froveumo (aprov. pelo TX Cong, Bras, de Geogratia) ...cevsses. 613 COMENTARIOS CANAL DE S40 SIMAO, comuinicagso feita pelo prof, Joxce Zanun cece 2 FRONTEIRAS INTERNACIONAIS, lobra de 8. Wrrrsinom Bocas, comentada pelo eng. Moc: M. F, Szuva cece 626 “EARTH SCIENCE”, ‘obra de Guaray L. Purtcimn, comentada pelo prot. Deuzaavo pr CARVALHO ..... eae FRONTEIRAS DA GEOLOGIA & DA GEOGRAFIA & 4 UNIDADE DESTA CIENCIA, lconferéncla pronunciada no 'D.N.P-M. pelo prot. Bvmavoo BackMrvatn esr ALGUMAS NOTAS SOBRE 4 DISTRISUIGAO'DO CAMPO & DA MATA NO. SUL DO PAIS Ea FIXIDBZ DO LIMITE QUE OS SEPARA, pelo Pe, Gmatoo Pavwsis : ee eal) CongRESSOS BRASILEIROS DE GROGRAFIA, ‘ela Secretaria Geral do Conselho Nacional de Geografia ........ coos OBL TIPOS E ASPECTOS DO BRASIL CARRO DE BOIS on ost FLORESTA EM GALERIA es 659 NOTICIARIO QUARTA SESSAQ ORDINASIA, DAS. ASSEMBISIAS GERAIS DOS CONSELHOS NACIO- NAIS DE GEOGRAFIA E DE ESTATISTICA en ANDAMENTO DOS TRABALHOS CENSITARIOS mn 685 RADIAGAO COsMICA osm POSSE DO MINISTRO J. 8 FONSKCA' HaRMUS NO DIRRTORIO CeNTRAL DO G.N.G. 1... 890 REPRESENTACAO DO MINISTERIO DA ABRONAUTICA NO 1.3.G-2. 02 LiMiTES ENTRE O BRASIL E A ARGENTINA Serre meal LIMITES ENTRE OS ESTADOS ‘DO RIO DE JaNeiKO EDs WiNAS GERAIS fot mos) LIMITES ANTRE O5 ESTADOS DE GOLaZ F DE MINAS GERAIS fore eoa) GONGRESSO DOS PREFEITOS MINETROS fee laos) PLANO RODOVIARIO DE MINAS GERAIS E peeceret| ao) CONGRESO. INTER-AMERICANO DE MUNICIPIOS eon eceenreerseers tyorl DOCUMENTAGAO. GEOGRAFICA-DO CONSELHO Es me C&RTA GEOGRAPICA DO BRASIL AO MILIONESIiO. es 09 SOGIEDADE BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA & ETNGLOGIA a mm AERECAO DA HERMA DO GEOLOGO EUSREIO DE OLIVETRA ee : mm uate OENTENARIO DO DESCOBRINENTO DO BIO aNtAzoNas 0.0. m2 On mapa Do RIO AMAZONAS LEVANTADO HA 250 ANOS ei 2 Alofsio “HENNINGER BARBOSA’... m4 EMILIO. Wor. ei 5 : ne PROFESSOR OLAVO FiBiRE e eee Cu ns bar voaguint Augusto Tanai i pee 13 ISMAEL GAJARDO REYES... A ae ne ERITE ‘DE ‘VASCONCELOS ...-... : ne ARTUR EVANS... 16 ATIVIDADES GEOGRAFICAS ATIVIDADES GEOGRAFICAS oT GOORDENADAS DAS SEDES MUNICIPAIS LEVANTADAS PELO CNG. 8 RELATORIOS, RESOLUCOES E LEIS ATIVIDADES DO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA, iscurso do Emabaixador Jose Casios ox Maceo Soanis ve TAL nasollcats bo DIBETORIO CENTRAL Do CONSBLHO NACIONAL’ bE GEOGHAEIA, da den. 40 a dem." 50. M0 BIBLIOGRAFIA PUBLICAQORS SOBRE GEOGRAFIA EDITADAS NO BRASIL NOS ANOS DE 1939/1961 189 PUBLICAGOES DE INTERESSE GEOGRAFICO EDITADAS ‘NO BRASIL NOS ANOS’ DE 1936/1941: Ealgges de lvrarias e particulares expostas & Yenda s..ss-vecsceeeeeee Ee 0) Se aoe ceceeereeereeresrris teal Ealgtes oficlais Monografias muiicipais 18 Pig, 1 ~ Jutho-Setembro de 1964 REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA Ano III | JULHO-SETEMBRO, 1941 | Ne 3 A GEOGRAFIA URBANA E SUA INFLUENCIA SOBRE O TRAFEGO Eng. Jerénimo Cavalcanti Da Prefeitura do Distrito Federal Uma anilise feita sObre a estrutura da cidade antiga, de nascimento eventual e crescimento espontaneo, revela que em muitos casos, ela se formou da jungdo de acréscimos ocasionais, resultantes do jégo de interésses mtltiplos, que provinham da propria génese tumultuaria, no MARTINNO ©. CASTRO ZS Fig. £ Plano ideal segundo Levirloys. vé-se nor éle que para se ir do centro 6 periferia tem-se 0 ‘caminko mais curto. curso de sua extenséio. Os primeiros agrupamentos humanos que se reuniram, que instalaram o nticleo inicial das primitivas cidades, ndo o fizeram dentro das leis do Urbanismo, porque desconhecidas lhes eram, mas por uma contingéncia geografica, na sequéncia da vida némade, Pag. 2 — Julho-Setembro de 1944 496 REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA aventurosa, no movimento invasor das bandeiras, politica, na disputa da hegemonia regional, estratégica, na necessidade de fixar a conquista. Estes fatores tinham, no momento, de subordinar-se A preméncia dos acontecimentos, as férgas mesolégicas predominantes. Dai as cidades esponténeas, mutiladas na sua geometria, deformadas na sua plastica, gerando concentracées incoerentes, verdadeiro caos urbano que responde Fig. 2 ‘uifcuttam, quando néo odstom. pelo congestionamento inquietante dos dias de hoje: Surgiu, assim, o mais complexo problema das administragées municipais contempora- neas, qual 0 do consérto da desordem, ou seja, o do reajustamento do caos ao ritmo acelerado da era maquindria. As exigéncias da vida moderna, culminantes em seu aspecto econémico, impuseram, desde logo, a adocao de um sistema de ruas e avenidas, que atendesse ao tré- fego multiforme da gigantesca massa humana, que flue e reflue, em vagas sucessivas, no labor diario das metrépoles do arranha-céu, da fabrica e do trem elétrico. Houve, por bem, recorrer-se a um tragado ade- quado, que permitisse um trAnsito rapido & inesperada unidade de tré- fego dos tempos novos — o automével. As primeiras tentativas come- Pag. 4 — Julho-Setembro de 1941 A GEOGRAFIA URBANA E SUA INFLUENCIA SOBRE 0 TRAFEGO sor caram com a experiéncia do tipo radio-concéntrico, (fig. 1), plano ideal segundo Luvintoys, e que deveria esposar as vias de trafego centrifugas, circulares e parabdlicas (fig. 2). Punha-se, assim, 4 margem o classico reticulado grego-romano, conjunto de linhas paralelas e perpendiculares ao cardo e ao decumanus, tragados, primitivamente, pelos Auguros, (fig. 3), nas diregdes diametrais da urbs. Mas ésse propésito de cami- nhar, da direita para a esquerda, do centro para a periferia, e vice- -versa, encontrou os mais embaragosos obstaculos nos fatores geogré- ficos, que para tanto Ihe opunham montanhas, rios, vales, lagos, bafas e outros acidentes naturais. © TRAFEGO E A OROGRAFIA URBANA Nas épocas remotas, as cidades formavam-se dentro do circulo apertado de suas muralhas, expostas como estavam aos ataques mili- Fig. 3 ao retangular, Verificanse por éle que pare se ir do ponte, A ao ponto BS temee que percorrer os catetos (linhas pontuadas) de dol tndngulos cafes Ripolenuase tponto e linha) tragam 0 csminko mais curte. COmD ae ve, 0 Per= apenas, Ripotenusce corvesponacna tos raioe 40 Hrageto Fadiovcondent hen, tares. Nasceram e assim se desenvolveram, Ninive, cidade defensiva, Babilénia, cidade fortificada, Korsabad, cidade déspota. Disto resultava uma limitada area de expansio, hiperpovoada, amontoando o aglome- Ag, § = Julho-Setembro de 1981 498 REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA rado urbano num labirinto de ruas estreitas e tortuosas, opressivas e super-edificadas, formando a cidade concentrada. Com 0 advento, po- rém,das novas armas de guerra, que tiraram 4s muralhas téda razao de existéncia, e ainda, com o aparecimento triunfal do motor, que deu a cidade inesperados e super-rapidos ‘meios de transporte, a 4rea urbana, consequentemente, expandiu-se caminhando no sentido de suas neces- sidades até onde Ihe consentiu a Geografia Urbana. Surgiu assim a cidade dispersa. A velocidade dos novos meios de transporte propor- cionow-lhe a procura da morada higiénica, barata e confortavel, fé-la estender rdpido seus tentéculos em busca do espaco vital. Mas, nem sempre, péde conseguir seu desideratum. De frente, erguera-se por vézes, a adversidade topogréfica, Vejamos um caso concreto — a cidade do Rio de Janeiro. O aspecto fisiogréfico da area sObre que assenta a Capital Federal 6 ainda motivo de controvérsia, Opina A. Lameco que éle resulta de uma esfoliacdo térmica das rochas combinada com uma clivagem tectOnica e agées bioquimicas, opina R. Luma = Siva, que provém do aparecimento de falhas, conexas a enrugamentos, oriundos de movimentos tangenciais e verticais, ocorridos de modo muito agitado na era tercidria, E ainda, no pensar de Oron Leonarpos ¢ I. OLIVEIRA, 6 um grupo de ilhas de um bloco afundado da Serra do Mar, que s6 muito recentemente tornou a reunir-se ao continente pelo avanco da Pig. 4 Viaduto dos carris de Santa Teresa. Adaptacdo do colonial aquedute dos Arcos. planfcie quaternéria — Baixada Fluminense. Qualquer, entretanto, que tenha sido a causa de tal morfogénese, do fenémeno resultou um relévo multifario para o habitat carioca, cenario incontestavel de atormentada orogenia, campo de um duelo impetuoso de férgas diastréficas. Dai, 0 facies caprichoso déste trato de terra, a linha orografica abrupta nos recortes, arremessando ousada os contornos para as nuvens. Pg. 6 — Julho-Setembro de 1941

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