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‘Awa Luiza 0¢ Quaokos Heuwuts: Gutoo Luna Stesato Mania Euzza Moteits Dat oe Cagvatno INTRODUCAO A QUIMICA Belo Horizonte Editora UFMG. 2007 © 2007,.08 AUTORES © 2007, Eitora UEMG (Quads, Ana Luiza de Qu Inirodgio 4 quimica Ana Luiza de Quacos, Helmuth Guido tuna Sebald ‘Maria Eiza Morera Da de Carvalho Belo Horizonte“ Editora UEMG, 207, 211 p.~ il. Educagio a Distinciad Incl rferncins. ISBN: 975.85-7001.654-4 1. Quimica. 1 Siebald, Helmuth Guido Luna. Carvalho, Maia liza Dai de tL Tilo, IV. Serie labora pela Cental de Controle de Quid de Catalogago ds Biotec Univers da UFMG: Este livro recebeu 0 apoio financeiro da Secretaria de Educagio a Distancia do MEC. ode dodo de nis: Amy Cs es EDTORACAO OF TERTOS: Maia do Co Loe Reo FEVSAOE NORMALIZNCAO: lin ce Oita REVSKO BE PROVA: avid Rin A Petes Lian de her PRODUGKO GRAIN Waren M, Santos PRIETO GRAPICO «CAP et Fon FORNATAGAO Warten Mt. Saros FDITORA UPMG —PRO.REITORIA DE GRADUACAD ‘Ati Cakes, 6.627 Ala cet ibitca Ax AMO Caos, 6 627s —aear Conat-Tarco Campus Fanpulha- $1270.91 -loHozon- MO Campus Pampubis- 21270901 - Bel Horaonen MG Tel (1) 108.054 « ey S800 Tel: 17340-4650 - Fc 21) 24084768 woman - noopragadigl - hxacnadsancoauinge edo emgb = edie © Curso de Licenciatura em Quimica da UFMG, modalidade a distancia, foi concebido tendo em vista dois principios fundamentais. primeiro deles se refere A democratizagao do acesso a educacio superior; o segundo consiste na forma¢ao de professores de alto nivel, comprometidos com a qualidade da educagao no Pais. A coletanea da qual este volume faz. parte visa a dar suporte aos estudantes do Curso. Cada volume esté relacionado com um tema, eleito comoestruturantena matriz curricular. Ele apresenta os conhecimentos minimos que sao considerados significa que o estudante deva se limitar somente ao estudo do volume. ‘Ao contririo, ele é 0 ponto de partida na busca de um conhecimento mais amplo e aprofundado sobre o assunto. Nessa dire¢ao, cada volume mnciais no estudo do tema, Isso nao apresenta uma bibliografia, com indica¢ao de obras impressas e obras virtuais, que deverd ser consultada sempre que se fizer necessério. Cada volume da coletanea est dividido em aulas, que consistem em unidades de estudo do tema tratado. Os objetivos, apresentadosem cada inicio de aula, indicam as competéncias ¢ habilidades que o estudante deve adquirir ao término de seu estudo. As auilas podem se constituir em apresentacées, reflexdes e indagacées tedricas, em experimentos ou em orientagées para atividades a serem realizadas pelos estudantes. Para cada aula, foram elaboradas atividades com o objetivo de levar o estudante a avaliar o seu progresso e a desenvolver estratégias de metacogni¢io ao se conscientizar dos diversos aspectos envolvidos em seus processos cognitivos. Essas atividades ausiliardo o estudante a tornar-se mais auténomo, responsavel, critico, capaz. de desenvolver sua independéncia intelectual. Caso elas mostrem que as competéncias ¢ habilidades indicadas nos objetivos nao foram alcangadas, ele deverd estudar com mais afinco e atengio 0 tema proposto, reorientar seus estudos ou buscar ajuda dos tutores, professores especialistas e colegas. Agradecemos a todas as instituigées que colaboraram na produgio desta coletanea. Em particular, agradecemos as pessoas (autores, coor- denador da producio grafica, coordenadores de redagao, desenhistas, diagramadores, revisores) que dedicaram seu tempo e esforgo na prepa racio desta obra que, temos certeza, em muito contribuiré para a edu- cacao brasileira. Maria do Carmo Vila Coordenadara do Centro de Apoio 3 Bducagao a Distancia uEMG SUMARIO Apresentagio UNIDADE 1 - PRINCIPIO DE REATIVIDADE Aula Introduzindo a Quimica: as transformacées no tempo histérico ..... ‘Aula Evidenciando algumas reagbes quimicas: azia, escurecimento do ovo eoxidagao do fero 2.1 Comi demais! E agora’. 2.2 Pox que 0 ovo cozido escurece? 2.3 Oxidagdo do ferro (ormagio de ferugem). ‘Aula3—_Evidenciando outrasreagées quimicas: a fotossintese e a combustio.... 3.1 Nutrigdo dos vegetais. 3.2 Emendendo a combustio ‘Aula4 ——Acconservacdo das massas numa reacao quimica 4.1 Loar a conenagio das masa alceameni orth 4.1.1 Como lidamos com a conservaciio das massas? 4.2 Equagdes idnicas simplificadas. Aula 5 Conservagio das massa: outras formas de balanceamento ~ fon-létron e NOX. 5.1 Reais de xidagoredu ou races redox 5.2 Balanceamento pelo metodo fon-etron 5.3 Balanceamento pelo método NOX. 5.4 Ea relacdo de massa nas reagoes? . 5.5 Energia: um breve comentario UNIDADE 2 - A CONSTITUICAO DA MATERIA Aula} Ateoria atmica da matéria: dos étomos indivisiveis de Dalton as paticulas subatémicas 6.1 Pensando a estrutura da matéria. . {6.2 Teotia Atdmica de Dalton: um modelo para o étomo 163 consttuicio fnma dos Stomos. 2.0. 63.1 A relacdo entre a materia ea dleticidade. 6.3.2 0s tubos de descarga de Crookes 63.3 A descoberta do elétron 6.3.4.4 carga do elétron . 63. 5 Acarpa dca posta ea descobera do prion 6.40 modelo atémico de Thomson aw 15 226 231 31 235 4 41 2 ot 49 49 =) 2 58 62 7 67 --69 7 m 5 Aula Aula 8 O dtomo nuclear......... siete 7.1 Omndel atico de Ruther. 7.1.1 As observagies fetas na experiéncia 7.1.2 A interpretacio das observaies, 7.13 O dilema do stomo nuclear 7.14 0 que estava incoreto? 7.2 Aradiagao eletromagnetica 7.2.1 Agumas grandes impotares sodas eleromagndicas 7.2. Intereréncia de ondas 7.2.3 Max Planck: a energia & uma grandeza descontinual 7.2.4 Espectroscopiaatbmica 7.3.0 modelo atémico de Bohr... 73.1 Os eltons: responsives pela absorcio 2 emissio doenergia 73.2 doug teica da eng de Ry 73.3 O postulado de Bohr sobre a quanizacan de energia. 7.34 A determinacdo da energia quantzada de um eltron 7.3.5 Aequagio de Rydberg, 7.3.6 Absorgio e emissio de enexga eletiomagntica,. 73.7 O surgimento da mecinica quantica 73.8 A dualidade particula-onda 7.39 A telagio de Louis de Broglie 7.3.10 0 principio de incerteza de Heinsenberg. 73.11, diftagio do elton . 73.12 Ondas estacionérias 73.13 Aeqagio de onda de Ervin ching pro eon 7.3.14 Propredades da fungao de onda do eléron 73.15 A equagio de Scddinger eo tomo de hidrogénio 7.3.16 A func de onda eo principio de ince teza Os onbitas atémicos e a configuragio eletinica ........... 8.1 Os otbitas atémicos. 8.2 Os niimeros quinticos 8.2.1 O nimero quanti principal 8.2.2.0 ntimero quaintico azimutal ou secundétio, 8.2.3 O ntimero quantico magnético. 8.2.4 0 nimero quintico spin... 8.2.5 Diagraas de sper ie para os bia 8.2.6 Os niimeros quinticos e os nés . . 8.3 Atomos polieletrinicos. .... 2... ceececeeeeeeeees 843.1 0 principio da eifcacio. 110 a7 7 78 78 7” 79 80 ar 8 82 8 86 86 87 88 90 a1 B B 8 295 %6 oo 7 8 Bes 1 103 108 104 104 105 105 106 108 108 110 Aula 9 Aula 10 Aula 1 8.3.2 0 principio da exclusio de Paul. 8.3.3 O principio de Hund ou da multplicidade maxima . 84 A oxdem dos nives de energia 8.4.1 Configuragdeseletinicas no estado fundamental 8.4.2 Coniguracioeletnicae a notacio espectoscépica. 8.4.3 ConfiguracdoelerGnicae a notacio do cere do gés nab. . 8.44 Configuragao eletrinica ea notagSo do Diagrama de Onis. 8.4.5 Configuragies eletrinicas de dnionse cétions elementares 8.4.6 Paramagnetismo e diamagnetismo Aperiodicidade quimica, .. 9.1.8 periodicidade . 4.1.1 A Moderna Tabla Pra dos elementos 9.1.20 Nimero Atémico ea Tabela Periddica 9.1.3 A periodicidade das configuragbes eletrnicas.. 9.1.4 A carga nuclear efetva, Ze 9.1.5 Algumas propriedades periidicas Ligagées quimicas. 10.1 As ligagies quimicas ... 10.2 A natureza das ligaces qui 10.2.1 Aligagio inca. 10.2.2 A ligacio covalente 10.3 Teorias para explicar a ligacio covalente .. 10.3.1 0 modelo de Lewis para a ligacio covalente 103.2 Ressonincia.. 103.3 Ordem comprimeno de igago 10 A Teoria da Ligagio de Valencia -TWV 10.4.1 Hibridizagdo dos obitais atimicos... 10.4.2 Decidindo o tipo de hibridizacto: o némero estreo 10.4.3 Amolécula de etileno, H.C= CH, ... 10.4.4 A molécula de acetleno, HC= CH 10.4.5 As moléculas de gua e de aminia 10.5 A Teoria dos Orbitais Moleculares-TOM 10.5.1 Amolécula de oxigénio 10.6 A ligacio metilica ea Teoria das Bandas. 1007 Geomeria das mols aera ds repulse dos prs eletronicos da camada de valencia coe Interagbes quimicas 11.1 teas interceculres- Fog dean der Waals 11.1.1 fon-dipolo permanente. 11.1.2 fon-dipol induzido 11.1.3 Dipolo permanente-dipolo permanente 166, 175 175 175 7 178 11.14 Dipolo permanente dipoloinduzido . : 180 11.1.5 Dipolo induzido-dipolo induzido...... eee cee. 180 UNIDADE 3 ~SOLUCOES: UMA FERRAMENTA DO QUIMICO ‘Aula 12 Solugdes: uma ferramenta do quimico : 185 12.1 Inttoduzindo o estudo de clues misturas homogénea e heterogénea.........ceececeeesecesecee es 185: 12.2 Solugdes...... 186 12.2.1 Unidades de concentago.. «187 1.3 Propriedades coligativas. beveeeeeeeeeeee ee 190 12.3.1 O que é press de vapor... 190 123.2 O que éosmose? ....... coeeeeeeee IDI 123: 3.0 que temperatura de ebulci? vevceeeeevee IZ 12.3.4 O que é temperatura de congelamento?........... 2192 12.4 Preparando solugées 193 12.4.1 Preparo de solugdes a partir de um soluto sdlido ......... 193 12.4.2 Preparo de soluco a partr de um solutoliquido de concentragao conhecida, em mot: diigio. ...... 195 12.43 Preparo de soluco a pari de um solutoiquido concenitado, para o qual conhecemos puezae densidade ... 196 ‘Aula 13 Caréte écido, bisico e neuto das solucies 201 13.1 Inttodugio. 201 13.2 Acidos e bases. voces 201 13.2.1 Teoria da dissociacao de thei. . wee 201 13.2.2 Teoria do sistema-solvente: expansio da teoia de Arhenius 203 13.2.3 Teoria de Bronsted e Lowry. ... ce wee 204 13.2.4 Teoria de Lewis.............06000005 . 205 13.3 Retomando a dissociagéo da dgua . 2 206 13.4 Uma scala par maa concenragio de cis bases... 207 13.4.1 A forga dos dcidos 208 13.42 Aforga das bases... oo 208 13.4.3 Propriedades écido-base das solugoes: sons 209 Apresentacao Este livro é uma ferramenta de aprendizagem para a disciplina de Fundamentos Quimica do curso de Licenciatura em Quimica ~ modalidade a distancia. Nele, procuramos evidenciar alguns conceitos fundamentais em Quimica que permitem compreender o universo observavel e 0 nosso entorno que dele faz parte. AUnidade 1 trata das transformagées quimicas. Para tal, usamos alguns exemplos de transformagées presentes no nosso dia-a-dia, Também discutimos a massa envolvida nessas transformagées. Consideramos este assunto de extrema importéncia, jé que as transformagdes, tanto naturais quanto as provocadas por interferéncia humana, fazem parte donosso mundo. A Unidade 2 faz uma discussio sobre a teoria atémica e seus modelos. Nela procuramos dar uma visio historica, mostrando como chegamos a0 modelo atual. Também fazemos uma discussao sucinta sobre a ‘Tabela Periédica ¢ algumas propriedades dos elementos quimicos, bem como de que maneira estes formam espécies quimicas através de ligagoes quimicas. Na Unidade 3, apresentamos os aspectos mais relevantes das solugées, que sao conhecimentos indispensaveis para os quimicos e tio necessé- rios para a atividade experimental. Nossa expectativa é de que este livro contribua de modo decisivo para a sua formacio. O texto contempla os primérdios da quimica como Giéncia e sua evolugio, ¢ o fruto da boa compreensao ¢ assimilagao dos conceitos aqui vertidos deve resultar no seu sucesso académico profissional, Os Autores UNIDADE 1 Principio de Reatividade Nesta unidade estaremos desenvolvendo os seguintes t6picos: = Introduzindo a Quimica: as transformagées no tempo hist6rico; - Bvidenciando reaces quimicas; - Conservacao da massa nas reagoes quimicas. Dividimos esta unidade em 5 aulas. Procure aproveité-las ao maximo e consulte a bibliografia complementar sempre que se fizer necessaric AULA ff Introduzindo a Quimica As transformacoes no tempo histérico Objetivos: ‘Ao final desta aula voc®,aluno, devers - Familiarizar-se com a evolucio do conbecimento referente is eeagbes quimicas. - Idenificar os modelos, to usados em Quimica, como forma de explicar o mundo. Nem mesmo para os seres humanos primitivos as transformasées da matéria passavam desapercebidas. Certamente, o que muito impressio- ava era a queima ou combustao, jé que o fogo oferecia uma visio espe- tacular. A obtengio dos metais a partir dos seus minerais, e promovida pelo fogo, marcou os estagios evolutivos da humanidade, conhecidos como “as eras dos metais” ou Idade do Cobre, Idade do Bronze e Idade do Ferro, Essas transformagées eram consideradas magicas e povoaram ‘a metalurgia de mitos, deuses e deménios. Foram necessarios alguns milénios para que a combustdo e a redugao dos minérios, para produzir ‘0s metais, pudessem ser compreendidas e explicadas. No século XVIII, Lavoisier explica a combustao ao mesmo tempo em que anuncia a conservagao da massa durante uma reacao quimica. So- bre a combustao, ele afirma: Hé aproximadamente oito dias, descobri que o enxofre, ao quei- mar, nao perdia seu peso mas, ao contrario, o ganhava; [...] Esse aumento de peso provém de uma quantidade prodigiosa de ar que se fixa durante a combustao [..] (Memoria apresentada @ Academia de Ciéncias de Paris, 1772), A parte do ar que participa da reacao de combustio, Lavoisier denomi- nou de “principio Oxigénio” ou simplesmente oxigénio, que em grego significa "gerador de Acido”, porque ele acreditava que todos os acidos deveriam ter 0 elemento oxigénio na sua composigao. A teoria sobre a combustao foi anunciada alguns anos mais tarde: Arrisco hoje a propor & Academia uma teoria nova sobre a combustao [..] pela qual se explicam muito satisfatoriamente todos os fendmenos da combustio, da calcinacao e, mesmo em parte, os que acompanham a respiracdo dos animais (Lavoisier, Meméria sobre a combustdo, 12 de novembro de 1777). smopucio Agus 16 Sobre a conservacao da matéria, ele escreveu: Porquenada se cria, nem nas operagées da artenem nas da natureza pode-se estabelecer, em principio, que em toda operagao ha uma quantidade de matéria antes e depois da operacio... (Lavoisier. ‘Tratado Elementar de Quimica, 1789) falando. Jaa explicagao da reacio de reducao dos minérios dando os respec tivos metais veio mais tarde, Foi preciso, antes, reconhecer a exis- téncia do elétron, admitir a ocorréncia da transfzréncia de elétrons entre as espécies quimicas, definir 0 mimero atémico, conceituar © numero de oxidagao e, tudo isso, depois da construgao da teoria atémica. Esses eventos ocorreram durante 0 séaulo XIX ¢ inicio do século XX, | Redugdo, para os quimicos da época de Lavoisier, era entendida | | como a reagao de obtensao do metal a partir de seu minério. Por | | exemplo, o ferro metélico era obtido por “redu;ao” da hematita, | | Fe,O,, 0 conceito de mimero de oxidacio, NOX, ainda nao existia. | on aeeessse | Isso nos remete ao primeiro conceito de atomo que, mesmo sendo especulativo, pode responder uma questao que os gregos se fizeram: como € que o leite, nico alimento do recém-nascido, pode se trans- formar em osso, carne, cabelo, unha, sangue...? atomismo de Leucipo e Demécrito (século V a.C.) pretendia ex- plicar os fenémenos em termos de matéria e movimento de atomos individuais que se chocam, se desagregam e se agrupam de diferen- tes maneiras, de modo a formar os diferentes materiais. Assim, a digestao podia ser explicada como sendo um processo de ruptura dos atomos do leite e reorganizacao deles em variados arranjos para dar osso, carne, cabelo, unha, sangue etc. Outra transformacao também observada ha milénios foi a fermen- tagao. A humanidade nao precisou esperar que Pasteur, no século XIX, explicasse esse processo para tirar proveito dele. A fermenta¢ao da uva e da cevada aparece em relatos tao antigos como o Cédigo de Hamurabi (2100 a.C.), 0 Génesis, a mitologia greco-romana com. Dionisio e Baco e em pinturas murais entre os eg'pcios (dinastia dos faraés) e os maias na América pré-colombiana. A produgio do alcool pela fermentacao eo seu consumo também estiveram associados a crengas ¢ rituais religiosos e mitolégicos J4 a produgao de queijo, entre os povos mediterraneos, parece ter dispensado explicagses magicas, provavelmente, porque os animais mamiferos, incluindo o ser humano, operam a transformagio do leite no préprio estémago. Mas, os primeiros registros falam de um extrato da figueira que é capaz de coagular o leite rapidamente: Assim como 0 suco da figueira coalha 0 leite € 0 espessa [.-] assim, tao instantaneamente, Mercirio cura as feridas. (Homero,Mliada, século IX a.C.) Hoje, sabemos que o suco da figueira contém a enzima ficina, cuja propriedade é coalhar o leite. Aristoteles (384-322 a.C.) associou a acao do extrato da figueira com © coalho extraido do estémago de bezerros e que contém a enzima renina, empregada, ainda hoje, para talhar o leite e para produzir guejjo. Ele afirmou: © coalho € uma espécie de leite; cle é formado no estomago de animais jovens enquanto sio amamentados. O coalho é, entdo, leite que contém fogo que vern do calor do animal enquanto o leite sofre coccao. ‘Aj também aparece a idéia de que o fogo € o responsavel pela trans: formacao do leite liquido em outro produto sélido, 0 queijo. Provavelmente voce j4 conseguiu perceber que a humanidade levou muito tempo para explicar algumas transformagées que hoje nos pa recem tao simples. Mas ainda h4 muito a explicar. Compreender as transformagées quimicas que ocorrem na natureza e explicé-las é da competéncia da Quimica ‘A Natureza se “comunica” por meio de transformacées. Identifica- | las e interpreté-las no é, por si s6, 0 objeto da ciéncia, mas, tam- | bém, do cidadao e da cidada. Enumere algumas transformagées que | ‘ocorrem ao seu redor e discuta-as com seus colegas, alunos e demais | pessoas. | Conhecendo a histiria do Dr. William Beaumont e seu paciente Alexis Saint Martin O acontecimento que os envolveu ficou famoso por suas peculia- ridades, e essa historia esta escrita em muitos livros de medicina, biologia, bioquimica e outros. Durante muito tempo, tudo que se passava no interior do corpo hu- mano foi considerado como um grande mistério. Para verificar o que realmente acontecia, seria necessario abrir 0 corpo e observar 0 seu interior, o que néo era possivel, tratando-se de seres humanos/vivos. Um acontecimento tragico, ocorrido em 1822, permitiu um grande avanco na descoberta do que acontece com os alimentos no interior do corpo humano. 0 fato foi o seguinte: um cacador, de nome Alexis, Saint Martin, estava cagando quando sua espingarda descarregou acidentalmente, ferindo-o do lado esquerdo e arrancando algumas de suas costelas, muisculos e a parede do estémago. O cacador foi tratado 7 InTRoouGHO Agu 18 pelo Dr. William Beaumont, que era médico do exército americano. A ferida nao fechou completamente. No lado esquerdo do cacador, ficou uma abertura que ia até o interior do est6mago. O Dr. Beaumont tinha de colocar ataduras sobre a ferida para impedir a safda de alimentos. De comum acordo com o Sr. Martin, o Dr, Beaumont ficou durante mais de dez anos (com intervalos nos quais o paciente se retirava) observando o que se passava no interior do estomago de seu paciente. O médico amarrava um pedaco de carne num barbante e o introduzia no estomago de Martin. A cada hora ele puxava obarbante e observava ‘0 que estava se pasando com a came. \ ee oe FIGURA 1 Alexis Saint Martin Pelo fato de o conhecimento ser, quase sempre, de natureza teérica ¢ especulativa, essa pesquisa mostrou-se importante, jé que havia duas grandes correntes que tentavam explicar a digestao: iatro- quimica (por processos quimicos) e a iatromecanica (por processos mecanicos). Fojo Dr. William Beaumont quem, pela primeira vez, abriu as portas do conhecimento cientifico sobre a fisiologia do estémago e resolveu essa disputa. Ele pesquisou os efeitos do clima, de temperatura e das emogoes sobre a digestao. Como Saint Martin ficou irritado uma vez. com os experimentos (cle nao gostava de ver quando os pedacos semidigeridos eram re- tirados do estomago), Beaumont fer. a extraordinaria observacio de que a raiva prejudicava a digestao, Descobriu, também, que o exercicio fisico melhorao processo digestivo e, ainda, que os vegetais demoravam mais do que carne para serem digeridos e que o leite coagulava antes de ser digerido. Os experimentos e observagées do Dr. Beaumont determinaram, de forma inequivoca, muitos fatos novos sobre a fisiologia da digestio e derrubaram outras tantas nogdes, mantidas desde a Antigtidade, e que nao passavam de simples suposigdes, basezdas em convic¢aes filos6ficas e ndo em dados cientificos FIGURA2- Dr Wiliam Bemamont © que aconteceu com Alexis Saint Martin? Depois dos dltimos ex perimentos, em 1832, ele retornou ao Canada e nunca mais voltou a ver o Dr. Beaumont, seu salvador. Ele se estabeleceu como lavrador e trabalhador rural itinerante e tornou-se um alcodlatra. Embora se queixasse de crescentes problemas de digestao e desconforto com a fistula, ele faleceu aos 86 anos, idade considerada avangada para a época e para alguém naquelas condicbes médicas. Ele viveu 58 anos coma fistula aberta. Eo que acontece quando nio podemos abrir ¢ enxergar, como foi possivel ao Dr. Beaumont? As pessoas tém se preocupado, desde 0 inicio dos tempos, com a constituigao da matéria. Afinal, de que é formado tudo o que existe? Ha uma particula fundamental? Como evidencié-la? Como provar sua existéncia? Nesse caso, ainda valem as convicgdes filos6ficas. Como nao podemos abrir a matéria para além das suas substancias elementares, entao temos que propor a sua constitui¢ao. Para isso, temos usado modelos que explicam a constitui¢io da matéria. Esses modelos, quando aplicados amplamente, so parte do que chamamos de teoria. Na Quimica, a principal teoria ¢ a Teoria Atomica, Ela é a base do conhecimento quimico. Nessecaso,mesmonaopodendo “provar” queoatomoéoconstituinte fundamental da matéria, nao ha evidencias concretas de que ele nao 0 seja. Isso quer dizer que, enquanto a ciéncia nao conseguir provar que 0 tomo nao € o constituinte essencial de tudo o que existe, ele assim sera considerado. Ou, enquanto pudermos “acomodar” aquelas descobertas que 0 contradizem, ele ser considerado, pela comunidade cientifica em geral, como constituinte essencial da matéria. Aas InTROoueAOAQuINCA 20 ATIVIDADE 1 a) Vocé consegue imaginar o que aconteceria se a existéncia do ato- mo fosse negada? Haveria alguma modificagao na ordem da natu- reza? b) Na historia das ciéncias, podemos facilmente encontrar refe- réncia & Teoria dos 4 Elementos. Ela durou mais de 1.000 anos. ‘A Teoria Atomica atual jé dura cerca de 200 anes. Esses 200 anos | significam, para vocé, pouco ou muito tempo? Justifique. || Resposta comentada: Se vocé respondeu, na letra a, que ocorreré modi: ficacio na natureza, reveja seu conceito de teoria, pcis usamos modelos | para explicar 0 funcionamento da natureza. Mas a na‘ureza tem seu fun cionamento proprio. Se os modelos nao condizem com o funcionamento || da natureza, entio sio cles que devem mudar. | ATeoria dos 4 Elementos afirma que a maté 6 formada pelos “elementos” 4gua, terra, are fogo. Voc8 pode encontrar mais sobre essa teoria nos livros de Histéria da Quimica e/ou Histéria das Ciencias. A Teoria Atémica, postulada desde Dalton (1804), afirma que a matéria é formada por atomos. Ha varios modelos propostos para 0 tomo: de Dalton, de Thomsom, de Rutherford, de Bohr e o da ‘mecinica quantica. Cada um deles teve e tem sua importancia e um nao invalida 0 outro. Mas, antes da Teoria Atomica, muitos outras explicacdes para a constitui¢ao da matéria foram postuladas. . AAA Referéncias bibliograficas ATKINS, B; JONES, L. Principios de quimica, Porto Alegre: Bookman, 2000. BROWN; LEMAG; BURSTEN. Quimica: a ciéncia central. 9. ed. Sao Paulo: Pearson Education, 2005. MAAR, J. H. Pequena historia da quimica: (primeira parte) dos primérdios a Lavoisier. Floriandpolis: Papalivros, 1999. 24 Evidenciando algumas reacdes quimicas Azia, escurecimento do ovo e oxidacao do ferro Objetivos: ‘Ao final desta aula, queremos que voc#: ‘Analse alguns exemplos de reacBes quimicas mais comuns. Reconheca que fendmenos presentes na nossa vida sio transformagies quimicas. Escreva as equages quimicas que representam essas e outra transformagoes, - 2.1 COMIDEMAIS! E AGORA? A maioria das pessoas ja passou pela situacdo sugerida pelo titulo deste item. Vocé foi uma delas? O que sentiu? Passou rapidamente? Tomou medicamento? 0 que vocé fez? Uma das conseqiiéncias de uma alimentagao inadequada ¢ chamada de azia. Se voce ainda nao sentiu azia, provavelmente encontrar na sua familia ou entre seus amigos alguém que ja conviveu/convive com esse sintoma. Por que ela acontece? Como acontece? Como se combate? Sabe-se que um adulto produz de 2 a 3 litros didrios de suco gastri- co. Esse suco gastrico é um fluido digestivo acido (lembram-se do Dr. William de Beaumont2), pouco viscoso, segregado pelas glindulas existentes na mucosa que reveste o estomago. Entre outras substn- cias, no suco gastrico est presente o acido cloridrico, cuja represen- tagao 6 HCE. Internamente,oestOmago érevestidopor células parietais,cujasmembranas permitem a passagem de 4gua e de moléculas neutras e, geralmente, bloqueiam a passagem de alguns fons, tais como H*, Na‘, K' eC Os fons H" sao provenientes da decomposicao do Acido carbénico (H,CO,). Esse dcido se forma como resultado da reacao do gas carbonico (da digestao) com agua inrmooucho Aqui HCélaq) é 0 mesmo que Haq) e CE" (aq) | Isso vale para todos os compostos iénicos | Acidos, quando dissol- | vidos em agua. 24 O meio Acido resultante da presenga do suco géstrico no estémago promove a digestao dos alimentos e ativa certas enzimas digesti- vas. Comer, portanto, estimula a secrecao de fons H’. Uma pequena fracao desses ions é reabsorvida pela mucosa, dando origem a um processo normal de pequenas hemorragias. Masse o conteitdo acido for excessivo, a presenga de ions H’ em excesso pode dar origem a contracao muscular, dor, inchago, inflamagao e perda de sangue. A.azia é um processo resultante desse excesso dedcido no estémago. O que se costuma fazer para reduzir esse sintoma? 0 objetivo 6, entao, reduzir a presenca de H* no estémago. Para isso, toma-se antiacido, como uma das formas mais comuns de combater a azia ¢ outros sintomas provocados pelo excesso de acidez. Bis alguns componentes comuns de anticidos comerciais: bicarbonato de sédio - NaHCO, carbonato de calcio - CaCO, hidroxido de magnésio - Mg(OH), Vejamos o primeiro deles. Quando tomamos o bicarbonato de sédio, ele vai se decompor ao encontrar um meio Acido. ATIVIDADE 2 Experimente fazer este teste: coloque a mesma quantidade de gua em dois copos. Num deles esprema meio limao, Em ambos adicione meia colherinha de bicarbonato de sédio. Observe o que acontece |_ no meio neutro (s6 com Agua) e no meio Acido (égua com liméo). O | mesmo pode ser feito substituindo suco de limao, que contém acido | | | | citrico, por vinagre, que contém dcido acético. A decomposicio do bicarbonato no nosso estémago pode ser repre- sentada pela seguinte equacao: NaHCO,(aq) —> CO,(g) + Na'(aq) + OH (aq) O gas carbonico aumenta a pressao no estémago e, provavelmente, serd eliminado por meio de um arroto. Ojon hidroxila, OH", produzidonessa decomposigao é que ira interagir com 0 H’ presente la, originando a substancia égua. Em sintese, a ‘equacdo que representa a neutralizacéo €: H'(aq) + OH (aq) + 1,02) Assim, hé uma diminuicao da quantidade de ors He consequente diminuigao da acidez, Areacio completa pode ser representada pela ecuacio: NaHCO, (aq) + HCE (aq) —> NaC (aq) + H,0 (&) + CO,(g) Entdo, neste caso, podemos afirmar que NaHCO, (aq) e HCE (aq) sio reagentes e NaCé (aq), H,0 (2) e CO,(g) sio produtos. ATIVIDADE 3 Usando o mesmo raciocinio, tente agora representar a reacio completa de neutralizacao, quando a) carbonato de cAleio: eo + b) hidréxido de magnésio: Este € um exemplo de reagio de neutralizagao de um dcido forte (HC2) por uma base fraca (NaHCO,). Reagdes de neutralizacio entre dcidos e bases s4o comuns, e seu conhecimento é muito itil e necessério. 2.2 POR QUE 0 OVO COZIDO ESCURECE? O preparo dos alimentos ¢ um processo aparentemente simples mas, na realidade, envolve iniimeras reag6es quimicas, a maioria ainda desconhecida. Um alimento bem estudado e bem conhecido é 0 ovo. Trata-se de um alimento muito rico e nutritivo. O que vem a ser um alimento nutritivo? Um alimento, para ser nutritive, deve fornecer energia e material para reposicio e reparagao dos tecidos do individuo que o ingere. As substncias do ovo, que o caracterizam como nutritivo, sao: protei- nas, lipidios e agticar. ovo também é uma fonte de fons necessirios as nossas funcdes bioquimicas, fisiologicas, nervosas e outras, A composicao elementar do ovo inteiro indica a presenga de S*, K’, Na’, Ca®, Mg” e Fe’. O ion Fe concentrado na gema eo fon S* encontrado na clara migram para a regio entre a clara e a gema ¢, dependendo da temperatura e do modo como ¢ feito 0 resfriamento do ovo cozido, ocorre a formagao do FeS (sulfeto de ferro (ID), que se deposita como uma substncia verde-acinzentada entre a clara e agema. Como, entio, se forma o FeS? Quando o ovoé postoparacozinhar, ocorrem algumas transformagdes fisicas e quimicas: ~ dara e gema endurecem em consegiiéncia do arranjo das moléculas de proteinas, que formam uma rede na qual as moléculas de agua ai presentes permanecem; IwragguDio AGUINCA 26 ~ a temperatura da clara é mais elevada de que a da gema, por estar em contato mais préximo com a égua fervente (~100°C) ‘Ai se forma o H,S, que migra em direcao a gema, mais fria (ou ‘menos quente). Na superficie da gema, o HS reage com o ferro ill) la presente, con- forme a reagio: FeS(s) + 2H'(aq) L__substancia verde acinzentada Fe(aq) + H,Slaq) ~ gema lara dlara/gema (0 que fazer para 0 ovo nao ficar escuro? Devemos, para isso, impedir a formagao do sulfeto de ferro (II). E simples. Basta resfriar rapidamente o ovo j4 cozido. Nesse caso, 0 H,S migrara para a superficie externa da clara, que estar mais fria, afastando-se da gema (onde estd 0 Fe”). Dessa forma, a reacao nao Este é um exemplo simples ¢ interessante de uma reac3o quimica controlada pela temperatura. ATIVIDADE 4 Diga vocé quais foram os reagentes e os produtos da reagao que acontece quando 0 ovo escurece: Produto: | | Reagents | Observasio: A formacio do sulfeto de ferro (Il) & indesejvel por | uma questio de estética de apresentacao do ovo, enio por qualquer | efeito nocivo que possa fazer 4 nossa satide. Ao contrario, o ion Fe | é indicado para curar anemia causada por caréndaa nutricional. | _ 2.3 OXIDACAO DO FERRO (FORMACAO DE FERRUGEM) Os vestigios do homem na Terra sio marcados por armas, por instrumentos e pelos usos da a¢ao do fogo, vidto, ceramica etc. Os metais marcaram estagios de desenvolvimento da humanidade: a Idade do Cobre, cerca de 6000 a.C.; a do Bronze (liga Cu e Sn) e, por fim, a Idade do Ferro, cerca de 2000 a.C. O uso tardio do ferro esteve, certamente, condicionado ao conhecimento da construcio de fornos com altas temperaturas. A diferenca de quase 500°C entre as temperaturas de fusdo do Cu (1083°C) e do Fe (1535°C) se refletiu nos 5000 anos que separaram a metalurgia do cobre da metalurgia do ferro. 0 ferro constitui aproximadamente 30% da massa total do planeta e 5% da crosta terrestre, sendo 0 quarto elemento mais abundante eo segundo metal mais abundante. Os minerais mais importantes so: magnetita (Fe,O,), hematita (Fe,O,), limonita (FeO(OH).xH,O) esiderita (FeCO,). De todos os depésitos de minério de ferro existentes, os mais importantes sao os minérios de ferro oxidado, que foram formados como sedimentos em grandes quantidades nos mares primitivos (3,5 bilhdes de anos atrés). As chuvas naquele periodo eram fortemente Acidas, e o ferro, cuja presenga era abundante na crosta terrestre, foi dissolvido, sendo lixiviado em grande quantidade para o mar. Nessa época surgiram as algas verde-azuladas (cianoficeas), gerando oxigénio pelafotossintese, Nesses mares primitivos, essasalgas se multiplicaram produzindo grandes quantidades de O, que, por sua vez, oxidaram 0 ferro dissolvido. O ferro oxidado se acumulou no fundo do mar quando, entao, se formaram os sedimentos em todo 0 globo terrestre, entre 2,6 e 1,8 bilhdes de anos atras. Os depésitos de minérios de ferro formados por meio desse processo esto distribuidos pelos continentes de todo 0 mundo. As reservas si0 muito vastas, 0 que possibilita um fornecimento estvel para suprir a industria sidertrgica, As reservas brasileiras estéo situadas principalmente no quadrilé- tero ferrifero: Minas Gerais com 72,2%; Carajas (Para) com 22,3%; Mato Grosso do Sul com 4,3%; Sao Paulo com 1,0%; eo restante est distribuido entre os demais estados. Mas 0 ferro “enferruja”. Vocé, certamente, jé viu isso acontecer! Vocé sabe explicar esse processo? 0 ferro puro ¢ altamente reativo. Em presenga de ar atmosférico, oxida-se rapidamente, tornando-se dxido de ferro(III) hidratado, Fe,O,.xH,0 (a ferrugem). ‘Vamos testar um processo simples e barato para verificar a formacio da ferrugem! O método consiste em utilizar pequenas porcdes de palha de aco de uso doméstico, garrafas PET e diferentes amostras de agua. Aua2 wrpogusAo AuicA ATIVIDADE 5 Materiais ereagentes 2 garrafas PET de refrigerante de 2L (numeradas); = 2pedacos iguais de palha de aco usada em limpeza doméstica; ~amostras de 4gua: 4gua de torneira e agua recém-fervida; papel de filtro (usado para coar café), Procedimento a) Identifique as garrafas PET, rotulando-as com 1.e 2, respectivamente. ») Ferva, por 15 minutos, 4gua suficiente para encher uma garvafa e deixe esfria:. ©) Com oauxilio de uma caneta ou material semelhante, cada um dos pedacos de palha de aco deve ser introduzido em cada uma das garrafas PET devidamente identificadas. 4) Em seguida, abra a torneira de onde sera coletada 4gua para a garrafa n° 1, de forma que o fluxo da gua seja bem lento. A garrafa deve ser inclinada (cerca de 30°) em relagao a torneira. A gua deve escoar lentamente pelas paredes internas, de forma a evitar turbilhdo e, por conseqiténcia, oxigenacao da agua nesta etapa, ©) Na garrafa n° 2 coloque a agua fervida e fria, procedendo da mesma maneire que na garrafa an- terior, A fervura visa a retirar o maximo possivel de gases Id presentes e, conseqlientemente, 0 gis oxigénio £) As garrafas devem permanecer abertas por 15 minutos e depois fechadas e observadas por cinco dias. Passado esse tempo, as garrafas devem ser abertas e observadas. Houve diferenca entre uma gamafa e outra? Quanto mais opaca estiver a soluclo, ou quanto maior a quantitade de sélido tiver formado, maior seré a quantidade de ferruger Por que em uma das garrafas formou-se pouca ou nada de ferrugem? A formacio de ferrugem, conhecida como corrosao, ocorre em pre~ senga de oxigénio e o ferro, contido na palha de aco, que pode ser completamente convertido em éxido de ferro hidratado. Embora sua formula seja indefinida, pode ser escrita como Fe,0,xH,O, em que x depende das condigées de formacao desse dxido. Areacdo ocorre em varias etapas, mas a representacio global do pro- cesso pode ser escrita como: 2Fe(s) + 3/20,(g) + xH,O(2) > Fe,0,xH,06) awa Observagio: Apés cinco dias, 6 posstvel que a reagao de formacio da ferrugem seja completa e que todo o oxigénio dissolvido na gua te- ha sido consumido. Assim, o produto final da corrosao pode ser representado por Fe,O, (um 6xido misto de ferro, de coloracio preta, contendo Fe,0, e FeO) e Fe,0,.xH,0 (coloracao alaranjada ou castanho-avermelhada) ATIVIDADE 6 1) Que outros objetos podem substituir a palha de ago? 2) Que componente da palha de aco foi o mais importante no experimento? 3) Costuma-se afirmar que o ferro reage com a umidade para formar “ferrugem”. Agora que vocé ja conhece o processo, 0 que diria sobre isso? Essa transformagao quimica torna-se muito importante pelo fato de o ferro ser usado na fabricacio de instrumentos e utensilios. Controlar sua oxidacao é uma tarefa dos quimicos, 29 smouGHO Au Referéncias bibliograficas ATKINS, P; JONES, L. Principios de quimica, Porto Alegre: Bookman, 2000. BROWN; LEMAG; BURSTEN. Quimica: a ciéncia central. 9. ed. Sio Paulo: Pearson Education, 2005, INDE, J. A. The development of modern chemistry. New York: Dover Publication, 1984. MAAR, J. H. Pequena histiria da quimica: ‘primeira parte) dos primérdios a Lavoisier. Ploriandpolis: Papalivrs, 1999. MAHAN, B. M; MYERS, R. J. Quimica: um curso universitério, 8 Paulo: Bdgard Blicher, 1993. MASTERTON, W, SLOWINSKI, E; STANITSKI, C. Principios de quimica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990. PARTINGTON, J. R. A short history of chemistry. New York: Dover Publication, 1989, RUSSELL, J.B. Quimica geral. S20 Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1994. v.1e2 AULA Bj Evidenciando outras reacdes quimicas A fotossintese e a combustao Objetivos: ‘Ao final desta aula, ueternos que voce: ‘Analge mais alguns exemplos de reagdes quimicas comuns Reconhega que fenémenos presentes na noss vida sBo transformagSes quimicas Escreva a equacBes quimicas que representam essas e outtastransformagoes, 3.1. NUTRICAO DOS VEGETAIS Aristételes (século IV a.C.) jé dizia que, para entender as plantas, era necessario estudar os animais, jé que, para ele, “a planta é comparavel a um animal de cabeca para baixo”, além de a nutricao das plantas seguir 0 modelo “terra/raiz” ‘S6 na segunda metade do século XVII é que os fisiologistas experimen- talistas introduziram um novo modelo “ar/folhas”, apesar de a natureza dessa interacao permanecer obscura, Apenas a partir de Lavoisier (que reinterpretou os experimentos de outros cientistas, como Van Helmont ¢ Priestley) e de seus principios, ha mais de 200 anos, é que os fisiologistas puderam estabelecer uma nova teoria da nutricdo vegetal. Com a colaboracao de varias areas, desvendavam-se, aos poucos, os processos denominados fotossintese e respiracdo, nos vegetais. Por muito tempo o solo foi considerado como fonte de alimento da planta. Ha, realmente, uma intima relagao entre raizes e solo, O solo proporciona os nutrientes minerais essenciais a sintese de um grande miimero de moléculas indispensaveis aos seus processos metabélicos ¢, entre eles, a propria fotossintese. Mas a nutricéo da planta, num sentido mais amplo, é autotrofica. O adubo, que é usado para desen- volver, efetivamente, a planta, é apenas “nutriente”, e nao “alimento” para os vegetais. Além disso, é preciso lembrar que nem todas as plan: tas estao no solo. tgouo Auk wo Observe que a ylenta Ouro produto da fotossintese 6 0 gas oxigénio, cuja representagao faz. fotossintese para 2 produzir a glicose e Portanto, para a fotossintese acontecer, sio necessarios a Agua ,€ no (H,0) e 0 gas carbonico (CO,), que so os reagentes, a clorofila © at, (C,H,,0,N,Mg), que 6 0 catalisador, e a energia luminosa, como se costuma falar. A glicose (C,H,,0,) ¢ 0 gas oxigénio (O,) sao produtos da reacao de fotossintese. Oqueé interessante saber é que o gas oxigenio liverado éproveniente da molécula da agua. Os cientistas usaram “4gua marcada’, ou seja, H,0* com um isétopo do oxigénio e, analisando os produtos da fotossintese, detectaram o is6topo apenas no gis oxigénio, Podemos simplificar esse fantastico acontecimento quimico por meio de uma equagdo nao balanceada CO, (g) + H,O © energia luminosa (CH,O), (ac) +H,0(@) + 0, (@) clorofila, enzimas ete. Outra maneira de representar a reacio da fotossintese é por meio da equacao: 6CO, (@) +12 H,0 @) energialuminosa C,H,,O, (aq) +60, (@) +6H0@ dlorofila, enzimas etc. ATIVIDADE 7 Agora que voce jé sabe um pouco sobre essa maravilhosa transformagao quiraica que ocorre nos vegetais, algumas questées se fazem importantes: a) A reagio de fotossintese é 0 inverso da reagao de respiracio, como dizia Aristoteles e ainda se costuma afirmar hoje? b) A luz artificial (limpadas incandescentes e eletronicas) pode substituir o sol fornecendo energia suficiente para promover a fotossintese? ©) As plantas poderiam existir sem nés, ja que sao autotréficas. Nés sobreviveriamos sem as plantas? Ajuda na respost incidéncia de luz por mais tempo do que o intervalo de luz solar (plantas pr5ximas a um poste de ilumina¢ao, por exemplo) ¢ compare-a com uma planta que recebe apenas luz solar. : Para ter uma idéia sobre a letra b, procure observar uma planta que fica sob ENTENDENDO A COMBUSTAO E possivel que o fogo tenha sido um dos fendmenos mais observados € mais preocupantes em tempos remotos. Num certo “momento” da historia da humanidade, passou a ser objeto de estudos. Hoje, nio temos ditvida de que 0 fogo é um dos fendmenos mais importantes da natureza, cujo entendimento e controle ainda desafiam a huma- nidade, Pense no queaconteceria se, subitamente, nao houvesse mais queima. Se, por um lado, terminariam os incéndios nas florestas, por outro seria um caos: veiculos, maquinas, fabricas paradas, apenas para citar alguns exemplos. Esse processo tao importante e que é vital para a nossa sobrevivéncia é chamado de combustao. ATIVIDADE 8 ‘Vamos fazer um pequeno teste? Observe e descreva a chama de uma vela e a chama do gis de cozi- nha queimando num fogio a gis. Hé diferencas na coloragao destas chamas? Por que elas sao diferentes? O que origina essas diferentes coloragies? Bom... quando falamos em combustio, temos que ter em mente as, combustdes que ocorrem na natureza. A maioria delas libera fumaga ¢ varios tipos de gases. Vamos enfatizar dois tipos de combustio: a completa e a incompleta. Vocé ja observou alguma cena como a da fotografia a seguir? = FIGURAG—Chaming de Shri Aconselhamos assistir 20 filme Guerra do Fogo, uma produsao francesa de Jean- Jacques Annaud, langado em 1981, que narra a his t6ria de um cla eo fogo. Nesta fotografia é possivel observar uma chama no alto de uma chaminé. tsso acontece em induistrias ou fabricas nas quais hd com- bustio. Isso é feito para diminuir a emissio de substancias sélidas para a atmosfera, especialmente o carbono, principal cons- tituinte dos combustiveis. 35 mou Acuna ATIVIDADE 9 0 queisso significa? Certamente é um indicio de que parte do carbano, constituinte do combustivel queimado na indastria, permanece no estado sélido, provocando o escurecimento dos gases que se desprendem pela cha ming, juntamente com a fuligem. Uma segunda queima, na chaminé da industria, promove diminuicio do carbono presente na fumaga, transformando-o em CO,. Assim, havera uma emissio menor de carbono, na forma de carvio, e de outras substancias s6lidas na atmosfera. Esse tipo de combustao, em que os constituintes quimicos presentes no combustivel ndo sao completamente queimados, é chamada de combustao incompleta. Ela pode ocorrer por varios motivos. Observe que a chama da vela tem caracteristicas semelhantes @ combustio incompleta. Ja a chama formada na queima do gas de cozinha é mais azulada, O processo de queima do gas de cozinha nao libera tanto carbono na forma sélida. ‘Agora iremos tratar da combusto completa. Resumidamente, poderia ‘mos afirmar que ela ocorre sem liberacao de fumaga. Assemelha-se mais, a chama do gas de cozinha, que é mais azulada ou menos amarelada. Para o estudo da combustao completa, faremos os seguintes procedimentos: 1° Acenda uma vela, de tamanho pequeno. Emborque um copo sobre ela e observe 0 que acontece. Vocé notou que a chama se apaga? Isso deve-se ao fato de queo componente do ar que favorece a combustao, como descrito por Lavoisier, ou seja, 0 g2s oxigénio, é par- Galmente consumido dentro do copo, nao sendo mais possivel manter a chama acesa. Isso significa que, além do combustivel, para ocorrer a combustio, é necessario 0 gas oxi genio, Entdo, os reagentes de uma rea¢do de combustdo séo: combustivel e gis oxigénio (também chamado de comburente). No caso da vela, supondo que ela seja constituida apenas pelo pentacosano (C,,H,,), prin: cipal componente da parafina, os reagentes sao: pentacosano e gas oxigénio. fo ‘Acenda novamente a vela e emborque um copo limpo e seco sobre ela. Observe que ha nacio de algumas goticulas de umidade ou agua, que se acumula nas paredes internas do copo, Isso resulta da condensacao do vapor d’agua nas paredes mais frias do vidro. De onde veio essa Agua? Essa 4gua foi produzida pela queima da vela. A agua é, entio, um produto da combustao davela, 3° Repita o procedimento anterior. Quando a vela apagar, transfira um pouco de agua de cal para o copo. Feche-o rapidamente com a mao e agite. Observe que a 4gua de cal, antes, transparente, fica turva (ou com aspecto leitoso). Vocé ja deve ter apreadido, no Ensino Médio, que a agua de cal fica branca ou turva em presenga de gas carbénico. De onde veio © gis carbénico que deixou a agua de cal branca? Certamente foi produzido pela combus- tao da vela. O gis carbonico é, portanto, outro produto da combustio da vela. ‘Agua de cal pode ser preparada adicionando-se uma colherinha de cal de construgao (CaO) num copo grande de agua. Deixa-se em re- ouso por um tempo e, apés, filtra-se essa Agua com papel de filtro | oucom filtro de papel comum (filtro de café). A agua transparente é ‘© que usamos como agua de cal. Se vocé ndo quiser preparé-la, leve ‘um vidro com tampa e peca ao tutor que ceda uma amostra. Com 0 2° e 0 3° procedimentos, podemos verificar que os produtos | de combustao da vela sao Como a parafina da vela ¢ constituida principalmente por Ce H, tor- na-se facil entender esse fenémeno CeH + 0, —~ H,0@ + COfg) combustivel gas oxigénio agua séscarbonico A maioria dos combustiveis é constituida, principalmente, pelos ele- mentos quimicos C e H. E, como toda combustao necessita do gas oxigénio para ocorrer, sempre formara gas carbonico e agua. Esses produtos sao formados na maior parte das combustdes completas. Veja alguns exemplos a seguir, considerando as combustoes completas: CH,OH(g) + 30, (g) > 2CO,(@) + 3H,0@) tanol C,H,.(@) + 12,50, (g) + 8CO,(g) + 9H,O (g) principal componente da gasolina CH,OH() + 1,50, (g) > CO, (@) + 2H,0(@) smetanol combustivel dos carros de formula Indy Observasio sobre os estados fisicos: Indicamos o estado gasoso(g) para todos os combustiveis porque, apesar de 0 octano e de o alcool comum serem liquidos, sabe-se que a maioria dos combustiveis queima no estado gasoso. Por isso, alguns deles devem ser aquecidos para, 20 esquentarem um pouco, evaporar e, assim, queimar. Para a agua, mesmo percebendo-a liquida (ao condensar no copo), sabemnos que la é produzida no estado gasoso e condensa-se em seguida. [As reagdes de combustao esto muito presentes na nossa vida, seja para aquecer, cozinhar, produzir calor e até para iluminar. Apesar de Aa 3 37 rmogucdo AauNICA 38 aparentemente simples, o seu controle ainda é um desafio, visto 0 grande nimero de incéndios que assolam a natureza e a dificuldade em isolar o gas oxigénio de uma chama, para apagé-la. As indiistrias, que trabalham com combustao tém a grande responsabilidade de seu controle, jé que diminuir a polui¢ao atmosférica tornou-se uma necessidade e um dever, na tentativa de reduzir a emissio de CO, Sobre a redugio da emissao de CO, na atmosfera, leia a respeito do Tratado de Kyoto. Vale ressaltar, ainda, que a combustao incompleta libera gis carbonico e gua, além do monéxido de carbono, de particulas de carvao e outras ATIVIDADE 10 Faca a representacao quimica da combustao completa dos seguin- tes combustiveis (nao é necessario balancear ou acertar os coefi- cientes, por enquanto) ) C,H, - gés butano - um dos componentes do gis de cozinha. b)_N,H,(g) - hidrazina ~ combustivel importante para uso em foguetes. ©) CH,,(@) - octano — um dos componentes da gasolina, Agora que voc® ja viu alguns fendmenos sob o ponto de vista quimico, procure fazer a andlise de outros fenémenos que acontecem ¢ expli- que-os quimicamente. Para isso, vocé deve fazer uso da bibliografia disponivel. Referéncias bibliograficas ATKINS, P; JONES, L. Principios de quimica. Porto Alegre: Bookman, 2000. BROWN; LEMAG; BURSTEN. Quimica: a ciéncia central. 9. ed. S30, Paulo: Pearson Education, 2005. INDE, J. A. The development of modern chemistry. New York: Dover Publication, 1984. MAAR, J. H. Pequena historia da quimica: (primeira parte) dos primér- dios a Lavoisier. Floriandpolis: Papalivros, 1999. MAHAN, BM; MYERS, R. J. Quimica: um curso universitirio. S40 Paulo: Edgard Blicher, 1993. MASTERTON, W; SLOWINSKI, E; STANITSKI, C. Principios de quimica, 6, ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990. PARTINGTON, J. R.A short history of chemistry. New York: Dover Publication, 1989, RUSSELL, J. B. Quimica geral. So Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1994. v.1e2. sous 39 AULA A conservacao das massas numa reacao quimica Objetivos: Com esta aula, voce deverd ser capaz de: = Identiticar as relagbes das massas associando-as& conservacdo dos elementos presentes numa reaco, em suas quantidades, - Demonstrar a conservagio das massas numa equac3o quimica, = Identificar equagdes inicas. 4.1 LAVOISIER E A CONSERVACAO DAS MASSAS (BALANCEAMENTO POR TENTATIVA) ‘A frase acima sintetiza duas das principais contribuigdes de Lavoisier: a conservacao da massa e 0 uso cientifico da balanca. As outras duas importantes contribuigdes foram a definicao de elemento e a nomenclatura quimica, em uso até hoje. Vocé ja deve ter lido e ouvido a frase “foi Lavoisier que introduziu a balanga no laboratério. Isso nao é verdade! Bla jé fazia parte dos equipamentos dos laboratérios dos alquimistas e dos primeiros quimicos. Robert Boyle (século XVII) foi um ilustre usuario da balanca. Mas foi Lavoisier (século XVIII) que ensinou como fazer pesagens rigorosas sem a interferéncia de fatores externos e como interpreta~ las. Repetindo experimentos de seus contemporaneos (Priestley, Cavendish, Scheele e outros) sobre a combustao e a sintese da agua, Lavoisier provocou a ruptura com a Teoria do Flogisto ~ primeira teoria cientifica da quimica ~ e marcou o infcio da quimica moderna Foi a Revolugao Quimica. Anos depois Dalton, com a Teoria Atomica, IwrHoouGkO AQUA 42 Proust, com as leis ponderais (ambos seguidores de Lavoisier), construiram suas teorias no foco da conservacao das massas durante as transformagoes da matéria. 4.1.1. Como lidamos com a conservagao das massas? Temos como instrumento os coeficientes estequiométricos, que usa ‘mos para balancear equacées. Ao definir esses coeficientes, estamos aplicando a Lei de Conservacao das Massas, ou seja, nada se perde e rnem se cria durante uma reacio quimica. Para dizer tudo isso, a Quimica usa o termo “estequiometria”. E uma palavra de origem grega, que significa: Estequio = elemento Portanto, a estequiometria nada mais é do que a relacio entre as massas combinantes. Se nada se perde e nada se cria, ja temos claro que os elementos qui- micos sao conservados numa reacao. E, entao, as quantidades dos mesmos nos reagentes e produtos sao iguais. Exemplo 1: Cis) + O,@) > COjg) DB neste caso, ha 1 mot de ato mas de carbono e 2 mot de dtomos de oxigéno nos reagentes eos produtos. sta equacao possui o mesmo niimero de mot de étomos de cada elemento nas reagentes e produtos. Observagao: Na lingua portuguesa 0 plural de mot é mais. 0 uso/ abuso da lingua consagrou a palavra mols como correta. Para um no comprometimento, vamos usar 0 moe. Exemplo 2: Nig) + O,(— —> NOW) > aqui para representar a igualdade, torna-se necessirio usar coeficientes estequiométricos, Ha, nesta equacao, 2 mot de atomos de nitrogénio nos reagentes & apenas 1 nos produtos. $e colocarmos o coeficiente estequiométrico 2em frente ao NO(g), teremos 2 mot de atomes de nitrogenio nos produtos. Com esse coeficiente, o oxigenio também fica acertado. Veja abaixo: N,@ + 0, —+ 2NO(g) P agora temos 2 mot de dtomos de nitrogénio e 2 moe de étomos de oxigenio em ambos os lados da equagio, Exemplo 3: N,(g) + H,(g) > NH,(g) P note que esta também nao esté balanceada. Neste caso, ha 2 mot de atomos de nitrogénio nos reagentes e ape- nas 1 nos produtos. O coeficiente estequiométrico 2 em frente a0 NH, (g) acertaré as quantidades de nitrogénio: N,@ + H,@) — 2NH,@ Agora, ha 2 mol de étomos de hidrogénio nos reagentes e 2 nos pro- dutos. Para acertar o niimero de mol de hidrogénio, temos que usar o coeficiente estequiométrico 3 em frente ao H,(g). A equagao balan- ceada ficard assim: N,(@) + 2H,(g) — 2NH,(g) Exemplo 4: CJ 1 (g) + CO, ig) + H,01@) » no balanceada E aconselhavel, nesses casos, iniciar o balanceamento pelo elemento que esteja presente em apenas uma espécie em cada lado da equagao. Neste caso, iniciamos pelo carbono. Ha 8 mot de atomos de carbono nos reagentes e apenas 1 nos produtos. Podemos acertar atribuindo o coeficiente estequiométrico 8 a0 CO,(g) CHie(@) + O,(g) — 8CO, (g) + H,0@) Acertado o carbono, vamos para 0 hidrogénio. Ha 18 mot de atomos de hidrogénio nos reagentes e apenas 2 nos produtos. Podemos usar 0 coeficiente estequiométrico 9 para H,O(®) CH + 0,(—) — BCO,(g) + 9H,0(@) ‘Agora, precisamos acertar os oxigenios. Ha 2 mo? de atomos de oxi- genio nos reagentes e 25 nos produtos (16 no CO, (g) 9 na H,O(2)). Para ter 25 mo? de atomos de oxigénio nos reagentes, podemos usar ‘omimero 12,5 em frente ao O,(g). A equagao ficara assim: C,H,,(@ + 12,50, (g) > 8CO, (g) + 9H,0(@) > balanceada Neste caso, podemos multiplicar todos 0s coeficientes estequiométricos por 2, usando, assim, apenas niimeros inteiros. Note que a igualdade sera mantida 2C,H,,@) + 250, (g) +16 CO, (g) + 18H,0(@) > balanceada Consideracées gerais sobre o balanceamento ou acerto de coeficientes 15 As equagées sao balanceadas usando-se coeficientes estequiométricos a frente das formulas, e nunca alterando os indices das proprias formulas. Veja 0 exemplo abaixo: Em frente ao N, devemos usar coeficientes, quando isso se fizer necessario, tais como: 2 N,, 3N,4N, Mas ndo podemos usar N,, Ny Ny.» jd que essas substancias nao existem. 2%. Ao balancear a equacao, é aconselhavel comegar com um elemento que esteja presente em apenas uma espécie, em cada lado da equacio. 43 eTRoQUGHO AGUA ATIVIDADE 11 Agora voce vai fazer o balanceamento das equacdes abaixo, usando coeficientes estequiométricos sempre que se fizer necessério. Em seguida, confira com os seus colegas o resultado, a) Li(s) + 0,@) — Li,0) B)ALG) + L(6) — ALL() ©) Mg(OH),(aq) + HC8(aq) —+ MgC®,(ag) + H,0 (@) DCH + 0,g—) +CO,@ + H,0@ 44 4.2 EQUACOES IONICAS SIMPLIFICADAS © manuseio habitual de equagées no decorrer do exercicio da cigncia quimica leva, em alguns casos, a simplificagao da escrita das mesmas. Até agora todas as equagdes apresentadas tém sido escritas na forma molecular, isto 6, todos os reagentes 2 todos os produtos sao formulados respeitando-se o principio da eletroneutralidade. Isso significa que todas as espécies quimicas participantes da reagao sao neutras, como por exemplo, CaCO, carbonato de calcio, ZnS, sulfeto de zinco, KC, cloreto de potassio, BaCr0,, cromato de bario etc. No entanto, algumas equagées podem ser simplificadas de modo a facilitar a escrita, a leitura e a compreensio da reacio quimica que representa. Isso pode ser feito explicitando a dissociacio que as espécies ionicas sofrem no solvente 4gua ou, ocasionalmente, em um outro solvente fortemente polar. Por esta razio é necessario saber como dissociar espécies idnicas em agua 2 isto pode ser feito de duas maneiras: 1*- Sea equacaoa ser simplificada possuir a indicacio de (aq), aquo- so, (8), sdlido, (2), liquido, e (g), g4s, significa que apenas as espécies rotuladas com a designacao (aq) se dissociam. D exercicio a seguir ilustraré melhor esta questo: Escrever a equacao iénica simplificada a partir da equacao molecu- lar, ou melhor, eletricamente neutra, posto que as espécies iénicas nao sao moléculas, e sim pares idnicos (mesmo assim a IUPAC aceita 0 termo equacao molecular): HNO,(aq) + CuCO,3) + H,0(@ + CO,(g) + Cu(NO,),(aq) Nao devemos esquecer de balancear a equacao, 0 que neste caso pode ser feito por tentativa, bastando colocar 0 coeficiente 2 no HNO, isto é, 2HNO, (aq) + CuCO,s) + H,0©) + CO,(g) + Cu(NO,), (aa) ‘A seguir vemos que as tinicas espécies que podemos ionizar sio © HNO, e o Cu(NO,),, pois foram rotuladas com termo (aq); j4 as, espécies rotuladas como (3), (€) e (g) nao devem ser ionizadas, ja que se existem nesses estados, no meio aquoso, nao se dissociam. Logo, podemos escrever: 2H'(aq) + 2NO;laq) + CuCO,(s) > HO) + CO,(g) + Cu**(aq) + 2NO; (aq) Podemos cancelar, na equacao acima, os 2 mot de NO, em ambos os lados da equacao, fornecendo a equasao ionica simplificada: 2H'(aq) + CuCO,(s) > H,O(8) + CO,(g) + Cu*(aq) ‘Vemos que, no processo de explicitar a ionizacao das espécies ionizé- veis, foram respeitados, rigorosamente, os coeficientes estequiomé- tricos da equagao molecular apés o devido balanceamento. Também deve ser ressaltado que os fons “cancelados” na equacao nao estdo sofrendo nenhuma mudanga quimica. Eles sao denominados ions espectadores e o seu papel se restringe em manter a eletroneutra~ lidade do sistema e, portanto, podem ser desconsiderados quando analisamos o sistema do ponto de vista tedrico. Mas, na pratica, na equacdo que representa esta reacio, devem ser consideradas todas as espécies para efeito de célculo estequiométrico. 24. Se a equagao a ser simplificada nao for acompanhada das indica- gbes de estado fisico (aq), (8), (€) ou (g). Neste caso, é preciso consul taras regras de solubilidade. Regras basicas de solubilidade em agua 4) Sais de metais alcalinos e aménio, NH,", sdo soliveis. Exemplo: NH,Ce, NH,SO, NaNO, NaCe, K,CO, ete. 1b) Cloratos, C0O,;, percloratos, C£O,;, nitratos, NO, e acetatos, CH,COO™ de qualquer tipo de metal e NH’, sdo soltiveis, Exemplo: NaC, , Fe(NO,),, KCEO,, Pb(CH,COO),, NH,NO, ete ©) Sulfeto, S* e bicarbonato (hidrogenocarbonato), HCO,;, de metais alcalinos e alealino-terrosos, e sulfeto de NH,’ sdo soliveis. Exemplo: (NH,),S, Na,S, MgS etc. 4) Hidréxidos de metais alcalinos e NH,” sao soltveis, Jé hidréxidos dos metais Sr, Ba® e Ca’ sao moderadamente soliveis. Os hidréxidos de metais de transicao e de outros metais representatives so insoliiveis. Por exemplo, sao sokiveis NaOH, NH,OH, KOH; moderadamente soliveis Sr(OH),, Ba(OH), ¢ Ca(OH),; insoltiveis: A(OH),, Pb(OH),, P(OH),, Mn(OH),, Fe(OH),, AgOH ete. ©) Cloretos, CE, brometos, Bre iodetos, F-, de metais de todos os tipos séo soliveis, exceto sais de PI, Hg? e Ag’. Por exemplo, sao soliveis os sais: LiCe, NaBr, KI, SnC8,, FeCe,, CaCe,, NH,C8 etc. ¢ insokiveis sais como: PbCE,, Hig, ¢ AgBr etc ff) Os sulfatos, S02", de metais alcalinos, NH; e metais de transigao e representativos sdo soltiveis, exceto sulfatos de Ag’ e Ca”, que séo considerados apenas moderadamente solives; e sulfatos de Pb™, Ba, Sr, Hg”, Hg2", 0s quais sao muito insoliveis. 45 svTRODUGAO A autacA _ EXERCICIO RESOLVIDO ‘Vejamos como determinar, com base nas regras de solubilidade em Agua, se ocorrerd a reagao entre K,CrO, e Pb(CH,COO),. Em caso afirmativo, como escrevermos a equacao molecular ea sua correspondente equagao inica simplificada? Resolugao De acordo com a regra f, vemos que espécies de CrO?- com metais alcalinos sio soliveis em gua e, segundo a regra b, 0 acetato, CH,COO-, com qualquer tipo de metal é solivel. Com isso, podemos escrever: K,Cr0,(aq) + Pb(CH,COO),(aq). > Observando os reagentes, podemos inferir que, se houver reacio, deveriam se formar as espécies: PbCrO, e KCH,COO. Ora, de acordo com a regra g, 0 PbCrO, é inso\tivel e o KCH,COO 6 solivel, conforme b. Portanto, a rea¢ao acontece, pois pelo menos um dos possiveis produtos muda de estado fisico no meio da solucao, neste caso, de liquido para sélido. Logo, a equacio ‘molecular devidamente balanceada pode ser escrita como: K,Cr0,(aq) + Pb(CH,COO),(aq). > PbCrO,(s) + 2KCH,COO(aq) Ea equacao iGnica simplificada, ionizando todas as espécies rotuladas com (aq), ficam assim representadas: 2K*(aq) + CrO} (aq) + Pb" (aq) + 2CH,COO (aq) —> PbCrO,(s) + 2K"(aq) + 2CH,COO(aq) Cancelando as espécies 2K’ e 2CH,COO-, obtemos a equacao idnica simplificada. Pb¥(aq) + CrO?(aq) > PbCrO,(s) ATIVIDADE 13 Nao estamos considerando contexto para a elaboracio destes exercicios. O interesse, aqui, é perceber se vocé, estudante, se apropriou do processo de construgic de uma equacao simplificada. 1 - Escrever as equacées iénicas simplificadas das seguintes equasées: a) K,SO,+BaC2, + BaSO, +KC2 (nao balanceada) b) HNO, +Ca(HCO,), —» Ca(NO,), + H,0 + CO,(g) (nao balanceada) 2- Completar, escrever a equacao iénica simplificada e balancear, se necessério, os sistemas (atilize as regras de solubilidade): a) AgCLO, + NaS > b) (NH)),PO, + HgSO, > Referéncias bibliograficas ATKINS, P; JONES, L. Principios de quimica, Porto Alegre: Bookman, 2000, BROWN; LEMAG; BURSTEN. Quimica: a ciéncia central. 9. ed. Sio Paulo: Pearson Education, 2005. IHDE, J. A. The development of modern chemistry. New York: Dover Publication, 1984. MAAR, J. H. Pequena histéria da quimica: (primeira parte) dos primérdios a Lavoisier. Florianépolis: Papalivros, 1999. MAHAN, B. M.; MYERS, R. J. Quimica: um curso universitirio, Sio Paulo: Edgard Blicher, 1993, MASTERTON, W.; SLOWINSKI, E; STANITSKI, C. Principios de quimica, 6, ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990. PARTINGTON, J. R. A short history of chemistry. New York: Dover Publication, 1989. RUSSELL, J.B. Quimica gral, Sao Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1994. vle2 nas 47 AULA BX Conservacao das massas Outras formas de balanceamento - ion-elétron e NOX Objetivos: Com esta aula, voc® deveré ser capaz de: Identiica a rlacao das massas assaciando-as 3 conservagio dos elementos presentes numa reago, em suas quantidades, Demonsrar, através de variados métodos, a conservacéo das massas numa equacio quimica 5.1, REACOES DE OXIDACAO-REDUCAO OU REACOES REDOX As reagdes de oxidacio-reducio, ou reacées redox, ocorrem pela transfe réncia de elétrons e constituem uma classe importante de reagdes qui micas. As reacbes redox ocorrem por toda parte e integram nossa vida cotidiana. A corrosio metilica é um exemplo. O ferro e 0 ago dos carros, pontes ¢ edificacdes oxidam-se e formam ferrugem, No processo da respi- za¢30, 0 oxigénio inspirado é convertido em agua e diéxido de carbono. A conversio da 4gua em O, ~ nos vegetais verdes, a fotossintese; a combus- 120 etc. ~ processa-se através da transferéncia de elétrons entre as diver- sas espécies quimicas presentes. A tecnologia atual fabrica e utiliza intensamente pilhas e baterias, as quais fornecem corrente elétrica (fluxo de elétrons) como resultado de uma reacao redox. Isto é, 0 seu telefone celular, a sua calculadora eletrénica, 0 seu notebook, 0 funcionamento do motor de partida do seu carro sao algumas das tecnologias atualmente em uso que sio possiveis gracas as reacées redox. A combusto da gasolina, alcool ou gas natural veicular também sao reacées redox. Paraadentrarmosnoestudo desse tipo de rages veremos, em primero lugar, como balances-las, posto que, dependendo da complexidade do sistema, isso pode nao ser evidente e nem to simples. Numa equac4o quimica devem ser balanceadas tanto as massas como também as Intronucdo Aguas 50 cargas e, portanto, o método por tentativa pode nao ser apropriado. Por esta razao, examinaremos a seguir duas técnicas especiais de balanceamento desse tipo de equagbes: 0 método do fon-elétron e do nmiimero de oxidagao (NOX). 5.2 BALANCEAMENTO PELO METODO [ON-ELETRON Exemplo 1: HNO aq) + H,Sig) > NOW) + Sis) + H,O1) 1 Etapa Separemos a equacao global em duas semi-equagées, tendoo cuidado para que os reagentes ¢ os produtos contenham atomos iguais: 1 Semi-equagao: HNO,(aq) + NOtaq) 2° Semi-equagao: H,S(g) —+ S(s) Uma reacio de 6xido-reducao pode ser representada por duas semi- equagdes que, somadas, representam o processo global. Uma delas representa o processo de oxidacao (perda de elétrons) ¢ a outra, a redugao (ganho de elétrons). 2 Htapa Determinemosomimerodemol deatomosdeoxigénioemcadamembro da equacao. No caso que estamos considerando, o lado esquerdo possi 3 mot de atomos de oxigénio ao passo que 0 laco direito possui um mot de étomos de oxigénio. Acrescentando dois mo? de H,O (a reagao esta se processando em meio aquoso), estaremos balanceando a massa devida aos Atomos de oxigénio, isto & HNO,(aq) + NO(g) + 2H,0%0) 3" Etapa ‘Agora devemos balancear os étomos de hidrogénio. Vemos que no lado direito ha 4 atomos de hidrogénio e no esquerdo somente um, logo, se acrescentarmos 3H’ no lado esquerdo, estaremos balanceando 08 atomos de hidrogénio. Acrescentamos H” porque o ambiente da reacao deve ser Acido, jé que existe HNO,, écido ritrico, logo: 3H"(ag) + HNO,(aq) + NO(g) +2H,0@ Podemos constatar que balanceamos a semi-equacao do ponto de vista da massa, suas 4 Etapa Balanceamento das cargas. No lado esquerdo da equacao ha trés mo de carga positiva oriunda de 3 mol de ions He, no lado direito, a carga é nula; logo, se acrescentamos trés mo? de elétrons no lado es- querdo da equacao, neutralizamos as trés cargas positivas e obtemos o balango de cargas, ou seja 3H'(aq) + HNO,(aq) + 3e” + NO(g) + 2H,0(©) (0 simbolo e repre- senta um mol de elétrons e a carga negativa dos mesmos) 5 Etapa A seguir, devemos fazer exatamente 0 mesmo com a segunda semi equacao, isto é: 28 Set quacao: H,S(g) + Sts) Nestecasovemosquenaohéoxigéniose, portanto, énecessériobalancear apenas os atomos de hidrogénio, bastando para isso, acrescentar dois mot de ions H’ no lado dieito, ou seja: HS(g) + S(s) + 2H"(aq) 6 Etapa Balanceando a carga, temos: HS(g) + S(s) + 2H"(aq) + 2e" 7*Etapa Para obtermos a equacio global, devemos somar ambas as semi- equacées devidamente balanceadas: 1? Semi-equagao: 3H'(aq) + HNO,(aq) + 3e" > NO(g) +2 H,0(@) 2 Semi-equagao: H,S(g) + S(s) + 2H'(aq) + 2e 8" Etapa Considerando que nos sistemas quimicos nao existem elétrons livres, entdo, se uma espécie cede n mo de elétrons, uma outra espécie aceita-os. Portanto, antes de efetuar a adicdo devemos multiplicar a primeira semi-equagao por dois a segunda por trés, de modo que a segunda semi-equacao ceda 6 mo de elétrons ¢ a primeira aceite esses 6 mo de elétrons, isto é: 18 Semi-equagao: 6H*(aq) + 2HNO, (aq) + 6e + 2NO(g) + 4H,0(@) 28 Semi-equacio: 3H,S(g) + 35(s) + 6H"aq) + 6° st InvpoqugaoAuCA_ Finalmente, temos a equacao global 6H (aq) + 2HNO,(aq) + Ge" +3H,S(g) + 2NO() + 411,02) + 3563) + GH'(aq) + Ge~ Como uma equacao quimica é igual a uma equacao algébrica, pode- ‘mos rearranjar a equac3o acima cancelando algumas espécies e os elétrons, tal que: 2HNO,(aq) +3H,S@ + 2NO@)+ 4H.0@) +380) Vemos que a equacao agora esta balanceada tanto em relacao a mas- sa quanto em relacio a carga 5.3 BALANCEAMENTO PELO METODO NOX 1 Etapa Notemos que na equacio HNO, (aq) + H,S@) + NO@)+S6)+H,0@ o NOX do N muda de 5+ no HINO, para 2+ no ND e que o NOX do $ muda de 2- no H,S para 0 no S. 2 Etapa Os diagramas do balanco de cargas podem ser escritos como (ressal- ta-se que nao sio semi-equagdes): Diagrama 1: No +3e +N Diagrama 2: S* 4 S420 3° Etapa Para que o ntimero de mot de elétrons perdidos cu cedidos seja igual a0 mimero de elétrons ganhos, devemos multiplicar 0 Diagrama 1 por dois e o Diagrama 2 por trés, de modo que: Diagrama1 QIN" +6e > 2N* Diagrama 2: 3S 4 38 +6e Levando em consideracao os dois diagramas anteriores, inferimos que 0s coeficientes estequiométricos de HNO, e NO é 2, e aquele do H,S e do S 63. Logo, uma parte da equacio global pode ser escrita como: 2HNO (aq) + 3H,S(g) + 2NO(g) + 35(s)(Incompleta) amas 4 Etapa ‘Vemnos que no lado esquerdo ha 8 mo€ de dtomos de hidrogénio e no lado direito nao ha. Simultaneamente, no lado esquerdo ha 6 mot de atomos de oxigénio e no direito ha 2; logo, devemos agregar 4 mo? de agua no lado direito, isto é: 2HNO,(aq) + 3H,S(g) + 2NO(g) + 38(s) + 4H,0(2) Chegamos ao mesmo resultado anterior. Exemplo 2: KMnO aq) + KCé(aq) + H,SO,{aq) + MnSO,(aq) + K,SO,{aq) + H,O(@) + Cé(aq) Pelo método fon-elétron 1 Semi-equacio KMnO (aq) + MnSO,(aq) 2 Semi-equacio Kce + Ce, Para balancear a primeira semi-equag3o, constatamos que no lado direito falta 1 mo de potassio, como K°, e no esquerdo S, como SO}; logo, temos que: $0 (aq) + KMnO,(aq) -+ MnSO,(aq) + Kaa) Agora, no lado esquerdo ha 8 mot de oxigénio e, no direito, 4 mot; logo, acrescentamos 4 mof de Agua no lado direito, isto é: $0} (aq) + KMn0O,(aq) + MnSO,(aq) + K'(aq) + 4H,0(2) Agora, temos 8 mot de hidrogénio no lado direito e nenhum no esquerdo, o que nos leva a: 8H'(aq) + SO#(aq) + KMnO, (aq) > MnSO (aq) + K'(aq) + 4H,0(@) ‘A massa est balanceada e devemos balancear as cargas, 0 que pode ser feito considerando que o lado direito possui, no total, carga +1e oesquerdo, +6; logo, devemos acrescentar 5 mot de elétrons no lado esquerdo, tal que: 81-(aq) + 80? (aq) + KMnO (aq) + Se" > MnSO,(aq) + K'(aq) + 4H1,0(2) Agora, massa e carga da semi-equacao esto balanceadas. Examinemos a segunda semi-equacao. KCe = Ce, Balanceamos os atomos de cloro multiplicando KCE por 2, ou seja: 2KCe = Ce, Balanceamos os atomos de potassio acrescentando 2 mot de K' no lado direito, 2KCL + Ce, + 2K" 54 Balanceando as cargas: 2KCE + C8, + 2K" +20 Para obtermos a equacao global, somamos ambas as semi-equacdes: 8H"(aq) + SO#(aq) + KMnO, (aq) + Se” + MnSO,(aq) + K'(aq) + 4H,0@) 2KCE aq) + C2,(aq) + 2K'(aq) #2e Devemos igualar 0 niimero de mot de elétrons gankos e perdidos, mul- tiplicando a primeira equacio acima por dois e a segunda por cinco; logo: ‘16H (aq) +280, (aq) +2KMnO ,faq) +106" -+ 2MnSO, (aq + 2K (aq) + 8H,O(@) OKCE (aq) + 5CL,(g) + 10K*(aq) + 100° Adicionando algebricamente as duas semi-equacoes, temos que: 16H*(aq) +250? (aq) + 2KMn0O ,(aq) +10¢" + 10KCE(aq) + 2 MnSO,(aq) + 2K'(aq) + 8H,0(@) + SCE,(g) + 10K (aq) + 10e 16H'(aq) + 2807 (eq) + 2KMnO,(aq) + 1OKCE(aq) + 2 MnSO,(aq) + 12K'(aq) + 8H,O®) +5CE,g) Para arranjar a equagio, podemos inferir que, ja que 0 16 mo® de ions H’ podem ser introduzidos como 8 mot de H,SO,, incluindo ai os 2 mot de SO} jé existentes no lado esquerdo e no lado direito, converte- mos os 12 mo de K' em 6 mof de K,SO,. Isso nos leva a: 8H,SO (aq) + 2KMnO, (aq) + 10 KC (aq) > 2MnO (aq) + 6K,SO,(aq) + 8H,O(®) + 5Ce,(@) Pelo método NOX KMn0 ,(aq) + KCC (aq) + H,SO (aq) + MnSO (aq) + K,S0,(aq) + H,0@) +2, Diagramal: Mn" +5e + Mn™ Diagrama2: 2C2 + C8, +2e Para igualar o ntimero de mo de elétrons, multiplicamos o Diagrama 11 por dois e o Diagrama 2 por cinco. Diagrama1: Mn” +10e + 2Mn* Diagrama2: 10C& + SC@, + 10e Infere-se dai que o coeficiente de KMnO, e de MnSO, é dois, 0 de KC é deze 0 de C8, & cinco. 2KMn0 (aq) + 10KC2(aq) + 2MnSO (aq) + SCE,(g) (Incompleta) Temos 12 mot de potassio no lado esquerdo ¢ nenhum no lado di- reito; logo, podemos acrescentar 6 mot de K,SO, no lado direito. Ou seja: 2KMn0O, (aq) + 10KCE (aq) + 2MnSO,(aq) + 5CE,(g) + 6K,SO,(aq) Agora, no lado esquerdo temos 8 mot de oxigénio e no lado direito 1g0, podemos acrescentar 8 mot de H,SO, no lado esquer- do e8 mot de agua no direito: 2KMnO (aq) + L0KCE (aq) + 8H,SO,(aq) + 2MnSO,(aq) + 5C2,(g) + 6K,$O,(aq) +8H,0(2) , © que da o mesmo resultado anterior. E se o ambiente for basico? Muitas reagdes redox se processam em ambiente bisico e, neste caso, é necessario acrescentar agua e fons hidroxila, espécie responsavel pela basicidade em Agua. Exemplo 3: CN‘aq) + AsO Mag) AsO, (aq) + CNO (aq) Pelo método fon-elétron 1'Semi-equagao — CN-(aq) + _CNO (aq) 2% Semi-equagio AsO }-(aq) + AsO; (aq) Na primeira semi-equacao, ha 1 mo de oxigénio no lado direito e nenhur no esquerdo; logo, o lado direito tem um excesso de 1 mot de oxigénio. Para balancear, acrescentamos 1 mo€ de H,O no lado direito, isto 6, no lado onde ha excesso de oxigenios, na mesma quan: tidade do excedente. No lado esquerdo, acrescentamos o dobro de mot de H,O mas, dessa vez, na forma de OH, ou seja: T*Semi-equagao CN-(ag) + 20H (aq) + CNO (aq) + H,0() Vemos que a primeira semi-equacio jé esta balanceada do ponto de vista da massa, restando agora fazer o balango das cargas, que con- seguimos acrescentando 2 mo€ de elétrons no lado direito. 1*Semi-equagao —_ CN(aq) + 20H-(eq) + CNO(aq) + H,O(2) + 2e° Na segunda semi-equacao, 0 lado esquerdo possui 4 mo€ de oxigénio € 0 lado direito 2 mof; logo, o lado esquerdo tem um excesso de 2 mol de oxigénio e, portanto, acrescentamos 2 mot de H,O no lado esquerdo para compensar 4 mot de OH’ no lado direito. 2 Semi-equacio _AsO-(aq) + 2H,O(2) ~> AsO, (aq) + 40H (aq) Agora no lado direito temos 6 mo€ de oxigenio e no esquerdo 4 mo; ogo, o lado direito tem 2 mot a mais de oxigénio ¢, portanto, acres centamos 2 mot de HO no lado esquerdo e, para compensar, no lado direito acrescentamos 4 mot de OH’. As massas esto balanceadas aus 55 56 nos resta balancear as cargas, 0 que nos obriga aadicionar 2 mot de elétrons no lado esquerdo. 28Semi-equagao AsO}-(aq) + 2H,O(@) + 2e” > AsO; (aq) + 40H (aq) ‘Adicionando a primeira e segunda semi-equacao, temos a equacao global: CN(aq) + 20H-(aq) + AsO? (aq) + 2H,O(@) + 2e” + CNOVaq) + H,0(@) + AsO, (aq) + 40H (aq) + 2e Cancelando espécies, fica: CN (aq) + AsO (aq) + H,O(2) + CNO*(aq) + ASO; (aq) + 20H-(eq) Pelo método NOX Diagramal: As*+2e + As Diagrama 2: N® + N°+2e Daf infere-se que o coeficiente de AsO}- e AsO;CN- e CNO- é urn, isto é, CN (aq) + AsO}(ag) + CNO“(ag) + AsO; (aq) (Incompleta) ‘Acrescentando 2 mot de OH no lado direito, balanceamos as cargas mas nao as massas, ¢ isso € resolvido acrescentando-se 1 mot de H,0 no lado esquerdo. CN-(aq) + AsO} (aq) + H,O(2) + CNO (aq) + AsO; (aq) +20H (aq) Assim, chegamos ao mesmo resultado anterior. Para este tiltimo exemplo, é mais vantajoso empregar o método do ion-elétron do que 0 método NOX. Isso porque é 0 N que se oxida, ficando com 0 NOX formal 3- no CN" e 1- no CNO \Vejamos um tiltimo exemplo de balanceamento em ambiente basico, em que uma ou mais espécies envolvidas na reecao redox possuem, hidrogénio na sua composigao. Exemplo 4: N,Hlaq) + CEO, (aq) = Ni i) + CE faq) Pelo método ion-elétron 1*Semi-equacio —_N,H(aq) > NO; (aq) 2*Semi-equacio CLO; (aq) + ‘CE(aq) Na primeira semi-equa¢ao balanceamos primeiro os mot de nitroge- nio multiplicando a espécie NO,” por dois. 1'Semi-equagio —-NH,(aq). + 2NO, (aq) A seguir vemos que no lado direito ha 6 mo® de axigénio e no esquer do nenhum; logo, o lado direito possui um excesso de 6 mo€ de oxigé- nio e devemos acrescentar, portanto, mais 6 mo? de H,O no mesmo lado direito e, no lado esquerdo, devemos acrescentar 0 dobro de mot. de Agua s6 que, desta vez, na forma de OH, isto & sus T*Semi-equagio _N,H,(aq) +120H (aq) > 2NO, (aq) + 6H,0(@) Vemos que obalanceamento demassas nao funcionou como esperado, pois enquanto no lado esquerdo ha 16 mo de hidrogénio, no lado direito ha somente 12 mo®. Isso aconteceu porque um dos reagentes, a hidrazina, N,H,, contém hidrogénio na sua composicio, 0 que dificulta o correto balanceamento. Para tanto, é necessério balancear os mot de hidrogenio, o que fazemos da seguinte forma: olado esquerdo ossui um excesso de 4 mot de hidrogénio, logo, acrescentamos ai 4 mo de OH’ e, no lado direito, 4 mot de H,O, ou seja: 1° Semi-equacao_N,H,(aq) + 120H (aq) + 40H-(aq) > 2NO,- (aq) + 6H,O(2) + 4H,0(2) Adicionando: 1° Semi-equagio _N,H,(aq) + 160H (aq) -+ 2NO; (aq) + 10H,0@) Equilibrando as cargas, temos: 1 Semi-equagio N,H,(aq) +160H (aq) + 2NO, (aq) + 10H,0@ + 14e" Balanceando a segunda semi-equacao: 28 Semi-equacao CLO;(aq) + Ce(aq) 2 Semi-equagao CLO,(aq) + 3H,O() +6" + Ce'(aq) + 6OH (aq) Ao adicionar a primeira e a segunda semi-equacao, vemos que é pre- iso multiplicar a primeira por 6 e a segunda por 14, 0 que é0 mesmo que multiplicar a primeira por 3 e a segunda por 7 1° Semi-equagio 3N,H,(aq) + 480H (aq) + 6NO, (aq) + 30H, O18) + 42e" P Semi-equacao 7CEO; (aq) + 21,0) +42e + 7CE (aq) + 420H (aq) ‘Temos, entio, a equacao global: 3N,H,(aq) + 480H (aq) + 7C00;(aq) + 21H,0(8) + 42e° + 6NO5(aq) + 30H,0(8) + 42¢ + 7CE (aq) + 420H (aq) Simplificando a equacio, temos finalmente: 3N,H, (aq) + 6OH (aq) + 7C£O, (aq) + 6NO; (aq) + 9H,O(€) + 7CE (aq) Pelo método NOX N,H,(aq) + CLO, (aq) + NO, (aq) + Ce-(aq) Diagramal: 2N* > 2N% + 1de- Diagrama2: Cé*+6e" > CE Multiplicando o diagrama 1 por 3 ¢ o segundo por 7, a fim de igualar os mot de elétrons, temos que Diagramal: 6N? + 6N™ +42e Diagrama2:; 78" +42e + 78 57 inrmonuko Aqui ATIVIDADE 14 Podemos inferir dos diagramas que o coeficiente da espécie NH, deve ser 3, da espécie NO; deve ser 6 e das espécies CLO; e CE deve ser 7. 3N,H(aq) + 7CL0;(aq) + 6NO; (aq) + 7CE (aq) (Incompleta) Para igualar as cargas, acrescentamos 6 mot de OH-nolado esquerdo, ou seja: 3N,H,(aq) + 7C20; (ag) + 6OH(aq) > — 6NO; (aq) + 7CE(aq) (incompleta) Como no lado esquerdo ha 27 mot de oxigénio e no lado direito, 18 mot, devemos agregar ai 9 mo de HO. 3N,H,(aq) + 7CLO,(aq) + 6OH(ag) + 6NO; (aq) + 7C2 (aq) + 9H,0@ Chegamos ao mesmo resultado anterior. Em geral, os quimicos preferem usar 0 métado do ion-elétron para balancear equacdes redox que se passam em soluc2o aquosa diluida, pois os ions, nessas solucdes, se comportam como se fossem mais ou menos independentes, reservando o método do NOX para reagoes redox que se processam em outros solventes diferentes de agua, ou no estado sdlido ou gasoso. Considere as equagdes nao balanceadas abaixo. Faca o balanceamento por tentativa, sempre que isso for possivel. Quando nao for, use ou o método fon-elétron ou o NOX. Em meio écido a) Fe" +H, + Be*+H,0 b) As,S, + NO; Em meio bisico + H,AsO, + HSO; +NO, ©Bi0,+ OC + BIO; + Ce @) Fe(CN)3-+Cr,0, = Fe(CN)f + Cr0? 58 5.4 EA RELACAO DE MASSA NAS REACOES? Sabendo que a massa é conservada numa reacio quimica, é ébvio que 0s elementos quimicos também séo conservados. Por isso, é necessa- rio o acerto de coeficientes ou balanceamento. Sabemos, entio, que hhé uma igualdade de massas nos reagentes e produtos das reacées. Ex: Cs) + 0,@) + CO.) 12g 32g 44g KH ag Notemos que a equagio quimica nao tem apenas a finalidade de representar 0 processo qualitativo, mas também o proceso quan- titativo, de uma maneira, a0 mesmo tempo, concisa e exata. Vejamos, agora, mais um caso que envolve a equacao quimica. Os atomos e moléculas sio a unidade fundamental do pensamento quimico. O nimero deles presente num sistema ocupa uma posi¢ao central em todos os raciocinios quimicos e, portanto, as equacdes quimicas contém, como fator importante, 0 mimero de dtomos € moléculas. Sendo ainda impossivel lidarmos experimentalmente com um mimero pequeno de atomos e moléculas, foi criada uma grandeza que engloba um certo ntimero de étomos e moléculas, cuja massa é passivel de ser medida. Essa grandeza é 0 mot. Na origem da construgao do conceito de mot esta 0 quimico Ame- deu Avogadro (século XIX) e, por isso, o valor que representa o mot chama-se Nimero de Avogadro. 6,02x10%, e foi determinado por meio de diferentes experimentos quase um século depois de Avogadro. ste valor 6, aproximadamente, Entio, para a equacdo anterior, temos: cs) + Of) + — CO,e) 12g 32g 44g t t t 1 moe 1 moe moe t t t 6,02x10"molée. 6,02x10"moléc. 6,021 moll. ‘Vejamos o mesmo raciocinio para outra equa¢ao: Ni) + 3H) > 2NH® 28g 6g 34g t t t 1 mot 3 mol 2 moe q t t 6,02x10"moléc. 18,06 x 10"moléc. 12,04 x 10” molec. Agora, podemos perceber que representacdo de uma transforma¢3o quimica por meio da equacao adquire um carter muito importante. Ela simplifica informag6es tanto qualitativas quanto quantitativas. Para representar uma transformacio, faz-se necessério, num primeiro momento, entender 0 proceso. Depois de entendido, a linguagem was 59 nTHODUCKO AQUAECA ATIVIDADE 15 especifica da quimica, férmulas ¢ equagées simplifica a leitura do fenémeno. Faremos, agora, alguns exercicios de tratamento dos dados contidos em algumas equacées quimicas. Lembremos da reagio de neutralizagio que ocorre no estémago quando tomamos hidroxido de magnésio: Mg(OH),(aq) + HCC(aq) + MgCe,faq) + H,O® O primeiro passo é verificar se essa equacao esté balanceada. Se nao estiver, temos que acertar os coeficientes. Feito isso, saberemos 0 niimero de mot envolvido e o ntimero aproximado de moléculas. A seguir, com auxilio da Tabela Periédica, onde se encontram as mas sas atmicas, podemos saber, proporcionalmen:e, as massas envol- vidas nesse processo. Preencha os pontilhados para a equacao em questio: Mg(OH),(aa) 1 moléc. HCE (aq) > MgCe,(aq) + 2H,0(8) t t t g t t t moe moe t t t molec. moléc. molec Agora, usaremos esses dados para calculos envolvendo reacoes quimicas. 60 ‘Vejamos o exemplo abaixo: > Se tomarmos uma quantidade de leite de magnésia contendo 6,0g de Mg(OH),(aq) e, considerando que a rea¢ao sera estequiométrica, gue quantidade maxima de HCE (aq) sera neutralizado? was Resolugao Mg(OH),, Mg(OH),(aq) + = 2HC2 (aq) Mg = 24,3x1= 24,3 0 = 16,0 x2 = 32,0 583g neutralizam 36,4 H=1,0x2=2,0 —> Total = 58,3 60g neutralizarao |X + Hee H-=1,0x1=1,0 58,3.gx X = 364g x 6,0g C8 =35,4x1=35,4 Total = 36,4g x= 3658x608 583g X=3,75g R = 60g de Mg(OH), neutralizarao aprox. 3,75g de HCe > Se considerarmos que essa reago tem um rendimento de 60%, quanto Mg(OH), ser4 necessario para neutralizar 10,0g de HCE (aq)? Resolucao Mg(OH),(aq) + 2HCE (aq) 100% da reacao precisam ...16,02g 60% da reacao precisarao Xg 58,3g neutralizam 36,4 » 100% xX = 60% x16,2g X — neutralizarao 10,0g > X=9, 36,4g x X = 58,3gx 10g ,72.g de Mg(OH), x= 8:3gx10,0g 36,4g X= 16,02g tmo9ucHo A auice __ _— ATIVIDADE 16 1 - O aluminio reage com o oxigénio para dar 0 6xido de aluminio, conforme a equagao abaixo: 4AL(s) + 30g) > 2A€,0,(s) Que quantidade, em mo8, de O, € necessaria para a rea¢do completa de 4 mot de A€? Que massa, em gramas, de A€,O, pode ser produzida? 2~ A queima de carvao ¢ éleo em usinas elétricas produz diéxido de enxofre. Para remové-lo, costuma-se usar o carbonato de calcio, através da reacao abaixo: 280,(g) + 2CaCO,(s) + 0,(g) + 2CaSO,(s) + 2C0,(g) 2) Para remover 155g de SO, (g), qual a massa de CaCO, necesséria? b) B, nesse caso, quando 155g de SO, reagem completamente, que massa de CaSO, é necessaria? Conhecerasmassasenvolvidasnumareacdoquimica éextremamente importante para todos os setores que trabalhamcom transformacées e, entre eles, a industria siderirgica. M: das massas é importante numa rea¢ao quimica; a energia também é outro fator que deve ser levado em consideraco. nem sé 0 conhecimento _ 5.5_ ENERGIA: UM BREVE COMENTARIO. As atividades até aqui propostas tratam especificamente das transfor- mages quimicas e das relagdes de massas nessas transformagées. A Lei de Conservagio das Massas, anunciada per Lavoisier, é aplica- da na estequiometria das reagées quimicas. Ha, também, uma Lei de Conservacao da Energia, aplicada A energia envolvida nas transforma- Ges quimicas. Uma forma de energia é 0 calor ou energia térmica Por exemplo, a fotossintese requer energia luminosa; a combustio, em contrapartida, libera energia. ‘Vejamos, como exemplo, a queima ou combustio do carvao. Esse € um processo comum na metalurgia e na churrasqueira. A combus envolve grande quantidade de energia, e muitas reagdes quimicas acontecem em decorréncia da complexidade da matéria-prima Além de carbono e de hidrogénio, que produzem CO,(g) e H,0(g), © carvao tem uma vasta composicao elementar: enxofre, oxigénio, nitrogénio, célcio, ferro, magnésio, f6sforo, potssio, silicio, aluminio ¢ outros. H4, também, compostos organicos e inorganicos que nao se volatilizam durante a transformacao da madeira em carvao. A queima do carvao é um bom exemplo para mestrar que as reagées quimicas nao sao tao simples como sugerem as equagées que as 62 representam. No caso da queima do carvao, a equacao mais simples mostra apenas a producao de gis carbénico. Cs) + Of— > COLg) Nao devemos nos esquecer que a maioria das transformagées qui- micas 40 complexas. Ao escrever uma equaco quimica, represen- t maior quantidade. Vista dessa maneira, podemos dizer que uma equacao quimica é uma representacio grifica ¢ abreviada de uma rea¢ao quimica Acnergia envolvida nas reagdes quimicas, apesar de fundamental, nao 6 abordada nesta disciplina, mas vocé a estudara posteriormente. AuUas INrRoOURAOAGUINCA _ > Referéncias bibliograficas ATKINS, P; JONES, L. Principias de quimica, Porto Alegre: Bookman, 2000. BROWN; LEMAG; BURSTEN. Quimica: a ciéacia central. 9. ed. Sa0 Paulo: Pearson Education, 2005, IME, J. A. The development of modern chemistry. New York: Dover Publication, 1984. MAAR, J. H. Pequena historia da quimica: (primeira patte) dos primérdios a Lavoisier. Florianopolis: Papalivios, 1999. MAHAN, B. M. MYERS, R. J. Quimica: um carso universitario, S20 Paulo: Bdgard Blacher, 1993. MASTERTON, W; SLOWINSKI, E; STANITSKI, C. Princfpios de quimica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1999, PARTINGTON, J. R.A short history of chemistry. New York: Dover Publication, 1989. RUSSELL, J. B. Quimica geral. Sto Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1994. v.1e2. UNIDADE 2 A Constituicao da Matéria Nesta unidade estaremos desenvolvendo os seguintes t6picos: - Teoria atémica ¢ a construcio do modelo atémico. - Ligagdes quimicas. - Interasées quimicas. Dividimos esta unidade em 6 aulas. Procure aproveité-las ao maximo e consulte a bibliografia complementar sempre que se fizer necessario. AULA {J A teoria atémica da matéria Dos dtomos indivisiveis de Dalton as particulas subatémicas Objetivos: ‘Analisar 0 modelo de Dalton para 0 Stomo, Identiicar as experiéncias que evidenciaram a existéncia das paticulassubatmicas. 6.1 PENSANDO A ESTRUTURA DA MATERIA Contaa lenda que, no século V a.C., 0 filésofo grego Leucipo caminha- va ao longo de uma praia do mar Egeu, acompanhado de seu discfpulo Demécrito, e disse-Ihe repentinamente: — Observando de perto, percebo que a areia é formada por intimeros ‘gros, mas de longe daa impressao de ser wm material continuo. Por outro lado, a dgua aparenta continuidade, tanto de longe quanto de perto. Nao seria a dgua também formada por particulas de matéria to pequenas que mesmo de perto nao podemos vé-las? Ainda, nao seriam todos os materiais assim constituidos? Demécrito, aceitando a logica dessas consideracées, adotou as idéias de seu mestre, nomeando as particulas constituintes da matéria como dtomos. Atomo, em grego, significa, literalmente, indivisivel Seo fato citado aconteceu ou nao, pouco importa e, deixando de lado outras importantes implicagdes de ordem politica, religiosa e filosé- fica, devemos centrar nossa aten¢ao nas duas idéias opostas sobre a natureza da matéria que persistiram durante muito tempo: a continu dade ow a descontinuidade. Isto é, podemos pensar no que aconteceria se comesarmos a dividir ao meio uma barra de ferro ou algum outro material e a seguir uma das metades em dois e assim sucessivamente. Teoricamente, podemos chegar a duas conclusdes antagnicas: uma, seria concordar com 0 fato de que podemos fazé-lo indefinidamente; e ‘TRaDUGHO A cuca 68 a outra, aceitar que deve haver um limite. Se aceitarmos que a maté- ria pode ser dividida indefinidamente, equivalea dizer que a matéria € continua e, se aderirmos & hipotese de que deve existir um limite, estamos postulando que a matéria é descontinua, pois ela estaria constituida por unidades indivistveis e poderia ser descrita por nix meros inteiros (os quais tanto fascinaram aos antigos gregos). Ora, se estamos interessados em entender e estudara matéria, é mais fa- cil partirmos da idéia da existéncia de um tijolo fundamental, o qual nao pode ser mais fracionado, ja que, por alguma estranha razio, 0 nosso cérebro nao sabe ou nao esté adaptado para lidar com coisas infinitas ou inexistentes. Considere que até hoje, por exemplo, 05 mateméticos costumam dizer que a divisio por zero esta indetermi- nada, 0 que equivale dizer, de forma elegante: néo fazemos a menor idéia de como fazer nem para onde isso nos leva. Indo um pouco mais longe, podemos estender a idéia da descontinuidade a outras gran- dezas fisicas, como, por exemplo, a energia: seri que ela é continua, isto é, podemos subdividi-la indefinidamente ou nao? Aos nossos sentidos, a luz é continua, mas sera que 0 &? Por mais estranho que possa parecer, a energia luminosa, de acordo com 0 nosso estégio de conhecimento atual, é considerada descont'nua e transportada or pequenos corpiisculos sem massa (!) denominados fétons, como veremos posteriormente. Ainda, poderiamos pensar na grandeza tempo: sera que podemos subdividir o tempo indefinidamente ou havera um limite? Esta altima questao nao esta ainda respondida € esse apaixonante tema est na fronteira do conhecimento e faz parte da chamada pesquisa de ponta De qualquer modo, até agora, todo 0 desenvolvimento da ciéncia atual e todos os avancos feitos se baseiam na aceitacao do conceito da descontinuidade de algumas grandezas fisicas. Um exemplo é a teoria atmica da matéria, que é a base de todo 0 nosso conhecimento e tecnologia atuais. modelo mais completo de que dispomos do étomo (a “descontinuidade”) esta baseado na descontinuidade da energia. .2 ATEORIA ATOMICA DE DALTON: UM MODELO PARA O ATOMO. De acordo com John Dalton, cientista inglés e professor de ciéncias, a ‘inica forma de explicar de maneira coerente as observacées feitas até aquela data, por volta de 1803, era admitir que a matéria é constituida por atomos. Dalton, entao, langou a sua proposta, introduzindo alguns postulados novos, baseados em um actimulo de experiéncias © observagdes feitas e devidamente registradas por ele e outros cientistas e experimentadores. Esse conjunto de postulados constitui ateoria atémica da matéria, Em suma, os postulados de Dalton podem ser resumidos como descrito a seguir: 1. Toda matéria ¢ constituida por particulas fundamentais denominadas 4tomos. 2. Os Atomos sao permanentes e indivisiveis e no podem ser criados nem destrufdos. 3, Todos os atomos de umn mesmo elemento sio idénticos em toclas as suas propriedades; © dtomos de elementos diferentes tém propriedades diferentes. Isto é, elementos dife- rentes possuem propriedades diferentes porque seus atomos sao diferentes. 4, Uma reago quimica consiste em uma separag3o ou rearranjo de étomos. 5. Os compostos so constituidos por stomos de elementos iguais ou diferentes em proporgées fixas. Os postulados de John Dalton foram aceitos, pois esse pequeno gru- pode observagdes e conclusdes permitiu explicar uma série de outros fenémenos e leis que eram ja conhecidos, porém nao entendidos, tais como alei da conservacao da matéria e a lei das proporsées definidas ou lei das composicdes constantes. O formulador da lei da conserva- Gao da matéria foi o quimico francés Antoine Lavoisier (1743-1794), baseando-se na determinacao extremamente cuidadosa das massas dos reagentes e dos produtos, em diversas reagdes quimicas, obser- vando que nao havia variagao dessas massas. Esta é uma das leis ba- sicas que regem 0 universo, isto é, nao é valida apenas para as reacoes, quimicas. A outra lei basica que rege o universo 6a lei da conservacio da energia. Notemos que os postulados de Dalton enumerados como 45 explicam a lei da conservacio da matéria. Noutro trabalho, 0 quimico, também francés, Joseph Louis Proust (1754-1826) formulou a lei das proporcées definidas ou das com- posi¢des constantes, a partir de observacdes feitas em laboratério. Ele constatara que um composto quimico, apés ser exaustivamente purificado, possui a mesma razao entre as massas dos elementos que © constituem independentemente da origem da amostra da qual foi isolado. Vemos que o terceiro e 0 quinto postulados de Dalton sao reforcados por essa lei, que foi anunciada praticamente ao mesmo tempo em que a teoria atémica de Dalton A teoria atomica de Dalton abriu novos horizontes na pesquisa cien tifica para quem aaceitou e se constituiu num dos pilares fundamen. tais da pesquisa e do avanco notavel que sofreu a quimica nos anos apés a sua divulgacao. 6.3 A CONSTITUICAO INTIMA DOS ATOMOS A pergunta a seguir é dbvia: como esto constituidos os tomos? Pos- suem estrutura? Como se ligam os étomos para formar compostos quitnicos? Os postulados de Dalton sequer fazem mengao a este tema ¢, portanto, essas questdes deram origem a outro desafio: a procura do entendimento da estrutura intima do Atomo, mistério que come- coua ser debelado lentamente com a descoberta e 0 estudo detalhado 69 InTRODUGHO A QLIMCA 70 de outros fendmenos de ocorréncia natural, que os pesquisadores, a partir de entéo, comecaram a divulgar. O fendmeno da eletricidade, por exemplo, tinha sido relatado pelos antigos gregos, que observa ram que alguns tipos de materiais atritados com um pano de seda ou 1a atrafam pequenos corpos. Para nés, ¢ familiar a atragao que exerce 0 pente sobre o cabelo quando bem seco, durante o penteado, ou a sensacéo de “choque” que sentimos quando tocamos objetos meté- licos, sabendo que esses dois eventos resultam da transferéncia de carga elétrica. Jé que a matéria est constitufda por atomos, entio a eletricidade esté relacionada, de alguma forma, com eles. Benjamin Franklin (1706-1790) conseguiu determinar claramente que existe dois tipos de carga elétrica que se comportam de modo oposto e, por {sso, os rotulou como positive e negativo. Ele demonstrou, também, que cargas iguais se repelem e que cargas opostas se atraem e que am- bas se neutralizam. Outrossim, conseguiu estatelecer a conservagao das cargas elétricas: toda vez que ha uma carga negativa em algum lugar, existe uma carga positiva de mesma grandeza em algum outro lugar, fenémeno conhecido como principio da eletroneutralidade. 6.3.1 - A relagao entre a matéria ea eletricidade Uma evidéncia da existéncia de uma relagao mais intima entre a matétia e a eletricidade surgiu no ano de 1800, quando a pilha foi introduzida nos laboratérios dos quimicos. Os quimicos ingleses William Nicholson e Anthony Carlisle decompuseram a 4gua em diidrogénio e dioxigénio e fizeram passar uma corrente elétrica através, de uma solugao aquosa diluida de cloreto de s6dio. Vamos lembrar que a sintese e a decomposicéo da agua foram realizadas por Lavoisier € Cavendish, no século XVIIL A experiéncia dos ingleses confirmou que a eletricidade provocou uma reacao quimica, fendmeno descrito por Faraday e, desde entio, conhecido poreletrdlise, amplamente utilizado na indéstria e na pesquisa cientifica. No decorrer do ano de 1832, Michael Faraday demonstrou que a quantidade de produto formado durante uma eletrélise depende: a) da quantidade de eletricidade fornecida; b) da natureza quimica do produto. Assim, elaborou as leis da eletrolise conhecidas como leis de Faraday. 6.3.2 ~ 0s tubos de descarga de Crookes A experiéncia que forneceu indicios, quase inequivocos, de que a cletricidade faz parte dos atomos e que estes poderiam ser consti- tuidos de particulas ainda mais simples (em oposigo ao segundo postulado de Dalton) foi a construgao dos tubos de descarga de gas, também chamados tubos de Crookes, em homenagem a William Crookes, fisico inglés que idealizou e construiu, entre 1870 e 1879, 0 dispositivo mostrado na Figura 7a. tubo com gis a| proxima da presto atmelériea * tubo de gis com reso redseda tbocom = BB screramente iets paca decartolina impregnada fom sult de inca FIGURA7~ Diagrama do tbe de Crookes ou tubo de descarga O tubo de vidro possui dois eletrodos de metal; um deles comporta a carga elétrica positiva e é denominado anodo; e 0 outro, que comporta a carga elétrica negativa, é denominado catodo. O tubo é cheio com ‘um gas puro, tal como diidrogenio, dioxigenio, dinitrogénio, argonio etc., e submetido a uma diferenca de potencial de, aproximadamente, vinte mil volts entre os eletrodos; uma série de fendmenos so observados. Inicialmente, quando a pressio é préxima a press3o atmosférica, nenhuma mudanga é percebida. A medida que a presso dentro do tubo diminui, ao ser evacuado gradualmente com a ajuda de uma bomba de vacuo, gis residual dentro do tubo de vidro emite uma incandescéncia colorida (Figura 7b). Aumentando 0 vacuo, observamos que a incandescéncia desaparece gradualmente, dando lugar & aparicao de uma outra incandescéncia na extremidade do tubo de vidro, onde esta o anodo, s6 que dessa vez, esverdeada (Figura 70) Colocando, no mesmo tubo, um pedaco de cartolina impregnada com sulfeto de zinco, no caminho entre os dois eletrodos observamos que ocorre fosforescéncia apenas no lado voltado para o catodo (0 eletrodo negativo) e a sombra do pedaco de cartolina aparece projetada no vidro do lado do anodo (eletrodo positive) ~ Figura 7d. Todos esses fenémenos se reproduzem com qualquer tipo de metal empregado nos eletrodos e com qualquer gés puro, variando apenas a cor da incandescéncia, a qual depende da natureza quimica do gas. 7 srmopUGhO AQUA sulfeto de zinco é uma espécie quimica que emite luz quando atingida por particulas de alta energia, é um composto fosforescente, que ainda hoje faz parte da mistura de produtos fosforescentes colocados no interior de um tubo de imagem de televisio, as quais emitem luz quando atingidos pelos elétrons originados do canhao de elétrons, para formar a imagem. 72 conjunto de observagées feitas em decorréncia das experiéncias com 08 tubos de Crookes permitiu concluir que, quando a pressao do gas no interior do tubo é baixa, “algo” ¢ emitido do catodo em diregao a0 anodo. Por essa razao, esse “algo” ficou denominado raio catédico, pois, na época, pensou-se que se tratasse de um raio, Tam: bem ficou evidenciado que o raio deve se propagar em linha reta, pois a sombra da cartolina projetada no anodo é bem definida, Por outro lado, a incandescéncia emitida pelo gas a pressdes intermedia- rias foi interpretada como resultado da colisao entre 0 raio catédico e as moléculas do gas, o que levantou a suspeita de que esse raio catédico seria constituido por partfculas. Quando a pressio interna ¢ marcadamente baixa (Figura 7c), a con. centraco de moléculas do gas é também muito pequena. Por isso, nio ha producao de luz visivel, e 0s raios catédicos atingem a parede de vidro (do lado do 4nodo), causando ali uma incandescéncia. 63. = Adescoberta do elétron Em 1887, o fisico inglés J. J. Thomson adaptou, ao tubo de Crookes, duas placas metilicas cletricamente carregadas e sbservou que os raios catédicos sofreram uma deflexdo em relagdo a placa positiva. Com isso, mostrou que as particulas que fazem parte dos raios catédicos transportam energia elétrica negativa, como mostra a Figura 8. Cy FIGURA 6 ~ Deflexo dos race catddias por um (a) campo létrco; (campo magnético Jé que as particulas constituintes dos raios catédicos independem do material do catodo e da natureza quimica do gas, a conclusao foi de que essas particulas esto presentes em toda a matéria e foram denominadas elétrons. Thomson foi um pouco além e descobriu que a corrente de particulas que constitui o raio catédico pode ser desviada, também, por um campo magnético, e aplicando simul- taneamente um campo elétrico e um campo magnético a um raio catédico produzido em um tubo de Crookes determinou a relacio entre a carga ea massa do elétron (e"/m). Essa relacio possui o valor de e'/m= -1,76 x 10" C kg?, em que C é Coulomb, a unidade internacional de carga elétrica. 6.3.4-A carga do elétron Em 1908, o fisico americano Robert Andrews Millikan (1868-1953), determinou a carga do elétron em uma experiéncia classica, esque- matizada na Figura 9. Placa eletricamente Nebulizador aregada dedleo a Microsespio Placa eletricamente Goticulas de éleo carregada observadas FIGURA 9 Aparetho no qual ilikan eaizon a experiincia da gota de elo, para determina a carga do citron Millikan vaporizou goticulas de éleo entre duas placas metélicas que podiam ser carregadas eletricamente e, com auxilio de um microscépio, podia visualizar uma tinica goticula. Ele irradiou o espaco existente entre as placas com raios X, que, devido a alta energia, sto capazes de ionizar as moléculas do ar, retirando elétrons, alguns desses elétrons sio capturados pelas goticulas de dleo. A seguir, carregando a placa superior positivamente, conseguiu deter a queda das goticulas de éleo (por efeito da gravidade), aplicando uma forca eletrostatica ascendente igual a forca gravitacional. De posse da quantidade de carga da placa 73 noDUGKO AURA e da massa da goticula, foi possivel determinar a carga capturada. Millikan observou que a carga que ele determinou para as muitas goticulas era sempre um miitiplo de-1,6x 10" C, que foi considerado a carga elétrica de um elétron. ‘Assim, substituindo o valor da carga na relagao carga/massa do elé tron, ficou determinado a massa do elétron: 9,1 x10" kg. 0s tubos de Crookes tiveram grande utilidade em ciéncia, pois, entre outras coisas, ajudaram a desvendar a constitui¢io intima do tomo Com efeito, em 1886, E. Goldstein modificou o tubo de descarga perfurando o catodo (Figura 10). Ao produzir o raio catédico, observou uma linha luminosa emergindo do orificio do catodo (o eletrodo negativo) indo para a parede de vidro do lado éo cétodo, Goldstein denominou esse novo raio de raio canal. TIGURATO— Tube de tao anal de Goldstein 6.3.5 -A carga elétrca positva ea descoberta do préton Goldstein observou que a cor do raio canal dependia da natureza quimica do gis residual dentro do tubo. Repetiu as mesmas experiéncias de J. J. Thomson, com campos elétricos e magnéticos, ¢ verificou que o raio canal era carregado positivamente e que as cargas nao eram iguais para todas as particulas, mas eram miltiplos inteiros de 1,6 x10" C. Os fatos descritos podem ser entendidos da seguinte forma: j4 sabemos que o raio catddico est constituido por slétrons e que alguns desses elétrons possuem energia suficiente para ejetar elétrons das moléculas do gis residual. Ja que as moléculs sao eletricamente ncia de elétrons (cargas negativas) torna-as particulas carregadas positivamente, as quais se dirigem para 0 catodo, que é 0 eletrodo negativo, ¢, porisso, foram rotuladas como cations. Amaioria dos cations colide com 0 metal constituinte do catodo, mas muitos atravessam os orificios, podendo ser detectados pela luminosidade. Obviamente que os cations carregam quantidades diferentes de cargas positivas dependendo de quantos elétrons foram ejetados. neutras,adefi Apergunta a ser respondida é: por que, quando um elétron é removido de uma molécula, a espécie resultante adquire carga positiva? A resposta mais logica ¢ de que as moléculas sao compostas por particulas positivas e negativas, de modo a conservar a eletroneutralidade do sistema. Apés medir-se a relacio carga/massa e, separadamente, a carga e a massa dessas particulas, percebeu-se que se trata de particulas fundamentais ©, portanto, constituintes do étomo, tendo sido rotuladas como rotons (do grego: o primario) por Emest Rutherford (1871-1937). ‘Todos os protons séo iguais no que tange & sua carga elétrica eA sua ‘massa. Esto presentes em toda a matéria conhecida e, portanto, tornam:-se um dos constituintes fundamentais do atomo, — £4 O MODELO ATOMICO DETHOMSON Em 1898, J. J. Thomson sugeriu que o étomo poderia ser uma esfera carregada positivamente na qual os elétrons estariam incrustados nela, de modo que a quantidade de carga positiva fosse balanceada exatamente pela quantidade de carga negativa. Por isso, sugeriu uma esfera como modelo, posto que essa geometria permite mais homo- geneidade na distribuicao das cargas positivas e negativas. Com esse modelo, foi possivel explicar a relativamente pouca energia necessé- se modelo sugerido para 0 ria para remover elétrons dos atomos. tomo foi denominado “bolo de ameixas”. aus svtRO0UGHO AURA 76 Referéncias bibliograficas ATRINS, 8; JONES, L. Principios de quimica. Por'o Alegre: Bookman, 2000. BROWN; LEMAG; BURSTEN. Quimica: a ciéncia central. 9. ed. Si0 Paulo: Pearson Education, 2005. IHDE, J. A. The development of modern chemistry. New York: Dover Publication, 1984 MAHAN, B. M. MYERS, R. J. Quimica: um curso universitario. Sao Paulo: Edgard Blicher, 1993. MASTERTON, W, SLOWINSKI, Es STANITSKI, C. Principios de quimica. 6. ed, Rio de Janeiro: Guanabara, 1990. PARTINGTON, J. R. A short history of chemistry. New York: Dover Publication, 1989. RUSSELL, J. B. Quimica geval. Sao Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1994. v.le2 SLABAUGH, W. H.; PARSONS, T. D, Quimica zeral. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Cientificos, 1982. O atomo nuclear Objetivos: Analisar a evolugio do modelo atimico nuclear. ‘dentificar as experiéncias que conduziram a0 modelo quintico, Identicar eanalisar as equagoes que descrevem o modelo quintico, 7.1_O MODELO ATOMICO DE RUTHERFORD. Durante muitos anos 0 modelo atémico de Thomson foi bem aceito pela comunidade cientifica, mas nos primérdios do século XX, uma experiéncia, hoje bem conhecida, realizada na Inglaterra pelos fisicos, Ernest Rutherford, E. Marsden e H. Geiger forcou a modificacao do modelo de Thomson. A Figura 11 apresenta 0 aparelho usado pela equipe de Rutherford para estudar as particulas alfa (a). a ao Brae & FIGURA 11 A famosa experzncia de Rotherford, Geiger e Marden. que dew ovgem a0 mova mloar Apparticula alfa (q) ja era conhecida, assim como as particulas beta (B), que so os elétrons e 0s raios gama (y); 0 fendmeno de emissao de ra- diagao de alta energia ja recebera o nome de radioatividade. Ora, uma particula o1 carrega carga elétrica positiva e possui uma massa muito 78 maior que a massa de um elétron. O elemento poldnio (Po) emite ‘espontaneamente particulas «.e, por isso, wma pequena quantidade desse elemento foi colocada numa caixa de churabo provida de um furo circular. 7.1.1 ~As observacies feitas na experincia Um raio de particulas alfa foi projetado na mesma fina folha de ouro, A medida que esses projéteis de alta velocidade atingiam a folha do metal, a maioria das particulas alfa (mais de 99%) passava direto, sem sofrer desvio. Porém, uma fragao inferior a 1% sofreu grandes desvios, e algumas particulas, inclusive, voltaram diretamente até a fonte (!). Os desvios puderam ser avaliados ccnforme as particu- las alfa atingiam o anteparo mével impregnado 2m sulfeto de zinco (substancia fosforescente) (Figura 11). 7.1.2 -Ainterpretacio das abservacies Os grandes desvios observados chamaram a atergao e, ainda mais, 0 fato de algumas particulas alfa voltarem para a fonte, pois isso seria co mesmo que esperar que uma folha de papel fosse capaz de desviar as balas disparadas por uma pistola! Lembremos que as particulas alfa possuem, aproximadamente, 7500 vezes a massa de um elétron 1/10 da velocidade da luz. Carga positiva @ FIGURA12- Desvios esperados das particaas alfa a) Modelo de Thomson: desvios pequenos ou ‘que inexstentes (b) Modelo de Rutherford: deflexses variando de pequenasa muito grandes Seaestrutura do atomo fosse como 0 modelo idealizado por Thomson, entao todas as particulas alfa deveriam atravessar a folha em linha eta com pouca ou nenhuma deflexao (Figura 12a). No entanto, 0 fendmeno observado, a deflexio das particulas (Figura 12b), exigia uma explicagao, Rutherford postulou que um atomo poderia ter um_ pequeno miicleo carregado positivamente, rodeado por uma regido maior contendo elétrons. Rutherford raciocinoucue, sea carga positiva contendo a maior parte da massa do atomo estzva concentrada num pequeno micleo, entao, nao somente muitas particulas alfa passariam em linha reta com pouca ou nenhuma deflexio, mas também que aquelas que passassem préximas do micleo seria, necessariamente, war fortemente repelidas (Figura 12b). A pergunta que veio a seguir foi onde estio os elétrons? De acordo com Rutherford, estio fora do niicleo. Estava esborado um novo modelo para 0 atomo, conhecido como modelo de Rutherford De acordo com 0 modelo de Rutherford, 0 tomo consiste de um pequeno miicleo contendo toda a carga positiva e a maior parte da massa. A regido extranuclear é um grande volume em torno do mi- dleo, no qual estéo distribuidos os elétrons. Por isso, o modelo de Rutherford 6 chamado de Atomo Nuclear. Apartir do momento em que 0 novo modelo atomico foi aceito, uma nova questao foi levantada: como esto distribuidos ou dispostos os elé- trons? Teriam uma estrutura planetéria, na qual o micleo correspon- deria ao sol e os elétrons aos planetas? 7.1.3 -O dilema do étomo nuclear O modelo do atomo planetario, apesar de atraente, apresentou pelo menos um problema grave a primeira vista: como pode uma carga elé- trica positiva (o micleo) estar préxima de uma carga negativa (o elétron) sem colidirem? Se o elétron estiver estatico, é dbvio que as duas cargas irdo colidir, destruindo, assim, a estrutura atomica, 0 que na prati- ca nao acontece. A solucao parecia estar na possibilidade do elétron em movimento, especificamente em trajetérias circulares em torno do micleo, de modo que a forca centrifuga, gerada pelo movimento circular, compensaria exatamente a forca elétrica de atracio exercida pelo nucleo (forca centripeta). © que parecera ser a solugao estava longe de sé-lo, pois, de acordo coma fisica classica, quando uma particula carregada muda diregao do seu movimento, irradia energia. Esse ¢ 0 principio utilizado nas transmissdes pelo radio. A estacao de rédio emite um sinal elétrico que movimenta (acelera) os elétrons que fazem parte da antena, 08 guais irradiam energia na forma de ondas cletromagnéticas. A perda de energia por parte do elétron no atomo faria com que, a cada volta em torno do niicleo, ele se aproximasse mais e mais do niicleo (movimento em espiral) até colidir, colapsando 0 étomo. Po- demos concluir que 0 modelo do stomo nuclear ou planetario nao estava bom, 714-0 que estava incorreto? ‘Vemos que a ciéncia tinha um grande dilema a resolver, no inicio do século XX, visto que quaisquer dos modelos idealizados para o étomo exam inconsistentes com as observagoes experimentais: rwmonugko AGUA Nesse estigio, devemos comecar a pensar que a fisica classica nao é suficiente para entendermos o tomo. Pois é, hoje em dia sabemos que as leis da fisica classica sdo adequadas para descrever 0 compor- tamento de objetos grandes, como planetas, foguetes, pessoas, mos- quitos etc., mas so insatisfatérias quando aplicadas a particulas tio pequenas quanto protons, elétrons e outros. Desse modo, durante alguns anos 0 mundo -ientifico conviveu com a dificuldade de estabelecer um modelo para 0 atomo que pudesse conciliar a teoria coma realidade. Foi o zprofundamento do conhecimento da luz, uma radiacao eletromagnética, que conduziu a construgao de um novo modelo para o tomo. _7.2 ARADIAGAO ELETROMAGNE a Nica ‘A radiagao eletromagnética inclui a luz visivel, a radia¢io infraver- melha, a ultravioleta, ondas de radio, microondas, raios X, raios gama (7), raios césmicos e se propaga via ondas eletromagnéticas. Onda eletromagnética é a combinasao da oscilagao dos campos elé trico e magnético propagando-se no espaco. ‘Acnergia eletromagnética pode ser diferenciada quantitativamente, isto é, classificada de acordo com a quantidade da energia, o que da origem ao denominado espectro eletromagnético (Figura 13) rane vax [ov |] wv frtinote fos] as] ong | rns de rio FIGURA 130 eapectro clotramagnético, Nota-se que a luz visivel (segmento ampliado) ¢ apenas uma pequena parte do espectro A energia se propaga através de ondas, 0 que equivale a dizer que apresenta comportamento ondulatério. A sua passagem pelo espa- 0 é semelhante, em alguns aspectos, a passagem de uma onda na superficie da 4gua, Uma onda é caracterizada pela sucessao de cris- tas alternadas (pontos altos) e calhas ou depresses (pontos baixos) = veja Figura 14, 7.2.4 ~Algumas grandezas importantes das ondas eletromagnéticas A distancia entre duas cristas sucessivas é uma grandeza muito importante denominada comprimentodeonda, simbolizada comaletra grega lambda, 4, cuja unidade é o metro, m, no Sistema Internacional de Unidades, SI. A amplitude, A, representa a intensidade da onda e é a altura da crista medida a partir da abscissa do sistema de coordenadas cartesianas, a qual também é medida em metros. 2 (comprimento) @ 2 curto) 2 (eurto) © FIGURA 14 ~ Formato comum de a letromagnética, (a) Comprimento de onda (A) longo: 2 onda transporta menos energia que (b) (©). () Conprinento de onde curto, a onda transports ‘mais energa que (3). () Mesto camprinento de onda com xn (8), porém menor amplitude (A), fonda transporta a mesma energia que (b). No entato, a velocidade de propagagio 8 constante ea mesma‘, velocidad a Uma outra grandeza importante é a fregiiéncia, a qual é representada pela letra grega v e é medida em ciclos por segundo ou simplesmente em s |, que é igual a1 Hertz, 1 Hz. Ela mede o numero de cristas ou de calhas que passam num dado ponto por segundo. E facil deduzir awa o samonugio Acutace que 0 produto da freqiiéncia e 0 comprimento de onda é igual 4 velocidade v da onda, isto v= valms') (Equacio 1) Por analogia, podemos inferir que uma vez que as ondas eletromag, niéticas se propagam a velocidade da luz, c, logo: c= va{ms"] (Bquagao 2) 7.2.2 ~ Interferéncia de ondas ‘Um outro aspecto interessante ¢ o fendmeno de interferéncia que podem sofrer as ondas. Com efeito, se dispomos de duas ou mais on- das, tal como mostrado na Figura 15a, ondas em fase, teremos uma interferéncia construtiva, na qual a intensidade ou a amplitude (A) das ondas adicionam-se, resultando numa onda znuito mais intensa. Este € o principio do raio laser, no qual se colocam em fase muitas ondas, resultando num feixe luminoso bem mais intenso. RRRR EMV (@ Refoego: onda em fase (6 Ioterfeinciesondas dass FIGUNA 15 1a) Reforgo ou interferénca constrtiva de ondas.(@) Interferénca destruiva de onde Outrossim, temos 0 caso contrario, no qual podemos ter duas ou ‘mais ondas fora de fase, 0 que leva a uma interferéncia destrutiva (Figura 15b), resultando numa onda de amplitude ou intensidade nula, isto 6, a energia deixa de se propagar. 7.23 Max Planck: a energia é uma grandeza descontinsa! Planck estava estudando os espectros da luz emitida por objetos quentes, o chamado radiador de corpo negro. Um radiador de corpo negro bem simples pode ser uma esfera oca de ferro ou de qualquer outro metal, com um pequeno furo, para liberar um pouco da luz @ 8 interna que come¢a a ser gerada quando a esfera é aquecida a certa temperatura. O que se observa 6 0 espectro da luz assim emitida Planck propds que a energia emitida pelo radiador deveria ser aquela emitida pelos atomos do metal, agindo como pequenos vibradores ou osciladores, cada um emitindo energia com uma freqtiéncia caracteristica A seguir, Planck procurou a menor quantidade de energia que 05 tomos podiamabsorver ereemitir eacabou concluindo que existeum imo de energiadenominoude quantum ou féton de energia e mostrou que a sua energia é diretamente proporcional a freqiténcia da onda com a qual esta associada. Ou sea, a energia que transporta uma onda eletromagnética esta dada pela relacio E=hy (Equacio 3) em que h é a famosa constante de Planck, que é uma constante univer- sal, cujo valor foi determinado como sendo h = 6,626076 x 10 Js. Substituindo a Equagao 2 na Equacio 3, teremos: (Equacio 4) Tanto a Equacao 3 quanto a 4 sao conhecidas como a equacio de Planck e determinam a energia transportada por uma onda eletro- magnética. 7.2.4 ~ Espectroscopia atamica Max Planck introduz o conceito da quantizacio da energia, isto é, existe um limite minimo de energia ou, visto de uma outra forma, a energia tampouco pode ser subdividida indefinidamente da mesma forma queamatéria, Veja que energia é inversamente proporcional a0 comprimento de onda (Equacao 4) e diretamente proporcional a freqaéncia (Equagio 3). Aluz branca é composta de uma mistura de ondas eletromagnéticas de muitas freqiéncias diferentes. Essa mistura pode ser separada (resolvida) por um prisma dtico, 0 qual nao apenas desvia 0 raio de luz (refracao), mas também é capaz de separar a luz de diferentes comprimentos de onda (dispersio). A Figura 16 mostra um raio de luz branca sendo refratado e disperso por um prisma, resultando numa continuidade de cores quando 0 resultado da experiéncia é projetado numa tela. Away 83 NTRODUGHO A OUR ‘FIGURA 16, proceso delineado e mostrado graficaments na Figura 16 ¢ 0 espectro da luz branca, que é um espectro continuo, pois nao parece haver separagio entre as cores. O proceso da obtencao de um espectro é denominado espectroscopia. Isso parece estar em desacordo com Planck, uma vez que, se a energia é quantizada, o espectro nao deveria ser continuo e, portanto, devert amos perceber uma separacao nitida entre as diferentes cores. Se, ao invés de colocarmos uma lampada ou a Itz do sol para produ: zit 0 espectro, empregarmos a luz oriunda de um tubo de Crookes (lembra-se deles?), isto é, a luz emitida por um gas puro quando pas sa eletricidade de alta voltagem através dele, obteremos um espectro de linhas, ou seja, um espectro descontinuo, talcomo o mostrado na Figura 17. 84 specu de linhas mide poo gaa hidrogenio pare Hoje, sabemos que 0 espectro produzido pela luz branca parece continuo, porque nossos olhos nao conseguem diferenciar a grande quantidade de comprimentos de onda existentes na luz branca mas, quando se trata de um elemento quimico puro, fica evidente a descontinuidade da energia. A existéncia de linhas significa que, na regido entre uma linha e outra do espectro, nao ha outros valores possiveis. A Figura 18 mostra os espectros de linha ou espectros descontinuos de alguns elementos quimicos. doom) 400 500 600 8 Ne auar PIGURA 8 ~Bspectos delinhas do, Hige Ne Um cientista chamado Johannes Rydberg percebeu que 0 espectro de linhas para 0 atomo de hidrogénio pode ser reproduzido teorica- sto 6, o valor da energia correspondente a cada linha pode ser determinado por uma equac4o matematica, que ele deduziu de maneira totalmente empirica, e que ficou conhecida como equacao de Rydberg. mente, (Equagao 5) em que R, é conhecida como constante de Rydberg e vale 1,0974 x 10’ m?;n, e n, pertencem ao conjunto dos niimeros naturais, ow seja, so sempre inteiros e positivos; ¢ também sempre se verifica que n, > n,. Deve ficar claro que Rydberg, estudando os espectros de linhas de modo detalhado, apenas deduziu uma expressio analitica que denota que existe um comportamento bem definido. No entanto, ele nao fazia a menor idéia do porqué da equacao, isto é, quais eram as bases tedricas que a determinavam. Por exemplo, suponhamos que n, = 2 ¢ que n, = 3, jA que n, e n, per- tencem 20 conjunto dos mimeros naturais e que n, > n,. Substituindo esses valores na Equacao 5 e também 0 valor de R,, e fazendo as suonugko AUC manipulagdes necessérias obtemos .= 6,5610x 10’ m, ou 656,10.1nm (1nm = 1 nandmetro = 1.x 10° m). Se observarmos 0 espectro para 0 4tomo de H na Figura 18, vemos que este é 0 valor de i. correspon: dente A linha de cor vermelha. ee _73 0 MODEL ATOMICO DE BOHR Niels Bohr, fisico dinamarqués, em 1913, tentou resolver o problema do tomo estavel. Pensou, com toda razao, que devizm existir principios fisicos ainda nao desvendados, motivo pelo qual afisica nao conseguia explicar a estrutura atomica. 7.3.4 ~Os etrons:responsiveis pela absorcio e emisio de energia Baseando-se nas experiéncias dos tubos de descarga, Bohr postulou que um gas emite luz quando uma corrente elétrica passa através dele, porque os elétrons existentes nos étomos absorvem energia da eletricidade para, posteriormente, emitirem aquela energia na for- ma de radiacao eletromagnética (luz vistvel, por exemplo). Bohr foi um pouco além e raciocinou que a tinica explicac4o pos sivel para entender por que a radiagao emitida é limitada a certos comprimentos de onda (as linhas nos espectros) € que, no atomo, 0s elétrons nao podem possuir qualquer quantidade de energia. Ou seja, um elétron pode ter somente certas quantidades especificas de energia: a energia de um elétron em um dtomo é quantizada, [Aseguir, Bohr descreveuaorigem do espectrodelinhas, considerando ‘a quantizacao da energia dos elétrons no atomo. (1) Um dtomo possui um conjunto de niveis de energia quantizados ou niveis de energia, (2) Um elétron, num atomo, pode ter somente certos valores de energia. (3) Cada nivel energético tem uma popula¢ao maxima de elétrons. (4) Um tomo est, normalmente, no estado fundamental, 0 estado no qual todos os seus elé- trons estio nos niveis de energia mais baixos dispontveis. (5) Quando um atomo absorve energia, alguns dos seus elétrons absorvem energia e sao eleva- dos a um nivel de energia maior. O atomo, agora, esté num estado excitado. De acordo com isso, alguns dos niveis de energia mais baixos ficam livres ¢, dessa maneira, um elétron de um nivel energético mais alto pode vir a ocupar um nivel energético mais baixo. Quando isso acontece, o atomo deve liberar energia em uma quantidade igual a diferenca entre os dois niveis de energia. Ainda de acordo com Bohr, a energia 6 liberada na forma de radiacao eletromagnética, isto 6, f6- tons e, portanto, a energia assim emitida ¢ determinada pela equa- a0 de Planck (Bquacao 4). war 7.3.2 ~A deducao tedrica da equacio de Rydberg Bohr deduziu de forma racional a equacio de Rydberg (Equacao 5) da maneira descrita a seguir. Movimento circulae vniforme ar a ‘ etron ’ em otbita Forca centrifuga = 4,4, ane Forga centripeta = F = Aeenergia total de um sistema, F,,., €igual a energia cinética, E,, mais a energia potencial do sistema, E,. De acordo com a Figura 19, que representa um étomo monoeletrénico, vemos que a energia cinética € igual a E, do elétron mais a £, do niicleo. No entanto, considerando que 0 elétron se movimenta muito mais répido do que o niicleo, podemos desprezar a Ec devido ao micleo; logo, a energia cinética do sistema sera apenas: 1 nv? , Equacao 6) ; (Equacao 6) eODUGKO AQUARCA 88 em que m 6a massa do elétron. A energia potencial do sistema em questo serd a energia devida A atracao eletrostatica existente entre o micleo positive e o elétron negativo, isto é (2) Lg (Equacao 7) Wi in iquacao 7) v em que Z é 0 ntimero de protons existentes no niicleo, ¢ é a carga eletrostatica do elétron, - 1,6021773 x 10" C, g, é a constante diclétrica no vacuo, 8,85 x 10” C?/N m?, ey é distancia do elétron ao nitcleo, ou o raio da trajetéria circular imaginada por Bohr. Portanto, a energia total do sistema descrito na Figura 19, € (Equacao 8) Por outra parte, para que o elétron mantenha a trajetéria circular ‘com o raio constante, é necessario que as duas forcas, agindo em sentido contririo sobre o elétron, sejam iguais, isto é, tanto a forca centrifuga quanto a forca centripeta devem ser iguais em magnitude, mas de sentido contrario, o que equivale a dizer que a soma das duas forcas agindo sobre o elétron deve ser zero, Logo: mv de onde obtemos: z (Equagao 9) ‘ane yr my Substituindo a Equacdo 9 na Equagao 8, temos: ke = (Equacao 10) 8neyr 7.3.30 postulado de Bohr sobre a quantizacio de energia Foi nesse ponto que Bohr, audaciosamente, introduziu a quantiza¢ao da energia do elétron, postulando que o momento angular (propor cional A energia) do elétron é igual a uma quantidade dada por h/2n, ou seja: Postulado de Bohr sobre a quantizacao da energia do elétron = nh myr = (Equagao 11) on Como qualquer postulado, este tampouco tem comprovagao, isto 6, Bohr fez a suposigéo de que a energia do elétron devia ser quantizada na quantidade "" , em que n é um ntimero inteiro positivo valendo 2n 1,2,3, 4,5, .... isto equivale a dizer que os valores para o momento angular do elétron podem ser h/2n, 2h/2n, 3h/2n etc. Agora que estamos de posse do postulado de Bohr, podemos substitui-lo na Equagio 9 eisolar r: Begn? Zexm (Equagio 12) E substituindo os valores correspondentes as diferentes constantes: ¥=5,29x10" > metros (Bquacio 13) O valor de r pode ser expresso também numa unidade mais conve- niente, tal como o angstrom, 1A = 107° m, r = 0,529 n®/Z A, Vemos que a Equagao 13 nos permite determinar o raio da trajetéria circular do elétron em torno do miicleo, com diferentes némeros n. Na Figura 20, esto representados os diversos raios possiveis para o elétron num tomo de hidrogénio (Z=1), a medida que aumenta n. Os valores dos raios foram obtidos da Equacao 13 expressos em angs- ‘toms como unidades, para Z=1, isto é, para o atomo de hidrogénio, O valor do raio para a primeira drbita, n=1, x = 0,529 A, é hoje conhecido como 0 raio de Bohr e simbolizado como a,. O raio para a segunda Grbita é 2,116 Ae da terceira 4,761 A. Podemos ver que a diferen- sa entre os raios sucessivos fica cada vez maior a medida que n fica maior. Também notamos que os valores dos raios variam exponen. cialmente e ndo linearmente, tal como expresso na Equacao 13; logo, a distancia existente entre eles nao ¢ igual. aua7 89 90 oe [HIGURA 20 ~Relagiogrifica dos aos das bias do eldton em torno de wm nile de hidroné- rio, no qual 21 734 -Adeterminagio da energia quantzada de um elétron Substituindo a Equacéo 13 na Equagio 10, obtemos: ~Ze'm -_——— (Ee ‘ao 14) on aie (Equacio 14) E substituindo os valores correspondentes as diferentes constant 2,18 "Z Joules (Equagéo 15) ‘A equacao anterior nos permite determinar a energia do elétron quando esta situado nas diferentes érbitas. Na Figura 21 estio representados os diversos niveis energéticos possiveis para o clétron num atomo de hidrogénio (Z=1), a medida que se aumenta n. 5,45%10Y/stomo 2 = -2,18%10" J/stomo FIGURA 1 As enegia dos dleteons, em joules po tomo, num Stomo de hidogenio em Fangio do nimeron O valor negativo da energia ndo deve estranhar, pois indica apenas gue o elétron no étomo é um sistema estavel: quanto menor aenergia de um sistema, mais estavel ele 6. Podemos observar que a diferenca entre os estados energéticos sucessivos fica cada vez menor a medi- da que n fica maior. Extrapolando, podemos deduzir que, quando n for muito elevado ou infinito, entao os niveis energéticos sucessivos estardo tao prdximos uns dos outros que nos parecerao um conjunto continuo. Também chama-nos a aten¢ao que a maior diferenca ener- gética entre dois niveis consecutivos corresponde an =1en=2. 7.35 A equacio de Rydberg A diferenga de energia entre dois niveis quaisquer, de acordo com Bohr, da origem as linhas espectrais. Essas linhas sio produzidas pelas emissdes energéticas dos elétrons quando passam de um esta- do excitado (B),* isto é, de maior energia, para um estado de menor energia (E,), sendo que a diferenca energética entre os dois niveis "f, eiado ene ical 6 wmuale Fa ead epic fl i& om bio, 1 rrnouGi0 A aUMCA 92 emitida como uma onda eletromagnética. Utilizando-se a Equagao 14, que fornece o valor da energia do elétron num dado n, ¢ conside rando Z = 1, para 0 atomo de hidrogénio, temos que Rearranjando: (Equagao 15) hen, E substituindo todos os valores das constantes, obtemos, finalmente: soorasto!fL metros (Equacao 16) Podemos observar que a Equagto 16 é a equagao de Rydberg (Bquagao 5), em que a constante de Rydberg (R,) tem o mesmo valor empirico. A diferenga é que Bohr chegou a esse valor por via tedrica, provocando uma revolugao na fisica logo no iricio do século XX. A constante de Rydberg é uma das constantes melhor determinadas na atualidade, pois, gracas a Bohr, sabemos que o seu valor depende de todas as outras constantes descritas na Equacao 15, ‘Apesar de 0 modelo de Bohr ser incompleto e insatisfatério, é ex- tremamente importante, pois introduz. a idéie de quantizasao da energia dos elétrons num dtomo. Isto significa que a energia também é descontirua, ou seja, existem unidades minimas e, portanto, finitas de energia. ‘Também significa que o elétron, quando est ocupando um deter- minado nivel energético dentro de um tomo, nao irradia energia ‘mesmo que esteja em movimento. 7.3.6 ~-Absorgio e emissao de energia eletromagnética As afirmagées anteriores podemos acrescentar que Bohr deu 0 Primeiro passo para entender como a matéria absorve e emite energia eletromagnética. De acordo com 0 modelo, os elétrons s40 08 responsaveis; aoabsorver energiaradiante, ocupam niveis energéticos mais altos, e, para emiti-la, voltam para niveis energéticos menores. Sabendo que a energia dos elétrons esta quantizada, ou seja, que existem valores bem determinados de energia que podem ser absor- vidos pelos elétrons, se a energia fornecida nao é suficiente para promover o elétron para um nivel energético superior, nao havera absorgao dessa energia 7.3.7 ~ O surgimento da mecinica quantica Apesar dos esforcos de Bohr, a mecanica classica ou newtoniana foi in- capaz de explicar o comportamento de pequenas particulas tais como atomos, elétrons, prétons etc., 0 que levou a aceitar o fato de que devia haver outro tipo de fisica ou outras leis que fossem capazes de descrever corretamente o comportamento de pequenas particulas ‘Como ja vimos, Max Planck foi o primeiro a dar as bases da “nova fisica’, ao conseguir equacionar a proposta da descontinuidade da energia, tendo fornecido a base te6rica para o nascimento da deno- minada mecanica quantica. Podemos adiantar que a mecanica quantica descreve 0 comporta- mento de pequenas particulas, porém, quando aplicada a objetos grandes, suas relacdes matematicas sao simplificadas e reduzidas as da mecanica classica. Assim, a mecanica classica pode ser considerada ‘como um caso particular da mecanica quantica. 7.3.8~A dualidade particula-onda Em 1924, 0 fisico francés Louis de Broglie postulou a denominada dualidade particula/onda. Com efeito, algumas observagdes expe- rimentais feitas sobre 0 comportamento dos elétrons ¢ das ondas eletromagnéticas, tal como a luz, levantaram a suspeita de que os elétrons e outras particulas extremamente pequenas, como 0s fétons, se comportam as vezes como particulas e as vezes como ondas. Por exemplo, pensemos num feixe de luz se propagando no ar, com certa velocidade; agora, pensemos no mesmo feixe atravessando um copo com gua cuja velocidade, dentro da agua, diminui, Esse comportamento é proprio da particula, pois os fétons “atritam” com as moléculas de 4gua. No entanto, ao emergir, o feixe de luz recupera a velocidade inicial (I), posto que a velocidade da luz, num determinado meio, é constante. Isso caracteriza 0 comportamento de onda eletromagnética __awar 93 irmcoucioAaUICA 94 De Broglie langou a hipétese de que toda particula tem associada uma onda, isto é, uma particula nao é apenas matéria pura, mas também é energia. Este nao é um fendmeno importante para cor- pos grandes, mas para corpos pequenos nao pode ser ignorado, ou seja, particulas macroscépicas se comportam mais como particulas do que como ondas. Em compensacao, corpos de massa pequena se comportam mais como ondas do que como particulas. 7.3.9 -A relacao de Louis de Broglie De acordo com Einstein, a relagao entre a massa e a sua energia é: me? Energia de uma particula de massam — (Equagao 17) E de acordo com Planck (Equagao 4): p= ME Energia de uma onda cletromagnética Em principio, as equades 17 e 4 ndo podem ser igualadas, pois ‘uma determina a energia da massa e outra, a energia de uma onda celetromagnética; mas De Broglie postulou a dualidade particula/onda, de modo que: Como a velocidade para as particulas ¢ inferior & velocidade da luz, substituimos c por v, ¢ isolamos A: he 2 (Equacao 18) Isso significa que 0 A da onda associada a uma particula depende da massa e da velocidade da particula. Por exemplo, consideremos um elétron se movimentando a 4 x 10 ms*. Apés a devida substituicao de valores na Equacio 18, 0 A da onda associada € 2x10"" m, uma quantidade pequena, porém mensuravel. Se calculamos 0 A da onda associada a um elefante de massa 5.500 kg cartinhando a velocidade de 1 m/s, veremos que corresponde a 1,2 x 10” m, uma quantidade que nao é possivel de ser medida atualmente. A partir desses célcu- los, podemos inferir que o cardter ondulatério de grandes massas é desprezivel (nao é inexistente), pois se fossemos capazes de ver uma onda com esse 2, dificilmente veriamos a diferenga entre crista e crista, nos dando a impressio de ser algo continuo ou liso. Ja em se tratando de massas pequenas, tal como elétrons, a magnitude do i corresponde distancia existente entre as camadas de atomos de um cristal metélico como o niquel, por exemplo, o que faz com que 0 comportamento ondulat6rio do elétron nao possa ser desprezado: 0 clétron pode interagir com esse cristal 7.3.10 0 principio de incerteza de Heinsenberg Durante o decorrerdo ano 1927, ofisicoalemao Werner Heinsenberg, langou 0 famoso principio de incerteza, 0 qual estabelece que é impossivel conhecer, simultaneamente e com certeza, a posi¢ao ¢ 0 momento? de uma particula. A expressio matematica que expressa 0 principio da incerteza é: Axaps (Equacao 19) an Na Equacao 19, A significa a incerteza ou erro na medi¢io; logo, a expressio acima deve ser entendida assim: 0 produto das incerte- zas na medi¢ao de duas grandezas fisicas nao pode ser zero, jd que a quantidade h/4n ¢ finita e, para isso acontecer, nenhuma das incer- tezas nas grandezas consideradas pode ser zero; portanto, nao existe oerro zero. Para deixar bem claro, consideremos a seguinte analogia: suponhamos que precisamos estudar o movimento de uma pena caindo lentamente num quarto isento de correntes de ar e totalmente escuro. Para fazer 0 estudo nessas condigdes, poderiamos estender a mao deixando que a pena, em queda livre, toque suavemente os dedos, de modo a permitir deduzir, dessa sensacao, a informagio sobre a posi¢ao e 0 momento da pena. Porém, oato de tocara pena modifica ligeiramente omovimento, © que equivale a dizer que a tentativa de efetuar a medida introduz uma incerteza porque, para fazer a medida, foi necessario interagir coma pena, alterando assim a medicao. Esse raciocinio ¢ vilido para a medicao de qualquer grandeza, o que eva a conclusio de que o principio de incerteza é universal. O principio de incerteza é, talvez, um dos principios mais discuti dos em ciéncia, mas até hoje, apesar dos seus muitos opositores, Einstein, entre eles, continua valido. Mais uma vez, para particulas grandes, a incerteza na medida 6 desprezivel, mas nao para particu- las pequenas. Para fins praticos, se a incerteza na determinacio da medida da posicao de um elétron nao pode ser zero ou desprezivel, ‘entao somente podemos dizer que existe certo valor da probabilidade de o elétron encontrar-se em certo lugar do espaco. Para ilustrar, calculemos a incerteza na posicio de um elétron movimentando-se a 1,2 x 10" m s?. Admitamos que a incerteza no momento (mv) seja 0,100%. ‘Women, p69 prod da ms ese eld pope ener dpe, — mar 95 rmacucio kouick 96 © principio da incerteza prevé que é impossivel determinar a velocidade e a posicio de pequenas particulas com exatidao, pois so tao mintisculas que o fato de fazer a medigao altera essas grandezas, posto que, para fazer qualquer medicio, € necessario interagir com o fenémeno. Para sair do impasse, 6 necessério aceitar que podemos determinar apenas qual é a probabilidade de ‘uma particula estar num lugar predeterminada, isto é 40%, 50% de probabilidade etc. Aplicando a Equacao 19, temos que: Axa 4nAmv Substituindo valores e constantes, temos: 626076810" > 499, 1093008 101.2010 = 0,00100 Assim, Ax 34,8 x 10m, ou 0,48 nm, ou 4,8. Esse valor é mais de duas vezes maior que a distancia entre dois ‘tomes ligados, e corresponde ao comprimento de ligacao. Ou seja, infere-se que a incerteza na determinacao da posi¢ao de um elétron € excessivamente elevada, por se tratar de uma particula muito pequena. Para efeito de comparacao, calculemos a seguir a incerteza na post cao de um carro de massa 1000 kg movimentando-se a 26,7 m s (aproximadamente 96 km h"). Admita que a incerteza no momento 64.5%. Similarmente, como no caso anterior: 6,626076x10" Ax 2 F080 26,750) Obtemos: Ax 24,4x 10" m. ‘A incerteza é diminuta e nao pode ser detectada, sendo, por isso, dita desprezivel. Isso nos diz também que, para particulas grandes, 2 posigao pode ser conhecida com grande exat:dao. 7.3.11 -A dilragao do elétron Inicialmente, a idéia de que as particulas possuem propriedades ondulatorias nao foi bem aceita e chegou-se a rotulé-la como uma fantasia de De Broglie. A evidéncia que sustentou a teoria foi dada pelos fisicos A. Reid e G. P. Thomson, na Escécia, e L. H. Germer e C. Davisson, nos Estados Unidos, que conseguiram difratar elétrons, da ‘mesma forma como se difrata um feixe de luz. Em poucas palavras, a difragao de ondas significa que, quando um feixe de ondas incide sobre uma placa na qual existe um par de fendas separadas por uma distancia similar ao A da onda, o feixe passa pelas duas fendas, simultaneamente, e as ondas que passaram interferem entre si, Se colocarmos um anteparo atris das fendas para observar ‘© que acontece apés a passagem, veremos um padrio de difragdo que consiste em linhas brilhantes e partes escuras. Quando as ondas interferem construtivamente, aparece uma linha, e se a interferéncia € destrutiva, o anteparo fica escuro (Figura 22). | = FIGURA 22 - Difagte de ondaselotromagnéticas Esse fendmeno somente é observado para ondas, pois seria um absurdo fisico uma particula passar pelas duas fendas simultanea- mente. No entanto, o fato de o elétron sofrer difracao demonstrou que ele se comporta como onda também. 7.3.12 ~ Ondas estacio s No modelo atual do atomo, as ondas eletrénicas sao ondas estaciond- rias tridimensionais, isto é, nao se propagam, ao contrario das ondas viajantes do tipo ondas de radio, por exemplo, que se movimentam de um ponto ao outro do universo. Uma outra diferenca importante de que uma onda estaciondria nao se movimenta em uma tinica di- reco, a0 contrario de uma onda viajante, o que equivale a dizer que uma onda estacionéria independe do tempo. A onda que percorre a 97 retRoUGOA auc 98 corda de um violo, a onda que percorre a superficie de um tambor e a onda sonora que percorre o ar numa sala fechada sao analogias de ondas estacionarias mono, bi e tridimensionais, respectivamente. Como ja dissemos, a onda que representa um elétron num atomo é uma onda estacionaria tridimensional. 7.3.13 ~A equacio de onda de E Sch er para o elétron 0 fisico austriaco Erwin Schrodinger apresentou, no ano de 1926, ‘uma equagao capaz de descrever 0 comportamento do elétron no ato- mo de hidrogénio. Essa equacio, conhecida como a equacio de onda de Schrodinger, é um tipo de equacio diferencial de segundo grau com derivadas parciais, que trata o elétron como onda e particula: (E-v)yy=0 — Eavacio 20) em que: (psi) = fungio de onda do elétron; x,y, 2 = coordenadas cartesianas espaciais (permitem localizar um corpo no espago); ‘m= massa no repouso do elétron; h= constante de Planck; E=energia total do elétron; V=energia potencial do elétron; e 6 = derivada (um operador matemitico). \W, a funcio de onda ou autofuncio do elétren, é simplesmente | ‘uma expressio algébrica, a qual pode ser obtida da equacao de Schrodinger, e representa energia total do elétron, também deno- ‘minada autovalor, a qual tem um valor tinico para cada autofuncao, {sto é, a energia do elétron é naturalmente quantizada, Assim como uma equacao algébrica de primeiro grau fornece uma tinica solucao, uma equagao de segundo grau fernece duas solugées, uma de terceiro grau, trés solugdes etc., a equacéo de Schrodinger fornece vastos conjuntos de solugées e até ccnjuntos infinitos de solucbes Os detalhes matematicos da obtengio dessas salugdes esto fora do alcance dos conceitos até agora detalhados, mas podemos considerar alguns fatos de interesse. A solucio exata da equacao somente tem sido estabelecida para 0 atomo de hidrogenio, isto é, um sistema de dois corpos, a saber, um elétron e um proton; para todos os outros sistemas, sejam atomos ou moléculas, as solucdes sdo aproximadas. 7.3.14 - Propriedades da funco de onda do elétron Dissemos que o niimero de solugoes da equagao de Schrédinger é bastante elevado; nao obstante, é possivel limitar 0 niimero de so- lucées, impondo-se algumas condigées que sio restri¢des considera: das “logicas”, Examinaremos apenas algumas. Durante o decorrer do Curso este tépico sera visto com maior detalhe. (@) A funcao deve ser continua. (b) A fungao deve ser finita. (A fungao deve ser univoca, A funcéo deve ser continua porque o elétron deve existir em todas as regides do espaco. Se a fungao que descreve 0 comportamento do elétron fosse descontinua, seria o mesmo que aceitar 0 fato de que o elétron, em algum momento, pode desaparecer em algumas regides e aparecer em um outro lugar, o que é um absurdo fisico; portanto, todas as solugées que porventura fornecam funcées descontinuas deve ser desconsideradas. Deve ser finita para poder descrever um fendmeno finito, isto é, 0 elétron tem que existir dentro do universo observavel. Deve ser univoca, ou seja, deve ter um tinico valor para cada valor da variavel, caso contrario o elétron poderia existir em dois ou mais lugares do espaco, simultaneamente, o que é também um absurdo fisico, Com esas consideracdes ¢ mais algumas outras, é possivel limitar © numero de fungSes aptas a representar bem 0 comportamento do elétron. 7.3.15 -A equacio de Schridinger eo tomo de hidrogénio A-equacao de ondas fornece um conjunto de soluses para o tinico elétron do atomo de hidrogénio, Uma dessas solugdes tem o seguinte formato: (2) e* (Equaga0 21) 4% ) em que r é a distancia do elétron ao micleo e a, é 0 raio de Bohr, que tem 0 valor de 0,529 A (5,29x10" m) e corresponde ao valor do raio para a primeira 6rbita de Bohr (Equacao 13). Notemos que a 99 raTPO0UGHO AQUA 100 unidade da func3o representada na Equacao 21 é m2” (mm significa metro). Essa fungao, em particular, corresponde ao menor valor de energia que o elétron pode ter, isto é, quando n = 1, Consideremos também que, com excecao de r, todas as grandezas da Equa¢ao 21 sio constantes. 7.3:16~A funcio de onda e o principio de incerteza Existem varias formas de estudar cada uma das solugdes da equacao de ondas. Uma delas é levar em consideracao o principio de incerte- za de Heinsenberg, Portanto, devemos considerar a probabilidade de encontrar o elétron a medida que nos afastamos do niicleo, isto 6, Amedida que varia r. Isso equivale a dizer que jé ndo podemos ter 100% de certeza de que o elétron se encontre num ponto determi- nado do espaco: esse percentual deve ser algum ntimero abaixo de 100%, por exemplo, 5%, 10% etc. de encontré-lo em tal lugar. Como as ondas sio estacionarias, a probabilidade P de encontrar uma particula é diretamente proporcional ao quadrado da funsa0 de onda, ¥”: Paw (Equacio 22) {lé-se: P ¢ diretamente proporcional a ‘¥"], que deriva em: PokY¥? (Equacao 23) sendo ka constante de proporcionalidade. Levandoemcontaqueaprobabilidadeéumaquantidadeadimensional e que a unidade do quadrado da fungio de onda é m* (m significa metro), as unidades da constante k devem ser necessariamente m*, ouseja, k corresponde ao volume V existente ao redor do micleo cujo raio é r. Portanto: P=¥V (Bquacao 24) Se fizermos um grafico da probabilidade de encontrar o elétron a ‘uma distancia r do nticleo, segundo a Equagio 21, obteremos: Probabilidade radial —3> FIGURA 23 -Distribuigd da probabiidade radial para um eliron Is A forma da curva nos mostra que a probabilidade de encontrar um elétron a certa distancia do micleo comesa de um valor nulo, denominado né, até atingir um maximo, o que, no caso do elétron de menor energia no atomo de hidrogénio, se obtém quando r é 0,529 A (5,29 x 10” m), que é o raio da primeira érbita do elétron, segundo 0 modelo de Bohr. A diferenca reside no fato de que, enquanto a mecanica quantica afir- ma que nessa distancia a probabilidade ¢ maxima mas nao é 100%, Bohr afirma que nessa distancia a probabilidade é 100%. Notemos ainda que no grafico (Figura 23) a curva é assintética, isto é,aprobabilidade de encontrar o elétron torna-se nula (né) somente quando r = «0, Isso gerou muita controvérsia, pois a pergunta logica que se faz 6: qual 6 0 tamanho do tomo, ja que o elétron pode estar ‘mesmo a uma grande distancia do nticleo? 101 rermoouco Aue 102 Referéncias bibliograficas ATKINS, P; JONES, L. Principios de quimica, Porto Alegre: Bookman, 2000. BROWN; LEMAG; BURSTEN. Quimica: a ciéncia central. 9. ed. S30, Paulo: Editora Pearson Education, 2005. INDE, J. A. The development of modern chemistry. New York: Dover Publication, 1984. MAHAN, B.M; MYERS, R. J. Quimica: um cu:so universitirio. Sao Paulo: Edgard Bhicher, 1993. MASTERTON, W; SLOWINSKI, E; STANITSKI, C. Principios de quimica. 6, ed, Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1990. PARTINGTON, J. R. A short history of chemistry. New York: Dover Publication, 1989. RUSSELL, J. B. Quimica eral. So Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1994. v.1e2 SLABAUGH, W. H.; PARSONS, T. D. Quimica geral. Rio de Janeiro: Livros Técnicos ¢ Cientificos, 1982. 8 Os orbitais atémicos e a configuracao eletrénica Objetivo Ideniticar orbitaisatdmicos e descrevé-los por meio de ndmeros quinticos, = Reconhecer a configuacio eletrnica explicando-a — 8.1 OS ORBITAIS ATOMICOS Se representarmos num gréfico a probabilidade de encontrarmos 0 elétron em todas as diregdes possiveis do espaco a partir do micleo, e no apenas em uma tinica direcao, como no exemplo da Figura 23 (veja Aula 7), ¢ englobarmos, aproximadamente, 90% da probabilidade to- tal, teremos a dimensio do nosso tomo. Veja que esta aproximagio nao ¢ tio errada como parece; assim como um evento nunca ocorreré se a sua probabilidade for muito baixa, o elétron também nao estaré no infinito ou numa outra galaxia Como a curva da probabilidade versus a disténcia independe da diregio, no caso da Equacao 21 da aula anterior, a probabilidade se comportara da mesma maneira em todas as diregdes, 0 que equivale dizer que a distribuigdo da probabilidade do clétyon descrito pela Equagao 21 & esfericamente simétrica, ou seja, 0 grafico tridimensional fornece um volume esférico dentro do qual esta distribuida pelo menos 90% da probabilidade (Figura 24). TIGURA 24 ~ Superticie da eafera a qual engloba 90% de prchablidade de encontaro eléwon dew ito pela Equacio 21 raougioAQUIICA 104 Essa forma de representagao é chamada de superficie-limite, pois, na verdade, representa apenas a superficie da esfere desenhada em trés dimensées. Esta é a forma mais comumente utilizada e sera a que utilizaremos e denominaremos de orbital atém'co (veremos outras formas de representacao mais detalhadas em outras disciplinas). _ 8.2 OS NUMEROS QUANTICOS Os ntimeros quanticos sdo constantes que se originam da resolucao da equacao de ondas, feitas as restrigdes mostradas na Aula 7. A guisa de exemplo, examinemos uma fungdo hipotética qualquer: £(@) __1 sen m 8, Suponhamos que 0 = 30° e que m = | ; nesse vr 2 caso £(0) = + 0,15. Se 0 = 30 + 360 * = 390°, isto é, apés uma volta circular completa, o valor da fungao deveria ser 0 mesmo, jé que chegamos ao mesmo ponto; no entanto, vemos que f(0) = ~ 0,15. Podemos ver que a funcao muda de valor, apesar de encontrar-se no mesmo ponto; portanto, nao é univoca, e a fungio nio serve para descrever o nosso problema. Porém, facamos m = 1, 0 = 30"; entao £(@) = +0,28. Apés dar uma volta completa, 0 = 30+ 360°, (0) = + 0,28. Se calculamos os respectivos valores da funcao (0) para qualquer Angulo e apenas para valores inteiros de m, positivos ou negativos, incluindo o 0 (zero), ou seja, m = 0, + 1, + 2, +3 etc., veremos que a fungao sera sempre univoca e, portanto, acabamos de achar os valores aceitaveis para um mimero quantico, os quais ficaram restritos a alguns valores, devido a necessidade de adaptar a funcio a correta descrico do fendmeno fisico sem chocar-se com absurdos. A equacio de ondas fornece trés ntimeros quanticos, os quais, como ja vimos, sdo necessarios para adaptar corretamente a fungio de ‘onda ao modelo atémico proposto. Os detalhes exatos de como se originaram escapam a este item. 8.2.1 - 0 niimero quantico principal © niimero quantico principal, representado pela letra n, possui os valores n= 1,2, 3,4 inteiros positives, isto é, pertencem ao corjunto dos mimeros naturais. E simples entender esses valores se considerarmos 0 fato de que n designa a camada ou nivel em que o elétrcn se encontra, sendo que o nivel n = rn, podemos determinar a energia do elétron. Como uma analogia com 0 nosso mundo macrosc6pico, podemos correlacionar 0 niimero quantico n com 0 tamanho do atomo desde que concordemos que, quanto maior a probabilidade de encontrar o elétron mais longe do miticleo, maior pode ser considerado o tamanho do atomo. co, que sao os valores permitidos; sio ntimeros 0 mais préximo do niicleo. Conhecido o valor de 8.2.2~ O nimero quantico azimutal ou secundario O nimero quantico azimutal ou secundario, representado pela letra £, possui os valores permitidos £ = 0, 1, 2, 3, 4,... n-1. Veja que agora 0 valor zero € permitido e os outros valores possiveis continuam sendo inteiros positivos, O némero quantico £ esta associado com o formato da superficie-limite da distribuigao da probabilidade de encontrar 0 elétron. Quando & = 0, nao ha restricées a directo, e o orbital possui formato esférico (Figura 24); qualquer outro valor implica restrig6es, eo formato deixa de ser esférico. Os elétrons em um nivel n se agrupam em subniveis, que sao caracte- rizados pelos valores de &, que, por sua vez, é limitado pelo valor de 1 tal que: Valores den | Valoresde@ | Forma do orbital | Designasao 1 0 Esférico 5 2 0 Esférico 5 1 Bilobado Pp 3 0 sférico 5 1 Bilobado p 2 Tetra e Trilobado a 4 0 Esférico s 1 Bilobado P 2 Tetra eTrilobado a 3 Heptalobado f Asletra s, p, de f derivam dos respectivos vocébulos em inglés, sharp (agudo, fino), principal, difuso e fundamental. Estudando 0 espectro atémico do sédio, os espectroscopistas observaram quatro raias (inhas luminosas), que foram explicadas como resultado de transigdes eletrénicas entre subniveis. Com a confirmagio da existéncia desses subniveis energéticos, cada um recebeu a designacao que fora atribuida as raias do espectro atémico do sédio, 8.2.3 - O miimero quantico magnético © niimero quantico magnético, representado por m,, possui os valores permitidos m, = -@,-41, -€ +2,..0,.t€; além do valor zero, sio também permitidos os valores negativos, porém continuam sendo inteiros. O niimero quantico m, indica a orientagao espacial do orbital num campo magnético, isto é, a orientacio na direcao do eixo x, y ou, Dito de uma outra forma, a orientacao espacial também é quantizada, isto é, ha posigées permitidas e proibidas. fuss meougioAauiaca 106 8.2.4 -O miimero quantico spin O mtimero quantico de spin nao é obtido da equacao de Schrodinger,” cle deve ser incorporado, pois a sua existéncia foi demonstrada experimentalmente em 1921 por Otto Stern e Walther Gerlach. ends ‘ist superior dbs we = 7,UlU FIGURA 25 ~Experiénca de Stern Gerlach que mostroaaexstenciado spin eletrnico O spin é uma propriedade que possui algumas particulas subatomi- cas, dentre elas 0 elétron. Sabe-se que qualquer particula que pos- sua carga ou spin tem momento magnético, ou seja, a particula age como se fosse um micro-ima. Se ela atravessar um campo magnético ndo-homogéneo, uma forca sera exercida sobre ela, sendo a diresao dessa forga dependente da diregao do spin da perticula. Stern e Gerlach empregaram amostras de diversos metais puros, os quais foram vaporizados num forno tal como mostrado esquematica- ‘mente na Figura 25. Ap6s.a vaporiza¢ao, um jato de atomos metalicos vaporizados foi lancado através de um campo magnético nao-homo- {geneo (nao-uniforme). O feixe de alguns metais nao sofreu desvio, mas de outros, tais como s6dio e prata, o feixe se dividiu em dois com- ponentes, um sendo desviado para 0 pélo norte e outro para o pélo sul (O que causa 0 desvio de um feixe de dtomos neuiros? Na auséncia de carga elétrica, a tnica resposta possivel é a existéncia do spin eletro- nico. Essa propriedade nao é observada nos objetos macroscépicos. © mimero quantico de spin, representado por m, , possui dois valo- res permitidos para o elétron, a saber m, = +1 ou -1, j4 que o feine se divide em dois. 2 No quadro a seguir esto resumidos os ntimeros quanticos e os valo- res permitidos para cada um deles. aus Nome | Simbolo | Caracteristica | Informacio Valores LL - especificada | fornecida possiveis Distancia média Principal | n Camada onthe 1,2,3,4,.06° Azimutal | 2 Subcamada | Forma do orbital) 0,1,2,3,..,(n-1) ac! Orientacéo do | -£, C&+1),...0, Magnético| m, Orbital Srbieal ee Spin m, Spin Spin +h} l lL Os quatro mimeros quanticos vistos identificam um elétron. Anteriormente tinhamos examinado o elétron ocupando 0 menor nivel energético disponivel, 0 qual podemos rotular de elétron 1s, pois o menor nivel energético deve comecar com n=1, a primeira ca- mada, e dado que £ somente pode valer até n-1, & ser igual a zero, ao qual Ihe corresponde a letra s, tal como ja tinhamos visto. E os outros, niveis energéticos? A partir dos valores permitidos para os quatro néimeros quanticos, podemos deduzir outros niveis de energia, de acordo com o quadro a seguir. ne m, Orbital Atémico | 1_lo 0 Is 0 2s 2 1 1,0,41 2p, 2p, 2p, 0 0 3s 3 1 3p. 3p, 3p, 2 Bdy yy 3d, 3d, 3d, 3d, Do quadro, obtemos algumas relagdes interessantes, por exemplo, quando n = 1, apenas existe um tinico orbital atémico, porém, quando n= 2, ha quatro orbitais atOmicos; com n = 3 aparecem nove ao todo, de modo que, a medida que aumenta n aumenta o mimero de orbitais. Podemos ver que o nimero de orbitais atémicos possiveis para um determinado n, én°, ou seja, o ntimero total de orbitais numa camada é igual ar’. ‘Também podemos observar que a partir de n = 2, aparecem trés orbi- tais p, rotulados como p,, p, e p,, sendo que os indices subscritos x, y ez denotam a orientacao do orbital nos eixos cartesianos, O mesmo é valido para os indices subscritos dos orbitais d, 107 sstRoougRO A utc 108 ‘Vejamos também que o mimero de orbitais de cada tipo pode ser obtido da relacio 2 + 1. Por exemplo, quantos orbitais d existem? Como @ = 2, o mimero de orbitais dé 2x2 + 1-5 orbitais d. 8.2.5 - Diagramas de superices-limite para os orbitais Nas figuras a seguir mostramos as diferentes formas de cada tipo de orbital. 2 % », IGURA 26 -Superfcies mite dos ts orbitals 2p Um ponto importante a ser aqui considerado é a existéncia de nés nos orbitais atémicos e, portanto, nas representagées destes, tais como as superficies-limite. Denominamos né a extremidade de uma superficie em que a probabilidade de encontrar 0 elétron é zero.” Po- demos ver isso na Figura 26, na qual ha pelo menos um né na origem dos eixos cartesianos Podemos acrescentar que existe nés esféricos ou radiais e nés angulares. Os nés esféricos ou radiais, por exemplo, indicam que a probabilidade de encontrar um elétron 1s é quase nula no infinito, em qualquer direcio. Isso significa que nao é um ponto, mas uma superficie esférica. Como depende apenas do raio, esse tipo de nds é chamado de né radial. J4 0s nds angulares sao superficies que passam pelo nicleo, ou seja, sao planos ou cones. Fr 1998 Pa AM poo peo a wo pstcr da side, Os tat ds Frcs unica lca dena go a pobsidaden lrumn, porte mina ‘Cnn, eo peices nd 3 probabade eto ha, pore io # 70 y y y 3d, ie Iy y y Mary 342 FIGURA?~ Supedticies mite dos cinco orbitaied Uma ultima observacao importante é que, se somarmos as trés fungées de onda que dao origem as trés superficies-limite para os orbitais p, o resultado é uma superficie-limite esférica. Se fizermos © mesmo com os cinco orbitais d, também obteremos uma esfera, € também com os 7 orbitais f, e assim sucessivamente, 8.2.6 - Os nimeros quantics e 0s nés Neste ponto, os ntimeros quanticos mais uma vez nos ajudarao, pois ‘ontimero quantico principal né igual ao nimero total de nés (radiais, + angulares). Logo, para n = 1, somente ha um né, e, como jd sabe- mos, somente existe um nd em r = 2, né radial ou esférico neste caso para 0 orbital 1s. O niimero quantico azimutal especifica o niimero de nds angulares, isto é, se £= 1, 0 orbital tera um nd angular, como na Figura 26, em que o plano que passa pela origem dos eixos cartesianos, onde esta situado 0 niicleo do atomo, determina um né angular, de acordo com a definicao dada. Ja para & = 2, existem dois nds angulares, e efeti- vamente podemos ver dois planos possiveis passando pelo niicleo atémico, na Figura 27. Podemos inferir entao que a relacao n-£ € igual ao ntimero de nés radiais. Desse modo, um orbital 3s, por exemplo, teré ao todo trés nds, a saber, trés esféricos e nenhum angular, pois & = 0. 109 InoDUGHOAQUIMCA A conclusio é de que 0 desenho da superficie-imite do orbital 3s deve apresentar trés esferas concéntricas, tal como mostrado na Figura 28. FIGURA 28 —Sepio transversal da superficie mite do orbital 3¢ Logo, os orbitais s diferem pela existéncia de varias esferas concén- tricas, que estéo “separadas” entre si por nds radiais ow esféricos. 8.3 ATOMOS POLIELETRONIC Atéagora consideramos apenas o atomo dehidrogénio, quepossuium Linco elétron; e os outros atomos? Como a eque¢ao de Schrdedinger nao pode ser resolvida de forma exata para um sistema contendo mais de dois corpos, existem uma série de métodos aproximados para fazé-lo; assim, fazendo-se algumas aproximagies, é possivel estender os orbitais atémicos do hidrogénio pera 0s outros atomos 0s quais sao similares, porém nao iguais, e so chamados de orbitais atdmicos hidrogendides. Para construir a configuracao eletronica dos outros dtomos, é necessario considerar os princfpios que se seguem 83.1 -O princi da ediicagao Havendo muitos elétrons, devemos comecar a popular primeiro ‘os niveis de menor energia disponiveis. Devido a uma lei natural do universo observavel, os sistemas tendem a ganhar estabilidade quando atingem 0 estado de menor energia que for possivel dentro das condicées nas quais se encontra esse sistema. Por analogia, consideremos que a construcao de um prédio comega pelos alicerces, e nao pelo quarto andar. 110 nae 8.3.2 - 0 principio da exclusio de Pauli Pauli enunciou o seu principio dizendo que nao podem existir dois ou mais elétrons com os seus quatro nameros quanticos iguais. A razio légica na qual esta baseado esse principio é de que, se exis- tissem dois elétrons com os seus quatro ntimeros quanticos iguais, seriam idénticos e, portanto, poderiam existir no mesmo lugar do espaco simultaneamente, 0 que é um absurdo fisico. Esse principio limita o mimero de elétrons a um maximo de dois por orbital, pois o numero quantico de spin somente possui dois valores, ou seja, dois elétrons podem ter 0 mesmo n, o mesmo £, mesmo my, mas os m, devem ser diferentes. Por exemplo, apenas dois elétrons podem ocupar o orbital 2p, 8.3.3 -O principio de Hund ou da multiplcidade maxima O principio ou regra de Hund estabelece que os elétrons, num mesmo subnivel, tendem a permanecer desemparelhados (em orbitais separa- dos), com spins paralelos. A logica da regra de Hund é de que, se dispomos de dois ou mais orbitais vazios de mesma energia, os elétrons tendem a ocupar esses orbitais de modo a ficarem um em cada orbital, gerando mais, estabilidade para o sistema, uma vez que dois elétrons no mesmo orbital, mesmo que tenham spins antiparalelos (diferentes), nao deixam de ser duas cargas negativas ocupando um pequeno volume no espago, e, portanto, a repulsao eletrostatica existe, mesmo com spins diferentes. De fato, quando dois elétrons ocupam 0 mesmo orbital atémico um elétron “ignora” o outro. 8.4 A ORDEM DOS NIVEIS DE ENERGIA De acordo com 0 modelo mecano-quantico, a energia dos elétrons depende basicamente den e de 2. Quanto maior one €, maior sera energia daquele nivel ou subnivel e vice-versa; isso é conhecido como a regra do n + €. Assim, por exemplo, para n = 3, £- 0,1 2, 0 que origina os orbitais 3s, 3p 3d, qual seré a ordem das energias para esses trés tipos de orbitais atdmicos? A resposta ¢ obtida levando-se em consideracao os ntimeros quanticos ne, isto é, para o orbital 3s, n=3.€=0; parao orbital 3p, n = 3 e & = 1; parao orbital 3d,n -3 € €= 2. Nesse caso, 0 maior valor n + £ 6 0 do orbital 3d, a seguir o do orbital 3p e, finalmente, o do orbital 3s. Logo, a ordem crescente de energia 6: Bs < 3p <3d. A ordem das energias dos orbitais, calculadas experimentalmente, Jevam a duas regras gerais que determinam a configuragao eletrénica dos elementos: rermoougho A auc (2) Os elétrons preenchem os orbitais na ordem dos valores crescentes de “n+” (2) Se houver dois orbitais com 0 mesmo valor de “n+”, 08 elétrons ocupam primeiro o orbital de menor n. Como conseqiténcia dessas duas regras, podemos ver que os elétrons ocupam o orbital 4s (+2 =4) antes do orbital 3d (n+ = 5), Note tam- \bém que o orbital 2p, por exemplo, tem 0 mesmo n+€ que o orbital 3s (3, nesse caso); entao, aplicamos a regra (2), sendo o orbital de menor energia o de menor n, ou seja, 0 orbital 2p. A ordem geral de preenchimento dos orbitais também pode ser defi- nida por meio de um recurso mneménico mostrado na Figura 29. FIGURA 29 Guia paras orden de preenchimente de eltzons nos tbitas atbmicos Essa ordem foi apresentada por Therald Moeller apés analisar as energias dos orbitais. E importante saber que esse esquema nao contradiz a natureza probabilistica do modelo 2 ae: [Ar] » & aN (ar) DE 3d Notemos que, no caso do ,.Ni, os primeiros elétrons a serem removi- dos pertencem ao orbital 45, que, no caso examinado, sio de menor energia se comparados aos elétrons dos orbitais 3d. Estamos apli cando aqui o conceito da probabilidade de encontrar o elétron mais afastado do nucleo, que é maior para os elétrons com o maior n. Os orbitais atémicos mudam a sua energia de acordo com o nimero atémico. Assim, medida que aumentao nimero atémico, diminuem as diferencas energéticas entre os diversos orbitais. Tomemos como exemploo caso do orbital 3d 3p, energeticamente bastanteafastados para elementos de niimeros atémicos até 20 e muito préximos para niimeros atémicos elevados (Figura 30). Veremos mais adiante a influéncia da grandeza do mimero atémico na energia dos orbitais atdmicos. rarA90UGHO A QUINICA FIGURA 30 — Niveis energéticos dos orbitals atomicos em fangio do aimero atimico 8.4.6 Paramagnetismo e diamagnetismo ‘A maioria das substancias, por exemplo, 0 sal de cozinha, os dleos, a madeira, saoligeiramenterepelidas por um ima forte. Essassubstancias 40 denominadas diamagnéticas. Em compensacao, ha substancias que so atraidas por um ima forte, tais como alguns metais, dioxigénio e outros materiais. Estas so chamadas paramagnéticas. O paramagnetismo dos materiais deve-se a existéncia de pelo menos um elétron desemparelhado na configuracao eletrénica. Vejamos 0 caso do ,,Ni, por exemplo, que possui dois elétrons desemparelhados com os spins paralelos (iguais), 0 que torna o niquel um material paramagnético. Ja a configuragao eletrénica do ,,Ca, mostra que todos os elétrons esto emparelhados com os spins antiparalelos (desiguais), o que torna o célcio um material diamagnético. 118 (a) (b) () FIGURA3I ~Abalanca de Gouy (a) Uma amostra esta pendorada em uma balanca deforma que fique entre os pélos de um eletoima (©) Quando 0 arpo magneto ¢ligedo, uma amostra paramagmética éatzada por ele a amostea parece pesar tals (€) Em contraste, ‘tuna atnotra dlamagnética&empurrada para fora do campo quando o campo ¢lignda « parece perar meno A técnica esquematizada graficamente na Figura 31 ¢ a balanga de Gouy, que serve para determinar 0 ntimero de elétrons desempa relhados de uma amostra de um material. Pela experiéncia de Stern-Gerlach, que mostrou a existéncia do spin eletrénico (Figura 25), vimos que somente alguns dos atomos submetidos ao processo mostraram a separacio do feixe em duas porcdes, quando o feixe pre- cursor foi feito passar através de um campo magnético. Agora, pode- mos entender por que alguns elementos quimicos, como o cilcio por exemplo, apresentam comportamento diamagnético, isto é, possuem todos os seus elétrons com os spins antiparalelos ou emparelhados. 119 IrRoUGhOA aUMICA Referéncias bibliograficas ATKINS, P; JONES, L, Principios de quimica. Porto Alegre: Bookman, 2000. BROWN; LEMAG; BURSTEN, Quimica: a ciéncia central. 9. ed. Sao Paulo: Pearson Education, 2005. IDE, J. A. The development of modern chemistry. New York: Dover Publication, 1984. MAHAN, B. M.; MYERS, R. J. Quimica: um curso universitario. S30, Paulo: Bdgard Blacher, 1993. MASTERTON, W; SLOWINSKI, E.; STANITSKI, C. Principios de quimica. 6, ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990. PARTINGTON, J. R. A short history of chemistry. New York: Dover Publication, 1989. RUSSE v.1e2 JLB. Quimica geral. Sao Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1994. SLABAUGH, W. H.; PARSONS, T. D. Quimica geral. Rio de Janeiro: Livros Técnicos ¢ Cientificos, 1982. meltaae o A periodicidade quimica Objetivos: = Entender o significado da periodicidade quimica Analisar as propriedade peréicas. 9.1_ A PERIODICIDADE Para se fazer uma classificacao qualquer, é preciso estabelecer, a priori, os critérios. No caso dos elementos quimicos, os critérios foram sendo modifica- dos a medida que os conhecimentos se aprofundavam. Uma seqiiéncia de eventos conduziu a construcao da moderna Tabela Periédica. Veja- ‘mos quais foram os principais eventos cientificos. No final do século XVIII, Lavoisier definiu elemento com base nos tes~ ‘odas as substancias que nao podemos decompor por meio algum sao, para nés, elementos” (Tratado Blementos de Quimica, 1789). No inicio do século XIX, J. Dalton (1766-1844) divulgou sua Teoria Ato- ‘mica, em que aparecem os “pesos atomicos", por ele calculados, para os elementos conhecidos. A partir de entao, a palavra elemento passou a corresponder a idéia de tomo, e os “pesos atomicos” (hoje, massa ato- mica) se tornaram o critério de classificagao dos elementos. tes analiticos: Ao final do século XIX, eram quase setenta os elementos conhecidos e caracterizados por seus “pesos at6micos” e por suas propriedades qui- micas e fisicas. D, Mendeleev, russo, (1834-1907) e L. Meyer, alemio, (1830-1895), independentemente, apresentaram uma tabela que re- velou a periodicidade de certas propriedades dos elementos, dispostos em ordem crescente dos seus pesos atémicos. mérito adicional de Mendeleev foi ter demonstrado absoluta con- fianga nos seus critérios - pesos atémicos e propriedades quimicas e InrAooUGAO AQUI 122 fisicas - de modo que, quando a ordem dos elementos parecia ser interrompida, ele deixava uma lacuna, na certeza de que seria preen- chida por um novo elemento ainda desconhecido. O elemento gélio foi o primeiro a ser obtido, em 1875, seis anos depois da publicacio do primeiro esboco da Tabela de Mendeleev. 9A. = AModerna Tabela Perisdica dos elementos Para se chegar & atual Tabela Periddica, muitos cientistas deram suas contribuigdes: com E. Rutherford, temos o modelo nucleado do tomo; com Moseley, a carga nuclear, que passa a ser um parametro mais importante que 0 peso atmico e da sentido ao conceito de niimero atémico, Z; com Bohr, Lewis, Pauli e os demais cientistas, seus contemporaneos, temos que as propriedades repetitivas dos diferentes elementos relacionam-se com a estrutura eletrénica da camada de valencia 9.1.2-O Niimero Atmico e a Tabela Periddica Como sabemos, 0 ntimero atémico Z é a varidvel independente da lei periddica. Em cada periodo (linhas horizontais), a organizacao dos elementos, segundo os mimeros atomicos crescentes, revela a natureza periédica da estrutura eletrdnica dos atomos. O niimero do periodo designa o nivel energético principal (n) mais externo; um novo perfodo comeca com o elemento que tem am elétron em um novo nivel energético principal. 0s elementos que ocupam as linhas verticais (grupos) tém, em comum, ‘omesmo nimero de elétrons de valéncia e os mesmos tipos de orbitais, ¢, portanto, apresentam propriedades quimicas semelhantes, Podemos, entio, enunciar a lei periédica. Quando 0s elementos sao ordenados segundo os atimeros atmicos crescentes, ertas propriedades quimicas efisicas variam periodica- | mente como conseqiiéncia da periodicidade da estrutura eletrénica | dos seus atomos. | 9.13 -A periodicidade das configuracées eletrinicas Para bem compreender este contetido, tenhamos a Tabela Periddica em maos. A Figura 32 mostra a Tabela Periddica, em que s6 apare~ cem as camadas de valéncia. Para 0s elementos representatives dos grupos 1, 2, 13, 14, 15, 16 e 17, a camada de valencia corresponde 20 tiltimo nivel energético (n); para os elementos de transi¢éo (gru- pos 3 a 12), a camada de valéncia deve incluir, também, os orbitais d do nivel n-1 e orbitais f do nivel n-2 (série dos lantanideos e dos actinideos).. trac [io 34 5 6 7 8 9 101112131415 161718 1 is} 1. T T af 2s » 3 Trew me we ? T eal & bh de > 25] Ss | & aft | FIGURA 32 ~ Camadas de valéncia da Tabela Peviodica Um elemento ¢ bem representado pelo simbolo, nimero atomico e pela configuracao eletrénica. Vejamos o caso do Sédio: Simbolo Na u L. mimeroatémio Para 0 atomo neutro, o niimero atomico, que representa o niimero de protons, é igual ao mimero de elétrons. No caso do atomo de s6dio neutro, devemos considerar 11 elétrons fazendo parte da sua confi- guragio eletronica. 9.1.4 A carga nuclear efetiva, Zef Acarga nuclear efetiva, Zef, pode ser entendida como a carga nuclear que atrai um elétron, deduzida a blindagem que exercem os elétrons suas 123 IntmoDUGAOA QUIN 124 internos. Conhecido o fator ou constante de blindagem S, a Zef pode ser facilmente estimada conforme a expressio: Zef=Z-S, em que Zé 0 niimero atomico e S 0 fator ou constante de blindagem. Podemos perceber que, com excecio do hidrogénio, todos os demais elementos terdo seus elétrons de valéncia atraidos por uma forca eletrostatica menor do que a carga nuclear. A carga nuclear efetiva explica algumas propriedades periédicas, sendo que ela propria exibe um comportamento periddico ao longo do periodo. [As regras para o caleulo da constante de blindagem foram publicadas, em 1930, por J. C. Slater e sao conhecidas como Regras de Slater. No entanto, ndo devernos esquecer que se trata apenas de um conjunto de regras empiricas, as quais sao generalizacdes simplificadas de célculos muito mais complexos. As regras podem ser assim resumidas 1, Escrever a configuracao eletronica do elemento, nos grupos se guintes e de acordo com a ordem: (1s) (2s, 2p) (8s, 3p) (3d) (4s, 4p) (4d) (40) (Ss, 5p) ete. Para qualquer elétron de um dado grupo, a constante de blindagem, S, 6a soma das seguintes parcelas: Zero para qualquer grupo mais extemo ao do elétron considerado, ou seja, os elétrons de qualquer grupo que esteja a direita do grupo considerado nao contribuem para a constante de blindagem. ~ 0,35 para cada um dos outros elétrons do mesmo grupo que 0 elétron considerado, exceto no grupo As, no qual 0 valor € 0,30. = Se 0 elétron considerado pertencer ao grupo (ns, np), cada elétron do grupo (n-1) contribui com 0,85 e cada elétron dos grupos (n-2) contribui com 1,00. = Se o elétron considerado pertencer a um grupo (nd) ou (nf), cada elétron dos grupos mais internos contribui com 1,00. EXEMPLOS a) Calcular a constante de blindagem ¢ a Zef agindo sobre o elétron de valéncia no atomo de nitrogenio ~ ,N: 1s? 2s” 2p". O agrupamento dos orbitais, segundo a regra 1, produz: (1s)? (2s, 2p), e, de acordo com as regras 3 ¢ 4, obtemos $ = (4.x 0,35) + (2.x 0,85) = 3,10, e, Zef = Z-S=7-3,10=3,9. O resultado nos mostra que o elétron mais externo do atomo de ,N é blindado pelos seis outros elétrons do étomo na quantidade de 3,10 unidades de carga elétrica. Portanto, a carga eletrostatica real que o miicleo exerce sobre o elétron € de 3,9 unidades eletrostaticas, e nao 7, como era de se esperar. b) Calcular a constante de blindagem e a Zef agindo sobre o elétron de valencia no atomo de ,,Zn. O agrupamento origina: (1s)? (2s, 2p)* (3s, 3p)* (3d)"® (4s, 4p). Dai inferimos que S = (1 x 0,35) + (18 x 0,85) + (10 x 1,00) = 25,65, de acordo com as regras 3 ¢ 4. A Zef resulta em Zef = 30 - 25,65 = 4,35. ©) Caleulara constante de blindagem e a Zef agindo sobre um elétron 3d no atomo de ,,Zn. © agrupamento é 0 mesmo do exemplo anterior, mas o célculo é diferente. Agora, os dois elétrons do grupo (4s, 4p) nao contribuern & constante de blindagem, de acordo com a regra 2. Logo, $ = (9 x 0,35) + (18 x 1,00) = 21,15; aplicando-se as regras 3 5, a Zef calculada é 8,85, -Algumas propriedades periddicas V)A carga nuclear efetva, Zef Como Zef varia ao longo de um periodo? Vejamos alguns exemplos para um elétron da camada de valencia. Os valores de Se de Zef esto resumidos no quadro a seguir: Elementos [li [Be |B |.c [N |,0 |.F |.Ne 5 17 | 205 | 240 | 2.75 | 310 | 345 | 380 | 4as Let 130_| 195 | 260 | 3,25 | 390 | 4,55 | 5,20 | 5.85 Observamos que tanto a blindagem como a carga nuclear efetiva tendem a aumentar ao longo do periodo para os elementos repre- sentativos (grupos 1, 2, 13 a 17). Para os elementos de transi¢io, essa tendéncia nao é regular, porque os orbitais (n-1)d 6 que so preenchidos ao longo do periodo. Chama-nos a aten¢io o valor da carga nuclear efetiva do Ne, um gas inerte; mais adiante voltare- mos a comentar 0 alto valor de Zef dos gases nobres. Como variam a blindagem e a carga nuclear ao longo de um grupo? ‘Vejamos como exemplo os elementos do grupo 1. Os valores de Se de Zef para um elétron de valencia esto resumidos no quadro a seguir: ua 125 itmooUGKo A ouNcR ‘Blementos [.H [li |,,Na |K —|,,Rb_ |,.Cs —~s 0 |i | se | tea | me | 528 el 10_| 130 | 220 | 220 | 220 | 220 Podemos concluir que, a0 longo do grupo, para os elementos represen- tativos, o mimero atémico (Z) aumenta, mas, a blindagem (S) também aumenta, de modo a manter Zef constante a partir do sédio. Essa caracteristica periddica da carga nuclear efetiva explica outras, propriedades periédicas, como o raio atmico (1), a energia de afini- dade eletrnica (Ae) ¢ a energia de ionizacao (Ei), 2) 0 naio atomico, ¢ Nao é simples medir o raio atOmico. A medida é telativa e, de acordo com uma convengdo, corresponde a metade da distancia entre os dois nticleos da molécula no estado gasoso, D2) a ‘FIGURA 23 ~ Distancia entre dois nicleos em uma molécul O raioatmica corresponde a % Num perfodo, no sentido dos mimeros atdmicos crescentes, 0 raio dos étomos dos elementos representativos diminui. Raciocinemos: Zaumenta. S aumenta, mas pouco em relacao ao aumento de Z, portanto, Zef aumenta. resultado é 0 encurtamento gradual do raio atdmico, como con- seqiiéncia do aumento gradual da carga nuclear efetiva. O elemento que comeca o periodo seguinte tem um elétron em um novo nivel energético, o que provoca um aumento do raio; nesse novo periodo, a tendéncia se repete. Essa tendéncia nao é seguida, rigorosamente, pelos elementos de transic4o em conseqiéncia do preenchimento dos orbitais (n-1)d e (n-2)f. Vejamos como se comporta 0 raio dos atomos dos elementos de um z P grupo. Como mostramos anteriormente, a carga nuclear efetiva é praticamente a mesma, de modo que: Zaumenta. Saumenta; portanto, Zef permanece constante, O raio aumenta gradualmente como consegiiéncia do acréscimo de mais um nivel energético em cada atomo ao longo do grupo. As figu- ras 34 e 35 mostram a variagao dos raios atémicos. DIXVIDI JIIIF? FFIGURA 34 —Raiosatomicos em pometro (I pm = 10 m) pata os elementos vprescntativos m~ oH y »y 1 sy y (040 wag Fe K eae a ony 127 rTROQUGHO A aia 128 og 1p or sa ee of . Hlementos de jfimensas de transite reer de KN a ° i SC FFIGURA 35 —Ralosatdmivos em nandimetos, em fungiode 2 3) Energia de afinidade eletrnica -Ae O comportamento periédico do raio e da carga nuclear efetiva permite entender a variacio periddica da energia de afinidade eletrOnica, Ae. Consideremos novamente os elementos representativos ao longo de um periodo. Ja vimos que: Zef aumenta; rdiminui. ‘Assim, podemos explicar que a primeira afinidade por elétrons também aumenta, De fato, os elementos que formam anions estio nos iiltimos grupos. Os halogénios, no grupo 17, séo os elementos que tém grande afinidade cletronica e, a0 aceitarem mais um elétron, o raio iénico aumenta. A formacao de anion (F , Ce, Br, 1) é acompanhada de um abaixamento de energia de modo que ha liberagao de calor. Isso acontece com a 1* Ae; a entrada de mais um elétron (ou mais) jé é um proceso endotérmico. EXEMPLO CO(g) +1 —> CL(g) AH, < 0 (processo exotérmico) Generalizando, X@ +1e —> X@) AH, << 0 X(g) +e —> X(g) AH, > 0 Grocesso endotérmico) A iiltima equagao representa a segunda energia de afinidade por elétzon, ¢ esse proceso é sempre endotérmico, porque precisamos fornecer energia para conseguir aproximar duas cargas negativas, a saber, 0 elétron e o anion. AHY,, 6 a variagao de entalpia na condigao padrao (1,0 atmosfera e 25°C). Entalpia, H, (do inglés: heat) é 0 calor envolvido em qualquer Proceso, seja quimico ou fisico, a pressao constante. Nos grupos, a primeira afinidade eletronica diminui por que: Zef se mantém constante; ¢ oraio aumenta. rete 2 pre Sprit oe FIGURA36~1* ainda cletinica (Ae) vos nimero tOmico Quanto mal lea, nai negation valor de Ae (mal) ATIVIDADE 16 Para refletir: ha possibilidade de existirem os anions Cs", Ba’, Sr? #7) Energia de lonizacio - Ei ‘A energia de ionizacao é a quantidade de energia (kJ/mot) necessaria para retirar um elétron do nivel energético mais externo, definida como 1? Ei, 2* Ei, 3* Ei etc. rAouGAO Aauck 130 EXEMPLO Na(g) —> Nat(g) + le AHS, < 0 (proceso endotérmico) Genericamente, VE 2B 3B M, —> My, —> MY, —> Mi, ete Obviamente, PE <<) Ei A +le Ei X+le —> X E, A formagio do par iénico A'X" se explica de acordo com 0 pogo de energia, como ja exposto. uae 137 sTmO0UGHO A UicA A tendéncia de formar cations e anions pode ser prevista na Tabela Periédica, como j vimos. Um fato que merece ser mencionado é a impossibilidade de os gases nobres formarem anions, apesar da alta carga nuclear efetiva; também nio formam cations porque exigiria uma grande energia de ionizacao. Observando a configuracio ele- trOnica, os gases nobres (com excecao do He) possuem orbitais ns e np completamente preenchidos; a entrada de mais um elétron exigi ria inaugurar outro nivel energético, o que se revela energeticamen- te desfavoravel. Contrariando essas observagées, 0 xenénio forma alguns compostos, como XeF, e XeOF,, cujas ligagdes so covalentes e que serio tratadas mais adiante. Os atomos, ao perderem ou receberem elétrons, formam cétions ¢ Anions estaveis, com estrutura de gés nobre, como mostra a Tabela 10.1, Tabela 10.1 Séries soeletrénicas: algumasespécies que sao iseletrinicas dos gases nobres He, Nee Ar Ne: 1s? 2s? 2p* Ar: 1s? 2s? 2p* 3s? 3p* Ne w ue Mg" ce Be ap Pp Na s ° ce Entre cations e anions é estabelecida uma for¢z de atracio eletros- tatica que caracteriza uma ligacao forte. Vejamos 0 exemplo mais simples, o cloreto de sédio. Na > Na*t+e :C2. be” > [CUP = > Na* [:Ce:]- am par inico Por simplicidade, escrevemos NaC®, mas nao podemos esquecer que se trata de um par idnico (ction — anion) em que as cargas se compensam, resultando um conjunto neutro (principio da cletroneutralidade). Outros exemplos: Ca: + 2 + Ca® + 2 [EF] ouCak, (diguoreto de calcio) 2Na- + 2:0 — 2Na’ LOY? ow Na,O oxido de sédio Ca: +: — Ca® [:6:]* ou CaO (xido de célcio ou cal virgem) (Os metais de transig4o também formam cations estaveis, cujas es truturas eletrénicas nao correspondem as de gases nobres. Vejamos alguns exemplos: Mn”: 1s? 2s? 2p" 3s? 3p° 30° Fel: 1s? 25? 2p® 35? 3p! 3a? Cur: 1s? 25? Op 3s? Bp Be Zn" : 1s! 2s? Ip® 3s? 3p? 3d? Como podemos deduzir, os cations apresentam, na camada de va- léncia, um subnivel d, além da estrutura do gas nobre. Os orbitais d, com 5 ou com 10 elétrons, adquirem simetria esférica que confere estabilidade a espécie quimica Exemplos de compostos iénicos com metais de transicéo: 2Fe* + 2[:0:" > Fe,O, cu + 2ECeF > Cuce, Ag’ + (CUT > agce (0 modelo para a ligacao ionica é essencialmente eletrostatico. Considerando a atragao entre cargas opostas, podemos aplicar a Lei de Coulomb e calcular a energia de atracao eletrostatica entre cations e Anions. Assim, temos que: em que EB... energia de atracao eletrostatica; 4: carga do cation; ‘xmoouioAauiuCck 140 44: carga do anion; €: carga do elétron (1,60 x 10" Coulomb); constante dielétrica do vacuo (8,85 x 10™ CJ m7); r: distancia entre os dois ions; 1m: constante universal. Vamos analisar a expresso apenas de modo qualitativo: quanto maior a carga dos fons e menor o raio, maior seré a energia de atra Gao eletrostatica e, por conseguinte, a ligacéo sera mais forte. O que resulta da ligacao entre espécies iénicas? Sao originados os sélidos iénicos em que os fons se ligam, formando uma rede cristalina altamente organizada de acordo com os sinais das cargas, como mostra a Figura 40, no desenho a esquerda. Ts sélidos so duros, em decorréncia da forte atracio eletrostatica, ‘mas, uma vez vencida essa barreira pela aplicacio de uma forca, tor- nam-se quebradicos em conseqiiéncia da aproximacao de cargas de mesmo sinal, como mostra o desenho a direita da mesma figura. TFIGURA 40 - Organizacio de um ersal nico (eaquerda), Dedoramento de uma canada em relago outa pela ao de uma org (iets) Como a rede cristalina é mantida por ligagées iénicas fortes, as tem- peraturas de fusdo (TR) e de ebulicao (TE) sao eevadas. ‘Chegamos ao ponto de poder apresentar um modelo para a ligagdo idnica. O modelo é simples e, neste caso, nio faz apelo a mecanica quantica, Podemos considerar as espécies iénicas como esferas com a carga distribufda homogeneamente pela superficie. A formacao do par idnico ocorre com 0 abaixamento da energia, conforme o grafi- co do poco de energia. O célculo das energias sera objeto de estudo OvO FIGURA 41 — Modelo paras Tigao ina 10.2.2 A ligagao covalente O termo covalente, para aligagao feita com compartilhamento de par de elétrons, foi introduzido por I. Langmuir que, juntamente com G. Lewis e W. Kossel, procurava explicar a ligacao quimica. Foi s6 depois que Bohr anunciou o seu modelo atomico e que Moseley conceituou o ntimero atémico, que foi possivel descrever a ligacao covalente. poco de energia se aplica 4 formagao de uma molécula: ocorre abai xamento da energia potencial e, no ponto minimo, estabelece-se 0 equilibrio entre as forcas de atracao e de repulsao, ¢ define-se 0 com- primento da ligacao. Por exemplo, para a molécula H., 0 comprimento estimado para a ligacao é da ordem de 0,074 nm (1 nm = 10° m) Entre atomos de mesmo elemento, a ligagao é covalente apolar, por que Eie Ae sao as mesmas ¢ o par de elétrons se encontra simetrica- mente distribuido no orbital molecular. Ba diferenga de eletronegatividade entre dois atomos que comparti Iham o par de elétrons que permite avaliar a extensao da polaridade da ligacao covalente. Assim, podemos generalizar que a ligacao cova- lente s6 é perfeitamente apolar entre atomos de mesmo elemento. Em se tratando de atomos diferentes, aquele que for mais eletrone- gativo atrairé mais o par eletronico, de modo que a ligagao se torna polarizada ~ o par de elétrons nao fica simetricamente distribuido. Os desenhos da Figura 42 mostram uma ligagio covalente apolar e uma ligagdo covalente polar. Os sinais 8° e 6 indicam as cargas, parciais na regiao de cada étomo. Hil FIGURA 42a — Ligacao cova- FIGURA 42h — Ligagto covalente polar entre lente apolarentre dois stomos| toms diferentes; B & mais eletronegativa Sguals(H, C2, O, ete) que Se a diferenca de eletronegatividade entre A e B for muito grande, & e & terdo o valor das respectivas cargas totais, em decorréncia da transferéncia de elétron, Nao havendo compartilhamento de elétrons, as espécies idnicas A’ e B- permanecem unidas por ligacao iénica, como ja foi exposto. A ligagao covalente resulta de interagdes complexas entre niicleos e elétrons, estando em jogo forcas de atracao (micleos-elétrons) € de repulsao (elétron-elétron e micleo-micleo). Além disso, qualquer representacio da ligac3o covalente esté longe de refletir a realidade da molécula: os elétrons se movimentam com altissimas velocidades, numa distribui¢ao espacial regida por leis, Aas 144 rmcoUgHO A ouica 10.3 TEORIAS PARA EXPLICAR A LIGACAO COVALENTE Existe mais de um modelo para a ligagao covalente. As teorias que explicam essa ligacao se formaram junto com z mecdnica quantica. A primeira condigao é que a densidade eletronica ou a densidade de probabilidade eletronica (y”) seja maxima entre os niicleos. A Figura 43 mostra a formagio da molécula do hidrogénio de trés maneiras: a) grafico da curva de densidade/probabilidade eletronica, y?; b) representacao da nuvem eletrénica; e c) estrutura de Lewis. (Gnoléculas 1.) Distancia oO om os oon 8 FIGURA 43 —Formagio da ligaqio covalent da molec de 103.1 - O modelo de Lewis para aligagio covalente s elétrons que participam das reagdes quimicas sao os mais exter- nos. Esses elétrons foram conceituados como elétrons de valéncia por G. Lewis (1895-1946); por extensao, referimo-nos a camada de va- Iencia como sendo o nivel mais energético de um atomo e, portanto, o mais distante do néicleo. A partir do 4° periodo e do 3° ao 12° gru- pos, a camada de valéncia inclui os orbitais (n-1)d e (n-2)f, além dos orbitais do titimo nivel n (consulte sua Tabela Pariédica). Lewis convencionow representar, com pontos, oselétrons da camada de valéncia, admitindo que eles estdo organizados em pares e que as. ligagoes entre dois atomos se fazem por meio de pares eletronicos. Essa representaco tornou-se conhecida como estrutura de Lewis ¢ se revela util para atomos neutros, ions e espécies poliatémicas. A Tabela 10.2 mostra alguns exemplos. % Tabela 10.2 Representacio de Lewis para algumas espécies quimicas (apenas os elétrons de valéncia) Espécies Quimicas [__ Representagao de Lewis a # ui Li ° @ o Loy ce ce ce Ho k Wen cH, i ©0, former) H Bcc H,¢-cooH Goon HC=CH H:CECH Outra convencao introduzida por Lewis foi representar a configu ragao eletrénica de um atomo pela camada de valéncia precedida pelo simbolo do gas nobre do perfodo anterior ao do elemento. Essa maneira de representar pde em evidéncia a periodicidade da estrutura eletrénica da camada de valéncia. ‘Admitindo que os gases nobres tém a camada de valéncia completa, com ito elétrons, ns? np* (a excegao do He), Lewis anunciou a regra do octeto. ‘Ao adquirir a estrutura eletrénica de um gis nobre, a espécie se toma ‘mais estave, e essa é a tendéncia que acompanha uma reagao quimica A regra do octeto, muito itil em alguns casos, nao é rigorosamente obedecida, o que faz dela um caso particular. Outro conceito associado aos elétrons de valencia é o de pares ligan- tes (PL) e pares nézo ligantes (PNL): os pares de elétrons que ligam dois ‘Atomos sio os pares ligantes; os demais sao pares nao ligantes. ato 143 InTAODUGAOAGUINCA Examinemos alguns exemplos usando a representacao proposta por Lewis: Nome estruturade Lewis | N°deelétrons de | Obediéncia a regra valéncia do octeto Dibxido de ensofre so, 18 sim 80, ey Sim soe 26 Sim Nio;0 $ acomoda 12 Soy 32 nasuacamada de valléncia SF, ‘Nao; hi 10€-na camada 34 devalencia do S SE ‘s ‘Nao; hi 12.€ na camada devaléncia do's 144 No caso do enxofre, dizemos que houve expansao da camada de valé Awa ia, Isso pode acontecer com os elementos que tém orbitais d, mesmo que nao estejam ocupados por elétrons no étomo isolado. Nome eestruturade | N°deelétrons de | Obediéncia a regra do ___ Lewis valéncia octeto vet, ene ; Nob apenas dena cama devalnciado Be Heyl Nwihss i ; bh 6apenase na my H camada de valnca do Boro No caso do boro e do berilio, dizemos que ha deficiéncia de elétrons na camada de valéncia. De fato, compostos de boro s40 muito reati- vos frente a compostos que tém par de elétrons nao ligantes, como a aménia, de modo que, no produto, o boro apresenta a camada de valéncia com oito elétrons HH HN + H H H HH O nitrogénio forma éxidos que apresentam um elétron desempare- Ihado; sio chamados radicais livres. Quaisquer outras espécies quimi- cas que tenham elétron solitario sao ditas espécies radicalares. Sempre que a soma dos elétrons de valéncia der um niimero impar, sera impossivel ordenar todos os elétrons em pares, nao podendo, portanto, a regra do octeto ser cumprida, ‘Nome e estrutura de Lewis [N° de elétrons de] Obediéncia a regra do valéncia octeto {no wide de nitrogénio u | NEO: Bum radical live NO, Digxido de nitrogénio ‘| Ww N Espécies radicalares sao muito reativas, justamente por terem um elétron desemparelhado. Nao: ha 9 de valéncia no N, Nao;ha 7 de valencia no N. um radial live 145 ITRODUGHO A oltcr 10.3.2 - Ressonaincia © termo ressonancia sugere movimento; aplicado as ligacdes A regra do octeto de Lewis nao se aplicaa todos os elementos, mas é itil para explicar reagdes e prever a geometria das moléculas. quimicas, sugere movimento de elétrons por toda a molécula. Esse fendmeno permite explicar o comprimento das ligagées em compostos que apresentam ligacées simples e miltiplas. Vejamos 0 caso classico do ozénio, O,. Podemes representé-lo por duas estruturas (os pares de elétrons ligantes sio representados por traco):; Qa oo'So A seta dupla indica que as duas estruturas sao possiveis. Em ambas, ha uma ligac4o 0-O e uma ligacéo O=O. Sabemos que ligacées simples s4o mais longas do que duplas e estas, mais longas do que as triplas: ligagdes simples > ligagdes duplas > ligacées triplas No caso do ozénio, as ligages deveriam ter comprimentos diferentes, mas a experiéncia mostrou que sio iguais. Isso nos forca a representé-lo com as duas estruturas; a estrutura provavel deve ser uma tinica hibrida, produto das duas estruturas candnicas de ressonincia. OUTROS EXEMPLOS (os pares de elétrons nao ligants estaorepresentados): fon carbonato: oO A ne oN Fy Ay Tridxido de enxofre: ? R28 oo MH 0% 10.33 - Ordem e comprimento de ligacio A ordem da ligagdo (o.8.) diz respeito ao nuimero de pares de elétrons que ligam dois atomos. Entre dois atomos pode haver 1, 2 ou 3 pares de elétrons. Entao, uma ligagao pode ser simples, dupla ou triplice. ‘Vamos determinar a ordem da ligacao nos seguintes exemplos: a) HHH Numero de ligagio = 1 Numero de pares dee = 1 Ordem de ligagao = 1 b) CO,,0:C:0 Niimero de ligagao entre Ce O= 1 ‘Niimero de pares de e* entre CeO = 2 Ordem de ligagao = 2 A molécula ¢ simétrica de modo que basta determinar a 0.€ para uma ligacao C = 0, OCH, HiCsCH Niimero de ligagao entre Ce C= 1 Niimero de pares de e entre Ce C= 3 Ordem de ligagao = 3 Para espécies quimicas que apresentam ressondncia, a ordem da liga- Ao pode ser fracionaria. Vejamos o fon carbonato: O carbono (étomo central) faz 3 ligagoes [er C=O (0. =2 pares de e'/1 ligagao = 2 ot 4] C-O{0.8.=1 par dee/1 ligagao = 1 No total, sao 3 ligagées feitas com 4 pares de elétrons. Portanto, a ordem da ligagao ¢ 4/3 = 1,33. TAQ UGH AOUNCGA 148 Ordem daligagio __n° de pares de elétrons compartithados entre A-B (para uma ligagao) n° de ligacoes entre AB Ordem da ligagao para__n de pares de elétrons compartilhados entre A-B moléculas ou fons wn? de ligayoes poliatomicos OUTROS EXEMPLOS: Ozénio Diéxido de enxofre Benzeno i ox, ° + Poo wt I An Ze Se aT i 4 ok =3=15 08-35-15 2 2 Ha uma relacao direta entre a ordem e 0 comprimento da ligacao. Quando se comparam as ligagées feitas entre mesmos étomos, por exemplo, C-C, N-N, 0-0, pode-se generalizar:-> = > =. Por exemplo: Ligagio ee ee ce ak 1 2 3 Comprimento daligagio | 154 134 Tat (om) "1pm-10"m E possivel prever, qualitativamente, 0 comprimento das ligacdes conhecendo 0 tamanho telativo do raio dos atomos dos elementos. Por exemplo: C-H > N-H > O-H, uma vez que o comprimento do raio segue a ordem: C>N>0 Outro parametro relacionado ordem e ao comprimento da ligacao 6 a energia da ligacto: ligasao simples < ligagio dupla < ligacao triplice. Por exemplo: Energia da ligagao/ kJ moe 286 358 467 347 612 838 Ligagio 2 © que vimos a respeito da ligagao covalente sto os fundamentos te6ricos mais gerais. Vejamos, em seguida, as teorias que tratam a liga¢ao com mais profundidade e os respectivos modelos. 10.4 ATEORIA DA LIGACAO DE VALENCIA - TLV A TLY, Teoria da Ligagao de Valencia, trata da ligacao covalente sendo contemporanea e produto da mecinica quantica. Como 0 nome sugere, a TLV considera que a ligacao ¢ feita pelos elétrons de valéncia situados nos orbitais atémicos. .a teoria foi a primeira a postular que os elétrons da camada de va- léncia situados em orbitais atémicos se emparelham em conseqiéncia da interpenetracao de dois orbitais atémicos (AO), sem perda de suas identidades atémicas. Vejamos a descrigdo da molécula H,, Figura 44, pela TLV. O par de elétrons compartilhado pode, simultaneamente, ‘ocupar 08 orbitais dos dois atomos de hidrogénio ligados. A interpene- tracdo dos orbitais gera uma regido de alta densidade de probabilidade eletrénica (v*) entre os micleos, a qual mostra uma simetria cilindrica resultante da simetria esférica dos dois orbitais 1s. Uma ligacio com essa simetria cilindrica 6 denominada ligacao sigma (0), termo em- prestado da teoria dos orbitais moleculares, que veremos adiante » + Regido de Superposicao FIGURA 44 Formagao da ligagio 9, Aa 19 149 rcoougto AcUIMCA Dois orbitais p também podem formar uma ligagao sigma, desde que estejam no mesmo eixo e que a interpenetracio seja frontal, de modo a gerar a simetria cilindrica em torno do eixo de ligagao (Figura 45). ‘Superposicao sigma PP FIGURA a5 ~Formapio da ligase, Outra possibilidade é de que dois orbitais p, em eixos diferentes paralelos, se interpenetrem lateralmente, resultando a ligacao pi, m, termo também emprestado da teoria dos orbitais moleculares (Figura 46). orbital p+ orbital p ligagao m FIGURA a5 Formagio daigaqtot Podemos ver que a interpenetracao ocorre em duas regides opostas (acima e abaixo) em relacio ao eixo de ligagio e, portanto, a simetria deixa de ser cilindrica. Um orbital s e um orbital p também podem formar uma ligagdo sigma, 6,,. Como o orbital s é esférico, a interpenetracao pode ocorrer segundo qualquer eixo, x, y ou 2. FIGURA 47 ~ Formacio de umaligaqio , O modelo da TLV propée, entao, que a ligacao quimica se faz quando dois orbitais atomicos da camada de valéncia, um de cada tomo, se interpenetram sem perda das suas identidades atomicas e se matém ligados devido ao compartilhamento de dois elétrons, um de cada orbital atomico (\? é maximo entre os micleos). No caso da molécula de dihidrogénio, H,, ha ligag4o quimica por compartilhamento dos dois elétrons oriundos dos dois orbitais 1s, formando uma mistura dos dois orbitais, tal como mostrado na Figura 44. Para a molécula de diflior, ,, a Figura 45 ilustra bem a formacio da ligacio segundo o modelo. Nocasodamoléculade dioxigénio, O,, 0s 4tomos de oxigenio dispoem de dois orbitais p semipreenchidos (com um elétron somente), cada um. Devido a geometria dos orbitais p (esto a 90° um do outro), quando dois orbitais p se interpenetram frontalmente, formando ‘uma ligagao do tipo sigma, Figura 45, os outros dois orbitais p, somente podem interpenetrar-se lateralmente, de acordo com a Figura 46, formando uma segunda liga¢do, mas dessa vez do tipo pi (é maximo entre os nticleos mais acima e abaixo do eixo que os contém). Portanto, a molécula possui ligacao dupla entre os seus atomos. Namoléculadedinitrogénio,N, ,cujos4tomosindividuaisapresentam trés orbitais p semipreenchidos, acontece algo similar ao anterior, s6 que, dessa vez, além das ligacao sigma e pi formadas, hd uma terceira ligacao também do tipo pi, de mo do que a molécula possui ligagao triplice. 10.4.1 — Hibridizacao dos orbitais atémicos A TLV teve dificuldades para explicar a molécula de metano, CH,, pois 0 atomo de carbono, tendo dois orbitais p semipreenchidos, s6 poderia formar a molécula CH, compartilhando seus dois elétrons 2p com 0s elétrons 1s de cada hidrogenio e formando duas ligacoes G,,, tal como mostrado na Figura 47. Além disso, as ligades formariam tum Angulo reto. No entanto, a experiéncia informa que a molécula de CH, é instavel, tendo uma vida média de alguns poucos micros- segundos; em compensacio, a molécula que existe, porque é estavel, a molécula de CH,, a qual é perfeitamente tetraédrica, as quatro ligages tém comprimento e energia iguais. O esquema ilustra o que foi anteriormente discutido. naar route A auca 152 ou Neste caso, a TLV mostra-se limitada, j4 que nao consegue explicar aexisténcia da molécula de metano, que é estavel; em compensa¢ao, prevé a molécula de CH,, a qual, como ja dissemos, nao é estavel. A solucao foi proposta por Linus Pauling, que sugeriu a hibridacao dos orbitais atémicos da camada de valéncia de modo que, antes de se ligar, um atomo reestrutura seus orbitais originando os orbitais. hibridos que formario as ligagoes. Onmtimero de orbitais hibridos é igual ao mimero de orbitais atomicos que participam do processo de hibridagao. Isso deve acontecer para que haja orbitais suficientes para acomodar todos os pares eletrénicos existentes antes da hibridacao. Entdo, 1 OAs + 1 OA p= 2 OA sp (cada orbital hibrido comporta 2e) 10As + 20Ap=30Asp* 10As + 30Ap=40Asp? Voltemos ao caso do CH, 0 orbital s, mais os trés orbitais p (p,,p,y p,) da camada de valéncia hibridam, produzindo quatro orbitais hibridos do tipo sp’ de mesma energia i» 2s a Hp a) antes da hibridacio ») depois da hibridacdo Os quatro orbitais hibridos sp" se orientam espacialmente de modo a minimizar as repulsGes eletronicas, gerando a geometria tetraédrica, em que o Angulo entre cada um dos orbitais sp’ é de 109°28.. Cada ligacdo C-H ¢ feita entre um orbital sp” do carbono e um orbital s do hidrogénio, portanto, 0 carbono faz quatro liga¢des sigma do tipo ©, (Bigura 48), s + P+ Py+ Py Quatro orbitais ibridos sp" FIGURA 48 — A formagao dos quatro orbitais hibridos sp" Utilizando esses orbitais hibridos, a molécula de metano fica expli- cada do ponto de vista eletrénico e geométrico, como mostrado na Figura 49. — Bee H H FIGURA 49 LgagSes da molécala de metano usando ovis bibridos op" Outra forma de mostrar a formacao de orbitais hibridos é por meio da notagao de diagrama de orbitais, tal como pode ser visto no es. quema a seguir. IeTRODUGAO ACURUCA A formagao e a forma dos orbitais hibridos sp” e sp sa0 mostrados na Figura 50, Qe * of. I s P.+P, Tits orbitals hibvidos 5p? @ — 36 nba p puro Orbital brid sp FIGURA 50 Orbits Nbridos ep «ap 154 A Tabela a seguir mostra as possibilidades de formagao de orbitais hibridos. Tabela 10.3 idades de formacio de orbitais hibridos Orbitais atémicos] Orbitais | __ Orbitais, Geometria | Numero hibridos | atomicos sem hibridar de orbitais 7 | hibridos =P Fy Dois orbitais p Linear 2 sptp oo Um orbital p Triangular 3 s+pepep so Nenhum Tetraédrica 4 desepep asp? 4 orbitaisd Quadrada 4 desepepep sy? Borbitaisd Bipiramide 5 Tsigonal dedss+pepep [esp __| 2othitaisd Octaéérica Podemos observar que, se um tomo hibrida dois orbitais atomicos da camada de valéncia, por exemplo, um orbital se um orbital p, dé origem a dois orbitais hibridos sp; da mesma forma, um s e dois p fornecem ‘trés orbitais hibridos sp’. Os orbitais p que nao participam da hibridagéo poder formar ligacées x. Examinemos a molécula H,C-CH,. Consideremos um dos carbonos como 0 carbono central (para o outro valem as mesmas consideragées). , 4 So ss FAGURATT igs tan vlna bias decals cabono Consideremos que cada atomo de carbono precisa dispér de quatro ligacdes simples e, por isso, deve hibridar os orbitais da camada de valéncia de modo a obter quatro orbitais hibridos. A nica possibilidade é recorrer aos quatro orbitais hibridos sp°, tal como pode ser visto na Figura 51. O esquema a seguir mostra a hibridacio utilizando a notacao de diagrama de orbitais. AWA 185 sroouGao Aina roe vn (ty ----) ' poe? ttltlth w/t) et hit 1B) a(t) 10.4.2 ~ Decidindo o tipo de hibridizacao: o ndmero estéreo Onnimero estéreo também significa miimero de coordenacio (NC) e in- dica o nimero de pares de elétrons em torno do étomo, PL e PNL. Uma forma de determinar o tipo de hibridacao que utiliza um dtomo qualquer em uma molécula é determinar o chamado niimero estéreo. Estéreo significa espaco, no sentido de volume, ¢, por isso, o nimero estéreo é 0 niimero de atomos ligados diretamente ao atomo central, para o qual queremos definir o tipo de orbital hibrido que esse atomo central utiliza e 0 mimero de pares de elétrons nao ligantes (PNL) em tomo dele. No caso que acabamos de examinar, um dos atomos de carbono tem miimero estéreo (NE) quatro, porque tem quatro stomos ligados a ele diretamente e nenhum par nao ligante. Logo, esse atomo de car- bono deve ter quatro orbitais hibridos. Examinando a tabela dos di- versos tipos de orbitais hibridos, dada anteriormente, vemos que ha dois tipos de orbitais hibridos que satisfazem essa condi: eles so © orbital hibrido dsp”, de geometria quadrada, e o sp, de geometria tetraédrica, No caso do atomo de carbono, devemos decidir pelo sp", pois 0 atomo de carbono nao possui orbitais d. 10.4.3~A molécula de etileno, H,C = CH, O nuimero estéreo de um dos atomos de carbono ¢ trés, e portanto a hibridagao apresentada é sp”. O mesmo raciocinio é valido para 0 outro atomo de carbono. A Figura 52 mostra a ligagao que se estabelece segundo 0 modelo dos orbitais hibridos. Sey S [IGURA 52 ~Ligagbes no elena tlizand orbitals op de cada carbono para explicar a Hgacio sigma, Algae pi deve-se a nterpenetraao dos ombitais attmicosp O esquema a seguir mostra a hibridacao utilizando a notacao de dia- grama de orbitais. 4 (t tht t Cl se a 7) (#4) (sp sp pF, H 10.4.4-A molécula de acetileno, HC = CH O numero estéreo, NE, de um dos 4tomos de carbono na molécula de acetileno é dois, e portanto a hibridacio exibida pelo atomo de carbono é sp. O mesmo raciocinio é valido para 0 outro atomo de carbono. ‘A Figura 53 mostra a ligagao que se estabelece segundo o modelo dos orbitais hibridos. FIGURA $9 ~ Ligacdes no acsileno uilsando orbitals sp de cada carbono para explicar « ligacio sigma. A ligaglo pl devese & Interpenetragio dos orbitals atomicosp reTRQ0UGHO A UIICA O esquema a seguir mostra a hibridacao utilizando a notagio de diagrama de orbitais. 10.4.5 ~As moléculas de égua e de aménia Uma vez feita a estrutura segundo Lewis, podemos ver que o atomo de oxigénio possui mimero estéreo quatro, devido a existéncia de dois atomos ligados e de dois pares nao ligantes. Da mesma manei- ra, omimero estéreo do dtomo de nitrogénio namolécula de aménia € quatro, devido a existéncia de trés stomos ligados e um par nao ligante. Podemos concluir que tanto 0 dtomo de oxigénio como o de nitrogé- nio utilizam orbitais hibridos do tipo sp°. Nas figuras 54 e 55, estao os desenhos correspondentes para melhor visualizagao das ligagoes. a FIGURA $4 Ligacbes na molécala de Agua utllzandooritashibrides sp do FIGURA 55 ~ Ligacdes na molécula de aménia utlizando orbitashibridos syd niteopénio 158 ATLV é extremamente itil para determinar a geometria molecular e permite uma andlise quantitativa e qualitativa das ligagdes quimicas existentes na molécula. No entanto, ha algumas propriedades moleculares quenao podem ser explicados poressa teoriae quedevem receber outro tratamento tedrico. Um exemplo classico é a molécula do oxigénio, cujo paramagnetismo nao pode ser descrito pela TLV e nem pode ser representada pelas estruturas de Lewis. Neste ponto, a teoria dos orbitais moleculares, TOM, a qual foi desenvolvida paralelamente a TLY, descreve melhor a ligag4o quimica. Apesar disso, devido a sua complexidade, nao ¢ tao divulgada quanto a TLV, mas devemos estuda-la, pois se trata da melhor teoria para descrever a liga¢ao quimica de que dispomos na atualidade ___10.5 ATEORIA DOS ORBITAIS MOLECULARES -TOM Segundo a TOM, todos os elétrons (e nao apenas os elétrons de va- lencia) participam da formagao da molécula quando dois atomos se ligam. Portanto, todos os orbitais atomicos (OA) de um atomo se combinam com todos os orbitais atdmicos do outro étomo, para for- mar orbitais moleculares (OM). O niimero de OM deve ser igual a0 niimero de OA. Para que ocorra a formacio de um OM é preciso que: 1) _ os dois OA tenham energias comparaveis; 2) ocorra combinagao dos OA; 3) ocorraumabaixamento de energia, para que a espécie formada seja estavel Ja sabemos que a fungao de onda w descreve o elétron e, por conse: quéncia, o orbital; y* significa a densidade de probabilidade eletré: Schrédinger mostrou que as fungdes de onda wy, (para o elétron do atomo A) e y, (para o atomo B) podem ser somadas e subtraidas e que as fungées resultantes descrevem os orbitais moleculares. O método matematico ¢ denominado Combinagao Linear dos Orbitais ‘Atémicos (CLOA), que pode ser simplificado como se segue: WEVA TW, © YEA" Ys Como 6 mais pratico trabalhar com o significado de y*, podemos elevar a0 quadrado as duas expressées anteriores: (y+ VSP = Vio +2 Yo + We! I Oy We)? = Wal ~ 2M, at Wa iu Amecanica quantica informa que, para (y, + y,)°, as ondas esto em fase e ocorre uma sobreposi¢ao construtiva (como acontece com as ondas na superficie de um lago). Para (y,-,)’, as ondas estiio fora de 159 suTRODUGHO AQUA fase e se anulam. No primeiro caso (1), é alta a densidade eletronica entre os niicleos, ea equacao descreve os orbitaismoleculares ligantes, OML; no segundo caso (II), a densidade eletronica entre os miicleos é muito baixa, ea equacao descreve os orbitais moleculares antiligantes, OMAL, indicados por um asterisco. Esses orbitais estao separados por uma diferenga de energia; 0 OML se forma com abaixamento de energia (em relacao aos OA) ¢ 0 OMAL, com aumento de energia. A estabilidade da molécula formada vai depender do numero de elétrons presentes nesses orbitais: havendo mais elétrons nos OML, de menor energia, a molécula é estavel. Os OMAL, mais energéticos, contribuem para desestabilizar a molécula. Segundo a TOM, dois orbitais atémicos s se combinam linearmente para formar 6, ¢ 6, ‘Vejamos a Figura 56. VOWMe OO-GGO FIGURA 56 Oita moleclaresligante antligante:o,e«; Dois orbitais p também se combinam linearmente para formar orbi- tais moleculares: 6, ¢6,,, tex". naa 2 © a8 a CS Outra representacio pratica é 0 diagrama dos orbitais moleculares, em que os orbitais sio representados por linhas curtas. FIGURAS9~ Diagrama dos ovblals molecuarer Podemos considerar, para moléculas homonucleares, N,, O,, F, etc., que 0 abaixamento ¢ o aumento de energia que acompanham 2 for- magao dos OMs ¢ simétrico De posse do diagrama de OM, a etapa seguinte é distribuir todos os elétrons seguindo os principios jé estabelecidos para o preenchimento TR00uGH0 AQUA dos orbitais atomicos: principio da edificagao (os orbitais sao preen- chidos a partir do nivel menos energético); principio da multiplicidade ‘maxima (em orbitais de mesma energia, o empatelhamento s6 ocorre depois que cada orbital recebeu um elétron); principio da exclusao de Pauli (cada orbital comporta apenas dois elétrons). A ordem da ligacio pode ser facilmente determinada somando-se todos os elétrons em orbitais ligantes e subtraindo-se todos os elétrons em orbitais antili- gantes. O valor encontrado é dividido por 2 e o valor resultante pode ser um niimero inteiro ou fracionério, 105.1 -A molécula de oxigénio Lembremos que a ordem de ligagao é 2, e que experimentalmente foi determinado que ha 2 elétrons desemparelhados. Vejamos como fica o diagrama de OM para O,. Figer 60 — Diagrams de OM para, aaa Ordem de ligagio = Podemos observar que ha 2e~ desemparelhados em orbitais 2°, 0 que justifica o paramagnetismo da molécula ‘Aprendemos a escrever a configuracao eletronica para os dtomos (consulte sua Tabela Periédica); agora, vamos escrever a configura- s40 para a molécula. 0,5 07,,0%,,0%, 073, FEE que também pode ser escrita como: 0,: KKo?,,6?,, 0%, simbolo KK representa a configuracdo eletronica fechada: 0, o? A ordem dos niveis de energia para algumas moléculas diatomicas, na ordem crescente de energia é: Oy, 60%, £6 By Thay = May Tyg = Meay Oop Sop Se, para uma molécula qualquer A, a ordem de ligacao é ero, significa ATIVIDADE 17 Faca um diagrama de orbitais moleculares para as possiveis molé: culas formadas com os elementos do 2° periodo (Li,, Be,, B,, C,, N,» ,, F,, Ne,). Determine a ordem de ligacao de cada uma e conclua | se todas podem ser formar. que o balango energetico é zero e essa molécula nao pode existir, ow seja, Ando se liga a A. 10.6 A LIGACAO METALICA EA TEORIA DAS BANDAS A maioria dos elementos da Tabela Periddica forma metais: sao 08 elementos metélicos. A teoria que descreve a ligacao metalica tam- bém recorre a mecanica quantica e é representada pelo poco de ener- gia. O metal, independente de sua forma cristalina, caracteriza-se por possuir ligagées deslocalizadas. Os orbitais atomicos de todos os dtomos formam um ntimero muito grande de orbitais molecula- res. Os elétrons ocupam esses orbitais moleculares segundo os trés principios j4 conhecidos: edificaco, Pauli e multiplicidade maxima. 163 TRODUGHO A OUR ‘Tomemos o berilio como exemplo, Sua massa atémica relativa 6 9,0; em 9,0 g de berflio ha 9 x 6,03 x 10° atomos. Entio, para um atomo de berilio escrevemos: Ee: 1s? 2s? 2p? ou: ap tt. ath th as Lt Levando-se em conta apenas a camada de valé:cia, um atomo de Be tem 4 OA (s, px, py, pz) para formar 4 OM; dois atomos, 2 x 4 AO, para formar 8 OM. Vejamos de outra maneira: ‘Niimero de dtomos de Be | Numero de AO | Numero de OM 2 2x4=8 8 3 2 4 4x4=16 16 1000 4x 1000 = 4000 4000 6022x108 4x6,02x10" 24,08 x 10% 9.010" 9,0.x6,02x 102 2,16 x10" Entio, em 9,0 g de berilio, ha 2,16 x 10° orbitais atémicos s e p para formar orbitais moleculares. Esses orbitais moleculares se espalham e formam as bandas; parte dessas bandas esta ocupada por pares de elétrons, e outra parte permanece desccupada. As energias das bandas sio muito préximas, de modo que os orbitais podem ficar deslocalizados sobre os étomos. No conjunto, as bandas ficam parcialmente ocupadas: os elétrons ocupam as bandas de menor energia, mas qualquer pequena quantidade de ensrgia fornecida pode deslocar elétrons, que passam a ocupar bandas desocupadas de maior energia. A linha que separa as bandas ocupadas de menor energia daquelas desocupadas de maior energia é denominada nfvel Fermi. 164 FIGURA 61 ~ Representagioeaquemtica da separario das bandas de energia. Cada stom cont bul com dois orbits atomicos Quando um elétron € promovido para acima do nivel Fermi, dois niveis ficam ocupados por um tinico elétron. Esse movimento dos elétrons explica a condutividade elétrica. Se a diferenca de energia entre a banda que esta abaixo do nivel Fermi e a banda superior a ele é maior, 0 elétron promovido volta e libera essa diferenga de energia na forma de luz, 0 que explica o brilho metalico. A Figura 61 representa os conjuntos de bandas separadas pelo nivel Fermi. As bandas (ou niveis) de menor energia sio denominadas banda de valéncia e as de maior energia, bandas de conducao. A Figura 62 também mostra o deslocamento de um elétron. FIGURA 62 — Dandas de condugio e de valincia nar metal edeslocamento de wm elton por injegio de energia A Teoria das Bandas explica a condugao metilica (elétrica e térmica) ¢, também, 0 funcionamento dos semicondutores e dos isolantes, No caso dos semicondutores, ha uma separacao de, aproximadamente, 50 a 300 kJ mot entre a banda de valéncia e a banda de conducio, de modo que ¢ preciso injetar pequena quantidade de energia para que a condugao ocorra. Nos materiais isolantes, a separacao é maior ¢éda ordem de 500 kJ mot’, de modo que o material resiste a altas temperaturas e nao apresenta a conducao elétrica e térmica. aaa 165 sstRaougio AUR 166 Ries desis Bavida de'tondigao [scans deenerpia Lacuna de energia Energia Energia FIGURA 63 ~ Representacao de wm semicondutor (dicta) ede un balan @ eaquerda) 10.7 GEOMETRIA DAS MOLECULAS: A TEORIA DAS REPULSOES DOS PARES ELETRONICOS DA CAMADA DE VALENCIA Numa molécula em que hd um tomo central ligado covalentemente a varios outros atomos, os pares de elétrons se arranjam de modo a minimizar as repulsdes eletrénicas. A disposicao espacial desses orbitais gera geometrias com forma e angulos bem definidos. No Atomo central, os pares de elétrons ligantes (PL) e os pares de elétrons nao ligantes (PNL) definem a geometria. Lembremos que © PL + PNL definem o mimero estéreo, NE (ou 0 mimero de coor- denagao, NC). A nuvem eletrénica com pares nio ligantes fica mais expandida, gerando maior repulsio. Com relagao a repulsao entre os ates eletrénicos, podemos escrever: PL-PL < PL-PNL < PNL-PNL. Alguns exemplos: am Px ae witin won HL Y " * NHs H,0 CH, Vamos analisar cada caso: CH, - Em torno do atomo de carbono ha 4 PL. Dizemos que 0 nimero de coordenagao (NC) ou o mtimero estéreo (NE) é 4. Isso quer AWA dizer que ha 4 ligantes (os 4 H). A figura geométrica mais plausivel ¢ 0 tetraedro, cujos angulos sto de 109,5 NH, - O nitrogénio tem 3 PLe 1 PNL. Seu mimero estéreo também é 4, mas a geometria da molécula é uma pirdmide de base triangular, cujos angulos sao de 107° H,O - O oxigénio tem 2 PL e 2 PNL. Seu numero de coordenacio também 64, mas a geometria da molécula é V e os angulos séo mais fechados, 104°, Esses trés exemplos ilustram 0 efeito das repulsdes entre PNL-PNL > PNL~PI > PL~PL. Podemos notar que os pares de elétrons nao ligantes, que esto nos ‘atomos que se ligam ao atomo central (ligantes), nao interferem na definigdo da geometria. A Figura 64 mostra as geometrias mais co- muns encontradas nas moléculas. goa AS oe ne oO ge co) ‘Tetraédrica Q 0) 109,5° Hy oo FIGURA 64 ~ Geometrias molecules orientaybes expaciar dor pars cletrinicos ao redor d0 167 InTRODUGIO A QCA Ha uma seqdéncia de passos que conduzem a definicao da forma geométrica da molécula. Antes, precisamos saber que: a) $6 sio considerados os elétrons de valencia. b) Apenas os pares eletrénicos em torne do étomo central, da molécula ou do ion, determinam a geometria, sejam PL ou PNL. O niimero de coordenacao (NC) ou nimero estéreo (NE) corresponde a soma de todos esses pares eletronicos (PL + PNL). ©) Paracétions, como por exemplo NH,” ¢H,0° , subtraimos um elétron (ou um nitmero de elétrons igual a carga positiva) do total de elétrons de valencia; para anions como CO,” e I,, somamos um niimero de elétron igual a carga negativa. 4) Ligagdes duplas e triplas nao interferem na definigao da geometria. ©) A tegra do octeto se aplica aos dtomos ligantes; 0 atomo central pode fugir a essa regra Vejamos, agora, as etapas que devemos seguir para chegar a geome- tria molecular: 1°) Definir qual é 0 atomo central. Em caso de davida, 0 atomo de menor eletronegatividade costuma ser o Atomo central 2°) Somar todos os elétrons de valencia do étomo central e dos 4tomos ligantes. 3°) Sendo um cation, deduzir um mimero de elétrons igual & carga positiva; se um anion, somar um ndmero de elétrons igual & carga negativa. 4°) Aplicar a regra do octeto aos dtomos ligantes. Do total de elétrons de valéncia, atribuir 1 octeto (€ elétrons, ou 4 pares) para cada ligante, com excegio do hidrogénio, que aceita apenas 2. Um desses pares faz a ligacio com o atomo central Onumero de PL ¢ igual ao mimero de ligantes (étomos que se ligam ao tomo central). 5°) Os elétrons restantes se arranjam em pares em torno do tomo central - sao os pares nao ligantes, PNL. 6°) Determinar 0 ntimero de coordena¢io (NC) ou ntimero estéreo (NE): PL + PNL. Os PNL sao também denominados de pares estereoativos, porque contribuem para a definicao da geometria. 7°) Determinar a hibridacao dos orbitais atémicos do atomo central ~ é 0 NE que indica qual é 0 tipo de hibridacao ¢ quantos OA participam para formar os orbitais hibridos. 8°) Definir a geometria e os angulos de ligacao. © quadro da Figura 65 ilustra todas as possiveis geometrias mais comuns exibidas pelas moléculas. 168 _ uso Tange "inp 50,3, cH, exter iano C03, NO, A 2 2 amd 504, NO, a a 1 sop 3, x AR 3 1 Prine yi, co, SOP, ee, Ho 2 2 Fame HO, ct0, x Ta Rigel SSC‘, wipe i” x ‘ 1 Gangs 5 TN | x 1 a a v > : lore, x a ws " x aS 5 1 eam Be, KOE, quia SCE, Nf /\~ 4 2 cudedo He, no [FIGURA 65 ~ Geometrins dae moldclas de acordo como pares eletrnicoe 169 swtRoOUgHO A auc 170 EXEMPLOS 1° exemplo: SO, tomo central: $ ‘mimero total de elétrons de valencia: 6 + (2x6) = 18 ¢ nuimero de octetos = nimero de ligantes: 2x8 = 16 ¢ némero de PI, = ntimero de ligantes: 2 niimero de PNL = 18 ¢ de valéncia ~ 16 e (2 octetos) 1PNL NC ou NE =PL+PNL=2+1-3 hibridacao do S: sp? (s+ p + p = 3 sp?) geometria: angular (originaria de triangular plana) Angulo de ligagao: < 120° 2em> Devemos lembrar que: * ocorre ressonancia no $O, * aligacdo pode ser feita porque h4 1 AO p (puro) no $ que nao participa da hibridacio ‘no O também ha orbital p (puro) 2° exemplo: Determinar a geometria molecular do fon carbonato CO,* tomo central: C niimero total de elétrons de valencia: 4 + (3x6) +2-24e mimero de octetos: 3x8e-=24e niimero PL: 3 niimero PNL: 24 e° valéncia ~ 24 e° (3 octetos) = 0 NCouNE: 3 hibridacao do atomo central: sp* geometria molecular: triangular plana angulos de ligacao: 120° 3° exemplo: Determinar a geometria molecular do fon HO" ‘tomo central: O niimero total de e de valéncia: (6 +3)-1=8¢ valéncia niimero de duetos: 3 x 2 = 6 (cada hidroginio aceita apenas 2 ou par dee) niimero PL:3 niimero PNL: 8 € valéncia ~ 6 ¢ (2 para cada H) = 2e —> 1 par NCouNE,3+1=4 hibridagao do étomo central: sp* geometria da molécula: piramide trigonal (originaria do tetraedro) angulo de ligacao < 109,5°. 4° exemplo: Determinar a geometria em torno dos atomos C,, C,, C,, C, € 0, € 05 angulos a, b, ¢, dna molécula do dcido acetil salicilic. ° u 2&0" ° HL UC 0-c Sf ec Nes 3 4c at It AAA, AN AN ‘ Nao precisamos determinar os elétrons de valéncia em moléculas grandes. Vejamos como proceder: C, Ha uma ligacao x, portanto, a hibridagao 6 sp? e resta um orbital p; ., a geometria ¢ triangular plana; ", 08 angulos de ligacao sao de 120° (a, be 0). », faz 4 ligacdes, portanto, a hibridagio de C, € sp’ a geometria é tetraédrica e os angulos de ligagao sao de 109,5° (2). Faz.2 ligacdes (2 PL) e apresenta 2 PNL; portanto, seuNCé 4; 0, a hibridacao do oxigénio é sp"; a geometria é V (originaria da tetraédrica); o angulo C 6 < 109,5°. 171 trao9uGHO A ouNca ATIVIDADE 18 Determine vocé a geometria em torno de todcs os &tomos (exceto do hidrogénio) e os angulos de ligaco na molécula da vanilina (es- séncia da baunilha): 2 Cn | HUCK LH “ew Se I) | cH Coc 3 woe NSO | O-H 5° exemplo: Determinar a geometria molecular do SF, tomo central: $ niimero total de ede valencia: 6 + (6x7)= 48 niimero de octetos: 6x8 e" = 48 niimero PL: 6 niimero PNL: 48 ede valéncia ~ 48 e” (6 octetos) = 0 NC ouNE:6 hibridagio do S: sp'd geometria molecular: octaédrica Angulos de ligagao: 90° Podemos observar que 0 enxofre no segue a regra do octeto. Referéncias bibliograficas ATKINS, B; JONES, L. Principios de quimica. Porto Alegre: Bookman, 2000. BROWN; LEMAG; BURSTEN. Quimica: a ciéncia central. 9. ed. S40 Paulo: Pearson Education, 2005. INDE, J. A. The development of modern chemistry. New York: Dover Publication, 1984, MAHAN, B. M.; MYERS, R. J. Quimica: um curso universitario, Si Paulo: Edgard Blicher, 1993. MASTERTON, W.; SLOWINSKI, £3 STANITSKI, C. Principios de ‘quimica. 6. ed, Rio de Janeiro: Guanabara, 1990. PARTINGTON, J. R. A short history of chemistry. New York: Dover Publication, 1989, RUSSELL, J. B. Quimica geral. Sao Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1994. v.le2 SLABAUGH, W. H.; PARSONS, T. D. Quimica geral. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Cientificos, 1982. nave InteracGes quimicas Objetivos: ‘Analsar e diferencia 05 tpos de interagdes quimicas, Relacionaralgumas peopriedades com as interagBes quimicas, 11.1_INTERACOES INTERMOLECULARES ~ FORCAS DE VAN DER WAALS As interacées intermoleculares sio responsaveis pela forga de coesto dos materiais. Por exemplo, qual é origem da forga que mantém unidas ‘um conjunto enorme de moléculas de agua no estado liquido, num copo de gua? A resposta é a forca intermolecular, que é de origem primor- dialmente eletrostatica. Nao deve ser confundida com ligacao quimica, jé que esta, além do fator eletrostatico, envolve a superposicao de orbitais atémicos. A liga- do quimica é muito mais forte que qualquer interacao intermolecular; de fato, de modo geral, as interacées intermoleculares so em torno de 20% menores (e ainda menores) do que uma ligacao covalente simples Assim, uma intera¢ao eletrostatica entre um anion e um cation é mais, forte ainda do que uma ligacao covalente e por isso é considerada liga- (40 inica, como ja vimos, e no uma interagao. Existem varios tipos de interagdes, devido aos varios tipos de espécies quimicas existentes e que diferem na magnitude da energia envolvida em cada uma delas. As interagdes que podem ocorrer entre diferen- tes espécies quimicas estao listadas a seguir em ordem decrescente de energia. 11.1.1 ~ fon-dipolo permanente Ea interagao eletrostatica que se verifica entre um cition e/ow um anion e uma molécula pol ar. Exemplo: quando dissolvemos NaC em agua (molécula polar), o cation s6dio e 0 anion Cé interagem com 0 dipolo da molécula de égua de acordo com as suas cargas elétricas (Figura 66). Em rrrmcoupAo Aouca gua, esse tipo de interac4o ocorre para todos os compostos iénicos {que se solubilizam nela. De fato, a energia responsavel pela dissolugao desse tipo de composto em agua se deve a esta interacio. Em agua, NaC&(s) se dissolve facilmente a temperatura ambiente, mas exige altas temperaturas para fundir. Podemos explicar a dis- solugao a partir da equac4o que relaciona a energia eletrostitica da rede cristalina com a constante dielétrica do meio, ¢,,n0 caso, a Agua. (0) Mole polar de Sous atria perum anion - a O * (©) Moléca polar de gua strié porum cation FFIGURA 66 ~ Interagio do tipo fon-dipolo permanente E, 228 ner em que Z'eZ> sio as cargas do cation e do anion; e2 &a carga do elétron (e) a0 quadrado; 60 comprimento da ligagao iénica; £, a constante dielétrica da agua = 80; e 4m sao constantes. E aalta constante dielétrica da agua que contribui para a dissolucio do NaC8. A interacio H,O ~ Na’ e H,0 ~ Ce, € forte, e, aos poucos, todos fons se encontram hidratados, ou seja, em solu¢ao, como mostra a Figura 67

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