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NO CUSTA NADA SER BOM

Deixou de ri, pra dizer: - Nunca deixe o rato torto Da inveja lhe roer Nem quebre a ponta do dente Da boca que lhe morder. No gaste a sua coragem Nem a sua fora em vo E nem tire da cabea Esta sublime lio, Fora tem quem se abaixa Pra levantar seu irmo. Esconda sua verdade E o seu pincel de vndalo, A vontade de dizer Por trs da casca do sndalo, Pois onde impera a mentira A verdade um escndalo. Se voc quer consertar O mundo que voc v Cambaleando perdido Na lama desse porque, Comece ajeitando ele Comeando por voc. Eu s fazia tremer, Escutar e concordar E meu rosto no espelho Explicando sem parar Explicando, explicando At parar de falar. s vezes eu fico pensando Que tudo foi armao Da minha boa vontade Ou da minha gratido Atrs de retirar mais doce Do tacho do corao. Se foi armao ou no, Se foi distoro de som, Se foi a minha vontade, Se foi meu talento ou dom O que foi deixa ficar. Eu vou tentar me ajeitar No custa nada ser bom.

No ms passado eu fiquei Branco, amarelo e vermelho, Tremi tanto que trinquei A bolacha do joelho Quando encostei meu rosto No rosto do meu espelho. Cada ruga do meu rosto Era uma ruga comprida E cada um dos buracos Que tinha na avenida Simbolizava um pecado Que eu tinha feito na vida. Eu que pensava que tinha A minha alma maneira Mergulhei de corpo e alma Nas algas da tremedeira Olhando para a imensa Extenso da buraqueira. Eu tremia tanto que No conseguia afastar O meu rosto do espelho E nem to pouco tirar A metade do meu p Do p daquele lugar. O mais incrvel de tudo que meu rosto tremia Em resposta pelo que A minha alma sentia, Mas s no meu natural No espelho ele sorria. Eu j nem imaginava O que ia acontecer Quando meu rosto no vidro Deixou de ri, pra dizer: - Voc pode ser melhor, S basta voc querer. Fiz das tripas corao E perguntei de repente: - Meu rosto, me diga como Eu posso ser diferente, Me diga que eu lhe prometo Ser melhor daqui pra frente! E novamente a imagem

(Antnio Francisco Teixeira de Melo, poeta popular)

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