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CAPITULO QUATORZE Quebrando o Ciclo Vicioso ESTAGIO TRES: CONTROLE DA ADICGAO O sujeito sabia que era um alcoslico; admitiu abertamente abusar da bebida Mas sera que o sacrificio de um tratamento valia a pena? “Entdo vamos fazer 0 seguinte”, disse ele. “Eu tenho uma proposta. Vou vir aqui durante seis meses. Se vocés me ajudarem a descobrir porque eu bebo, af eu paro. Nés nao aceitamos. “Desculpe, mas é imposstvel traba- Ihar com base nesta premissa. Se vocé continuar bebendo, qualquer progresso quea gente consiga ir pordgua abaixo”. Qualquer obsessao, compulsao ou adicgao maior é uma distragao macica, uma mensagem hipnotica que funciona vinte e quatro horas por dia. As adiecdes saio uma forma de auto-hipnose, uma espécie de feitigo lancado pela experién- cia da infancia perdida. Paraa pessoa anoréxica: “Vocé ainda nao perdeu bastante peso”. Para o dependente quimico: “Voce nao 6 nada. Vocé precisa de mais uma dose.” Para 0 trabalhador compuisivo: “Mostre como voce € capaz! Ter- mine mais uma tarefa.” Primeiro nés precisamos tirar a pes- s0a deste feitigo hipnético, desta distrago qua agarra; precisamos quebrar o ciclo. 210 Hipnose? £ sim. Em seus filmes, os Irmios Marx usavam ovelho método par criar um transe hipnotico ~ balangavam um relégio de bolso diante dos olhos do sujeito. A mesma técnica foi usada nos desenhos animados efuncionou com Zé Colméia, Patolino e Pernalonga. Repeticio. O ciclo vicioso quendsagoraconhecemos melhor, tem umalto poder hip tico por este mesmo motivo. Porisso, ocliente que esté presoaum proceso deadic' io deve entrar pelo menos numa abstinéncia temporatia, alas- tar-se do agente ou comportamento viciante, para poder comegar a recuperacao. Quando um paciente que nos procu- ra tem o alcoolismo como parte do seu comportamento co- dependente, nés ficamos felizes em trabalhar com ele, mas insistimos na abstinéncia. Se for preciso que ele seja hospita- lizado para uma desintoxicagao,que asssim seja. Nés apren- demos ques6 quando o adicto estiver abstémio ser possivel trabalhar em conjunto e fazer progressos. Se a pessoa conti- nuar na adiccdo, ambas as partes vao perder tempo. Nés avisamos novamente. Se vacé 6 um adicto ao alcool, drogas — qualquer dependéncia quimica — essa adiecaio deve ser interompida. Para sua seguranga, isto deve ser feito sob supervisiio médica. E necessario que vocé esteja “enxuto” ou abstémio. Isto é realmente essencial e cobre toda a vasta gama de adicsties, Distiirbios de alimentagao, devem ser levadlos a parada total. Um vicio sextial ou um caso extra-conjugal também deve parar. E verdade, muilas pessoas tentam “negociar”: “Se voce conseguir salvaro meu casamento vdarum jeito no meu marido/ mulher que esta insuportivel, eu prometo Jargar o/aamante.” ‘Quando um problema de compuisio ¢ ébvio, como o caso da dependéncia quimica, a linha diviséria é perfeita- mente visivel. Mas quando o problema éum relacionamento excessivamente codependente, a linha diviséria é muito va- ga. Noentanto, um relacionamento com fortecodependéncia 6 tdo prejudicial e destrutivo quanto a dependéncia quiimica Vocés lembram de Brad e Joan, o casal da famigerada exercicleta. Pois bem, no ano pasado, o Brad conseguit parar de ver a Joan durante trés meses. Nesse interim, ele progrediu de modo surpreendente, tanto individualmente ‘quanto na terapia de grupo; estava comegando a obter uma completa apreciago do seu mecanismo, estava enfim se recuperando. Aia Joan telefonou. Ele caiu na farra, como um. bébado recaido. Voltaram a ficar juntos, a brigar, e serem mutuamente abusives. Durante as seis semanas seguintes a terapia ndo saiu do lugar, o entusiasmo e a felicidade que estava sentindo foram se deteriorando. Até a sua aparéncia fisica ficou abalada. OS DEZ ESTAGIOS DO PROCESSO DE RECUPERAGAO 1. EXPLORAGAO E DESCOBERTA. Vocé vai explorar o seu passado e presente para descobrir a verdade a seu respeito. 2 HISTORICO/INVENTARIO DO RELACIOMENTO Vocé vai examinar e talvez reestabelecer os seus limites pessoais. 3. O CONTROLE DA ADICCAO Voré vai conseguir tomar conta das suas adicgdes compulsdes e tomar as primeiras providéncias para ser ‘o seu mestre. 4, SAINDO DE CASA E DIZENDO ADEUS: Vocé vai fazer as despedidas necessarias a cura. Vocé pode achar que ja fez isto ha anos atras. Provavel- mente nao o fez. 212 5, CHORANDO AS SUAS PERDAS ‘A magoa esté no fundo da nossa curva, ¢0 funde de pogo das nossas emogdes e sentimentos, mas ela significa também o comeco da nossa subida. E como se ‘9 dentista acabasse o trabalho da broca. Vocé sabe que fle ainda nao terminou, mas o pior ja ficou para atrs. | 6, NOVAS AUTO PERCEPGOES | Vocé vai obter percepsées inéditas a seu vespiio | vai poder tomar novas decisées. Nesteestagio voceabre os othos e vé tudo, tudo! | 7. NOVAS EXPERIENCIAS ‘Asnovas vivencias vao construir uma base de apoio para as decisées que vocé acabou de tomar. 8, REFAMILIA ‘Através do seu envolvimento naquilo que chama- sir 0 passado mos de refamilia, ser possivel recons! construiro presente ¢ 0 futuro, “Voce vai fazer um balango dos seus novos e revigo rados relacionamentos pessoais. 10. MANUTENGAO- Voce vai cmbarear num programa de mantit 16 para que voce, pelo resto da sua vida, nunca mais verca | 9, RESPONSABILIDADE DO RELACIONAMENTO | onimo. | ——————— ‘Acurva da codependéncia nao se limita apenas. stunides em andamento. "A pessoa solteira que pensa em se casar alg Iiteralmente,prevenir wm futuro fracasso no casamento. nupeial. Pes dia, pode, rarissimo vocé ver um casal fazendo terapia pr esperam até quie o casamente Figue insuportas ete chero de amarguras, para entdo procurar aconselhamento como tilti- ‘mo recurso. No entanto, em muitos casos, os casamentos poderiam ter sido infinitamente mais doces, se pudéssemos pincar o problema em formacao. Se vocé ainda nao se casou, mas pensa em fazé-lo um dia, trate todo este material a respeito, com o mesmo cuidado que as outras formas de ajuda. Porque, veja bem, para curar um. casamento, voce deve se curar primeiro. Isso pode ser feito antes ou depois do casamento. Vocé pode utilizar para si as informacdes sobre a relagao conjugal, do mesmo modo que utilizaria outra iniormagao para outro fim. Como Brad e Joan nao chegaram a um casamento com todas as letras, foi possivel aconselharmos a separagio para beneficio de ambos. Mas quando a mulher e 0 homem sao esposa e marido pela lei, ou cristaos que evitam 0 divércio por motivos religiosos, o quadro fica negro com extrema rapidez. © nosso aconselhamento deve ser feito sempre sob me- dida. Para nés nao pode haver rotina ou comportamento padronizado, Existem varios modos de abordar 0 casal. “Niés estamos felizes de trabalhar com voces, mas perce- bemos que voces estao fechados num emaranhado codepen- dente que é muito doentio. Voces nao amam por escolha, e sim por necessidade. A no ser que voces possam proporcio- nar a si mesmos um certo tempo fora disto para desacelerar, comecando a construir novos e saudaveis limites, a adicgio miitua de voeés vai atropelar qualquer processo de psicote- rapia. Ea menos que vocés se proponham a um progresso curativo, a univio de vocés vaicontinuarinsatisfeita, frustrada e espirituaimente improdutiva." Em quecoisaestarfamos pensandoao aconselhar “tempo fora"? A teoria é quebrar o viclo vicioso, custe 0 que custar. A pratica pode tomar varias formas. propésito é sugerir limites especificos para que 0 casal cologue amor no capago criado entre cles. Sem esses espacos eles nao podem comecar as suas recuperagies individuais, 214 ESTABELECENDO LIMITES Em casos extremos (como por exemplo se Brad ¢ Joan fossem casados) onde marido e mulher esto figurativa ou literalmente se engalfinhando, nés sugerimos uma separagao de corpos temporaria, Nos perigosos casos de abuso fisico, esta é a primeira providéncia necessiria, Esta sugestiio nto tem nada a ver com os preparativos de um divéreio. Ao contrario, estamos apartando aqueles dois circulos ponti- Tados para que o tempo faga deles dois circulos inteiros, ou algo bem prdximo. ‘A codependéncia pode ser viciosa sem chegar a ser fisi- camente abusiva. Acusacées, dedos que apontam, cargas de culpa miitua to intensas que e preciso elaborar um método para que as duas pessoas fiquem, cada uma no seu canto. Ao mesmo tempo, nés incentivamas ambas as partes de per si, a se tornarem safos nas descobertas e na reforma da base do bolo, seguindo as dez etapas da recuperacio. Para conseguir realizar esta faganha, nds costumamos impor certas diretrizes que condicionames & continuagao da terapia. Aqui mais uma vez, as decisdes e agdes t8m que ser sob medida para cadacasal..A pattir dai procuramos detectar algumas ligacées codependentes que precisam ser interrom- pidas. Classificamos aqiti alguns limites que podem ser titeis se ocasal est em pé «le guerra e quer voltar a ter um casamento responsdvel. A medida que for progredindo, 0 casal poderd sair de uma fronteira para outra. Uma Breve Separagito Residencial, Temos um casal que est agora em aconselhamento. Por um lado se agarrant demaise por outro sao extremamente abusivose nao medem as palavras que trocam. Nés sugerimos uma separagao den tyo da propria casa, de modo que cada um pudesse ficar sozinho durante o tempo suficiente para dar inicio a recupt~ ragio Invariavelmente, um dos parceiros acabava perseguin- do o outro pela casa, exigindo em altos brados que as quostdes fossem iliscutidlas e resolvidas. Sé quando um deles 215

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