Você está na página 1de 1

Caem repentinamente do cu em abundncia e grande agitao.

Descem disputando espao nos ares e logo chocam-se no asfalto empoeirado Refrescando as rachaduras das estradas e tomando-as inteiramente. Ploc, ploc, ploc, ploc, ploc. Ouo o rudo fresco da chuva sobre o telhado. Sinto o cheiro de terra que acabou de ser molhada A brisa fresca que entra sorrateiramente no quarto Penetrando em minha coberta, eriando-me a pele. Acaricia minhas narinas e esfria meus pulmes. Ento me encolho como quando me encolhia no ventre de minha me. Posso sentir, apesar da cobertura, as suas gotas atravs de cada estalido. Elas sapateiam, tranquilamente, ditosas em meu telhado Algumas so belas em seu entusiasmo e outras formosas em sua lentido. Todas elas so alegres, serenas e rodopiantes. Os pequenos pedaos de gelo batem ritmadamente. Saltam de telhado em telhado como se cada um fosse uma tecla de piano. Nunca desafinam. Nunca ouvi uma chuva desafinada. _
Alain Soral

Você também pode gostar