Você está na página 1de 12
0 acompanhamento arqueoldgico de obras: uma intervencao muito prépria* ANTONIO MANUEL S. P. SILVA** RBS DMO artigo analisaa problemérics da“acompanhamenta arquealgico” das abras enten ido comoum tipodeineervensao arqucol Jcnespocticadotada de metosologia pripria. Com hase na expetitncia do Gabinete de Arqucologia Urbana da C. M. Port, indica-se 6 papel do*acompantamenta no processo de avaliagaoou slvaguanda de vetigio ques logis, exemplificando-ye com a metadologia empregue no aeompankamento de obras estensivas.Reflectesesobre as esponsabilidades dos arqueblogos ede outros écnicosmes cas accdes de salvaguarda do parriménio culeual de maseizarquecl6gica ABS TRA CT Theanicleanulyzes the problematic one ofthe “archaeological accompani+ mene” of che workmanships, underscood as a cype of specific archaeological incervencion sralawed with proper methodalogy.On the basisof the experience ofthe Cabinet of Urban Acchacology ofthe CM. Ports indicates the paper oF ie "aecammpanimen* in the eal acion process or safeguards of archaeological vestiges, exemplifying with he methowology ‘use inthe accommpanimenc of extensive workmanshipe. Refleete on the responsibiicies oF ‘he archaeologists and others technician in these shares save of che ultra leritage of archacolagical mai, ( significativo incremento da acti nadamente nas vertences da arqueologia comercial, das intervengdes urbanas ¢ nos trabalhos de avaliacto e minimizacao de impactes arqueolégicos de grandes abras, cem vindo a destacar a importancia do acompanhamento arqueoligice de obra (adiante designacio por AA) como uma acrio muito corrente. Todavia, apesar de to disseminado, 0 AA nao dispde ainda nem de adequado enguadra- mento legal nem, téo pouco, de uma fundamentagao téenico-metodologica segura. Verifica-se com frequéncia que cada arquedlogo, empresa de arqueologia ou promotor fazem do AA um entendimento subscancialmente diference: a obra que para uns exige acompanhamento didtioe permanente, para outros “acompanha-se” através de simples visitas periddicas; o trabalho para o ade arqueolégica em Portugal na tiltima década, desig sms deine 9 459 qual alguns reclamam uma equipa de pelo menos duas pessoas e um conjunto de meios de registo especificos, pode ser feito por outros apenas de maquina forografica a0 ombro. Esta diversidade de aticudes e abordagens nao refleete necessariamente distintos standards de execucdo profissional ou apenas o maior empenho € miniicia de alguns arqueslogos em rela- fio a outros, Na realidade, e como temos vindo a verificar a partir da experiéncia do Gabinete de Arqueologia Urbana (GAU) da Camara Municipal do Porro, estavariabilidade metodol6gicaresulta do proprio processo empfrico pelo qual o AA rem vindo a fundamentar-se ¢ a aprofundat-se tec- O enquadramento legal Desconhecemos de quando dataré o primeiro AA realizado no nosso pais, mas entre a sim- ples observagao, mais ou menos casual e casuistiea, de vestigios arquealégicos durante trabalhos agricolas ou numa vala de obra pata construgio ou infra-estrucuras de sancamento!,aré ao acom- panhamento sistematico edevidamente documentadodeumdadoempreendimento, vai oextenso caminho que leva do achado ocasional aos designados trabalhos arquealigicos, enquadrado pelas mais diversas circunscincias e intervenientes. A Lei que estabelece as bases da politica e do regime ce proteegiio e valorizagao do parrims- nio cultural (Lei n.° 107/2001, de8 de Setembro) dedica o seu Capitulo I (artigos 74.° a 79.°) a0 patriméaio arqueoldgico, nao fazendo a minima alusio, codavia, a nocho de AA. A expresso “atqueologia preventiva” é utilizada, sem maiores precisoes, a propésito do ordenamento do tet ritorio ¢ obras (Art.° 79.°), enquanto na definicdo de “traballios arqueolégicos” (Art.° 7.2) ape- nas se tipificam ¢ descrevem as acgbes de escavagiio e prospecgao. © Regulamento de Trabalhos Arqueoldgicos (Dec-Lei n.° 270/99, de 15 de Julho} cambém, nilo menciona o AA, quer na definigao de trabalhos arqueoldgicos {Are.° 2°), quer mesmo entre as diferentes categotias de trabalhos arqueolégicos (Art.° 3.°). Por certo, 0 AA insere-se ordinari- amente na “Categoria C”, que enquadca as “acces preventivas a realizar no ambito de trabalhos de minimizacio de impacces devidos a empreendimentos piiblicos ou privades, em meio rural tarbano ou subaquiico” (Ibid). io da figura de AA nos grandes instrumencos legais que enquadram a arqueologia ‘em Portugal poderd cer origem, precisamente, nas dificuldades da sua definicdo. O AA cem uma ‘componente de prospeciio arqueolégica, uma vez que implica uma permanente atencio ao terreno ou as construgdes que estdo a ser afectados; mas inclui também uma vertente de arqsteologia de emergencia, pois a todo o momento podem ocorrer vestigios que obriguem a uma ordem imedi- ata para patat a recro-escavadoraa fim de que se avalie o achado, De certa maneira, podemos dizer que 0 AA se traduz por uma observagio arqueoligica sobre uma escavacio ou demolicio que nio & efectuada directamente pelo arquedlogo, mas que a este compece controlar da melhor forma que seja possivel © papel do AA no processo de avaliacao arqueolégica ‘OAA deve ser entendido, antes de mais, como uma intervencaoarqueoldgica propria, dorada de metodologia especifica, ¢ nao tanto como expresso de uma acedo arqueologica light, ou mini malista, em plano inferior & pratica da escavacao arqueologica. O objectivo do AA é 0 de detectar, 460 cena due ae 285 948

Você também pode gostar