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Outonal Florbela Espanca Do livro Charneca em flor

OUTONAL

Caem as folhas mortas sobre o lago; Na penumbra outonal, no sei quem tece As rendas do silncio... Olha, anoitece! - Brumas longnquas do Pas do Vago... Veludos a ondear... Mistrio mago... Encantamento... A hora que no esquece, A luz que a pouco e pouco desfalece, Que lana em mim a bno dum afago... Outono dos crepsculos doirados, De prpuras, damascos e brocados! - Vestes a terra inteira de esplendor! Outono das tardinhas silenciosas, Das magnficas noites voluptuosas Em que eu soluo a delirar de amor... Prpura = cor vibrante vermelho-escura, tendente para o roxo substncia corante,
vermelho-escura; tecido vermelho, tingido com essa substncia [Era muito valorizado na Antiguidade e na Idade Mdia, dava status e era smbolo do poder real e eclesistico; vestimenta dos reis.

Damasco = tecido de seda ornado, em alto-relevo, com fios para cetim ou tafet,
originrio da cidade de Damasco (Sria); adamascado. Brocado = diz-se de ou tecido de seda com largos relevos bordados a ouro e/ou prata

- Soneto - Funo emotiva - O ttulo alude a uma estao corrente entre o vero e o inverno, poca de colheita, perodo da vida que se encaminha para a velhice.

- Exclamaes e reticncias - Eu-potico observador - Efeitos do poema em mim: lembranas, relembranas, saudades, imaginaes, sensao de entrefases, lugar contnuo do ser.

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