PLEN Escola Waldorf Histria da Arte 9 Ano Prof.

.:Aroldo Dias Lacerda Data: 11/02/2014 GRUTA DO MAQUIN Joo Guimares Rosa
A gruta de Ali-Bab ainda existe, graas a Deus, ainda existia, quando eu disse: Abre-te, Ssamo!..., na fralda da serra, e fui entrando, deixando c fora tambm o sol, a meio cu, querendo entrar... Bafio quaternrio. O preto da imensa noite, anterior ao mundo, com pesadelos agachados e pavores dormindo pelos cantos, enrolados nas caudas de gelatina fria, vem comprimir o peito e os olhos. E ao acendermos as velas e as lanternas, a treva se retrai, como um enorme corvo, das paredes paleozicas, salitradas. Subterrneos de Poe, sales de Xerazade, calabouos, algares, subcavernas, masmorras de Lus XI, respiradouros do centro da terra, buracos negros, onde as pedras jogadas no encontram fundo, como pesadelos de um metafsico... Flores de pedra, cachoeiras de pedra, cabeleiras de pedra,
(Poema de Joo Guimares Rosa. In: MAGMA. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997).

moitas e saras de pedra, e sonhos dgua, congelados em calcrio. Andares superpostos, hieroglifos, colunas, estalagmites subindo para estalactites, marulhos gotejando das pontas rendilhadas: Plein!... ritmos do Infinito... Plein!... e sculos medidos por milmetros... No falemos, que as nossas vozes, baas, recuam espavoridas das galerias ressumantes, das reentrncias de um monstruoso caracol... Rastros de ursos apeleus e trogloditas, candelabros rochosos, lustres pendentes de ogivas, e a viso de Lund, sorrindo, sonhando com fmures de homens primitivos, com megatrios e megalodontes... Mas preciso sair. J a hora da noite deslizar para fora da furna, e subir, desenrolando as voltas de pton ciclpico, para encaixar todos os anis, na altura, com milhes de escamas fosforescendo e o enorme olho frio vigiando...