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VIKTOR LEINZ SERGIO ESTANISLAU DO AMARAL sumario Preficio da i1.* edigao .. XII Prejacio da 13 edicao xv INTRODUCAO Subdivisio e hist6rico da Geologia ... 3 I — A Terra em conjunto e a litosfera A Terra em conjunio: Forma — Densidade — Volume — Massa — Gravidade c isostasia — Constituigio interna do globo terresire — Propagacio de ondas sismicas — Meteo- ritos — Temperatura no interior da Terra — Magnetismo terrestre — Idade da Terra — Importancia dos isétopos nos estudos geoldgicos .. it A crosta: Constituigio litoldgica da crosta externa — Consti- tuigdo quimica da crosta.......-.-.---+ 28 Bibliografia ............. 31 Il — Mimerais ¢ Rochas Generatidades: Mineral — Rocha .. is ns Minerais: Propriedades fisieas dos minerais — Propriedades Gpticas — Propriedades quimicas dos minerais — Os prin- cipais minerais . oo eee 33 Rochas: Rochas magméticas — Condigdes geoldgicas — Rochas sedimentares — Rochas metamérficas .. 40 Bibliografia i 52 DINAMICA EXTERNA 1 — Intemperismo Generalidades 55 Desintegragdo fisica: Variagéo da temperatura — Cristalizagao de sais — Congelagdo — Agentes fisico-biolégioos ...... 37 Decomposigao quimica: Decomposi¢ao por oxidacio — Decom- posigéo pela redugio — Decomposicio por hidrdlise e hidrataeZo — Decomposic&o pelo dcido carbénico — Disso- lucao eee ee Decomposigao quimico-biologica . Formagio do solo : a sees Alguns dados sobre decomposigio quimica de rochas do Brasil Bibliografia ............ We oer TV — Agua Continental no Subsolo Generalidades A marcha da dgua ae es Weece a! 2 det aneSmane Agua subterrnea: Atmazenadores da Agua subterrinea — Mo mento da agua subterrinea — Aproveitamento da agua subterranea — Fontes — Proptiedades da dgua subierranea Cavernas e dolinas = or Solijluxao Bibliografia . V — Aguas Continentais de Superficie Rios: Generalidades — Erosio fluvial — Fases de um tio — Cachoeira Veo eee Transporte de material pelas correntes de dguas: Transporte de material em soluggo — Transporte de material em sus- pensio mec&nica e coloidal — Transporte de material por arrastamento e por saltos . . e Agua de escoamento imediato Sedimentacao ftuvial Deltas a Denudagao Formas erosivas Bibliografia VI — Atividades Geol6gicas do Vento Caracteristicas do vento... ieee eco eee e neues Efeitos diretos do verte: Efeitos destrutivos — Efeitos ‘transpor- tadores — Efeitos construtives . Regides dridas: Drenagem — Lagos desérticos Bibliografia es 60 65 1 3 cj 102 107 110 114 116 119 122 123 125 134 138 Geleiras: Origem das geleiras — Neve — Geleira — Tipos de geleiras — Temperatura do gelo — Movimento das geleiras — Ablagao - Eroso © deposi Depésites glaciais: Tilito — Sedimentos fluvioglacisis — Var- vitos Formas topogréficas resultantes da acao do gelo Tecrias sobre a glaciagac: Argumentos geograficos — Argumen- tos geofisicos — Argumentos asironémicos — Argumentos césmicos < Glaciagato e isostasia Glaciagées pretérita Bibliografia Glaciagées na América do Sul VII — Atividades Geolégicas do Mar forma continental . eee Agua do mar: Sais — Gases — Temperatura — Luz |. RegiGes marinhas: Regido litoranea — Regio neritica — Regio batial — Regido abissal Atividades destrutivas do mar: Ondas — Marés — Correntes marinhas — Erosio marinha ..... Atividades construtivas do mar Componentes ‘cldsticos = Componentes de origem iGnica — Componentes de origem orginica — Zona neritica — Zona batial, abissal ¢ pelésica — A velocidade de deposigio ; Bibliografia Generalidades: Arca ¢ tepografia do fundo ooeénico — Plat IX — Atividades Geolégicas dos Organismos Generalidades ... Carvaéo: Introdugéo — Constituigdo dos depésitos carbonosos — Componentes do carvio — Processos geolégicos na formagZo do carvao — Qualidade do carvao para o uso industrial — Carvao ne Brasil e no mundo .- Betume: Constituigao do betume — Origem do betume — Procura do petréleo — Sedimentos pirobetuminosos — Petréleo no Brasil — Petréleo no mundo ¢ no tempo geoldgico BIDUOR ON per cae rep cen no TRUE athe 139 150 154 156 157 160 160 165 167 173 178 179 186 203 205 206 217 234 DINAMICA INTERNA Introdugao Xx — Magma Generalidades é bas S 3 Caracteristicas do magma: Constituigio do magma — Tempe- ratura do magma — Viscosidade do magma — Elementos voléteis do magma — Resfriamento do magma me Diferenciagic magmitica: Imiscibilidade de liquidos — Migra- eo da fase flvida — Diferenciacto gravitativa — reneiago por conveccao — Diferenciagio Ba filtraggo © prensagem. . Assimilaciio Bibliografia XI — Vulcanismo Generalidades «0... 0010 +++ +2000 ee ee eeeee O edificio yulednico: Forma ¢ constituigho dos edificios vulca- nicos — Altura das montanhas vulcdnicas — Cratera — Caldeira Tipes de atividades pulednicas: “Alividades iniciais — Atividade de ejegao ¢ derramamento de lava: atividades rftmicas — Atividade vulcaniana — Lagos de lava — Efuséo lenta — Nuvens ardentes — Erupgao linear — Erupgao subma- tina. ae : ease heey Materiais produzidos pelas atividades yulednicas: Lava — Mate- ial pirocléstico — Exalacées de gases vulcanicos ... Géiseres: Mecanismo do funcionamento do gtiser . . ¢ yulednicas famosas: Erupgio do Vestvio, |. C. — Erupeo do Krakatoa, em 1883 — Erupcao do Monte Pelado, em 1902 : nites Distribuicto geogrdfica dos vulcdes Origem das atividades vulednicas ividades vulednicas no Brasil Bibliografia ... XIL — Plutonismo Generalidades Ui Saataia spaeetia ferences Formas das intrusdes ou ‘plidtons: Formas concordantes — Formas discordantes ......- see 237 239 239 246 247 249 251 252 256 266 276 219 281 281 285 291 295 293 ee Relagao dos batélitos com tectonica ¢ orogénese . w. 299 Estrutura interna dos plutons: Fenémenos endogenéticos — Estrutura fluidal — VariagGes texturais de granulagio .. 300 Diaclasamento .. : 302 Bibliografia 303 XIII — Terremotos Generalidades Pe ER e805 Alguns terremotcs célebres e seus efeitos... aS eT Efeitos geoldgicos dos terremotos . 310 Causas dos terremotos: Desmoronamentos internos superficiais — Causas yulcdnicas — Causas tectonicas ............ 312 Intensidade dos terremotos ....- 317 Ondas sismicas: Ondas P — Ondas s - - Ondas L 320 Determinagio do epicentro . 322 Distribuicdo mundial dos terremotos . 324 O interior do globo terrestre . 327 Abalos sismicos artificiais . fats Bios S52. inh leoured nase ia Nia ae a eae see eee aasere 333 XIV — Epirogénese ‘Generalidades 335 Evidéncias da epirogénese: Evidencies diretes — Evidéncias indiretas ...... beeee : 336 Epirogénese ¢ morfologia . 339 Epirogénese e sedimentagdo 340 Teorias epirogenéticas 340 Bibliografia 343 XV — Perturbagdes das Rochas Generalidades : weak 345 Estruturas nao-perturbadas ns 345, PerturbaeSes atectonicas 346 Perturbagses tecténicas: Generalidades — Inclinagio das cama- das — Didclases — Falhas — Dobras ................ 349 Discordancias 364 Bibliografia 366 XVI — A Origem das Montanhas ¢ Teorias Geotectnicas Generalidades Montanhas de origem yulctnica .. Montanhas produsidas por disseeapio erosiva de planalto . Montanhas produzidas por falhamentos ....... 369 Montanhas produzidas por dobramentos ...... 370 Geossinclinal: Velocidede da formagio de um geossinclinal — Consideragdes gerais sobre os geossinclineos ...... 372 As causas ¢ origens das foreas orogenéticas: Teoria da contra- — Teoria das correntes de conveccao — Tect6geno — Teoria das translacao dos continentes — Teoria da tecténica de placas . s Cielos orogenéticos .. Fenémenos magmdticos . Bibliografia .: Indice remissivo ‘© presente prefiicio € quase a repeticio ipsis linteris do prefacio da edigio anterior, tendo-se em vista a continwidade dos tra- balhos de revisio, atualizacdo, correcdo € melhoria do texto. Assim sendo, esta nova edigao da Geologia Geral vem mostrar que 0 estude das ciéncias geol6gicas em nosso Pais prossegue num ritma intenso, tal a rapidez com que se esgotaram as edigGes anteriores. Este fato & altamente auspicioso para aqueles que se interessam pelo am: durecimento intelectual do nosso povo, pois reflete a curiosidade cientifica da juventude universitéria, seja por parte dos futuros gedlogos, scja pelos estudantes para os quais a Geologia representa uma cigncia auxiliar. Nos dias de hoje, 6 conhecimento geolégico j4 se tornou imprescindivel ao nosso Pais, nos mais variados ramos tecno- légicos, tanto na sua aplicacgio direta, que 0 geélogo desempenha, como na complemen- taco as funcGes exercidas pelo engenheiro, pelo agrénome, pelo gedgrafo ¢ outros. Diversas melhorias foram introduzidas em alguns capitulos, além da atualizagao de varios dados referentes a0 consumo de combustiveis. Algumas ilustragGes foram modificadas, € outras ainda foram acres- cidas. Os Autores, juntamente com a Compa- nhia Editora Nacional, agradecem & Funda- gio de Amparo A Pesquisa do Estado de Sio Paulo pelo substancial apoio financeiro Prefdcio da 11.% edicgao destinado 4 melhoria das ilustragdes, sendo assim possivel a elaboraciio de novos dese- ahos ¢ a obtencio de novas fotografias que tanto melhoraram a presente obra, Agrade- em ainda 0 trabalho do Prof. Dr. Othon Henry Leonarpos, grande amigo, que com ‘boa vontade leu e criticou a presente obra na sua integra. © segundo Autor extema os seus since- ros agradecimentos 20 douto e erul colega Benjamim Bley Brito Neves pela cuidadosa ¢ criteriosa revisio do texto refe- rente a geossinclinais ¢ teorias orogentti- eas, que tanto melhorou e atualizou este livro. Agradece também ao colega e grande amigo Prof. Dr. Faustino Penalva, que hé varios anos vem colaborando na correcio do texto, quer na forma gramatical, quer em diversos t6picos geolégicos, que tanto vém melhorando estas tltimas edicoes. Aos prezados colegas Prof. Dr. Ereflio Gama Tinior e Rosemarie Rohn, da UNESP de Rio Clara, os meus agradecimentos pela revisfio dos capftulos referentes ao petroleo e discordancias, Os Autores aproveitam a oportunidade para apresentar congratulagdes & Compa- nhia Editora Nacional pela divulgacda da cultura, em geral, que 0 povo brasileiro vern recebenda dessa entidade. Victor LEINZ SéxGio E. Do AMARAL A ELABORAGAO DESTE TRABALHO teve a finalidade de preencher, pelo menos parcial- mente, uma lacuna que se vem observando de hé muito em nosso meio. Qs principios gerais de Geologia, desta ciéncia interessante ¢ que tanto se tem de- senvoivido de um século a esta parte, tém sido relegados a um plano secundario. no Brasil, 2 nfo ser muito recentemente, gra- cas a importéncia para nés do petrdleo, do ferro, da Agua subterranea, etc. As jazidas petroliferas presentemente conhecidas no Pais ainda so de pouca monta, mas a es- peranga de novas descobertas tem estimu- Jado, sem duvida, o estudo da Geologia. © que se tem escrito, entre nés, sobre Geologia Geral, com o fim de se difundi- rem nogGes fundamentais, € muito pouco. Neste século somente quatro compéndios foram publicados, todos de dificil aquisi¢ao por ja estarem esgotados, Citd-los-emos em ordem cronolégica: ha mais de quarenta anos apareceu um pequeno livro chamado Geologia Elementar, de C. BRANNER, © pri- meiro texto de nivel cientifice surgido entre ngs, Posteriormente publicou-se ainda a obra péstuma de Betim Pats LEME, Historia Fisica da Terra, de grandes tragos. A seguir, a grande obra de Avelino Inacio de Ou1vet- RA €O. H. LEONARDOS, Geologia do Brasil, jé esgotada ha anos ¢, finalmente, nos ul- timos anos, Geologia Estratigrafiea, de D. Prefécio da 1.4 edicao Gummaries. Com isto enumeramos pratica- mente todas as obras ligadas 4 Geologia Ge- ral, de cardter original € de nivel superior, constituinde, 0 conjunto destes trabalhos, uma bibliografia muito limitada. Apesar do grande ufanismo, pouco conhecemos deste grande pais, Brasil, do ponto de vista da Geologia Econémica e ainda menos da Geo- logia Geral. Mas o interesse para o campo da Geologia para as ciéncias da terra esta despertando, ndo s6 nos circulos governa- mentais e econémicos como principalmente na nossa juventude universitaria. A Geologia Geral que ora apresentamos, além de proporcionar conhecimentos funda- meniais aos interessados e estudiosos, vem ampliar os conhecimentos que se podem adquirir nos compéndios acima citados, com contribuigdes mais atualizadas. Os estudan- tes brasileiros tém sido obrigados até agora a aprender em livros de lingua estrangeira e, principalmente, de termos nfo-especificos do Brasil. Procuraremos, assim, ajudar a organizar uma Geologia Geral bascados tanto quanto possivel em exemplos brasileiros, em boa parte originais, Também no arranjo ¢ ajuste dos assuntos tentamos encontrar solugdes que mais se aplicassem as condigées geolo- gicas do Brasil. No uso da terminologia se- guimos 0 Vocabuldrio Geoldgico, de Lenz MENDES, ¢ tentamos uniformizar a termi- nologia geologica nascente entre nés. O tex- to é condensado, mas pensamos completé-lo com as intimeras ilustragdes que 0 acompa- nham. Numerosas falhas porventura cxisten- tes so naturais num empreendimento pio- neiro deste género, ‘A Geologia ¢ uma ciéncia complexa e ele- vada, 4 qual a Matematica, a Astronomia, a Fisica, a Quimica ¢ a Biologia vém trazer scus respectivos subsidios, Nao se infere dai que o gedlogo & um conhecedor profundo dessas matérias, mas sim que deve conhecer 08 seus fundamentos, utilizando-se mais dos efeitos que das causas dos fenémenos rela- tivos aquelas ciéncias. Eis um exemplo: a Metcorologia (ramo da Fisica) estuda mi- nuciosamente os ventos, nas suas causas, classificagdes efeitos sociais, as vezes de- sastrosos para o homem diretamente, a0 passo que a Geologia se interessa quase ¢x- clusivamente pelos seus efeitos sobre as rochas. Resta-nos agradecer a todos que nos aju- daram nesta tarefa, quase todos colegas do Departamento de Geologia ¢ Paleontologia da Faculdade de Filosofia, Ciéncias ¢ Letras da Universidade de Sao Paulo, como os Pro- fessores Doutores Ruy Os6rio de FREITAS, Reinholt ErLert ¢ Alfredo J. S. BsoN- BERG; ao Prof. Dr. Milton E. do AMARAL, pela leitura ¢ corregao do texto; a gedloga Brigitte SaLtentien, pela ajuda na organi- zagio: a D. Dirce de ABREU, secretiria do Departamento, pela dedicacdo incansdvel, ¢ ao desenhista Ant6nio MONTE na execugio dos intmeros desenhos. Aos membros da ‘Campanha de Formagiio de Geélogos do Mi- nistério da Educacdo e Cultura, como os Professores Doutores Jurandir Lopi, Aveli- no I. de Ortvera, O. H. LEONARDOs € S. Frois ABREU, pela ajuda financeira e pela grande obra de estimular ao maximo o de- senvolvimento das ciéncias geolégicas. E por fim, mas no por ultimo, 4 Companhia Edi- tora Nacional, por mais esta obra dedicada cultura brasilcira. Vigor Lemnz SéRGio E. DO AMARAL So Paulo, 30 de junho de 1961 Subdivisao e histérico da geologia As cigncias geol6gicas certamente origi- naram-se das civilizagdes mais antigas, que sofriam os efeitos dos terremotos, observa- vam as atividades dos vulcdes, contempla- vam 0 trabalho incessante das ondas ¢ dos mananciais de gua, e sem divida sentiam- se curiosos pela explicagaio de tudo aquilo que viam. Observavam, igualmente, as con- chas marinhas no alto das montanhas, os minerais de formas regulares ¢ geométricas, e assim as observagdes aos poucos se foram avolumando e, com elas, os problemas rela- livos a Terra em que vivemos. Muito embora neste tltimo século tenha sido consideravel 0 progresso do conheci- mento dentro do ambito da Geologia, sio muitos os problemas ainda a serem resolvi- dos, mormente os que dizem respeito as for- aS que soerguem ou que amarrotam vastos trechos da crosta terrestre. Outros proble- mas provavelmente permanecerao para sem- pre no dominio das hipéteses ¢ da especula- Gao, tal seja, o da origem da Terra e do Universo. Por outro lado, com © aumento geometrico da demanda dos produtos da terra, 0 conhecimento ¢ 0 trabalho de pes- quisa sobre a erosta terrestre nos seus mais variados aspectos vém aumentando em pro- porgdes talver paralelas Assim € que a procura dos combustiveis fdsscis, dos minérios de uranio e de trio (energia nuclear), dos fertilizantes mine- tais, € de outros minérios meidlicos ¢ nfio- metdlicos exige 0 conhecimento pormeno- tizado dos processos de sua formagio, do tipo de rochas relacionadas, da época em que se teriam formado, e ainda o conheci- mento da quantidade provavel cxistente. Nao menos importante é a Geologia no Am- bito da Engenharia, sobretudo na constru- cio de tineis, barragens, nas fundacdes que deverdo suportar grandes cargas, e, também, no estudo dos deslizamentos por vezes ca- tastrficos, que podem sepultar grandes reas e que dependem da natureza do solo e das suas condigdes de estabilidade. Subdivisio da Geologia. — O termo Geo- logia vem do grego ge, que significa terra, ¢ logos, palavra, pensamento, ciéncia. A Geologia, como ciéncia, procura decifrar a histéria geral da Terra, desde 0 momento em que se formaram as rochas até o pre- sente. Um conjunto de fenémenos fisicos, quimicos, fisico-quimicos ¢ biolégicos com- poe © seu complexo histérice. Distinguimos dois aspectos nesta ciéncia: a Geologia Ge- ral ¢ a Geologia Histérica. A Geologia Geral on Dindmica & 0 estu- do da composigio, da estrutura ¢ dos fe- némenos genéticos formadores da crosta terrestre, assim como do conjunto geral de fendmenos que agem ndo somente sobre 2 superficie, como também em todo o inte- rior do nosso planeta. Duas diferentes fon- tes de energia agem sobre a crosta terrestre. Uma delas provém do Sol, que age direta ow indiretamente. Gragas a esta fonte de energia é que se escultura a superficie do globo, constantemente modificada pelas Aguas, pelo gelo ¢ pelo vento, acionados pela eneegia solar conjugada com a forca gravi- tacional. A este conjunto de fenémenos dé- se onome de Dindmica externa. A segunda fonte de energia provém do interior da Terra, formando ¢ modificando sua compo- sicdo © estrutura. A Dindmica interna trata destes fenémenos. Estas duas fontes agem independentemente, havendo, contudo, efei- tos intimamente reciprocos entre ambas. A Geologia Histériea estuda ¢ procura datar cronologicamente a evolugao geral, as modificagdes estruturais, geogrificas e bio- Iogicas ocorridas na historia da Terra. A seqiiéncia e a cronologia des acontecimen- tos € evidenciada pelo estudo da estratigra- fia. A paleogeografia tenta sintetizar a con- figuracao dos continentes ¢ dos mares do passado, assim como a distribuigao pretérita da vida ¢ dos climas. Assim, a Geologia Histérica telaciona-se ao tempo, @ €poca, enquanto que a Geologia Dinémica geral- mente nao cogita destes fatores. A Geologia Ambiental consiste no estudo dos problemas geolégicos decorrentes da telagdo que existe entre 0 homem e a super ficie terrestre, assunto cuja importéncia vem crescendo dia a dia nestes tltimos anos. As alteragdes do ambiente onde vivertos, pro- vocadas pelas atividades humanas, extra- poladas para um futuro muito proximo, de- terminardio condigées. inadequadas a exis- téncia da raga humana. A agressdio ao am- biente & miltipla, afetando os seres vivos € 08 inanimados. Assim € que 2 devastacZo das matas vem acelerando 0 proceso da crosdo, principalmente nas regides de solo arenoso, © que vem acontecendo na Alta Sorocabuna. S40 Paulo eno norte do Estado do Parana, onde a erosio atinge uma média de 3m por dia em certos locais. O prejuizo ndo se restringe a perda de solo aravel ¢ inuti- lizagao de vasias areas, mas também afeta os ios e barragens para hidroelétricas. que vem, sendo assoreados rapidamente, Os pracessos 4 erosivos sio também acelerados ¢om as cons- trugdes mal orientadas de estradas ¢ cortes para edificagdes diversas. Com 0 aumento populacional verifica-se 0 aumento continuo da poluigao generalizada. O solo ardvel, a atmosfera, as aguas dos rios, dos lagos, dos mares, ¢ também a gua subterrénea em cer- tos Iocais, vém sendo envenenados por di- versos materiais, como inseticidas no bi degradaveis, herbicidas, detergentes, resi- duos industriais, gases téxicos, ete. Sendo intima a relagio dos seres vivos com a litos- fera, os mencionados problemas so cnca- rados pela geologia ambiental. Um dos pro- blemas mais graves que a humanidade vem enfrentando diz respeito 4 agua, cada vez mais carente e cada vez mais poluida, cxis- tindo estudos relacionados 4 sua movimenta- ¢do subterranea com a finalidade de se evitar a contaminagdo com residuos industriais ve- nenosos, Histérico. — Desde que © homem apren- deu a se aproveitar das rochas ¢ minerais, iniciou-se, no sentido lato, o estudo da Geo- logia. Sao interessantes as idéias dos anti- gos gregos, muitas vezes de pleno acordo com os conceitos atuais. Tais idéias de- monstram, contudo, a falta da experimenta- go € pouca observado direta no campo, sendo o fruto da inteligéncia fértil e espe- culativa. Assim, TALES DE MILETO (636- 548 a.C.), observando os depésitos fluviais da foz dos rios, opinava ser a Agua 0 agen- te formador de toda a Terra. ANAXIMENES (m. em 480 a.C.), na mesma época, atri- buia ao ar ¢ HERACLITO (576-480 a.C.) ao fogo, a formagiio de todas as coisas. Tais s, certamente, originaram-se do am- biente em que viveram os sibios pensado- res, ora impressionados com os vuledes, ora com 0 trabalho de deposi¢éo de grandes ios, como 0 Nilo, observado por TALES. Aristoreies (384-322 aC.) em sua obra Meteérica interpretou os tertemotos como fenémenos produzidos por fortes ventos dentro da terra, gracas ao calor do sol ¢ a0) proprio calor interno da Terra. O escape de tais ventos produziria as erupgdes vulcanicas. Ja ANAXiMENES 05 interpretava como desa- bamento de grandes blocos terra adentro. SENECA (ano 2-63 d.C.) explicava que a fric- Go produzida pelos ventos determinaria 0 aumento de temperatura, inflamando os de- Pésitos de enxefre ¢ outros combustiveis ori- ‘ginando-se entdo os fenémenos vulcdnicos, Esrrabao (63 a.C. — 20d.C.), gedgrafo do principio da nossa era, reconheceu 0 Vesit- vio como um vulcdo dormente. Cita em suas ‘obras 0 afundamento e ressurgimento. de ‘ilhas, reconhecendo muitas delas como vul- | Mamiferos ¢ fanerdgamas Epceno 55.000.000 Paleocene 70.000.000, (Cretdeeo 135,000,000 Mesozbica Jurissico 190,000.00 | Répteis gigantescos ¢ coni- Fsissico 230.000.000, foras Permiano 280.000.000, | 4 (Carbonifero 350.000.000f | Anfbies © einabrio. rermelhe-acustanhodo — ex acastanhado-avermethado — ex. arpritssia ~ €X Iimomta, miedo, etc, ‘A cor dos minerais, especialmente dos que apresentam brilho metilico, deve ser sempre observada na fratura fresca, pois em geral sua superficie, exposta ao ar, se trans- forma, formando-se peliculas de alteragdo, muitas vezes com cores vivas de iridescén- cia, como é comum na calcopirita e varios outros minerais. Entre os minerais de brilho ndo-metilico deve-se distinguir 0s idiocromdticos, isto & de cor propria, constante, que dependem da composigao quimica, como o enxofre (ama- relo), cindbrio (vermelho-escarlate), mala quita (verde), azurita (azul), ctc., © os alo- crométicos, isto é, de cor varidvel com a composigdo quimica ou com a presenga de impurezas. Sdo chamados acrdicos os mine- rais incolores quando puros, podendo entre- tanto apresentar coloragGes diversas, ou pe- las variagdes de composi¢éo quimica ou pela presenga de impurezas diversas. Como exemplos tipicos citaremos Fiworita: ycolor, amarcla, rosea, verde ou violets Turmalina: neolor (acroita), résea (rubehta), verde azul ¢ pret ncolor, verde (esmeralda), azuleesverdeado ou azul (dg (morgamita) Quartzo: mcolor (cristal de rocha), amarelo (q, eitrn0), éseo (q. réseo), verde (q. prasc), wioleta (q_ ame Berita marimba), amarelo (helodoro) © réseo Propriedades quimicas dos minerais. — Os minerais podem consistir de apenas unt elemento quimico, como ouro, diamante. srafita, enxofre, etc., ou de varios, passan- do a ser composts quimicos, podendo sex expressos na sua formula quimica. Esta re- presenta a relagdo numérica dos elementos do mineral, como, por exemplo, a pirita, FeS,, que significa um atomo de ferro e dois dtomos de enxofre, ou 0 quartzo, SiO, com um de silicio ¢ dois de oxigénio. Existem certas relagSes entre a forma cristalina e a composigde quimica, chama- das polimorfismo e isomorfismo. Polimorfismo (do grego poli, muito ¢ morphé, forma) & a propriedade do mine- ral de ser polimorfo, isto é, quando diferen- tes minerais possuem a mesma composigao quimica, mas formas cristalinas diferentes, tendo, portanto, muitas outras propriedades fisicas ¢ quimicas diferentes também, por- que estas dependem da forma cristalina do mineral. © exemple clissico € 0 do carbénio, que pode cristalizar-se sob a forma de diamante ou de grafita. Ambos possuem propriedades fisicas ¢ quimicas completamente diferentes. Outro exemplo é 0 do carbonate de cilei CaCO,, que ocorre como caleita ¢ aragoni ta, Neste caso as diferencas nfo sio tio marcantes como no exemplo anterior. De outro lado, falase em isomorfismo (isos, igual}, quando varios minerais possuem uma composi¢zio quimica diferente mas an- loga, cristalizando, todavia, na mesma (ou similar) forma. A forma dos cristais apre- senta ligeiras diferengas, porém a estrutura cristalina € da mesma natureza. O grupo de minerais mais communs no globo terrestre, os feldspatos, apresenta compostos isomorfos, quando sc trata dos plagioclisios, minerais do grupo dos feldspatos. Os principais minerais. — Apresentare- mos apenas uma pequena coleténca dos principais minerais, dando destaque aqueles que formam as rochas mais comuns da cros- ta. A seguir desereveremos brevemente al- guns minerais de importincia econdmica mas que nao sao formadores de rochas, ape- sar de serem relativamente abundantes na Litosfera. Os mais freqiientes constituintes das ro- has igneas e metamérficas sio os feldspa- tos, importante grupo mineralégico que periaz ao redor de 60% da totalidade dos minerais. A seguir, os anfibélios ¢ piroxénios, que perfazem 17%. O quartzo, 12%, © as micas, 4%. Os demais ocorrem em quantidades subordinadas, na maioria dos casos. Devem ser citados pela sua importancia petrogrifica ¢ ocasional- mente econémica os seguintes minerais: apatita, olivina, magnetita, granada, turma- lina, clorita, ilmenita, nefelina, zirconita, monazita, ¢ muitos outros, quase sempre em quantidades subordinadas nas rochas igncas formadoras da litosfera, Fetpspatos. — Formam 0 grupo mais importante como constituintes das rochas. Sao translicidos ou opacos e podem apre- sentar cristais mistos de trés componentes: feldspato potassico, sddico ¢ célcice. Quan- to ao sistema de eristalizago e quanto & sua clivagem, distinguem-se: ostoclisio (sis- tema monoclinico, clivando em Angulo reta) © plagioclisio (sistema ticlinico, clivando em Jngulo oblique), Macroscopicamente so de dificil distingio. a} Ortoclisio (do grego orthés. reto, ¢ kla- sis, quebra, ruptura) — K,0. Al,0,. 6SiO, — A cor pode ser branca, résea ou amare- lada, de brilho vitreo, dureza 6, densidade 2,56, clivagem boa segundo 2 planos ortogo- nais. O microclinio ¢ um feldspato potissico triclinico, Ocorre em rochas cristalinas, prin- cipalmente nas magmaticas de coloragio clara, ¢ também em pegmatites. b) Plagioclisio (do grego plagios, obli- quo) — Trata-se de um mineral de com- posi¢o quimica variavel pelo fato de for- mar cristais mistos de albita (Na,Q. Al,Q.. 6Si0,) © anortita (CaO. Al,O;. 2S10,), que podem misturar-se em proporgdes variiveis. Trata-se de um dos exemplos mais patentes de minerais isomorfos. Sua cor € branca, amarela, cinza, até r6sea. Translicido a opaco, dureza 6, densidade 2.6 a 2,75. Cli- va-se segundo 2 planos obliquos, mas qua- se perpendiculares. ‘Ocorre como componente principal nas rochas cristalinas, tanto em rochas claras UNIPAMPA Centro de Tecnologia de Alegrete BIBLIOTECA como escuras. Gracas as suas direcdes de slivagem os feldspatos se apresentam nas rochas igncas com as superficies brilhantes ¢ planas, ao contririo do quartzo, que ndo possui clivagem. E também um mineral duro, que se deixa riscar pelo quartzo, mas que risca 0 vidro. Proxéwios & ANFIROLIOs. — Sto is de aparéncia muito similar. Sio prisma- ticos ou granulares, de cor quase preta, com clivagem segundo 2 planos, que so entre si quase perpendiculares nos piroxénios e obliquos nos anlibdlios. a) Piroxénios — Possuem uma composi- so variivel. Sao silicatos de Mg, Cae Fe, com ou sem ALO, ¢ FeO, Conforme sua composigio designam-se as diversas varie- dades. A cor é de preta a verde-escura, © brilho, vitreo, Dureza 5 a 6, densidade 3,0 a 3,6. Clivagem boa, formando prismas quase retangulares. Forma prisma de segiio ortogonal e agregados granulares nas rochas principalmente nas escuras. Um s comuns é designado augita. b) Anfibélios — So- quimicamente mui- to parecidos aos piroxénios, mas possuem (OF) na sua constituigd0, Sua cor é de ver- de-escura a preta ¢ opaca. Dureza 5 a 6, densidade 2,95 a 3,8. Clivagem boa segun- do 2 planos, formando prismas de segio rémbica. Ocorre em prismas, agulhas e agre- gados granulares, principalmente em rochas metamérficas ¢ magmiticas. O anfibélio mais comum ¢ designade hornblenda. Quartzo, — SiO, — Cor branca ou in- color, mas também em iniimeras outras va- riedades, come roxo, amarelo, vermelho, preto, etc. Brilho vitreo, transparente ou opaco. Dureza 7. Densidade 2,65, fratura conedide, Ocorre como diversas variedades, sob diferentes nomes, Cristal de rocha incolor, transparente e bem cristalizado, usado na telecomunicagdo; trata-se de um. mineral bastante comum no Brasil. Ametista: Wamsparente, roxo; cifrino: transparente, 38 amarelo; quartzo réseo: translicido, x6se0; quartzo enfumacado: transparente, cinza ou castanho; calcedénia: transticida e fibrosa; gaia: 6 uma variedade de calced6nia ban- deada, Ocorre como mineral mais comum na superficie do globo terrestre, entre as ro- chas sedimentares, gragas 4 sua alta resis- téncia quimica ¢ fisica. Nas rochas graniti- cas 0 quartzo é um mineral de facil reco- nhecimento, pois assemelha-se ao yidro quebrado. Como nio tem clivagem, que- bra-se com uma superficie irregular, abau- lada. Caracteriza-se também pela sua dure- za elevada (ver escala de Moxs). Ocorre também em rochas metamérficas, magmati- cas ¢ em veeiros. E usado como matéria-pri- ma no fabrico do vidro, abrasivos, refrati- Tios, etc. Micas. — Trata-se de um grupo de mi- nerais caracterizados por uma étima cliva- gem laminar ¢ boa elasticidade, Distinguem- se 2 variedades principais: a) Muscovita — K,0. 341,05. 650, 2H,O (mica branca) — Incolor, transpa- rente, também esverdeada ou amarelada, brilho vitreo, densidade 2,76 a 2,9. Cliva- gem excelente segundo um plano, podendo apresentar-se sob a forma de pacotinhos he- xagonais, que facilmente se desfolham com a ponta de uma agulha. Mineral comum em rochas graniticas, pegmatitos, micaxistos, gnaisses e muitas vezes em sedimentos, pelo fato de ser um mineral quimicamente esté- vel. Placas maiores ¢ limpidas so usadas na industria elétrica, como isolante. 0) Biotita — Mica preta — Silicato com- plexo, contendo K, Mg, Fee Al. Cor preta, ou preto-acastanhada, as vezes dourada quando decomposta. Dureza 2,5 a 3, den- sidade 2.9 a 3,1. Clivagem excelente ¢ for- mas similares 4 da muscovita. Constituinte comum em granitos, micaxistos ¢ gnaisses. ‘Alem da clivagem perfeita as micas se ca- racterizam pela dureza baixa, ao redor de 2,5. Riscam-se com muita facilidade com uma ponta de agulha de aco ou com 0 vidro. CrorirA. ~ Silicato de Fe, Mg ¢ Al, de cor esverdeada, verde-escura ou amarelada. Dureza 2 a 2,5, densidade 2,6 a 2,8. Cliva- gem lamelar boa. Similar s micas, mas no elistica. Ocorre principalmente em rochas metamérficas, como cloritaxistos ¢ mica- Xistos. Ours. — (Mg, Fe), Si0,. Chamado também peridot. De cor verde até verde- escura, castanha ou opaca ¢ de brilho vitreo. Dureza 6 a 7, densidade 3,27 a 3,37, pris- matica ou granular. Clivagem imperfeita, sendo mais comuns as superficies irregula- res quando fraturada. Comum em rochas magmiiticas escuras e as vezes nas metanér- ficas. Granapa. — E um grupo de minerais de composi¢iio variada, como por exemplo a variedade almandina, Fe, Al, (Si0,),. Ou- tros tipos de granada podem também conter Mg, Ca e Mn. A cor depende da composi- g4o: a almandina é vermelho-castanha, a grossularia ¢ branco-esverdeada, ¢ a espes- sartita, vermelha a jacinto. Podem ser trans- Hicidas, opacas, de brilho vitreo e dureza 6,5 a 7,5. Densidade 3,15 a 4,3. Forma cristais bem perfeitos. com tendéncia a superficies arredondadas ¢ massas granulares. Ocorrem principalmente em rochas metamérficas, sen~ do também comuns nas rochas magmiticas claras. Nereus, — NadlSiO,, contendo tam- bém sempre potissio na sua composigio. Mineral incolor ou leitoso, brilho vitreo muitas vezes graxo, dureza 5,5 a 6, fratura concoidal, densidade 2,55 a 2,65 ¢ de as- pecto muito semelhante ao do quartzo. Distingue-se pela sua dureza inferior a do quartzo e produz uma geléia de silica gela- tinosa em contato com HCI concentrado. A quente, num pequeno tubo de vidro, a rea- Go & mais evidente. Ocorre em sienitos ¢ em rochas ricas em sédio, porém pobres em ‘SiO, Nunca existe junto a0 quartzo, pelo fato de reagir quimicamente com este, for- mando a albita. Turmatens. — 6 um mineral comum nas rochas igneas quartzoses (granitos e peg- matitos), bem como em muitas rochas me- tamérficas. E um silicato de boro e alu- minio, podendo conter Mg, Fe, Cae F. Ca- racteriza-se pela sua dureza clevada (risca © vidro}, fratura concoidal ¢ forma prisma- tica alongada. Sua segGo transversal muitas vezes é triangular. A coloracio ¢ varidvel, podendo ser preta, verde, vermetha ou azul. Distingue-se dos anfibdlios ou piroxénios pela auséncia de clivagem ¢ pela segao trian- gular ou hexagonal. Caters. — CaCO, — Cor branca, résca, cinza, amarela, opaca, raramente incolor (espato-de-islndia), Brilho vitreo, dureza 3, densidade 2,7. Otima clivagem segundo 3 planos, dando romboedros. Pode possuir aspecto. terroso ou apresenta-se como agre- gados cristalizados, ou ainda como cristais isolados. Efervesce com HCI. Ocorre como um dos minerais mais comuns em nume- rosos sedimentos, assim como em rochas metamérficas (trata-se do mineral que forma os marmores), veios e como produto de alteragdo de diversos mincrais. Importante matéria-prima para cimento, cal, fundente, corretivo para a acidez do solo, ete. Dovomira. — CaMg (C03), — Cor bran- ca, cinza-amarelada, brilho vitreo, dureza 3,5, densidade 2,85. Otima clivagem se- gundo 3 planos formando rombocdros. Dis- tinguivel da calcita pela pequena ou ne- nhuma efervescéncia com HCl a frio, Efer- vesee com HCI quente. Apresenta-se como agregados terrosos e cristalinos. Ocorre em sedimentos, rochas metamérficas ¢ yeios. Usada para fabricagdo de cal, ou como corretive da acidez do solo. Gwstra. — CaSO,. 2H,0 — Cor_bran- ca, brilho vitreo ou sedoso, dureza 2, den- sidade 2,3. Clivagem perfeita segundo 1 plano. Forma agregados fibrosos, laminares. Ocorre em sedimentos. f usada ma fabrica- go do gesso e incorporada ao cimento na proporgdo de 2%. 39 Cavum. — Al0,, 2810,. 2H,0 — Cor branca ou ligeiramenie amarelada, dureza 2, densidade 2,6. Clivagem boa, escamoso, lamelar ou terroso. Ocorre como produto mais comum da decomposicdo dos feldspa- tos, em veios ou em sedimentos. Usado co- mo matéria-prima da poreelani Macnenita. — FeO, (72% Fe) — Cor preta, brilho metiico, traco preto, dureza 6, densidade 5,1, fortemente magnética, granular ou octaédrica, Freqiientemente al- terada em hematita (martita). Ocorréncia: acess6rio comum em rochas magmidticas basicas, podendo formar corpos volumosos, Jazidas, gragas 4 concentracdo gravitativa apés a segregagio magmitica. Pode ocorrer também nos itabiritos. Hewarira. — (do grego haima, sangue) Fe,0, (70% Fe) — Cor preta ¢ cinza-cs- cura, brilho metilico, as vezes brilhante (variedade especularita), trago vermelho san- guineo, Dureza 5,5 6,5. Densidade mais ‘ou menos 5. Granular, compacta ou mi- cacea. Ocorréncia: forma os principais depésitos ferriferos brasileiros (itabirito), contendo até quase 70% Fe metalico. Ocor- re também como pigmento vermelho comum nos sedimentos, solos, ete. Altera-se facil- mente para limonita. Trata-se do minério mais importante para a economia do Brasil. Livontta. — (do grego leimon, prado) Fe,0, + nH,O (cerca de 60% Fe) — Cor castanha a preta, brilho metilico ou sub- metélico, trago amarelo-castanho. Dureza entre 5 ¢ 5,5, densidade 4. Formas botrioi- dais, ooliticos terrosos ou de aspecto espon- joso. Ocorréncia: proveniente da decompo- si¢o de hematita, magnetita ¢ outros mine- rais ferriferos. Forma freqiientemente pig- mentos amarelos ou castanhos nos sedimen- tos © rochas em decomposigio. Pinta. — (do grego pyr, fogo) FeS, (46,6% Fe © 53.4% S)— Cor amarelo- dourada, trago preto, dureza 6 a 6,5, den- 40 sidade 4,9 a 5,1. Cristaliza-se em cubos ou forma massas granulares. Transforma-se fa- cilmente em limonita, E um dos minerais mais disseminados. Ocorre em diversas ja- Zidas de minerais metalicos. em rochas mag- maticas metamérficas e sedimentares. Im- portante matéria-prima para a fabricagdo de cido sulftrico, CaLcopmrta. — (do grego chaleds, co- bre) CuFeS, (35% Cu, 30% Fe e 35%, S) — Cor amarelo-dourada, brilho metilico, trago preto-esverdeado, dureza 3,5 a 4. densidade 4,2. Ocorre em massas compac- tas, muitas vezes em fildes, sendo o- princi- pal minério o de eobre, Transforma-se facil- mente em calcosina e malaquita. Gatewa. — PbS (865% Pb, 13.5% S) — Cor branco-chumbo, brilho metalico, tra- G0 cinza-preto, dureza 2,5, densidade 7,5. Otima clivagem cibica. Ocorte sob a forma de massas granulares de cristais ciibicos agregados. Associa-se comumente a blenda. Trata-se do mais importante minério de chumbo. BLENDA Ou ESPALERITA. — ZnS (67% Zn © 33% S) — Contém freqiientemente ferro. Cor castanha, amarela ou preto-aveludada. Brilho adamantino-resinoso, trago amarelo- castanho, dureza 3,5 a 4, densidade 3,9 ¢ 4.2, clivagem boa segundo 3 planos. Ocorre em fildes com galena e pirita. E 0 mais importante minério de zinco. Rochas A crosta terrestre é constituida essencial- mente de rochas. So elas, juntamente com 08 fésseis, os elementos que o gedlogo usa para decifrar os fendmenos geolégicos atuais € do passado. A Petrografia ou Petrologia, ramo de ciéniia gcol6gica, dedica-se ao es. tudo das rochas, da sua constituigo, ori- gem ¢ classificagio. Repetiremos, aqui, que a rocha & por definigdo um agregado natu- ral formado por um ou mais minerais (in- clusive vidro wule&nico ¢ matéria orginica) que constitui uma parte essencial da crosta terrestre. De acordo com a sua origem, dis- tinguem-se 3 grandes grupos, tais como: ro- chas magmdticas ou igneas, rochas sedimen= tares ¢ rochas meiamérficas. Rochas magmaticas, ou igneas, provém da consolidagao do magma e sio por isto de origem primaria. Delas se derivam por processos varios as rochas sedimentares e metamérficas. Sobre 0 magma e sua conso- lidagaie vide o cap. x. Uma. rocha magmatica expressa as con- dices geolégicas em que se formou, gragas 4 sua textura. A textura diz principalmente do tamanho ¢ da disposi¢do dos minerais que constituem a rocha, enquanto que 2 natureza mineraldgica dos cristais ou mes- mo vidro, se for 6 caso, diz da composigio quimica aproximada porque os magmas ge- ralmente possuem elementos voliiteis que es- capam durante 0 processo da consolidacao, sem formar mincrais no mesmo local, e, sim, em zonas mais afastadas da rocha que se consolidou. Condigies geolégicas. A condigio geold- gica que interfere na textura das rochas igneas obedece ao seguinte: 0 magma pode consolidar-se dentro da crosta terrestre, a varios quilémetros de profundidade, for- mando as chamadas rochas intresivas, ou pluténicas, ou abissais. O resfriamento ocorre de forma lenta, dando a possibili- dade de os eristais desenvolverem-se suces- sivamente © formando uma fextura egili granular faneritica (do grego, “phaneros”, visivel, aparente), pelo fato dos minerais serem bem formados e de tamanho grande, milimétricos a centimétricos. (Fig. 2-3A) A rocha intrusiva € constituida de mi nerais cristalizados, como, ‘por exemplo, as tochas graniticas. Por outro lado, em outras condigdes geologicas, 0 magma pode extra- vasar na superficie formando rochas extru- sivas ou yulednicas ou efusivas, das quais varias modalidades podem ocorrer. Assim, se 0 magma passa bruscamente do estado liquido para estado sélido, forma-se a textura vitrea, pelo fato de nao haver tempo suficiente para dar-se a cristalizagdo dos minerais. Comumenie ocorrem pequenissi- mos cristais esparsos pela massa vitrea, que representam 0 inicio da cristalizagao de al- guns minerais que ndo tiveram 0 devido tempo para se desenvolverem pela conso- lidagéo rapida da lava. Se ja houver um inicio de cristalizago no interior das cémaras onde se acha o magma, estes cristais em vias de formacdo serdo arrastados para a superficie pelo magma ainda no estado de fusdo, Quando atinge a superficie, a lava consolida-se rapidamente, gragas 4 queda brusca da temperatura, ¢ como resultado, teremos uma textura porfi- ritica, Esta caracteriza-se pelos cristais bem formados, chamados fenocristais, que sto os cristais intrateliricos, -nadando numa sa vitrea ou de granulago fina, deno- minada massa fundamental (matriz), que foi consolidada rapidamente, nas condigdes de superficie, Esta massa fundamental pode ser de cardter afanitico, nao se podendo distin- guir seus constituintes 4 vista desarmada, ou pode ser vitrea. (fig. 2-3B.) Em certos casos da-se o desprendimento de gases contidos na lava, sob a forma de bolhas, que podem ser retidas com a con- solidagdo da lava, resultando a chamada textura vesicular ow esponjosa. Entre os dois tipos citades, de rochas magméticas abissais com textura granular ¢ de rochas efusivas com textura porfiritica ou vitrea, ocorre um grupo intermediario de rochas magmiticas, chamadas hipabis- sais. Formam-se em condigdes geoldgicas quase superficiais e ocorrem normalmente em forma de dique ou sil, Sua textura € ge- ralmente microcristalina ou afanitica, po- dendo possuir fenocristais bem desenvolvi- dos no seio da massa fundamental (matriz). A gramilapio das rochas magmiticas é muito variivel, podendo ter os minerais, desde decimetros de tamanho até frago de milimetro. Quando os minerais so de ta- manho tal que a vista desarmada nao con- siga distingui-los, a textura é denominada afanitica (do grego a, negagio e phaneros UNIPAMPA | 4! Centro de Tecnologia de Alegrete | BIBLIOTECA a Fig. 23 Alguns tipos mais comuns de textura, A — rextunr eqiligranufar (hipautomértica granular), saracte fistica das rochas graniticas ou qualquer outra forinada em profundidade. Todos ox mincrais achamse bem desenvolvidos, alguns bem eristatizados (os primeiros a serem formados), como apalitay 65% Subdeidas fsemn quer SiO. 65%, 2% Bisivas SIO, enire 52% 6 45% Ulirabéisicas SiO, < 45% ‘Mineral eseensial Ontoclasio, quant- Onociasio, plagio Plagioclisio cal: Olivina, piroxémio: (mesocratico) 79, plagiodlisio | clésio xédico, | cio, piroxénto: | — melanocriticas sédico, —biotis otita (antibo- | (magnetita, i= {aniibstioy fig ou pitoxs | menita) io); leusoa me- leueoeriiticas: soeriiticas) (melanoerdticas) melanocraticas Pluténica Gras sienio ko reeiworieo (uestura eqhig- | PECHATTTO. | (leacoeriticn) IACUPIRANGUITO nl) pioaito (melanoerities) (ico em pironé- rio © magnetita) Hipabissal coxairo-roenro | siexro-réxrixo Dianasio (texture (textura porfirdide)| (leucocratico) ranulas) (mesocratico) Vulednica Ri6LTO ‘eaguimo (leaco- | uasato Utexturaporfiritica } QUARTZO-rOmriRO critico} ¥IDRO Rasierico ou vitrea) OBSIDIANA FONGLITO (meso - eritico} ANDESITO. (meso~ ‘eritico) ———> G, Fe, Mg corre com diversas cores: cinza-clara a cinza bem escura, amatelada, résea ou ver- melha, ‘A variaglo da cor provém, normalmente, da cor do feldspato, que ¢ 0 mineral mais freqiiente nos granitos. Compde-se de orto- clasio, em predominancia, quartzo freqiien- te © plagioclisio sédico comum. Contém ainda biotita ou muscovita e anfibélio, mais comumente a homblenda. Trata-se de ro- chas leucocriticas. A granulagdo pode variar de miliméttica 4 centimétrica. Como minerais acessérios podem ocorrer ainda a zireonita, turmalina, fluorita, apatita, rutilo ow hematita. Stevo, — Cor de cinza até branco, po- dendo mostrar tons azulados. Predomina o feldspato alcalino, contendo ainda biotita. 44 anfibélio ou piroxénio. E leucocrdtica e egiiigranular, sendo a granulacdo entre mi métrica e centimétrica. Pode conter nefelina. No Brasil conhecem-se diversas ocorrén- sia de grande importincia onde predomi- nam sienitos ¢ rochas correlatas, que, por serem ricas em Na,O ¢ K,0, so chamadas rochas alcalinas (também, como as acidas, ‘basicas, este termo nada diz desta propric- dade quimica). As principais ocorréncias si- tuam-se em Pogos de Caldas (Minas G -rais), Ilha de Sao Sebastido (Sio Paulo) e na regio da Serra do Itatiaia. Dioriro, — Cinza-escuro, muitas vezes de aparéncia mosqueada. Contém plagio- clésios sédico-célcicos e minerais escuros (anfib6lio, piroxénio ou biotita) em pro- porgdes similares. Textura eqiiigranular ¢ ‘mesocratica. Gasro. — Cor preta ou'verde-escura, me- lanocrdtica, textura eqiiigranular. Compde- se essencialmente de piroxénio em pre- domindncia ¢ de plagioclasio calcico. Pode ovorrer as vezes a olivina ou anfibélio. Fa- cil de confundir-se com diabésio, que geral- mente possui granulaclo milimétrica e 0 ga- bro maior que milimétrica Permorio. — E uma rocha melanocré- tiga, constituida essencialmente de olivina, contendo freqiientemente magnetita, Tex- tura granular, cor preta, as vezes esver- deada JacuPiRANGUITO. — Rocha melanocrati- ca, constituida de piroxénio predominante € magnetita (titanifera). Granular, de cor preta. Decompde-se com facilidade. Nome introduzido por Dersy em 1891, de Jacupi- tanga, Estado de Sao Paulo, onde ocorre esta rocha. koe Passaremos agora a descri¢o das princi- pais rochas Aipabissats- GRANITO-PORFIRO, SIENITO-PORFIRO € DIO- RITO-PORFIRO. — Estas rochas possuem a composigio mineralégica da sua respecti- va rocha plut6nica, porém sua textura € por- firitica, possuindo uma massa fundamental granular fina com fenocristais. Sua cor é cinza-résea ou avermelhada (granito-pérfi- To ¢ sienito-pérfiro) e cinza-escura, as vezes esverdeada (diorito-pérfiro). Diasasio. — Constitui-se essencialmente de piroxénio ¢ plagicclasio calcico. De cor preta, melanocritica, textura granular fina, Taras vezes porfiritica, -Apesar da origem hi- pabissal, possui muitas vezes textura granu- lar mais grosseira, sendo por isso facil de confundir-se com o gabro. A distingdo as vezes 86 € possivel por meio do microseépio ‘ou m0 campo, pela sua ocorréncia como que ou sil. B uma das rochas melanocré cas mais comuns do Brasil Tinauairo. — Cor verde-eseura, quase preta. Textura porfiritica. Numa massa es- cura e esverdeada, microgranular ¢ afaniti. ca, nadam fenocristais de feldspato (alca no) ¢, as vezes, também piroxénios. Asse- melha-se muito ao fonélito. Rosensusc, em 1887, deu este nome a essa rocha pelo fato de encontrar-se na Serra de Tingud (Rio de Janeiro), ‘As rochas vulcénicas podem possuir tex- tura porfiritica, vitrea, vesicular ou porosa. Riéurro. — Chamado também quartzo- pérfiro. & © equivalente efusivo do granito. Sua cor ¢ de cinza avermelhada, azulada e, veres, até quase preta. A textura € porfi- ritica, possuindo as vezes um certo arranjo orientado come conseqiténcia do movimen- to da lava. Da-se a este aspecto o nome de estrutura fluidal, A massa fundamental & afanitica, ou vitreo-brilhante, Os fenocris- tais so de quartzo sob a forma de prismas hexagonais, mostrando-se_ freqiientemente com os cantos arredondados e feldspato prismaitico. Ossiprana.— Vidro vulcanico acinzent do a preto; de fratura concoidal, brilho treo ¢ transliicido nos cantos. Possui compo- sigdo quimica similar ao ridlito. As vezes ve- sicular com bolhas bem individualizadas, passande a um. tipo semelhante a uma espu- ma endurecida, to grande € a quantidade de poros. Estes, no seu conjunto, dio a ro- cha uma coloragio cinzenta, designando-se pedra-pome ou. piimice. (Ver Vulcanismo.) TRAQUITO € FONOLITO. — Cor cinza ou esverdeada, leucocritico a mesocritico. Na massa fundamental afanitica cinzenta, ou esverdeada, nadam cristais prismiticos de feldspato ¢ as vezes biotita, piroxénio ou anfibolio. Anpesito. — Cinza-escuro ou verde-cs- curo, € mesocratico. Na matriz cinza-escura ‘ou verde-escura ccorrem fenocristais de feldspatos e anfibélio ou piroxénio. [ UNIPAMPA | as Centro de Tecnologia de Alegrete | | BIBLIOTECA | Basatto. — E a rocha efusiva miais co- mum. A textura é microcristalina, vitrea ow porfiritica. Pode ser as vezes altamente ve- sicular. Sua cor ¢ geralmente preta, poden- do as vezes ser cinza-escura ou castanha, sendo sempre melanocritico. Fenocristais de plagioclisio calcico e de piroxénio (as vezes olivina) sfo comuns numa matriz al nitica, Nos basaltos vesiculares dé-se, muito freqiientemente, o preenchimento das vesi- culas, formando amigdalas, que podem cons- tituir-se de dgata, quarizo, zeélitos, ou diversos outros minerais, que resultam dos ltimos fluxos do magma reeém-consolida- do, que. escapando pela rocha, foram for- mar-se nos seus espagos vazios, Belos cris- tais de quarizo-ametista sio explorados no Rio Grande do Sul, no interior de grandes amigdalas, ocas por dentro e atapetadas in- ternamente por cristais de quartzo-ametista. Rochas sedimentares. — As rochas sedi- mentares no. senso estrito so aquelas for- madas a partir do material originado da destrui¢do erosiva de qualquer tipo de ro- cha, material este que deverd ser transpor- tado ¢ posteriormente depositado ou preci- pitado em um dos muitos ambientes de dimentagdo da superficie do globo terrestre. Na grande maioria das vezes apresen- tam-se estratificadas, como mostra a fig. 2-5. No senso lato incluem também qualquer material proveniente das atividades biolégi- cas. Os capitulos referentes & dindmica ex- terna versam com mais pormenores a res- peito estas atividades em conjunto. Enea- Temos apenas alguns caracteres litologicos das principais rochas sedimentares. © cri- tério da classificagdo das rochas sedimenta- res segue varios principios, normalmente combinados entre si, como o ambiente, 0 tipo da sedimentagao, constituigo minera- logica ou tamanho das particulas. Segundo este ultimo, passemos a descrigdo de algu- mas das principais rochas sedimentares. Sedimentos clisticos ou mecénicos: sho os formados de fragmentos de rochas pre- existentes (fig. 2-3D). Distinguem-se: ma 46 croclisticos (psefitos e psamitos, do grego psephis, seixo e psamos, atcia) © microclas- ticos (pelitos, do grego pelos, lama). Os psefitos constituem-se de stixos, isto 6, gros maiores que os de areia; os psamitos, de eros do tamanho dos de areia ¢ 0s peli- tos, de grios do tamanho dos de silte ¢ argila (fig. 2-4) Os autores distinguem diferentes subdivi- sdes, baseadas nas dimensdes que se encon- tram em predominancia nas particulas. Citamos os dois autores mais seguidos: Didenctro (mm | Bidmerro (mm) Wesrworm | Arrinere Matacio > 256 200 Bloco 64 ~ 256 20 ~ 200 Saxo Granule Areia grossa Ares fina le = 14 02 Site 1/256 — 1116 | 0,002 — 0,02 Argida 1/256, 0,002 ‘Os sedimentos clisticos podem ser cons- tituides de uma s6 classe granulométrica como, por exemplo, areia fina ou cascalho grosso. Muito comumente um sedimento pode apresentar muitas classes misturadas nas mais variadas proporgies. A classifica- edo do sedimento, neste caso, deve basear- s¢ na medida ponderal de cada classe, o que se faz apés prévia desagregacio e separa- G40 dos diferentes tamanhos por peneiras ou por decantagdo, dependendo do tamanho dos grupos. Se o cémputo das diferentes classes granulométricas fosse feito pela con- tagem do mimero dos individuos, o resulta- do seria completamente diferente, pois os gros de quartzo de 20 a 30 microns de dia- metro tém como peso médio 0,000.026 mi- ligrama, sendo necessdrios 38 milhdes de grdios para perfazer um grama desta fragdo. Tendo o didmetro 0,2 a 0.3mm, o peso mé- dio sera de 0,026mg, havendo 38 mil graos por grama. .Para os grdos maiores, de 0,63 Tt a 1,12mm de diametro, a massa unitaria média € de 083mg ¢ o mimero de grdos por grama é de 1.202. ARGILITO, ARGILA, FOLHELHO. — Possuem cor de cinza até preta, amarela, verde ou avermelhada. Granulacdo finissima, de pou- ‘cos microns, por isto untuosa ao tato. A presenga da argila, seja como impureza num sedimento qualquer (por exemplo, um arenito ligeiramente argiloso), seja no esta- do puro, faz com que 0 sedimento produza © cheiro caracteristico de moringa nova, quando umedecido com um simples bafejar ‘bem préximo & amostra. Quando endureci- da, s¢ formar estratos finos e paralelos e- folhedveis, recebe 0 nome de folhelho. O ‘mineral principal de argila pertence ao gru- po do caulim. Sw11T0 ou site. — Sao de cor cinza, amarela, vermelha, de granulagdo de tal forma fina que, as vezes, se podem perce- ber gros individualizados com auxilio de uma lupa de forte aumento. £ ligeiramente spero ao tato ¢ bastante aspero entre os dentes. Entre os pequenos grios costumam predominar os de quartzo. ARENITO, AREIA ou ARC6ZI0. — Podem ter diversas cores: as mais comuns so cin- za, amarelo ou vermelho. Enquanto que a arcia € um sedimento clastico, no consoli- dado, formado mais comumente de graos de tamanho que variam entre 0,2 a 2mm, © arenito é a rocha sedimentar proveniente da consolidacdo de areia por um cimento qualquer. Os gros que formam os arenitos ¢ as arcias sio geralmemte de quartzo, po- dendo, contudo, ser de qualquer mineral, uma vez que tenham as dimensdes do grio de areia. Ocorrem comumente junto as areias, as vezes em alta concentracdo, a monazita, ilmenita, zirconita e muitos ou- tros minerais. Diversos adjetivos, como flu- vial, marinho, desértico, ¢ outros, explicam a sua origem. Nos arenitos observa-se com freqeatas uma nitida estratificagdo, cujas causas sie varias: mudanga na granulagdo, na cor, et. © arcézio é um arenito que possui como constituinte uma grande quantidade de felds- pato. CoNGLOMERADO, — Trata-se de uma ro- cha clistica formada de fragmentos arredon- dados (seixos ou cascalhos, quando soltos, ndo cimentados) e de tamanho superior a0 de um grio de areia (acima de 2mm na classificagao de WENTWORTH), reunidos por cimento. HA todas as transigdes entre 0 con- glomerado e a brecha (fig. 2-4). Fg. 24 Rochas sedimentares de origem clastiea, No centro, arenito ({nata-se de uma lenle imtercalada), que s acha imtercalado num eonglomerado diamantifere Jocalmente denominude “taud”, Os setxos Go de rochas biisicas, rochas metamOrlieas diversas, de ge ato, quarto, silex, ¢ até mesmo de rechas sediments res, como de arenilo endureifo, Mins de Romans préxima a Monte Carmelo, MG (foto de CAL. ISorras so Brecua. — Composta de fragmentos an- gulares maiores que 2mm, cimentados por material da mesma natureza ou de natureza diversa. A sua origem varidvel: 1) brecha sedimentar originada, por exemplo, de de- pOsitos de talus; neste caso a matriz geral- mente ndo difere muito dos blocos inclusos; 2) brecha de atrito, originada por esforgos mecinicos, por exemplo, nos falhamentos (brecha de falha). Nesta circunstancia, a brecha se compde de material idéntico ao da rocha fraturada pelos esforgos mencio- nados, sendo este tipo de rocha colocado na categoria das metarmérficas. Tro. — E uma espécie de conglome- rado de alta importancia pela sua origem glacial, ocorrendo com freqiiéncia no Sul do Brasil, a partir do Estado de Sao Paulo. Constitui-se de fragmentos de rochas diver- sas ¢ de varios tamanhos, arredondados ow angulosos, cimentados por material argiloso € arenoso. Como principal caracteristica, predomina o cimento em relagdo aos seixos. A cor é cinzenta, até azulada, quando fres- co, ¢ amarelada, quando decomposto (fig. 7-14). Sedimentos quimicos: sio aqueles origi- nados da precipitagio de solutes, gragas & dimimuigio da solubilidade ou gragas a eva- poragio da agua. Quando se verifica este fendmeno o sedimento recebe 0 nome ge- nérico de evaporito, assunto a ser tratado no Capitulo vit. Os sedimentos quimicos formados gragas 4 diminuigéo da solubili- dade so mais comumente os carbonatos, que sé precipitam gracas ao aumento de temperatura e conseqiiente desprendimento de gis carbOnico, responsivel pela solubili- zacdo dos carbonatos. Sedimentos orgdnicos: os sedimentos for- mados pelo actimulo de restos de organi mos acham-se deseritos com pormenores no inicio do Capitulo 1x. CALCARIO ¢ MARGA (fig. 2-5) — Estas ro- chas acham-se descritas parte pelo fato de serem poligentticas. Existem calcdrios clas- ticos (recebem 0 nome de calearenito), qui- micos e orgénicos. Muito comumente os 48 clisticos so bioclasticos, pelo fato de serem originados pelo embate das ondas sobre re- cifes de corais, algas caledrias ¢ diversos outros organismos de carapaca calcaria. Os fragmentos so transportades pelas corren- tes e depositados como uma areia carbon: tica. Os calcarios séo rochas de cor cinza, amarela, até preta, geralmente compactas e de granulado microscépica na maioria dos casos. Podem as vezes mostrar cristais mais desenvolvidos, visiveis a olho nu, Outros apresentam-se sob a forma de pequenas s- feras formadas de camadas concéntricas. So os caledrios ooliticos (tamanho de ovo de peixe) ou pisoliticos (lamanho de grao de ervilha), formados pela precipitagde qui- mica em ambiente de aguas agitadas. Os calcdrios sfo facilmente riscdveis pelo cani- vete. Muito comumente apresentam impure- zas de argila e areia. Outros tipos so for- mados de restos de conchas, ou de carapa- gas diversas de organismos quase sempre microscépicos. Sendo grande a contribuicao de conchas, toma o nome de lumaquela Havendo ao redor de 50% de argila, 0 se- dimento recebe 0 nome de marga. Eferves- ce com facilidade com HC! a frio, Trata-se de importante matéria-prima para cimento, cal, ete. Dotosro, — Muito similar, em todos os sentidos, ao calcdrio, com a diferenga que se constitui essencialmente de dolomita. Por isto, efervesce somente com HCI quen- te, Existe perfeita gradagio de calcario puro para dolomite. Sitex. — Constitui-se de quartzo fibroso ‘ou caleedGnia, de cor cinza, amarela, ou preta. Compacto, muito rijo, duro (risca 0 vidto), de fratura concoidal. Transhicido nos cantos mais delgados. Muito comum nos sedimentos do Sul do Brasil, Sua origem & complexa, podendo ser quimica ou bioqui- mica. Neste caso resulta da dissolucao posterior precipitagdo da silica de restos de espiculas de esponja, ou carapagas de diatomaceas ou ainda de radiolirios. Fig 25 Sedimentos permanos honzontas kmbaixo ocor FE um banco de caledno dolomitico, soguido de ca @iadas delgedas ritmicas de folhelho preto (em parte Petummoso) calcio, A alterninew se deve a va. Pages chmitieas, sendo o calcario de épocas quenies © 9 folhelho de épocas tras, qué se allernavam. Pe. reir do Maluf, estrada Piracicaba — Ticté, SP (foto de J.C. Mens), Rochas metamérficas. — Tanto as rochas Magmiéiticas como as sedimentares podem ser levadas por processos geolégicos a con- dices diferentes daquelas nas quais se for- mou a rocha. Estas novas condicdes podem determinar a instabilidade dos minerais pre- existentes, estaveis nas antigas condigdes em que foram formados, Estas rochas sofrem entiio transformagées sob agdo destas novas Sondigdes de temperatura, pressio, presen- ga de agentes volitcis ou fortes atritos, adap- tando-se, assim, a estas novas condigdes Esta adaptacdo € que da origem a formacio das diferentes rochas denominadas rochas metamérficas. Dependendo do caso, poder ‘ou no mudar a composicao mineralégica, mas a textura muda obrigatoriamente Normalmente podem ocorrer tanto a re cristalizagao dos minerais preexistentes oo- mo também a formagdo de novos minerais. gragas @ mudanca da estrutura cristalina Sob as novas condigdes de pressio, tempe- Tatura ou ainda gracas 4 combinagao qui- mica entre dois ou mais minerais formando um nove mineral, agora compativel ¢ esti- vel sob as novas condigdes rcinantes. D pendendo da natureza dos esforgos sofridos Pela rocha, poder-se-do verificar deforma- goes mecnicas nos minerais. Estas defor- magdes tém importdncia na reconstituicso dos eventos geolégicos e tecténicos que in- tervieram na formacao da rocha. Gracas as condigdes de pressio dirigida num determinado sentido, a textura resul- tante mais comum ¢ a orientada ou xistosa, caracterizada pelo arranjo de todes ou de alguns dos minerais segundo planos para- Ielos. As laminas de mica ou os prismas de anfibélio seguem a mesma diregdo. O quart- 20 ¢ © feldspato crescem de forma lenti- cular, com orientagdo direcional dos maio- tes cixos. Esta estrutura xistosa & tao ca~ racteristica das rochas metamérficas, que clas so, ds vezes, também, designadas tos ou rochas xistosas (fig. 2-3C). Uma di- Visibilidade preferencial é a conseqiiéncia da xistosidade. Na recristalizagao pode dar-se apenas um crescimento, gragas a coalescéncia dos mi- nerais existentes como, por exemplo, um calcirio passando para mirmore, ou um arenito para quartzito. Em se tratande de Tocha argilosa, que & 0 caso mais freqiien- te, formam-se minerais novos a partir dos Minerais caulinicos, originando as micas ou as cloritas. A constituicdo mineralégica varia tam- bém conforme o grau de metamorfismo. Sob condigdes mais severas poderii passat para micaxisto, até atingir 0 grau maximo de metamorfiso, no qual se formam os gnaisses. Pode ainda dar-se 0 caso de a ro- cha original receber elementos estranhos, que se adicionam durante seu processo de transformagdo, como por exemplo gases contendo boro, que poderdo formar turma- linas, ou flor, que sera responséivel pela fluorita (em calcarios) ou topazio (em xis- tos), ¢ muitos outros. A Agua, geralmente dissociada, ¢ 0 fluido mais comum, de alta importancia nas transformacdes minerald- gicas, pelo fato de tornar 0 meio mais fluido. Em certas condigées, se 0 magma pene- trar ou ficar em contato com certas rochas preexistentes, poderd verificar-se um meta- morfismo motivado pelo aumento de tem- peratura, gracas ao calor do magma. Se os minerais da rocha encaixante ficarem insti- veis aquela temperatura mais clevada, dar- se- a devida transformagao, ou mineral6- gica ou na textura, dependendo do caso, ¢ este processo chama-se metamorfismo de contato. As principais rochas metamérficas slo as seguintes: quartzito, marmore, fili- to, micaxisto, cloritaxisto, anfibélio-xisto gnaisse. Quarrziro. — E uma rocha derivada do metamorfismo do arenito. Os graos de quartzo da constituig&e original iniciam um crescimento mma superficie, invadindo os in- tersticios, _Forma-se uma textura granular imbricada. © eventual cimento argiloso do arenito transforma-se cm muscovita. Sua cor & branea, résea ou vermelha. A vatie- dade flexivel de quartzito € chamada ita- colomite. Trapinrmo. — E uma variedade de quart- zito que possui, além de quartzo, grande quantidade de hematita, as vezes lamelar. Este nome foi tirado do pico de Itabira, aG, por W. von ESCHWEGE, em 1822. MArMore. — Provém do calcirio ow do dolomito. Os griios microscépicos de calei- ta recristalizam-se, formando cristais ma- croscépicos, apresentando uma aparéncia sacardide. A cor € bastante vi jayel, poden- do ser branca, rosea, esverdeada ou preta. ‘As impurezas primitivas podem recristali- zar-se como mica, clorita, grafita, etc., de- 50 pendendo da composigio mineralégica da impureza. Efervesce com HCl fio, e, quan- do dolomitico, s6 aquecido. ‘Os sedimentos argilosos transformam-se nas seguintes rochas, citadas em ordem cres- cente quanto ao rigor do metamorfismo Arpésta. — Microcristalina, cor de cin- za a preta, boa xistosidade, mas somente perceptivel pela boa divisibilidade, téo boa, que pode formar grandes placas, usadas para lousas ou para telhados. Possui um aspecto sedoso nos planos. Sua consistén- cia é mole ¢ facil de riscar-se com canivete. Furr. — Micro a macrocristalino, cor prateada, cinzenta, esverdeada, até preta. Alguns minerais, como a clorita ou mica, jA se tornam perceptiveis a olho nu. Sua di- visibilidade é excelente. Ciorrmaxisto. — Macrocristalino ¢ de cor esverdeada. Similar ao micaxisto, so- mente que, em vez de possuir mica, seu constituinte principal é a clorita. Micaxisto. — Macrocristalino, cor pra- teada, cinzenta ou preta. Minerais visiveis: muscovita ou biotita, quartzo, granada, ete. Boa xistosidade e boa divisibilidade. Awrinouito. — Macrocristalino, cor ver- de-escura até quase preta. Xistosidade exce- lente, com tendéncias lineares, gracas a0 arranjo dos prismas de anfibolio. Contém ainda quartzo ¢ as vezes clorita. Gwaisse. — Um grande grupo de rochas metamérficas sio designadas com este ter- mo. So rochas de textura bem orientada, na maioria das vezes, e que contém na sua constituigio o feldspato, além de outros minerais como quarizo, mica, anfibélio, gra- nada, etc. Sua divisibilidade nao é boa como a dos xistos. Sao macrocristalinos © asse- melhami-se muito a um granito, exocto na textura. Possuem cor cinza, r6sea, até quase preta. O gnaisse proveniente do metamorfis- Fig. 26 ‘Migmatito, uma das rochas metamérficas mais comuns do Pré-Cambriano brasileiro. & formada em grandes profundidades. As zonas claras so constituidas de ortoclisio ¢ quartzo, podendo ou ndio haver musco- vita. As escuras so mais ricas em anfibélies ou biotita ou ambos (fota de F. TAKEDA). mo de sedimentos é chamado paragnaisse, € 0 proveniente de rochas igneas é designado oriognaisse. Ambos s0 muitos comuns no embasamento cristalino brasileiro. Micmaniro (fig. 26). — Uma variedade de gnaisse que se caracteriza pela existéncia de faixas reconhecidas macroscopicamente como igneas, que sdo interealadas em rocha gniissica, metamorfica. As faixas igneas cos- tumam ser mais claras, de natureza granitica. Elas se injetam na rocha metamérfica pré- existente, a0 longo dos planos de xistosidade. A fase ignea, di-se 0 nome de neossoma (do Brego some, corpo), enquanto que, a fase metamérfica, paleassoma, por ser maisantiga O paleossoma costuma ser mais escuro, dada & presenga de hornblenda ¢/ou biotita. Tra- ta-se de uma das rochas mais comuns do Pré-Cambriano brasileiro. © ciclo das rochas. — Desde os pri- mérdios da formacdo da crosta terrestre até 0s dias de hoje, as rochas formadas vém sendo continuamente destruidas, seja pelo intemperismo (Cap. III), seja pela eroso, seja pela conjugacio de ambos os processos, 0 que é mais freqiiente. Os produtos resultantes da destruicio das rochas so transportados pelos. diversos fluidos (dgua, gelo ¢ vento) que circulam incessantemente pela superficie terrestre, acionados pelo calor solar e pela gravidade. Cessada a energia transportadora sao de- positados nas regides mais baixas da crosta, podendo formar pacotes rochosos de mi- Ihares de metros de espessura, constituindo as rochas sedimentares. A fragilidade da crosta determina 0 processo da subsidéncia, gracas ao qual verifica-se o sepultamento das rochas a grandes profundidades, seja pelo peso do pacote sedimentar, seja pelos esforeos profundos que enrugam ou defor- mam a delgada casca sidlica, esforcos estes oriundes da movimentagao continua do manto superior situado logo abaixo. Uma vez soterradas a profundidades de alguns milhares de metros, as rochas sedimentares sofrem o efeito do calor terrestre, transfor- mando-se em rochas duras, coesas, ora cimentadas por silica, ou carbonatos, ou material argiloso endurecido, ora recristali- zadas. Tais transformacdes recebem 0 nome de diagénese, ou litificacdo. Em niveis mais profundos, entre 10 a 30 km, as temperaturas so maiores, bem como as press6es, fatores que em conjunto transfor- mam as rochas sedimentares. preexistentes em rochas metamérficas. A composicio mineralégica, a textura, as grandes estrutu- ras podem ser totalmente modificadas, dependendo do tipo de rocha que se trans- formou e das condigdes de pressio tem- peratura. As rochas fgneas podem também ser transformadas em rochas metamérficas, desde que sofram os efeitos da pressao, da temperatura, © da aco de fluidos profun- dos reativos, ricos em silica, Alcalis, alu- mina, etc, por sua vez, originados da propria rocha em vias de transformacéo metamérfica. Se a temperatura aumentar, pela intensificagao do proceso da subsi- déncia, poderd verificar-se a fusdo total ou parcial da rocha, formando-se assim uma UNIPAMPA |] 31 Centro de Tecnologia de Alegrete | BIBLIOTECA | rocha fgnea, Essa € a origem da maioria das rochas graniticas, provindas de antigos sedimentos argilosos que sofreram as men- cionadas transiormagdes. Nem toda rocha ignea, contuda, tem essa origem. As rochas de composigao basdltica ttm a sua origem ligada ao manto superior, qué sofre trans- formagoes mineralégicas em niveis mais elevados, onde reinam pressGes menores, & penetra pela crosta sidlica, ora formando corpos profundos de gabros, ora alean- cando a superficie, dando origem aos der rames basdlticos. Qualquer rocha situada nas profundezas da crosta, seja ignea, metamérfica ou sedimentar, pode sofrer o processo de levantamento, ascendendo a ni- veis superiores. Tais processos se originam de esforcos provindos do manto superior, que se movimenta continuamente, acionado pelas variagies térmicas que ocorrem em profundidade. A medida que se elevam as rochas da crosta siflica, a erosio remove as camadas superiores. Decorridas algumas dezenas ou centenas de milhdes de anos, uma rocha que se formou a profundidade de 20 a 30 km, ou mais ainda, estaré A superficie, voltando a ser atacada pelos mesmos agentes superficiais num ciclo se- guinte, que sera reiniciado. Desde os pri- mérdios da formagio da Terra, quando se formaram as primeiras rochas oriundas do resfriamento da massa inicial incandescente, iniciou-se o ciclo. No decorrer de cerca de 700 milhdes de anos as rochas formadas foram destruidas, pois as mais antigas datam de pouco mais de 3,8 bilhdes de anos, € a idade da Terra € calculada em 4,5 bilhdes. Dai por diante, continuou 0 men- cionado ciclo, no se sabe quantas vezes, no decorrer do histérico do nosso planeta, ciclo este que continuar’ enquanto o manto superior mantiver a sua atividade energé- tica © a energia solar acionando os fluidos destruidores & superficie (Fig. 2-7). 32 {EAIRGLA SOLAR sxuibos A SUPERFICIE 1 sei0 DA GRAVIDADE = CALOR INTERNO TERRESTRE 1 — Atuque intempético, erosio © transporte. 2 — Cimentagio, diagénese, recrisulizagio beica cempecarara. 3 — Fusto peli incorporagio dircta a. qual quer muse ignea apis subaidénda, { — Meuamorfismo pelo aumento das condi ‘oes de temperatura, pressio orientds ‘ou pela conjugagio de ambos os pro cessos, geagas i subsidenca, 5 — Vuleanismo; por meio de rupcoras da crosta 0 magma basiltico provindo do manto se derrama 3 supericie. 6 — Soerguimento conjugado com a erosio das camadas superiores — Formacio de gabros, peridosis, boefitas, ete 5 — Formagio de metabasios Fig, 2 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Barr, T. F. WC. W. Conrins, © R. Escoua, Die Entstehiong der Gesteine, Verlag Von Julius Springer, Berlim, 1970. Connens, CW. Introduction 10 Mineraiogy, Sprn ger-Verlag, Berlim, 1969. Dana, ES, 4 Textbook of Mineralogy. John Wiley & Sons, Inc., Nova York, 1932. Dana, J.D, Manual de Mineralogia, vols. | ¢ 2 (trad), Fd. da Univ, de Sao Paulo, 1969, Eaxst, W. G., Minerais ¢ Rochas, trad. de Evaristo Ribeiro Filho, Ed. Edgard Bliicher Ltda., Sao Paulo, 1971, Franco, RR. ¢ J. E, de Souza Capos, Pedras pre- ciosas ~ nocies fundamentais, brSh, Col. Buriti, 1965. HyNpMAN, D. W., Petrology of Igneous and Metamor- ‘phic Rocks, McGraw-Hill Book Co., Nova York, 1972. Lawwz — Souza Camros, Guia para determinacdo de rminerais, Editora Nacional, Sto Paulo, 1977. ‘Turner, F., ¢ J. VERHOocEN, Jgneous and Metamor- hic Petrology, McGraw-Hill Book, Co., Nova York, 1951 ‘Trane, G. W., The Principles of Petrography, E P. Dutton & Co., Inc., Nova York, 1952: Winktin, H., Petrogénese das Rochas Metamérlicas, trad. de Burger C. J. ¢ Freitas R.O., Bd. Edgard Blicher Ltda., Sio Paulo, 1977. DINAMICA INTERNA UNIPAMPA tro de Tecnologia de Alegrete PRIBLIOTECA. ‘ As forcas exdgenas, acionadas pela ener= gia solar conjugada com a forca da atracio gravitacional, tendem a destruir a superficie dos continentes, transportando os detritos que vio lenta, mas continuamente, preen- chendo as depresses marinhas ¢ continen- tais. Por este processo, realizado desde os primérdios da existéncia da Terra, a tendén- cia € a do aplainamento de toda a super ficie do globo terrestre, Tal aplainamento jamais completou o seu estado de equilibrio por causa das forcas endégenas que agem, em parte, em sentido contraria ao da ero- sdo. A matéria proveniente das profunde- zas do manto é continuamenie impulsionada ramo a superficie, formando rochas novas, acentuando as diferencas do relevo e evitan- do que seja atingido o equilfbrio da super- ficie, sempre em estado de instabilidade. A energia responsavel por tais movimentagoes 6 objeto. das mais variadas especulacoes, que serio abordadas em capitulos posterio- res, a0 versarmos a epirogénese ¢ a orogé- nese. A crosta est4 em continuo movimento, empurrada, comprimida, distendida, rompi- da, dobrada pela movimentagZo do manto superior. A crosta nfo é rigida e imutavel, como pode parecer a primeira vista. Ten- sées de origem intera transmitem-se & crosta externa, provocando enormes sulcos alongados ou, entio, elevacdes montanhosas que fazem mudar a configuracdo dos mares © continentes, Massas magmdticas locomo- Introdu¢ao vem-se continuamente no interior da crosta, adicionando a cla material novo, podendo mesmo atingir a superficie sob a forma de vulcSes. A dindmica intema é estudada sob dois aspectos, 0 magmatico ¢ 0 tecténico. O primeiro trata do magma sob 0 ponto de vista quimico, fisico, fisico-quimico ¢ do seu movimento no inferior e no exterior da crosia sélid. Sio de grande importincia, também, as relacSes miituas do magma com as rochas adjacentes a ele. A tectOnica, por sua vez, estuda as conseqiiéncias dos diver- sos tipos de esforeos internas, que se tradu- zem em varias feicdes . reconheciveis nas rochas hoje expostas 4 superficie, Sio as dobras, as falhas, as didclases, a xistosida- de da rocha metamérfica, ete. © movimento do manto, j4 mencionado, ¢ a ser tratado adiante, ¢ responsiivel pelos fendmenos de vulcanismo, plutonismo, ter- remotos ¢ ainda pelos grandes dobramentos orogenéticos, fendmenos estes intimamente vinculados ao manto. E 9 motivo pelo qual 0s focos sismicos 2cham-se concentrados preferenciaimente junto as areas vulcdnicas, bem como, as dreas de dobramentos recen- tes, como os Andes, Rochosas, Alpes, Hima- laia, etc. A par do magmatismo de super- ficie, formam-se também imensos corpos fgneos profundos, de grande importincia econémica, pelos metais a eles associados, como 0 cobre, estanho, eromo, platina, ni- quel, ¢ muitos outros (J. C. Biondi, 1986). 237 Capitulo Xx Generalidades No substrato da crosta consolidada ocor- ye a zona compativel com a existéncia do magma, variando sua profundidade confor- me a regido, No entanto, 0 magma ocorre somente em pequenas reas isoladas, que so as éreas vulednicas, Admite-se que, 2 profundidade de 30km, nas regides dos es- cudos pré-cambrianos (de grande antigiii- dade, ¢ conseqiiente estabilidade tectGnica), a temperatura seja compativel com a exis téncia do magma, que pode ou nao exist © que vai depender das condic&es de pres- so © temperatura. Como j4 foi referido anteriormente, 0 magma € gerado em zonas de atrito do manto em profundidade, bem como, onde se Concentram elementos radioativos gerado- Tes de calor, ou ainda em regides submeti- das a forgas tacionais tectonics, que determinam o alivio da pressio, Admite-se hipoteticamente que o magma ainda possa se originar junto a base do manto, rece- bendo calor emanada por zonas de atrito existentes no niicleo terresire, assunto a ser tratado no wltimo capitulo. Nas regibes vulcdnicas, 2 zona magmiti- a localiza-se em profundidades bem meno- es, fato esse comprovado pelo grau geo- térmico bastante diminuido, comparado a eutras regides sem vulcanismo. O magma € uma mistura complexa de substancias no estado de fuséo, sendo umas mais, outras menos voliteis. As menos voliteis consti- tuem a maior parte do magma, e, na maio- tia_das vezes, tm um elevado ponto de fusio, como a silica, os silicatos diversos ¢ alguns 6xidos, todos eles em dissolugio mi- Magma tua. A consolidacio de magma obedece a diversas leis fisicas ¢ fisico-quimicas, princi- palmente as leis da termodinémica ¢ as de solubilidade. A segregacio dos minerais fonmadores das rochas igneas, a sua génese, esto em fntima relacdo com estas leis de cquilibrio de fases. A este capitulo das ciéncias geolégicas dé-se 0 nome de Petro- génese, campo vasto, altamente complexo ¢ em franco desenvolvimento experimental nos dias de hoje. O magma pode movimen- tar-se ativamente, por energia propria, devi- damente acionado pela forca expansiva dos gases, as vezes existentes em grandes quanti- dades. Pode ainda movimentar-se passiva- mente, por forcas teciénicas. Em certos lugares, 0 magmia pode atingir a superticie terrestre, transbordando da cratera dos vul- Bes ou de vastas fendas, sob a forma de Tava. Designa-se como vilcanismo esta ativida de magmitica que atinge a superficie, Mais freqitentemente, contudo, 0 magma nio atinge a superficie terresize, ficando preso dentro da crosta sélida e consolidando-se sab um espesso teto da crosta. Designa-se como plutonisme a este fenémeno. Caracteristicas do magma Constituicao do magma. — O magma (do Brego magma, tipo de massa de pio) é Constituido de solugdes complexas que ocor- Tem no interior da crosta terrestre, po- Gendo ocupar espacos definidos e individua- lizados, que se denominam camara mag tica. © magma contém diversas substncias, geralmente pouco voliteis e com elevados Pontos de fusio, na maioria das vezes. Pre- [UNIPAMPA | Cento de Tecnologia de Aiegrete BIBLIOTECA 239 dominam largamente os silicatos, seguidos dos 6xidos, mais os compostos volateis, sen- doa agua o mais importante. Estas substan- cias consolidam-se pelo resfriamento, dan- do as rochas magmiticas. O magma con- tém ainda gases de diversas naturezas ¢ substdncias volateis que escapam em gran- de parte sob a forma de vapores, ndo sendo por isso incorporados as rochas. Os mag- mas constituem, assim, sistemas miltiplos do ponto de vista de equilibrio fisieo-qui- mico. Lembramos que um sistema em equi= librio pode ser bindrio, terndrio ou quater- nario, ete., dependendo do niimero de subs- tncias que se encontram em solugdes mu tuas. Quando se dia combinacdo quimica entre dois ou mais compostos, trata-se de um problema altamente complexo, 0 da andlise do comportamento do sistema sob diferentes condigdes, como a auséncia ou presenga da agua, pressdo, temperatura, eic, © também do resultado final, apos a consolidagaio total da massa fundida. Os conhecimentos empiricos das condigdes fi- sicas e fisico-quimicas, assim como do com- portamento com as mudancas da tempera- tura e presséo em sistemas artificiais que procuram imitar os naturais, fornecem-nos idéias sobre o mecanismo dos fendmenos pluténicose vulednicos. As observagSes ge0- logicas normalmente nos fornecem apenas 08 estidios finais da evolugdo magmatica. Assim, as consideragdes fisico-quimicas ¢ pesquisas experimentais complementam as TaneLa 10-4 fo das _percentagens dos compostos.nilo-vold- teis, em 60%, e em 997, das rockas magmitieas 60% das ra | 99% das ro- Bc has igneas ‘ches igneas SiO, entre 45-70% | entre 30.80%, ALO, 325% Fe0-Fe, 043% MgO. 025%, uo. Na,O 240 s 2 = é °. m «© © 6 .0 ‘Teor de SiOz emp Fig. 10-1 Relagio do teor de silica em fungio da freqit relativa das rochas magmiticas, Vé-se que as freqiémtes so as de 52.5% 59.1%, © 730%, Richardson © Sneesby), observacées geologicas, na procura do esa recimento de tao interessante ¢ compics problema, qual seja o da gnese das roc! magmiticas. As percentagens dos compostos po voliicis variam dentro de limites bast estreitos ¢ no ilimitadamente como m vezes se supée, fato este elucidado na bela 10-1, que mostra a flutuacdo dos tes dos principais componentes no-voll das rochas igneas (v. fig. 10-1). Nao somente a flutuagao das percen gens & restrita, como também as comb ges entre diversos componentes. Estas se do ao acaso e por este motivo o niin to de minerais que formam as rochas maticas € bastante restrito, como sera ¥ adiante. As combinagdes efetuadas entre os oo postos que formam o magma obedecems diversas Ieis, ligadas as afinidades quimac dos elementos, Desta maneira, 0 potissi © sédio acham-se geralmente associados. mesmo se dando com o calcio, magns ¢ ferro. Quando os valores dos alcalinos slevados, os dos elementos alcalino-terr fo baixos. Também a relacdo do quocies molecular do 4/,0, ~ quociente molecs dos Oxides alcalinos + CaO é normalmes inferior & unidade. Gracas a estas normas. rochas magmaticas sao constituidas por on binagdes limitadas, ao contrario das rochas sedimentares, cuja composi¢do quimica pode ndo somente flutuarem amples limites, como também pode ser de alta simplicidade, como 08 arenitos quartzosos, calearios, argilas alu- minosas, ete. Os elementos voliteis do magma sio constituidos predominantemente de agua no estado dissociado ¢ de quantidades menores de CO,, CO. H,, N 50, HCI, H,S e outros mais. Devemos imaginar, as- sim, que 0 magma é constituido de uma mistura de silicatos, na qual ocorrem os ga- ses dissolvidos. Predominam nos magmas os teiraedros, constituidos de um dtomo de si- licio rodeado por quatro de oxigénio. Estes tetraedros dispdem-se ora separados, ora unidos em cadeias, placas ou em blocos, unfidos entre si por atomos de oxigénio ou por iitomos de elementos metailicos, ou ainda. por oxidrilas. Quanto mais baixe for o teer de silica, maior é a quantidade de tetraedros isolados, o que di 20 magma o carater de alta fluidez (ou pequena viscosidade). So os chamados magmas basicos, muito fluidos, como yeremos adiante, Ao contrario, au- mentando o teor de silica, aumenta também a polimerizacao dos tetraedros de (Si0,)* fato que determina o aumento da viscosida- de. Sao ditos magmas acidos, muito viscosos. E de grande importancia geolégica 0 fato de ocorrerem no magma substncias com diferentes pontos de cbuliggo. O ponto de fusio do sistema em conjunto é sempre mui- to inferior a0 dos componentes nio-volateis isolados, gracas ao ponto eutético resultante da mistura dos compostos em fusao. Assim, 0 quartzo funde-se ao redor de 1.700° ¢ a maioria dos silicatos constituin- tes das rochas, entre 1.100° ¢ 1.600°C, Suas misturas, contudo, fundem-se ao redor de 1.000°C, e na presenca da agua a tem- Peraturas ainda mais baixas. Por este mo- tivo, a temperatura de solidificacdo dos magmas, de um modo geral, é muito infe- flor a temperatura de solidificagzio dos res Pectivos minerais que entram na sua com- Posicdo. Assim sendo, ndo podemos usar como termémetros geoldgicos do magma os pontos de fusio dos minerais. Os elemen- 105 vokiteis sio os que mais diminuem o ponto de fusio ¢ a viscosidade do magma, Embora a totalidade dos elementos volateis do magma represente uma pequena percen- Tagem em peso, desempenham papel de grande importancia, por serem, como jé vi- mos, 05 responsiveis pelo abaixamento do ponto de solidificagio, pelo aumento da fuidez e pela formago de um grande niime- ro de minerais titeis ao homem, assunto que serdi abordado mais adiante Experiéncias de laboratorio mostram que um granito fundido ¢ sujeito a pressdo equi- valente a 5km de espessura de rochas, pode conter em solugaio cerca de 7% de agua ¢ conservar-se ainda com certa mobilidade até a temperatura de apenas 700°C. Outros estudos experimentais, ainda, realizados em sistemas de elementos voliteis similares aos do magma, mostraram o seguinte: a tem- peraturas superiores cristalizam-se inicial- Mente compostos pouco voliteis. como o sio a maioria dos silicatos que formam as rochas. A medida que se vao eles cristali- zando, 0 residuo magmiatico vai-se enrique cendo de elementos voliteis que néo con- seguem escapar, pelo fato de se encontra- rem em ambiente fechado. A presso inter na sobe, como conseqiiéncia do aumento re- lativo dos voliteis, ¢, apesar do resfriamen- to continuo, processa-se a ebuligdo, porque, num determinado momento, as paredes no resistem mais 4 pressdio dos gases, rompem- se, dando-se 0 escape dos compostos volé= teis. Gragas A queda da pressio verifica-se acbulicdo. Destilam-se deste modo solucdes em estado Mluido, aquecidas acima da sua temperatura critica, num. sistema em que ambas as fases se encontram intimamente interligadas, apresentando as propriedades de vapores ¢ de liquidos, sendo dificil a sua distingao sob estas coridigdes de alta tem- Peratura ¢ pressio. Comportam-se come Bases no que se refere a tenses ¢ mobilida- de mas, gracas 4 presenga de substincias pouco voliteis, que podem ocorrer em quan- 241 tidade aprecidvel, aproximam-se também das fusdes, Com o progresso do resfriamen- to, as solugdes residuais acabam-se conso- lidando de uma vez, seja no interior do pr prio corpo magmitico j4 consolidado, ou seja, ainda, durante 0 seu percurso, caso 0s fluidos tenham sido expulsos através de fen- das na rocha pré-consolidada. Poderiam também ser retidos junto 20 contato com a rocha encaixante, impermeivel a tais fui- dos. A baixas pressdes originam-se combi- nagées entre elementos pouco ¢ muito voli teis, como por exemplo o ferro ¢ o enxofre, formahdo a pirita, ou 0 ftir, boro, etc., combinando-se com radicais silicdticos, for- mando respectivamente 0 topazio e a tur malina. ‘Ao iniciar-se © processo da solidificagéo de um magma, os-clementos volateis ndo interferem, estejam eles presentes ou nao, Contudo, nos estidies posteriores, sobretu- we Zona de oxidagao dos gases 2 0 = Superficie da lava 2 Zona de resfriamento 4 6 8 Zona de aquecimento 10 a7 a0 590 1000 1100 1200 00 1eou'e™ 102 Variagdo da temperatura da lava com a profundidade, no vulelo Kilauea, Hava 0 agi mento realizade na zona de oxidagia dos gases é devido a0 lato de as reaches de oxi serem exotérmicas (seg. Jaggar) do nos finais, ocasido em que se da a con- centragde dos voliteis, verifica-se acentua- da interferéncia destes, ndo sé nas proprie- dades gerais do sistema como na associa- do mineralOgica resultante, cujos exemplos serdo citados adiante. Temperatura do magma. — As vezes 6 possivel determinar-se diretamente a tempe- ratura do magma, facilmente acessivel nos vuleBes ativos. Desta maneira, JAGGaR con- seguiu medir a temperatura da lava num dos lagos de lava no Havai (fig. 10-2), tendo sido observada uma variagdo da tempera tura conforme a profundidade. Admite-se, contudo, que a temperatura do magma nas grandes profundidades ‘da crosta € mais baixa, oscilando entre 800 a 900°C. Tal admissao se baseia na ocor réncia de diversos minerais que se form a temperaturas conhecidas. segundo da experimentais de laboratério. Um destes minerais 6 © quartzo, que ocorre em varias fases cristalinas, conforme a temperatura do meio em que se tenha formado. Outros mi- nerais, abaixo de uma determinada tempe- ratura critica, desdobram-se em outros dois minerais, que passam a coexistir em. inti- ma associago, como magnetita ¢ ilmenita, feldspatos diversos entre si, ou junto ao quarizo, ¢ varios outros mais. Denominam- se dermémetros geolégicos. Viseosidade do magma. — A viscosidade do magma depende essencialmente da sua temperatura ¢ da sua composicdo quimica. Ja dissemos que 0 magma dcido, isto é mais rico de silica, & mais viscoso do que o mag- ma bisico, com pouca silica ¢ conseqiien- temente de menor grau de polimerizagdo dos tetraedros de (Si0,)* . A composi¢io quimica das rochas magmaticas pode ser expressa em fungi do seu teor em SiO, que pode ser determinado por métodos qui- micos. Assim sendo, classificam-se essas ro- chas em Acidas, intermediarias, basicas ¢ ultrabasicas, quando os teores em SiO, fo- Tem, respectivamente. superiores a 65°. en- tre 52 € 65%, de 45 a 52°,,c inferiores a 45%. A presenga ou auséncia de SiO, sob a forma de quarizo, nas rochas, permite tam- bem que sejam classificadas em: supersatu- fadas, quando possuem quartzo livre: insa- turadas, quando nao possuem esse mineral, mas acham-se presentes minerais como ne- felina, leucita. olivina, etc., que reagitiam mM O excesso de silica: Finalmente, em satu- las, quando ndo ocorrem esses minerais saturados nem quartzo livre. Devemos fri- que os termos Acide © basico so assim pregados devido ao cariter icido do oxido silicio, e basieo de certos dxidos como, F exemplo, os de ferro e magnésio, que adem a aumentar enquanto os teores de 20, diminuem, numa série de rochas igneas. im, as lavas das ilhas Havai pos: uma consisténcia de dleo de ol ingindo a velocidade de lem por segundo re um terreno de 2° de declividade. OO COO Por outro lado a lava dcida é freaiiente- mente tio viscosa que nem chega a correr. © grau da viscosidade é de alta importn- Gla para oO mecanismo de intrusdo e extru- sio, como também para a diferenciacdo thagmatica. Os cristais formados durante a fusdo freqiientemente possuem densidade di- ferente da do magma, procurando subir ou descer, podendo dar-se, em certos casos, a concentragio de um determinado mineral, caso a viscosidade permita a movimenta- do dos eristais, seja para cima, seja para baixo. Este fenémeno denomina-se diferen- ciagdo magmiitica pela gravidade Elementos voliteis do magma. — Pouco sabemos ainda sobre a natureza dos ele- mentos voliteis, pois a lava, a0 atingir a superficie, j4 perdeu uma boa parte dos ga- ss, €, no magma consolidado em profundi- dade, poucos voliteis foram fixados. As principais causas do escape destes clementos volateis residem no didmetro atémico ge- ralmente muito pequeno ¢ na valéncia nlo- compativel com a composigdo dos silicatos mais comuns formadores das rochas igneas. Sao assim desprendidos junto com a agua. que é 0 volitil mais comum. Sio os prin- ipais motivos pelos quais estes elementos sdo encontrados nos veeiros hidrotermais ou nos pegmatitos, cuja fluidez, devida aos voliteis, € responsdvel pelo tamanho gran- de dos minerais que formam os pegmatitos. Admite-se como razoavel que 0 magma aci do possa possuir até 8% de voliteis, repre- sentados essencialmente pela égua. Além dos elementos ja citados, que se incorporam a08 voliteis dos magmas, diversos outros, muitos deles de grande importancia econd- mica, acham-se em associagio com 0$ yo- litcis do magma. Além do enxofte ji cita- do, 0 ferro sob a forma de hematita, pode depositar-se a partir de emanagées vulcani- cas, Nos magmas de profundidade citam-se Os seguintes, entre os mais importantes; 0 fldor (responsive pela formacao dos topé- zios ¢ da fluorita), 0 boro (turmalinas), o berilio (berilos); entre os metilicos temos 243 © estanho (cassiterita), o tungsténio (vol- framita), o tantalo € nidbio (tantalita), to- dos eles relacionados diretamente ao mag- ma. Adiante abordaremos outros ainda, que se relacionam de maneira indireta © que ocorrem nos depésitos hidrotermais. Segun- do Bar, as fumarolas do “Valley of Ten Thousand Smokes”, no Estado do Alasca, produzem por minuto uma média de cerca de 2.4 toneladas de dcido cloridrico ¢ 380 quilogramas de acido fluoridrico. Resfriamento do magma. — Uma consi- derivel massa magmitica, situada a varios quilometros de profundidade, vai emitindo © seu calor ¢ yai-se lentamente resfriando. Com © correr de alguns milhées de anos, dependendo das condigées de resfriamento, a massa estard solidificeada por completo, TameLa 10-2 Atividades plutinicas ¢ yuleini sua temperatura € suas condigdes fisico-quimicas resultando uma rocha magmitica de pro- fundidade, denominada pluténica. Neste processo de consolidagao vao-se formando minerais em uma ordem que obedece aos principios da solubilidade do mineral em relagio ao magma, no que diz respeito 4 sua composi¢aio quimica, pressio © tempe- ratura. Assim, nos estidios iniciais da con- Solidago magmatica, cristaliza-se a maior parte dos silicatos. Qs primeiros minerais que se formam so os chamados acessérios, que ocorrem em pequena quantidade, ¢ nfo interferem na classificagio da rocha, que continua sendo a mesma, quer existam estes acess6rios, quer ndo. Como exemplo tems a zirconita, apatita, titanita, ilmenita, mo- nazita e muitos outros. Pelo fato de se cris- talizarem em primeiro lugar, possuem forma propria, so bem eristalizados, idiomorfos. do magma segundo Condicoes Alividades Arividades Hemperataras do magma phesnicas vulednicas ‘Acima de 1.000°C Totalmente fundido ‘Nenhuma Nenhuma Cristalizagio dos_mi- nnerais acessbrios (zit conita, apatita, titani- ‘a, ilmenita, hematita, Entre 1,000°C e soorc, |_**? Iniciase 0 aumento da pressdo. ma cimara magmatic. Inicia-se a colocagio do magma no espaco ‘que ira ocupar. ‘aproximadamente, Aumento da pressio «dos gases na fusio re- sidual. Inicio da cris- talizagio dos mincrais essenciais. Predomina ainda a fase liguida. Metamorfismo de con: {aio intenso nas rochas preexistentes. Forma- ses de phitons. Rompimento do tet, Enire S00°C © 700°C, | Climax da pressio dos aproximadamente. gases. Cristalizagdo ‘quast no seu esticio final cexplosio © derrama: Intrusdes. menores no | mento de lavas. in.erior do préprio plu ton (aphitos, pegmati- tos ete). aproximadamente, Entre 700°C © 250°C, Desprendimenta ativo le wapores. Fendmenos pneumato~ Iiticos. Fase de fumarola. Entre 250°C © 100C, aproximadamente. Queda da pressio dos vapores, Formamese solugdes aquosas res- dais, wal das atividades plutOnicas. Fasc hidro- ‘ermal Fase de solfatara, 244 Os elementos volateis pouco intervém. So- mente em alguns minerais entram alguns volateis em combinagao, como o cloro ¢ 0 fluor na apatita (v. tabela 10-2). A seguir, cristaliza-se a grande maioria dos silicatos, obedecendo a uma seqiiéncia mais ou menos definida, que é a seguinte: olivinas, piroxénios, anfibélios, plagioclasios céleicos, plagioclasios sédicos € ortoclasios. ‘Nestas fases os voliteis continuam nao in- tervindo, a nfo ser na formagio dos anfi- bolios ¢ da biotita. Mas, com o progresso da consolidagdo, mudam as condigdes. Co- mo a maior parte dos yoliteis se acumula na fusio residual, sobe com isso a tensio interna, atingindo o seu climax ao redor de 700°C. O magma toma-se entdo ativo, isto & passa a ter energia propria, gragas ao aumento da pressdo, Se 0 teto da cimara magmatica for de tal modo espesso e resis tente a poder suporiar as pressées (assunto encarado no capitulo do plutonismo) entzio os gases migram, numa seqiiéncia continua de solugdes, do corpo intrusivo para a ro- cha encaixante, enquanto que a temperatura se vai gradativamente arrefecendo. Inicial- mente, sdo fusdes impregnadas de gases que atravessam tanto 0 corpo intrusivo, j4 consolidado, como a rocha encaixante pas- sando por fendas. A rocha resultante deste magma, altamente rico em voliteis, € deno- minada pegmatite, Caracteriza-se pelo ta- manho grande, centimétrico a decimétrico, dos cristais que se tornam anormalmente desenvolvidos, gracas 4 fluidez do meio. Em um pegmatite de Dakota do Sul, EU. 4, ocorrem cristais de espeduménio de 12 me- tros de comprimente. No corpo principal da massa magmatica em vias de consolida- go, no caso de um magma granitico, 0 quartzo se forma em iiltimo lugar, apés a cristalizac4o dos feldspatos, ocupando por isso os espagos vazios deixados pelos mine- rais ja cristalizados, Apés este estidio, seguem-se as solugdes residuais, contendo Agua, silica ¢ um gran- de ntimero de elementos metilicos, que se vio depositando, ou reagindo com a rocha percolada por tais fluidos, formando, desta maneira, depésitos de interesse econdmico. Estes elementos metélicos depositam-se nu- ma seqiléncia certa, obedecendo, entre vi- mios outros fatores, 4 temperatura, que se abranda, 4 medida que se afasta da fonte magmitica. Segundo este eritério, tais de- Pdsitos sio classifieados em hipotermais. mesotermais, epitermais ¢ teletermais, Os primeiros, mais profundos, mais. proximos do magma, sao caracterizados prineipalmen- te pelos minérios de cobre, ouro, estanho, » cobalte ¢ tungsténio. Os mesoter- mais, situados acima dos primeiros, formam os depésitos de minérios de zinco, chumbo e prata, principalmente, enquanto que os epitermais, mais frios ainda, se caracterizam pelo minério de merciirio, antimOnio, pelos carbonates complexos, como ankerita, pe~ los depésitos de barita, etc. Os residuos magmiticos, de um modo ge- ral, gragas a0 seu estado fluido, percolam as rochas, podendo transformé-las profun- damente. Tal é 0 caso do greisen, rocha resultante da alteragdo hidrotermal profunda de granitos, onde os feldspatos sao transfor- mados em muscovita, ficando uma rocha constituida de quartzo, mica, ¢ muitos mi: nerais relacionados aos agentes voliteis rea- tiyos, como a turmalina, 0 topazio, a fluorita, a cassiterita, a volframita e outros. O greisen costuma localizar-se nas auréolas das in- trusdes graniticas, onde podem acumular-se 0s volateis, constituindo, muitas vezes, portante protominério de cassiterita. Tais transformagSes recebem a designa- co geral de pneumatdlise. A medida que as solugdes se vao resfriando, formam-se fie nalmente solugdes denominadas hidroter- mais, cuja temperatura vai de 250 a 100°C. Estas também atravessam tanto as rochas intrusivas, ja previamente consolidadas, cO- mo as preexistentes, em fendas, ou qualquer outro tipo de abertura existente. Formam: se, nestes processos todos, diversos minerais novos, seja nos vazios, scja substituindo os minerais jé existentes, Da-se 0 nome de metassomatose (do gr. meta, mudanga e UNIPAMPA Centro de Tecnologia de Alegrete | BIBLIOTECA 245 soma, corpo) ao fendmeno da substituicio de um mineral por outro preexistente, que é dissolvido, ficando no seu lugar o mine- ral novo. Este fendmeno ¢ freqiiente em calcarios, que so substituidos ao longo das fendas, pela galena ou esfalerita, que podem formar corpos de grandes dimensdes, como ocorrem no municipio de Apiai, sul do Es- tado de Sao Paulo. Contudo, se o teto nfo resistir 4 pressio dos vapores da fusio residual, realiza-se entdo o fraturamento do teto até a superfi- cie, ocasionando, assim, os fendmenos en- quadrados no capitulo do vulcanismo. Gra- gas ao alivio da pressiio di-se o desprendi- mento dos gases que se achavam dissolvi- dos, € com isso 0 magma espuma, a ma- neira do champanha mal refrigerado ao sair da garrafa. Por um mecanismo semelhante, © magma sobe derrama-se, acompanhado muitas vezes de explosdes violentas. Sua energia diminui lentamente pela perda dos gases ¢ pelo resfriamento, terminando lenta- mente sua atividade explosiva, finalizando com a consolidacio. Sintetizando os fend- menos descritos podemos imaginar 0 esque- ma exposte na tabela 10-2, Nao se enqua- dram nesta tabela as atividades magmiticas responsiveis pela emissio de milhares de quilémetros ciibieos de lava basiltica, fato ocorrido ro Sul do Brasil durante a cra me- sozdica. Estas atividades, que sero descri- tas no proximo capitulo, so devidas a gran- des rupturas da crosta, sem a presenca da cimara magmética. Ndo houve, portanto, tempo e condicgdes para que se processe © fenémeno da diferenciagéo magmitica. Diferenciagdo magmitica Ha cerca de um século ja se cogitava do problema da derivado das rochas magmd- ticas, surgindo a pergunta: qual seria a cav- sa da existéncia de rochas magmaticas com- pletamente diferentes entre si? Os magmas jd eram a prineipio diferentes ou 0 mesmo magma gerou rochas diversas? A dificulda- de de reproduzirem-se experimentalmente as 246 condigies da natureza (ou scja, pressdes ¢ temperaturas muito elevadas ¢ misturas alta- mente complenas, quanto & composi¢o qui- mica) torna o problema bastante complexo € de dificil solugdo definitiva. Por este mo- tivo tém sido conjeturadas muitas teorias contraditérias, ora bascadas em observa- es de campo, que muitas vezes se pres- tam a mais de uma interpretagdo, ora ba- seadas em dados experimentais de labora- tério. Com o progresso da fisico-quimica destas wltimas décadas, muita luz veio es- clarecer ¢ clucidar um grande nimero de problemas até entao insoliveis, gragas a experiéncias sobre o comportamento dos versos componentes, submetidos 2 variadas condigSes de temperatura, pressdo e presen- ca de agua, experiéncias estas sempre acom- panhadas das observagies de campo. As associagdes litolégicas observadas na natu- reza evidenciaram 0 fenémeno da formagao de rochas completamente diferentes, mas relacionadas 20 mesmo tipo de magma. Ou- tra observacio muito interessante € sobre a natureza das rochas de profundidade ¢ a das superficiais, vulednicas. Entre as primeiras, predominam largamente as rochas graniti- cas ou granodioriticas, que ocupam uma drea 20 vezes maior que as demais rochas de profundidade, agora aflorando a super= ficie. Por outro lado, entre as rochas efu- sivas, predominam as basilticas, cujo volu- me & 5 vezes maior do que as demais ro- chas efusivas. Varias so as explicagdes para a forma- cdo das rochas magmaticas a partir de um ou dois tipos apenas de magma. A este fe némeno di-se © nome de diferenciagdo magmitica, Admite-se que os processos de diferenciacio possam ser realizados duran- te a fase exclusivamente liquida ou durante a fase mista, de liquido com minerais ja cristalizados. Enire os primeiros citamos Imiscibilidade de liquidos. — Muitos Ii quidos sao misciveis em todas as proporcdes somente acima de uma determinada tempe- ratura. Assim é que a anilina pode mistu- rarese com Agua acima de 166° em todas as proporgdes. A medida que a temperatura vai descrescendo, ambos 05 liquidos se vao separando cada vez mais, até uma deter- minada temperatura na qual a imiseibilidade & completa. © mesmo fendmeno se dd com a 4gua € a nicotina. Por analogia, aventou- se a hipétese de que um magma primario resultasse em dois, um riolitico, da natureza do granite ¢ outro basiltico, da natureza do gabro ou do basalto. Esta idéia, contudo, no encontra apoio nas experiéncias de la- boratério e nas observagdes de campo. Migragao da fase fluida. — © fendmeno em’si ja foi encarado, ae tratarmos da im- portincia dos voliteis, que escapam e as- cendem, determinando, com isso, tipos com- pletamente diferentes de magma, mas com a mesma origem. Lembramos aqui o exem- plo tos pegmatitos ¢ das auréolas formadas no contato com a rocha encaixante, que pode represar os fluidos do magma. O segundo tipo de diferenciacio é verifi- cado num estadio misto do magma, no qual ocorrem minerais ja consolidados, que se acham em cquilibrio com a fase liquida, magmiatica, Citam-se os seguintes processes que podem ocorrer nesta fase: Diferenciagio gravitativa. — Logo que 0 magma comeca a cristalizar-se, os primei- tos cristais formados podem ser concentra- dos numa zona inferior se a densidade for superior 4 do liquido ¢ se nfo houver mo- vitnentos de convecgdo. Pode também dar- se 0 caso de o mineral pré-formado ser mais leve e concentray-se numa zona superior da camara magmatica, onde se processa a con- solidagdio. As observagdes de campo mos- tram que os minerais que mais comumente se concentram por processo gravitativo sio geralmente a olivina, anfibélios ou piroxé- nios, que formam respectivamente perido- titos, hornblenditos ou piroxenitos. Este tipo de diferenciagio pode determinar a forma- sao de jazidas de importancia evonémica, como se da com as concentrages de cromi- ta, mineral formado em magmas bisicos. Tal exemplo encontramos na localidade de Campo Formoso, Bahia. Diferenciago por convecg3o. — Conhe- eeft-se casos em que os cristais, pré-forma- dos durante a consolidagao do magma, se dispdem de maneira tal, indicando ter ocor- rido uma concentragéo motivada por mo- yimento de convecso. Como resultado deste processo formar-se-iam bandas con- céntricas, dispostas no corpo magmético Diferenciagio por filtrago ¢ prensagem. —A medida que aumenta a quantidade de minerais do magma, estes vao-se concen- trando, tornando-se agrupados num. verda- deiro emaranhado de cristais, ocupando 0 liquido residual magmatico os intersticios dos cristais. Este liquido pode ser expulso €, por conseguinte, separado da trama de cristais pré-formados, como conseqiiéncia da pressio, que pode ter duas origens: pro- vir do peso das rochas superiores, no caso de uma intrusio do tipo dos lacélitos ou dos sils, como também pode provir de presséies laterais tect6nicas. A expulsio do liquido intersticial faz com que se dé a formagao de dois tipos de rochas, sendo, pois, outro caso possivel de diferenciagio magmatica. Assimilagao Nem sempre o magma esté em equilibrio com os minerais que constituem a rocha encaixante, pois estes minerais podem ter sido formados sob condigées de baixa tem- peratura, sendo portanto instaveis a alta temperatura do magma. Além disso, se © magma for capaz de dissolver um determi- nado mineral (conseqtientemente este miné- ral nado deverd estar no estado de supetsa- turagdo no referido magma), existente 03 rocha encaixante, dar-se-4 a sua assimilacao pelo magma. Ha casos em que a rocha ca~ cainante ¢ formada por mais de um mineral, sendo que alguns deles podem reagir com 2 9 magma, enquanto que outros ndo. Nesta hipotese a assimilagdo sera parcial, perma- necendo os demais minerais intatos, conser- vando muitas vezes sua estrutura antiga. Sio 0s chamados palimpsestos, pelo fato de po- der-se distinguir a antiga estrutura da rocha parcialmente assimilada. Palimpsestos so escritas antigas em papiros ou em pergami- nhos, nas quais a original foi raspada ¢ no- vamente usada, sendo escrito por cima do que foi apagado. Como a raspagem geral- mente é imperfeita, torna-se possivel 2 de- cifragio da escrita mais antiga. ise 0 nome de anatéxis (do grego, sig- nificando refusic) ao fendmeno da trans- formacio ultrametamérfica de rochas pre- existentes, seja pela tefusio, seja pela infil- tragdo, ou seja pela conjugacio de ambos ‘95 processos, formando rochas hibridas, a partir destas massas complexas dotadas par- cialmente de caracteres magmitieos. Este fenémeno realiza-se nas zonas situadas a grandes. profundidades, ¢ sua rocha carac- teristica € 0 migmatito (figs. 10-3 ¢ 10-4). ‘Trata-se de uma rocha de aspecto gndissico, bandada, com a alternincia de faixas de caracteres magmiticos € outras de caracte- Fig. 10:3, As peofundidades das diferentes zonas magmaticas dentro da crosta terrestre 248 res metamérficos. Quando a rocha preexis- tente é completamente fundida, gracas ao fe- némeno da anatéxis, formando-se um novo ‘magma, a rocha resultante da sua consolida- (© denomina-se rocha palingenética e o fe- némeno, palingénese (do grego palin, nova mente). No caso da refusdo total, este fe- némeno ndo mais podera ser evidenciado, pelo fato de desaparecerem os vestigios da antiga rocha. No caso de remanescerem par- tes da rocha antiga, que ndo chegaram a fundir-se, torna-se possivel a verificago da refuso parcial da rocha preexistente. Ainda outro fenémeno responsivel pela diversidade das rochas magméticas ¢ a mis- tura de diferentes magmas. Muitos autores admitem que certas rochas sejam resultan- tes da mistura de magma granitico com magma basiltico, originando rochas de com- sicdo intermedidria. Tal suposigao, con- tho, situate exagefadsmente no campo das conjeturas, estando muito distanciada do campo da observacao e da experiéncia H& muito tempo procura-se explicar a ‘origem das rochas alcalinas, tendo-se por base as teorias expostas acima. Assim € que se admite a assimilagdo de rochas.caledrias Derrame Diquese vieiros Xistes. metamorfismo "oe contato. Xenélitos Migmatitos Zona de granitizac3o por um magma calco-alealino, 0 que daria origem a minerais calco-silicatados mais pe- sados que afundariam para as partes fundas da cimara magmitica. Do contato do mag- ma com o calcario, haveria a reagdo deste coma silica do magma, o que resultaria num deficit de silica na rocha assim formada, que seria desta maneira enriquecida secundaria- mente em Alcalis. Como a alumina geral- mente acompanha os minerais calco-silicati- cos, 0 magma resultante serd conseqiiente- mente pobre em alumina. Verifica-se neste proceso 0 entiquecimento secundirio em diversos volatéis (CO,, H,0, S, F, Cle 8), ‘que ficam em dissolugdo no magma, que os contém, tornando-se muito fluido. Gragas a estes gases forma-se um grande numero de mincrais, motivo pelo qual se torna alta- mente complexe o estudo sistematico das rochas alcalinas, tao grande ¢ 0 numero de nomes de rochas. Certos magmas possuem. uma deficiéncia em Si0,, de maneira que se formam minerais que reagiriam com a silica se esta existisse em maior quantidade. Estes minerais, denominados feldspatéides, nunca ocorrem junto ao quartzo pelo mo- tive explicado acima. £ uma associagdo im- possivel, porque se daria a reacdo com a silica, formando feldspatos. Como exemplo citaremos a nefelina ¢ a leucita, que forma- riam respectivamente albita ¢ ortoclisto, se houvesse SiO, em maior quantidade. Na na- tureza ocorrem rochas com excesso de sili ca, como © granito, onde ocorre quartzo Ii vee. Outras possuem uma deficiéncia, nao havendo formagdo de quartzo, ¢ finalmente ‘outra categoria ¢ a das rochas de tal forma ‘pobres em SiO, que se formam feldspatci des, Os magmas desta natureza sio ditos insaturados de silica; os primeiros so cha- mados supersaturados, a0 passo que os in- termediarios so os saturados. Como exem- plo de rocha originada deste tipo de magma citaremos 0 sienito, que se constitui essen- cialmente de feldspatos alcalinos, anfibé- ios ¢ biotita, nao possuindo mais de 5% de quatzo. © sienito ocorre em diversas Jocalidades do Brasil, onde afloram rochas Fig. 10-4 Migmitito, rocha hibrida, onde se observa a fase magmatica denominada neossoma (cor clart) ¢ 2 an~ terior, paleossoma, parcialmente digerida pelo magma. Este pode ter provinds do proprio paleossoma refun= dado mais abaixo ¢ diferenciado ou, ainda, de magmas formados posteriormente, que penetrarum através ce rochas escuras mais antigas. Estrada lejai — Flons nopolis (foto de F, Takeda) alcalinas, como na ilha de Sao Sebastiio. Pocos de Caldas, Itatiaia, ete. ‘A fig. 10-1 mostra-nos a relaco existente entre 0 teor médio de SiO, ¢ a freqiiéncia relativa da rocha. Vemos assim que as ro- chas mais freqtientes possuem 52,57 em peso de silica. $40 as rochas do grupo dos dioritos, Outro grupo de rochas que ocorre com grande freqiiéncia apresenta 73,0% de silica. Sao as rochas do grupo dos granitos. ‘Observamos no grifico (que foi baseado em 8.600 anilises quimicas) que so muito ta- ras as rochas com menos de 30% de SiO. ¢ que no ocorrem rochas magmiticas com mais de 85%, de SiO,. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Barri, T. E. W., C. W. Comes, & P. Sxota, Die Enisichung der Gesteine, Verlag von Julims Springs Berlim, 2," ed., 1970 Bowes, NL, The Evolution of the igncous Ros Dover Publ. Inc., Nova York, 1956. Conve, K. C,, Plate tectonics and crustal evolution: 2 ed, New York Pergamon Press, 1982, LaFrirte, P., Introduction & Péuade des roches mime morphiques et des gises metallifercs, Masson & C= Paris, 1957. Toanee, Fo J., © J, Vexnoocen, Petrologia Ign Metamérfica. trad, de Fister, J. M. ¢ Strong, PM. Ed. Omega, S.A., Barcelona, 1963 ayanctt, G. H., The Principles of Petrologs ‘Dutton & Co., Inc., Nova York, 1952 EP Generalidades O termo vulcanismo (derivado de Vuleano, deus do fogo, da mitologia grego-romana) abrange todos os processos e eventos que permitem € provocam a ascensio de material magmitico, juvenil, do interior da terra & superficie terrestre. Este material juvenil pode ocorter em estado gasoso, liquide ¢ sélido. Para os antigos gregos o Etna era 0 pro- t6tipe dos vulcdes. PLATAo (427-347 aC.) suspeitava de uma corrente de fogo no in- terior da Terra, como causa do vulcanismo. PossipOmio (2.° século a.C.) acreditava que © ar comprimido em cavernas subterraneas seria a causa do fenémeno, ¢, durante a Idade Média, relacionava-se 0 fogo eterno do inferno com as profundezas da crosta terrestre. J. L. BUFFON (século xvi) ama- ginava que os vulcdes seriam gigantescos fornos ligados ao mar por cavernas, permi- tindo, assim, a formago de grandes quanti- dades de vapores e gases. J. Hurtow (século xvi) e seus segui- dores admitiam que as rochas, de um modo geral, cram formadas pela interferéncia di- reta ou indireta do magma, © calor subter- faneo ora teria fundido por completo as rochas, ora as teria sintetizado, formando-se Capitulo Xl Vulcanismo assim og granitos (fusdo total), quartzitos ¢ marmores (fusdo inicial ou sinterizagao). Esta escola recebe o- nome de Plutonismo. Por outro lado, A. J. WERNER (século xv) teimava em manter sua opinido de que os basaltos so precipitados aquosos (netunismo) ¢ as manifestagdes vulednicas sio explicadas pela queima subterranea, seja de carvio, seja de sulfetos. No inicio do século xix ficou definitiva- mente estabelecido que os vuledes S40 for- mados quer pelo actimulo externo de mate- rial juvenil, quer pelo levantamento das ca- madas preexistentes por forgas interiores. E. Susss (fins do século xix) advogava a idéia de que o abatimento passivo de gran- des blocos da crosta faria com que o mag- ma fosse comprimido ¢ expulso passi mente para a superficie. Por outro lado, A. Geie (fins do século x1x) postulava a possibilidade da ascensio ativa de material magmitico, podendo, neste proceso, for- mar-s¢ 0 condute yulednico de maneira ex- plosiva. Alias, logo depois deste enunciado, veri- ficou-se 0 levantamento da agulha de Mon- te Pelado, Martinica, formando-se este gi- gantesco mondlito em 1902/03, que mostra a veracidade desta teoria de forma impres- sionante e altamente desastrosa. UNIPAMPA 251 Centre de Tecnotogia de Alegrete BIBLICTECA O edificio vulednico © tipo mais comum, atvalmente, € 0 chamado estrato-vuleio, como, por exem- plo, o Vesiivio (figs. 11-1 a 11-3 ¢ Prancha 15) Em profundidade situa-se a camara mag- mitica (fig. 11-3), partindo dela a chami- né, que € a adutora do material vuleanico. A abertura afunilada que se comunica com 0 exterior denomina-se cratera. A montanha propriamente dita é formada pelo aciimulo de fragmentos freqiientemente intercalados com lavas. Geralmente predominam estes fragmentos, que séo resultantes da pulveri- zagio das rochas preexistentes. Estas po- dem ser tanto de origem vulednica, como nio-vuldiniea, provindo, neste caso, da fragmentacdo das rochas adjacentes ao com- plexo vulednico. Forma ¢ constituigo dos edificios vulea- nicos. — Pelos processos vule&nicos, 0 ma- terial proveniente das profundezas da crosta terrestre, tanto da camara magmatica como das rochas encaixantes, adjacentes a0 apare- Tho vulednico, acumula-sc ao redor do con- duto (que pode ser mais de um), formando montanhas de tamanho considerével com o formato de um cone, como, por exemplo, © Fujiama (Japio). Contudo, a diregao preferencial do vento durante as explosdes pode provocar formas irregulares assim co- mo as correntes de lava que podem sair, preferencialmente por um dos flancos. Tam- bém a erosio posterior modifica freqiiente- mente a forma ideal do cone, sobretudo nos vulcdes extintos (fig. 11-4). Altura das montanhas vulcénicas. — © Etna atinge cerca de 3.280m de altura, dos quais 3.070m s4o constituidos de seus pré- prios produtos. © Popocatepetl no México, com seus 5.560m de altura total, assenta-se sobre o planalto de cerca de 3.000m, como também 0 Chimborazo (6.300m) no Equa- dor, que se eleva de um planalto de 3.000 metros. Por outro lado, as ilhas vule&nicas atingem ainda, freqiientemente, grandes pro- fundidades. O Stromboli, com seus 926m de Fig 1b Bloco-diagrama do Monte Somma, em cuje caldeira, resultante do colapso do aparelho vuled- nnico, ergueu-se um avo vuletio, 0 atual Vesivio. Mostra ainda diversos derrames de lava ¢ juma cratera parasiliria préxima da cratera central. A perfeigio do cone central se deve a sua idade recente, porque em muito pouco tempo a’ erosdo destréi a clevacio de cinzas ¢ tutos, dada a pouca coeréncin e a facilidade de sofrerem a aso do intemperismo (seg. Rittman).

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