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Aluno:_______________________________ Turma:_________
1. Eletromagnetismo
Em 1819, o cientista Hans Oersted descobriu uma relação entre o magnetismo e a
corrente elétrica. Ele observou que uma corrente elétrica, ao atravessar um condutor,
produzia um campo magnético ao redor deste condutor. A intensidade deste campo
magnético é proporcional a esta corrente, porém ao se distanciar deste condutor este
campo magnético tende a reduzir.
Podemos assim definir:
𝑖 Onde:
𝐵= 2
𝐵= Intensidade do campo magnético [T] ou [Wb/m ]
𝑑 i = Corrente elétrica [A]
d = Distância do condutor [m]
O sentido do campo magnético ao redor deste condutor é definido pela regra da mão
direita.
4 Eletrotécnica – Luciano das Neves
2. Indução Eletromagnética
Em 1831, Michael Faraday descobriu o princípio da indução eletromagnética. Ele afirma
que, se um condutor atravessar linhas de força magnética, ou se linhas de força
atravessarem um condutor, induz-se uma f.e.m. ou uma tensão nos terminais do condutor.
Observe o exemplo:
Seja um imã cujas linhas de força se estendem do pólo norte para o pólo sul. Um condutor
capaz de se movimentar entre os pólos é ligado a um galvanômetro G, usado para indicar a
presença de uma f.e.m. Quando o condutor estiver parado, o galvanômetro também estará
parado. Se o condutor se movimentar para fora do campo magnético, para a direita
(posição 1) o galvanômetro ainda continuará parado indicando assim que nenhuma f.e.m.
é induzida no condutor. Quando o condutor se desloca para a esquerda (posição 2)
atravessando as linhas de força, o galvanômetro se movimenta para a posição A. Quando
fora do campo magnético (posição 3) o galvanômetro retorna a posição inicial indicando
que não mais existe uma f.e.m. induzida no condutor. Movimentando o condutor em
sentido contrário (posição 3 para posição 2) atravessando novamente as linhas de força, o
galvanômetro se desloca para a posição B, porém se o movimento cessar entre as posições
3 e 2, mesmo estando sob o campo magnético, o galvanômetro indicará que nenhuma
f.e.m. está sendo induzida no condutor mas voltará a se movimentar para a posição B
reiniciando o movimento antes adotado.
Concluí-se que:
Quando as linhas de força são interceptadas por um condutor ou quando as linhas
de força interceptam um condutor, é induzida neste condutor uma f.e.m. ou uma
tensão.
É preciso haver um movimento relativo entre o condutor e as linhas de força de
forma a variar o campo magnético sobre o condutor para que seja induzida a
f.e.m.
Mudando o sentido do movimento de intersecção das linhas de força e do
condutor, haverá uma inversão no sentido da f.e.m. induzida no condutor.
Eletrotécnica – Luciano das Neves
5
O sentido definido para a f.e.m. induzida no condutor é feito através da regra de Fleming
ou regra da mão esquerda.
𝑓. 𝑒. 𝑚 = 𝐵. 𝑣 . 𝑛. 𝑠𝑒𝑛 ∝ Onde:
f.e.m =Força Eletromotriz - Tensão induzida [V]
n = Número de espiras ou condutores
v = Velocidade com o fluxo intercepta o condutor [Wb/s]
B= campo magnético
6 Eletrotécnica – Luciano das Neves
Uma tensão CA pode ser produzida por um gerador chamado de alternador. Um alternador
elementar é apresentado na figura abaixo:
Eletrotécnica – Luciano das Neves
7
A espira condutora gira presa a um eixo central dentro do campo magnético produzido pelo
fluxo que se desloca do pólo norte do imã para o pólo sul. Isto acontece segundo a Lei de Lenz
onde a corrente induzida no condutor cria um campo magnético que tende a se opor ao
campo magnético que o gerou. Este campo magnético por sua vez, empurra para fora este
campo magnético gerado pela corrente induzida. Presa ao eixo central, a espira permanece
girando com uma velocidade angular invertendo o sentido da corrente induzida quando sua
posição é perpendicular ao campo magnético do imã.
Podemos ainda analisar a espira em cada quarto volta durante um ciclo completo.
medida que a espira continua a girar. Um ciclo inclui as variações entre dois pontos sucessivos
que apresentam o mesmo valor e variam no mesmo sentido.
360° = 2. 𝜋. 𝑟𝑎𝑑
𝜋
Logo 1° = 𝑟𝑎𝑑
180
180°
Ou 1 𝑟𝑎𝑑 =
𝜋
Onde:
𝑣 𝑡 = 𝑉𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛 ∝ v (t) = Valor instantâneo da tensão [V]
i (t) = Valor instantâneo da corrente [A]
𝑖 𝑡 = 𝑖𝑝 ∙ 𝑠𝑒𝑛 ∝ Vp = Valor de pico da tensão (VRMS.√2) [V]
ip = Valor de pico da corrente (iRMS.√2) [A]
= Ângulo de rotação do ponto na senóide[°]
Onde:
1
𝑓= f = Freqüência [Hz]
𝑇 T = Período do sinal [s]
Observe os exemplos:
O valor de pico é o valor máximo atingido pelo sinal CA em exatos 90° após cruzar o eixo de
referência do sinal CA. O valor médio é a média aritmética sobre todos os valores instantâneos
do sinal CA em um semi-ciclo já que analisando todo o ciclo esse valor seria zero. O valor eficaz
corresponde a aproximadamente 70,7% do valor de pico.
Eletrotécnica – Luciano das Neves
11
Exercícios
1) A tensão de pico de uma onda seno CA é de 100V. Calcule a tensão instantânea em 0°,
30°, 60°, 90°, 135° e 245°. Faça um gráfico destes pontos e desenhe a onda seno
resultante para a tensão.
2) Se uma onda de tensão CA tem um valor instantâneo de 90V em 30°, calcule o valor de
pico.
5) Calcule. a) a tensão instantânea em 45° de uma onda cujo valor de pico é de 175V, b) o
valor de pico de uma onda CA se a corrente instantânea for de 35A em 30°.
6) Qual o período de uma tensão CA que têm uma freqüência de a) 50Hz, b)95kHz e c)
106MHz.
7) Determine o ângulo de fase para cada sinal CA representado nas figuras abaixo.
Represente os sinais através de diagramas de fasores tomando como referência a
corrente “i” em cada uma das figuras
Eletrotécnica – Luciano das Neves
13
4. Geração Trifásica em CA
Os alternadores trifásicos são geralmente encontrados nas usinas de geração de energia
onde predominantemente no Brasil estas usinas são hidrelétricas.
Nestas usinas, geralmente construídas nos desníveis dos rios, a água é represada e através
de grandes tubulações são captadas criando uma queda de nível. Aproveita-se a energia
cinética da água no interior da tubulação para movimentar grandes turbinas que através
de suas pás, transmitem o movimento ao eixo do gerador variando o campo magnético
dentro da máquina. Este processo é denominado conversão eletromecânica de energia.
Os enrolamentos são ligados de tal maneira que podemos ter três ou quatro pontos de
ligação para os consumidores. Em geral, cada grupo independente de bobinas tem duas
bobinas separadas, para permitir que, com o fechamento das ligações externas, se
obtenha valores diferentes de tensão, como veremos adiante. O tipo de fechamento
normalmente utilizado é o “estrela com neutro acessível”, onde existe um ponto de
ligação para cada fase mais um ponto denominado “neutro”, que é constituído pelo
fechamento das extremidades das bobinas. A tensão entre os três pontos terminais de
cada fase é sempre a mesma, que deve corresponder ao tipo de fechamento escolhido. A
tensão medida entre cada fase e o neutro é menor, sendo, numericamente, igual ao valor
da tensão entre fases dividida pela raiz quadrada de 3. O neutro é para ser ligado ao
aterramento da instalação elétrica local.
16 Eletrotécnica – Luciano das Neves
Quanto à forma construtiva, duas são as configurações básicas para o sistema de excitação
do alternador; excitação dinâmica e excitação estática. O primeiro, denominado excitação
dinâmica, é montado no próprio eixo do alternador. O segundo, denominado excitação
estática, é constituído por um retificador de corrente que utiliza a própria energia gerada
pelo alternador para alimentar o campo com corrente retificada. Um circuito eletrônico
acoplado ao retificador faz a função de regulador de tensão, abrindo ou fechando o “gate”
de um tiristor.
O sistema de excitação estática tem resposta de regulação mais rápida do que o sistema
de excitação dinâmica, uma vez que o regulador atua diretamente no campo do
alternador, o que lhe proporciona maior capacidade de partir motores elétricos de
indução. Entretanto, como o fluxo de corrente é controlado por pulsos dos tiristores,
introduz deformações na forma de onda da tensão gerada, o que o torna contra-indicado
para alternadores que alimentam equipamentos sensíveis.
5. Sistemas Trifásicos
Um sistema trifásico é uma combinação de três sistemas monofásicos. Num sistema
trifásico balanceado, a potência é fornecida por um gerador CA que produz três tensões
iguais, mas separadas e defasadas em 120° como mencionado anteriormente. A vantagem
da geração e distribuição através de sistemas trifásicos comparadas a sistemas
monofásicos de geração e distribuição é que os sistemas trifásicos exigem peso menor dos
condutores para uma mesma potência. Permitem, além disso, flexibilidade na escolha das
tensões e podem ser usados para cargas monofásicas. Além disso, o equipamento trifásico
tem menores dimensões, peso e são mais eficientes do que os monofásicos.
As conexões em sistemas trifásicos são feitas em triângulo ou delta () e estrela (Y).
𝑉𝐿 = 𝑉𝐹
𝐼𝐿 = 3 ∙ 𝐼𝐹
Eletrotécnica – Luciano das Neves
21
Para uma carga equilibrada ligada em Y, a corrente de linha IL e a corrente de fase IF são
iguais, a corrente de neutro IN é zero e a tensão de linha VL é √3 vezes maior do que a
tensão de fase VF.
𝐼𝐿 = 𝐼𝐹
𝐼𝑁 = 0
𝑉𝐿 = 3 ∙ 𝑉𝐹
𝑃𝐹 = 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ cos 𝜃
E a potência total é:
𝑃𝑇 = 3 ∙ 𝑉𝐹 ∙ 𝐼𝐹 ∙ cos 𝜃
Como na relação entre tensões e correntes de fase e linha nas conexões Y e são
complementares, podemos ainda re-escrever as fórmulas utilizando as tensões e correntes
de linha.
𝑃𝑇 = 3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿 ∙ cos 𝜃
A potência total aparente ST [VA] e a potência total reativa QT [Var], estão relacionadas
com a potência total real ou potência ativa[W]. Portanto, uma carga trifásica equilibrada
tem a potência ativa, aparente e reativa definidas pelas equações
𝑃𝑇 = 3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿 ∙ cos 𝜃
𝑆𝑇 = 3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿
𝑄𝑇 = 3 ∙ 𝑉𝐿 ∙ 𝐼𝐿 ∙ sen 𝜃
22 Eletrotécnica – Luciano das Neves
Se o sistema trifásico tiver uma fonte de alimentação não equilibrada e uma carga também
não equilibrada, os métodos para a solução serão muito complexos.
Eletrotécnica – Luciano das Neves
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Exercícios
2) Um gerador ligado em fornece 100V como tensão de linha e 25A como corrente de
linha. Quais os valores de tensão e corrente para cada enrolamento ou fase?
3) Um gerador ligado em Y fornece 40A para cada linha e tem uma tensão de fase de 50V.
Calcule a corrente através de cada fase e a tensão de linha.
4) Um sistema trifásico com carga equilibrada conduz 30A com um fator de potência de
0,75. Se a tensão de linha for de 220V, qual a potência liberada?
6) Um sistema trifásico libera uma corrente de linha de 50A para uma tensão de linha de
220V e um fator de potência 86,6%. Calcule a) a potência ativa, b) a potência reativa e
c) a potência aparente.
8) Para o conjunto de transformadores de distribuição abaixo, calcule PT, QT, ST, FP, e IL.
24 Eletrotécnica – Luciano das Neves
9) Para o conjunto de transformadores de distribuição abaixo, calcule PT, QT, ST, FP, e IL e
IF.
10) Uma carga não equilibrada de quatro fios tem correntes de carga de 3, 5 e 10A. Calcule
o valor da corrente neutra.
Eletrotécnica – Luciano das Neves
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6. Transformadores
O transformador é um dispositivo que permite elevar ou rebaixar os valores de tensão em um
circuito de CA. A grande maioria dos equipamentos eletrônicos emprega transformadores para
elevar ou rebaixar tensões.
6.1. Funcionamento
Quando uma bobina é conectada a uma fonte de CA, um campo magnético variável surge ao
seu redor. Se outra bobina se aproximar da primeira, o campo magnético variável gerado na
primeira bobina corta as espiras da segunda bobina.
Observação
As bobinas primária e secundária são eletricamente isoladas entre si. Isso se chama isolação
galvânica. A transferência de energia de uma para a outra se dá exclusivamente através das
linhas de forças magnéticas.
Esse núcleo tem a função de diminuir a dispersão do campo magnético fazendo com que o
secundário seja cortado pelo maior número possível de linhas magnéticas. Como
conseqüência, obtém-se uma transferência melhor de energia entre primário e secundário.
Com a inclusão do núcleo, embora o aproveitamento do fluxo magnético gerado seja melhor, o
ferro maciço sofre perdas por aquecimento causadas por dois fatores: a histerese magnética e
as correntes parasitas.
As perdas por histerese magnética são causadas pela oposição que o ferro oferece à passagem
do fluxo magnético. Essas perdas são diminuídas com o emprego de ferro doce na fabricação
do núcleo.
Eletrotécnica – Luciano das Neves
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As perdas por corrente parasita (ou correntes de Foucault) aquecem o ferro porque a massa
metálica sob variação de fluxo gera dentro de si mesma uma força eletromotriz (f.e.m.) que
provoca a circulação de corrente parasita.
Para diminuir o aquecimento, os núcleos são construídos com chapas ou lâminas de ferro
isoladas entre si. O uso de lâminas não elimina o aquecimento, mas torna-o bastante reduzido
em relação ao núcleo de ferro maciço.
As chapas de ferro contêm uma porcentagem de silício em sua composição. Isso favorece a
condutibilidade do fluxo magnético.
Para se obter várias tensões diferentes, os transformadores podem ser construídos com mais
de um secundário, como mostram as ilustrações a seguir.
28 Eletrotécnica – Luciano das Neves
Por exemplo, num transformador com primário de 100 espiras e secundário de 200 espiras, a
tensão do secundário será o dobro da tensão do primário.
Um transformador pode ser construído de forma a ter qualquer relação de transformação que
seja necessária. Veja exemplo na tabela a seguir.
Observação
transformador elevador;
transformador rebaixador;
transformador isolador.
6.5. Rendimento
Entre todas as máquinas elétricas, o transformador é uma das que apresentam maior
rendimento. Mesmo assim, ocorrem perdas na transformação de tensão.
O rendimento expressa a potência que realmente está sendo utilizada, pois, parte da potência
é dissipada em perdas no ferro e no cobre.
Ps
100
PP
Eletrotécnica – Luciano das Neves
31
Durante seu funcionamento, ocorre uma formação de polaridade bastante singular. Num dos
semi-ciclos da rede, um dos terminais livres do secundário tem potencial positivo em relação à
referência. O outro terminal tem potencial negativo e a inversão de fase (180o) entre primário
e secundário ocorre normalmente.
Assim, verificamos que, com esse tipo de transformador, é possível conseguir tensões
negativas e positivas instantaneamente, usando o terminal central como referência.
Isso pode ser observado com o auxílio de um osciloscópio. Veja ilustração a seguir.
32 Eletrotécnica – Luciano das Neves
6.7. Polaridade
Aditiva
AT BT
Subtrativo
AT BT
6.8. Autotransformador
Analisando um transformador, pressupõem se que exista a isolação entre primário e
secundário. Admitindo, que um transformador é uma máquina de alto rendimento, desde que
se sacrifique a isolação entre primário e secundário, torna-se possível o aumento sensível do
rendimento e um significante ganho de potência. Isso é possível num autotransformador.
Eletrotécnica – Luciano das Neves
33
I 2 I1 I C
I1 I 2 I C
Explica-se assim o sentido de IC.
Seu funcionamento baseia-se num enrolamento montado sobre um núcleo toroidal exposto
onde através de uma escova de carvão solidária a um eixo rotativo que faz contato com as
espiras expostas sobre o núcleo.
10kVA
I BAIXA 83,3 A
120V
Eletrotécnica – Luciano das Neves
35
10kVA
I ALTA 8,33 A
1200V
1320V 83,3 A
V2 I 2 110kVA
1000
kVAAUTO 110kVA
100 1100%
kVA ISOLADO 10kVA
I1 e IC a partir do valor de I2
110kVA
I1 91,75 A
V1
I C I 1 I 2 91,75 83,3 8,42 A
IC 8,42
% *100 101%
I ALTA 8,33
Como já visto, os transformadores isolados possuem alto rendimento onde as perdas por calor
se dão devidas as perdas o núcleo (PFe) e as perdas no enrolamento (PCu).
Nota-se que quanto mais próxima da unidade, seja a relação de transformação, menor será a
corrente circulando pelo enrolamento reduzindo assim as perdas variáveis no cobre.
Analisando a mesma situação com uso do autotransformador, as junções “a“ e “b” carregam
as correntes mais altas (100A neste caso), desenvolvendo assim pontos aquecidos (prováveis)
que podem resultar em circuitos abertos. Uma abertura entre as junções “a” e “b” no
enrolamento, aplicam instantaneamente 23kV a carga! Mesmo com dispositivos de
sobrecorrente, no tempo de atuação destes, podem ocorrer danos eminentes. Em todo caso, a
linha estará com 23kV com referência ao terra. Por isso, o uso de autotransformadores é
confinado a aplicações sob tensões relativamente baixas.
Exercícios
2) Calcule a tensão nas velas de ignição ligadas ao secundário de uma bobina com 60
espiras no primário e 36000 espiras no secundário, se o primário está ligado a um
alternador de 12V.
38 Eletrotécnica – Luciano das Neves
Esse motor também é conhecido como motor de indução, porque as correntes de CA são
induzidas no circuito do rotor pelo campo magnético rotativo do estator.
O rotor é constituído por um cilindro de chapas em cuja periferia existem ranhuras onde o
enrolamento rotórico é alojado.
Funcionamento
A ilustração a seguir mostra a ligação interna de um estator trifásico em que as bobinas (fases)
estão defasadas em 120º e ligadas em triângulo.
O campo magnético gerado por uma bobina depende da corrente que no momento circula por
ela. Se a corrente for nula, não haverá formação de campo magnético; se ela for máxima, o
campo magnético também será máximo.
Como as correntes nos três enrolamentos estão com uma defasagem de 120º, os três campos
magnéticos apresentam também a mesma defasagem.
Os três campos magnéticos individuais combinam-se e disso resulta um campo único cuja
posição varia com o tempo. Esse campo único, giratório é que vai agir sobre o rotor e provocar
seu movimento.
O esquema a seguir mostra como agem as três correntes para produzir o campo magnético
rotativo num motor trifásico.
Eletrotécnica – Luciano das Neves
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Quando um momento intermediário (d) é analisado, vemos que nesse instante as correntes C
e A têm valores iguais e o mesmo sentido positivo. A corrente B, por sua vez, tem valor
máximo e sentido negativo. Como resultado, a direção do campo fica numa posição
intermediária entre as posições dos momentos 1 e 2.
42 Eletrotécnica – Luciano das Neves
Esses motores são usados para situações que não exijam velocidade variável e que possam
partir com carga. Por isso, são usados em moinhos, ventiladores, prensas e bombas
centrífugas, por exemplo.
No funcionamento do motor com rotor em gaiola de esquilo, o rotor, formado por condutores
de cobre é submetido ao campo magnético giratório, já explicado anteriormente. Como
conseqüência, nesses condutores (barras da gaiola de esquilo) circulam correntes induzidas,
devido ao movimento do campo magnético.
Eletrotécnica – Luciano das Neves
43
Como o rotor é suspenso por mancais no centro do estator, ele girará juntamente com o
campo girante e tenderá a acompanhá-lo com a mesma velocidade. Contudo, isso não
acontece, pois o rotor permanece em velocidade menor que a do campo girante.
Se o rotor alcançasse a velocidade do campo magnético do estator, não haveria sobre ele
tensão induzida, o que o levaria a parar.
VS V R Onde
S *100
VS VS = velocidade de sincronismo,
60 * f
VS
P
Quando a carga do motor é aumentada, ele tende a diminuir a rotação e a aumentar o
escorregamento. Conseqüentemente, aumenta a corrente induzida nas barras da gaiola de
esquilo e o conjugado do motor.
Ele é indicado quando se necessita de partida com carga e variação de velocidade como é o
caso de compressores, transportadores, guindastes, pontes rolantes.
O rotor bobinado usa enrolamentos de fios de cobre nas ranhuras, tal como o estator.
O enrolamento é colocado no rotor com uma defasagem de 120° e seus terminais são ligados a
anéis coletores nos quais, através das escovas se tem acesso ao enrolamento.
Ao enrolamento do rotor bobinado deve ser ligado um reostato (reostato de partida) que
permitirá regular a corrente nele induzida. Isso torna possível a partida sem grandes picos de
corrente e possibilita a variação de velocidade dentro de certos limites.
O reostato de partida é composto de três resistores variáveis, conjugados por meio de uma
ponte que liga os resistores em estrela, em qualquer posição de seu curso.
Eletrotécnica – Luciano das Neves
45
O motor trifásico de rotor bobinado é recomendado nos casos em que se necessita de partidas
a plena carga. Sua corrente de partida apresenta baixa intensidade: apenas uma vez e meia o
valor da corrente nominal.
Deve-se lembrar porém que o motor de rotor bobinado é mais caro que os outros devido ao
elevado custo de seus enrolamentos e ao sistema de conexão das bobinas do rotor, tais como:
anéis, escovas, porta-escovas, reostato.
É importante saber que há uma relação entre o enrolamento do estator e o do rotor. Essa
relação é de 3 : 1, ou seja, se a tensão do estator for 220V, a do rotor em vazio será de 220 : 3,
ou 73V aproximadamente.
Conseqüentemente, a seção do fio do enrolamento deve ser calculada para essa corrente. Por
isso, os enrolamentos dos induzidos têm fios de maior seção que os do indutor.
Observação
Por essas características, o motor síncrono é usado quando é necessária uma velocidade
constante.
Funcionamento
Um ímã suspenso num campo magnético, gira até ficar paralelo ao campo. Quando o campo
magnético gira, o ímã gira com ele. Se o campo rotativo for intenso, a força sobre o rotor
também o será. Ao se manter alinhado ao campo magnético rotativo, o rotor pode girar uma
carga acoplada ao seu eixo.
Quando parado, o motor síncrono não pode partir com aplicação direta de corrente CA
trifásica no estator, o que é uma desvantagem. De modo geral, a partida é feita como a do
motor de indução (ou assíncrono). Isso porque o rotor do motor síncrono é constituído, além
do enrolamento normal, por um enrolamento em gaiola de esquilo.
Essas fases são interligadas formando ligações em estrela (Y) ou em triângulo (Δ), para o
acoplamento a uma rede trifásica. Para isso, deve-se levar em conta a tensão em que irão
operar.
Na ligação em estrela, o final das fases se fecha em si, e o início se liga à rede.
Na ligação em triângulo, o início de uma fase é fechado com o final da outra, e essa junção é
ligada à rede.
Os motores trifásicos com 6 terminais só podem ser ligados em duas tensões uma a 3 maior
do que a outra. Por exemplo: 220/380V ou 440/760V.
Esses motores são ligados em triângulo na menor tensão e, em estrela, na maior tensão.
Os motores com 12 terminais, por sua vez, têm possibilidade de ligação em quatro tensões:
220V, 380V, 440V e 760V.
ΔΔ para 220V
YY para 380V
Δ para 440V
Y para 760V
Os motores trifásicos são fabricados, com diferentes potências e velocidades, para as tensões
padronizadas da rede, ou seja, 220V, 380V, 440V e 760V, nas freqüências de 50 e 60Hz.
7.3.1. Rendimento
O rendimento do motor é a porcentagem calculada da seguinte forma:
Onde
S = Potência Aparente
P
fator de potência
potência útil cos
potência absorvida da linha pelo motor S
Onde
S = Potência Aparente
Dentro dos limites práticos, o fator de potência aumenta quando há um acréscimo de carga.
Essas tensões são trifásicas e possuem freqüência de 60Hz. Há também motores de alta
tensão, como por exemplo, de 6600V. Esses motores de alta tensão são usados em casos que
requeiram potências superiores a 300cv.
Depois de ligado, sua temperatura aumenta devido à produção de calor. Quando o calor
absorvido é igual ao calor dissipado, dizemos que o motor atingiu um ponto de equilíbrio. Esse
equilíbrio depende da área total do motor e da eficiência de ventilador. Quanto maior for a
área, menor será a temperatura final de equilíbrio.
A temperatura de equilíbrio ideal seria obtida com um motor com grande área de dissipação,
ou seja, com uma grande carcaça em relação à potência. Mas isto tornaria o custo do motor
muito elevado. Por esta razão, produzem motores com carcaças pequenas, usando-se
materiais que suportem temperaturas elevadas.
7.4. Polarização
Um motor elétrico tem, no mínimo, um par de pólos: norte e sul.
Este par de pólos é formado pela ligação de dois grupos de bobinas. Num dos grupos, o
sentido da corrente é igual ao do movimento dos ponteiros do relógio; este é o pólo norte.
No exemplo da figura seguinte, temos dois grupos de bobinas cuja ligação apresenta dois pólos
ativos e dois pólos que aparecem por conseqüência.
Neste tipo de bobinado, o número de grupos de bobinas por pólo e fase é igual à metade do
número de pólos magnéticos do motor.
Esses grupos estão ligados de tal forma que a corrente circula no mesmo sentido em todos os
grupos pertencentes à mesma fase.
Na figura a seguir está representado um motor trifásico de 12 ranhuras, 4 pólos, com bobinado
meio imbricado de um lado de bobina por ranhura, uma bobina por pólo e duas bobinas por
fase.
52 Eletrotécnica – Luciano das Neves
Nos centros da cada bobina de uma mesma fase formam-se dois pólos chamados norte e nos
espaços existentes entre as bobinas criam-se os pólos opostos, chamados sul.
Esse tipo de motor é utilizado com mais freqüência em residências, como, por exemplo, em
geladeiras em bombas para sucção de água.
Veja a figura abaixo, as partes componentes do motor monofásico de fase auxiliar em posição
de montagem.
O enrolamento auxiliar pode ser identificado pelo fio de suas bobinas que, normalmente, têm
a metade da seção do fio do enrolamento principal.
Eletrotécnica – Luciano das Neves
53
Vamos examinar agora o rotor desse tipo de motor. O rotor é do tipo em curto-circuito e
possui um dispositivo centrífugo. Este dispositivo serve para desligar o enrolamento auxiliar
quando o rotor atinge uma velocidade de, aproximadamente, 3/4 da velocidade nominal.
Nos motores de partida sem capacitor, o enrolamento auxiliar, durante a partida, fica ligado
em paralelo com o enrolamento principal. Quando o motor atinge uma velocidade de
aproximadamente, 3/4 da velocidade nominal, um interruptor automático desliga o
enrolamento auxiliar. O motor passa, então, a funcionar apenas com o enrolamento principal.
Veja abaixo à esquerda, o motor de partida sem capacitor e, à direita, o esquema de seu
circuito interno.
54 Eletrotécnica – Luciano das Neves
Motor de indução
Funcionamento
O campo gerado no rotor é de polaridade oposta à do estator. Assim, a oposição dos campos
exerce um conjugado nas partes superior e inferior do rotor, o que tenderia a girá-lo 180º de
Eletrotécnica – Luciano das Neves
55
sua posição original. Como o conjugado é igual em ambas as direções, pois as forças são
exercidas pelo centro do rotor e em sentidos contrários, o rotor continua parado.
Se o rotor estiver girando, ele continuará o giro na direção inicial, já que o conjugado será
ajudado pela inércia do rotor e pela indução de seu campo magnético. Como o rotor está
girando, a defasagem entre os campos magnéticos do rotor e do estator não será mais de
180°.
Para dar o giro inicial do rotor, são usados comumente dois tipos de partida: a de campo
destorcido e a de fase auxiliar com capacitor.
Assim, conforme o tipo de partida, o motor monofásico de indução pode ser de dois tipos: de
campo destorcido (ou motor de anéis em curto) e de fase auxiliar.
O motor de campo destorcido constitui-se por um rotor do tipo gaiola de esquilo e por um
estator semelhante ao do motor universal. Contudo, no motor de campo destorcido, existe na
sapata polar uma ranhura onde fica alojado um anel de cobre ou espira em curto-circuito. Por
isso, este motor é conhecido também como motor de anel ou de espira em curto-circuito.
56 Eletrotécnica – Luciano das Neves
Uma vez que no motor de campo destorcido, o rotor é do tipo gaiola de esquilo, todas as
ligações encontram-se no estator.
Esse tipo de motor não é reversível. Sua potência máxima é de 300W ou 0,5cv; a velocidade é
constante numa faixa de 900 a 3400rpm, de acordo com a freqüência da rede e o número de
pólos do motor.
Esses motores são usados, por exemplo, em ventiladores, toca-discos, secadores de cabelo etc.
O motor monofásico de fase auxiliar é o de mais larga aplicação. Sua construção mecânica é
igual à dos motores trifásicos de indução.
Assim, no estator há dois enrolamentos: um de fio mais grosso e com grande número de
espiras (enrolamento principal ou de trabalho) e outro de fio mais fino e com poucas espiras
(enrolamento auxiliar ou de partida).
O enrolamento principal fica ligado durante todo o tempo de funcionamento do motor, mas o
enrolamento auxiliar só atua durante a partida. Esse enrolamento é desligado ao ser acionado
um dispositivo automático localizado parte na tampa do motor e parte no rotor.
Funcionamento
O motor monofásico de fase auxiliar funciona em função da diferença entre as indutâncias dos
dois enrolamentos, uma vez que o número de espiras e a bitola dos condutores do
enrolamento principal são diferentes em relação ao enrolamento.
As correntes que circulam nesses enrolamentos são defasadas entre si. Devido à maior
indutância no enrolamento de trabalho (principal), a corrente que circula por ele se atrasa em
relação à que circula no enrolamento de partida (auxiliar), cuja indutância é menor.
Depois da partida, ou seja, quando o motor atinge aproximadamente 80% de sua rpm, o
interruptor automático se abre e desliga o enrolamento de partida. O motor, porém continua
funcionando normalmente.
Os de quatro terminais são construídos para uma tensão (110 ou 220V) e dois sentido de
rotação, os quais são determinados conforme a ligação efetuada entre o enrolamento
principal e o auxiliar.
Os motores de seis terminais são construídos para duas tensões (110 e 220V) e para dois
sentido de rotação.
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A potência deste motor varia de 1/6cv até 1cv, mas para trabalhos especiais existem motores
de maior potência.
Exercícios
6) Um motor de indução trifásico de 220V e 20A consome uma potência de 6,8kW. Calcule o
valor do fator de potência deste motor.