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VITORINO DE SOUSA
(1990/91)
NOTA INTRODUTÓRIA
ACERCA DA FORMA POÉTICA "SIMBIOSE"
No entanto, esta característica do acróstico não ocorre na forma "Simbiose", embora ela
contenha em si tal possibilidade. Até à data, esse potencial ainda não foi explorado pelo que
não existe nenhum exemplo que a possa ilustrar.
A forma poética "Simbiose" parte de uma frase - que pode ser considerada como o "mote"
do poema total – a qual é "quebrada" (respeitando ou não a divisão silábica), de forma a que só
algumas letras ou sílabas sejam aproveitadas para iniciar uma nova palavra. Daí a escolhida
designação de «Simbiose», já que as letras/sílabas retiradas dum contexto específico (a frase
inicial/mote) fundem-se noutro diferente (o verso) adquirindo um novo sentido.
SIMBIOSE
Neste caso, a letra S, sozinha, não assume grande importância, a menos que sugira a
palavra «sono»! No entanto, na partícula «BIO», já é possível encontrar um significado: o de que
poderá ser «saudável» para o leitor participar neste tipo de decifração, sendo condescendente e
colaborador!
Embora a estrutura básica desta forma poética se tenha mantido ao longo dos anos,
algumas variações foram testadas a fim de explorar a sua maleabilidade. Recorrendo a uma
pequena «Simbiose», apresento alguns exemplos práticos dessas variações. Todavia, e para que
sirva de «testemunho», começo por apresentá-la na forma-padrão geralmente utilizada:
Estas variantes podem jogar umas com as outras e serem aplicadas da forma que mais
interessar ou apetecer. Nos poemas que compõem o corpo deste livro a preferência recaiu sobre
forma-padrão geralmente utilizada.
Esta nova f(ô)rma, para onde se pode vazar o material poético, foi utilizada num outro
tipo de variante possível. Neste caso, para mote, foi escolhido o primeiro verso de um mais
conhecidos sonetos de Camões, partindo daí para um novo poema.
Vitorino de Sousa
Maio 1991
Como um sistema de simbolismo coerente, a astrologia é um estudo intelectual dos
mais fascinantes; como um sistema de adivinhação, é uma ferramenta notável para
sondar a orla dos futuros acontecimentos; como fenómeno histórico, permite-nos
observar a mentalidade de culturas mais ou menos distantes, quer no espaço, quer
no tempo.
Dane Rudhyar
Nascemos num dado momento, num dado lugar e temos, como os vinhos
célebres, as qualidades do ano que nos viu nascer.
Carl G. Jung
ESTADO 1
O PRIMEIRO QUE APARECE E VENCE
O PR(eza o seu ascendente sobre o início. Por ser quem encabeça a lista,
IME IR(á, isolado, chispando, contra a linha da frente. 1 Quando conquista,
O QUE AP(onta os cornos ao Tempo2 pois não tem Memória. Sua glória suada,
ARE CE(rcada de solidão, constrange. Cantá-la a sós não deve! Nem apetece!
E VEN CE(derá se sentir os pés peados, mas nem assim o ímpeto lhe esmorece.
ENTRE O (Fogo, embora coroado, cede o lugar à Terra. Esta, segunda, é a areia1
CINCO QU(e procura, porque também é trigo, transformar o trabalho em pão2.
É DOMI(cílio de quem, juntamente com os peixes, compôs a Santa Ceia.
NA É O SE(xto passo que, talvez por estar ao meio, mergulha em confusão,
IS QUE ANALISA(ndo e reflectindo sobre as rugas que, na mente, mais receia.
ENT RE(gressa o Ar, desta vez com mitra 1, após aquela pura Terra
O SEIS QUE (encerrou, em exame e confissão, o hemiciclo pessoal2.
A NA( Roda, este Ar equilibra porque se opõe ao Fogo que berra, 3
LISA E O SE(meando a ideia de que algures existe um outro, que é igual.
TE QUE ACASALA(dos, já em parceria, vede como vão, banindo a guerra.
2 - … o hemiciclo pessoal.
Encarando o zodíaco como 12 passos evolutivos, os primeiros 6, de Carneiro a Virgem,
são considerados de "formação pessoal" É só a partir de Balança, signo da parceria, que
se começa a repartir.
2 - VÓ(rtice sensitivo,
O seu carácter altamente emotivo atinge o reino dos desejos compulsivos.
O NO(ves fora, e o nada existe! 1 Por ser coluna de Fogo e casa da Fé,
NO QUE (bem dá a mão ao «Terceiro Que Sopra e Pensa»!2 É o atirador
EXP AN(tigo apontando ao subido alvo! Este alegre e generoso gigante3 é
DE E COMP(lexo dilatador da sorte... mas lente frustrante se foca a dor!
REEND E(nfim, é o farol significante,4 que faz expandir sem que se perca o pé.
4 - … é o farol significante
Porque "irradia luz sinalizadora" (fé, optimismo e alegria) orienta o Homem na busca da
melhor "rota" para o crescimento.
O NONO QUE EXPANDE E COMPREENDE
1 - … o Ar do Aguadeiro
Aquário, signo de Ar, é representado por um aguadeiro portando uma ânfora de onde
jorra a "água" que matará a sede humana de liberdade, renovação e conhecimento
intuitivo.
2 - QUE (será dos 2000 anos que para nós correm sem esperar?
Cada Era astrológica vigora por cerca de 2160 anos.
O DÉCIMO PRIMEIRO QUE INVENTA E DESPERTA
Eu sou o Aguadeiro Altruísta. Da minha ânfora se derrama o fluido capaz de matar a sede do
Conhecimento. Foi a meu Senhor, enquanto esposo de Geia, que os Poetas antigos atribuíram a
grave tarefa de criar o Universo; é certo que acabou destronado devido a sangrentas questões
familiares e, mais tarde, foi subalternizado porque outra Concepção, a dos Pescadores, se
espalhou... Mas, ó Céus!, Ele continua a ser o relâmpago que rasga o horizonte! Àqueles que
forem capazes de, corajosamente, olhar esse ponto será revelado o quanto, afinal, ele é tão
mais amplo! Embora a sua relação com meus domínios dure há pouco mais de 200 anos creio
estarmos definitivamente ligados. Apesar de poder afirmar que eu sou O DÉCIMO PRIMEIRO QUE
INVENTA E DESPERTA, ouçamos o que Ele tem para nos dizer:
Eu sou a Grande Mente, o Guardador do Plano. O meu poder acorda a consciência superior: -
quem por ele é tocado, sofre o divino descontentamento de sentir que a sua vida não presta ou
é insuficiente. Deste modo promovo a mudança! Eu sou o poder criativo do Espírito Universal, a
força que, em relances de penetração intuitiva, se manifesta em mudanças súbitas do padrão
de vida, no rápido florescimento de novas ideias e de concepções originais. Quem comigo
sintoniza parte em busca de excitação e novas descobertas, pois faço apelo à liberdade através
da afirmação do indivíduo. Sou a "Voz de Deus" que percorre o éter, estendendo o arejamento
para além das barreiras do Espaço e do Tempo. Rasgo a consciência e descubro o que virá
iluminar a sociedades dos homens. Desprezo que estorva ou é limitador e inculco um apelo
irresistível para que se mude tudo o que seja rigoroso ou ultrapassado. Aqueles que aceitam a
minha acção rapidamente cortam com o não essencial. Em condições menos favoráveis conduzo
a posições extremistas nas atitudes e opiniões, ao fanatismo, ao desprezo pela Tradição e à
teimosia mais inabalável. Eu sou o Grande Libertador e gosto de me disfarçar de acaso... Posso
promover revoluções (o final do século XVIII consciencializou essa força) e a minha influência
está agora crescendo lentamente. Quando meu neto, O Portador do Tridente, se afastar de vez
disporei eu do Homem por dois milénios para submetê-lo a experiências inovadoras. Calo-me
porque prefiro a surpresa... E se não perceberam, intuam!
ENTRE O ONZE QUE DESPERTA E O DOZE QUE DISSOLVE
3 - o precioso quociente.
... menos a marca espiritual das aquisições definitivas.
4 - DISSOLVE(r o pó e regressar,
Referência à lei da reencarnação.
ESTADO 12
O DÉCIMO SEGUNDO QUE PERDOA E DISSOLVE
Em Roma Na Grécia
SOL HÉLIO
MERCÚRIO HERMES
VÉNUS AFRODITE
MARTE ARES
JÚPITER ZEUS
SATURNO CRONOS
URANO URANO
NEPTUNO PODEIDON
PLUTÃO HADES
BREVÍSSIMA HISTÓRIA CRONOLÓGICA DAS ANDANÇAS E PERIPÉCIAS DE "OS 12 ESTADOS DO SER"
12 de Julho de 1990 - Trabalho nos poemas sobre os signos. Avancei mais 3. Sobre a forma, ocorreu-me fazer um
texto explicativo, introdutório a cada poema. O título seria "12 poemas explicados". É apenas uma ideia que me
ocorreu antes de adormecer. Neste momento, 8 já estão escritos.
16 de Julho de 1990 - Conversando com a Guida Fonseca sobre a forma e evolução do meu último trabalho,
aconselhou-me a escrever um poema de ligação entre cada um dos 12 poemas principais.
9 de Agosto de 1990 - Estive a trabalhar nos poemas. Resolvi chamar-lhes "Os 12 Estados do Ser"; e abandonei a ideia
de os "explicar"; optei por escrever uma prosa onde o signo "fala" sobre si.
Soube de um prémio de Poesia (Cesário Verde) da Câmara Municipal de Oeiras. Decidi concorrer.
28 de Agosto de 1990 - Conclusão e apuramento em "Os 12 Estados do Ser" com vista ao concurso.
12 de Setembro de 1990 - Fotocopiei e encapei o original a enviar para o "Prémio Cesário Verde".
30 de Novembro de 1990 - Termina hoje o prazo de apreciação, pelo júri, dos trabalhos concorrentes ao prémio de
poesia. Na próxima semana deverá saber-se o resultado.
19 de Dezembro de 1990 - Devido à grande quantidade de trabalhos apresentados, o prazo de apreciação foi
prorrogado até Março de 1991.
7 de Março de 1991 - O prémio Cesário Verde, foi ganho pelo José Jorge Letria. Sendo assim, vou tentar publicar.
Devido à temática abordada, o ideal seria que conseguisse publicação no Brasil, mas não conheço lá ninguém ligado
às editoras.
10 de Maio de 1991 - Dei uma cópia á Flávia Monsaraz para ler e sugerir à sua editora brasileira. Gostou, mas é de
opinião de que o texto deve ser editado em Portugal.
25 de Junho de 1991 - No Quíron - Centro Português de Astrologia -, conheci a astróloga Nazaré Abreu a quando de
uma conferência que lá fez. É portuguesa mas trabalha em S. Paulo; dei-lhe o texto para ler e perguntei-lhe se podia
ajudar-me numa eventual publicação no Brasil.
1 de Agosto de 1991 - Também a Nazaré Abreu é de opinião de que a publicação deveria ser tentada em Portugal; no
entanto, acabou por me dar a morada de duas amigas paulistas que talvez me possam ajudar.
22 de Agosto de 1991 - Escrevi para o Brasil, para um dos nomes que a Nazaré me sugeriu.
12 de Setembro de 1991 - O "desconhecida" a quem escrevi já respondeu: usa o pseudónimo Mellina Li e é está ligada
à editora Nova Fronteira! Tiro em cheio! Gostou da "amostra" que lhe mandei e pede-me o original completo!
18 de Setembro de 1991 - Enviei o original para S. Paulo. Os Correios fizeram-me colar 1.920$00, em selos de 80$00!
12 de Novembro de 1991 - Recebi um FAX da editora Nova Fronteira, do Rio de Janeiro: é favorável à publicação de
"Os 12 Estados do Ser"! Pedem-me uma disquete com o original.
28 de Novembro de 1991 - Preparação da disquete com "Os 12 Estados do Ser". Decidi fazer um apanhado da "história"
deste texto e juntá-la ao original.
O livro foi publicado em 1992, com lançamento na escola de astrologia “Astrocientia” no Rio de Janeiro, com a
presença do autor.