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Do Tempo que Fui Livre me ArrependoO culto divinal se celebrava No templo donde toda criatura Louva o Feitor divino,

que a feitura Com seu sagrado sangue restaurava.

Amor ali, que o tempo me aguardava Onde a vontade tinha mais segura, Com uma rara e anglica figura A vista da razo me salteava.

Eu crendo que o lugar me defendia De seu livre costume, no sabendo Que nenhum confiado lhe fugia,

Deixei-me cativar; mas hoje vendo, Senhora, que por vosso me queria, Do tempo que fui livre me arrependo.

Lus Vaz de Cames, in "Sonetos"

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