Desenho Contemporneo Uma Resenha Luiz Felipe S. G.

de Carvalho

O desenho contemporneo tcnica que vive reinstaurando o ofcio, o prprio processo de fazer. Oferece algo que no se configura como situao acabada. o ato de auratizar o ofcio, tal como a pintura. A dcada de 90 no Brasil quis o registro, diferentemente das dcadas de 60 e 70, em que no se desejava essa finalidade. A dcada de 90 pensa a estetizao. O grau de estetizao quase cinematogrfico. O acesso aos instrumentos que permitem um registro com maior qualidade, tambm permitiu que houvesse essa migrao. Observa-se que os atristas tem buscado projetos de longa durao, principalmente por conta desse dilogo com o ofcio. Brigida Baltar, por exemplo, em sua srie de coletas, evidencia o ofcio ao propor a coleta de condies, como neblina, maresia. Ela vai produzir sua prpria situao, aquilo que vai ser clicado (na fotografia), criando personagens. A questo, principalmente por conta do registro, sobreviver beleza da situao, no cair no clich e aproveitar a condio mais violenta da imagem, ou trabalhar, atuar sobre esse clich. O artista precisando agir de uma determinada maneira, interferindo, no bastando a criao pela criao, simplesmente, no somente no desenho. Da percepo de outras tcnicas a partir do desenho, pode-se dizer de Sandra Cinto, que vai buscar sua prpria equao material. Da criao dos ambientes onde o desenho aparece como obsesso, insistncia, agindo na criao de elementos baseados em outros, histricos, buscados em reprodues, e pensando a cor no ambiente. A potncia da sua fotografia, por exemplo, toda tirada do desenho. Apesar de no ser um desenho de fato, a inteno da artista buscou a tcnica da criao e representao como um desenho. Em outras situaes, ela combina o desenho com a fotografia, criando um objeto, uma instalao. Esse tipo de combinao faz com que se criem potncias atravs do desenho. o pensamento do desenho. A estria que se estende, o clculo da paleta, etc. O ofcio evidenciado principalmente pela tcnica do desenho. Agir no desenho para o espao expositivo. Cria algo que depois a tinta apaga, que no vendvel, comercial. Essa questo comercial tambm destituda, portanto, do desenho como era antigamente. Veem-se reprodues, j que a ao referente ao lugar da instalao. H um lugar do desenho, tal qual uma escultura. Vrios dos desenhos vo agir quebrando uma lgica, o intuitivo. O desenho passa a ser uma cadeira de fbula, no mais do ambiente comum e meramente reprodutivo ou intuio. No mais da apropriao.