A ALMA DAS COISAS

Sempre tive uma relao estranha com objetos inanimados. Olho-os muitas ve es com a impresso de !ue so"rem como n#s$ de !ue sentem "rio$ cansao$ solido e cibras. %uando era rapa e estudava no Col&'io Militar$ na (ituba$ havia na (raa D.)oo *I$ uma est+tua !ue me intri'ava muito. ,ra uma mulher$ deitada$ com um beb- nos braos. .a verdade$ estava apenas recostada. Suas costas de m+rmore$ por&m$ no estava apoiada em lu'ar al'um. /icava solta$ encostada ao nada$ na!uela posio incomoda$ como se "i esse um e0erc1cio abdominal !ue nunca tinha "im. , o pior$ com um beb- nos braos. Sempre me preocupei com ela. Anos e anos depois$ continua l+$ na mesma posio. At& hoje$ !uando passo pela (ituba$ no posso dei0ar de observ+-la. , meu olhar toca seu corpo im#vel com imensa car'a de solidariedade. 2+ al'uns anos pensei muito nela$ nessa mulher de pedra$ ao visitar uma i'reja e observar uma est+tua !ue me dei0ou sem ar. Com o menino )esus nos braos$ a!uela ima'em da *ir'em me "alou da sua imobilidade$ dos anos e anos passados ali$ sem se!uer poder virar o rosto para olhar o beb- !ue carre'ava$ suportando os olhares a"litos dos "i&is sem ter como lhes "alar$ prisioneira do 'esso de !ue era "eita. (ode parecer estranho$ mas essas coisas me impressionam muito. 3 verdade. *ivo assim a pensar na alma das coisas. Desde criana$ cuidava para !ue as bonecas das minhas irms "icassem em boa posio para no morrerem su"ocadas. Minhas preocupa4es so muitas. Como por e0emplo$ a tampinha de cerveja !ue est+ encravada no as"alto bem perto do lu'ar onde trabalho. Sinto por ela uma pena terr1vel e uma ternura enorme. 5odos os dias$ ao atravessar a rua$ vejo-a ali$ prisioneira do as"alto$ im#vel$ machucada$ ostentando apenas o revestimento de metal$ pisoteada por pessoas e carros$ coberta de poeira sob o sol escaldante e 6s ve es$ a"o'ada na chuva$ ela me parece bastante so"rida$ triste e solit+ria. , a'ora me aparece o tal de Saci. .osso pobre sat&lite lanado no espao. Li !ue estava perdido$ al'o saiu errado e ele no "a contato. .in'u&m sabe por onde anda. ,m certas noites$ olho para o c&u e penso nele$ va'ando no va io$ seu pe!ueno corpo de metal$ es"&rico ou cil1ndrico$ en"rentando a solido escura e 'elada do espao. , ainda com esse nome$ Saci$ meio tupini!uim$ meio vira-lata$ meio pobrecoitado. Mais um anti-her#i brasileiro. 3$ acho !ue & por isso !ue me inspira tanta compai0o 7 perdido no espao. 85O.I LO*,.