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REDAÇÃO DE ARTIGOS
CIENTÍFICOS

Eduardo Araujo de Oliveira

Logomarcas:

UFMG Faculdade de Medicina PG Saúde da


Criança e do Adolescente
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA

REDAÇÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS

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EDUARDO ARAUJO OLIVEIRA

1 Professor Associador, Doutor - Departamento de Pediatria –


Faculdade de Medicina - UFMG
Unidade de Nefrologia Pediátrica – Hospital das Clínicas

2008
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Prefácio ou Apresentação do Manual


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INTRODUÇÃO

A ciência não pode avançar sem que os resultados das pesquisas sejam efetivamente

e largamente divulgados. Cientistas e pesquisadores necessitam divulgar suas pesquisas,

para que os dados se transformem em informação, que por sua vez vai gerar conhecimento.

Com o advento do periódico científico, em 1665, em Paris e em Londres, o processo de

comunicação científica passa por uma mudança radical. Em 1665, em Paris, surgiu o

Journal des Sçavans, que pode ser considerada a primeira revista no sentido “moderno”. O

primeiro número desse periódico foi editado em 5 de janeiro de 1665 e discutido em 11 de

janeiro, na Royal Society of London. O Journal des Sçavans tinha como funções:

catalogar e reunir os livros mais importantes publicados na Europa; publicar óbitos de

personalidades eminentes; descrever os progressos científicos e técnicos; registrar as

principais decisões jurídicas e publicar notícias sobre o que acontecia na “República das

Letras”. No mesmo ano, foram editadas as Philosophical Transactions of the Royal Society

of London, as quais consistiam nas cartas trocadas entre membros da comunidade e

correspondentes, tanto do país quanto do exterior, que traziam informações sobre novas

idéias e pesquisas. Cabe ressaltar que já naquela época, os editores dessa revista

preconizavam que os textos deveriam ser aprovados pelo seu conselho, sendo revistos

antes por alguns de seus membros (Russo et al, 2001).

Pode ser apontada como razão específica do surgimento do periódico científico a

crença de que para haver novos descobrimentos era necessário um debate coletivo. No

entanto, o motivo principal era a necessidade de comunicação, fato que influenciou

diretamente a formalização do processo de comunicação. As revistas criadas na metade do

séc. XVII passaram por uma grande evolução nos três últimos séculos, sendo influenciadas

pelas transformações tecnológicas e, também, pelas exigências da comunidade científica.


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Na segunda metade do século XX ocorreu o fenômeno denominado explosão

bibliográfica. Paralelamente ao crescimento das pesquisas, ocorreu o crescimento da

comunidade científica e o surgimento dos computadores eletrônicos. A aplicação dos

computadores no processamento das informações bibliográficas trouxe como vantagens o

armazenamento de grandes quantidades de informação, a capacidade de ordenar os dados

com rapidez e efetuar buscas por palavras-chave, extraídas do título, do resumo, ou mesmo

do documento integral. Em 1969, surgiu o primeiro sistema de busca retrospectiva em larga

escala, disponível para o público, alimentado em batch - MEDLARS -Medical Literature

Analysis and Retrieval Systems, gerenciado pela base de dados da National Library of

Medicine.

Esse cenário da comunicação eletrônica veio trazer grandes vantagens para os

cientistas, uma vez que os pesquisadores dos países em desenvolvimento têm grandes

dificuldades em acompanhar a frente de pesquisa. Outra vantagem é que esse cenário

coloca os cientistas dos países periféricos em condições de igualdade com os cientistas dos

países desenvolvidos (Russo et al.)

O universo das revistas científicas varia, de acordo com a fonte e a classificação

das mesmas. O ULRICH’S de 2001 arrola 104.000 revistas técnico-científicas, já a base do

International Serials Standard Number – ISSN, em 2001 armazenava 1.016.059 revistas.

Pesquisas realizadas apontam que 70% das revistas latino-americanas não estão

indexadas em nenhum banco de dados e que somente 5% da produção científica dos

países periféricos estariam presentes nas grandes bases de dados internacionais.

No banco de dados WEB OF SCIENCE, em que são indexadas 10.000 revistas, nas

bases Science Citation Index-SCI, Social Science Citation Index-SSCI, Arts & Humanities

Citation Index-A&H, foram indexadas, em 2001, 21 revistas brasileiras; a base SCIELO

indexa, atualmente, aproximadamente 550 periódicos latino-americanos.


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Pesquisa de MEIS (1994), desenvolvida no período de 1991 a 1993, com dados do

Institut for Scientific Information-ISI, aponta que a maior parte da pesquisa brasileira é

praticada nas Universidades Públicas, das quais a USP, a UFRJ, a UNICAMP, a UFMG e a

UFRGS ocupam os primeiros lugares.

O Brasil está atualmente na 15ª posição na lista de países que mais publicam artigos

científicos no mundo: foram 16.872 em 2006, ou 1,92% da produção global. O número

representa um crescimento de quase 7% em relação a 2005 e de 33% na comparação com

2004. Com isso, o País ultrapassou a Suécia e a Suíça e começa a ameaçar a Rússia, que

por sua vez apresentou uma queda significativa na área, de quase 17% no ano passado na

comparação com 2005. O Brasil cresceu em outro indicador de produção científica, o

qualitativo. O nível de impacto dos artigos nacionais subiu, o que significa que mais

pessoas usam os trabalhos brasileiros para embasar suas próprias pesquisas. Entre 1981

e 1985, quando o País publicou 10.833 artigos (0,48% da produção mundial), eles foram

citados 14.625 vezes, apresentando um índice de impacto de 1,35. Entre 2000 e 2005, o

mesmo índice passou para 2,95: dos 70.003 artigos publicados no período (1,72 da

produção mundial), foram registradas 206.231 citações.

Medida em número de artigos publicados em periódicos internacionais, a produção

científica brasileira cresceu 133% nos últimos dez anos, só perdendo da China, entre os

países emergentes, no ritmo de crescimento na década. Os chineses mais do que

quadruplicaram a publicação de artigos.

Em 2007, cientistas brasileiros publicaram 26.369 artigos em publicações

estrangeiras. Isso representa 1,92% da produção mundial. A figura 1 abaixo ilustra o

crescimento da produção científica brasileira em relação a produção mundial.


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O ARTIGO CIENTÍFICO

“Artigo científico é parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute

idéias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento.”

(ABNT. NBR 6022, 2003, p. 2). Para Lakatos e Marconi (1991) os artigos científicos têm as

seguintes características: a) não se constituem em matéria de um livro; b) são publicados

em revistas ou periódicos especializados; c) permitem ao leitor, por serem completos,

repetir a experiência. O artigo é a apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos

resultados de investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão. O objetivo

fundamental de um artigo é o de ser um meio rápido e sucinto de divulgar e tornar

conhecidos, através de sua publicação em periódicos especializados, a dúvida investigada,

o referencial teórico utilizado, a metodologia empregada, os resultados alcançados e as

principais dificuldades encontradas no processo de investigação ou na análise de uma

questão.

Há vários tipos e subtipos de artigos científicos, desde uma carta ao editor até um

artigo original de investigação clínica. O quadro I sumariza os tipos de artigos científicos

mais usuais em periódicos médicos.

Quadro 1 - Principais tipos de artigos científicos

 Relato de caso
 Artigo de Revisão
 Artigo original – investigação clínica
 Artigo original – área básica
 Carta ao Editor
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ESTRUTURA DO ARTIGO CIENTÍFICO

Nessa seção vamos nos ater a estrutura do tipo de artigo científico mais frequentemente

submetido para publicação, ou seja, um artigo original de investigação. A estrutura clássica

do artigo, que é seguida pela grande maioria dos periódicos médicos é conhecida pela sigla

IMRD (Introdução, Métodos, Resultados e Discussão). Assim, um artigo original é

composto de 4 seções, cada uma com suas próprias características e regras. Podemos ou

Pode-se descrever esquematicamente o que cada seção deve conter no quadro abaixo.

 Introdução  O que foi estudado? O que foi


já feito relativo ao assunto e
qual foi seu objetivo
 Métodos  Como você fez o estudo?

 Resultados  Quais foram seus achados?

 Discussão  Qual o significado do que você


encontrou?
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CONTEÚDO DO ARTIGO CIENTÍFICO

Em relação às seções do artigo científico, algumas recomendações são importantes para

se estabelecer um padrão adequado, esperado pelos revisores e editores dos periódicos.

Em linhas gerais, cada seção deve conter um conteúdo específico e de certa maneira rígido

para facilitar a comunicação com o leitor.

SEÇÃO DE INTRODUÇÃO

Na introdução o autor irá situar o leitor na temática desenvolvida no corpo do texto. Deve-se

expor a finalidade e os objetivos do artigo, relacionando-a com a bibliografia consultada,

explicitando o objetivo, bem como a justificativa do artigo. As funções da seção de

introdução podem ser assim delineadas: (1) Motivar o leitor a ler o artigo despertando seu

interesse para o problema; (2) Auxiliar o leitor a entender o contexto do estudo e quais são

as perspectivas do tema; (3) Ser informativa o suficiente para preparar o leitor, seja ele

especialista ou não, para entender o estudo e valorizar sua importância.

Em geral, essa seção deve ter três a quatro parágrafos, assim subdivididos:

 Definir o problema em estudo; chamar atenção sobre assunto o tema específico da


pesquisa
 Prover o ”background” do estudo e apresentar resultados de outros estudos recentes que
apóiem a importância do seu trabalho. Importante, apontar as lacunas na literatura e a
possível contribuição de seu estudo. Nesse contexto, demonstrar a relevância do estudo.
 No último parágrafo, apresentar o desenho do estudo e quais foram os objetivos principais
e secundários

Veja abaixo um exemplo de introdução em periódico de alto impacto. O artigo tem como

título: Early life risk factors for obesity in childhood: a cohort study. Foi publicado no British

Medical Journal em 2005 (BMJ. 2005 Jun 11; 330:1357). Na primeira parte, os autores

chamam a atenção apara a relevância do tema.


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Na segunda parte, os autores chamam a atenção para a relevância do tema. Observe

como eles também apontam as lacunas na literatura e os problemas com estudos prévios.
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Note-se que na terceira parte da introdução, os autores delineiam o desenho do estudo e,

implicitamente, os objetivos do estudo.

Finalmente, algumas indicações podem ser apontadas para uma apropriada seção de

introdução: (1) Releia a introdução no final do estudo; (2) reveja as citações. Cuidado: os

revisores são provavelmente autores dos principais estudos da área; (3) ao apontar lacunas

e falhas de estudos prévios cite um artigo de revisão ou meta-análise. Esses estudos

podem substanciar essas lacunas; (4) não defina o que já é estabelecido. Não repita

conceitos óbvios. Lembre-se: o leitor interessado no seu estudo é pesquisador da área; (5)

tamanho ideal da Introdução: 1(uma) pág. A4 espaço duplo.


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SEÇÃO DE METODOS

Essa é a mais importante seção de um artigo científico. A seção de métodos é a mais

importante do ponto de vista científico, pois a validade do estudo será julgada através das

informações nela contida. Em geral, deve ser a primeira parte a ser escrita. Na seção de

métodos, o autor irá situar o leitor como foi realizada a pesquisa. Fornecer completa

informação sobre pacientes, materiais, e métodos utilizados. Essa seção pode ter subitens;

quando possível parear os subitens com Resultados. Deve-se fornecer informação

suficiente de modo que o estudo possa ser reproduzido. Essa seção deve ser revista

cuidadosamente por todos os pesquisadores envolvidos. Em geral, essa seção deve ter de

quatro a seis parágrafos, assim subdivididos:

 Desenho do estudo

 Amostra (pacientes)

• Local
• Tempo
 Protocolo do estudo

 Variáveis coletadas

 Análise estatística

 Ética

Cada tópico deve ser minuciosamente descrito:

1 -Informe o desenho do estudo;

2) Caracterize detalhadamente o objeto de estudo: tamanho da amostra (n); cálculo da

amostra; faixa etária; gênero, critérios de inclusão; critérios de exclusão;


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3 - Caracterize o local e o período do estudo (hospital terciário, ambulatório de atenção

primária, ambulatório de especialidades, etc.); período de tempo compreendido pela coleta

de dados;

4 – Descreva o protocolo do estudo: intervenções realizadas: cirurgias,uso de drogas, etc.;

testes realizados (métodos padrões não precisam ser descritos); mensurações obtidas

(peso, estatura, pressão arterial), periodicidade do seguimento;

5 - Para estudos de prognóstico ou ensaios clínicos defina com precisão o “outcome” do

estudo;

6 – Análise estatística - Estabeleça como os dados foram sumarizados; quais medidas de

tendência central e variância (por exemplo, média e desvio-padrão), Descreva os testes

estatísticos utilizados, Métodos usuais não necessitam referência, Ex: qui-quadrado, teste T,

correlação, etc. Métodos especiais devem ser referendados (Ex: Análise de Sobrevida,

Análise multivariada); se valores de “P” e “IC” forem usuais não é necessário relatar

Vejam abaixo um exemplo da seção de métodos no mesmo estudo anteriormente citado

(BMJ. 2005 Jun 11;330:1357). Os autores inicialmente definem o desenho do estudo e o

objetivo geral do mesmo. Note-se que eles fazem referência a outro estudo no qual a

metodologia já foi descrita em detalhes anteriormente. Isto é comum em grandes estudos

que geram vários artigos de resultados específicos.


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Desenho

Ética

Participantes

Mensurações

Posteriormente, os autores estabelecem com clareza o evento de interesse do estudo e

definem com precisão esse evento. Este é um dado de imensa importância para os

revisores de periódico. Na linguagem estatística, esse evento é denominado de variável

dependente. Toda a análise estatística deverá ser baseada na definição e no tipo dessa

variável.
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Evento de interesse

Em seguida, os autores definem os possíveis fatores de risco para obesidade infantil. Na

linguagem estatística, essas variáveis são denominadas variáveis independentes.

Variáveis independentes
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Nesse estudo com ótima apresentação do ponto de vista técnico e cientifico, os autores têm

o cuidado de definir cada variável independente. Com essa finalidade, eles usam o recurso

de uma tabela que sintetiza para os leitores, com clareza, esses dados.

Variáveis independentes

Finalmente, na última parte da seção de métodos, é delineada a analise estatística. Note-

se que os autores definem o principal teste usado (Análise multivariada de regressão

logística binária). Logo em seguida, eles detalham os passos que foram seguidos para se

construir os modelos de análise multivariada. Esse cuidado é também de relevância, pois

há vários métodos para se estabelecer esses modelos. Assim, todo pesquisador deve ter o

cuidado de definir como esses modelos foram desenvolvidos.


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SEÇÃO DE RESULTADOS

A função da seção de resultados é apresentar objetivamente os dados principais sem

interpretação, de maneira ordenada e em uma seqüência lógica usando tanto material

ilustrativo (tabelas e figuras) como texto. Embora isso possa parecer redundante, a seção

de Resultados deve conter apenas os resultados. Infelizmente, muitos pesquisadores

iniciantes colocam opiniões e discussão nesta seção. Esse erro deve ser evitado a todo

custo. A seção de resultados deve simplesmente afirmar os fatos, sem interpretação. Na

seção de Métodos, os experimentos foram relatados em determinada ordem, a seção de


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resultados deve ter a mesma seqüência. Assim, os resultados devem ser providos em uma

seqüência lógica, em conjunto com a seqüência em que o estudo foi realizado. Por

exemplo, os resultados das mensurações no “baseline” devem ser apresentados antes dos

resultados obtidos após uma intervenção. Convém ressaltar que nessa seção as figuras

(incluindo os gráficos) e tabelas são muito importantes para convencer editores, revisores e

leitores da pertinência e relevância do estudo. Assim, os autores não devem economizar

tempo e esforço na construção dessas tabelas e figuras. Nesse contexto, é de suma

importância que os autores consultem as “Instruções para os autores” do periódico que

eles estão considerando para publicação. Esse passo é importante, pois cada periódico tem

suas regras tanto em relação à formatação quanto em quantidade permitida de Tabelas e

Figuras. Por exemplo, um dos mais importantes periódicos em Pediatria, o Journal of

Pediatrics permite apenas 4(quatro) tabelas e/ou gráficos no total. Aliás, essa consulta a

“Instruções para os autores” é fundamental antes de se começar a escrever o

manuscrito. Esse passo será comentado adiante.

Algumas indicações podem ser apontadas para uma apropriada seção de Resultados:

1) O texto segue uma seqüência e procura ter seu foco sobre as respostas às hipóteses ou

aos objetivos do estudo. Resultados negativos importantes devem ser relatados;

2) É interessante escrever o texto da seção de Resultados baseado em uma seqüência de

Tabelas e Figuras. Deve ser a segunda seção a ser elaborada, após a seção de métodos;

3) Não deve conter citações;

4) Cada tabela e figura deve ser referendada no texto;

5) O autor deve ressaltar ao leitor quais os achados importantes apresentados nas tabelas e

figuras; contudo não repetir no texto dados apresentados em forma de tabelas e/ou figuras.

Veja a seguir um exemplo de seção de Resultados em periódico de alto impacto. O

artigo tem como título: Effect of handwashing on child health: a randomised controlled trial.
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Foi publicado no LANCET em 2005 (Lancet 366: 225-233, 2005). Este artigo tem no total

nove páginas (incluindo duas páginas de referências). A seção de Resultados ocupa

aproximadamente duas páginas e meia. Trata-se de um ensaio clínico randomizado com o

objetivo de verificar o impacto da higiene das mãos com sabonete (com e sem

antibactericida) na saúde de crianças em uma comunidade no Paquistão. Deve ser

lembrado que a maioria dos editores exige que os ensaios clínicos sigam as

recomendações do CONSORT (Improving the quality of reporting of randomized controlled

trials. The CONSORT statement. JAMA. 1996 Aug 28;276(8):637-9). Os autores fazem

nesse artigo um interessante uso de Tabelas e Gráficos, sendo que o texto dos Resultados

praticamente se desenvolve em torno desses elementos. São apresentadas cinco tabelas e

quatro figuras (sendo quatro gráficos). Inicialmente, os autores mostram em uma tabela, que

os três grupos estudados são similares no “baseline”.


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Posteriormente, eles mostram em duas tabelas o impacto que a intervenção (lavar as mãos)

teve na redução dos eventos estudados em comparação com o grupo controle.


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Em seguida, os autores demonstram em duas elaboradas figuras a redução nos grupos

que sofreram intervenção da incidência de pneumonia e IVAS ao longo do tempo. Vejam a

qualidade das figuras e, consequentemente o impacto que elas têm sobre os leitores.
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Finalmente, em duas tabelas adicionais os autores mostram os resultados e o impacto


da intervenção, controlados pela idade e pelo estado nutricional das crianças.

A interpretação final do estudo foi a seguinte:


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SEÇÃO DE DISCUSSAO

A função da seção de Discussão é convencer os leitores da confiabilidade e


correção dos dados apresentados. Assim os achados do estudo devem ser interpretados
para os leitores. Dessa maneira, o principal objetivo da discussão é interpretar os
resultados do estudo de uma maneira que os leitores possam saber se o pesquisador
cumpriu o objetivo proposto e respondeu de maneira confiável cientificamente as
questões postas no estudo. Recentemente, tem sido proposta uma seção de Discussão
estruturada na qual constariam nessa ordem: 1) Reafirmar os principais achados do
estudo; 2) estabelecer os pontos fracos e pontos positivos do seu estudo; 3) confrontar
seus dados com a literatura, tanto achados concordantes quanto os discordantes; 4)
especular sobre as possíveis implicações clínicas do estudo; qual o significado dos
resultados; 5) apresentar as conclusões, lacunas ainda existentes, futuros estudos. Essa
proposta foi apresentada em um excelente artigo no British Medical Journal: Docherty &
Smith. The case for structuring the discussion of scientific papers. BMJ. 1999 May
8;318(7193):1224-5. Assim podemos sugerir que a discussão tenha cinco a seis
parágrafos contendo os itens delineados abaixo:

 Reafirme seus principais achados.


 Qual é o principal achado
de seu estudo?
 Identifique pontos fracos que possam
 Pode estar errado? ameaçar a validade do estudo;
contraponha com pontos positivos.

 Achados concordantes e achados


 Coloque seu estudo em divergentes na literatura. Não omita
contexto estudos relevantes

 Avalie a generalização do estudo,


especule sobre possíveis implicações
 O que ele significa ? clínicas. Qual a direção para novos
estudos?. Conclusão breve.

 Questões não respondidas: sugestões


 Futuros estudos
de possíveis estudos
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Alguns pontos devem ser cuidadosamente evitados na seção de Discussão, pois os

revisores e editores teriam sérias objeções a essas falhas. São eles:

1) Superestimação dos resultados;

2) Especulação fora do contexto dos achados do estudo;

3) Comentários de dados secundários;

4) Não manter o foco nos achados principais e suas implicações.

Veja a seguir um exemplo de seção de Discussão em periódico de alto impacto. Trata-se do

mesmo estudo comentado na seção de Resultados: Effect of handwashing on child health: a

randomised controlled trial. Foi publicado no LANCET em 2005 (Lancet 366: 225-233, 2005)

e tem no total nove páginas (incluindo duas páginas de referências). A seção de

Resultados ocupa aproximadamente três páginas. Inicialmente, na seção de Discussão os

autores ressaltam os principais achados do estudo.


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Posteriormente, eles levantam as possíveis explicações para os achados do estudo.


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Em seguida, os autores confrontam os achados do estudo com estudos similares na

literatura. Essa é uma característica importante, que todo revisor espera encontrar na

seção de Discussão. Note-se que devem ser ressaltados estudos que tenham resultados

que corroborem os achados assim como outros trabalhos que eventualmente são

contraditórios.
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A partir daí, são expostas as limitações do estudo e as implicações dessas limitações nos
achados. Deve ser lembrado que todo estudo clínico tem limitações por mais que a
metodologia seja apropriada para responder às questões propostas pelos pesquisadores.
Assim, novamente, todo revisor e editor espera que os autores reconheçam as limitações
da metodologia empregada e comentem as possíveis implicações dessas falhas nos
resultados do estudo.
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Finalmente, no último parágrafo, eles apontam as implicações (clínicas, sociais, na saúde


pública - vai depender do estudo realizado) e as conclusões do estudo.

OUTROS PONTOS IMPORTANTES DO ARTIGO CIENTÍFICO

Outros componentes de um artigo científico, embora não façam parte do corpo


principal do artigo, são muito importantes para que o mesmo seja aceito pelos editores e
revisores. Em geral, essas são as últimas seções a serem elaboradas (com exceção das
referências). Outros componentes do artigo devem ser citados: Título, Resumo (Abstract),
Palavras-chaves, Referências e Agradecimentos.

TÍTULO
O título de um artigo científico é de grande importantância, pois é o primeiro componente
que o eventual leitor terá contato. A atenção para um artigo muitas vezes é despertada
por um título chamativo e apropriado.
Algumas observações são importantes:
(1) o título deve ser uma frase concisa com informação suficiente sobre a investigação
realizada;
2) Deve ter em torno de 80-90 caracteres;
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3) Pode incluir achados relevantes do estudo (desde que haja uma evidência clara e
inequívoca);
4) Deve chamar atenção para aspectos positivos do estudo. Por exemplo: se o desenho
do estudo for de interesse (um ensaio clínico randomizado, um estudo de coorte
prospectivo, uma meta-análise), essa característica deve constar no título. Por outro lado,
se a força do estudo estiver relacionada à amostra (tamanho, características) esse
aspecto deve ser destacado no título. Em suma, o título pode conter, dependendo do
ponto que se quer enfatizar, o desenho do estudo; palavras–chaves do estudo; achados
significativos do estudo e os sujeitos da pesquisa.
Alguns exemplos de título apropriados que destacam aspectos do estudo estão
demonstrados abaixo. Note-se a ênfase no desenho do estudo ou nas características da
população em estudo, ou nas palavras-chaves.
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RESUMO
O resumo (abstract) de um artigo científico também é de extrema importância, pois é o
componente do artigo que será lido em primeiro lugar. Muitas vezes outros pesquisadores
da área terão acesso apenas ao resumo do artigo. Essa seção é a versão condensada do
artigo. Deve ser auto-explicativa. O resumo deve conter: porque o estudo foi feito; como
foi feito; o que foi encontrado e a interpretação/conclusão. Em outras palavras deve
conter: objetivo, métodos, resultados e conclusão.
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Na maioria dos periódicos, o Resumo deve ter entre 150 – 250 palavras. Há uma grande
variedade de formato entre periódicos. Portando, convém checar antes as “Instruções
dos autores”.
Alguns exemplos de Resumo, de periódicos de excelência, estão demonstrados
abaixo (note-se que a maioria, mas nem todos, são estruturados).
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REFERÊNCIAS

As referências bibliográficas devem ser cuidadosamente checadas. Convém ressaltar que


cada periódico segue um padrão, embora a maioria tenha aderido às recomendações do
International Committee of Medical Journal Editors (conhecido como estilo de Vancouver,
1979). Essas recomendações foram atualizadas em 2004 (Uniform Requirements for
Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing for Biomedical
Publication, 2004) e podem ser consultadas em www.ICMJE.org. Todos os periódicos em
suas Instruções para os Autores trazem as recomendações para a seção de
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Referências. Lembrar que as seções que devem conter referências são: Introdução,
Métodos e Discussão. Muitos periódicos limitam o número de referências em artigos
originais (entre 20 a 50, a maioria em torno de 30). Para relato de casos, o limite fica entre
10 e 15. Para artigos de revisão, o número de referências permitido é maior. Muitos
editores recomendam o uso de softwares que fazem automaticamente a indexação das
referências. Há vários no mercado atualmente, sendo o mais utilizado em pesquisas
biomédicas o programa EndNote (http://www.endnote.com).

AGRADECIMENTOS

Nos agradecimentos devem constar o nome das agências financiadoras do projeto


(FAPEMIG, CNPq, Ministério da Saúde, outras), o apoio institucional recebido e o nome
dos profissionais que colaboraram com o estudo, mas não preencheram os requisitos
para serem co-autores do estudo. A questão da autoria é importante e deve ser discutida
previamente para não gerar atritos e desavenças na equipe. Muitos periódicos limitam o
número de autores a seis colaboradores. Cada autor deve ter participado suficientemente
no trabalho representado pelo artigo para que possa assumir responsabilidade pública por
seu conteúdo. Os autores devem ter participado em 3 etapas: 1) concepção ou desenho
do estudo e/ou interpretação dos dados; 2) redação do texto ou revisão crítica do mesmo;
3) aprovação final do manuscrito submetido para publicação. Participação apenas na
coleta de dados ou na obtenção de verbas para a pesquisa em geral não justificam co-
autoria. Alguns periódicos têm exigido que os autores apresentem a participação de
cada colaborador no desenvolvimento do estudo.
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PROCESSO DE EDIÇÃO
Para se obter sucesso na publicação de seus estudos, os autores devem compreender o
processo de edição de um periódico e os passos que um artigo científico percorre para
ser considerado apropriado para publicação. Em primeiro lugar, sempre siga
cuidadosamente as “Instruções para os autores”. A apresentação do artigo deve obedecer
rigorosamente às regras impostas pelos editores. Muitos periódicos fornecem check-list
que devem ser cuidadosamente seguido. Lembre-se que a publicação de artigos é
altamente competitiva e os editores vêem mais favoravelmente aqueles autores que
procuram apresentar o manuscrito inicial de forma elaborada e cuidadosamente revisado.
Um ponto importante que deve ser definido prioritariamente é a escolha do periódico.
Essa tarefa não é trivial, pelo contrário é muitas vezes complexa e envolve um grande
número de fatores, que devem ser considerados pelos autores. As agências de fomento à
pesquisa têm valorizado a publicação em periódicos de alto impacto. Assim, os grupos de
pesquisa que publicam nesses periódicos têm maior acesso a verbas de pesquisa e
bolsas, entre outros auxílios. Além disso, essas publicações têm um grande peso na
avaliação dos cursos de pós-graduação. Contudo, deve ser lembrado que quanto maior o
impacto do periódico, maior a chance do artigo ser recusado. Por exemplo, a taxa de
rejeição dos periódicos de alto impacto em Medicina Interna, como o New England
Journal of Medicine e Lancet, ultrapassa a 90%. Assim, os autores devem fazer um
balanço entre a possibilidade de publicação e/ou de rejeição versus a qualidade do
periódico. Em geral, esses periódicos de alto impacto de Medicina Interna aceitam
grandes estudos multicêntricos, ensaios clínicos randomizados, estudos de coorte
prospectivos e que tenham amplo interesse na comunidade médica internacional. Em
Pediatria, os bons periódicos têm fator de impacto em torno de 2 a 3 e a aceitação nessas
publicações está em torno de 40% a 50%, ou seja, metade dos artigos submetidos é
geralmente rejeitada. A CAPES classifica os periódicos em seis níveis de acordo com a
indexação e o fator de impacto:
IA – indexado no MEDLINE, ISI e alto FI (em geral > 1)
IB - indexado no MEDLINE, ISI e baixo FI (em geral, < 1)
IC – indexado no MEDLINE
NA – Indexado no SCIELO
NB – indexado no LILACS, EMBASE
NC – sem indexação
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No quadro abaixo, encontram-se alguns dos principais periódicos em Pediatria geral e


especialidades pediátricas. Lembre-se que o fator de impacto é calculado anualmente e,
portanto, tem que ser consultado periodicamente. De maneira geral, o fator de impacto
tem sido bastante criticado, mas é uma medida da visibilidade que o artigo atinge quando
publicado nesse periódico. Contudo, para se escolher o periódico devem ser levados em
conta vários fatores talvez mais significativos. Uma recomendação importante é checar o
periódico em que se quer publicar para avaliar se o assunto de sua pesquisa tem sido
regularmente aceito pelos editores.

Periódico Fator de Impacto


PEDIATRICS 5.02
J PEDIATR 3.99
PEDIATR RESEARCH 2.61
PEDIATR INFECT DIS J 3.21
ARCH DISEASE OF 2.09
CHILDHOOD
ARCH PEDIAT ADOL 3.56
J PEDIATR GASTR 2.07
PEDIATR PULM 1.74
PEDIATR CLIN N AM 1.61
NEUROPEDIATRICS 1.36
PEDIATR NEPHROL 2.07
EUR J PEDIATR 1.10
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Após a escolha do periódico mais apropriado, começa o processa de submissão e,


posteriormente, o processo de edição do artigo científico. Como ressaltado, após a
revisão cuidadosa do manuscrito, de acordo com as regras do periódico, a submissão
é processada. Felizmente, todo esse processo é feito online atualmente, o que tem
contribuído para a agilidade do processo de publicação. Após a submissão, começa o
processo de edição que é similar para a maioria dos periódicos: 1) Editor recebe o
manuscrito; (2) Editor envia mensagem reconhecendo o recebimento CORRETO do
manuscrito; (3) Editor envia manuscrito para revisores (em geral de 2 a 4 revisores) ;
4) Revisores comentam o artigo; 5) Baseado na opinião dos revisores e do próprio editor,
o manuscrito será considerado para publicação após modificações ou será rejeitado.
A chamada revisão pelos pares (“peer review”) tem sido considerada uma importante
característica da ciência moderna. Apesar das falhas que eventualmente possam ocorrer
nesse processo de revisão, não há nenhum periódico moderno respeitável, em todas as
áreas do conhecimento, que prescinda desse passo da edição de um artigo. As
alterações exigidas podem ser mínimas ou, em sua maioria, os editores exigem grandes
modificações. Os autores devem rever cuidadosamente as observações dos revisores,
respondendo a cada observação e fazendo as alterações pertinentes no manuscrito. É
bom ressaltar, que apesar das críticas serem muitas vezes elaboradas de maneira ácida e
dura, o fato de o manuscrito ter passado por essas etapas do processo já aumentam a
chance de publicação. É importante mencionar que todo pesquisador já teve um artigo
recusado. Nesses casos, não se deve desistir da publicação. Leia cuidadosamente as
críticas dos revisores. Aproveite as recomendações pertinentes e melhore seu
manuscrito. Há uma grande chance de seu estudo ser aceito em um outro periódico,
talvez de menor impacto, mas também de qualidade. Por exemplo, de 254 manuscritos
recusados no American Journal of Radiology, 64% haviam sido publicados após 15
meses em outros periódicos. Veja na tabela abaixo, as principais causas de rejeição de
um artigo.
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Quadro 2 - As dez mais freqüentes razoes de rejeição de um manuscrito na área da saúde.

 Análise estatística inapropriada ou incompleta


 Superestimação dos resultados
 Métodos inadequados
 Amostra pequena ou com viés
 Texto pobremente redigido
 Exposição insuficiente da hipótese ou objetivo
 Revisão de literatura incompleta
 Dados incompletos
 Tabelas de Figuras de má qualidade

Adaptado de Pierson DJ. The Top 10 Reasons Why Manuscripts Are Not Accepted for Publication. Respir
Care 2004;49(10):1246 –1252.

Observe que a maioria dos motivos está relacionada a problemas metodológicos ou a


apresentação do artigo. Assim, é importante pensar em todas essas questões antes de
iniciar o estudo. Pesquisadores experientes procuram antecipar todos os problemas
metodológicos que possam eventualmente comprometer os resultados do estudo e
procuram lidar com eles antes de iniciar a pesquisa. Assim, é fundamental que o
pesquisador, com menor experiência, tenha a assessoria de outros pares com experiência
em metodologia de estudo biomédico aumentar a sua chance de sucesso. Finalmente,
deve ser ressaltado que um artigo cientifico é conseqüência de todo um aparato.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Atualmente há vasto material disponível para o pesquisador interessado em aprimorar a
redação cientifica e seus projetos de pesquisa. Esse material pode ser encontrado em
periódicos científicos, em livros, e na internet. Abaixo, relacionamos o material de apoio
que temos utilizado. O pesquisador com pouca experiência ler muitos artigos de sua área
de interesse e estar sempre acompanhando o periódico de sua especialidade. De maneira
geral, periódicos de alto impacto em todas as áreas publicam artigos de alta qualidade,
semanalmente ou mensalmente. No Portal CAPES pode-se encontrar a grande maioria
desses periódicos como Lancet, New England J Medicine, JAMA, Annals of Internal
Medicine, BMJ, Journal of Pediatrics, Archives Disease of Childhood, Pediatric Research,
entre outros.
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LIVROS:
 Day, R. A. How to Write and Publish a Scientific Paper, 4th Ed., Cambridge University Press, 1995
 O’Connor, M. Writing Successfully in Science, Academic Press, 1991
 Huth, E. J. Writing and publishing in Medicine. Williams & Wilkins. 1999
 Lang, TA & Secic M. How to Report Statistics in Medicine: Annotated Guidelines for Authors,
Editors, and Reviewers. American College of Physicians; 2nd edition (December 30, 2006)
 Zeiger, M. Essentials of Writing Biomedical Research Papers. McGraw-Hill Professional; 2 edition
(September 30, 1999)
 Motulsky H. Intuitive Biostatistics. Oxford University Press, USA; 1 edition (October 19, 1995)
 Hulley et al. Designing Clinical Research: An Epidemiologic Approach. Lippincott Williams & Wilkins;
3 edition (November 1, 2006).
 Altman DG. Practical Statistics for Medical Research. Chapman & Hall/CRC; 1 edition (November
22, 1990)
ARTIGOS
 Hess DR. How to write an effective discussion. Respir Care. 2004 Oct;49(10):1238-41.
 Kallet RH. How to write the methods section of a research paper. Respir Care. 2004
Oct;49(10):1229-32.
 Skelton J. Br J Gen Pract. 1994 Oct;44(387):455-9. Analysis of the structure of original research
papers: an aid to writing original papers for publication.
 International Committee of Medical Journal Editors – Ann Intern Med 1997: 126: 36-47.
 The Top 10 Reasons Why Manuscripts Are Not Accepted for Publication. David J Pierson.
Respiratory Care • October 2004 Vol 49 No 10
 Anatomy of a Research Paper. Richard D Branson. Respiratory Care • October 2004 Vol 49 No 10

REFERÊNCIAS

Russo, M., Santos, E. , Santos, M. Produção Científica Brasileira: da comunicação à


recuperação via WEB. http://www.sibi.ufrj.br/trab_mariza_ago2001.doc
MEIS, L. de; LETA, J. O perfil da ciência brasileira. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ,
1976.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 3.
ed. São Paulo: Atlas, 1991.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e
documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação.
Rio de Janeiro, 2003.
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FAVOR CITAR BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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