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L. LANDAU e E. LIFCHITZ MECANICA ‘Traduglo de JOSE SEVERO DE CAMARGO PEREIRA (Professor-Assistente da Faculdade de Filosofia, Cléneias ¢ Letras da USP) HEMUS — tivrania EDITORA LTDA MECANICA L. Lanpau ¢ B. Lircuirz Titulo em Francés: MECANIQUE Copyright L. Laxpau e E. Lurene Direitos para a lingua portuguésa adguir riueuésa adguirides pela HEMUS — tiveania eotrOna tra ‘ue se reserva a propriedade desta tradugdo, Cape: Inve Conrez HEMUS — uiveanis errors Lrpa. Rua da Gliria, 314 — Tels: 278.6872 © 279.0820 SAO PAULO cariruto 1 AS EQUACOES DO MOVIMENTO 1. Coordenadas generalizadas Um dos conceitos fundamentais da Mecdnica é a nogio de ponte material. Designamos désse modo qualquer corpo cujas dimensées possam ser desprezadas ao descrevermos o seu movimento, E claro que essa possibilidade depende das condicoes concretas do problema de que estamos tratando, Assim, os planétas podem ser considerades como pontos materia's quando estamos estudando @ seu movimento em témo do Sol. 54 no acontecerd o mesmo se estivermos estudan- do a sua rotagio diuturna, ‘A posigio de um ponto material no espaco é determinada pelo seu raio vetor r, cujas componentes coincidem com as suas coordenadas cartesianas x, y, z. A derivada de r, em relagio ao tempo 1. FORMULA 1 ya échamah vole, ea evade spuds, £, acta do pom {o, A seguir de acérdo com a convengao habitual, vamos representar a derivada em relagéo ao tempo por meio de um ponto colocado em cima da letra correspondente: v= Para determinar a posigao de um sistema de NV pontos materiais no spaso, € preciso especificar N raios, vetores, isto é, 3N coordenadas. Em geral, 0 numero de grandezas independentes que precisamos espe- cificar para determinar de modo univoco a posicio de um sistema € chamado niimero de graus de liberdade do sistema, No caso presente, &sse niimero € 3N. Essas grandezas ndo sio obrigatariamente as co- " Empregatemos freqlentemente a expressio “partcula” como sindnimo de “ponte materia eae 6 AS EQUAGOES DO MoviMENT: ffdenadas cartesianas do ponto, ¢, dependendo das condigdes do pri blema, a escolha de outro sistema ‘de coordenadas pode ser mais Low veniente, As s grandezas quaisquer, q1, gz, ... qu, que caracteriza completamente @ posicao de um sistema (com s graus de liberdade) Nio 6, entretanto, suficiente darmos as coordenadas generalizadas de tum sistema para determinarmos o “estado mecdnico” do sistema num instante dado, no sentido de que essas informagées nao nos permititie Prever a posigao do sistema no instante seguinte. Para valdees dade das suas coordenadas, um sistema pode ter velocidades arbitérias,« em fungo do valor destas, a posicao do sistema sera diferente no ing. {ante seguinte, isto &, depois de um intervalo de tempo infinitamente equeno dt, A experiéncia ensina que a especificagao simultinea das coordena- das ¢ das velocidades determina completamenie 0 estado do sistema e fermite, em principio, predizer © seu movimento futuro. Do ponte de vista matematico, isto significa que a especificagio das cooniens, das € das velocidades num instante dado define de modo univoco 0 valor das aceleragdes q nesse instante, ? As relagdes que ligam as accleracies as coordenadas ¢ as veloci- ades sio chamadas equagdes do movimento. Em tela¢ao Bs fungoes 4 (0), Wwala-se de equacoes diferenciais do segundo grav, cuja inte: gracdo permite, em principio, determinar essas fungées, isto 6. as trae Jetorias do movimento do sistema mecanico, 2. O principio da ago minima A formula mais geral da lei do movimento dos sistemas mecinicos dada pelo principio chamado da dglo minima, ou prinipie ae HAMILTON. De acérdo com ésse principio, todo sistema mecinico & caracterizado por uma fungio defisida sede 8 (us das =o Gay dus ou, mais brevemente, L(g, g, satisfazer a condigao seguinte Suponhamos que nos instantes 1 = 1, © = t, 0 sistema ocupe posi- $0es determinadas, caracterizadas por dois conjuntos de valéres das 1), devendo 0 movimento do sistema * Para simplificar a notagio, desi fe tSdas as Coordenadas ins ay cidades. ignaremos freqilentemente por 4 0 conjunto + de. © por G 0 conjunto de tadas as velo” 0 PRINCIPIO DA AGRO MINIMA priate Sal Laan 1) ive. C thamada fungio de suma 0 menor valor possivel.* A fungio L é chi Sake cients ae ‘A fungdo de LAGRANGE implica apenas as variéveis q ¢ 4, Wo as derivadas superiores 4, j; ... Isso se deve ao fato que men- Cionamos pouco antes, a saber: que o estado mecinico de um sis- fom Tea completamente espeifcado pelas suas coordenadas ¢ ve- locidades. z terminam @ tien est, moran damit se damn» fnimo da integral (2,1). Para simplificar a notacdo, admitamos Camente gue o stoma 6 tem I grav de irae det moto ue éle sera definido apenas por uma fungio q (1). i Sein ga (?) a fungdo para a qual $ apresenta um minimo. Is © significa que S cresceré se substituitmos q(t) por uma fungao qual quer onde a(t) +89 (0), (2,2) imerrato de a (9 € uma fargo infnitamente poqens ea todo inter Uma ver que, para 1 = 6.1 ta ths as fungdes semelhantes (2,2) devem assumir os mesmos valéres g‘") e g), deveremos ter: 9 (t,) = 89 (t2) = 0. 3) A alteragdo de valor softida por S quando substituimos q por q + q € dada pela diferenca: \ L$ Sq 9+ Sq) de— | O desenvolvimento em série dessa diferenga segundo as poténcias de q ac i le integral) comeca fa de 34 (oa expresso afetada pelo sinal de inteprl) comesa or térmos de primeira ordem. A condigio necesséria de minima Lina, Ode ee aap capt gee 8 4S EQUAGOES DO MOVIMENTGEE, painciPIo DA AGKO MINIMA 9 incdgnitas q(t). A solugéo geral de um sistema désse tipo contém 2s constantes arbitrérias, Para as determinar, isto é, para definir com- pletamente © movimento do sistema mecanico, € necessério conhecer fas condigdes iniciais que caracterizam o estado do sistema num ins- tante dado; por exemplo, os valéres iniciais das coordenadas ¢ das yelocidades. Soja um sistema mecinico composto de duas partes, A eB, cada uma das quais, sendo fechadas, ter4, respectivamente, por fungio de LAGRANGE as fungées La e Lx. Entio, se afastarmos essas partes uma da outra, de tal modo que a interacao entre elas se torne des- prezivel, a fungio de LAGRANGE do sistema tenderd para o limite lim L= Ly 4-Le. @n Esta aditividade da funcdo de LAGRANGE expressa o fato de que as equasdes do movimento de cada uma das partes dum sistema, na hipotese de elas nao interagirem umas sObre as outras, nio podem afiemar grandezas que se relacionem com as outras partes do sis- tema oe E evidente que a multiplicacao da funcio de LAGRANGE dum sistema mecnico por uma constante arbitréria no influi nas equa- ‘ges do movimento do sistema. Poderfamos pensar que resultasse dai luma indeterminagdo: as fungdes de LAGRANGE de diferentes sis- temas mecinicos isolados poderiam ser multiplicadas por constantes diferentes quaisquer. A propriedade de aditividade da fungao de LA- GRANGE elimina essa indetermifacdo: cla s6 permite ‘a multipli- cago simultinea das fungdes de LAGRANGE de todos os sistemas Por uma constante dnica, © que significa simplesmente uma arbitra- Fiedade natural na escolha das unidades de medida dessa grandeza fisica; voltaremos ao problema no parigrafo 4 Poderemos ainda fazer a observacao seguinte, Consideremos duas fungoes L’(q, &, #) © L (a, 4, 1) que diferem entre si apenas pela derivada total em relagao a0 tempo. Seria essa diferenga uma fungio qualquer das coordenadas ¢ do tempo, f (4, 1) 5S s(e (a dt =0, (24) ou, efetuande a vatiagio: E(k a 4 a 69) dt =0. 4 Notando = integremos © segundo Notando que aj 7-61, integremos o segundo térmo por part 5 at [aL _ 4 ab) a5 = For] + | (Se - 2 Fr) onat=0. (25) ah % Em virude das condigdes (2,8), o primeizo témo dest expresso desaparece. Resta a integral, que devera ser igual a 0 para todo va- lor de 84. Isso 6 seré.possivel sea expressio afetada pelo sinal 4 integral se anular idénticamente, Obteremos, assim, 2 equagde 4k ob a o 0 0 Se tivermos vérios graus de liberdade, as s fungs tiverme us de Tiberdade, as ¢ fungdes diferentes qj (1) deverdo variar independentemente, E, entio, evidente, que obteremo equacdes da forma: : * aus obteremos s a 20 f=1,% 00.9. (2,6) an Sto as equagées diferenciais procuradas; sio chamadas ani- st equagdes de LAGRANGE. Se 2 fungi de LAGRANGE de um sistema meciinico dado fér conhecida, entio as equagdes (2,6) estabelecerio as relagdes entre as aceleragdes, as velocidades e ay coordenadas; dizendo de outro modo, as equagdes (2,6) constituem as equagées do movimento do sistema, Do ponto de vista matemético, as equagdes (2,6) formam um sise tema’ dent equagtesiferencias do Segundo eau Sem ons CR Es AC aC) 8) Calculadas com a ajuda dessas duas fungdes, as integrais (2,1) esta- io ligadas pela relacao v-fr@iod frainas te No, Céleulo das VariagSes, que considera o problema formal de deter ‘minssio dos extremos de integrais como a (2,1), elas 4 spina de integ (2,1), elas so chamadas equagoes at = 54 FY t)— 1b). 10 [As EQUAGOES DO MOVIMENTO outra por um térmo suplementar, qué var a agto. Portanto, a condicdo 3s" = 0 "a forma das equagdes do movi quer dizer, diferem uma da Gesaparece quando fazemos vari goincide com a condigdo 85 = 0, ¢ mento permanece inalterada, “Assim, a fungao de LAGRANGE (ou Lagrangeana, como também se ais) determinada @ menos de uma derivada total de ume fungao das coordenadas © do tempo. 4. O principio da relatividade de Galilew ara estudarmos os fendmenos mectnicos, presisamos escoiRet ut sinana de referéncia, AS leis do movimento néo (Sm, geral, a sistema aera em sistemas de referéncia diferentes. Se sforeroe mesma (ormreferéneia qualquer, € possvel que as Ils 6 fendmenos sistema 9° fos assumam formas extremamente complicadas claro rive devemos escolher um sistema de referéncia em due 2 leis da $fecdnica sejam as mais simples possivels =, Bm seasio g um sven de referéncia qualquer, 0 espaso Ae & nde homogénee sof anisotrSpico. isso significa ques mene? Oe caso de emreerpe, ado interagir com outro, as suas dierent posicées no apago & as suas diversas orientagoes ndo 56°40 ‘equivalentes do ponto Espace © Recanico, -Aconteceré 0 mesmo no que conceine Ae AE aee"seré. nao-uniforme, isto é, os, seus, divers Weta no seréo Quivalentes, A complicagio introdurida na desccte, dos fendmenos mecanieos por ©3828 Prot igo ¢ do tempo é evidente. ae eercpor exemplo, um corpo livre (no submetide 4 ts influén- Assim for) nao podera estar em tepouso; mesmo 400, © veloci- Gia exterior owse mula num instante qualquer, no instante seul dade ( sgaria a se mover em certa diregao. Entretanto, spr Fer Ele comecaritrar um sistema de referencia em relagio. a0) ghal oT Jato sera homogéneo € isdtropo, ¢ © tempo, Wome, ‘Um sistema Pace ghamado sistema galileico® Em particular, nur Sere galie asim ff corpo livre ¢ em repouso num instante dado permancceré, fem repouso durante um tempo ifimitado. ‘pedemos, desde jé tirar algumas conclustes a respelto. da forma davfextzo de LAGRANGE para um ponto material dies desloca da funcie fam sistema de referéncia gallica, A unilomidtee do Eapago edo tempo significa que essa fungio nis pode conter ex- Sffeamente o raio velor F do ponto, nem © tempo Dizendo de pllitamonys ri seré fungio apenas da velocidade, ¥. Do fato Of. apago ser is6tropo, segue que @ funcio de LAGRANGE também TTambém chamado sistema inercal, (Nota do tradutor.) RELATIVIDADE DE GALILEU i es depot Go ane asa ate rei Seu sale sols ate do quadrade Se St ao ; L=L(o). Gay Uma vez que a funcdo de LAGRANGE independe de r, temos aL 5 4.0, € as equagées de LAGRANGE tomam a forma? @ aL a oy donde 24 — constante. Mi aL 2 inte, Mas, uma vez que SX 6 € funglo da velo- cidade, segue que v= Cte, Chegamos assim & cc =f oo a gam dea a sess que, num sistema de referéncia gali- ae rento livre se da com uma yelocidade const te Se, ao lado do sistem: ic wean da et ie paeina be eormate oke es ate" Pei sistema inicial, Um movimento livre també si ‘ne com uma velocidade constante. também se eetuaré esse si fotalmente equivalentes do ponto de vis raesgieat Reset eas te ele ees isch ea fe 40 aos outros, dum movimento retilineo iforme. Nesses sis- iu pon Scag 6 me rt oe i Sci bd at bn uc lama o principio de relatividade de G. in sth oe mais importantes da Mecanica, SAUIED, wm eae we ee Gemonstra bastante claramente o cardter sara og re ea Sor Te ka ers ten ical eouintaco nord “anicos. Daqui por diante, salvo indicagao "omni learemos sistemas de referéncia galileicos. fics ose ee oe sistemas do ponto de vista me a Entendemos por der outre Mendemos por derivada de uma grandezs escalar em relagio a um vetor auto Veto tj components seam ipl set asi s corenpondenis compoventes*do veto > ns Branders £m 2 As EQUAGOES DO MOVIMENTO ‘As coordenadas r e ¥ de um ponto em dois sistemas de referéncia difesane Ke Ko segundo dos quais esté se deslocande om relacio Sissrimeiro com uma velociade V, sio ligadas pela relagio v4VE. 33) modo nos dois Essa relagio significa que 0 tempo se escoa do mesmo sistemas de referéncia: i GB) t ‘A hipbtese da existéncia de um tempo abseluto est@ na propria base dae Ropresentagdes da Mecanica Classica. * srepreseneC3) @ OA). sho chamadas tramefor races de eee GA- ge ee fem relacio a essas transformagoes. 4, Fungio de Lagrange de um ponto material livre Para determinarmos a forma da fungio de mos de injcio 0 caso mais simples posstyel Mente: material num sistema galeco, Como jf Vinee fungio de POUSRANGE, num caso déstes, 56 depende do quadrado do vetor ae nC pare explicar essa dependancia, vames Utz" © principio Velocidad ide de GALILEU. Se um sistema de relerne® ‘alileico de reaoca com uma velocidad infnitamente peauengs <7 rela- Fao a outro sistema galilelco K’, teremos v= ype, Uma vez que fo. a qpdes do movimento em todos os sistemas de referencia devem 3s eat eera forma, a fungao de LAGRANGE L. (+7) deve, por essa ter renagdo, converterse numa fungao Li» que <6 diferiré de L (0), tramsforrsmo se iferir, pela derivada total duma funcio das coor” g sin edo tempo, (Cfo final do parégrafo 2.) ‘Temos Li abv’) = Lies ve 2) Desenvolvendo esta expresso em desprezando 08 int Lv) =L OD + Ga ve. ee de- for funcio linear da veloci- © see Total em relagdo a0 tempo se él f aL 4 dade v. Portanto, 2% nfo depende da velocidad, T Ba nio & valida na Mecinica Relativista. n série segundo as poténcias de © € a e7Prente pequenos de ordem superior, obteremos isto é a funcio de FUNGRO DE LAGRANGE 13 LAGRANGE no caso considerado LAGRAN ‘aso considerado € propotcional ao quadrado da L Do faio de, sob esta forma, a funcio d 7 , a fungio de LAGRANGE satisfazga 0 principio de reatvidade de GALILFU no caso de uma ‘ransom fnfinitamente pequena da velocidade, resulta imediatamente ora tugs LAGRANGE também ¢ invariante para uma Velockdade fin feréncia K, em relagio ao sistema K’. De L "= a(v-+V)F= av? +2avV + aV? ou seia Pees y" +E @arv + av%). © segundo térmo é uma derivada tot O segundo seme a levada total em relagio ao tempo © pode, Desigaamos habitualmente a a constante @ po al on at Mn" de LAGRANGE de" pono materi om movimento livre costuma ser escrita: fear Lem mae aly A grandeza m & chamad: por hipétese, nao reagem uns sdbre os outros * ee rae a2 E prec sent ue a definigio dade de masse x6 adgute 0 s aad i i ae, Como j4 vimos no pardgrafo Deri podenes mult tpn a fa iia oe CRANE ‘uma constante qualquer. 1ss0 ee jo movimento, Para a fungio (4,2), essa mul- — to, sgnia uma avadanga da, uaa de swt’ do mae; masa relies ene as rnsias ds vers partic, que ossuem, Spin le (as relages), um sentido fico res, permanecem inate E fécil ver que a articula no pode ser negativa a que a massa de uma particula néo ps De fat, ds" atdrdo Como prinapie da agéo minima, quando, Um principi 1s0 mfnima, * Para names wticulas, usaremos como indices as ph let rar_as particulas, usaremos i 1 es as primeiras letras io alfabeto, iMabeto, e para as coordenadas, as as I, kL 4 [AS EQUAGOES DO MOVIMEN’ ponto material se desloca de um ponto 1 para um ponto 2 do °s paco, a integral ja negativa, Entio} ssa por um minimo, Suponhamos que a massa seja negativa. pat por um mina, Supontanos au maka tat tastar ripidamente do ponto 1 para se aproximar em seguida rip damente do ponto 2, a integral da acdo assumiré valdres nepativ tao grandes quanto queiramos em valor absoluto. Dizendo de out modo, ela nao passaré por um minimo. Convém notar que 2 (Hyae. (43) eae a i i GRANGE, é su} Por conseguinte, para estabelecer a fungio de LA ficiente encontrar 0 quadrado do comprimento do elemento de arc di no sistema de coordenadas correspondente, Se estivermos trabalhando com coordenadas cartesianas, por exem; plo, teremos d? = dx? + dy? + dz, donde: ). (44)] Laka tm coordenadas clini, termes dP = de + Ady?-+ 42, don ). (4,5) Lat earg Em coordenadas esféricas, teremos dP = di? 4+ rd + rsentédy? 3 (46) 2 sin? OG?). (tebe L '5, Fungdo de Lagrange de um sistema de pontos materiais fonsideremos agora um sistema de pontos materiais que reagem oo aires one lgue esto ladon de qualquer corpo eta- ho; um sistema assim € chamado fechado, Podemos descrever a in- teragao dos pontos materiais do sistema acrescentando funlo de i fs we, param <0, TA obscrvagdo feta ma nota 3 a0 se aplica aul, poraue, para a ngyeP ents. fae tena minino para qualquer elemento di trjetdia, pot drenot que Ee tose. cho DE LAGRANGE 1s FUNG! LAGRANGE. (4,2), valida para pontos materiais livres, uma fungio das coordenadas (dependendo do caréter da interagio). Designe- mos essa funcdo por —U e escrevamos: La YU (ey ty) wy (onde F € © raio vetor do asim ponto). Temos aqui a forma geral da fungéo de LAGRANGE para um sistema fechado. A soma r= yet chama-se energia cinética, e a funcio U, energia potencial do sistema. ( sentido désses térmos seré explicado’ no pardgrafo 6. © fato de a energia potencial depender sdmente’ da distribuigéo dos pontos materiais no mesmo instante mostra que uma alteragio da posigéo de um ponto repercute imediatamente sobre todus 0s outros; podemos dizer que a interacio “se propaga” instantineamente. Esse caréter das interagdes € inevitével na M Classica; ale decorre diretamente dos seus postulados fundamentais: a existéncia de um tempo absoluto ¢ 0 principio de relatividade de GALILEU. Se a in- teragdo se propagasse, mas de um modo nao instantineo, isto é, com uma velocidade finita, esta no seria a mesma em sistemas de’refe- réncia diferentes (em movimento uns em relagdo aos outros). De fato, 4 existéncia de um tempo absoluto implica automaticamente que a regra habitual de composicéo das velocidades seja aplicdvel a todos os fendmenos, Mas, entio, as leis do movimento dos corpos que intera- gem seria diferente nos diversos sistemas de referéncia (galileicos), 0 ue contradiria o principio de relatividade. No parigrafo 3 sé falamos da uniformidade do tempo. A forma (5.1) da funcio de LAGRANGE mostra que 0 tempo nao é apenas tuniforme, mas também is6tropo, isto é que as suas propriedades sio aS mesmas nos seus dois sentidos. De fato, se a substituigdo de 1 por zi deixa a funcio de LAGRANGE inalterada, e, por conscguinte, 85 equagdes do ‘movimento, Em outros térmos, se for possivel um ‘movimento qualquer num sistema, o movimento inverso seré sempre Possivel também; movimento inverso é aquéle movimento que faca 0 Sistema passar de névo pelos mesmos estados, na ordem inversa. Nesse Siutido, todo movimento que se efetue de acdrdo com as leis da Me- ica Clissica € reversivel. : as Jia afirmagio se refere A Mecinica Clissica, nfo-relaivistz, que & ex- i no presente volume. 16 [AS EQUAGOES DO MOVIMEN’ Conhecendo a fungio de LAGRANGE, podemos escrever as equa- ges do movimento dob _ a GE B%q ~ Ba (5,2) Introduzindo a (5,1) na (5,2) obteremos faygteeolt Ps thanean onset (5,3) Quando escritas déste modo, as equagdes do movimento séio chama~ das equacdes de NEWTON e constituem a base da mecinica de um sistema de particulas interagentes. O vetor -% (54) € chamado forca atuante sobre 0 aiésimo ponto, Exatamente como potencial U, a {orca s6 depende das coorde- nadas das particulas, nao das suas’ velocidades. As equacdes (5,3) mostram, entio, que os vetores aceleracao das particulas também sao apenas funglo das suas coordenadas. ‘A energia potencial é uma grandeza que s6 € definida a menos de ‘uma constante arbitrdria aditiva, uma constante que no afeta em nada as equagdes do movimento (trata-se de um caso particular da nio-univocidade da funcio de LAGRANGE indicada no pardgrafo 2) © modo mais natural e cotrente de escolher essa constante consiste fem fazé-lo de modo a que a energia potencial tenda a zero quand: distancia entre as particulas aumenta, Se, para descrevermos um movimento, utilizarmos coordenadas ge neralizadas quaisquer, q., a0 invés das coordenadas cartesianas, pre cisaremos, para obter a fungio de LAGRANGE, efetuar a transfor magio seguinte: aa o =a de ete a= faltie tts <1 Or Fe Levando essas expressées & fungio LAD mah bi ‘obteremos a procurada funco de LAGRANGE, sob a forma an(in—U (0), 6s FUNGAO DE LAGRANGE 17 onde 0s a Si fungdes apenas das coordenadas, Num sistema de c fordenadas generalizadas, a energia cinética permanece uma funcio (quadritica das velocidades, mas também pode depender das coor- denadas. 'Até 0 momento, s6 falamos de sistemas fechados. Consideremos, ‘agora, um sistema A ndo-fechado, que interage com um sistema B que executa um movimento conhecido, Dizemos que, neste caso, o sistema A se move num campo exterior dado (criado pelo sistema B). Uma Vez que as equacdes do movimento sio obtidas a partir do principio da aco minima fazendo variar cada uma das coordenadas. inde- pendentes (isto é, as outras sendo supostas conhecidas), podemos, para encontrar a fungao de LAGRANGE, Ls do sistema 4, utilizar a fungio de LAGRANGE do sistema todo A +B, substituindo nela as coordenadas gu por fungdes dadas do tempo. Supondo fechado o sistema A ++ B, teremos L=Ta (as 4a) +T 2 Gam 40)—U (Das Gos ‘onde os dois primeiros térmos representam as energias cinéticas dos sistemas A e B, e 0 terceiro, a energia potencial comum a éles. Subs- tituindo no qn fungdes dadas do tempo, e deixando de lado o térmo T (qu(1), Ga(t)), que depende apenas do tempo (e que é, portanto, a derivada total de outra funcio do tempo), obteremos: La=Ta (dar da)—U (as 40 (0) Portanto, © movimento de um sistema num campo exterior ¢ descri- to por uma funcio de LAGRANGE do tipo habitual, com uma s6 di- ferenga: a energia potencial poder ser agora uma funcio explicita do tempo, Para o movimento de uma particula num campo exterior, a forma geral da fungio de LAGRANGE ser4, pois, b= "Ue, (5,6) © a equacdo do movimento ser mya — 3 (Ss) Chamamos de campo uniforme um campo que apresente a seguin- te caracteristica: em todos os seus pontos, a mesma férca F age sobre uma particula, Num campo uniforme a energia potencial é, evidente- ‘mente, U=—Fr. (58) 18 AS EQUAGOES DO MOVIMENTO Para concluirmos éste parégrafo, facamos ainda uma observagio a tespeito da aplicagio das equacdes de LAGRANGE a diferentes pro- blemas concretos. Lidamos freqiientemente com sistemas mecanicos fem que a interacdo dos corpos (pontos materiais) apresenta uma caracteristica chamada “ligacdo” ou “vinculo”, isto 6, certas limita goes impostas & disposicao reciproca dos corpos. Na pritica, criamos essas ligagdes fixando os corpos uns aos outros por meio de hastes, fios, encaixes etc, Essa circunstancia introduz no movimento um n6vo fator: 0 movimento dos corpos & acompanhado por um atrito nos pontos de contato; em geral, o problema escapa, entio, do campo da Mecinica Pura. (Cf. pardgrafo 25.) Mas, em muitos casos, 0 atrito € suficientemente pequeno para que possamos ignorar a sua influén- cia sdbre 0 movimento. Se, além disso, pudermos desprezar as massas dos “elementos de ligagao” do sistema, o papel déstes se redurira entio, simplesmente, a uma diminuicdo do niimero de graus de liber- dade 's do sistema (emi telagio ao mimero 3N). Para determinar 0 Seu movimento, poderemos utilizar novamente a forma (5,5) da fun- do de LAGRANGE, com um niimero de coordenadas generalizadas correspondente a0 niimero real de graus de liberdade. PROBLEMAS Determinar a fungdo de LAGRANGE dos sistemas seguintes, supostos num campo de giavidade uniforme (aceleragéo da sravidade: 2): 1, Péndulo duplo oscilante num plano. (Figura 1.) Solucio. Tomemos como coordenadas os Angulos q@, € qpy formados pelos fios 1, € l com a vertical. Teremos, entio, para 0 ponto ™m,: 1 jee Amid, migly £08 TMG — V=—mgly cos Para encontrar a energia cinética do segundo ponto, expressemos as suas coor- denadas cartesianas, %, yy, (Origem das coordenadas no ponto de suspensio, ino dos y dirigido verticalmente para a base), em fungio de «py € memlesen cf la sem gay aly c08 G+ 12608 Ge Obteremos, entio, To Et = FP AGE + GT Bla 08 (G1) Gr , finalmente, Ea BASE TLR Med + mal lati 608 (1-69 + Hmm) gly 60s gut male C08 FUNGAO DE LAGRANGE 19 2, PEndulo plano de massa my, eujo ponto de suspensio (de massa m,) pode se deslocar sBbre uma linha reta horizontal pertencente ao plano em fque mz se move, (CE. figura 2.) Figura 1 Figura 2 Solueio, Introduzindo a coordenada x do ponto m, ¢ 0 Angulo « entre © fio do péndulo © a vertical, teremos me gy Mga a L I= C08 g)-+ mag! eos g. 3. Péndulo plano, evjo ponto de suspensio 8) se desloca uniformemente sdbre um citculo vertical com uma freqiéncia cconstante > (figura 3); ») efetua osclagées horizontals dx forma x = 908-1; ) efetua oscilagdes verticais da forma y = cost Solucdo a) Coordenadas do pono. m: rsacos yetlseng, y= —asen yt fleos Fungo de LAGRANGE: 2a mlaytsen (@—Y1)-+-mel £08 5 Le Omitimos aqui os térmos que $6 dependiam do tempo ¢ eli ‘otal em relago ao tempo de ma c0s (qp — 7!) 1) Coordenads do. ponto.m: jnamos a derivada Sacos wtlieng, — y=teos g Fungio de LAGRANGE (der as totais excludes): mt Lat 2.4 may? cos ye sen G-+ mal 608g. 20 [AS EQUAGOES DO MOVIMENTO 1 De nemo ona oe ae Se Figura 3 Figura 4 Solupdo. Seja # 0 Angulo formado pelo sexmento a e a vertical, © @ 0 langulo de rotagio do sistema em tro do cito; q) = @ Para cada um dos Pontos m,, 0 elemento de deslocamento € di? = a*doi-+a" sen? @de% A dis- tincia do ponte m, a0 poato de suspensio A é igual a 2acos, donde di, = — 2a sen #de. Fungo de LAGRANGE: {mat (024.08 en? 0) mat? ven? 0-62-4240 (my 6056 cariruLo AS LEIS DA CONSERVACAO 6. A energia Quando um sistema esté em movimento, as 2s grandezas, q € (i=l, 2, ..., 8), que determinam o seu estado variam com 0 tempo, Existem, entretanto, certas fungdes dessas grandezas que con- servam constante 0 seu valor durante o movimento, dependendo ape~ nas das condigdes iniciais. Essas fungdes sio chamadas integrais do movimento, ou integrais primeiras. Para um sistema mecinico fechado de s graus de liberdade, 0 nime- to de integrais do movimento independentes ¢ igual a 28~'I. Consi- deragées simples mostram claramente que é assim. A solucdo geral das equagdes do movimento contém 2s constantes arbitrarias. (Cr. pag. 9). Uma vez que as equacdes do movimento de um sistema fechado no contém explicitamente © tempo, podemos escolher ar- bitrariamente a origen do tempo, ¢ uma das constantes arbitrérias na solugio das equagdes pode sempre ser escolhida sob a forma de uma constante aditiva f a0 tempo. Eliminando t ++ fo das 2s fungoes =H (UE boy Gye C25 2 Cae =H toy Cr Cay =o Canad Podemos expressar as 2s — 1 constantes arbitrérias Ci, C2... Cre sob a forma de fungdes de q e 4, que sero integrais| primeiras, No entanto, as integrais do movimento no desempenham todas Papel de igual importincia na Mecfnica. Ha entre clas algumas cuja Constncia tem uma origem muito profunda, ligada as propriedades fundamentais do espaco ¢ do tempo, isto é, & sua uniformidade (ho- mogeneidade) ¢ isotropia, Tédas as grandezas que, como dizemos, So conservativas tém uma.importante propriedade comum: séo adi- tivas, isto é 0 seu valor para um sistema formado de particulas de

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