Vivemos no auge do capitalismo, o auge da produção de artificiais e supérfluos.
Bens que produzem diariamente toneladas e toneladas de lixo que congestionam os aterros sanitários, as ruas, os campos, os rios, oceanos e até o espaço sideral. Lixo não tratado produzido pelas relações de consumo humanas. Nunca a reciclagem foi um conceito tão imperativo! Mas o que dizer do lixo produzido pelas relações pessoais, interpessoais e espirituais? O lixo espiritual existe.
O lidar com o eu, e com o outro em meio aos problemas e circunstâncias da
vida, às vezes, acaba por produzir-nos, infelizmente, ódio, rancor, medo, preconceito e culpa, . . . lixo! Lixo que, muito mais urgente, precisa ser reciclado, tratado.
Quase que diariamente recolhemos o lixo das nossas residências para os
centros de reciclagem ou aterros sanitários. Se não o fizermos tornará impossível a convivência com o cheiro produzido, as substâncias produzidas pela sua deterioração e as doenças que podem trazer.
A patologia da intolerância, violência, terrorismo, fome, corrupção e homicídio
tornam-se cada vez piores em nossos dias porque temos sido incapazes de livrar-nos do nosso lixo espiritual, diferente do que acontece com o nosso lixo material.
Enquanto não ouvirmos ao célebre convite do Nazareno Jesus Cristo,
“Vinde a mim vós, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei. (. . .) E encontrareis desscanso para as vossas almas”,1
e entregar-lhe todo o nosso lixo, continuaremos submersos nesse mar de
horrores sociais que, a cada dia, torna-nos mais perpeplexos ao contemplar.