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TESTE DE PORTUGUÊS – 12ºANO

Grupo I
Depois de ter lido os textos, apresente as suas respostas com
clareza e concisão.

TEXTO A

87 93
Partimo-nos assi do santo templo Nós outros, sem a vista
Que nas praias do mar está assentado, alevantarmos
Que o nome tem da terra, pera exemplo, Nem a Mãe, nem a Esposa, neste
Donde Deus foi em carne ao mundo dado. estado,
Certifico-te, ó Rei, que, se contemplo Por não nos magoarmos, ou
Como fui destas praias apartado, mudarmos
Cheio dentro de dúvida e receio, Do propósito firme começado,
Que apenas nos meus olhos ponho o Determinei de assi nos
freio(1). embarcarmos
(...) Sem o despedimento costumado,
Que, posto que é de amor usança
89 boa,
Em tão longo caminho e duvidoso, A quem se aparta, ou fica, mais
Por perdidos as gentes nos julgavam; magoa.
As mulheres cum choro piadoso,
Os homens com suspiros que arrancavam;
Mães, Esposas, Irmãs, que o temeroso
Amor mais desconfia, acrecentavam
A desesperação e frio medo
De já não nos tornar a ver tão cedo.
(...)
Luís de Camões, Os Lusíadas , Canto IV
TEXTO B

Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena


Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa, Mensagem

(1) freio: travão

Grupo I
1. Após a leitura dos textos, verificamos que se debruçam sobre o mesmo
tema. Explicite-o. [15 pontos]
2. «De acordo com o respectivo contexto, esclareça o significado do verso
“Que apenas nos meus olhos ponho o freio.” (est. 87, v.8) [10 pontos]
3. Apresente as semelhanças entre a estância 89 de Os Lusíadas e a
primeira estrofe do texto B. [15 pontos]
4. Sintetize o conteúdo da estância 93 de Os Lusíadas. [15 pontos]
5. No texto B, relacione o título “Mar Português” com o desenvolvimento
do tema. [15 pontos]
6. Na primeira estrofe do texto B, identifique os seguintes recursos
estilísticos: apóstrofe, personificação e anáfora. [15 pontos]
6.1. De acordo com o contexto, esclareça o valor de dois dos recursos
estilísticos assinalados em 6. [15 pontos]
7. Considerando a globalidade da obra Mensagem, refira-se à importância
de um dos seus mitos relevantes, num texto de sessenta a oitenta
palavras. [20 pontos]
8. De acordo com o respectivo contexto, indique o valor das expressões
extraídas do Texto. [10 pontos]

1. Em “Que o nome tem da terra...”


(est. 87, v. 3), o nome referido é
a) Lisboa.
b) Belém.
c) Restelo.

2. Em “Certifico-te, ó Rei...”
(est. 87, v. 5), o rei referido é
a) o rei D. Sebastião.
b) rei de Melinde.
c) o rei D. Manuel.

9. Identifique as afirmações verdadeiras (V) e as afirmações falsas (F) [20


pontos]
a) Em “Partimo-nos assi ...” (est. 87, v. 1), o verbo encontra-se no
pretérito perfeito do indicativo.
b) Em “Em tão longo caminho e duvidoso” (est. 89, v. 1), é usada a dupla
adjectivação.
c) Em “... as gentes nos julgavam” (est. 89, v. 2), o verbo encontra-se no
pretérito perfeito do indicativo.
d) Em “Determinei de assi ...” (est. 93, v. 5), o verbo encontra-se no
imperativo.
Grupo II

O texto a seguir apresentado é constituído por trezentas e quarenta e seis


palavras. Resuma -o num texto constituído por cento e quinze palavras.
[50 pontos]
(Limite mínimo: cem palavras; limite máximo: cento e trinta palavras).

Iniciado no ano de 1992, o programa de satélites foi criado para garantir à


Defesa Norte-Americana prognósticos do tempo instantâneos e
actualizados, durante 24 horas por dia e em qualquer ponto do globo. Para
isso, dois satélites fotografam a Terra de meio em meio segundo. Ao
analisar os instantâneos, Sullivan(1) verificou que as fotos nocturnas
tinham “uma sensibilidade tão grande que podiam, inclusivamente, captar
uma luz tão fraca como a de uma lâmpada de cem watts”. “Foi nessa
altura”, prossegue, “que perguntei a mim mesmo se já teria ocorrido a
alguém juntá-las para obter um atlas completo da Terra nocturna”.
Assim, recorrendo a um completíssimo mosaico das imagens obtidas por
satélite, o astrónomo de Seatle conseguiu elaborar mapas que nos
mostram o planeta das luzes em todo o seu esplendor. Mas estes têm,
além da sua beleza estética, outro interesse. É que, através de uma
observação pormenorizada, a obscuridade da noite torna-se ilustrativa. É
curioso verificar que, quando as sombras velam o dia terrestre, as luzes do
nosso mundo convertem-se em testemunhas da sua actividade: em
contraste com o dia na Terra, é então que a existência humana se revela,
enquanto as pessoas dormem. Porque, enquanto à luz do Sol, o globo se
assemelha a uma paisagem desabitada (em órbita, não se vêem seres
humanos, nem individual nem colectivamente), a Terra envolta em trevas
transforma-se num grande quadro luminoso, no qual se anuncia onde se
encontram e o que estão a fazer os seus habitantes. A acumulação
luminosa mostra-nos, por exemplo, as zonas com maior densidade
populacional: a América do Norte e o Norte da Europa, que surgem
salpicadas de milhões de cidades brilhando como pirilampos, e o Japão,
cujas ilhas se desenham com um esplendor que recorta os seus perfis
contra o azul escuro do mar.
Em contraste, enormes vazios negros estendem-se pelo Canadá, Austrália,
África, América do Sul e Sibéria, indicadores inequívocos de territórios
despovoados. As filas de luzes que se aglutinam para delimitar as costas
continentais da Europa, da Índia e da América assinalam, por sua vez, a
predisposição humana para residir no litoral.
“Quando a Terra Dorme”, Super Interessante, nº 1, Maio 1998

(1) Sullivan: Woordruff Sullivan, astrónomo da Universidade de


Washington, em Seatle.

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