DIAMANTINA, NORDESTE DO BRASIL, NOS ULTIMOS ANOS DO SECULO XIX.
Moiseis de Oliveira Sampaio *
Nos ltimos do sculo XIX, a Chapada Diamantina, regio central da Bahia, no nordeste do Brasil, passou por profundas transformaes socioeconmicas, graas demanda por carbonato pelas potncias europeias da poca, com a necessidade crescente por ferro e carvo. O carbonato era um diamante de baixa qualidade, que no tinha valor na lapidao, porm, fundamental na confeco de pontas de brocas para perfuratrizes a vapor que dinamizaram as tcnicas de minerao e escavao de tneis na poca. O elevado valor no mercado internacional modificou a economia no serto baiano, possibilitando o aparecimento de uma elite de comerciantes negros e descendentes de escravos, que dominou a regio no perodo citado, desbancando a antiga elite pecuarista e branca. Para essa elite, no incio era estranho ver aqueles homens brancos e altos, que chegavam a pagar o preo de trs bois por um grama de carbonato. Entretanto, com o contato cada vez maior com os estrangeiros incorporaram na Chapada Diamantina ideias maneiras e costumes europeizados expressos nas roupas, teatros, bibliotecas expressos principalmente nos jornais e fotografias. Entretanto, outra parte destas ideias, as teorias raciolgicas, deveriam ser reelaboradas localmente para contemplar a essa nova elite. Ento adotaram posturas de branqueamento, seja atravs de casamentos com moas pobres mas brancas, embranquecendo os traos nas fotografias, ou adotando o discurso de negros de alma branca. Assim, mesmo que por um curto perodo de tempo esses negros estabeleceram uma nova tica e esttica que adaptavam princpios eugnicos para
* Professor da Universidade do Estado da Bahia-UNEB Brasil / Doctorando en Humanidades y artes Universidad Nacional de Rosario-UNR Argentina. a regio preconizando no somente o branqueamento do corpo mas tambm da alma, reelaborando ideias para o contexto scio racial local.