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do Gato
Fico
Poncio Arrupe
Parte I
Poncio Arrupe
Parte I
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Cuba Libre
Est liiiiiindaaa! exclama Teresa em tom de
deslumbramento e acentuadamente carregado pela vontade
de agradar, de baixo do seu metro e cinquenta e cinco,
fitando para cima o rosto de Magui, com um largo sorriso, no
qual sobressaem os dentes dianteiros do maxilar superior. E
estava. Com um vestido negro, simples, sem mangas, a dar
por cima dos joelhos, meias de nylon pretas, e uns sapatos
negros de saltos altos muito finos. E a ningum fica melhor o
negro do que a Magui. Particularmente quando o seu rosto
est totalmente desguarnecido de maquilhagem e o cabelo
pintado de loiro se encontra apenas ajeitado para no
parecer mal. E, acresce ainda, rosto esse que revela
discretssimos sulcos desenhados pelo escorrer de lgrimas.
Aquele era o velrio de sua av materna, uma morte
esperada.
Ao contrrio de usualmente, no se concedeu o gozo e
encantamento habituais sempre que recebia um elogio
daquele gnero. Estava inquieta por causa de Nicolau. Lana
a Teresa um obrigada fugidio, ignora-a, vira a cabea na
direo do exterior e, depois, o corpo; Afasta-se dois ou trs
metros, deixando-a para trs, s, plantada, ainda a desfazer
muito lentamente o sorriso, mostrando j uma pontinha de
desapontamento.
E ficou ali, imvel, fitando-o ao longe, l do lado de fora
das portas envidraadas da entrada para a casa morturia,
por cima das vrias cabeas dos familiares e amigos que
aguardavam na sala comum a chegada do padre que iria
celebrar as exquias. Nicolau, de sapatos, fato e camisa
negros, fuma e conversa com Ana e Slvia. Pelas suas
expresses, parece a Magui que continua muito indignado e,
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Poncio Arrupe
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