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INTRODUÇÃO

Atualmente, o abuso da força sexual tem chegado a proporções

alarmantes em nossa sociedade e somente comparáveis a história bíblica de

Sodoma e Gomorra (Gn 19). Todos os dias, um novo escândalo sexual é

noticiado, leis pró-homossexualismo são aprovadas, a pornografia, o aborto e a

exploração sexual, crescem assustadoramente. A sociedade pós-moderna tem

sido marcada pelo relativismo moral associado a uma visão de mundo cada vez

mais hedonista. O sexo livre tem sido incentivado nas escolas, revistas, livros,

jornais, rádio e televisão. Como conseqüência direta deste fato, temos um

aumento nos casos de AIDS e outras DSTs, um número cada vez maior de jovens

mães solteiras, superlotação em UTIs neo-natais, aumento de casos de adultérios

e divórcios, etc.

A família, que é uma herança judaico-cristã, é quem mais tem sofrido

em meio a esse quadro. O movimento gay organizado, auxiliado pelo movimento

feminista, tem promovido a desconstrução da família, e, assim, de toda sociedade.

A igreja cristã, onde a perversão sexual é condenada, tem sofrido ataques

constantes por parte dos gays, seja através de processos judiciais, denúncias de

discriminação e até por hostilidade aberta. Até mesmo as Escrituras Sagradas,

tem sido “reinterpretadas” pelos teólogos gays, de modo que, pareça que não

condena a homossexualidade. Devido a não aceitação dos gays pelas igrejas

ditas cristãs, esses, têm se organizado, constituindo “igrejas cristãs” só de

homossexuais, bissexuais, lésbicas,etc.


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A revolução sexual judaica, que confinou o gênio do sexo dentro da

família – união monogâmica heterossexual, possibilitou ao homem usar sua força

sexual em atividades criativas e ao mesmo tempo, fez dos judeus um povo único

em sua época no que diz respeito à sexualidade humana. Os israelitas, eram os

únicos, dentre todos os povos ao redor, que não aceitavam a homossexualidade,

bem como outros tipos de perversões sexuais (Lv 18.1-29). Já a revolução sexual

da década de 60, nos Estados Unidos, teve um efeito nocivo para família, igreja e

sociedade como um todo. De lá para cá, houve uma explosão de abortos,

adultérios, gravidezes precoces, DSTs, AIDS, divórcios,etc.

A perversão sexual, como conseqüência da queda do homem (Gn 3),

está intimamente ligada à idolatria (prostituição cultual) e a violência social. Tal

fato, é atestado pelas Escrituras Sagradas e ainda pela própria experiência

humana. Interiormente, o ser humano está cada vez mais doente, e tal fato é

claramente percebido no aumento dos casos de depressão, fobias, solidão,

compulsões, neuroses, psicoses, etc; de forma que, psiquiatras, psicólogos,

terapeutas, pastores, entre outros, não conseguem dar conta do número de casos.

Há uma acentuada perda da capacidade de estabelecer relacionamentos sadios e

duradouros, tanto no nível familiar quanto na sociedade como um todo. Essa

incapacidade de relacionar-se com o sexo oposto têm corroborado no crescimento

do homossexualismo masculino e feminino, pois se torna mais fácil, cômodo e

menos arriscado, relacionar-se com alguém com quem se tenha características

em comum, mesmo que isso seja socialmente, moralmente e religiosamente,

errado ou antinatural.
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Frente a tudo isso, a igreja tem um desafio imenso, de deixar para trás

a influência romana maldita da Idade Média, de que o sexo é pecado, é nojento e

só serve para procriação, e abrir-se para discutir a sexualidade, conforme as

Escrituras Sagradas ensinam, a anatomia e fisiologia humana demonstram, e,

promover uma visão sadia da questão face suas implicações no contexto social.
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- PRIMEIRA PARTE -

IGREJA
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A IGREJA

O homem é um ser gregário, fato amplamente atestado pela

Arqueologia, Antropologia, Sociologia, História, etc; e desde os primórdios de sua

história, busca o grupo ou sociedade ideal, onde todos possam viver em paz e ser

felizes. Com esse objetivo, os homens se organizam em tribos, clãs, feudos,

Estados, civilizações, nações,etc, Todos esses conceitos, até aqui, não

conseguiram trazer a paz, o entendimento, a felicidade e união entre os homens.

Pelo contrário, impera a anarquia, conflitos tribais e nacionais e ainda

civilizacionais. Segundo as Escrituras, infelizmente, esse ideal não foi e não será

alcançado à revelia de Deus e de Sua vontade.

Quanto à vida organizada que Deus planejou para o ser humano,

temos seu início na família, célula mãe da sociedade, onde, na antiguidade, o pai

exercia o papel de sacerdote e liderava o culto a divindade. No AT, os sacerdotes,

profetas e reis, executavam a vontade divina, tendo a lei, o tabernáculo e a

adoração no templo como laços de união. A nação israelita, que segundo as

Escrituras, é descendente do patriarca Abraão através de seu neto Jacó (Gn 12.1-

3; 28.13-15), corresponde ao tipo mais claro e próximo da comunidade que

surgiria na época de Jesus.


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O Termo Igreja

Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, Igreja significa:

“templo cristão; autoridade eclesiástica; a comunidade cristã”1

No Antigo Testamento

À nação israelita são aplicadas duas palavras úteis para nosso estudo.

São elas:

‘edãh – termo que significa basicamente congregação; e designava uma

companhia reunida com certo propósito, como tomada de decisões.

Qãhãl – significa assembléia, companhia; que era um ajuntamento com intuito de

julgar ou deliberar, e ainda, reunião para guerrear e com aspectos religiosos.

No Novo Testamento

Aqui, encontramos as palavras Synagoge – reunir-se, e Ekklesia –

chamados para fora, sendo esta última, a principal, e se constitui de “ek” – para

fora de, e “klesis” – chamado.

Foi Jesus Cristo, em Mt 16.18, quem primeiro usou a palavra no NT,

aplicando-a àqueles que O seguiam, reconheciam publicamente Jesus como

Senhor e aceitaram os princípios do reino de Deus. Embora, alguns estudiosos

acreditem na existência da Igreja desde o A.T., e outros ainda, que a mesma foi

1
FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Mini Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, p. 372
14

profetizada por Isaías (Is 54), para fins de nosso estudo, refletiremos sobre o tema

conforme apresentado em o NT, época que acreditamos, foi quando a mesma

surgiu, efetivamente, no cenário mundial (Mt 16.18; At 2).

O NT designa a Igreja como: o povo de Deus, o corpo de Cristo, o

templo do Espírito Santo, a Jerusalém celestial, a coluna e baluarte da verdade.

A designação “povo de Deus”, enfatiza o fato de que é Deus quem

escolhe os homens e os capacita para que venham até Ele e O sirva (Êx 15.16; Jo

15.16). Israel, como povo escolhido segundo a carne, praticava o rito da

circuncisão, como sinal externo de que eram pertencentes a Deus. O NT, enfatiza

que Deus fez dos dois povos, judeus e gentios, um único povo, a Igreja, porém,

não mais com um sinal externo de Sua aliança, antes, com a circuncisão do

coração, no espírito (Rm 2.29; Cl 2.11). Desse povo, Deus espera e requer que

tenham uma santidade ou padrão moral de conduta especial (Lv 11.44,45; 1ª Pe

1.13-16).

Em relação à Igreja como corpo de Cristo, o termo tem valia tanto para

a Igreja universal quanto para seu aspecto local (Ef 1.22,23; 1ª Co 12.27), e

enfoca a unidade da Igreja como um organismo vivo cuja cabeça é Cristo, os

crentes como membros desse corpo, e, de quem se espera que dêem

continuidade ao ministério de Cristo, haja comunhão genuína e unidade

verdadeira na relação de uns como os outros, para que assim, todos sejam

edificados Nele. Deve haver intimidade, empatia, compreensão, amizade e amor

mútuos entre seus membros, pois que precisam uns dos outros, ajudam uns aos

outros, e todos são guiados e sustentados por Cristo (1ª Co 12.12-27).


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Com respeito à Igreja como templo do Espírito Santo, o NT mostra

cada crente como habitação do próprio Deus (1ª Co 3.16,17) e que o Espírito foi

quem inaugurou a Igreja (At 2), compartilha com ela Sua vida, dando poder,

produzindo unidade, fazendo a liderança de Cristo real e gerando em cada crente

a santidade e pureza condizente com sua vocação (1ª Co 6.19,20). Ele é o

dínamo que move a Igreja universal, e cada membro individualmente, ao encontro

de sua herança em Cristo.

Quanto à descrição da Igreja como Jerusalém celestial (Hb 12.22,23),

fica explicitado que Deus a escolheu, assim como a Jerusalém do AT, para nela

habitar, chamar seu povo a comunhão e reproduzir nela algo da glória do céu. O

apóstolo Paulo refere que os crentes estão nas regiões celestiais em Cristo (Ef

1.3; 6.12).

Finalmente, a designação coluna e baluarte da verdade (1ª Tm 3.15),

demonstra que a Igreja é guardiã da verdade revelada aos homens, sobre Deus e

sobre si mesmos, e, como tal, deve defender a verdade contra os inimigos da cruz

de Cristo (2ª Co 10.5).

Segundo Erickson Millard, a Igreja...

...existe para cumprir a vontade do Senhor no poder do Espírito Santo...é a


continuação da presença do ministério do Senhor no mundo...deve ser uma
comunhão de crentes regenerados que demonstram as qualidades espirituais de
seu Senhor. A pureza e a devoção devem receber destaque.2

Assim, a Igreja não é uma denominação, não é a religião judaica

melhorada e nem é o reino de Deus. Ela é, conforme restabelecido na época da

Reforma, a comunidade dos santos, remidos, regenerados pelo Espírito de Deus.

2
JR, Erickson Millard. Introdução à Teologia Sistemática, p. 444
16

As Igrejas reformadas, viam sob dois aspectos a Igreja de Jesus Cristo: o invisível

e o visível.

A Igreja Invisível

Neste aspecto, a Igreja é plenamente percebida somente por Deus,

que vê o ser humano por dentro, e é composta por todo aquele que nasceu de

novo em Cristo Jesus e foi batizado no Espírito (Jo 3; 1 Co 12.13; 2 Co 5.17),

estando em união mística com Ele por meio do Espírito Santo que nele habita.

Nela, não há falsos crentes, conforme visto na ótica humana, mas antes,

compreende a Igreja ideal, santa, imaculada, triunfante e espiritual, assim vista

pelo Pai devido esta posição lhe ser atribuída pelos méritos de Cristo.

Regeneração, conversão e fé genuína, não podem ser vistas externamente,

porém, seus efeitos estão presentes na vida daqueles que fazem parte desta

Igreja una, católica e apostólica.

A Igreja Visível

Assim como precisamos do corpo para nos expressar, a igreja invisível

assume uma forma organizada, por meio da qual, se expressa e cumpre os

elevados propósitos para o qual foi edificada por Cristo. Dessa forma, no

desempenho de seu papel visível, ela ministra a palavra e os sacramentos e/ou

ordenanças, professa sua fé ao mundo através de uma fiel conduta cristã e fixa

uma ordem hierárquica em seu governo.


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As Atribuições da Igreja

Dentre os deveres da Igreja de Cristo neste mundo, os mais

importantes são: 1º) Adoração, 2º) Edificação e 3º) Evangelização.

Por adoração cristã compreendemos: pregação, leitura bíblica, oração,

louvor, ofertas, batismo e Ceia do Senhor. Em sua essência, adorar é servir a

divindade e ao nosso próximo, logo, a assistência social, na forma de doações,

visitas, alfabetização, etc; constitui-se também uma parte importante da adoração.

A verdadeira adoração deve ter Deus como centro, e os crentes que realmente

adoram “...são invariavelmente abençoados e espiritualmente fortalecidos...todos

os aspectos da nossa vida cristã devem caracterizar-se pelo desejo de exaltar e

glorificar ao Senhor”.3 Em suas reuniões de adoração, a Igreja primitiva, não só

louvava e estudava as Escrituras, mas também ofertava, partilhava bens e

experiências de vida e nutria um sentimento comum (At 2.44-47; 4.32-35).

Quanto à edificação necessária para que haja crescimento em Cristo

(Ef 4.12,13), não só o líder eclesiástico deve promovê-la, como também cada

membro do corpo. Millard assevera a importância da comunhão, solidariedade e

ensino como meios eficazes de consolidar a edificação mútua dos crentes. Cada

membro é importante e tem um papel especial no corpo, não havendo maior ou

menor, antes, todos, cada um em especial, é amado do Pai.

Finalmente, uma vez que adoram e são edificados Nele, cada crente é

exortado pelo Senhor a tarefa de evangelizar, proclamando ao mundo que Jesus

Cristo é o Messias, o salvador, que morreu na cruz pelos pecados da humanidade,

mas no terceiro dia ressurgiu e voltou para o Pai (Mc 16.15-20). O Senhor lhes

3
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática, p. 555
18

promete que não estariam sós nesta missão (Mt 28.20; Jo 14.16,17; At 1.8), e que

o Espírito de Deus seria responsável por convencer os homens de seus pecados

(Jo 16.8-11). Evangelizar é uma ordem de Jesus, seu cumprimento é

responsabilidade de cada seguidor, desde o pastor presidente ao recém-

convertido, e não há restrições geográficas, étnicas ou sociais.

Formas de Governo Eclesiástico

Há igrejas que não admitem forma alguma de governo além do próprio

Deus, outras que centralizam em um único homem toda autoridade e, ainda,

algumas em que o poder decisorial reside em homens escolhidos pela eclesia.

Embora ocorram exceções, a maior parte dessas estruturas de governo, podem

ser agrupadas da seguinte forma: episcopal, presbiteriana, congregacional e

nacional.

No sistema episcopal, que muitos consideram o mais antigo, acredita-

se que Cristo, que é O cabeça da Igreja, confiou a direção da mesma a uma

ordem de bispos, que se crê, sucederam os apóstolos, e que seria perpétua essa

sucessão. A palavra episkopos, traduzida por supervisores, bispo ou

superintendente, é de onde deriva o termo. Alguns pais da igreja, davam ênfase

ao bispado, embora reconhecessem a importância dos presbíteros e diáconos na

eclesia. Inácio de Antioquia, via Jesus como cabeça da igreja, o qual refletia a

mente do Pai, e, os bispos seriam aqueles que refletem a mente de Cristo.

Michael L. Dusing afirma que: “Cipriano,...elevou ainda mais a importância do

bispo e a forma de governo episcopal, declarando: “O bispo está na igreja e a


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igreja está no bispo, e onde não houver bispo não há igreja”.4 Tal visão, encontrou

seu auge na supremacia papal sobre os demais oficiais da igreja, tendo o bispo de

Roma se apoderado do título de “Vigário de Cristo” e único sucessor de Pedro.

Essa prerrogativa, é claro, não encontra, segundo as Escrituras Sagradas,

nenhum apoio que a justifique. Berkhof, salienta que os apóstolos ou discípulos de

Jesus, eram um grupo distinto, porém, não voltados para governo ou

administração dos problemas da igreja. Afirma ainda, que antes de terminar o

primeiro século, não havia mais apostolado.

Com relação ao governo presbiteriano, os que a ele aderem,

acreditam que os principais preceitos desta visão encontram-se nas Escrituras.

Consideram, que Cristo é o único governante legítimo da eclesia visível. O

Senhor, por meio de Sua palavra, oficiais, ordenanças e poder, reina sobre seu

povo, embora ausente fisicamente. Esse reinado acontece de modo subjetivo pelo

Espírito de Deus que age na eclesia e objetivamente, pelas Escrituras Sagradas,

único padrão de autoridade dos crentes. O termo provém do NT, especialmente da

função bíblica de presbuteros – presbítero ou ancião, e descentraliza a autoridade

de um único homem, como no episcopal, para vários homens, que representam os

interesses da eclesia e que por ela são escolhidos. De modo geral, funciona da

seguinte forma: originalmente, a autoridade decisorial reside no conselho local, e

somente sendo necessário, é transferido para o presbitério – anciãos distritais, e

posteriormente, para os sínodos ou assembléias gerais. Esta última é conhecida

na Igreja Presbiteriana do Brasil como Supremo Concílio. Essa forma, acreditamos

ser a que melhor corresponde ao modelo bíblico de governo.

4
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática, P. 558
20

Quanto ao sistema congregacional, o poder migra de um único homem

(caso episcopal) para a eclesia, e esta, é quem governa soberanamente,

deliberando e decidindo todas as questões, inclusive, elegendo e depondo seus

oficiais. Cada igreja local é independente e completa, e os “líderes” operam como

funcionários responsáveis por administrar os interesses da igreja e ensiná-la.

Assim, como a voz do povo não é a voz divina, esse sistema não é o que reflete

melhor a verdade Escriturística.

Finalmente, temos o sistema da igreja nacional, que após ser

desenvolvido na Alemanha, chegou mais tarde na Holanda. Considera as igrejas

locais como ramos ou braços da igreja nacional una. O poder está centralizado na

sede e esta decide tudo, tendo as “congregações”, apenas que acatar submissas

as determinações enviadas. Segundo Berkhof, esta forma de governo

desconsidera totalmente a autonomia de uma eclesia local ”...ignora os princípios

de governo e de direta responsabilidade para como Cristo, gera formalismo e

confina uma igreja professadamente espiritual dentro de limites formais e

geográficos”.5

Esta maneira de governar se parece muito com o estado totalitário e reflete

a realidade prática, não teórica, de muitas denominações ditas evangélicas dos

dias atuais.

5
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática,p. 585
21

OS Oficiais da Igreja

Toda organização necessita de liderança e, assim também ocorreu

com a igreja primitiva, que de acordo com o NT, possuía dois cargos diferentes em

seu governo: 1º) Pastor, presbítero ou bispo e; 2º) Diácono ou diaconisa.

Com respeito ao primeiro, é importante salientarmos que é consenso

entre os principais estudiosos do tema, que os três termos denotam um único e

mesmo cargo em o NT (At 20.17,28). Thiessen demonstra que deveres de pastor

são designados aos presbíteros pelo apóstolo Pedro (1ª Pe 5.1,2) e que este, e

João, diziam ser presbíteros na eclesia de Deus (1ª Pe 5.1; 2ª Jo 1; 3ª Jo 1).

Salienta, que episkopos, poimen, didaskalos e presbuteros, são

termos que representam em essência, os mesmos cargos. Assim, quando o líder

espiritual de uma igreja local volta-se para a administração, exerce a função de

bispo, quando cuida do rebanho de Deus, visitando, assistindo em suas

dificuldades, etc; exerce o papel pastoral e finalmente, ao alimentar o rebanho,

ensinando todo conselho de Deus, é a face de presbítero que se faz presente.

Dessa forma, todo líder local é administrador, pastor e mestre da eclesia de Deus.

Em especial, essa última função (mestre) tornou-se a maior necessidade dos dias

atuais, em que imperam a manipulação, a heresia e a apostasia no meio “cristão”

(1ª Tm 4.1-4; 2ª Tm 2.15; 3.1-9).

Quanto ao termo diácono e seu correspondente feminino, diaconisa,

muitas de suas funções nas igrejas atuais não representam em sua totalidade a

verdade escriturística. As evidências demonstram que exerciam não somente um

papel material, como também espiritual. Em At 6.1-6, não é certo afirmar que se

consagraram os primeiros diáconos, pois não há prova bíblica disto. Dentre os


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sete escolhidos, é dito que dois, Estevão e Filipe, destacaram-se pela exposição

das Escrituras, como verdadeiros evangelistas (At 7.1-60; 8.4-40; 21.8,9). Já das

diaconisas, é dito, que foram cooperadoras com Paulo em seu ministério (Fp 4.3),

e, Febe, da eclesia de Cencréia, é chamada de diaconisa em Rm 16.1. Suas

prerrogativas para tal cargo se acham em 1ª Tm 3.11.

O Poder da Igreja

É o próprio Cristo, a fonte do poder da Igreja e, Aquele que transmitiu

e a revestiu de poder e autoridade (Mt 16.18,19; 28.18). Esse poder é de natureza

espiritual e exclusivo dos crentes em Cristo Jesus, e, ainda, de caráter ministerial,

executado de acordo com as Escrituras Sagradas sob o direcionamento do

Espírito de Deus. Em seu aspecto ministerial, caracteriza-se pela ministração das

Sagradas Letras e das ordenanças de Jesus. A eclesia deve preservar a palavras,

organizar seus ensinos e se aprofundar teologicamente. Normativamente, de

acordo com Berkhof, ela deve impor as leis cristãs e compilar cânones em forma

de decretos ou regulamentos. Deve ainda, manter a pureza, recebendo os que

mostrem frutos de arrependimento e excluindo aqueles que abandonam a

verdade. Essa pureza, chamada por Bultmann de exclusividade eclesial, seria

principalmente vivida numa separação do mundo como um lugar ou estado

dominado pela impureza e pelo pecado. Logo, quem vive conforme esses

parâmetros mundanos não pode pertencer ou permanecer na eclesia do Senhor.

A autorização para disciplinar, diz Berkhof, foi dada pelo próprio Cristo,

quando concedeu aos discípulos e a igreja o poder de “ligar” e “desligar”, proibir e

liberar, perdoar e reter pecados (Mt 16.19; Jo 20.23). A disciplina, vista assim,
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teria como objetivo a edificação de cada membro, assegurando sua submissão

aos ensinos de Jesus Cristo. Deve ser exercida pelos oficiais e sua necessidade é

clara na bíblia Sagrada (Mt 18.15-18; Rm 16.17; 1ª Co 5.2, 9-13; 2ª Co 2. 5-10; 2ª

Ts 3.6, etc).

As Ordenanças da Igreja

É consenso da maior parte dos protestantes, e evangélicos em geral,

que o Senhor Jesus ordenou dois ritos ou sacramentos para a Igreja ministrar até

a Sua volta. São eles: o batismo e a ceia.

Dusing assevera que da época de Agostinho, bispo de Hipona, (354-

430 d.C.) para cá, muitos têm concordado que o batismo e a ceia do Senhor

caracterizam-se basicamente como sinais exteriores e visíveis da graça interna e

espiritual. Alguns consideram que tais sacramentos podem transmitir graça

salvífica àqueles que deles tomam parte. A idéia de que em si mesmos, tais

ordenanças, possam conceder alguma graça especial ou operar mudança, é

rejeitada pela maioria dos pentecostais e evangelicais. Alguns teólogos há que

acreditam que houve em Israel também a prática de dois sacramentos – a

circuncisão e a páscoa, e que o batismo e a ceia seriam o correspondente

àqueles, em o NT. Berkhof, assinala que o batismo e a ceia do Senhor

“simbolizam as mesmas bênçãos espirituais que eram simbolizadas pela

circuncisão e pela páscoa na antiga dispensação.”6

6
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática, p. 625
24

Há concordância ainda, entre a maior parte dos estudiosos, que os

sacramentos não têm o poder de salvar o ser humano, no entanto, não devem ser

desprezados pois foi o próprio Jesus quem os estabeleceu (Mt 26.26-28,

28.19,20). Para Thiessen, ordenança seria um rito exterior ordenado pelo próprio

Jesus, que deve ser administrado na eclesia como sinal visível da verdade

redentora da fé cristã. Vejamos agora, o que compreende cada um desses ritos:

O Batismo

Longe de ser exclusividade dos judeus ou dos cristãos, o batismo

como iniciação em uma ordem ou religião, com aspecto purificador ou como rito

de passagem, tem seu similar entre egípcios, gregos, romanos, persas,

hindus,etc.

Era comum, no judaísmo, banhos e abluções com caráter purificador

(Miqve), realizados diariamente. Arqueólogos encontraram 10 piscinas em

Qumran, no Mar Morto, que eram usadas pelos essênios para purificação ritual.

Quanto ao batismo efetuado por João, George Eldon Ladd afirma que “o batismo

de João rejeitou todas as idéias de uma justiça legalista ou nacionalista e exigiu

um retorno moral e religioso para Deus”.7 Era necessário arrependimento como

pré-requisito para o rito, e, após batizado, o fiel estava pronto para o reino de

Deus, que João dizia estar próximo. Thiessen esclarece que devido Jesus ter

solicitado a João o batismo, ter ordenado, antes de Sua assunção, que os

discípulos batizassem e estar relatado que os apóstolos e seus sucessores

7
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento, p. 38
25

ensinaram e praticaram o rito batismal, fica claro então, que o mesmo se constitui

uma ordenança de caráter perpétuo para Sua igreja na terra.

Para muitos estudiosos, ele simboliza a identificação do cristão com

seu Senhor no sepultamento e ressurreição, e ainda, estaria ligado a remissão de

pecados, regeneração, união com Cristo, nova relação com Deus, doação do

Espírito de Deus, ser parte da Igreja e o presente da salvação (Jo 3.5; Mc 16.16;

At 2.41, 22.16; 1ª Co 12.13; Gl 3.26,27; Tt 3.5). O batismo, na verdade, não opera

a identificação, antes, pressupõe e simboliza a mesma. Assim sendo, a maior

parte dos eruditos concorda que o batismo deve ser efetuado após a experiência

de conversão ou salvação em Cristo, e nunca antes disso. De acordo com as

Escrituras Sagradas, o ensino, o arrependimento e a fé devem fazer parte da

experiência do indivíduo antes de passar pelo rito batismal (Mt 28.19; At 2.38, 41;

8.12).

Modo do Batismo

A história demonstra que as formas principais do rito batismal são: a

imersão, o derramamento, a afusão ou aspersão. Há consenso de que o

significado primário do verbo grego baptizõ é “imergir”, ou “submergir”, porém,

temos registros de outras formas de batismo além da imersão. O Didaquê dos 12

apóstolos, documento cristão do 1º século d.C., diz que havendo pouca água para

imergir o batizando, basta que se derrame água na cabeça três vezes em nome

da Santíssima Trindade. A Teologia reformada calvinista enfatiza a idéia de


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purificação no rito batismal, e, considera o modo insignificante, desde que o efeito

de limpeza seja produzido. Uma grande parcela da cristandade, no entanto, não

aceita tal multiplicidade de modos na efetuação do batismo. Augustus Strong,

considera a imersão, e somente ela, a forma correta através da qual toda

significação do símbolo encontrará sua plenitude. Ele acredita que apenas a

imersão satisfaz todo o desígnio da ordenança de Cristo e assevera que:

...só ela pode simbolizar a natureza radical da mudança efetuada na


regeneração – da morte espiritual para vida espiritual...só a imersão pode
estabelecer o fato de que esta mudança se deve a entrada da alma em
comunhão com a morte e ressurreição de Cristo.8
.

Quem deve ser batizado?

Semelhantemente ao modo do batismo, também aqui ocorrem

divergências entre os estudiosos e denominações cristãs. A questão aqui é: O

batismo é um rito só para os adultos ou os filhos destes também podem ser

batizados? Ocorre consenso somente em que o batismo não diz respeito aos

incrédulos, mas somente aos cristãos. Charles Hodge, afirma que o rito batismal

não deve incluir os que estão fora da eclesia visível, a não ser, e tão somente,

após abraçarem publicamente sua fé em Jesus e submissão a Ele. Entrementes,

Hodge assevera que os filhos de todos os membros em comunhão na Igreja

visível devem ser submetidos ao batismo. Aqueles que concordam com o batismo

infantil normalmente o fazem devido um equívoco que a Reforma Protestante

permitiu que continuasse na Igreja, a saber: a Teologia da Substituição. Seus

adeptos pensam que Israel era a Igreja no AT e uma vez que as crianças eram

8
STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática, Vol. 2. p. 716
27

parte da mesma naquele período, também podem ser membros na eclesia

neotestamentária. Acreditam, ainda, que o batismo substituiu a circuncisão como

sinal de iniciação na nova Aliança. Assim os filhos dos crentes se identificariam

com a mesma.

É oportuno, salientarmos o fato de que as Escrituras Sagradas não

contém preceito algum ordenando ou permitindo o batismo infantil. Uma vez que,

segundo as Escrituras, é preciso fé, arrependimento e tornar-se discípulo pela

obra regeneradora do Espírito Santo, como pré-requisitos do batismo, as crianças

não devem ser submetidas ao rito, senão futuramente, quando puderem discernir

entre o bem e o mal, crerem e desejarem o mesmo. A seqüência divina é

claramente percebida conforme descrito em Atos 18.8 – ouviram, creram e foram

batizados. Outra razão para esse equívoco é a crença no poder sacramental de

remoção de pecados que alguns atribuem ao batismo. Uma vez que nascemos

com a mancha do pecado original, é lícito batizar os pequeninos para purificá-los

deste. Infelizmente, tal poder de remover ou purificar os pecados, não está

presente no rito batismal, logo, não é bíblico, e não teria nenhuma valia batizá-los.

As Escrituras Sagradas declaram que somente o sangue de Jesus Cristo purifica

os homens de seus pecados (original e atual), e isso Ele faz no momento em que

ouvem, acreditam e são regenerados pelo Espírito (1ª Jo 1.7,9; Rm 8.1,2; 2ª Co

5.17). Do exposto, fica claro que o batismo deve ser ministrado somente aqueles

que demonstram a regeneração pelo Espírito Santo e que entraram na comunhão

da morte e ressurreição de Jesus Cristo pela fé.


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A Ceia do Senhor

Na antiguidade, vários povos realizavam refeições sacrificiais em que

seus deuses eram honrados. No A.T., Deus proibiu Israel de participar de tais

reuniões, pois isto implicava em lealdade a outras divindades. O povo hebreu tinha

suas próprias festas e reuniões, e, uma em especial, a páscoa, rememorava sua

libertação da terra de aflição, o Egito. Um cordeiro assado era consumido pela

família com pães asmos – sem fermento, e com ervas amargas. A libertação dos

hebreus do Egito, passou a representar para os cristãos um sinal e selo de sua

libertação do domínio do pecado e sua relação com Deus através do Ungido

prometido – Jesus. Entre os essênios, a refeição comunal era um ato diário dentre

os mais importantes para a vida da seita. Acontecia duas vezes ao dia e tinha

todas as marcas de um rito sagrado. Flávio Josefo, historiador judeu, dizia que os

essênios entravam no refeitório como se estivessem indo ao santuário. As

Escrituras mostram que a ordenança da ceia foi dada pelo próprio Cristo na noite

em que foi traído (Mt 26.26-30), e temos registros de que na era apostólica, a Ceia

do senhor era efetuada junto de agapae ou festas do amor, quando os

participantes traziam os alimentos necessários, e, em várias ocasiões, cometiam

excessos (1ª Co 11.20-22). Hoje, quase todos os cristãos a realizam, porém, o

significado, bem como o efeito do rito e as prerrogativas para quem dele

participaria, tem sido motivo de controvérsia entre os seguidores de Cristo.

Martinho Lutero, dizia que a presença corporal de Cristo na Ceia era

literal. Negou a transubstanciação – teoria católica de que os elementos pão e

vinho se transformam realmente em carne e sangue de Cristo, mas em seu lugar

forjou a consubstanciação – a idéia de que o corpo e sangue de Jesus estão


29

presentes em, com e sob o pão e o vinho. Ele não creditava os benefícios do rito

aos atos do sacerdote ministrante, porém, cria que aqueles que dele participavam

recebiam perdão dos pecados e eram confirmados na fé. Para Zwínglio, o

reformador suíço, o ato da ceia tinha um caráter figurado e era antes de tudo, uma

comemoração, embora acreditasse que nela Cristo se fazia espiritualmente

presente pela fé dos cristãos.

Segundo Calvino, as palavras de Jesus sobre o pão e o vinho

constituem-se em uma metáfora, porém, as misericórdias pactuais de Deus eram

seladas na ceia e na nutrição espiritual que era transmitida aos comungantes.

Para Bultmann, “se os celebrantes incorporam em si o corpo e o sangue de Jesus

comendo pão e tomando vinho, a idéia por detrás é a da comunhão sacramental –

da comunhão dos celebrantes com o kúpios [Senhor]”.9 Destas e de outras

opiniões, depreendemos que a ceia é uma refeição, porém, refeição carregada de

significados fundamentais para seus participantes. Ela é sinal de permanente

dependência do Salvador, de comunhão na sua morte e ressurreição,

proclamação de Sua obra e testemunho da 2ª vinda.

O Participante da Ceia

Ao analisarmos o N.T., podemos ver que Cristo instituiu a ceia para

Seus discípulos, que havia ordem de separa-se na era apostólica de alguns

crentes que não andavam dignamente e, que em conformidade com a analogia do

rito batismal, que era para um grupo específico, nem todos poderiam dela

9
BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento, p. 199
30

participar (Mt 26.27; At 2.46,47; 1ª Co 11.18-20, 27,29). Basicamente, segundo o

N.T., os pré-requisitos para comungar na ceia eram a regeneração e a obediência

a Cristo, um viver de maneira ordeira. Alguns há que acrescentam ainda uma

terceira condição – o batismo, como necessário para poder sentarmos à mesa do

Senhor.

O fato de Jesus ter celebrado a ceia somente com os discípulos,

destes a terem observado e da exigência paulina de exame prévio interior por

parte dos que desejam ceiar, demonstra que a mesma era privilégio dos

regenerados, nascidos de novo em Cristo. Concernente a obediência, é dito que

os que pecaram, e, assim persistiram, devem ser excluídos da eclesia visível,

assim como, os hereges e promotores de divisões (Rm 16.17; 1ª Co 5.11-13; 2ª Ts

3.6; Tt 3.10; 2ª Jo 10,11). Tais atitudes inviabilizam sua comunhão com Cristo e

sua Igreja. Os impositores do batismo como requisito para o sentar à mesa do

Senhor, argumentam que aquele foi instituído antes da ceia, que os apóstolos

provavelmente, eram todos batizados, que o simbolismo das ordenanças exige a

precedência do batismo, etc; contudo, não há nenhum registro de tal preceito, de

que os cristãos fossem impedidos da comunhão sacramental até que fossem

batizados (At 2.47; 4.4; 5.14; 6.1; 9.31,35; 11.24). Quanto àqueles que devem

participar da ceia do Senhor, Berkhof assim se expressa:

...não foi instituída para todos os homens, indiscriminadamente, nem mesmo


para todos os que acham espaço na Igreja visível de Cristo, mas unicamente
para os que se arrependeram fervorosamente dos seus pecados, confiam que
estes foram cobertos pelo sangue expiatório de Jesus Cristo, e estão desejosos
de aumentar sua fé e de crescer num viver verdadeiramente santo.10

10
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática, p. 662
31

Ele acrescenta ainda, a necessidade de compreensão plena da ceia,

discernimento de que não é uma refeição comum e clareza quanto ao fato de que

o pão e o vinho são memoriais do corpo e sangue de Cristo. As crianças, os

descrentes e crentes professos que se encontrarem em pecado, não têm o direito

de assentar-se à mesa da comunhão do Senhor. Os primeiros, não têm a

capacidade de examinar a si mesmos, os descrentes não professam a fé, logo não

têm parte na comunhão da eclesia, e os crentes que estejam em desobediência às

Escrituras, não são dignos de celebrarem uma comunhão com Cristo e Sua igreja,

da qual em verdade, não gozam naquele momento. As Escrituras afirmam que

aquele que comer e beber indignamente, como e bebe juízo para si (1ª Co 11.27-

30). Como podemos ver, a Ceia do Senhor é muito mais que uma refeição, é um

momento de lembrar o que Jesus fez por nós, comungar com Ele e com Sua igreja

sob a unção gloriosa do Seu bom Espírito.


32

- SEGUNDA PARTE -

HOMOSSEXUALIDADE
33

A HOMOSSEXUALIDADE

O TERMO HOMOSSEXUALISMO

Segundo o Dicionário Aurélio da língua portuguesa, homossexualismo

é a prática homossexual, que consiste em ato sexual realizado por pessoas do

mesmo sexo. Entre mulheres o termo usado é lesbianismo, que deriva da Ilha de

Lesbos, onde residia à poetisa e sacerdotisa grega Safo, responsável por iniciar

mulheres nessa prática.

Por ser um assunto em voga na sociedade atual, aos poucos um

número crescente de livros tem surgido, tanto no meio religioso quanto no secular,

sobre o tema homossexualidade. No meio cristão evangélico, temos obras

substanciais como “A Operação do Erro”, do americano Joe Dallas, “O Movimento

Homossexual” de Júlio Severo, pastor da Igreja Evangélica Sara Nossa Terra,

entre outras. Entretanto, as obras publicadas até aqui tão somente narram o

surgimento organizado dos homossexuais conforme se deram na Inglaterra e

EUA, não retrocedendo mais no tempo, para mostrar tal comportamento presente

nas civilizações mais remotas. É sob este prisma que trataremos aqui. Veremos

essa prática conforme presente em diferentes povos, e de maneira sucinta

passando pelo movimento gay americano, até chegar em nossos dias.

Mostraremos sua relação com doenças, família, política, religião, etc.


34

SÍNTESE HISTÓRICA

A prática homossexual esteve presente em todas as civilizações

antigas, e era, não só aceita, como incentivada, fazendo inclusive parte de ritos de

passagem da vida infante para a vida adulta, gozando de uma normalidade

cultural e religiosa. De todos os povos antigos, somente o povo hebreu,

descendente do patriarca bíblico Abraão, não tolerava a prática, havendo pena

capital para quem fosse pego fazendo esse tipo de “amor” (Lv 20.13). No entanto,

muitos hebreus o faziam, inclusive em ritos de adoração a outros deuses (1ª Rs

14.24; 15.12; Jó 36.14). “...todas as práticas detestáveis das nações...” em 1ª Rs

14.24, significa: idolatria, prostituição cultual, homossexualismo, lesbianismo,

incesto, pederastia, etc

Podemos perceber a presença do homo erotismo em figuras antigas

como Gilgamech, rei de Uruc, que chora por Enkidu como se fora mulher enlutada,

na figura dos sacerdotes travestidos do sexo oposto, nos homens que se

prostituíam nos templos e cuja masculinidade diziam ter sido transformada em

feminilidade por Ishtar, deusa-mãe da Suméria, também chamada de Inanna.

Entre os cananeus, de quem os hebreus assimilaram a idolatria, havia extrema

depravação cultual. Em Uruc, temos a primeira informação de que um (a) deus (a)

fazia homens comportarem-se como mulher, sendo esta também a primeira

referência de influência por parte de um ser espiritual atrelada a todo tipo de

perversão sexual, inclusive homossexualismo, atuando no ser humano. “A deusa


35

Ishtar convertera esses homens em mulheres, como uma demonstração de seus

incríveis poderes”.11

Nessa época (2300 a.C.), as mulheres eram apenas procriadoras, os

homens dominavam, o falo era sagrado e o esperma reverenciado como a

semente da vida. Tal visão dominou toda sociedade pagã por milhares de anos. O

deus Min, egípcio, era itifálico, e uma lenda mostra o deus Seth tentando violentar

Horus. Se uma mulher fosse estéril, seu marido poderia obter filhos com uma

escrava. Tais assertivas são vistas em desenhos pintados nas tumbas, pois

nenhum documento legal demonstra se os egípcios viam a homossexualidade de

forma positiva ou não.

Entre os hindus, era comum no panteão de seus deuses, aqueles que

eram hermafroditas, travestidos e bissexuais. O prazer sexual era usado para se

chegar a níveis mais profundos de consciência e percepção dos enigmas dos

deuses. Havia uma tradição antiga matriarcal que promovia o tantra - relação

sexual em que à mulher dominava o ato, e ambos, homem e mulher, se percebiam

como deuses, tendo acendido a energia vital, “kundalini”, que por sua vez

acordava os chamados chacras. Nessa época, o prazer sexual já era visto e

usado para se alcançar e/ou se tornar divino.

Até o século XX, ainda havia na Índia meninos e meninas prostitutos

de alguns templos e grupos de travestis devotos da deusa-mãe – Parvati, que

cantavam, esmolavam e praticavam homossexualismo.

Já na China, dinastia Zhou (1100 a. C.), vemos o homossexualismo

presente em poemas e na vida da corte, havendo ainda uma relação entre o poder

11
SPENCER, Colin. Homossexualidade: Uma História, p. 31
36

temporal e favores sexuais. Mais tarde, 200 a.C., na dinastia Han, temos vários

imperadores bissexuais que mantinham seus favoritos, a quem davam prestígio,

bens e poder. Colin Spencer afirma que:

Um desses últimos imperadores, Ai, morreu sem deixar filhos nem herdeiro
designado. Ele tentou que sua sucessão ficasse com seu amante, Dong Xian,
mas isso era demais para seus inimigos políticos, e Dong Xian foi obrigado a
cometer suicídio.12

O povo hebreu, descendentes de Abraão, foi uma das culturas que

influenciou o ocidente, e seu deus, Jeová, é visto por muitos como um Pater

famílias sanguinário das tribos israelitas. Erroneamente, alguns dizem que os

judeus não davam valor para as mulheres, uma vez que havia sido Eva que pecou

e fez o homem pecar. Dentro do lar, a esposa e mãe participava de funções

religiosas e do sabá, havendo uma valorização da relação heterossexual,

monogâmica. Nosso conceito ocidental de família constitui-se uma herança

judaico-cristã, pois desde Abraão, passando por Isaque, Jacó, Moisés,etc; as

Escrituras Sagradas declaram que o povo hebreu foi chamado por Jeová para ser

diferente (Dt 14.2). A Torá proibia relações incestuosas, homossexualismo,

zoofilia, etc (Êx 22.19; Lv 18.7-11, 22-24; 20.13). Sua idolatria, imoralidade,

homossexualismo, injustiça social, poligamia, etc; havia sido assimilada dos povos

ao seu redor: egípcios, filisteus, cananeus, mesopotâmios,etc. Segundo Dennis

Prager, o fato de Deus proibir na Torá o sexo fora do casamento, propiciou o

surgimento da civilização ocidental. Ele afirma que “O subseqüente domínio do

12
SPENCER, Colin. Homossexualidade: Uma História, p. 79
37

mundo ocidental pode ser largamente atribuído à revolução sexual iniciada pelo

judaísmo e mais tarde sustentada pelo cristianismo”.13

Outra civilização que muito influenciou o ocidente foram os gregos. Em

Creta, o culto à prostituição masculina era praticado, os meninos valentes e

inteligentes eram os mais desejáveis e um amante ensinava o menino a caçar, ser

um homem honrado e o penetrava analmente por dois meses, findo os quais, o

menino voltava para casa. O “amor” homossexual estava presente nas artes,

poesia, esculturas, família etc. A sacerdotisa Safo, da Ilha de Lesbos, era

celebrada como poetisa e era quem iniciava mulheres no Lesbianismo –

homossexualismo feminino. O poeta era o professor ou mestre que guiava seu

pupilo no caminho da virtude e honradez. Para os gregos, o “amor” homossexual

era muito superior ao amor heterossexual. As mulheres casadas eram confinadas

aos lares, proibidas de vir a público e serviam somente para procriar. Quando

queriam prazer “era para os homens, especialmente os meninos, que os gregos

se voltavam para obter prazer sexual”14

Em Tereus, Sófocles conta que uma esposa comenta: “tenho

observado que, com freqüência, esse é o destino das mulheres – não somos

absolutamente nada”15

Nessa época era comum o uso de “consolos”, chamados olisboi ou

baubon, pelas mulheres, e a masturbação era tida como normal caso o homem

não tivesse oportunidade de relacionar-se com outro. Affonso Romano de

Sant’Anna comenta que “Os personagens da mitologia grega pareciam

13
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14
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15
SPENCER, Colin. Homossexualidade: Uma História, p. 46
38

personagens de nossas colunas sociais – todos se conheciam, todos se

encontravam, todos, numa ocasião ou noutra, tinham transado um com o outro”.16

Assim era na sociedade grega: sabedoria, ética, estética, etc;

misturada com homossexualismo masculino, bissexualismo, hedonismo, etc. O

bissexualismo, na época, era tão normal e natural quanto a heterossexualidade o

é na atualidade. Os meninos eram sodomizados dos doze aos dezoito anos de

idade, e só assumiam o papel ativo aos vinte e cinco anos, escolhendo ser um

menino ou se casando. No “amor” entre os homens adultos, só o que era

efeminado - passivo na relação - era recriminado socialmente.

Avançando um pouco mais, vemos em Roma uma sociedade

falocrática, onde o Pater famílias romano tinha poder supremo. Apesar do amor

pelos meninos ser popular, a Lex Scatinia (226 a.C.), dizia que a relação sexual

com um menino livre devia ser punida com multa. Os escravos eram também

objetos de luxúria para os romanos e deviam quedar-se de quatro para seus

senhores. As mulheres eram educadas, cultas e deveriam criar filhos nos moldes

patriarcais. O adultério não era tolerado, e o homem traído podia entregar o outro

para ser sodomizado pelos escravos, castrado ou morto. O lesbianismo era

encarado como uma afronta aos homens, pois lhes roubava o direito de dar

prazer, uma tentativa de a fêmea usurpar o papel do macho. Naquela época, a

felação e a cunilíngua já eram praticadas, embora recriminados. Devido o

aumento da influência grega, a sociedade romana afundou em depravação. Colin

Spencer declara: “Juvenal, no fim do século I d.C., avaliou que Roma afundara em

16
Jornal O Globo, 21 de Fev/2004.
39

tanta depravação que os homens não mais pagavam para ter alguém debaixo

deles, agora tinham de pagar para ter alguém por cima”17

Os imperadores romanos eram homossexuais, e um deles em

especial, César Augusto, era chamado de homem de todas as mulheres e mulher

de todos os homens. Suetônio, comenta sobre Tibério sendo mordido por

meninos ao nadar, e o travestismo, incesto e cópula de Calígula e Nero com

homens e meninos. Em 342 d.C., Constantino e Constâncio decretaram a

fogueira para quem fosse pego exercendo o papel passivo em relações

homossexuais. Já Justiniano, em 533, castigou toda e qualquer relação

homossexual com a fogueira e castração. Daí em diante, por influência do

cristianismo, o homossexualismo não cessou, passou para clandestinidade. Tais

indivíduos eram vistos estando à margem da lei.

Líderes cristãos como Clemente de Alexandria, Eusébio de Cesaréia,

Ambrósio, Jerônimo, entre outros, aprovavam o sexo somente restrito ao

casamento, e citavam as proibições de Levítico contra a prática homossexual.

Seitas gnósticas, e, em especial o maniqueísmo, mantiveram o

homossexualismo como parte de seu culto. No maniqueísmo, farinha e sêmem

eram cozidos e comidos para que a substância divina fosse liberta. Para eles a

matéria era má, só o espírito era bom.

Em seu prosseguimento, o homossexualismo esteve presente entre os

guerreiros celtas, fato atestado por gregos e romanos, entre tribos germânicas –

francos, visigodos, vândalos, anglo-saxões, etc. Os deuses nórdicos obtinham

conhecimento devido à ingestão de sêmem, segundo contos folclóricos. No

17
SPENCER, Colin. Homossexualidade: Uma História, p. 72
40

feudalismo, não é fácil identificar o que as sociedades rurais pensavam sobre

homossexualismo, mas o “fio negro” que ligava todas as sociedades pagãs

também estava entre eles, a saber: a adoração de falsos deuses somada a

depravação sexual e injustiça social. A moralidade sexual patrística foi

fundamental até mil d.C., e se tornou a base de leis e teoria sexual de nosso

tempo.

Enquanto isso, em outra religião monoteísta, o Islamismo, o

homossexualismo era praticado, porém desaprovado pela tradição islâmica –

Hadith. O homossexualismo, adultério, fornicação, sexo extraconjugal eram todos

vistos como pecado na Hadith. Entretanto, práticas com meninos vestidos de

mulher, eram peças obrigatórias no harém de homens ricos do Afeganistão até o

século XIX. Prager, sobre isso, citou um britânico, que disse: “Descobrimos por

um soldado afegão que muitos homens neste país têm a mesma filosofia dos

antigos gregos: mulher é só para ter filhos, homem é para ter prazer”18

Na Idade Média, abusos por parte de Roma e leis mais severas contra

os hereges entraram em vigor como nunca antes. Colin Spencer reconhece que

os hereges favoreciam a prática homossexual, dando os bogomilos, maniqueus e

cátaros, como exemplos. Em Bolonha, crimes homossexuais deviam ser punidos

com a fogueira. Siena estabelecia que o réu fosse pendurado pela genitália. Leis

que decretavam pena capital para homossexuais foram promulgadas em quase

toda a Europa, porém, há poucos indícios de que tenham sido cumpridas. Um

grupo fiel a Roma, os cavaleiros templários, foram perseguidos por Filipe IV,

acusados de heresia, idolatria e sodomia. Na verdade, eram muitos ricos, e isso

18
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41

era precisamente o interesse de Filipe: suas terras, posses, valores e extinção.

Somente confessaram seus supostos crimes sob tortura na Inquisição. Na

segunda metade do século XIII, grandes movimentos populares ascenderam,

como exemplo, a Irmandade do Espírito Livre, monges errantes que pediam

esmolas e diziam que Deus estava em todas as pessoas, e que estas, podiam

encontrá-Lo tanto na meditação quanto nos prazeres deste mundo. Se Deus

estava acessível pelo prazer, logo, nenhum ato sexual podia ser pecado. O

fantasma gnóstico estava de volta. Tais hereges eram odiados principalmente

porque a sodomia era um vício presente no clero.

Um século mais tarde, por influência das autocracias da igreja e do

Estado, que não admitiam a bissexualidade, a visão popular quanto à identidade

sexual mudou. Agora, qualquer prática sexual extraconjugal ou posições sexuais

dentro do casamento que fugisse ao padrão da penetração vaginal tradicional, era

obra do demônio. A prostituição feminina e o bordel foram ignorados pela igreja e

a bissexualidade só não foi extinguida devido uma junção de fatores econômicos,

de propriedade e ansiedade masculina sobre a validade da herança. O

homossexualismo nessa época é ligado à feitiçaria, além da heresia e demonismo.

Muitos pregadores associavam os desastres e doenças da época aos grandes

pecados carnais – Exemplo: Peste Negra (Bubônica). Inocente III (Papa)

promulgou a Bula, Summis desiderantes affectibus, onde dizia que os demônios

íncubos e súcubos, tomavam forma de pessoas para ter relações sexuais

violentas com seres humanos, ocasionando natimortos, esterilidade e impotência

sexual. Tomás de Aquino disse que os demônios súcubos seduziam os homens a

fim de obter seu sêmem, depois, se tornavam íncubos e depositavam o sêmem


42

nas mulheres. Acreditava-se na época que as feiticeiras podiam fazer o pênis

desaparecer. O demonista Gilles de Rais, acentuou a ligação do

homossexualismo com o satanismo ao seqüestrar, torturar e sacrificar cerca de

cento e quarenta crianças para suas invocações ao diabo.

Bem mais a frente, já na época dos reformadores, o catolicismo foi

contraditado em sua moralidade, teologia e ordem eclesiástica. O celibato

obrigatório dos padres, acreditavam os reformadores, era o maldito estopim que

gerava a homossexualidade presente em quase todo clero romano. Homens

como Lutero, Zwínglio, Calvino, etc, transformaram a mente e, por conseqüência,

o modus viventi dos homens de sua época. Houve uma renovação dos valores da

família, do casamento e demais ideais cristãos, ocasionando, um descrédito cada

vez maior do homossexualismo. O sexo extraconjugal, segundo Lutero, era

destrutivo para alma corpo, família, fortuna e honra das pessoas. Dessa época,

Colin Spencer comenta: “No século XVI, em Estrasburgo, os homens eram

afogados por causa do crime de bigamia, decapitados ou queimados pelo incesto

e mandados ao pelourinho pelo de sodomia”19

Na Inglaterra, a moral puritana provocou o fechamento de bordéis,

casas de jogos, tavernas e até teatros. Houve pena de morte para sodomitas e

adúlteros e prisão para fornicadores. Calvinistas, congregacionais, presbiterianos

e quacres, estavam entre aqueles que provocaram uma revolução moral,

intelectual e social naqueles dias. Em 1655, em New Haven, surge a menção

legal de lesbianismo como um crime, sendo citada a carta paulina aos romanos,

1.26, como base para tal. A forca era usada muitas vezes, “Nas colônias

19
SPENCER, Colin. Homossexualidade: Uma História, p. 163
43

protestantes dos EUA, no século XVII, a sociedade era tão puritana que esse era

o destino de quem cometesse “atos indecentes”.20

Com a restauração da corte de Carlos II, a libertinagem aristocrática

voltou a aparecer. Um jovem de vinte e quatro anos de idade, Charles Sedley,

ficou completamente nu, durante o dia, em uma taverna, fazendo todas as poses

imagináveis ou não, num espetáculo exibicionista, tendo ainda proferido palavras

insolentes contra as Escrituras. O resultado: aos poucos sumiu o espanto e

culpabilidade sobre a “identidade” sexual. Na corte de Carlos II, se encenou o

drama de Rochester, Sodoma ou a Quintessência da Perversão, onde o rei de

Sodoma vaticina que a pederastia seja um hábito normal por todo o globo

terrestre, de maneira a não ocorrer um abuso das genitálias femininas.

Por volta de 1700, homens casados e trabalhadores de classe média

freqüentavam clubes e tavernas, onde se travestiam de mulher e mantinham

relações com outros homens bissexuais. Tais locais eram chamados Molly House

– Casa de Veados.

Discorrendo sobre o sexo e capitalismo, Colin Spencer mostra a

classe média redefinindo o papel sexual e família, onde os homens voltaram-se

para seus negócios e suas esposas em casa ficaram, como símbolo do poder e

posição de seus maridos. Houve aumento do consumismo, que segundo

Spencer, rejeitou e obscureceu o homossexual.21

Ainda assim, o travestismo e bissexualismo permanecem nas classes

altas inglesas, na aristocracia francesa, e realmente, nunca cessaram. Com o ad-


20
Revista Superinteressante. Dez/2004, p. 36
21
É impressionante que o consumismo continua atualmente movendo a massa populacional; com diferença
que não tem mais esse poder negativo sobre os gays. Devido à avareza, governos, empresas, etc; são
politicamente “amigos” dos homossexuais, dando-lhes aval e liberdade cada vez maior para impor sua visão.
44

vento do Iluminismo, ou era da razão, tudo e todos passaram a ser questionados.

Novas idéias surgiram sobre o mundo, a realidade, o homem, a verdade, etc. A

maneira tradicional de se interpretar o texto bíblico foi atacada como nunca antes.

David Hume afirmou ser a atração sexual o princípio fundamental da sociedade. A

pornografia romanceada passou a ter maior popularidade, porém, a relação

homossexual ainda era vista como nojenta por muitos. Nesse contexto, surgiu um

filósofo hedonista, Jeremy Bentham (1748-1832), que dizia ser o máximo de

felicidade para a maior quantidade de pessoas, o objetivo de toda lei. Para ele,

nenhuma expressão de amor, incluindo a sodomia, deveria ser tida por antinatural.

Muitos desses homens “doutos” começaram a incitar e promover o retorno da arte

grega clássica, numa tentativa de relacionar a arte, o belo, o bom gosto, com a

apreciação do mesmo sexo. Numa clara contradição da premissa de que a

tolerância a todas as expressões de amor é típica de sociedades evoluídas,

Spencer afirma que o Iluminismo em nada ajudou a causa homossexual, tendo

antes, provocado um aumento do preconceito para com esse tipo de “amor”. Será

que a maior parte daqueles homens inteligentes da época e outros que surgiram,

cujos ensinos vigoram em nossas universidades atuais, estavam errados em

repudiar tal prática?

Um pouco mais a frente, 1833, vemos a Áustria, Toscana, Prússia e

URSS, abolirem a pena de morte para o crime de sodomia. Na Inglaterra, houve

aumento da perseguição aos sodomitas com duzentas execuções num período de

vinte anos. Nessa época, muitos sodomitas foram pegos, julgados, porém,

absolvidos, devido serem homens proeminentes na sociedade. O comportamento

lascivo, homo erótico, era tolerado, posto de lado, devido a importância que tais
45

indivíduos tinham para o âmbito cultural e científico da sociedade. Ao mesmo

tempo em que a sociedade repugnava aquela prática tida como asquerosa,

reconhecia a importância que tais intelectuais tinham para o mundo da época.

Um fato que marcou a época, foi o surgimento de explicações médicas

para a masturbação, sodomia, etc. O Dr. N. Emmous Paine, afirmou que a prática

da masturbação leva ao vício, loucura e ao suicídio. Um neurologista, George

Beard, escreveu que aqueles que se masturbam freqüentemente, tanto homens

quanto mulheres, não dão valor ao sexo oposto, sentem medo deles e se

aterrorizam em pensar em ter relações sexuais. O húngaro, Karoly M. Benkert, em

1869, foi o médico que utilizou pela primeira vez o termo homossexual. Benkert

dizia que alguns indivíduos, ao nascerem, tinham uma tendência homo erótica que

os faziam dependentes e psicologicamente incapazes ao crescerem.

Diversas formas de tratamento começaram a surgir para livrar o

indivíduo desse mal. Tratamento com choques, castração e hipnose eram alguns

métodos usados. Só no Instituto Kansas, por volta de 1899, foram castrados

quarenta e oito meninos com desajustes dessa natureza. Spencer faz questão de

frisar que “tanto à igreja católica quanto a protestante concordaram com a

explicação médica, declarando que o homossexualismo era uma anomalia da

natureza, uma doença”22

Na Alemanha, o capelão da corte no Parlamento afirmou que o

homossexualismo aliado ao aumento da pornografia e movimento de libertação

feminina, corrompiam a sociedade. Alguns diziam que a Grécia e Roma decaíram

consumidas pela homossexualidade. Ao diminuir a taxa de natalidade, médicos,

22
SPENCER, Colin. Homossexualidade: Uma História, p. 280
46

políticos e até a igreja, culpavam os homossexuais. Em 1897, Magnes Hirschfeld,

judeu e homossexual, fundou o Comitê Científico Humanitário, com intuito de

retirar o parágrafo 175, educar as pessoas e dar motivação aos homossexuais

para que lutassem por seus direitos.

O pai da Psicanálise moderna, Sigmund Freud, afirmou que em 1905,

que não devemos tratar os homossexuais como doentes, pois, perversão não é

doença. Para ele, a raiz de toda anomalia psicológica na vida adulta estava na

maneira com a criança era criada, o que ocorria nessa fase iria influenciar

diretamente seu comportamento na vida adulta. Nos anos que se seguiram, aos

poucos, foram sendo fundadas outras organizações para estudos da sexualidade,

incluindo o homo erotismo,como: Sociedade Britânica para Estudo da Psicologia

Sexual (1914); Liga Mundial pela Reforma Sexual (1928); Sociedade Pelos

Direitos Humanos (1924); Sociedade Mattachine (1948), etc. Era o começa de

uma luta organizada, planejada e implementada pelos homossexuais, que iria

mudar a visão social sobre o tema e que já se delineava no horizonte.

Homossexuais eminentes e bem posicionados na sociedade

começaram a usar sua influência em prol da causa gay. Entre eles havia artistas,

escritores, políticos, etc; os quais eram incentivados a vir a público, sair do

armário23 e lutar pela liberação sexual, tolerância,etc.

Durante a Segunda Guerra, judeus, ciganos, negros, homossexuais,

etc, foram perseguidos e mortos. A marinha e exército americanos, viam a

homossexualidade como psicopatologia e aqueles que a praticavam eram

23
Essa expressão veio a ser usada mais recentemente, já no fim do século XX e se refere ao ato do indivíduo
de assumir sua homossexualidade .
47

psicopatas sexuais. Soldados homossexuais passavam por interrogatórios, tortura

e humilhação, sendo por fim excluídos das fileiras militares.

Com o fim da guerra e a publicação do relatório Kinsey, “o

comportamento sexual do macho humano”, gays de toda parte receberam apoio e

encorajamento novos. Segundo Kinsey, 50% dos homens confessaram reagir

eroticamente ao seu próprio sexo, destes, apenas 4%, tornaram-se quando

adultos, homossexuais. Na Grã Bretanha, a associação médica colocou que

poderia haver cura para a homossexualidade através de uma fórmula que incluía

cristianismo, trabalho rural e horticultura. Os anglicanos, dentre estes alguns

médicos, diziam que era preciso enfrentar a sodomia, e que esta se caracterizava

como rebelião contra Deus. Uma vez que o embate entre medicina, leis, religião e

homossexualismo continuava, algo mais precisava ser feito. Havia necessidade

que aparecesse um grupo de reforma que fosse mais militante, e assim,

aconteceu.

Nos EUA, a sociedade Mattachine e as filhas de Bilitis (organização

são de lésbicas), lutaram por melhorar a imagem pública dos homossexuais e

adquirir para eles participação total na vida americana desde a década de 50. Em

1955, o Dr Derick S. Bailey, teólogo anglicano, desafiou a visão cristã ortodoxa

afirmando em seu livro que Deus havia destruído Sodoma devido à falta de

hospitalidade e não por suas práticas homossexuais.

A década de 60 foi caracterizada por uma série de revoluções, como

dos estudantes em Paris (1968), grandes concertos ao ar livre com aumento do

consumo da maconha, crescimento do movimento hippie, etc. Em junho de 1969,

detetives a paisana foram a um bar para homossexuais apurar denúncia de venda


48

de bebidas alcoólicas sem licença. Duzentos fregueses foram expulsos, o

gerente , três fregueses travestis e o porteiro foram presos, porém, ao tentarem

sair, os detetives foram vítimas de pedradas e garrafadas lançadas por

homossexuais enfurecidos. Nas noites que se seguiram centenas de gays

reuniam-se em frente ao Stonewall “cantando o coro: “legalizem os bares para

homossexuais!” e “ser homossexual é bom!”.24

Inspirados no movimento de libertação gay americano, desencadeado

por Stonewall, nasceu em 1970, em Londres, a Frente de Libertação Gay, tendo

em suas fileiras artistas, marginais, estudantes, professores, sociólogos, etc.

Beijos, abraços e andar de mãos dadas foram somados às reivindicações pelo

cessar da discriminação e opressão social. Havia, ainda, uma forte ênfase na

aceitação pessoal dos homossexuais consigo mesmo. Uma vez que se

aceitassem, poderiam contar a família e orgulharem-se do que eram. Em 1972,

ambos os movimentos de libertação, gay e feminista, marcharam juntos por

Londres até chegarem ao Hyde Park. Nesse mesmo ano, algumas mulheres do

movimento romperam com o grupo por acharem que havia atitudes sexistas

dentro do movimento gay. Nessa época, e daí por diante, a sociedade passou a

ser marcada por auto-realização, satisfação de desejos, consumismo e exploração

erótica sem precedentes até então. Houve, como resultado da revolução sexual,

segundo John Ankerberg e John Weldon:

...uma exuberância de adultérios e divórcios, pelo aumento de molestamento


infantil e da pedofilia organizada, pela expansão da prostituição e da
pornografia, do homossexualismo militante, do lesbianismo feminista, por quase
60 doenças sexualmente transmissíveis, e por cerca de 50 milhões de casos de
gravidez indesejada que levam ao aborto. Sozinha, a revolução sexual forjou a

24
DALLAS, Joe. A Operação do Erro, p. 76
49

crescente desintegração da família e, com ela, a desintegração da sociedade em


geral.25

Como resultado direto da aceitação social que teve início e conquistas

alcançadas no meio político, cultural, etc; começaram a surgir grupos de gays

evangélicos. Em 1968, Troy Perry, ex-pastor pentecostal, através de anúncio em

The Advocate (jornal de orientação gay), convocava pessoas para tornarem-se

membros de uma igreja organizada. Agora, além dos movimentos, libertação gay

e feminista, começava a delinear-se um outro, o movimento gay cristão.

Desde então, os homossexuais têm conquistado espaço e aceitação

cada vez maiores na sociedade, estando presentes em diversas organizações,

política, negócios, religião, profissões, etc. É notória sua presença e luta no meio

educacional, onde estão promovendo palestras sobre sexualidade como forma de

homossexualizar as crianças, jovens e adultos, mudando assim, a mentalidade do

maior número possível de pessoas sobre o tema “amor gay”.

HOMOSSEXUALISMO, EVOLUCIONISMO E PAGANISMO

Visto de um prisma puramente biológico e Darwinista, o homem seria

tão somente mais um animal dentre tantos outros que existe e que luta para

sobreviver e alcançar um estado evolutivo maior. Muitos autores abordam a

25
ANKERBERG, John; WELDON, John. Os Fatos Sobre a Homossexualidade, p. 10,11
50

questão homossexual dessa forma, comparando o ser humano com várias

espécies de animais. Chimpanzés foram observados lutando e infligindo cócegas

uns aos outros, praticando felação e carícias nos genitais. Colin Spencer assim vê

a questão quando diz que “sexo incontrolável” está ligado em nossas mentes ao

barbarismo, à decadência da civilização, talvez à nossa própria evolução...”26, e

ainda que:

... o impulso sexual é dominado pelo gene do egoísmo, a força impulsionadora


que assegura a sobrevivência das espécies. A necessidade de procriar...tem
sido usada como um argumento da irrelevância do ato sexual dentro do
mesmo sexo ou até mesmo de que iria contra a natureza. 27

Em 1945, foi observado que antílopes imaturos gastavam seu excesso

de força sexual em ações homossexuais, heterossexuais, masturbação e

exibicionismo. Para Spencer, aquilo que designamos como homossexualidade é

parte constituinte da natureza sexual do Homo sapiens, logo, o homem é e será

sempre um animal melhorado entre os demais que surgiram na terra por obra do

acaso. Há uma forte ênfase em se dar livre vazão aos instintos carnais, biológicos,

em detrimento do intelecto, do equilíbrio e coerência no viver, escolher e gozar

todos os prazeres da vida. Tal ênfase, diminui o valor do homem, provoca

frustrações, aumenta a incidência de aborto e das DSTs, AIDS, hepatite B e C, etc.

Tudo isso se tornou muito claro após a revolução sexual dos anos 60.

Com respeito ao paganismo, alguns consideram que toda religião tem

origem sexual, e, para tanto, citam divindades fálicas como Shiva, Agni, Shakty

(Índia), Legba, Vênus, Baco, Préapo, Dionísio,etc. Na Babilônia, as mulheres


26
SPENCER, Colin. Homossexualidade: Uma História, p. 11
27
Ibid. p. 15
51

prostituíam-se com os sacerdotes nos templos de Milita, enquanto que na Grécia e

Roma, as mulheres exerciam em sacerdócio sexual nos templos de Vesta, Vênus,

Afrodite, Ísis, etc. O sexo entre os povos pagãos era visto como um portal para a

clarividência, telepatia, poderes esotéricos e união com a divindade. Samuel Aun

Weor, afirma que “o culto fálico é a única coisa que pode levar o ser humano à

auto-realização íntima”.28

Estudos antropológicos, mostram tribos da Nova Guiné onde a

homossexualidade era mais importante que a heterossexualidade e estava

sempre ligada a religião. Entre os Marind, meninos iniciados eram penetrados

pelos homens mais velhos no ritual Sosom, e mesmo depois de casados, tais

homens podiam ser chamados para iniciar um sobrinho por três ou quatro anos.

Spencer declara que “havia também um aspecto metafísico na relação

homossexual, pois os participantes acreditavam que ela tinha o poder de

transformá-los física e espiritualmente”.29

Na Melanésia havia tribos em que os homens se travestiam de mulher

e praticavam rituais secretos e sagrados. Era crença entre eles que a relação

sexual entre duplas de sexo igual poderia comunicar o conhecimento sagrado e

que conhecendo o parceiro intimamente é que se compreenderá sua própria

identidade divina, cada um transformando o outro num deus. Entre tribos da

América do Sul e do Norte havia o berdache – homens travestidos de mulher e

algumas mulheres de homens – que muitas vezes decidiam sê-lo devido um

sonho anterior ao ritual da puberdade, em que uma “deusa” aparecia e ordenava

28
www.gnosis.org.br
29
SPENCER, Colin. Homossexualidade: Uma História, p. 22
52

que as mulheres se tornassem em homem e os homens em mulher. Os jovens

tinham medo desse chamado do mundo espiritual, porém, caso ocorresse, não

poderiam recusar. Tais jovens, aprendem a usar apetrechos femininos com ajuda

dos espíritos e têm a voz modificada de homem para de mulher.

Os gregos, cuja visão era antropocêntrica – o homem como centro do

universo – viam o ser humano como superior ao restante da natureza. Entretanto,

não logravam êxito no âmbito religioso e sexual de sua sociedade. Seu politeísmo

era carregado de divindades homossexuais, pederastas, lésbicas e promíscuas.

Assim, temos o famoso casal Zeus e Ganimedes, o amor de Hércules por

Filocteres, Nestor, Adônis, etc. A cultura, religião e sexualidade viam-se

entrelaçados na vida dos povos antigos. Na Mesopotâmia, era comum a crença

em grandes deusas, a sacerdotisa Xamã era cultuada por toda tribo e era

atribuído a deusa Ishtar o poder de transformar homens em mulher. No

candomblé, alguns orixás (deuses) são hermafroditas, como Logum-Ede e

Oxumaré, e encontramos relação homo erótica entre Oxossi e Ossaim, em alguns

mitos. Oxalá, pai de todos os deuses, veste-se sempre de mulher.

Dennis Prager, corrobora tal premissa, quando diz “...desde o início

dos tempos, o sexo anal fazia parte da adoração às deusas”. 30 Dezenas de

deuses pagãos demonstravam comportamento lascivo, promiscuo e homo erótico,

não havendo necessidade de nos estender aqui. É clara a continuidade do “fio

negro” ligando as culturas e povos pagãos ao longo da história, demonstrando a

forte relação entre depravação sexual, religião pagã (depravação cultual) e

injustiça social. O caso mais cruel que já foi registrado, da relação entre

30
www.espada.eti.br
53

paganismo e homossexualidade, é do demonista Gilles de Rais (1404-1440), que

seqüestrou mais de 140 crianças, em rituais de invocação a satã. Spencer admite

tal relação ao declarar que “...a Filosofia e as religiões pagãs aprovavam a

homossexualidade...”31

HOMOSSEXUALIDADE, DSTs/AIDS E DROGAS

Dois projetos de pesquisa sobre comportamento e incidência de

DSTs/AIDS entre pessoas que têm relação sexual com parceiros do mesmo sexo

foram postos em andamento no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, como

parte de um empreendimento mundial promovido pelo programa conjunto das

Nações Unidas para a AIDS (UNAIDS). Apesar de todos os esforços do governo

brasileiro, a AIDS ainda continua se espalhando e, matando milhares de pessoas

31
SPENCER, Colin. Homossexualidade: Uma História, p. 380
54

por ano. No mundo, segundo o último relatório da ONU/OMS, existe hoje cerca de

40.300.000 pessoas contaminadas pelo HIV, sendo a maior parte na África, Ásia e

leste europeu, sem contar, é claro, os casos não notificados.

A transmissão do HIV em nosso país, por via sexual, representa

52,6% do total registrado de casos, e destes, 51,2% se deram entre homens que

têm relação sexual com outros homens, 24,9% em mulheres, e 23,9% em

heterossexuais masculinos. O total de casos notificados ao Ministério da Saúde,

desde a década de 70, quando o vírus entrou no Brasil, até dezembro do ano

2000, foi de 203.348 casos. De todos os casos registrados, a maior parte – 70%,

se concentram na região sudeste do país. No estado do Rio de Janeiro, em 1999,

tínhamos 15,9 casos por 100.000 habitantes, num total, registrado até

dezembro/2000 de 29.715 casos de AIDS.

O Projeto Bela Vista, recrutou, entre 1994 e 1999, 1.180 homens

homossexuais, dos quais 1.082 aceitaram os termos da pesquisa, e desses, 117

demonstraram sorologia positiva para HIV, sendo logo encaminhados para o

devido acompanhamento médico. Alguns não retornaram para saber o resultado

dos exames, e, por fim, o projeto contou com 808 voluntários. Desses, 81% eram

solteiros, 12% vivem com outro homem e 1% com mulheres. Dois terços tinham

menos de 30 anos de idade e as moléstias que mais se registrou foram (após 466

consultas):

Hepatite A - 30%
Hepatite B - 23%
HIV - 10,8%
Herpes Zoster - 0,4%
Tuberculose - 0,6%
55

Parasitoses intestinais - 50,3% (entre eles Ascaris lumbricóides – 44%;


Schistosoma mansoni – 14%; Enterobius vermicularis – 13%; Giardia lamblia –
11%; Entamoeba – 12%; Taenia -5%; etc)
Condiloma genital - 4,5%
Herpes Genital – 5%
Fissura anal - 12,5%
Úlcera peniana - 5%
Condiloma Anal - 5%
Pediculose pubiana - 7%
Uretrite - 12%
Sífilis - 13,5%
Herpes labial - 16%
Gonorréia uretral - 27,5%

Júlio Severo, pastor da Igreja Evangélica Sara Nossa Terra, afirma em

seu livro que:

Eles trocam saliva, fezes, sêmem e sangue com dezenas de homens por ano.
Eles bebem urina, ingerem fezes e experimentam trauma retal regularmente.
Muitas vezes, nesses encontros, os participantes se encontram bêbados,
drogados ou em ambientes de orgia...eles são particularmente suscetíveis a
adquirir uma variedade de enfermidades intestinais viróticas e bacterianas...tão
comuns entre os homossexuais que a literatura médica americana as classifica
conjuntamente como “Síndrome Intestinal gay”.32

Devido o surgimento da AIDS, alguns homossexuais deixaram o

álcool, o tabagismo e as drogas em geral, adotando um estilo de vida mais

saudável e menos promíscuo. Em Los Angeles, EAU, havia o segundo maior

índice de infectados pelo HIV em 1990, sendo destes, 95% dos casos de homens

gays e bissexuais. Muitos homens casados deixaram de trair suas esposas com

gays, porém, aqueles que teimaram nessa prática, disseminaram a AIDS entre os

heterossexuais também.

O Projeto Bela Vista, mostrou que 78% dos homossexuais tinham

tanto parceiros fixos quanto ocasionais, com apenas 12,5% afirmando ter só

32
SEVERO, Júlio. O Movimento Homossexual, p. 67,68
56

parceiros fixos. Dentre as práticas sexuais mais referidas estavam: receber e fazer

sexo oro genital – 80,7% e 70,1% respectivamente; penetração anal – 75,9%; e

ser masturbado ou masturbar o outro – 68% e 61%, respectivamente. Em torno de

23% dos acompanhados pela pesquisa relataram como prática lamber o ânus do

parceiro, 35,2% - ser lambido e 3,2% - introduziam objetos no ânus do outro.

Quanto ao uso de preservativo na relação, havendo envolvimento emocional,

como nas relações com parceiros fixos, 79,9% dizem ter certa dificuldade em

propor o preservativo e 11,5%, referem ter bastante dificuldade.

Uma pesquisa feita pelo IBOPE, demonstrou que o aumento do

número de mortes provocadas pela AIDS não alterou o hábito sexual de homens e

mulheres. A pesquisa mostrou que somente 28% dos brasileiros utilizam

preservativos na relação. Declararam não ter mudado o hábito sexual, 41% dos

homens e 52% das mulheres.

Em relação às drogas, uma pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz,

demonstrou que a infecção pelo HIV entre os que usam injetáveis caiu de 63%

para 42% entre 1994 e 2001, nas seguintes localidades: Baixada Santista,

Salvador e Rio de Janeiro, Além, das drogas injetáveis, muitos homossexuais

usam maconha e cocaína, além de drogas sintéticas como ecstasy, ketamina e

ghb. O psiquiatra Petros Levounis, do Centro de Pesquisa de Vícios da

Universidade de Nova York, que esteve no Rio de Janeiro para uma palestra

sobre drogas, disse que as drogas sintéticas têm sido usadas como método de

aproximação, e que, adolescentes e homossexuais masculinos, com boa condição

financeira, as utilizam como forma de entrada no grupo, para mostrar que fazem

parte dele. O psicólogo Murilo Battisti, da Universidade Federal de São Paulo e


57

especialista em dependência química, afirmou na revista Domingo do Jornal do

Brasil de 10 Set/06 que a metanfetamina ou crystal meth é uma das drogas que

responde pelo crescimento do número de portadores do HIV entre gays

americanos. Um estudo efetuado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica –

Divisão DST/AIDS de São Paulo, ano de 1995, mostrou que daqueles que

contraíram o HIV: 32,12% - eram usuários de drogas; 23,06% - eram

homossexuais; 17,43% - heterossexuais; 9,9% - bissexuais; 2,79% - de mãe para

filho; 1,78% - de transfusão de sangue; 0,72% - hemofílicos e 12,2% - não

identificados. Muitos homossexuais somam ao seu estilo de vida o uso de drogas,

com prevalência entre os jovens. Leo Mendes, presidente da Associação Goiânia

de Gays, Lésbicas e Travestis, reconhece que os homens gays, bissexuais e

usuários de drogas são o grupo mais afetado pela AIDS.

O Projeto Horizonte, que recrutou indivíduos entre 1994 e 2000,

demonstrou que nos primeiros dois anos:

76,7% - admitiram serem homossexuais


23,3% - admitiram serem bissexuais
67,3% - praticam masturbação preferencialmente
83,2% - praticam sexo oral receptivo
71,8% - praticam sexo oral insertivo
56,9% - sexo anal passivo - efeminado
75,7% - sexo anal ativo - sodomita
94,5% - usaram preservativo na última relação
79,9% - tiveram parceiros ocasionais nos últimos 06 meses.

Um fator preponderante, quanto à infecção por HIV, é a promiscuidade

sexual, e os homossexuais, infelizmente, estão em primeiro lugar nesse fator de

risco. Uma pesquisa mostrou que 71,4% de um grupo de homossexuais,


58

praticaram sexo com parceiros ocasionais com uma freqüência variando entre 01

a 600 vezes em apenas 06 meses. Um dado contraditório, tem sido o do uso de

preservativos na última relação (94,5%), pois o HIV continua se espalhando,

embora em menor escala que no início, no Brasil. Uma possível explicação, talvez

esteja presente nas respostas dadas por alguns indivíduos participantes do projeto

do Ministério da Saúde. Quase todos vêem alguma desvantagem no uso do

preservativo, tais como: dificuldade no tesão, incomodo, redução do prazer e não

poder ser usado em sexo oral devido gosto ruim e lubrificante, Outro fator,

presente na sociedade como um todo, e exacerbado entre homossexuais, é o

vício sexual . Será que a busca do prazer seria o único propósito do homem nesse

mundo? Pesquisas têm demonstrado que é possível viciar-se em sexo da mesma

forma que em maconha, álcool, cocaína, etc. O prazer manifesta-se em nosso

cérebro como descargas elétricas entre os neurônios, que induzidas pelo

neurotransmissor – dopamina, produz a sensação, quando comemos, bebemos,

fazemos sexo, jogamos, fumamos, etc. Quanto mais dopamina for liberada, mais

prazer teremos. No caso do álcool, cigarro ou cocaína, a dopamina é estimulada

ou sua absorção normal no cérebro, é bloqueada, gerando artificialmente euforia

ou bem-estar. Os compulsivos por jogo, sexo ou comida, passam por processo

semelhante. Outra característica, presente em pessoas viciadas em sexo, é a

incapacidade de manter relacionamentos duradouros e sadios. Rodolfo, 35 anos,

conta que chegou ao ponto de procurar indigentes nas ruas para satisfazer-se

sexualmente. Ele diz que:“Cheguei a fazer sexo com três mulheres por dia, a

qualquer hora, em qualquer lugar”33 Há relatos estarrecedores, a esse respeito.

33
Revista Veja. Fev/1999, p. 96
59

Uma mulher conta que teve muitos amantes, e, que nem perguntava mais o nome

deles, que passava a noite pelos bares procurando novos parceiros, e isso com

apenas 30 anos de idade. O médico e sexólogo, Tércio Ribas, formado pela

Faculdade de Medicina de Valença, pós-graduado em Sexologia, e autor de vários

livros sobre o tema, concorda que o sexo pode se tornar doença, e que a

distribuição de preservativos feita pelo ministério da Saúde incentiva o sexo livre e

sem responsabilidade, principalmente entre jovens e adolescentes, ocasionando

um número crescente de gravidez indesejada entre esse último grupo.

Corroborando tal colocação, temos a série de reportagens com o médico Drauzio

Varela, “Filhos Desse Solo”, exibido pela TV Globo no programa Fantástico, por

várias semanas, onde tal problema, gravidez precoce e o uso do preservativo, têm

sido enfocados. Se o instinto biológico, o impulso sexual continuar a ser

incentivado ao livre curso, em detrimento da racionalidade, do domínio e equilíbrio

nas ações, muitas doenças e problemas ainda haverão de surgir num futuro bem

próximo.

A esta altura, é propício indagarmos: Por que o avanço científico,

tecnológico, refletido em descobertas tão importantes para humanidade como a

terapia com células-tronco, clonagem, etc; tem caminhado lada a lado com um

declínio moral e relacional, entre o ser “humano” e Deus, e, com seu próximo,

refletido num aumento da impiedade, crimes, violência, estupros, sodomia,

homicídios, desmatamentos, paganismo, avareza, etc? Qual a causa de tanta

bestialidade? O que faz com que um ser humano se torne homossexual,

bissexual, pedófilo, etc?


60

AS CAUSAS DA HOMOSSEXUALIDADE

Desde os séculos passados, e ainda hoje, muito se tem especulado

cobre as possíveis causas do homossexualismo. A ciência e as religiões têm dado

desde explicações mais simplistas como genética ou reencarnação, até as mais

complexas como traumas de infância – molestamento, estupro, etc; influência de

forças espirituais – deuses, orixás, demônios, etc. Uma conclusão clara que a

maior parte dos estudiosos tem chegado é a de que tal fenômeno ocorre por

causa de um conjunto de fatores, não havendo uma causa única que determine a

homossexualidade. Diversos grupos da ajuda, cuja atividade consiste em

recuperar indivíduos que desejam abandonar a homossexualidade, concluíram

que existem cinco fatores comuns principais na história do público alvo:

1º) Desenvolvimento precoce na infância;


2º) Antecedentes familiares;
3º) Temperamento e interesses;
4º) Pressão dos colegas; e
5º) Abuso sexual.

Segundo Freud, considerado o Pai da Psicanálise Moderna, em sua

obra O Mal Estar na Civilização, “uma...comunidade está perfeitamente justificada,

psicologicamente” a proibir o comportamento sexual de crianças, “pois não haverá

perspectiva de refrear os apetites sexuais dos adultos, se a base para tanto não

tiver sido preparada na infância”.34 Para Freud, era ignorância pensar que a

Psicanálise tenciona curar desordens neuróticas através da livre vazão sexual.

Para ele, ao conscientizar o indivíduo, pela análise, o resultado será domínio

34
JR, Armand M. Nicholi. Deus em Questão, p. 144,145
61

sobre os impulsos e libertação das cadeias sexuais. Quanto às causas de tais

neuroses e distúrbios, inclusive a homossexualidade, Freud ensinou que três

fatores parecem determinar a prática: 1º) forte ligação com a mãe; 2º) fixação na

fase narcísica e, 3º) complexo de castração. Freud, afirmou que na vida adulta

refletimos as experiências da infância, sendo nossas neuroses o resultado do ego

fracassado em contentar o id e o superego. O homossexual é visto com alguém

imaturo psicossexualmente, que busca no sexo igual aquilo que não tem estrutura

para encontrar no seu oposto.

Primeiramente, devido forte atração e fixação na mãe, não haveria

ligação com outras mulheres. No segundo caso, o narcisismo concede a pessoa

ter menos trabalho em se ligar ao seu igual que em outro sexo. Já no complexo da

castração, sofrimentos relacionados a perdas e a idéia de morte, tornariam o

indivíduo acomodado ou acovardado psicossexualmente. De acordo com

Raymundo de Oliveira, professor do DFEUEM e membro da BFC – Centro de

Psicanálise de Curitiba,

Tanto meninos quanto meninas, até a fase da adolescência, não podemos


afirmar que serão homossexuais quando adultos, só por terem gestos e jeito do
sexo oposto. São fases em que é normal a presença de estereótipos, facilmente
copiados na mídia e repetidos nos gestos, mímica, falas, etc.35

Para o médico Lísias Castilho, urologista e autor do livro

“Homossexualidade”, caso a criança fique pressa, fixada a qualquer uma das três

fases Freudianas, manifestará em sua vida adulta ansiedade, traumas e

perversões. Para Mário Bergner, ex-homossexual e autor do livro “Amor


35
www.espaçoacademico.com.br
62

Restaurado”, a condição homossexual ocorre devido não recebermos

adequadamente o amor do próprio gênero ao qual pertencemos. Quando amada

corretamente, a criança sente-se um “ser”, tendo um bom fundamento para

crescer e desenvolver-se. Se desfeito esse fundamento, há perda da segurança

na mãe e a criança vê os demais acontecimentos e indivíduos com expectativa

negativa. Apatia, retraimento, passividade, intensa agressão e emoção

descontrolada podem caracterizar crianças que perderam a segurança e senso

sadio de identidade pessoal. Futuramente, pode se evidenciar na vida daquela

criança um forte impulso de ligar-se a outra pessoa e descobrir nela sua

identidade. O Dr Bowlby percebeu haver três estágios na reação das crianças à

separação precoce da mãe: 1º) protesto; 2º) desespero, e 3º) indiferença.

Num primeiro momento (protesto), a criança grita, chora e procura

pela mãe. No desespero, perde a esperança da volta materna e fecha-se dentro

de si mesma. Já na indiferença, a criança recupera o interesse por seu ambiente,

mas não responde mais positivamente à mãe, quando ela retorna. O Dr. Frank

Lake, esclarece que

...a ansiedade causada pela separação pode provocar uma variedade de


defesas e reações nos bebês – raiva, desejos intensos, tensão na genitália ou
rejeição. A separação prolongada da mãe pode se manifestar fisicamente na
criança sob a forma de uma dolorosa tensão na genitália. Nessa situação, ela
aperta a genitália para aliviar a dor, em uma atitude muito parecida à dos atletas
que esfregam um músculo dolorido.36

A Psicoterapia Sistêmica, que distribui as fases do desenvolvimento

psicossexual de maneira diferente da Psicanálise, vê a possibilidade de surgir o

comportamento homossexual nos seguintes casos: Complexo de Édipo e

36
BERGNER, Mário. Amor Restaurado, p. 96
63

Complexo de Electra Disfuncionais, ambos com início na fase fálica, entre 03 e 06

anos de idade.

Complexo de Édipo Disfuncional – Em 02 casos ocorre a possibilidade

de resultar em homossexualismo:

1º) O pai morreu, sumiu, figura ausente.

Nesse caso, o filho irá seduzir e se identificar com a mãe. A mãe

tenderá a fazer do filho, seu marido, atuando em 02 papéis – de mulher do filho e

de pai do filho, ao mesmo tempo. Ao seduzir a mãe e não ter o pai para fazer o

corte, ele termina por se identificar com a mãe, criando uma resistência por

mulher, devida ter sido uma mulher que o ensinou a ser homem – sua mãe.

Tenderá a transar com vários homens, mas nunca com mulheres, pois está

“casado” com a mãe.

2º) O pai exerce papel feminino e a mãe masculino, havendo sedução e

identificação com esta última.

Os papéis estão trocados e a mulher incomodada com isso não para

de dizer: “Seu pai é muito banana”; atrapalhando assim que o filho se identifique

com o pai. De forma sutil, ela diz que é forte e que o pai é fraco. A possibilidade

homossexual aqui reside no fato de que seu papel de identificação – que é a mãe,

é masculino, e ele irá buscar um homem, no papel feminino – como o pai. Irá

procurar a figura feminina no gênero masculino, devido o feminino estar no seu

pai, ocorrendo aqui uma truncagem edipiana.


64

Complexo de Electra Disfuncional – Também em 02 casos há

possibilidade de resultar na homossexualidade.

1º) A mãe morreu, sumiu, figura ausente.

Aqui, a filha seduzirá o pai e com ele se identificará. Tornar-se-á sua

mulher, podendo ficar muito masculinizada, não tendo uma mulher para fazer o

corte. Poderá buscar na relação com mulheres à mãe que não teve e a

homossexualidade poderá ser latente ou emergente.

2º) Pai no papel feminino e mãe no masculino, em que há sedução do pai e

identificação com a mãe, porém o casal é truncado e infeliz.

Caso a mãe, incomodada pela inversão dos papéis, viva depreciando

o marido, chamando-o de fraco, banana, etc. Essa mãe, sendo durona e

invejando a afetividade do marido, sua filha terá dificuldade em valorizar os

homens, buscando uma companheira mais passiva e a homossexualidade será

uma forte possibilidade.

Jaqueline Cássia de Oliveira, em curso de prática sistêmica, afirma

que:

96% dos homossexuais são de gênero masculino, papel masculino e com


desejos e práticas homossexuais...somente 4% dos homossexuais possuem
transtorno de gênero...homens que têm desejo de ser mulher...se sentem como
mulher, não se adaptam internamente e por causa disso são mais agressivos.
Aqui, o componente suicida é muito forte, porque são muito depressivos ou com
fortes traços depressivos...uma grande parte dos homossexuais não-assumidos
são casados e têm filhos. Esses homens buscam travestis, mas na hora da
cama, eles fazem o papel passivo.37

37
www.jcassia.sites.uol.com.br
65

Dentre tantos fatores, que ocasionam a homossexualidade, o abuso

sexual tem estado presente na expectativa pregressa de aproximadamente 60%

dos casos. Um olhar demorado, toques, beijos, sexo oral, anal, vaginal, incesto,

estupro e molestamento, fazem parte da história de muitos homossexuais

masculinos e lésbicas. Bob Davies e Lori Rentzel, autores do livro “Restaurando a

Identidade”, fazem uma colocação oportuna sobre esta questão, como segue:

o incesto opera terrível devastação porque a criança é traída e violada pela


pessoa em que ela deveria confiar para cuidar dela e protegê-la. Geralmente, a
criança molestada pensa: Eu devo ser uma pessoa horrível para que uma coisa
dessas aconteça comigo! A pessoa que abusa dela pode ameaçar de machucá-
la ou até mesmo de matá-la se ela divulgar o “nosso segredo”...Incapaz de lidar
com o trauma de tais acontecimentos, a criança pode minimizar o abuso ou até
mesmo reprimi-lo completamente. O tremendo volume de raiva, sofrimento e
indignação vão para o subsolo, emergindo mais tarde em uma variedade de
escolhas, uma das quais para as mulheres pode ser uma total rejeição dos
homens e um apego exclusivo às mulheres em busca de amor e afirmação.38

A criança, ao perceber a injustiça e abuso do adulto, sentirá raiva, mas

impotente, irá submeter-se. Sentimentos de inferioridade, vergonha e humilhação

serão gerados e jamais se conseguirá esquecê-los. Uma pesquisa realizada por

Rosângela Justino e Sylvanyr Castro, na PUC-RJ, sobre as violências sofridas na

infância/adolescência e seus reflexos na vida adulta, com adesão de 189 pessoas

em 2002, demonstrou que homossexuais masculinos sofreram agressão verbal e

abuso sexual, e lésbicas, ambas as violências, e ainda, discriminação. O estudo

mostrou que poucas pessoas relacionaram os traumas passados com seu

momento atual, excetuando-se as vítimas de abuso sexual, que parece ser a

violência que mais tem o poder de marcar o indivíduo na fase adulta. As

38
DAVIES, Bob; RENTZEL, Lori. Restaurando a Identidade, p. 64
66

pesquisadoras, concluíram ainda que os grupos que mais referiram violências

sofridas na infância, foram os dependentes químicos e os homossexuais.

Rosângela Justino, que é psicóloga e representa o Êxodus

Internacional no Rio de Janeiro, entidade que atua na recuperação de pessoas

que queiram deixar a homossexualidade, afirma que: “Creio que os fatores

emocionais e sociais, bem como os espirituais, têm grande influência na

homossexualidade”39

Quanto aos defensores de uma causa genética para o comportamento

homossexual, eles muito têm especulado, mas até agora, nada foi provado. Um

ponto em comum, em que a maior parte dos pesquisadores concorda, é que a

genética nunca representa mais do que 50% daquilo que somos, portanto, não

podemos ignorar os outros 50% que irão interferir na história de cada pessoa.

Várias pesquisas têm sido feitas com intuito de se provar que a genética

determina a prática homossexual. Vejamos, sucintamente, as principais:

1 – A pesquisa do Dr Simon Levay do instituto Salk, na Califórnia – EUA

Em 1991, o Dr Levay, analisou um grupo de neurônios do hipotálamo

chamado de núcleo intersticial do hipotálamo anterior – INAH 3, do cérebro de 41

cadáveres, que eram supostamente 19 homens homossexuais, 16 heterossexuais

e 06 mulheres heterossexuais. O Dr Levay afirmou que essa parte do cérebro era

menor nos homossexuais e maiores nos heterossexuais e concluiu, por esse

motivo, que o homossexualismo é inato, resultante de variações no tamanho do

INAH 3. Tal conclusão, mostrou-se equivocada por várias razões, dentre elas:

39
JUSTINO, Rosangela. Da Homossexualidade à Heterossexualidade: Há Possibilidade de Resgate da
Heterossexualidade(artigo).
67

• O gráfico, publicado na revista Science, revelou falhas na hipótese.

Havia 03 homossexuais com núcleos menores do que dos homens

heterossexuais, e 03 heterossexuais com núcleos menores do que os

homossexuais.

• Havia tendenciosidade por parte do Dr Levay, que é gay assumido e

jurou provar a causa genética do homossexualismo após seu amante ter morrido

de AIDS. Isso invalida suas conclusões.

• Jamais, qualquer cientista, provou que essa área do hipotálamo

pudesse determinar preferência sexual.

• Todos os homossexuais e alguns heterossexuais, do estudo,

morreram de AIDS, e não se conhece os efeitos do HIV e suas complicações

sobre o tamanho e forma de cérebros moribundos.

• Somente os soros positivos masculinos, e não os heterossexuais

presumidos que faleceram de outras causas, foram consultados sobre sua

orientação sexual antes da morte, tornando inconclusivo seu estudo.

O próprio Dr Levay admitiu que “isso não provou que o homossexualismo é

genético...não mostrei que os homens gays nasceram assim...não localizei

um centro gay no cérebro”.40

• A questão de causa e efeito não seria respondida mesmo se tal área

respondesse pela sexualidade. Estudos mostram que o comportamento pode

causar oscilação no tamanho dos neurônios, ao invés dos neurônios causarem um

40
www.imw.com.br
68

comportamento homo ou heterossexual. As mudanças comportamentais podem

configurar os neurônios e não o oposto.

2 – O estudo do psicólogo Michael Bailey e do psiquiatra Richard Pillard.

Nesse estudo, 52% de gêmeos univitelinos, 22% de gêmeos

bivitelinos, 11% de irmãos adotivos e 9% de irmãos não-gêmeos, eram

homossexuais. Os pesquisadores, concluíram então que a maior incidência de

homossexuais gêmeos prova ser o homossexualismo genético.

Também aqui, nada se provou, pois metade dos gêmeos univitelinos

estudados não eram homossexuais, e sim, claramente heterossexuais. Se

possuíam os mesmos genes, logo, 100% deles deveriam ser homossexuais.

3 – A pesquisa do Dr. Dean Hamer, do Instituto Nacional do Câncer.

O Dr. Hamer, auxiliado por outros pesquisadores, descobriu altas

taxas de homossexualidade do lado materno e menos do lado paterno, ao analisar

76 famílias de gays. Tal estudo sugere que o cromossomo X é responsável pela

transmissão da homossexualidade, pois 33 dos 40 pares de irmãos possuíam

marcadores genéticos idênticos em cinco locais da região q28 do cromossomo X.

A professora emérita de Biologia na Havard University, Ruth Hubbard,

afirma sobre esse estudo:

...é falho. Ele é baseado em suposições simplistas e dificultado pela quase


impossibilidade de se estabelecer elos entre os genes e comportamento. Do
número bem reduzido de irmãos pesquisados, quase um quarto não
apresentava as características adequadas. Da mesma forma, os pesquisadores
não fizeram o óbvio controle experimental para verificar a presença de tais
marcadores entre irmãos heterossexuais dos gays a quem estudaram.41
41
ANKERBERG, John; WELDON, John. Os Fatos Sobre a Homossexualidade, p. 32
69

As mais promissoras estratégias de pesquisa reconheceram a

influência de múltiplos genes e de fatores genéticos, como resposta para

homossexualidade, portanto, é sensato descartarmos a tese de que esse fator por

si só responda a questão.

Concernente às causas espirituais, algumas religiões têm formulado

respostas para a questão homossexual. No espiritismo Kardecista, por exemplo,

afirma-se que tanto o homem quanto a mulher, ao reencarnar, poderão assumir

um corpo do sexo oposto devido o carma de sua vida anterior. Na obra Vida e

Sexo, psicografada por Francisco Cândido Xavier, o espírito Emmanuel afirmou,

quanto ao homossexualismo, que:

o espírito no renascimento, entre os homens, pode tomar um corpo feminino ou


masculino, não apenas atendo-se ao imperativo de encargos particulares em
determinado setor de ação, como também no que concerne a obrigações
regenerativas, ou seja, atende a imperativos reencarnatórios fixados por ações
do passado, de sorte que “o homem que abusou das faculdades genésicas,
arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de uniões
construtivas e lares diversos, em muitos casos é induzido a buscar nova
posição, no renascimento físico, em corpo morfologicamente feminino,
aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos, e a
mulher que agiu de igual modo...um corpo morfologicamente masculino, com
idênticos fins.42

Acreditam ainda, os kardecistas, que há casos em que espíritos cultos

e sensíveis, rogam aos Instrutores da Vida Maior para retornarem em vestes

carnais opostas à estrutura psicológica transitória que se definem, com intuito de

auxiliar na elevação de si próprios e de agrupamentos humanos. Essa visão de

aperfeiçoamento é compartilhada por praticamente todas as religiões que tem a

reencarnação como crença comum, especialmente, as orientais: Hinduísmo,


42
GABILAN, Francisco A. Macho, Fêmea, etc..., p. 19,20
70

Budismo, Hare Krishna. Assim, para estudiosos espíritas, a homossexualidade é

uma distonia pretérita, que deriva de forças deformadoras da própria alma –

respostas cármicas de um passado tortuoso.

O Vaticano, centro do catolicismo romano, a despeito dos incontáveis

escândalos de pedofilia e homossexualismo envolvendo padres, bispos,

arcebispos, tem se posicionado contra tal prática, e contrário a ordenação de

clérigos gays. O catolicismo distingue entre tendência homossexual

(homossexualidade) – que seria uma paixão ou apetite desordenado desviante

causado por defeitos genéticos, de educação ou fatores psicológicos e morais; e a

prática homossexual (homossexualismo) – manter relações sexuais com pessoas

do mesmo sexo, o que constitui pecado abominável perante Deus e é herança do

pecado original. O Cônego José Luiz Marinho Villac, afirma que aqueles que:

fazem de sua homossexualidade uma bandeira para a qual pedem o


reconhecimento da sociedade, de modo arrogante, petulante e agressivo,
exigindo que suas práticas obscenas, execráveis e anti-naturais sejam
reconhecidas como um comportamento normal, sadio e legítimo...devem
merecer dos católicos o repúdio votado a todos os pecadores públicos e
insolentes, que se declaram ou se comportam como inimigos de Deus e de Sua
Santa Lei.43

Na visão cristã protestante e evangélica, o homossexualismo seria

conseqüência do pecado original, e ainda, induzido por influência satânica na vida

do indivíduo, quer homem ou mulher. Justificam tal postura com base na Bíblia

Sagrada, em passagens como Gn 19; Lv 20.13; Rm 1.21-27; 1ª Co 6.9-11, etc.

uma pesquisa de campo, realizada nos meses de outubro/novembro/2005., em


43
www.psique.org
71

igrejas protestantes históricas e evangélicas da zona oeste do Rio de Janeiro,

especialmente, o bairro de Bangu, demonstrou que cerca de 60% dos membros

dessas igrejas cristãs consideram o homossexualismo como resultante de

demonismo, ou seja, o homossexual seria um indivíduo possuído por forças do

mal,maus espíritos. Entre os líderes dessas igrejas, 75% dos pastores

responderam ser o demonismo a principal causa da homossexualidade, tendo

50% acrescentado traumas de infância ao fator principal. Quando questionados

sobre o que fazer com um membro da igreja que admita ser homossexual e que

peça ajuda, 90% afirmaram que auxiliariam, na forma de aconselhamento

pastoral. Apenas 10% disseram que excluiriam o membro homossexual. Esses

dados demonstram preocupação e ao mesmo tempo otimismo, parecendo haver

uma luz logo ali adiante.

O pastor Raymundo João de Santana, presidente da Assembléia de

Deus no Rio Grande do Norte afirmou que “não somos contra ninguém e nem

temos preconceitos contra homossexuais. Jesus nunca preteriu as pessoas”.44 O

pastor Mário de Carvalho, da Igreja Evangélica Assembléia de Deus do Jardim

Cachoeira, zona norte da região de São Paulo pensa que “o homossexualismo

precisa ser combatido porque é uma doença que pode ter inclusive, causas

espirituais.”45

No livro “Restaurando a Identidade”, Lori Rentzel, conta que foi liberta

de 10 demônios do homossexualismo, tendo ficado totalmente livre. Experiência

semelhante viveu Mário Bergner, que em “Amor Restaurado”, declara ter sido

44
Jornal Tribuna do Norte. 24 de Ago/2003.
45
Revista Eclésia. Ago/2001, p. 35
72

perdoado de seus pecados, batizado no Espírito Santo e liberto de uma

manifestação de demônios que residiam em seu corpo devido ao pecado. Edson

Carneiro, em seu livro “Candomblés da Bahia”, afirma que o candomblé leva

muitas pessoas para o homossexualismo. Ele declara que “é difícil esses

efeminados não serem cavalos de Yansã, orixá que geralmente se manifesta em

mulheres inquietas, de grande vida sexual, que se entregam a todos os homens

que encontram”46 A base para tal afirmação está no fato de que alguns deuses do

candomblé são macho e fêmea ao mesmo tempo, e assim, influenciariam os

adeptos. O babalorixá Fernando Khouri, diz que não sabemos os “porquês” de

Deus quanto à homossexualidade, e, acrescenta que :

No candomblé, se condenarmos a homossexualidade, condenaríamos os


nossos deuses. Logunedé, filho de Oxum com Oxossi, reúne em si as
características sexuais de seus pais. Ele é uma divindade andrógena; Oxumaré,
por ser uma serpente sagrada, pode ser macho e fêmea; Oxalá, o pai de todos
os deuses, veste-se sempre de mulher...se entre os deuses há ambigüidade
sexual ou com probabilidade frágil, não seremos nós que vamos exigir
padronização heterossexualidade dos nossos irmãos.47

O antropólogo Luiz Mott, líder do Grupo Gay Atobá da Bahia, afirma que Logun-

Ede e Oxumaré são metade do ano macho e a outra metade fêmea.

Bem, independente do que dizem a Psicanálise, a genética ou as

religiões, uma pesquisa entre brasileiros constatou que: 33% - afirmaram ser a

homossexualidade um problema psicológico adquirido na infância ou

adolescência; 10% - responderam que é uma doença; 1% - que seria safadeza;

25% - que poderia ser genético; e 19% - que se trata de opção do indivíduo. Só

uma certeza podemos ter: a homossexualidade, em todas as suas manifestações

46
Revista Defesa da Fé. Mai/2000, p. 54
47
www.riodasostras.com.br/fernadokhouri
73

– sodomia, lesbianismo, travestismo, bissexualismo, pederastia; etc, é

conseqüência ou resultado da interação de múltiplos fatores, sejam psicológicos,

culturais, biológicos, espirituais,etc; que acometem o ser humano, produzindo

confusão de identidade de gênero e deformação em sua sexualidade.

A TIRANIA DA MINORIA

Embora, a comunidade homossexual organizada de todo mundo,

insista no discurso de que os homossexuais são vítimas indefesas e como tal

carecem de ajuda, tal afirmação não representa a verdade por vários fatores,

como: Pressão política e psicológica, perseguições e agressões contra os

“homofóbicos”, e sua luta para destruir a família.

No início de sua organização, os homossexuais adotaram três verbos ou

palavras de ordem: “sair” do quarto, “formar” alianças e “confrontar” todos que se

mostrarem contra sua causa. Em pouco tempo, surgiram grupos formados de

indivíduos de todas as camadas da sociedade. Em 1973, a Associação Americana

de Psiquiatria (APA), retirou o homossexualismo do CID -10 (Código Internacional

de Doenças), onde até então o mesmo era classificado, junto com pedofilia,

sadomasoquismo, voyeurismo, exibicionismo, como distúrbio ou doença mental e

comportamental. A APA vinha sofrendo pressão através de protestos incansáveis

desde 1968, por parte de grupos gays, e, este episódio, foi o primeiro na história,

em que uma doença deixou de ser assim classificada sem que houvesse

comprovação científica para tomada desta decisão. Desde então, os


74

homossexuais têm se infiltrado em várias organizações políticas, órgãos

governamentais,educacionais,etc; e conquistado benefícios em prol de sua causa.

Se no passado, os homossexuais eram reprimidos pela

sociedade, hoje, aqueles que se opõem à prática homossexual, por princípios

morais e religiosos, é que estão sendo reprimidos por eles e pelos simpatizantes

de sua causa. Em 1994, e ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), que tem

um projeto de lei tramitando no Congresso Nacional a favor da união civil de

homossexuais, afirmou que produtos e programas que ofendem os homossexuais

deveriam ser boicotados, que nossas crianças e adolescentes têm que aprender

sobre a homossexualidade, etc. Em 1995, foi fundada a Associação Brasileira de

Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT), que hoje já reúne 170 grupos de todo país.

No ano de 2005, Luiz Roberto Gambine Moreira, que passou por cirurgia para

mudança de sexo em 1989, conseguiu da justiça brasileira autorização para

mudar seu nome para Roberta Close. Cerca de 77 cidades brasileiras já adotaram

leis contra o preconceito aos homossexuais. Em Juiz de Fora (MG), foi aprovado

pela Câmara Municipal um Projeto de Lei, do vereador Paulo Rogério dos Santos,

cujo texto foi elaborado com auxílio de militantes do movimento gay de Minas

Gerais, que garante troca de beijos e carícias aos homossexuais em locais

públicos, havendo multas previstas para quem os incomodar. Paulo Rogério diz

que “não queremos dar aos homossexuais nenhum privilégio...Estamos apenas

garantindo a eles aquilo a que qualquer outra pessoa tem direito”.48

Em 1998, tínhamos em todo país um total de 24 homossexuais

disputando vagas nas Câmaras de Vereadores dos 13 Estados da Federação.

48
Revista Veja. Mai/2000, p. 80
75

Outra estratégia, pela qual o movimento gay organizado vem conquistando

espaço e a simpatia da sociedade, tem sido as passeatas ou paradas do orgulho

gay. O jornal Universo GLS de junho de 2004, em matéria intitulada “Luta pela

Igualdade” declara que as lideranças GLBT exercem pressão para mudar leis de

nosso país e afirma que:

Desde a primeira parada, em 1995, no Rio de Janeiro, até este ano, já são 42
cidades brasileiras que realizaram manifestações em defesa dos direitos de
gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais, reunindo mais de 3 milhões de
pessoas.49

O número de participantes tem crescido a cada ano, como por

exemplos: Para Gay em Copacabana – RJ no ano de 2000 – 5000 participantes;

Parada Gay em Madureira – RJ, ano de 2001 – 1000 participantes; 2ª Parada Gay

de São Gonçalo, em 2005 – 2500 participantes; 9ª Parada Gay em Copacabana –

RJ, ano de 2004 – 100.000 participantes; 10ª Parada Gay de Copacabana – RJ,

ano de 2005 – 400.000 participantes; Parada Gay de São Paulo, ano de 2005 –

1,8 milhões de participantes.

A mídia televisiva, rádio, jornais, revistas, etc; têm sido cada vez mais

usados para desensibilizar as pessoas quanto ao equivocado estilo de vida gay.

Nos últimos anos, vários filmes e novelas têm sido produzidos com intento de

incutir na mente da população a idéia de que a homossexualidade é algo natural.

O Dr Samuel Fernandes M. Costa, em um artigo intitulado “Hollywood – dos

Machos aos Gays Bondosos”, afirma que “...um aspecto cada vez mais freqüente

nos filmes de Hollywood lançados a partir de 1990 é a crescente participação de

casais gays”.50 Segundo o Dr. Samuel, os filmes atuais apresentam o


49
Jornal Universo GLS. Jun/2004
50
www.chamada.com.br
76

homossexual como um líder simpático, compreensivo, sábio, humano e com

entendimento sobre o amor muito maior do que o dos heterossexuais. Como

exemplo, cita “Garotos de Programa” (1991), “O Padre” (1994), “A Gaiola das

Loucas” (1996), “Melhor é Impossível” (1997), “Perseguindo Amy” (1997), “Doce

Novembro” (2001), etc.(diversos desses não são de Hollywood).

No Brasil, desde 1975, o homossexualismo invadiu o lar de milhares

de famílias, através de algumas emissoras de televisão, em especial, da Rede

Globo de televisão, com a novela “O Rebu”, onde o personagem Conrad

(Ziembinski) mata a namorada de seu garoto – Cauã, devido ciúmes deste. Daí

em diante, a mensagem homossexual continuou presente na Globo, como segue:

“Malu Mulher” (1979), “Brilhante” (1981/1982), “Um Sonho a Mais” (1985), “Mico

Preto” (1990), “O portador” ( 1991), “Pedra Sobre Pedra” (1992), “A Próxima

Vítima” (1995), “Torre de Babel” (1998), “Suave Veneno” (1999), “Senhora do

Destino” (2004), “A lua Me Disse” (2005), “América” (2005) e “Belíssima” (2006). O

ponto culminante na televisão, ocorreu no programa Big Brother Brasil 5, onde o

professor baiano Jean Willis, venceu a final com 22 milhões de votos – 55% do

total, conquistando o prêmio de um milhão de reais. Só na primeira manifestação

de preconceito sofrida por Jean, gays de várias partes do país, mandaram 14 mil

e-mails de apoio ao professor. No programa “Altas Horas”, transmitido pela Rede

Globo aos domingos de madrugada, Jean Willis, afirmou que no início do BBB5,

ficava na casa de um lado para o outro como um cachorro sarnento, querendo

apenas atenção, e que sua participação no BBB5 havia sido ajustada aos

interesses da militância homossexual como forma de alavancar a causa gay pois


77

que o programa terminaria próximo da época das paradas do Orgulho Gay no

país. Mais uma vez, o estereótipo de homossexual vitimado, coitadinho e

bonzinho, conseguiu seduzir o público em grande escala.

Em 1978, surgiu Lampião, o primeiro jornal gay brasileiro, e a partir de

então, dezenas de publicações têm aparecido, como segue: “Jornal Universo

GLS”, “Revista G Magazine”, “Sui Generis”, “Homens”, “Sodoma”,

“Homossexualidade Uma História (1999), O Que A Bíblia Realmente Diz Sobre A

Homossexualidade (1998), Astrologia e Homossexualidade (1998),etc. Temos,

atualmente, um “rentável” público gay, e há bares, saunas, points, sites, Ongs,

associações,etc; todos voltados só para eles. Por exemplo: Blue Angel, Bofetada,

Redutoo, Rainbow, Fever, La Cueva, La Girl, Lê Boy, Astral, Atobá, Gai, etc.

Quanto à intolerância daqueles que não querem ser discriminados,

muitos são os exemplos que mostram o contrário da imagem passada pelos meios

de comunicação sobre os homossexuais. Violência, suicídio, ódio e discriminação,

para com os de fora, e entre eles mesmos, têm sido uma constante por parte de

muitos homossexuais, para com aqueles que não concordam com sua prática e

que ousam se expressarem. Michael Swift, conhecido como o “gay

revolucionário”, que chocou o Congresso Americano em 1987, declarou que:

Iremos sodomizar seus filhos...vamos seduzi-los nos seus colégios, nos seus
dormitórios, nos seus ginásios esportivos, nos seus vestiários, nas suas
quadras, nos seus seminários, nos seus grupos de jovens, nos banheiros de
seus cinemas...nas suas Câmaras do Congresso, onde estiverem homens juntos
com homens...seus filhos serão recriados à nossa imagem. Virão a ansiar por
nós e a nos adorar...Mulheres, vocês dizem que não estão mais satisfeitas com
os homens; eles as fazem infelizes... nós tiraremos seus homens de vocês. Nós
os divertiremos, os instruiremos e os abraçaremos quando
chorarem...Escreveremos poemas sobre amor entre homens; exibiremos peças
teatrais onde um homem afaga carinhosamente outro homem; faremos filmes
sobre o amor entre homens heróis que substituirão o amor heterossexual juvenil,
insípido, sentimental, superficial e barato que atualmente domina e enlouquece
78

suas telas de cinema...A união familiar será abolida...Meninos perfeitos


conceberão e crescerão em laboratórios genéticos...todas as igrejas que nos
condenam serão fechadas. Nossos únicos deuses serão moços
bonitos...Demonstraremos que homossexualidade, inteligência e imaginação
estão inextrincavelmente ligadas, e que a homossexualidade é um requisito da
nobreza verdadeira, da beleza verdadeira em um homem...Nós também somos
capazes de disparar armas de fogo...na revolução final...trema, hetero suíno,
quando aparecermos diante de você sem nossas máscaras.51

Vejamos agora, alguns exemplos específicos da intolerância

homossexual:

* Especialista sob acusação

O psicólogo cristão, Dr. John Jeffrey, deu parecer favorável para uma

mãe que disputava a guarda de uma criança. Como resultado, o pai da criança,

que é homossexual, juntamente com outros ativistas gays, moveram 36 processos

no Conselho Regional de Psicologia com intuito de cassar a licença do psicólogo.

Por ter sua reputação abalada, o profissional foi suspenso de alguns locais de

trabalho.

* Professora ameaçada

A professora de Estudos Éticos e Legais da Universidade Estadual do

Arizona, Marianne Moody Jening, teve o pneu de seu carro furado e recebeu

várias ameaças e cartas com mensagens cheias de ódio, e isso, somente após ter

publicado um artigo, onde a mesma se opõe ao casamento de pessoas do mesmo

51
www.chamada.com.br
79

sexo. Um ativista, numa só página da carta, lhe chamava de homófoba dezenove

vezes.

* Gays tentam remover redator universitário

...Em 1985...eu escrevia uma coluna chamada O Engano Homossexual. Nela,


eu dava orientações aos estudantes que tentavam encontrar a própria
identidade sexual. Aconselhava-os a fugir de um estilo de vida que os levaria a
destruição, tanto do corpo quanto da alma. Além das ameaças, palavrões e
tentativas fracassadas de me perseguirem, colocaram meu nome e meu número
de telefone nos banheiros usados pelos gays da cidade de Tempe...no país
inteiro, os gays profanaram igrejas, impedem pessoas de assistirem aos cultos,
realizam desfiles com nudez e atividade sexual aos olhos do público. Interferem
também na política. Causam tumulto, quando um projeto de lei que concede
direitos civis para gays é vetado por um governador.52

O filósofo Olavo de Carvalho, que escreve para o jornal O Globo aos

sábados, na seção “Opinião”, pensa que aquilo que alguns gostam, outros podem

não gostar. Todos têm a liberdade de achar ruim aquilo que outros pensam ser

bom. Quanto a discriminação que os homossexuais tanto se queixam,

dependendo de onde venha, pode ser algo banal, sem importância. Olavo de

Carvalho, cita as seguintes palavras, colhidas de um site gay: “Um nojo. Uma

aberração. Me dá vômito. Por que não vão fazer isso em outro lugar? Não vim

aqui para ver uma coisa dessas”.53

Tais palavras, longe de terem saído dos lábios de religiosos, neonazistas,

homofóbicos, etc; foram pronunciadas por homossexuais contra travestis e

transsexuais que queriam adentrar em uma sauna gay.

Em relação ao HIV entre os homossexuais, um dos voluntários de um

projeto do Ministério da Saúde, admite: “Minha cabeça entra na onda também;

52
SEVERO, Júlio. O Movimento Homossexual, p. 33,34
53
Jornal O Globo. 24 Jul/2004
80

digo: Nossa, tão bonito, mas é soropositivo”.54 Outro assinala que “numa festa

particular, todos cochicham: Esse cara tem AIDS, e a pessoa, rejeitada, sai

inteiramente desnorteada”.55

O pastor Júlio Severo, diz que tem sofrido constante perseguição por

parte de ativistas gays. O mesmo ocorre com João Luiz Santolim – líder do

MOSES (Movimento Pela Sexualidade Sadia), Rosângela Justino – psicóloga e

fundadora da Associação Brasileira de Apoio aos que voluntariamente desejam

deixar a homossexualidade (ABRACEH), entre outros. As evidências demonstram

que os homossexuais também são preconceituosos, discriminadores e até

assassinos. Um estudo mostrou que entre 518 assassinatos com ênfase sexual,

350 vítimas (68%) foram atacadas e mortas por homossexuais. Dos 43

assassinos, 19 (44%), se constituíam de bissexuais ou homossexuais.

De todas as partes da sociedade que o movimento gay tem atacado,

induzido, pressionado, nenhum outro tem sido alvo de tantas reivindicações e

desrespeito quanto à família. Os homossexuais querem ter direitos a casarem-se,

adotar filhos, herança, benefício do INSS, etc.

Nos EUA, o presidente George W. Bush, preparou uma emenda

constitucional contra o casamento de homossexuais, sem contudo, intervir na

união civil entre eles. Somente em alguns Estados há permissão para união civil,

como: Havaí, Massachusetts, Vermont, Connecticut, etc. Na Europa, vários países

permitem a parceria civil ou algo similar. Por exemplo: Dinamarca (1989) - foi o

primeiro país a permitir a parceria; Noruega, Suécia, Islândia (1996), Finlândia


54
www.aids.gov.br
55
www.aids.gov.br
81

(2002); Holanda (2001) – tendo permitido adoção de filhos em 2002; Espanha

(2005) – legalizou o casamento e adoção ; Luxemburgo (2004); Suíça (2005);

Grã-Bretanha (2005); Croácia (2003);etc. Na América Latina, temos como

exemplos: Buenos Aires e Rio Negro, na Argentina, onde os casais GLS têm

direitos iguais aos demais. Só a Itália possui 100 mil filhos de pais homossexuais,

segundo pesquisa da Associação Homossexual Italiana e Instituto Superior de

Saúde.

Quando se propõe tal união, é a instituição família, que segundo as

Escrituras Sagradas, é projeto de Deus (Gn 2.18-25), que está sendo ameaçada.

Não existem ainda, pesquisas claras e consistentes, que avaliem o impacto que

as crianças teriam em sua formação psicossexual e emocional, quando criados

num lar onde ambos os referenciais são do mesmo sexo. Um fato é certo, como

célula mater da sociedade, a família, ainda sofrerá muitos ataques, pois a

militância homossexual não irá parar enquanto não “homossexualizar” toda

população, criando uma “Nova Grécia”, onde as mulheres são apenas

procriadoras, sabedoria e instintos bestiais caminham juntos, meninos são

sodomizados e não há limites para perversões.


82

- TERCEIRA PARTE -

BÍBLIA E A HOMOSSEXUALIDADE
83

A BÍBLIA E A HOMOSSEXUALIDADE

Antes de examinarmos pormenorizadamente as passagens bíblicas

sobre a homossexualidade, é preciso vermos, de maneira breve, o que as

Sagradas Escrituras ensinam sobre o homem, o pecado e a salvação. Nossa

consciência sobre nós mesmos, sobre o mal e o que seria “salvação”, é em última

análise o que irá nos capacitar a reagir de determinada maneira ou não, frente aos

desafios de uma sociedade cada vez mais relativista, onde não há verdade

absoluta e nem valores. Se não existe mais certo e errado, mais cada um tem sua

verdade, logo, não há mais limites para aquilo que os homens poderão fazer. Isso

vale, é claro, para qualquer aspecto de sua vida.

O Homem

Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, o homem é

“qualquer indivíduo da espécie animal que apresenta o maior grau de

complexidade na escala evolutiva, o ser humano...”56

Para os gregos, o homem era a criatura mais perfeita do universo e o

centro de todas as coisas – antropocentrismo. De acordo com as religiões

orientais, o homem possui dentro de si uma “centelha divina”, que uma vez

despertada leva o ser humano à auto-realização e conhecimento pleno de si

56
FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Mini Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, p. 367
84

mesmo. Segundo a crença evolucionista, o ser humano é oriundo de animais

inferiores por um processo de seleção natural. Charles Darwin, afirmava que sua

teoria baseava-se na transmissão de caracteres adquiridos, porém, foi constatado

por Weissmann que tais caracteres não podem ser herdados. As espécies são

imutáveis, e não há prova alguma, científica, de que grupos de animais tenham

sido originados através de seleção natural. A Embriologia, a Morfologia e a

Geologia, não lograram êxito em provar até agora que uma espécie pode

realmente se transformar em outra. Características, como originalidade,

universalidade e imutabilidade estão geralmente presentes nas espécies animais

e vegetais. Historicamente, todas as espécies já conhecidas são hoje, exatamente

o que sempre foram até onde podemos retroceder. Ocorre que, jamais se

encontrou qualquer evidência de transmutação, elo algum de transição entre as

espécies se descobriu em lugar algum.

Ou os híbridos nascem da união de duas espécies distintas, que uma vez unidas
logo se tornam estéreis, ou se unem a um dos troncos primários e logo retornam
a esse tipo – em nenhum caso se dá o que pode se chamar uma nova espécie,
ou seja, uma espécie intermediária57

As Escrituras Sagradas declaram que Deus criou o homem (Gn 1.

26,27), sendo seu corpo formado do pó da terra e sua essência imaterial provindo

da própria divindade (Gn 2.7; Jó 33.4). Tal origem, transmite ao homem dignidade

de ser e o torna responsável, estabelecendo o fundamento para um “...sistema

racional de ética e redenção”.58

O homem, então, teria sido criado perfeito, inteligente e racional, com

liberdade de escolha e já em estado adulto. Tal visão, invalida a tese de alguns


57
THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática, p. 150
58
HODGE, Charles. Teologia Sistemática, p. 543
85

céticos que pensam que o estado original da raça humana teria sido de

barbarismo, que aos poucos evoluiu até chegar no que somos hoje. O fato de a

Arqueologia encontrar registros escritos e monumentos que explicam a existência

de nações altamente civilizadas nos períodos mais antigos de nossa história,

demonstra que o homem é um ser singular, cuja existência exige um propósito

mais elevado do que a maioria dos indivíduos imagina.

A imago dei

As palavras hebraicas tselem e demuth, referem-se respectivamente a

imagem funcional e semelhanças visuais, estruturais e auditivas. Entrementes, é

preciso deixar claro que essa imagem não era física, pois Deus, de acordo com as

Escrituras, é espírito, não sendo, constituído de partes como o homem. As

expressões bíblicas como: “dedo de Deus”, “braço de Deus”, etc; são

antropomorfismos, figura de linguagem usada para facilitar o entendimento dos

homens sobre a natureza, caráter e amor de Deus. A semelhança então, seria

intelectual, moral e social. Essencialmente, razão, vontade e consciência

caracterizam o espírito, e foi assim que Deus, segundo as Escrituras Sagradas,

dotou o homem ao criá-lo, com atributos de Sua própria natureza espiritual. Deste

ponto, se depreende que se não fôssemos imagem e semelhança de Deus, jamais

poderíamos conhecê-lo, e não teríamos diferença significativa em relação aos

irracionais.

Outro aspecto moral recebeu apoio dos teólogos reformados, para os

quais o homem fora criado em retidão e justiça como também verdadeira

santidade (Gn 1.31; Ef 4.24). Assim, originalmente, o homem teve uma tendência
86

e vontade direcionada para conhecer a Deus e Seu propósito, mesmo estando

presente a possibilidade de optar pelo mal. Mesmo afastado de Deus, todo

indivíduo possui uma lei moral ou natural inscrita dentro de si. Um estudo

comparativo feito por C.S.Lewis, demonstrou que as civilizações antigas já

possuíam essa noção moral em suas mentes. Os códigos morais escritos de

egípcios, hindus, chineses, babilônicos, gregos, romanos,etc; se parecem em

grande escala entre si e com os atuais. Essa moralidade, ausente dos irracionais,

é peculiaridade dos homens como privilégio dado por Deus.

Com respeito ao aspecto social, as Escrituras Sagradas mostram que

Deus é um ser social, que descobre os objetos de seu amor na Santa Trindade.

Ele é antes de todas as coisas e Nele nunca houve solidão. O homem recebeu do

criador uma companheira, e o próprio Deus o visitava, o assistia todos os dias no

Éden (Gn 3.8). O pouco amor humano que ainda vemos e ações sociais que o

expressa originam-se desse aspecto presente na constituição humana, apesar da

queda. Segundo Timothy Munyon, “Deus nos tem dado graciosamente aquilo que

necessitamos para cumprir o Seu propósito na nossa vida: conhecer, amar e

servir a Ele”59

De acordo com Millard, o homem hoje se encontra numa condição de

anormalidade, ou seja, não somos, conforme a descrição bíblica, seres humanos

verdadeiros. Somente Adão e Eva, antes do pecado e queda, o eram, e, apenas

Jesus o foi, durante todo tempo de sua encarnação. Após a entrada do pecado na

realidade humana, todos se tornaram apenas cópias deformadas, corrompidas e

59
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática, p. 260
87

degradadas daquela humanidade original que Deus havia dotado o primeiro casal.

É sobre isso que refletiremos a seguir.

O Mal na História Humana

Os dicionaristas costumam definir o pecado como violação de um

preceito religioso, uma falta ou culpa, porém, teologicamente, ele é muito mais

complexo que isso. A existência do mal no universo é um problema em que

filósofos e teólogos têm se debruçado ao longo da história do homem. Maniqueus,

gnósticos e marcionistas, por exemplo, viam o mal como uma substância presente

no universo como um todo e também na composição de ser humano. Ele seria

uma matéria eterna sempre em conflito como o bem. Tal visão esbarra no ensino

escriturístico de que somente Deus é eterno e a matéria criação Sua. Deixa ainda,

explicitado que o corpo do homem é mal em essência e assim, seria uma prisão e

exerceria influência maléfica sobre nós, posição esta, também ausente nas

Escrituras. Alguns há, que o considera simplesmente imitação do ser, uma

carência de virtude ou debilidade em que a distinção entre bem e mal, é apenas

quantitativa, a divindade seria a soma de tudo que existe, inclusive do mal. Essa

visão panteísta, na verdade, não elucida a diferença entre mal metafísico e mau

moral acabando por negar a existência do pecado, e não explicá-lo. Ao negar o

pecado, acaba com o sentimento de dever moral, dando ao homem liberdade sem

limites de entregar-se a todas as paixões nocivas. Temos ainda, a teoria da

privação, o antagonismo necessário, Teoria Sensorial, etc.; como tentativa de

explicar o mal na existência humana.


88

Para entendermos esta questão, é necessário que saibamos ser a lei

expressão da vontade exercida pelo poder, logo, implicando na existência do

legislador ou sujeito que a determinou. Thiessen afirma, quanto à lei divina, que

pode ser elementar e positiva, estando à primeira arraigada aos elementos e

forças de todas as criaturas racionais e irracionais, dando a ordem física “...uma

constância apenas relativa, às vezes, Deus a suplementa através de um milagre” 60

Positivamente, a lei seria Deus expressando Seu querer em ordenanças públicas,

sendo constituída de Seus preceitos morais, como: Os dez mandamentos (Êx

20.1-17), e a ética do reino (Mt 5-7). Abrange ainda, toda legislação cerimonial –

ofertas, pureza, sacerdócio, porém, não foi dado como meio pelo qual o ser

humano fosse salvo, pois sendo escravo de seu próprio ego, é impossível a este

cumprir toda a lei e ser justificado. Seu papel foi então o de conceder ao homem

o entendimento mais pleno do próprio pecado, revelando ainda, a santidade divina

e trazendo para o pecador a consciência de sua necessidade do Cristo. Quanto

melhores os homens tentam ser, por fim, só terminam percebendo o quanto são

ruins e incapazes de cumprirem as elevadas exigências do Supremo Legislador.

Entrementes, o homem foi criado bom e mesmo após a queda e conseqüente

expulsão do Éden, permaneceu com um senso de certo e errado dentro de si, que

alguns denominam de consciência. Tal senso, é privilégio apenas dos racionais,

atestando para toda humanidade a existência Daquele que a criou. C.S.Lewis,

chama esse código de Lei Moral ou Natural e afirma ser uma realidade que

ultrapassa o tempo e as culturas.

60
THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática, p. 167
89

As Escrituras Sagradas, afirmam ter entrado o mal na experiência

humana pela desobediência do primeiro casal no Éden (Gn 3), estando presente

nesse processo outro ser – Satanás, que em época imemorial teria juntamente

com outros seres angelicais, tentado usurpar a soberania divina (Is 14.12-15; Ez

28.11-19). Para nosso estudo, é importante salientar aqui o fato de que Adão e

Eva representavam à raça humana, tinham a capacidade de aceitar ou rejeitar a

proposta feita de tornarem-se como Deus (em deuses), e uma vez postos à prova

– que a Escritura traz como comer ou não determinado fruto, falharam

conscientemente, manifestando rebeldia contra seu criador e tendo como

conseqüência imediata vergonha e medo como emoções dominantes (Gn 2.25; 3.

7,10) para si mesmos e, ocasionando ainda, maldição para criação física (Gn

3.17; Rm 8.20), e da parte divina, a promulgação da sentença e seguida expulsão

do paraíso – aqui como figura do estar perto ou em comunicação com Deus, que é

a vida, em contraste com a morte – que agora passou a ser parte da experiência

humana, e representa a separação de Deus. Escrituristicamente, então, o pecado

seria uma falta de conformação, por ação ou omissão, com a moral divina,

manifestado em atos, pensamentos ou disposição. Thiessen, nos chama atenção

para o fato de que o ensino da queda do ser humano não ocorre só no

cristianismo, antes, todas as religiões contêm relatos similares na essência,

embora díspares no periférico, atestando que algo terrível ocorreu nos primórdios

da vida humana na terra. A moralidade divina, conforme vista no cristianismo,

ultrapassa em muito a visão do Ser Supremo, perpetrada nas demais religiões,

logo, eleva e intensifica extremamente a idéia de pecado. Berkhof, corrobora tal

idéia ao explicar que os pais da raça colocaram-se em oposição ao criador,


90

rejeitando a submissão a Sua vontade, tomando assim, nas próprias mãos o curso

e determinação de seu futuro. Eticamente, o contraste entre bem e mal é absoluto,

não havendo condição alguma de neutralidade entre ambos. Quando o homem,

que foi feito bom moralmente, pecou, não se tornou mal devido diminuição de sua

bondade, antes, houve uma mudança qualitativa e radical, uma transposição da

condição de pureza para a de pecado, da justiça para a injustiça. Bultmann,

esclarece que o pecado seria um afastar-se da divindade, que é o doador da vida,

voltando-se para a criação, acreditando obter a vida pelo desfrute do que é

terreno com poder e merecimento próprios. Essa independência do criador na

verdade tornaria o homem escravo do pecado e não senhor de si mesmo. O

apóstolo Paulo afirma que o pecado entrou no mundo – tornou-se parte da

experiência humana, pela desobediência de um só homem – Adão (Rm 5.19), e

que, o desenrolar do plano da redenção humana tornou-se possível pela

obediência de um só – Cristo. Assim, as Escrituras mostram que o pecado

obscurece o entendimento (Rm 1.31; 1ª Co 2.14; Ef 4.18),produz desígnios maus

(Gn 6.5,12; Rm 1.21), paixões infames, linguajar corrupto (Rm 1.26,27; Ef 4.29),

corrompe a mente e a consciência, pervertendo e escravizando a vontade (Rm

7.18,19; Tt 1.15). O N.T. afirma então, estarem os homens mortos em seus

pecados, isto é, destituídos daquela vida espiritual que possuíam antes da queda

(Ef 2.1,5; Cl 2.13). Alguns usam para tal visão o termo depravação, que seria a

ausência no homem da justiça original, corrupção moral e tendência para o mal,

além de nenhuma afeição para com Deus.

A CULPA
91

Originalmente, a relação existente entre o pecado e a justiça se

expressa na culpa. Na Língua Portuguesa um culpado é aquele que praticou ato

culposo, responsável e, está assim numa relação penal com a lei.

Teologicamente, Berkhof mostra que se pode vê-la em dois sentidos: potencial –

que é parte essencial do pecado e inseparável deste. A justificação em Cristo e o

perdão não a removem, uma vez que, nossas ações erradas, pecaminosas são

merecedoras de males e cada um responde por si mesmo (Lm 3.39); e habitual –

no qual se enfatiza o merecimento de punição, de saciar a justiça divina pela

transgressão da lei. Aqui a culpa não é parte essencial do pecado, antes, se

relaciona com a sanção penal exigida pela lei, e, torna-se possível removê-la

satisfazendo-se a justiça de forma pessoal ou vicária, isto é, pode ser assumida

por outra pessoa (2ª Co 5.19). Aqui, Thiessen, adverti-nos que a condenação

divina é revelada de forma parcial e profética por meio da consciência (Rm 2.15;

1ª Jo 3.20), e havendo insistência e avanço nas transgressões, a sensibilidade de

discernir e o sentimento moral diminuem (1ª Tm 4.2). Lewis argumentou que em

todas as culturas, mesmo pagãs, o ser humano nunca deixou de ter ciência de

uma lei moral e de sua incapacidade de viver em conformidade com ela. Para ele,

o homem atual perdeu essa sensibilidade, aceitando o viver nada civilizado –

cheio de mentiras, inveja, falta de castidade, homicídios, roubos, etc. Ao pecar,

todo indivíduo sente sua consciência, que se colocou na contramão em relação a

algum poder superior ou divindade. Como na colisão com uma rocha, nada de

proveitoso restará de um veículo que possibilite seu uso adequado para o fim para

o qual foi feito, por essa analogia, entendemos que a revelia de Deus e dominado

pelo pecado, o homem não logra êxito em viver aquela vida para a qual foi criado
92

por Deus. Ele quer a paz, a felicidade e o contentamento, e até tem se

empenhado em certos momentos para encontrá-los, porém, como os fins não

justificam os meios, tudo o que tem colhido é falsa paz, frustrações, depressão,

derrota, culpa e um crescente afastar-se da divindade, uma vez que Esta veio ao

encontro da humanidade em Cristo (Jo 3.16), e, só nos aceita em Seus termos,

não nos nossos. Parafraseando Santo Agostinho, Tu nos formas-te para Ti, e

nossa alma não descansará, enquanto não encontrar repouso em Ti.

O teimar em viver a parte da divindade, se constitui em rebeldia, assim

como transgressão – ir além dos limites postos por Deus; erro – não levar em

conta o que é certo; desobediência – não se dispor, nem permitir ser conduzido

pela verdade; e incredulidade – recusa em confiar em Deus a despeito das

evidências.

A Punição: Natureza e Intenção

Punição, deriva do latim poena e significa expiação, pena, etc. A

mesma está condicionada a prática de algum mal praticado por um ser vivo ou

indivíduo. Muitos estudiosos a definem de forma mais específica como dor ou

perda provocada por um legislador quer vindica Sua justiça que outrora fora

ultrajada por violação da lei. Esse aspecto retributivo é visto por alguns como

primitivo, cruel, hostil e vingativo, o que seria impróprio quando aplicado a um

Deus amoroso e paterno. Tal dificuldade tem sua origem na incompreensão

humana em perceber plenamente que dentre outros atributos, estão presentes na

divindade amor e misericórdia, assim como, justiça e santidade. Sendo santo,

Deus exige santidade e justiça do ser racional que criou – o homem, e isso em
93

todo seu viver. A disciplina é oriunda do amor e visa um fim proveitoso (Jr 10.24;

Hb 12.6), enquanto a punição procede da justiça sem intencionar a reforma do

pecador (Ez 28.22; Ap 15.1,4). As Escrituras Sagradas mostram que Deus ama e

corrige o Seu povo (Jó 5.17; Sl 94.12; Is 26.16; Hb 12.5-8), e que aborrece e pune

aqueles que obram o mal (Sl 5.5; Na 1.2; Hb 10.26,27). Como castigo efetivo do

pecado, temos: a morte espiritual, física e eterna, além dos sofrimentos.

Segundo as Escrituras Sagradas, no Éden a divindade vaticinou que a

morte seria o resultado da desobediência do homem (Gn 2.17; 3.1-24). É

demonstrado ainda que, essa morte é essencialmente a separação entre Deus e o

homem.

Espiritualmente, o homem natural já está morto, carrega consigo a

sensação de estar sujeito ao castigo, sentindo culpa e medo da punição. Uma vez

que, somente em perfeita comunhão com Deus o homem pode ter vida de

verdade, o oposto disso – a rebelião, é estar morto (Mt 8.22, 22.32; Jo 10.10).

Thiessen, assevera que como conseqüência da morte espiritual, o homem perdeu

a presença, o favor, o conhecimento e o desejo pela divindade (Sl 14.1-3; Rm 3.

10-12).

Fisicamente, as Escrituras mostram que a alma é separada do corpo

na morte, sendo este fato parte da pena devida ao pecado (Gn 3.19). Desde os

primórdios, o homem vê a morte como algo estranho, não natural e jamais a

aceitou. O apóstolo Paulo, deixa claro na epístola aos Romanos que o salário do

pecado é a morte (Rm 6.23). Entrementes, para os que estão em Cristo, à morte é

apenas a experiência de transposição desta realidade material para a espiritual,

onde gozará da presença divina (Rm 8.1,2; 2ª Co 5.8; Fp 1.21,23). Em seu


94

aspecto eterno, a morte separa a alma do seu criador para sempre, estando

associados a ela angústia de consciência e sofrimento (Mt 10.28; 25.41; Ap

14.11). Aquele que nascer só uma vez - nascimento físico, morrerá duas vezes –

morte física e eterna; o homem que nascer duas vezes - nascer fisicamente e

também espiritualmente em Cristo, morrerá apenas uma vez – a morte física (Jo

3; Gl 2.20; Ef 2.1).

Finalmente, como resultado do pecado, tanto o homem quanto o

restante da criação ficaram sujeitos à corrupção e ao sofrimento. Sua vontade não

aceita o juízo de seu intelecto, e as “...paixões se amotinam, sem o controle de

uma vontade inteligente.”61 O sofrimento resultante de doenças, enchentes,

terremotos, furacões, etc; fazem parte da penalidade imposta pelo pecado (Mt 24;

Lc 13.2-5). Uma vez que esse cosmos jaz no maligno e o ser humano é escravo

do pecado, torna-se necessário que um poder maior intervenha na história

humana para redimir o homem de volta para Deus. Foi justamente isso o que

ocorreu (2ª Co 5.19).

A Salvação

Segundo a Língua Portuguesa, a salvação é o ato ou efeito de salvar,

e, salvo, é aquele que foi livre de perigo ou morte, liberto, remido. Geralmente, o

ser humano que é salvo, o foi de algo, alguém ou alguma circunstância. Assim, é

comum ouvirmos as pessoas declararem, por exemplo, que foram salvas de um

incêndio pelos bombeiros, de um assaltante pela polícia, ou de uma dívida por

meio de um amigo, etc. Em todos esses casos, a “salvação” é algo real, imediato

61
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática, p. 261
95

e experiencial, sendo relatado por muitos como um nascer de novo, no sentido de

ter ganho a chance de continuar vivendo, viver diferente de agora em diante ou

simplesmente, o oposto daquilo que o perigo representou – a morte, a falência, a

tragédia, etc.

Para os teólogos, a salvação seria a aplicabilidade da obra realizada

por Jesus Cristo na vida do indivíduo que crê. Nesse processo, Deus seria o

sujeito e Seu povo o objeto, e, a cristologia teria uma relação íntima com a

soteriologia. Antes que o homem desobedecesse à ordem divina no Éden (Gn 3),

Deus sabia, de acordo com as Escrituras, que tal fato ocorreria, e, seu Filho

Unigênito – Jesus Cristo, já havia se oferecido para vir ao mundo resgatar o que

se havia perdido (Ap 13.8; Lc 19.10). Logo, nada passou despercebido pelo

criador, antes, todas as circunstâncias convergiam para realização de Seus

propósitos elevados que, a partir da queda, começou a ser posto em andamento

por meio de um plano – o da redenção (Gn 3.15).

Por ser extensa demais, abordaremos os pontos soteriológicos que

mais importam ao esclarecimento e progressão de nosso estudo.

* No Antigo Testamento

Nas escrituras hebraicas, temos diversas palavras referentes ao

conceito original geral de livramento ou salvação, tanto em seu aspecto natural,

jurídico e espiritual. O verbo “natsal” aparece mais de 200 vezes tendo o sentido

de livrar ou libertar (Êx 3.8; 2º Cr 32.17), e indica um livramento físico, individual

ou nacional. Vemos um sentido espiritual presente na prece de Davi para que

Deus o livre de suas transgressões (Sl 39.8), perdoando seus pecados. Já a raiz
96

“yasha’”, abundante nos Salmos, acrescenta o sentido de salvar, ajudar, conceder

a vitória (Êx 2.17; 14.30; Dt 20.4; Jr 17.14-18). O profeta Ezequiel, trata do

aspecto moral de “yasha’” (Ez 36.26,29; 37.23), mostrando hwhy Yahovah –

Jeová, como Aquele que concede um novo coração, livrando das imundícies e do

pecado, purificando Seu povo. Muitos estudiosos acreditam que em Gn 3.15,

considerado o protoevangelium, Deus anunciou pela primeira vez as boas novas

(Evangelho), de salvação, sendo o mal representado pela serpente e o bem,

presente na semente da mulher – expressão que significa que em um dado

momento da história humana, a divindade encarnaria, estaria entre os homens, e

os livraria da condenação do pecado (Is 7.14, 9.6; Mt 1.21). Ter o calcanhar ferido,

dizem os teólogos, significa que o livramento dos homens teria um preço, seria

conquistado com sacrifício e dor (Is 53; Mt 27.28).

* No Novo Testamento

O Novo testamento, emprega para obra de salvação realizada por

Cristo, a palavra grega swzw - sozo , que reflete idéias do Antigo Testamento,

como: salvar da morte, da doença, do domínio de demônios, etc. (Mt 8.25, 9.22;

Lc 8.36; 17.19). A igreja primitiva atribuía à qualidade de salvador somente a Deus

e a Jesus Cristo, embora o termo grego “sõtêr” fosse utilizado por gregos e

romanos em relação aos seus deuses, imperadores, etc. Segundo Daniel Pecota,

o grego swthria – soteria = salvação, ocorre 45 vezes em o Novo Testamento,


97

sendo quase todas com o sentido de salvação espiritual, que é “...a possessão

presente e futura de todos os crentes verdadeiros.”62

Atualmente, alguns acreditam que a dificuldade do ser humano ocorre

no âmbito horizontal, havendo carência de harmonia social. Outros pensadores,

optam pelo argumento de que o problema primário do homem, é interior,

caracterizado por sentimentos negativos, como: inferioridade, culpa, etc; que uma

vez tratados, levam ao ajustamento, auto-estima correta, auto-compreensão. A

tradição vê o problema como de âmbito vertical, no fato de que o homem está

separado de sua origem, de seu criador – Deus. Essa separação seria a causa

básica de todos os problemas humanos, e para que o homem fosse restaurado a

harmonia com o divino, era necessário que o próprio Deus agisse em seu favor. É

consenso entre a maior parte dos teólogos, que a iniciativa no processo de

salvação do homem é sempre, e primeiramente, da parte de Deus, cabendo ao

homem o papel de receber, aceitar a dádiva divina pela fé. Pela fé somente, o ser

humano apropria-se da obra efetuada por Jesus Cristo em seu favor (Ef 2.8,9). A

salvação, dentro de uma perspectiva bíblica cristã, compreenderia três aspectos

distintos, a saber: a justificação, a regeneração e a santificação.

Justificação aqui, quer dizer a ação divina com base na obra

satisfatória de Jesus no Calvário, mediante a qual Deus declara que o pecador

não mais será condenado, mas está livre da culpa de seus pecados e de suas

conseqüências eternas, sendo agora justo aos Seus olhos (Rm 5.1; 8.1,2). A

justificação, que ocorre quando o pecador crê em Jesus Cristo como seu único e

suficiente salvador, isenta tal indivíduo da condenação requerida pelo pecado.

62
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática, p. 338
98

A regeneração, que em Tito 3.5 significa uma renovação espiritual, é descrita

por Erickson Millard como uma transformação no rumo de vida, da tendência

pecaminosa para um anseio em viver na retidão, havendo mudança radical no

caráter e um derramar de poder espiritual da parte divina no interior do indivíduo.

Alguns denominam tal experiência de novo nascimento, afirmando que esta se dá

imediatamente na vida daquele que aceita a Cristo pela fé (Jo 3; 2ª Co 5.17).

Strong, assevera sobre essa questão que “...a união com Cristo logicamente

precede tanto a regeneração como a justificação; contudo, cronologicamente, o

momento da nossa união com Cristo é também o momento quando somos

regenerados e justificados...”63

No que concerne à santificação, quase todos os estudiosos

concordam ser a mesma uma continuidade da obra que Deus iniciou no crente na

conversão a Cristo, que o tornará realmente santo, separado para um propósito

especial. Tal processo consiste em uma mudança moral gradativa do homem até

a medida da estatura de Cristo (Ef 4.13; 1ª Pe 1.13-16). Separar, é o significado

básico de vdq - qodesh , do Antigo Testamento, e agiov - hagios , em o Novo

testamento. Thiessen afirma que a santificação geralmente significa um separar-

se para Deus, receber a santidade de Jesus Cristo, ser purificado do mau moral e

conformado a imagem de Jesus. A idéia do agir de acordo com sua vocação e

valor espiritual está presente na doutrina e se evidencia num viver em pureza e

bondade, separado daquilo que é mundano, impuro e dedicar-se para o serviço do

Senhor. A santificação em relação ao pecado é uma ação do Espírito de Deus na

vida do cristão que o torna isento do domínio do pecado. É uma obra progressiva,
63
STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática, Vol. 2, p. 494
99

de acordo com os estudiosos, que não termina nessa vida, que terá em seu clímax

a glorificação, a qual livrará o cristão da presença do pecado.

A conversão

De acordo com o DBA 64, a conversão é a mudança de vida operada

por Deus no ser humano, e que consiste em dois aspectos: primeiramente em

relação ao pecado – o arrependimento, e o segundo em relação a Jesus Cristo –

a fé. Millard a define como “o ato de deixar o pecado em arrependimento e voltar-

se para Cristo em fé”65 . Assim, fica claro que o arrependimento e a fé levam o ser

humano a justificação, e esta, a vida (Rm 5.17,18).

O Arrependimento

Embora alguns discordem, a maioria dos eruditos acredita ser o

arrependimento algo essencial no retorno do homem para o seu criador.

Asseveram que essa era a mensagem dos profetas veterotestamentários, foi o

ponto alto na pregação de João Batista e Jesus Cristo, dos apóstolos em geral e

de Pedro no Dia de Pentecostes (At 2.38, 3.19), estando ainda presente na

pregação paulina (At 20.21; 26.20). Para Thiessen, o arrependimento é interesse

do céu (Lc 15.7,10; 24.46,47), o fundamento maior (Mt 21.32; Hb 6.1) e algo

absolutamente necessário para que haja salvação (Lc 13.2-5). A palavra bwv -

shuwb , no Antigo Testamento, demonstra ser o arrependimento uma revolução

64
DBA – Dicionário da Bíblia de Almeida (SBB).
65
JR, Erickson Millard. Introdução à Teologia Sistemática, p. 393
100

interior que provoca um separar-se moral consciente, abandono do pecado e um

retorno para a comunhão com seu criador. No Novo testamento, os termos

metamelomai – metamelomai - sentimento de preocupação e pesar, e

metanoia - metanoia – pensar sobre algo, mudar de idéia, são aqueles que

indicam o significado do arrependimento bíblico. Essencialmente, o

arrependimento implica em uma mudança de mente. Rudolf Bultmann,

comentando a conversão de Saulo de Tarso (At 9), afirma que “...este é o sentido

de sua conversão: a renúncia à auto-compreensão que teve até então, isto é, a

renúncia àquilo que até então fora norma e sentido de sua vida, o sacrifício

daquilo que fora até então seu orgulho (Fp 3.4-7)”66

O arrependimento, conforme os estudiosos, possui três aspectos

distintos: 1º) Intelectual; 2º) Emotivo e, 3º) Volitivo. Em seu aspecto intelectual, o

arrependimento implica uma mudança de idéia tanto em relação ao pecado e a

Deus, quanto em relação ao próprio eu do indivíduo. Ocorre consciência da culpa

pessoal e de Deus como Aquele ser justo que requer de nós a retidão.

Já o âmbito emocional, caracteriza-se por tristeza e pesar pelo pecado

cometido contra um Deus bom e justo. Implica mudança de sentimento e um

desejo de perdão da parte de Deus.

Quanto ao aspecto volitivo, este se evidencia numa mudança de

propósitos em que o homem volta-se contra o pecado tendo a disposição mental

de agradar a Deus. O termo grego metanoia - metanóia – mudança de idéia,

de mente; é usado para explicar tal fato.

66
BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento, p. 243
101

Myer Pearlman, ilustra esses três aspectos da seguinte maneira: 1º)

Um viajante descobre que está no trem errado; tal conhecimento corresponde ao

âmbito intelectual. Aqui, o homem compreende, pela exposição do Evangelho que

não está em harmonia com Deus; 2º) Tal descoberta traz perturbação, ansiedade

e receio. Assim, surgem os sentimentos de culpa e de tristeza, por estar

ofendendo ao seu criador; e 3º) Na primeira chance que tem, o homem abandona

o trem errado e embarca naquele que vai em sentido oposto. Temos aqui, o lado

prático, a ação do pecador em dar meia volta e passar a caminhar em direção a

Deus. Arrependido, o pecador volta-se para Deus convertendo-se – lado humano,

e Este, lhe concede o novo nascimento – lado divino da conversão, capacitando-o

a produzir frutos dignos de arrependimento (Mt 3.8).

A Fé

Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a fé compreende

crença religiosa, dogmas e doutrinas de um culto, crença, confiança, etc.

Teologicamente, a fé é vista como confiança: em Deus, em Cristo e Sua obra

salvadora, com conseqüente aceitação de seus benefícios, e em Sua palavra (Mt

15.28; Mc 11.22-24; Rm 1.16,17). No Novo Testamento, as Escrituras Sagradas a

define como “...a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se

não vêem” (Hb 11.1). Sua importância é explicitada no fato das Escrituras

declararem que somos salvos, santificados, guardados do mundo, curados, etc;

pela fé (At 14.9; 16.31; At 26.18; Rm 5.1; 2ª Co 1.24; Ef 2.8; Tg 5.15; 1ª Pe 1.5; 1ª

Jo 5.4). É declarado ainda, ser a fé necessária para agradarmos a divindade

(Hb11.6), e que seu oposto, a incredulidade, é tida como pecado (Jo16.9; Rm


102

14.23). Assim, ela é um ato do coração, e como no arrependimento, a fé envolve o

intelecto (Ec 1.13; Dn 2.30), as emoções (Pv 4.23), e a vontade (Êx 35.29).

Em seu aspecto intelectual, a fé compreende reconhecer a revelação

divina da obra objetiva de salvação realizada por Jesus, uma crença histórica no

que diz a Escritura sobre a pecaminosidade humana e nossa dependência de

Cristo.

O assentimento à revelação do poder de Deus em dessedentar a alma

necessitada por meio da aplicação da redenção efetivada por Cristo, caracteriza

seu aspecto emocional.

Quanto ao elemento volitivo, ocorre uma rendição da alma ao senhorio

de Cristo. O coração rende-se totalmente a Deus e se apropria de Cristo como

seu salvador (Jo 1.12), recebendo perdão e vida de verdade (Jo 10.10). Embora

os três elementos estejam presentes na fé, para Strong, somente este último -

volitivo, é que produz a salvação. Bultmann, assevera que:

A atitude do ser humano, na qual recebe a dádiva da justiça de Deus, e na qual


se realiza nele o ato salvífico divino é a pistiv - [fé]...A pistiv como a
renúncia radical à obra, como obediente sujeição ao caminho da salvação
determinado por Deus, como a aceitação da cruz de Cristo...é o livre ato da
obediência, no qual se constitui o novo eu no lugar do velho...não é uma
“experiência emocional”...Ela não é – como o perfeito estado da alma – a própria
salvação, e sim – como a obediência autêntica – a condição para recebê-la.67

Essa fé para salvação, segundo as Escrituras, é dom de Deus (Rm

12.3; 2ª Pe 1.1), e tem como resultados diretos a segurança proveniente do

Espírito (Rm 8.16; 1ª Jo 4.13), a paz (Is 26.3; Rm 5.1), o descanso (Hb 4.3), o

gozo (1ª Pe 1.8) e as boas obras (Ef 2.10).

67
BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento, p. 383,385
103

ANÁLISE BÍBLICA DA HOMOSSEXUALIDADE

Antes de adentrarmos as referências Escriturísticas sobre o assunto

em pauta, é mister fazermos algumas colocações:

Em primeiro lugar, devemos ser sensatos, como a maior parte dos

estudiosos o são, em admitirmos que a interpretação bíblica não é algo tão

simples assim, porém, é perfeitamente possível de ser feita corretamente,

respeitando-se as regras necessárias para tal tarefa.

Em segundo lugar, precisamos deixar claro que embora não seja

simples, tal colocação não diz respeito a maior parte das Escrituras, antes, tem

haver com relatos e referências especificas do texto sagrado.

Em terceiro lugar, queremos ousar a semelhança de muitos eruditos,

em afirmar que a melhor maneira de interpretar os oráculos sagrados é

literalmente, tanto quanto possível. Tal colocação não significa que iremos

desrespeitar a presença de figuras de linguagem, a cultura, geografia,

lingüística,etc; presentes no texto.

Finalmente, é necessário esclarecermos que a palavra de Deus é

uma, inerrante e não está presa ao tempo e nem ao espaço. Ela é válida para

todos os povos que existiram e que ainda virão, em todas as eras, do contrário,

não poderia ser a palavra revelada de Deus aos homens. Assim, ela á um dos

livros mais antigos do mundo, e ao mesmo tempo atual; pois vai de encontro aos

anseios da natureza humana em todos os tempos e lugares. Ela é acessível a


104

todos e sua mensagem de salvação, proclamada por Cristo, é possível de ser

compreendida pelo mais simples leitor. Não é privilégio de uma classe de

“doutores da Lei” o entendimento de suas páginas. Se o fosse, o Deus bíblico

tornar-se-ia um monstro, pois que teria dado Sua palavra para uma pequenina

parte dos homens entenderem. Apenas os mais avançados intelectualmente

seriam capazes de compreendê-la. As Escrituras Sagradas são como uma mina

inesgotável de diamantes. Alguns se contentarão com umas poucas pepitas,

outros, vocacionados para tal, cavarão cada vez mais fundo, ao encontro de mais

pedras. Uma vez encontradas, trarão a superfície, repartindo com todos a sua

alegria e achado. Ambos os grupos, verão a glória de Deus e ainda entrarão na

cidade pelas portas (Ap 22.14).

Em nossa jornada exegética, iremos primeiramente averiguar as

passagens bíblicas onde ocorrem expressões como “prostitutos cultuais”,

“abominação”, “sodomitas”, “efeminados”, etc; e ainda, aquelas onde a

homossexualidade esteja presente, ainda que termos como estes não estejam

presentes nas linhas do texto. Em um segundo momento, veremos, de forma

clara, alguns textos de ambos os testamentos que nos falam sobre Sodoma e

Gomorra, afim de que tenhamos compreensão definitiva da mensagem bíblica

sobre a questão homossexual. E, claro, é bom lembrarmos: Deus não é Deus de

confusão, e sim de paz (1ª Co 14.33).


105

Os Textos do Antigo Testamento

Gn 19.4 – “Mas, antes que se deitassem, os homens daquela cidade

cercaram a casa, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos,

sim, todo o povo de todos os lados”. 68

No texto acima, é dito claramente que os homens - vwna - ‘enowsh,

de Sodoma, dirigiram-se para casa de Ló, afim de alguma ação, na qual os dois

anjos hospedados por Ló, fariam parte. O termo hebraico ren - na‘ar – moços,

segundo James Strong, tem o significado básico de menino, jovem, moço e ainda,

pequeno, menor. Já a palavra Nqz - zaqen – velhos, significa tanto ancião –

pessoas que tinham autoridade, quanto velho – pessoa senil, idosa. É

transparente no texto, que havia em torno da casa de Ló pessoas de todas as

idades e atividades diferentes, desde menores de idade - meninos homossexuais,

até os mais experientes naquela prática – idosos, dentre estes, possivelmente,

pessoas de autoridade em Sodoma. A Bíblia de Jerusalém, afirma

categoricamente, que ali estava todo o povo, sem exceção, ou seja,

representantes de todas as idades e classes sociais do lugar e em grande

quantidade. O termo Me - ‘am – povo, cujo significado é povo, nação, refere-se

aqui aos membros de um povo, compatriotas, patrícios, etc. O mesmo ocorre nos

dias atuais, pois vemos pessoas das mais variadas camadas sociais praticando a
68
A não ser quando indicado, todos os textos utilizados são da Versão Almeida Revista e Atualizada da SBB
(ARA).
106

homossexualidade, tendo se entregue a mesma como estilo de vida, o que por si

só não a legitima.

Homens – vwna - ‘enowsh, conforme o Dicionário Vine, é um termo

semítico genérico para designar homem no aramaico bíblico, e isso no mesmo

sentido que Mda - ‘adam aw-dawm’ , no hebraico. Nesse aspecto, é lógico

acreditarmos que havia mulheres entre eles, e isso por duas razões principais: 1ª)

Era culturalmente aceitável naquele tempo, nas sociedades pagãs, toda espécie

de depravação sexual, como: homens com homens, mulher com mulher, incesto,

pederastia, prostituição, bissexualismo, etc; 2ª) Se houvessem apenas indivíduos

do sexo masculino, o termo correto deveria ser rkz - zakar , que enfatiza o

masculino, macho, em contraste com o feminino, fêmea.

Gn 19.5 – “e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à

noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos

deles”.

Aqui, o termo hebraico arq - qara’– chamado, proclamação, etc;

significa que aqueles homens ao chegarem na casa de Ló começaram a chamar,

clamar, gritar (que no Qal é emitir um som alto), por Ló. A seguir, disseram – rma

- ‘amar , refere-se no versículo não somente a dizer, proferir, falar, mas também

afirmar, ordenar e mandar, conforme se segue após a pergunta.

Homens – vwna - ‘enowsh, é o mesmo termo usado no versículo 4.

Os sodomitas usam a mesma palavra genérica para tratar sobre os anjos.


107

O hebraico hlyl - layalah – noite, corresponde ao período do tempo

quanto estar escuro. O contexto anterior mostra que insistiu com eles algum

tempo para que aceitassem sua hospitalidade, pois queriam passar a noite na

praça – versículos 2 e 3. Sobre isso, Charles Ryrie argumenta que: “Ló insistiu

que os visitantes viessem pousar em sua casa, já que sabia do perigo que

correriam se permanecessem ao relento toda a noite”69

Eles haviam chegado em Sodoma ao pôr do sol – bre - ‘ereb, e

poucas horas depois, antes que Ló, sua família e os anjos se deitassem, aqueles

sodomitas cercaram a casa.

Na segunda parte do versículo, aqueles homens deixaram claro suas

intenções: queriam os dois anjos do lado de fora da casa para assim poderem

abusar deles. Enquanto estivessem sob o teto de Ló, este deveria protegê-los

como parte da lei da hospitalidade que era dever sagrado para os hebreus. O

hebraico auy - yatsa’ – fora, significa vir para fora, sair, avançar, e deixa claro

que Ló deveria entregar os dois anjos para eles. Finalmente, o hebraico edy -

yada‘ – conhecer, que significa perceber, saber por experiência, ser sábio, etc;

tem aqui um sentido carnal, conforme o contexto deixa claro. André Chouraqui, em

seu comentário assevera que havia ali o sentido sexual. Ele traduz Gn 19.5b

como: “...faze-os sair até nós: vamos penetrá-los!”.70 Assim, ele se expressa: “o

verbo iada’ é tomado aqui, evidentemente, no sentido brutal da penetração física;

69
RYRIE, Charles C. Bíblia de Estudo Anotada, p. 30
70
CHOURAQUI, André. A Bíblia – No Princípio, p. 190
108

o contexto não pode deixar qualquer dúvida sobre este ponto. Daí o sentido

adquirido pela palavra “Sodomia”71

O Padre Daniel A. Helminiak, autor do livro “O Que A Bíblia Realmente

Diz Sobre A Homossexualidade” (Ed. GLS), confessa achar surpreendente o fato

de Ló preferir que suas filhas fossem estupradas pelos sodomitas para proteger

seus visitantes e que “há na verdade uma clara referência sexual no relato. O

verbo conhecer aparece 943 vezes no testamento hebreu. Em dez destes casos a

palavra tem sentido sexual. O texto acima é um destes exemplos”.72

Em sua nota de rodapé de Gn 19.5, a Bíblia de Jerusalém chama a

prática homossexual de vício contra a natureza, a qual era para os israelitas uma

abominação que deveria ser castigada com a morte (Lv 18.22; 20.13,23), sendo,

no entanto, prática comum ao redor deles. O argumento pró-homossexualismo de

que o pecado de Sodoma e Gomorra era apenas falta de hospitalidade não

encontra sustento algum no relato bíblico, seja em um versículo ou no contexto

imediato e remoto dele. Também é parcialmente correto que eles queriam apenas

molestá-los naquele momento, uma vez que, estavam ali pessoas de ambos os

gêneros sexuais e todas as idades, desejosas de saciarem seus instintos carnais

(homossexuais) com os corpos daqueles estranhos.

Gn 19.7 – “e lhes disse: rogo-vos, meus irmãos, que não façais mal”.

O termo hebraico na - na’- rogar, refere-se primitivamente a

incitamento e súplica. Ló suplica que não façam mal. Chega a chamá-los de

71
Ibid. p. 190
72
HELMINIAK, Daniel A. O que a Bíblia Realmente diz Sobre a Homossexualidade, p. 40,41
109

irmãos - xa - ‘ach, que se refere a irmão, meio-irmão, parente ou alguém da

mesma tribo ou lugar. Este último caso, com certeza é o tencionado por Ló. Ele

convivia sempre com aqueles homens, era como eles, exceto em suas práticas

pecaminosas. A partícula negativa - heb la - ‘al - não, significa nem, nem mesmo,

nada, nenhum. Ló intercede pelos anjos, desejando que nenhum mal ocorra com

eles. Quanto ao mal – heb eer - ra‘a‘, o termo refere-se a ser mau, ser ruim,

perverso, causar dano, ferir, etc; em sua raiz significa estragar, despedaçar, sendo

em essência algo desagradável e ofensivo. A NVI traduz o termo como

perversidade, logo, Ló sabia de suas reais intenções e tenta persuadi-los a

desistirem das mesmas, o que é em vão.

Gn 19. 8 – “tenho duas filhas, virgens. Eu vo-las trarei; tratai-as como vos

perecer, porém nada façais a estes homens, porquanto se acham sob a

proteção de meu teto”.

É nesse momento que o sentido sexual fica mais explicitado. Ló

oferece suas duas filhas, fazendo questão de afirmar que eram virgens – heb edy

- yada‘, não conheceram ainda nenhum homem. Esse, preserva sua própria

esposa, e, para proteger os dois anjos, faz uma proposta a qual julgava

suficientemente boa, capaz de aplacar o instinto bestial daqueles homens. Porém,

a resposta que houve por sua intercessão é aterradora. Aqueles indivíduos não

queriam sexo vaginal, antes, relação anal com os homens que Ló hospedou. Saia

da nossa frente! Retirar-te daí! Ordenaram a Ló. A seguir, ameaçam sodomizar o


110

próprio Ló (vers. 9), de forma pior, mais violenta do que fariam com os anjos.

Estes últimos, então, intervém, ferindo de cegueira aqueles homens e livrando a

Ló.

John Ankerberg e John Weldon em “Os Fatos Sobre a

Homossexualidade”, confirmam que havia ali a intenção homossexual, o desejo

desenfreado dos sodomitas.

Notem também que os homens não estavam interessados nas mulheres; eles
recusaram a oferta de Ló e, zangados, exigiram que sua lascívia fosse
satisfeita ... a tradição judaico-cristã testifica, invariavelmente, o pecado de
Sodoma como sendo a homossexualidade. Um comentário rabínico...diz que os
sodomitas tinham um acordo entre eles de sodomizar e roubar todos os
estranhos. Filo, um judeu de Alexandria (25 a.C. até 45 d.C.), comentou que em
Sodoma os homens se acostumaram a ser tratados como mulheres.73

Lv 18.22 – “Com homem não te deitará, como se fosse mulher; é


abominação”.

O hebraico rkz - zakar - homem, utilizado aqui pelo escritor sagrado

é a chave para esclarecermos algo que perturba muitos cristãos sinceros: Por que

não há proibição ao relacionamento sexual entre duas mulheres no Antigo

Testamento? Somente o homossexualismo masculino era proibido? A resposta é

não. Não só os homens, mas também as mulheres não deveriam relacionar-se

sexualmente com alguém do mesmo gênero. É a partir desta referência acima que

tal compreensão começa a se delinear.

Uma vez que tanto o homem quanto a mulher foram feitos a imagem e

semelhança de Deus, é lógico depreendermos que ambos, homem e mulher

deveriam ser preservados da impureza sexual. Parafraseando o texto, diríamos:


73
ANKERBERG, John; WELDON, John. Os Fatos Sobre a Homossexualidade, p. 60,61
111

“Com mulher (fêmea) não te deitarás como se fosse homem; é abominação”.

Zakar, que significa macho, seja de homens ou animais, demonstra que Deus não

queria que um israelita tivesse relações sexuais com outro ser do mesmo gênero,

ou seja, a proibição abrange tanto macho com macho quanto fêmea com fêmea.

O “silêncio” da Bíblia tem sido usado por muitos para justificar práticas pagãs e

inconvenientes. A proibição ao lesbianismo está implícita neste e em outros

versículos do Antigo Testamento. Ademais, o apóstolo Paulo, que conhecia o

hebraico do Antigo Testamento, como poucos, em sua época, entendia desta

forma, do contrário, jamais poderia proibir o lesbianismo como o faz em Romanos


74
1. 26,27. Ele sabia que o “fio negro” permanecia ligando as culturas pagãs. As

orgias sexuais nos templos romanos de homens com homens, mulheres com

mulheres, meninos, sacerdotes, animais, etc; era uma continuidade do que ocorria

nos dias do Antigo Testamento, tanto entre cananeus quanto os povos ao redor.

Deitarás - heb bkv - shakab , deixa transparente o cunho

homossexual da proibição, uma vez que, significa basicamente deitar, deitar

sobre, estar deitado com (sexualmente). Já o heb bkvm - mishkab - como,

somente reforça tal assertiva, pois designa o ato de deitar, leito, cama. O israelita

não deveria fazer seu igual – macho, de mulher – heb hva - ‘ishshah , e nem

assumir o lugar desta, sendo penetrado. A visão divina sobre tal prática era esta:

“...é abominação – hbewt - tow‘ebah, que quer dizer no original algo

repugnante, coisa abominável, impura e ímpio. Em nossa língua, repugnante é

algo que causa aversão, nojo, nojento, repelente e repulsivo. Algo abominável,
74
Relação existente entre depravação cultual, sexual e injustiça social desde a antiguidade. John White, autor
de “O Eros Redimido”, concorda que tal relação era real entre os povos cananeus e pagãos de modo geral.
112

seria aquilo que é odioso, detestável, e demonstra no texto, como tal pecado lhe é

desagradável. Mas detestável ainda, uma vez que era inspirada por seres

espirituais do mal na forma de deuses75 pagãos com intuito de escravizar os

homens.

No versículo 23, há proibição ao sexo com animais - heb hmhb

-bahemah - (fera, gado, animal doméstico ou selvagem), e ambos, homem e

mulher são citados. A ênfase dada à mulher aqui, demonstra que relações com

animais eram uma prática forte, já arraigada nas sociedades pagãs,

principalmente entre os prostitutos(as) cultuais. A ausência desta ênfase no

versículo 22 não indica que não haja proibição ao lesbianismo, antes que a prática

não era tão forte e difundida, mesmo entre os pagãos. Ela cresceu com o passar

das eras, e hoje é tão visível quanto o homossexualismo masculino. Ainda, se

deve notar que a ênfase nos direitos e deveres, resolução de negócios, etc; era

uma prerrogativa do homem, devido estar inserido numa sociedade culturalmente

patriarcal.

É importante notarmos que Levítico 18 traz diversas proibições


sexuais e que ao término do texto, Deus esclarece os hebreus que estava
expulsando aquelas nações de Canaã justamente porque eles praticavam
abundantemente tais pecados, tendo a terra tornado-se impura por isso (Lv 18.
24-30).

Lv 20. 13 – “Se também um homem se deitar com outro homem, como se


fosse mulher, ambos praticaram coisa abominável; serão mortos; o seu
sangue cairá sobre eles”.

75
Inscrições antigas mostram que a deusa Ishtar transformava a masculinidade dos homens em feminilidade
como prova de seu poder.
113

Basicamente, esta é a mesma proibição de gênero de Lv 18.22 – heb

vya - ‘iysh, com zakar (homem com macho), acrescida da punição devida

àqueles que teimassem em entregar-se a tais atos – a morte. Adultério,

bestialidade e incesto, recebiam o mesmo tratamento (Lv 18.29; 20.10).

É preciso a esta altura, esclarecermos que o argumento pró-gay de que

o Levítico proíbe apenas a impureza ritual mesclada à idolatria dos cananeus, não

encontra sustentação escriturística. O próprio Derrick Sherwin Bailey, primeiro

teólogo moderno que questionou a posição cristã tradicional sobre o pecado de

Sodoma e Gomorra, confessou ser difícil haver dúvidas de que as leis levíticas

têm correspondência com as práticas homossexuais costumeiras entre os

homens. Outrossim, é evidente nas Escrituras que quando Deus quer tratar sobre

a idolatria e prostituição cultual, Ele o faz distintamente (Dt 23.17), o que não

ocorre em Levítico 18 e 20, cujo contesto é principalmente moral e não cultual.

Jz 19.22 – “Enquanto eles se alegravam, eis que os homens daquela cidade,

filhos de Belial, cercaram a casa, batendo à porta; e falaram ao velho, senhor

da casa, dizendo: traze para fora o homem que entrou em tua casa, para que

abusemos dele”.

Vemos mais uma vez, o uso do aramaico vwna - ‘enowsh – homem,

que sendo genérico, deixa implícito a presença de mulheres entre estes filhos –

Nb - ben (filho, neto, membro de um grupo, etc), de Belial – leylb - baliya‘al

(imprestável, ímpio, não proveitoso, companheiro vil, maldade, iníquo, mal, vil,
114

destruição, etc), os quais a semelhança dos homens de Sodoma, solicitam que o

levita seja trazido para fora, onde será molestado sexualmente por eles.

A NVI narra o incidente assim: “Quando estavam entretidos, alguns

vadios (vagabundos - BJ) da cidade cercaram a casa. Esmurrando a porta,

gritaram para o homem idoso, dono da casa: traga para fora o homem que entrou

em sua casa para que tenhamos relações com ele!”.

O hebraico qgd - daphaq – bater, esmurrar, bater violentamente,

demonstra a intensidade com que aqueles indivíduos desejavam saciar seus

instintos sexuais levianos, queriam arrombar a porta.. Ocorre novamente a

presença de edy - yada‘ – conhecer, com sentido sexual, conforme o contexto

denuncia.

Aquele idoso, como Ló, chama-os de irmãos, e pede que não façam

mal (“...não pratiqueis um crime...” – BJ), porém, o texto afirma que não lhe deram

ouvido. A NTLH da SBB, reza: “...não façam essa coisa tão má e tão imoral! A

alusão clara aqui, conforme visto em Sodoma, é que a coisa tão má seria

transgredir a Lei sagrada da hospitalidade, e tão imoral, porque seria para saciar

seus instintos bestiais, sodomizando aquele homem. A ARA traz loucura – hlbn

-nabalah , cujo significado é estultícia, doidice, insensatez, estupidez, impiedade,

devassidão, etc. Em 1º Sm 25.25, significa desconsideração para com a vontade

divina.

Em seqüência, o senhor da casa oferece a eles, sua filha virgem –

yada’ (que não conheceu homem ainda), e a concubina do levita como suborno

sexual, mas ao entrar, traz para fora somente a concubina, que entregue aqueles
115

animais, é forçada até amanhecer o dia. No original hebraico lle - ‘alal – abusa-

ram – vers. 25, denuncia que eles agiram de forma severa, imoral, dura,etc;

significando além disso inserir, impelir, empurrar sobre (Poel). A concubina,

debilitada pela violência feita ao seu corpo e mente (o estupro causa danos físicos

e psíquicos, o que é provado cientificamente), caiu – heb lpn - naphal, à porta da

casa onde estava o levita, ficando inerte até que o dia clareasse. Não é demais,

cogitarmos uma grande hemorragia como causa principal de sua morte, associada

é claro, a traumas físicos e angústia psicológica.

Precisamos aqui, mencionarmos um fato importante sobre a

passagem em apreço. A fim de oferecer uma falsa esperança e massagear o ego

da comunidade homossexual mundo a fora, o Padre Daniel Helminiak não cita em

sua obra este relato bíblico, demonstrando assim não ter compromisso algum com

Deus e Sua palavra, antes, preferindo ser politicamente correto (como muitas

autoridades civis e eclesiásticas têm sido atualmente), oferece um falso consolo

àqueles que se encontram presos nas cadeias da homossexualidade. Este relato

é uma das provas mais consistentes dentro da própria Escritura de que o

homossexualismo era amplamente praticado, e, em Sodoma e Gomorra, teria sido

realmente essa a intenção daqueles homens na casa de Ló. Tendo ocorrido

aproximadamente entre 1050-1000 a.C., os dois relatos estão separados por

quase 400 anos, uma vez que Gênesis abrange o período aproximado de 1450-

1410 a.C. O ocorrido em Gibeá causou uma guerra entre os filhos de Israel e os

filhos de Benjamim que ,recusaram-se a entregar os homens que haviam feito o

mal contra a concubina do levita (Jz 20.13-48).


116

2º Sm 1.26 – “Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; tu eras

amabilíssimo para comigo! Excepcional era o teu amor, ultrapassando o

amor de mulheres”.

Do versículo em apreço, o Padre Daniel Helminiak afirma que havia

uma relação emocional profunda entre Jônatas e Davi. Cita 1º Sm 18.1-4, como

argumento de uma relação homossexual entre os dois, e ainda, 1º Sm 20.30 como

confirmação dessa idéia. Todavia, à semelhança daqueles que estão engajados

no movimento gay organizado, o Padre Helminiak consegue “enxergar”

homossexualidade em toda e qualquer relação mais próxima que as pessoas

tenham, e, sua posição, como veremos, é insustentável a luz das Escrituras e de

uma exegese e hermenêutica sadias.

A alma é a sede de tudo aquilo que somos, nosso intelecto, vontade,

emoções, etc; logo, o fato de 1º Sm 18.1 afirmar que a alma de Jônatas apegou-

se à alma de Davi não caracteriza por si só uma relação homo erótica. Ademais,a

frase seguinte esclarece do que se trata, pois declara que dali em diante Jônatas

amava a Davi como “a si mesmo”. Todos nós sabemos que “amar o próximo como

a si mesmo” foi o segundo maior mandamento dado por Jesus Cristo aos seus

discípulos (Mt 22.37-40; Jo 13.34). Nenhum pensador sério afirmaria com base

neste texto que Jesus estava ensinando ou incentivando a relação homossexual

masculina ou feminina para as pessoas.

Quanto à raiva do rei Saul por seu filho Jônatas, é algo simplesmente

lógico, uma vez que, seu filho era o melhor amigo de seu potencial inimigo e

sucessor no reino. Também é natural que devido esse ódio do filho, Saul o infame
117

lembrando de que ventre saiu e o acusando de homossexualidade. Saul sentia-se

traído por seu filho.

Quanto à 2º Sm 1.26, Davi começa dizendo estar angustiado – heb

rru - tsarar , que significa basicamente estar em aperto, aflito, sentir-se oprimido.

A seguir, Davi chama Jônatas de irmão – heb xa - ‘ach , embora não o fosse,

nem dos mesmos pais, nem meio-irmão, nem da mesma tribo. A ênfase aqui,

recai no fato de que havia uma relação recíproca entre ambos sem paralelos no

Antigo Testamento. Davi era invejado pelos irmãos e naturalmente, encontraria

fora o amor fraternal que faltou da parte daqueles. Outrossim, as Escrituras

deixam claro que precisamos de amizades sinceras, principalmente em momentos

de dor (1º Sm 17.28,29; Pv 17.17; 18.24). O termo seguinte, amabilíssimo – heb

dam - ma‘od, não traz em si mesmo qualquer conotação sexual, antes,

demonstra que a amizade de Jônatas era incomparável, era extremamente forte,

num grau mais elevado que os demais. A palavra seguinte, alp - pala’ –

excepcional, que significa algo maravilhoso, excelente, difícil de fazer, etc;

corrobora a idéia. Todos nós quando encontramos uma amizade assim, o que é

muito difícil, fazemos de tudo para nutrir de forma sadia a mesma, de maneira que

jamais se desfaça. O amor – heb hbha - ‘ahabah , que basicamente é amor

humano por objeto humano, amizade, etc; não explicita a luz do contexto próximo

ou remoto, qualquer envolvimento homossexual entre Davi e Jônatas. A amizade

verdadeira, é algo que ultrapassa em muito a relação carnal. Muitos casamentos

têm terminado atualmente devido aos cônjuges serem amantes, mais esquecerem

de ser também amigos. Ademais, é claro em 1º Sm 18.3 e 20.8,42 que Davi e


118

Jônatas fizeram uma aliança – heb tyrb - bariyth, no Senhor, de que usariam de

beneficência cada qual com os descendentes do outro. O rabino Henry I. Sobel,

sobre Davi e Jônatas, faz a seguinte colocação:

... a palavra hebraica ahavá não significa apenas amor no sentido

conjugal/sexual, mas também no sentido paternal (Isaque gostava de Esaú, Gn

25.28), no sentido de amizade (Saul afeiçoou-se a Davi, 1 Sm 16.210, no

sentido de amor a Deus (Amarás o Senhor, teu Deus, Dt 6.5) e no sentido de

amor ao próximo (Amarás o próximo como a ti mesmo, Lv 19.18). Em todos

esses exemplos, o verbo usado na Tora (Bíblia Hebraica) é ahavá. É por razão

lingüística – e não por falso pudor – que a maioria das traduções bíblicas cita 1

Sm 1.26, assim: “Tua amizade era mais preciosa que o amor das mulheres”. 76

“Davi, na verdade, conhecia bem o amor feminino, pois “sua poligamia

com Mical, Abigail, Ainoã, Maaca, Agita, Abital, Eglá e seu adultério com Bate-

Seba mostram que a maior dificuldade de Davi era a atração pelo sexo oposto (1

Sm 18.27; 25.42,43; 2 Sm 3.2-5; 11.1-27)”.77

Finalmente, é mister atentarmos para o testemunho bíblico sobre Davi

em 1º Rs 15.5, que diz: “Porquanto Davi fez o que era reto perante o Senhor e

não se desviou de tudo quanto lhe ordenara, em todos os dias da sua vida,

senão no caso de Urias, o heteu”(grifo nosso). Uma característica marcante e que

distingue a Bíblia dos demais escritos, é o fato de que a mesma não procura

ocultar os erros dos personagens nela descritos.

76
Revista Defesa da Fé. Mai/2000, p. 49
77
Ibid. p. 49
119

Ela nos mostra Abraão como pai da fé, mas não encobre o fato de que

mentiu sobre Sara (Gn 20.2-11). Descreve Pedro como um grande apóstolo, mas

o mostra negando Jesus (Mt 16.16-19, 26.31-35, 69-75). Outrossim, afirma ser

Davi o homem segundo o coração de Deus (1º Sm 13.14; At 13.22), mas narra

seus pecados e fracasso como pai (2º Sm 11.1-27; 12.1-25). Assim, o versículo

acima assevera que Davi era reto – heb rvy - yashar , isto é, ele era honesto,

correto, justo, direito, e que não se desviou – heb rwo - cuwr, não se afastou do

caminho reto que o Senhor lhe ordenara – heb hwu - tsavah, por todo período de

usa vida – heb yx - chay. A única exceção, o único caso – heb rbd - dabar, ou

seja, negócio, assunto, ato, em que desagradou ao Senhor foi quando cometeu

adultério com Bate-Seba, seguido de homicídio doloso de seu esposo, Urias. Davi

conhecia a proibição da Tora quanto ao homossexualismo e, com certeza não o

praticou, do contrário, tal fato estaria explicitado na Escritura com a linguagem

própria da época.

1º Rs 14.24 – “Havia também na terra prostitutos-cultuais; fizeram segundo

todas as coisas abomináveis das nações que o Senhor expulsara de diante

dos filhos de Israel”.

O termo hebraico vdq - qadesh – prostituto-cultual, cuja raiz, gadash,

significa consagrar, santificar, dedicar, ser santo, separado, tratado como sagrado,

designa no texto pessoas de ambos os sexos que participavam dos cultos aos

deuses da fertilidade dos cananeus. Cultos esses, segundo a História,

Arqueologia, etc; demonstram, em que toda a sorte de perversão sexual ocorria,


120

além, é claro, de sacrifícios humanos e de animais. O que precisa ficar claro é que

não havia simplesmente uma proibição ritual quanto ao homossexualismo no A.T.

Este não era a causa, mas um dos resultados provenientes da entrega do

indivíduo a idolatria e influência espiritual negativa, ou seja, demoníaca (1ª Co

10.20).

Is 3.9 – “O aspecto do seu rosto testifica contra eles e, como Sodoma,

publicam o seu pecado e não o encobrem. Ai da sua alma! Porque fazem mal

a si mesmos”.

O termo inicial em destaque, aspecto – heb hrkh - hakkarah,

significa no original aparência, expressão, e demonstra que é possível sabermos

algo sobre as intenções de alguém por suas expressões faciais. Aqui a Bíblia de

Jerusalém reza “a expressão do seu olhar...”, deixando claro algo que todos

sabemos: um olhar pode dizer o que queremos sem a pronúncia de palavras. A

NVI traz: “O jeito como olham...”. O olhar pode revelar o estado emocional,

psicológico e patológico de alguém, além de suas intenções, Assim, o psicopata, o

depressivo, o solitário, o alegre, o cobiçoso, etc; podem ser identificados pelo seu

olhar.

Sodoma – heb Mdo - Cadom , aparece sozinha, devido ser

considerada a mãe dos pecados das cidades da planície (Ez 16.46). O termo heb

dgn - nagad – publicam, que significa ser conspícuo, contar, declarar, tornar

conhecido, expor, publicar, reconhecer, etc; demonstra algo de fácil percepção

quanto à personalidade daqueles que se entregaram ao homossexualismo como


121

estilo de vida: são extremamente imaturos emocional e sentimentalmente. Eles

têm uma necessidade maior do que as pessoas em geral, em aparecer, auto-

afirmar-se, serem notados. Tal colocação fica clara pelo significado de conspícuo,

que é: notável, eminente, insigne, de acordo com o Dicionário Aurélio da Língua

Portuguesa. A cantora Ana Carolina, que recentemente declarou ser bissexual,

afirmou em matéria da Revista Veja que as passeatas e discursos pró-

homossexualismo, apenas alimentam a visão estereotipada já existente. “Parte da

militância não se conforma com suas negativas a se apresentar na Parada Gay

paulistana ou nas casas noturnas voltadas a esse público”.78

As passeatas, beijaços, shows, etc, ocorrem num ritmo crescente e sem

paralelos na história. Eles precisam mostrar quem são, que são alguém, o que

revela na verdade, insegurança, imaturidade e confusão quanto a sua verdadeira

identidade. Não escondem mais seus pecados – heb hajx - chatta’ah (pecado,

culpa pelo pecado,etc), pois não se importam, com o que Deus pensa, a

sociedade diz e nem como as religiões os vêem. O que interessa não são os

valores, a moral, etc; antes, que haja satisfação pessoal, ainda que temporária, de

modo que a culpa prevalecente na consciência seja amortizada, ignorada e por

fim calada para sempre. O hebraico dxk - kachad – esconder, ocultar, etc,

referente a encobrir no texto, apenas reforça o que está posto.

A seguir, Isaías proclama um ai – heb ywa - ‘owy, grito de lamento

ou desespero, cuja procedência vem de ‘avah, que significa desejar, cobiçar,

suspirar, ansiar, desejar com ardor comida, bebida e desejos corporais, deixando

78
Revista Veja. Dez/2005, p. 125
122

mais claro assim, do que o profeta está falando quando cita Sodoma. O hebraico –

vpn - nephesh – alma, nos desperta para o fato de que as conseqüências de tais

pecados não advêm apenas ao corpo físico, mas alcança também o homem

interior, corrompendo cada dia mais sua essência, para que deixe de ser o que é,

Imago dei, se degrade, até tornar-se pouco mais que um irracional, escravo de

seus vícios e desejos. Os que assim optam em ser, a Escritura é clara em afirmar

que fazem mal – heb er - ra‘, a si mesmos. Podemos escolher em não servirmos

e obedecermos a Deus, mas devemos estar preparados para assumir os

resultados de nossas decisões.

Ez 16.49,50 – “Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: soberba,

fartura de pão e próspera tranqüilidade teve ela e suas filhas; mas nunca

amparou o pobre e o necessitado”. Foram arrogantes e fizeram

abominações diante de Mim; pelo que, em vendo isto, as removi dali.

Sobre este texto, o Padre Helminiak coloca que o pecado dos

sodomitas foi a recusa em hospedar os viajantes necessitados. Como veremos, a

falta de hospitalidade era apenas um dentre uma gama imensa de pecados que ali

ocorria e que, juntos, provocaram o justo juízo divino (Gn 19.1-30).

Primeiramente, é preciso atentar para o fato de que Deus chama tudo

de ruim, errado, mal, que ocorria ali, pelo termo iniqüidade – heb Nwe - ‘avon,

que significa perversidade, depravação, culpa, iniqüidade, que deriva por sua vez

do heb hwe - ‘avah – dobrar, torcer, distorcer, ser pervertido, proceder


123

perversamente, etc. Quem pratica a iniqüidade é alguém iníquo, que segundo

Claudionor C. Andrade, significa “...aquele que tem por norma negar a justiça, ...

implantar a iniqüidade e promover o pecado”.79 Logo, trata-se de um conjunto de

atitudes pecaminosas e não somente a homossexualidade como alguns

evangélicos gostam de frisar.

A perversidade, depravação e culpa de Sodoma, presentes também

em Jerusalém e Samaria, eram dentre outros:

1º) Desamparo. Compreendendo:

a) Pobre – heb. yne - ‘aniy , que significa pobre, fraco, modesto, miserável,

etc. Aqui, certamente características de injustiça social (Is 3.13-26; comp Gn

14.11)

b) Necessitado – heb. Nwyba - ‘ebyown, que significa pobre, carente,

necessitado; sentido de carência, especialmente na área dos sentimentos.

2º) Arrogância – heb hbg - gabahh, que significa orgulho excessivo, soberba,

insolência, atrevimento,etc.

3º) Abominações – heb hbewt - tow‘ebah, que significa algo repugnante,

abominável,etc. E aqui, está no plural devido compreender pecados sexuais,

religiosos, dentre outros como:

a) homossexualismo

b) Lesbianismo

79
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico, p. 159
124

c) Zoofilia

d) Pedofilia

e) Incesto

f) Bebedices

g) Necromância

h) Magia

i) Adivinhação

j) Médiuns

k) Prognosticador

l) Agoureiro

m) Feiticeiro

n) Encantador,etc.

Quanto ao versículo 49 de Ezequiel 16, Russell P. Shedd afirma que:

... o pecado carnal pelo qual o nome de Sodoma se caracterizou nem se


menciona aqui (Gn 19.1-11). É que a soberba, o materialismo, a falta de
compaixão e de justiça social são pecados que automaticamente levam uma
nação a pecados que são mais visivelmente ignominiosos.80

Na verdade, tais pecados não geram a homossexualidade, mas

propiciam um ambiente ideal para o seu surgimento e crescimento. A raiz do

problema é a falta do conhecimento de Deus (Os 4.6-8). A incredulidade quanto

ao verdadeiro Deus, acarreta idolatria – adoração de falsos deuses, esta, por sua

80
SHEDD, Russell P. Bíblia Shedd, p.1172
125

vez, carreia todos os demais erros e perversões pois leva o homem a contaminar-

se com seres espirituais da maldade (Ef 6.12). Na ânsia da auto-satisfação, os

homens não se importam com o bem-estar de seu próximo, a menos que, isto

sirva aos seus propósitos. Onde há incredulidade, há lugar para todos os demais

pecados.

No versículo 50, é dito que fizeram abominações – tow’ebah ou

to’ebah, que é a mesma palavra usada em Levítico 18.22 e textos paralelos. É dito

então, que Deus rejeitou, levou embora, deu fim – rwo - cuwr (removi), deixando

claro que devido tudo isso – Ez 16.49-50, Ele subverteu as cidades da planície.

Queremos ainda fazer algumas observações pertinentes a questão.

Primeiramente, o fato de Ezequiel não mencionar o homossexualismo em Sodoma

não significa que não era pecado ou que o mesmo não ocorresse ali. Ele também

não menciona os sacrifícios humanos, incesto, zoofilia, pederastia, etc; porém,é,

certo que tudo isso ali se passava, infelizmente, até com certa naturalidade, pois

eram males comuns entre os pagãos (Is 5.20-23). Em segundo lugar, é fato que

por toda história das culturas, o homem sempre teve noção de uma lei moral e

que é incapaz de viver em conformidade com ela. A perda dessa noção leva o

homem a não perceber mais, e nem discernir o bem e o mal. Hoje, no ocidente,

cuja moral é uma herança judaico-cristã, os homossexuais são “sensíveis e

bondosos”, numa tentativa de compensar a opção pelo estilo de vida equivocado.

À medida que ganharem terreno cenas como a de Ló em Sodoma e do levita em

Gibeá tornar-se-ão comuns novamente (Gn 19 e Jz 19).


126

Os Textos do Novo Testamento

Rm 1.21 – “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não O glorificaram

como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus

próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato”.

O apóstolo Paulo, no texto em apreço, inicia seu raciocínio dizendo

que todos têm conhecimento de Deus. Sabemos, à luz das Sagradas Escrituras

que o ser humano natural possui três testemunhos fortes da existência de Deus

criador, sendo dois deles internos e um externo. São eles: Internos - a consciência

e o sentido de religiosidade; e Externo - a criação visível. Estes três testemunhos

formam um único conjunto denominado de revelação geral de Deus. Apesar de

não mostrarem quem é esse Deus e o qual a Sua vontade para conosco, por si

só, seriam mais do que suficientes, se aceitos pelo homem, para guardar-nos do

mal e da idolatria que o atrai. R. N. Champlin, Ph. D., corrobora tal colocação

quando diz que: “Rejeitaram eles a revelação natural existente na mente

humana...existe uma força intuitiva que conduz a Deus, mas eles repeliram essa

força...a própria natureza revela a Deus, mas eles preferem adorar ao que foi

criado, e não ao criador”.81

O termo “nulos” – Gr mataiow - mataioo, significa especular,

pensar sobre coisas indignas, tornar vazio, fútil, insensato, etc; e demonstra a

realidade daqueles que negam-se a crer em Deus: tornam-se loucos, insensatos,

perdem a razão. Este será seu estado, conforme “em” esclarece, denotando

posição fixa. Quanto à “raciocínios” – dialogismos, designa aquele que delibera


81
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Vol 3. p. 580
127

consigo mesmo sobre o que é verdade, no entanto, é descrito que seu coração –

Gr kardia -kardia , que dentre outros significados designa alma ou mente como

fonte e lugar dos pensamentos, desejos, paixões, vontade, caráter, etc; se

obscureceu – Gr skotizw - skotizo , ou seja, foi coberto com trevas, escuridão,

comprometendo mente, entendimento e os olhos. Aqui, fica clara a verdade de

que o preço que os homens pagam por desprezarem a revelação divina, geral e

especial, é serem engolfados pela mentira e trevas deste mundo. Por isso, o texto

chama seus corações de insensatos – Gr asunetov - asunetos , que quer dizer

ininteligente, tolo, estúpido, sem entendimento.

O que deve ficar claro de início, é que Paulo discorre sobre as

condições que regem a vida dos homens não regenerados, homens naturais, cujo

kosmov - kosmos – mundo, jaz no maligno (1ª Jo 5.19).

O versículo 22, “inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos”,

completa o quadro já analisado. Recomendavam-se como sábios – Gr sopfov

-sophos, termo grego usado para filósofos e oradores gregos, para teólogos

judeus e mestres cristãos, designa aquele que é esperto, hábil nas letras,

instruído; mas, tornaram-se loucos – Gr mwrainw - moraino , que quer dizer,

agiram tolamente, presunçosamente, etc. Tal é a condição dos incrédulos neste

mundo.
128

Rm 1. 24 – “Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas

concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre

si”.

Os termos em destaque, imundícia, concupiscência, desonrarem e

corpo, trazem luz ao que foi colocado anteriormente. Será que a expressão “Deus

entregou”, que ocorre três vezes (vv. 24,26 e 28), significa que Deus seria injusto

com o homem? A resposta é não! Ele não é injusto!

Uma vez que fomos criados como seres livres, dotados de poder de

escolha, Deus na verdade é justo ao deixar que vivamos da maneira que

escolhemos viver, alienados Dele, logo, a mercê da mentira propagada por forças

espirituais da maldade (Ef 2.2,3; 6.12). Charles Ryrie, sobre isso afirma que:

“...Paulo está atacando a extrema idolatria que imperava na maior parte do mundo

gentio, no qual animais eram considerados deuses (v. 23), a perversão sexual

prevalecia (vv. 26-27), e o pecado em geral era irrestrito”. 82 Analisemos cada

termo separadamente;

1º) Imundícia – Gr akayarsia - akatharsia

Significa impureza no grego, tanto física quanto moral, derivada de

desejos sexuais, luxúria e vida devassa. Aqui, Champlin esclarece que seu uso na

antiguidade indicava o estado corrupto de corpos em decomposição nos

sepulcros. Mostra, no texto, a imoralidade humana, manifesta nos pecados

sexuais ocultos ou públicos, individual ou coletivo, focando os vícios e perversões

sexuais diversas.
82
RYRIE, Charles C. Bíblia de Estudo Anotada, p. 1411
129

2º) Concupiscência – Gr epiyumia - epithumia

De acordo com James Strong, e face ao contexto próximo ou remoto,

indica não apenas desejo, anelo ou anseio, mas, desejo pelo que é proibido,

luxúria, sensualidade, etc. Há pessoas que são do contra, porém, não sabem nem

mesmo porque o são. Agem como filhos rebeldes, que tem prazer me contrariar a

vontade dos pais. Desejar aquilo que Deus proibiu é rebelião, e tal postura traz

aos homens conseqüências danosas nesta vida e no além, caso não se

arrependam de seus pecados rendendo-se a Cristo.

3º) Desonrarem – Gr atimazw - atimazo

Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, honra significa

consideração à virtude, ao talento, à coragem, à santidade, às boas ações ou às

qualidades de alguém, dignidade, grandeza, glória, graça, pureza, etc.

O termo atimazo é verbo cognato do substantivo atimia e significa

desonrar, tratar vergonhosamente, insultar. Já atimia, designa desonra, ignomínia,

desgraça, etc.

4º) Corpo – Gr swma - soma

Designa o corpo, tanto de homem quanto de animais. Ele é o objeto

de atimazo no texto, e era tido pela Filosofia grega como mal, prisão da alma.

Paulo está afirmando, face ao pensamento dominante na época, que os


130

incrédulos desprezavam seu próprio corpo com suas práticas imundas. Em

contraste, as Escrituras Sagradas ensinam que Deus criou o homem bom, em sua

totalidade – corpo e espírito/alma. Não darmos ao corpo a dignidade devida

constitui-se uma afronta a Aquele que o criou – Deus. É através do corpo que nos

manifestamos no mundo e também por ele recebemos impressões pelos órgãos

dos sentidos.

Rm 1.26 – “Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até

as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro,

contrário à natureza”.

Basicamente, o termo entregou – Gr paradidwmi - paradidomi,

significa entregar nas mãos de outro, transferir para esfera de poder ou uso, etc. A

paixão – sentimento ou emoção levado a um alto grau de intensidade, atividade,

hábito ou vício dominador, etc; designada aqui pelo termo Gr payov - pathos ,

em todo o Novo testamento significa algo mau., paixão depravada, paixões vis.

Quanto a infame – atimia - atimia no grego, o Aurélio diz que é algo que tem

má fama, prática de ações vis, desonrosas, abjeto, desprezível e torpe.

Em seqüência, é dito que até as mulheres – Gr yhluv - thelus , do

sexo feminino, mulher , fêmea; mudaram – Gr metallassw - metallasso, trocar,

mudar; o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza.

Na língua portuguesa, mudar significa alterar, transformar, converter, etc; e deixa

claro o que Paulo escreve. O advérbio “até” anterior a “mulheres”, significa,


131

também, e analisado comparativamente com “semelhantemente” do versículo 27,

esclarece o sentido homossexual do texto.

O modo – crhsiv - chresis no original grego, significa uso, emprego,

trato, relações íntimas, utilidade, e demonstra que realmente havia lesbianismo

crescente no mundo não regenerado. Paulo utiliza então, fusikov - phusikos –

natural, termo que designa o que é produzido pela natureza, inato, ou seja, que

nasce com o indivíduo, congênito, etc. É óbvio que o natural quanto ao sexo é que

a mulher se relacione com homem, jamais mulher com mulher ou homem com

homem. Aqui, a lei ou ordem, regular da natureza, diz Paulo, estava sendo

quebrada por práticas contrárias à natureza – Gr fusiv - phusis, que designa

natureza das coisas, força, lei , ordem natural, abrangendo nascimento, origem

física, etc. Quando nasce um bebê, é preenchido o cartão da criança com todos os

dados pertinentes ao fato, como: hora, tamanho, peso, etc; também é anotado o

sexo em conformidade com a anatomia do recém-nascido – genitália masculina

(pênis), sexo masculino, homem; se genitália feminina (vulva), sexo feminino,

mulher. Apesar da sexualidade não se resumir na genitália, pois vários fatores

externos vão atuar ao longo do desenvolvimento da criança, nenhum profissional

de saúde sério jamais colocaria no item “sexo”, do cartão, algo como “indefinido”.

É oportuno aqui frisarmos o fato de que a maioria dos homossexuais declarados

ou não, nenhum problema anatômico possuem que tenha interferido

favoravelmente para sua “homossexualidade”. Mais de 95% desses indivíduos são

perfeitos anatomicamente, ou seja, a natureza os fez machos (homens) ou fêmeas


132

(mulheres). A dificuldade então, é claro, está na mente do indivíduo que por ação

de vários fatores passa a acreditar ser aquilo que não é.

Rm 1.27 – “Semelhantemente, os homens também, deixando o contato

natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade,

cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a

merecida punição do seu erro”.

Paulo usa aqui o termo grego omoiwv - homoios – do mesmo

modo, igualmente, para argumentar que os homens também faziam o que relatou

antes sobre as mulheres (v. 26), ou seja, deixaram o contato sexual natural. Os

homens – arshn arsen (macho, varão), também – kai - kai (partícula da ação

aditiva e força cumulativa), deixando – afihmi - aphiemi (enviar para outro

lugar). Aqui temos a mesma proibição de gênero, macho com macho ou fêmea

com fêmea, do Antigo Testamento (Lv 20.13; 18.22), e o termo grego aphiemi –

deixar, abandonar, negligenciar, desistir, enviar para outro lugar, etc; designa que

tais indivíduos passaram a canalizar seu impulso sexual em um ser do mesmo

gênero, e não no natural – Gr fusikov - phusikos, o sexo oposto. Eles ainda

desistiram de exercer sua masculinidade/feminilidade, seja devido traumas,

frustrações, interesses, pressão social, mídia, demonismo, etc.

O termo grego para inflamaram é ekkaiw - ekkaio – queimar,

colocar fogo, estar inflamado e, significa na língua portuguesa converter em

chamas, excitar, estimular,etc. Paulo afirma, que assim faziam, mutuamente – eiv
133

- eis (um ao outro, reciprocamente, mutuamente), em sua sensualidade – orexiv

- orexis

(desejo,ânsia, anelo, desejo impulsivo, luxúria, apetite). Em seguida, diz que

assim fazendo, cometiam – katergazomai - katergazomai (realizar, executar,

produzir, etc), torpeza – aschmosunh - aschemosune (inconveniência, ação

imprópria, indecência; de askemon – deformado e schema – forma ou aparência,

comportamento, etc). Devido essa torpeza – macho com macho, recebiam como

retribuição o que é devido: punição de seu erro. O termo antimistia -

antimisthia – punição, era um prêmio dado em compensação, recompensa por

algo, que aqui, é o erro – homossexualismo masculino. O grego planh - plane–

erro, designa desvio, ato de vaguear por, compreendendo tanto alguém desviado

do caminho correto quanto em desvio mental, uma opinião equivocada quanto a

moral, religião,etc. Estavam desviados, alienados do Deus verdadeiro, logo toda

sorte de males cometiam seu corpo.

Rm 1.28 – “E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio

Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem

coisas incovenientes”.

Ao dizer que os incrédulos desprezaram o conhecimento divino, Paulo

mostra que eles escolheram assim fazer, optaram por isso. O Aurélio afirma que

desprezo é desdém, repulsa com nojo, falta de apreço, etc; logo, o que está sendo

dito é que aqueles que assim pecaram, haviam desprezado o conhecimento – Gr


134

epignwsiv - epignosis, que significa o conhecimento correto e preciso sobre

Deus, conhecimento das coisas éticas e divinas do Novo Testamento. Eles não

reconheceram a Deus apesar de não faltarem evidências de Sua presença. Deus

então, os entregou – Gr paradidwmi - paradidomi, que quer dizer dar,

entregar, permitir, conceder, etc; a uma disposição mental reprovável. O grego

nouv - nous – mental, significa mente, incluso aí a capacidade de perceber e

entender com habilidade de sentir, julgar e determinar. Abrange ainda a razão, o

entendimento e poder de ponderar e julgar sobriamente, calma e imparcialmente.

Tal atividade é difícil até para os filhos de Deus, muito mais, então para quem

desprezou Seu conhecimento. Quanto a reprovável – Gr adokimov -

adokimos, o termo designa aquilo que não resistiu a teste, desqualificado para,

desaprovado, falso, espúrio, condenado. O dokimo na época de Paulo era um

comerciante correto, honesto, que não usava de engano em seus negócios, por

isso era aprovado. Uma vez que seu raciocínio era inadequado em relação a

Deus, aqueles homens praticavam – Gr poiew - poieo, que compreende fazer,

produzir, efetuar, etc; toda sorte de obras inconvenientes – kayhkw - katheko,

isto é, atitudes inoportunas, impróprias, opostas ao decoro, que traz prejuízo e

perigo, de risco. Estavam descendo, abaixando, ajustados ao erro e íntimos do

mal.
135

Rm 1.29 – “Cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade, possuídos

de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores”.

Neste versículo, nos chama a atenção o fato de Paulo afirmar que o

mundo a sua volta estava cheio – Gr plhrow - pleroo, indicando algo a se

completar, preencher até o máximo, etc; de toda - Gr pav - pás, tanto individual

como coletivamente – tudo, o todo, de todos os tipos; injustiça – Gr adikia

-adikia , que corresponde à injustiça de coração e vida, violação da lei e da

justiça. O texto, segue descrevendo várias formas dessa injustiça, que se refletia

na relação civil, moral e social dos indivíduos. A primeira referência é a malícia –

Gr porneia - porneia, que significa literalmente relação sexual ilícita como

adultério, fornicação, homossexualidade, lesbianismo, zoofilia, etc. Essas pessoas

desejavam ter mais, cobiçavam mais (avareza – Gr pleonexia - pleonexia) e

eram depravadas, corruptas, iníquas, com propósitos e desejos maus (maldade –

Gr ponhria - poneria); possuídos – Gr mestov - mestos, ou seja, cheios de

inveja. O invejoso, sente tristeza com o sucesso de seu próximo e alegria quando

aquele erra ou é derrotado. Tal é o quadro nos dias atuais. Eles têm dolo – Gr

dolov - dolos , que compreende estarem cheios de astúcia, engano, fraude, etc;

e são malignos – Gr kakohteia - kakoetheia, isto é, são depravados de

coração e vida, mau caráter e sutis na prática do mal. A maior parte das injustiças

e males descritos por Paulo, em âmbito geral, está presente em muitos

homossexuais, por exemplo, eles acreditam e pregam ser o amor entre iguais

melhor que entre os heterossexuais (v. 30 - Gr uperhfanov - huperephanos –


136

soberbos), dizendo-se mais sensíveis e pessoas melhores. Gostam também de

mostrar-se, seja na mídia televisiva, impressa, radiofônica, etc (v.30 – Gr fainw -

phaino – brilhar, aparecer, tornar-se evidente, ser visto,etc), pois precisam se

auto-afirmar mais que a maior parte dos indivíduos.

1ª Co 6.9 – “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus?

Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem

efeminados, nem sodomitas”.

O primeiro não – Gr ouk - ouk, era usado para perguntas diretas que

esperam resposta afirmativa. Isso demonstra que os coríntios sabiam muito bem o

que Paulo dizia. Sabeis – Gr eidw - eido, conotava perceber por alguns dos

sentidos, discernir, etc; de modo que Paulo se fazia entender quando os ensinava

sobre todas essas coisas. De início, Paulo classifica-os (os que praticavam os

pecados descritos) todos como injustos – Gr adikov - adikos, ou seja, são

maus, violadores da justiça, pecaminosos, fraudulentos, etc. Então, vaticina que

não herdarão – Gr klhronomew - kleronomeo, isto é, não obterão nem

participarão do reino – Gr basileia - basileia, de Deus, quem teimar na prática

dessas iniqüidades. O reino é domínio, governo, etc; e Deus não irá governar,

participar ou interagir na vida do indivíduo que não O deseje.

O segundo não – Gr mh - me, compreende negação qualificada e

junto com planaw - planao – enganeis, demonstra o quadro de Corinto e de

nossos dias também. Muitos estão na igreja, mas não estão no reino – basileia,
137

de Deus, pois teimam em viver no pecado enganando a si mesmos. Havia crentes

coríntios na mesma situação, por isso, Paulo diz: ”Não vos enganeis”. Faz então

uma longa lista de injustos, como segue: impuros, idólatras, adúlteros,

efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores.

Vejamos cada termo que diz respeito ao nosso estudo, separadamente:

• Impuros » O original é pornov - pornos, e designa o homem que prostitui seu

corpo à luxúria de outro por pagamento, aquele que se entrega a relações sexuais

ilícitas, fornicador, prostituto, etc. Champlin afirma ser esta palavra um termo geral

que expressa todos os tipos de delitos sexuais e imoralidades.

• Idólatras » O termo grego aqui é eidwlolatrhv - eidololatres, e significa

basicamente adorador, aquele que serve a falsos deuses representados pelos

ídolos. A palavra é usada tanto para pagãos quanto para cristãos, que participem

de algum modo no culto politeísta. Diz respeito, não somente a servir ídolos –

eidõlon, mas também abrange adoração a qualquer objeto que substitua a Deus

no coração dos indivíduos, seja sabedoria, fama, dinheiro, prazer, artistas,etc.

• Adúlteros » Paulo usa o termo moicov - moichos, que significa adúltero, ou

seja, aquele que trai seu cônjuge, tendo relação com outra pessoa, casada ou

não. Também indica por toda Escritura, a infidelidade à Deus ou adultério

espiritual, quando o homem adora falsos deuses – idolatria.


138

• Efeminados » Aqui, Paulo lança mão do grego malakov - malakos, que

designa algo ou alguém que é mole, macio para se tocar, que no contexto diz

respeito a um rapaz que se relaciona sexualmente com um homem ou aquele que

submete seu corpo a lascívia não natural. Sobre malakos e arsenokoite –

sodomita, Charles Ryrie faz uma colocação precisa. Como segue:

Ambas as palavras referem-se a homossexuais; a primeira, àqueles que se


deixam usar de modo antinatural, e a segunda, aos homossexuais ativos. A
advertência de Paulo é apresentada em função de incesto, homossexualismo,
pederastia e outras aberrações sexuais que predominavam entre os gregos e
romanos... 83

O termo, já naquela época, tinha a conotação daquele que faz o papel

passivo na relação sexual, ou seja, assume o lugar de fêmea, sendo penetrado

por outro homem. Champlin, corrobora tal afirmação quando diz que “... significa

suave, efeminado, tendo sido largamente aplicado à homossexualidade por vários

autores antigos, indicando homens que aceitavam os afagos de outros homens,

como se fossem mulheres”84

• Sodomitas » A palavra empregada é arsenokoithv - arsenokoites, termo

cunhado , segundo os estudiosos da língua grega, pelo próprio Paulo. É composta

de arsen – varão, macho, e koite – lugar para deitar, cama, leito, coabitação,

relação sexual,etc. Paulo criou 179 termos no N. T. , termos que não alteram o

sentido do contexto nos versículos onde se encontram. Segundo Joe Dallas, autor

do livro “A Operação do Erro”, Paulo derivou arsenokoite...

Diretamente da tradução grega do A. T. hebraico, a Septuaginta:Meta arsenos


ou koimethese koiten gyniakos (Lv 18.22). Hos na koimethe meta arsenos koiten

83
RYRIE, Charles C. Bíblia de Estudo Anotada, p. 1439
84
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Vol. 4. p. 83
139

gynaikos (Lv 20.13)...quando Paulo adotou o termo arsenokoite, ele o tirou


diretamente das passagens de Levítico – na tradução grega – que proíbem o
comportamento homossexual.85

É digno ainda de nota, que em nossa língua coito (que deriva do grego

koite) é sinônimo de cópula, isto é, o ato sexual. Portanto, arsenokoite não

significa outra ação neste contexto a não ser homossexualismo masculino, de

macho com macho. No versículo 11, o apóstolo Paulo afirma que alguns crentes

de Corinto haviam sido reféns daquelas práticas injustas por ele descritas, ou seja,

entre eles havia alguns que outrora tinham sido impuros, idólatras, adúlteros,

efeminados, sodomitas,etc; mas agora, é dito que foram todos lavados – Gr

apolouw - apolouo (lavar, separar, banhar, etc.); foram santificados – Gr

agiazw - hagiazo (purificados, dedicados, separados do que é profano para

servir a Deus); e também justificados – Gr dikaiow - dikaioo (tornar, declarar

justo, tornar como deve ser, etc.); em o nome do Senhor Jesus Cristo e no espírito

do nosso Deus. O termo em – Gr en - en, é uma proposição primária que denota

posição fixa, seja de lugar, tempo ou estado, assim, o homem escravizado por

pecados, inclusive os sexuais, ao encontrar com Jesus Cristo, convertendo-se a

Ele em verdadeiro arrependimento, passa das trevas para a luz, mudando de

posição. Agora, seu estado é de justiça em Cristo e sua posição é de filho de

Deus (Jo 1.11,12; 2ª Co 5.17; Ef 2.1-6; Cl 1.13,14). Precisamos, ainda, atentarmos

para o fato de que apesar de abomináveis e bestiais, os pecados sexuais tratados

por Paulo neste texto estão colocados lado a lado com idolatria, roubo, bebedice,

85
DALLAS, Joe. A Operação do Erro, p. 208
140

etc; não havendo moralmente distinção entre os mesmos, embora, os pecados

sexuais tenham caráter único – são cometidos contra o próprio corpo (1ª Co 6.18).

1ª Tm 1.10 – “Impuros, sodomitas, raptores de homens, mentiroso, perjuros

e para tudo quanto se opõe à sã doutrina”.

Este texto compreende a terceira referência direta ao

homossexualismo, juntamente com Rm 1.26,27 e 1ª Co 6.9, sendo endereçada a

um indivíduo em particular, Timóteo, com orientações de como proceder no trato

com a igreja de Deus. Os termos em destaque, impuros e sodomitas, são no

original grego, respectivamente, pornov - pornos e arsenokoithv

-arsenokoites . O primeiro designa o homem que prostitui seu corpo entregando-

se a luxúria de outro homem por pagamento, fornicador e ainda, o que se entrega

a qualquer relação sexual ilícita. Neste contexto, é usado para designar todos os

pecados sexuais, quer de solteiros, quer de casados. O segundo termo,

arsenokoites, basicamente designa aquele que se deita com homem e com

mulher, sodomita homossexual. Vem de arsen – macho, varão, e , koite – lugar

para deitar, leito matrimonial, coabitação sexual lícita ou ilícita. No contexto,

refere-se ao pecado do homossexualismo. Champlin esclarece que “...literalmente

significa um homem que tem contacto sexual com outro homem, ou seja, um

homossexual. A palavra arsen, sozinha, significa macho, e koite, que

originalmente era um leito, um lugar para deitar, veio finalmente a indicar contacto

sexual”.86

86
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Vol. 5. p. 284
141

Devemos notar, que mais uma vez, Paulo coloca o termo numa lista

de tantos outros pecados como: profanos, parricidas, matricidas, mentirosos,

perjuros, etc; o que não lhe confere grau moral diferente dos demais pecados.

Champlin, no entanto, insiste em que o castigo imposto, violentamente, contra

Sodoma e Gomorra, foi devido a grande propagação da homossexualidade nas

cidades da planície. Essa posição, à luz de um exame minucioso sobre o

homossexualismo na Bíblia, não se sustenta (ver Ez 16.49,50).

2ª Pe 2.6 – “e, reduzindo a cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra,

ordenou-as à ruína completa, tendo-as posto como exemplo a quantos

venham a viver impiamente;”

No capítulo 2 da segunda epístola de Pedro, o título é “Os falsos

doutores” ou “falsos mestres”. Tal designação demonstra que são pessoas

infiltradas no meio cristão e que gozam de posição privilegiada, ou seja, são

obreiros, pastores, professores de EBD, etc; pois é dito no contexto que seduzem

as almas vacilantes, e, isto é mais provável se forem formadores de opinião no

meio cristão. Pedro, menciona apenas duas das cidades da planície devido estas

serem as principais, porém, suas palavras em todo contexto dizem respeito aos

habitantes de Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Belá ou Zoar.

Pedro, afirma que Deus ordenou-as – Gr katakrinw - katakrino,

isto é, julgou-as dignas de punição tendo emitido julgamento, condenação sobre

as mesmas. Ele as separou, escolheu, etc; para que se tornassem um testemunho

permanente de Seu juízo para todos os povos em todas as épocas e lugares. O


142

grego katastrofh - katastrophe – ruína, demonstra que houve ali completa

destruição, tão vasta que se tornou um sinal, representação ou exemplo –

upodeigma - hupodeigma, de um aviso de algo a ser evitado. O termo grego

mellw - mello - venham (estar prestes a), designa aqueles que tenham a

intenção em mente, estejam pensando em viver de maneira semelhante aos

povos da planície – impiamente. Pedro, utiliza o grego asebew - asebeo para

impiamente, o qual, basicamente quer dizer: ser incrédulo, agir impiedosamente,

e, deriva de asebhv - asebes – aquele que é destituído de temor reverente a

Deus, que condena a Deus, ímpio, etc.

No versículo 7, Pedro dá testemunho de Ló, de que era justo –

dikaiov - dikaios, e que vivia afligido (ARA) ou deprimido (BJ) – Gr

kataponew - kataponeo (afligir ou oprimir com maldades, criar problemas,

tratar asperamente, etc.), com tudo o que via e ouvia daqueles libertinos e

insubordinados, enquanto ali habitou. Os termos gregos para libertinos e

insubordinados são, aqui, aselgeia - aselgeia e ayesmov - athesmos, que

significam respectivamente, luxúria desenfreada, excesso, licenciosidade, lascívia,

etc;. e alguém que transgride as restrições da lei para satisfazer os seus próprios

desejos. A Bíblia de Jerusalém, reza “...comportamento dissoluto daqueles

perversos”, e esse é o quadro atual de nossa sociedade. Apesar de nossa

herança judaico-cristã, muitos países ocidentais estão desprezando os valores e a

moral cristã, cedendo a pressão política de grupos feministas e gays organizados.

O que tais ativistas desejam, está claro no capítulo sobre a homossexualidade.


143

Em sua busca de satisfação pessoal e luta para calar a consciência culpada, tais

indivíduos, não medem esforços, atacando os valores cristãos, a família,

governos, derrubando leis, homossexualizando nossas crianças através de uma

pseudo-educação sexual, etc. Para saciar seu ego e sua carne, não se importam

de agredir outros (física e psicologicamente), destruindo a família e por tabela, a

sociedade.

O versículo 8 é claro, quando diz que Ló atormentava sua alma cada

dia (diariamente – BJ). O grego basanizw - basanizo – atormentava ou afligia,

significa pôr à prova, provar, torturar, molestar, vexar com dores horríveis no corpo

ou na mente, etc; e mostra bem a realidade atual. Hoje, os verdadeiros cristãos

estão como Ló, e embora não tenhamos resolvido morar em Sodoma como ele,

Sodoma veio até nós !

Cabe aqui, estabelecermos a diferença de Ló para Jesus, com

respeito à influência que ambos exerceram, cada qual na sua época, Este, sempre

era procurado pelos pecadores que queriam ouvi-Lo, e Ele, os impregnava com

seu amor, graça e bondade, revelando-lhes como entrar no reino – Basiléia, de

Deus. Aquele, foi com seus próprios pés para o meio do pecado, julgou suas

causas (estava à porta da cidade), morou anos ali, pois suas filhas já estavam

casadas, mas quando do anúncio do juízo divino, nem seus genros quiseram lhe

dar crédito. Seu testemunho já não impactava, pois apesar de sofrer com o que

via, não era uma voz profética a conclamá-los ao arrependimento (Mt 3.1-3). É

certo que nosso testemunho é uma grande pregação, mas se ficarmos calados

como Ló, tão somente nos sentiremos oprimidos pelo pecado que cresce
144

rapidamente a nossa volta. Precisamos viver o que pregamos e também pregar o

que vivemos, com graça e sabedoria.

É importante, ainda, o fato de Pedro fazer alusão à Noé, Ló e os

ímpios daquela época, em comparação com os falsos mestres que ele afirma,

surgirão. Os mesmos pecados dos homens da época de Noé e Ló, são atrelados

a estes, entre eles: avareza – Gr pleonexia - pleonexia; injustiça – adikia

-adikia ; paixões imundas – epiyumia miasmov - epithumia miasmos;

desprezo – Gr katafronew - kataphroneo, pela autoridade; blasfemos – Gr

blasfhmew - blasphemeo; animais irracionais – Gr alogov zwon - alogos

zoon; impuros – Gr spilov - spilos; pervertidos – mwmov - momos;

volupiosos – Gr apath -apate; olhos cheios de adultério – Gr oftalmov

mestov moicaliv - ophthalmos mestos moichalis; insaciáveis – Gr

akatapaustov - akatapaustos; pecado – Gr amartia - hamartia; malditos –

Gr katara - katara; escravos da corrupção – Gr doulov fyora - doulos

phthora; etc.

Jd 7 – “Como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que,

havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra

carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição”.


145

Sodoma e Gomorra não estavam sozinhas em seus pecados, uma vez

que, as cidades em torno delas, circunvizinhas – Gr peri - peri, também

comungavam em seus erros. As 5 cidades da planície, segundo Judas, estavam

entregues a prostituição – Gr ekporneuw - ekporneuo (prostituição, fornicação,

relação sexual lícita,etc.): Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Belá (Zoar). As

províncias – Admá, Zeboim e Zoar, eram como – Gr omoiov - homoios (similar,

semelhante, parecido,etc.), aqueles – Gr tropov - tropos (forma, modo, maneira,

como, modo de vida,etc.), ou seja, como os de Sodoma, que tentaram ter relações

com outra carne, os anjos. Champlin, afirma que por prostituição, Judas referiu-se

a toda sorte de males morais, como depravações, homossexualismo,

concupiscências e apego exagerado à atividade sexual. O grego apercomai

-aperchomai – seguindo, corresponde a ação de ir embora ou partir a fim de

seguir alguém, seguir seu partido ou como líder. O intenso desejo sexual era o

governante, líder, dessas pessoas, e elas, seus escravos. Quando Judas diz

“outra carne” – Gr eterov sarx - heteros sarx (diferente, de outra natureza,

forma, classe,etc. – de acordo com a BJ), refere-se aos anjos que os sodomitas

queriam penetrar. Tal aberração carnal seria fácil de ocorrer para pessoas que se

entregavam as relações homossexuais, lesbianismo, zoofilia, incesto,etc. Essa

premissa, confere com o quadro que Ló enfrentou. Estavam sedentos, desejosos

de possuir aqueles homens, que eram forasteiros especiais, diferentes de tudo

que aqueles brutos “irracionais” já tinham experimentado. Hoje, não é diferente,

pois que, muitos viciados em sexo, já não se satisfazem mais com apenas uma
146

mulher. É preciso várias delas. Depois, é preciso relacionar-se com homens, fazer

troca de casais, penetrarem animais, ser afligido por dor, etc; num círculo vicioso e

destrutivo sem fim da natureza humana.

A posição tradicional sobre “outra carne”, diz tratar-se da atividade

homossexual masculina e feminina dos povos da planície, além dos demais

pecados sexuais ali praticados, com crianças, animais, etc. Esta posição é mais

sensata, pois é rica de evidências bíblicas e históricas, o que não ocorre no outro

caso.

Judas, segue dizendo que os tais foram postos como exemplo – Gr

deigma - deigma (algo que é mostrado como modelo), do fogo – Gr pur - pur,

eterno – Gr aiwniov - aionios (sem início e sem fim), e que certamente

sofreriam – Gr upecw - hupecho (colocar debaixo de, pôr sob, sofrer

punição,etc.), punição – Gr dikh - dike (execução de sentença, punição, justiça

vingadora,etc.).

As colocações de Judas contra os falsos mestres, lembram muito as

palavras de Pedro já analisadas. O certo, em ambas as cartas, é que o que

ocorreu com as cidades da planície jamais será esquecido e, certamente, havia

ali, junto com outros pecados, toda sorte de depravação sexual e culto idólatras.

Mas, vejamos a seguir o que a Bíblia Sagrada diz em seu contexto geral sobre

Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas.

O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE SODOMA E GOMORRA?


147

Antes de meditarmos nos textos bíblicos diretos sobre Sodoma e

Gomorra, é mister entendermos a origem dos povos que habitavam Canaã e as

cidades da planície. Em Gn 10.1, é dito que : “São estas as gerações dos filhos de

Noé: Sem, Cam e Jafé; e nasceram-lhes filhos depois do dilúvio”. No versículo 6,

é dito que Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã, foram os filhos de Cam, e do 15 -18, são

descritos todos os povos gerados de Canaã: Sidom, Hete, Jebuseus, Amorreus,

Girgaseus, Heveus, Arqueus, Sineus, Arvadeus, Zemareus, Hamateus, e que

depois, as famílias dos cananeus se espalharam. Quando chegamos ao

versículo 19, vemos que o limite dos cananeus ia desde Sidom, para Gerar, até

Gaza, indo para Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa. A época dos

patriarcas (2.100 – 1.800 a.C.), está separada da conquista de Canaã por quase

700 anos (1.445 a.C.), quando Amenotepe II reinava no Egito. Em Dt 18.9 -12,

Deus diz que quando Israel entrar na terra prometida, não deverá imitar as

abominações daqueles povos que ali habitam, como segue: 1º ) Queimar seus

filhos (as) em sacrifício a deuses falsos; 2º ) Adivinhação; 3º ) Prognosticação; 4º )

Agouro; 5º ) Feitiçaria; 6º ) Encantamentos; 7º ) Necromancia; 8º ) Mágicas; 9º )

Mediunidade. O versículo 12, termina dizendo que devido essas abominações,

Deus lançaria fora aqueles povos da terra.

Essas abominações praticadas pelos descendentes de Cam, já

estavam presentes em Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar, além de outras

partes da terra santa, e ainda, fora dela. Na época do rei Saul, ainda havia

necromantes na terra (1º Sm 28.3-25). A idolatria na antiguidade, em todas as

suas diversas manifestações, sejam sacrifícios humanos, consulta a espíritos,


148

veneração de ancestrais, etc; é facilmente comprovada pela história,

arqueologia,etc. Tal realidade, demonstra que dentre as abominações cometidas

por Sodoma, Gomorra e as outras 3 cidades menores, fazem parte o descrito em

Dt 18.9-12, além do desamparo ao pobre e necessitado, soberba e depravações

sexuais (descritas em Lv como abominações – tow’ ebah ou to’ebah).

Uma análise das citações bíblicas de Sodoma, Gomorra, Admá,

Zeboim e Zoar, na versão de Almeida Revista e Atualizada, demonstrou que:

1. Sodoma » É mencionada em 46 versículos por toda Bíblia. Destes,

aparece sozinha - em 23 vv; junto com Gomorra - em 23 vv; com Samaria - em 3

vv; com Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar - em 2 vv; com Gomorra, Admá e Zeboim

- em 2 vv; com o Egito - em 2 vv; e com Gomorra e Zoar - em 3 vv.

2. Gomorra » É mencionada em 23 versículos por toda Escritura Sagrada,

mas nunca sozinha. Destes, aparece com Sodoma em 23 vv; com Sodoma,

Admá, Zeboim e Zoar - em 2 vv; com Sodoma, Admá e Zeboim - em 4 vv; com

Sodoma e Admá – em 4 vv; e com Sodoma e Zoar - em 3 vv.

Dos 46 versículos onde aparece Sodoma – 23 deles com Gomorra,

temos: 22 vezes (47,8%) a menção do juízo derramado sobre as mesmas por

Deus e 11 vezes (23,9%) são mencionados os pecados e caráter de seus

habitantes. Assim, de um total de 46 versículos com Sodoma, 33 (71,7%) trazem

um sentido negativo em relação àqueles povos. Por exemplo:

Gn 13.13 – “Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra

o Senhor”;
149

Gn 18.20 – “Disse mais o Senhor: Com efeito o clamor de Sodoma e Gomorra tem

se multiplicado e o seu pecado se tem agravado muito”;

Dt 23.18 – “Não trarás salário de prostituição nem preço de sodomita à casa do

Senhor teu Deus por qualquer voto; porque uma e outra coisa são igualmente

abomináveis ao Senhor teu Deus”

Ez 16.49,50 – “Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura

de pão,...mas nunca amparou o pobre e necessitado. Foram arrogantes, e fizeram

abominações diante de Mim...”;

2 Pe2.6 – “e, reduzindo a cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra, ordenou-as à

ruína completa, tendo-as posto como exemplo a quantos venham a viver

impiamente”;

Jd 7 – “Como Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas que, havendo-se

entregue a prostituição (sexual e cultual) como aqueles, seguindo após outra

carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição”.

Outros textos claros sobre o assunto são: Gn 13.10; 18.26;

19.1,4,24,28; Dt 29.23; 32.32; Is 1.9-23; 3.9; 13.19; Jr 20.16; 23.14; 49.18; 50.40;

Lm 4.6; Ez 16.46,48,53,55,56; Am 4.11; Sf 2.9; Mt 10.15; 11.23,24; Lc 10.12;

17.29; Rm 9.29; etc.

O testemunho bíblico sobre Sodoma e suas filhas (Gomorra, Admá,

Zeboim e Zoar), é claro em descrever seus habitantes como maus, idólatras,

injustos e escravos de vícios sexuais terríveis. Sobre Sodoma e Gomorra, Werner

Keller afirma que:

Sodoma e Gomorra tornaram-se símbolos de vício e iniqüidade e sinônimos de


aniquilação completa...Como para confirmar a teoria geológica do
desaparecimento de Sodoma e Gomorra, escreve textualmente o sacerdote
150

fenício Sanchuniathon em sua História Antiga redescoberta: “O vale de Sidimus


afundou e se transformou em mar, sempre fumegante e sem peixe, exemplo de
vingança e morte para os ímpios”.87

Quanto a Admá e Zeboim, dos 5 versículos onde aparecem nas

Escrituras, em 2 deles (Dt 29.23; Os 11.8), se alude a destruição do juízo divino.

Das 5 cidades da planície, apenas Zoar foi polpada devido Ló ter pedido para

refugiar-se nela (Gn 19.20-23). Posteriormente, abandonou a mesma com suas

filhas, habitando uma caverna (Gn 19.30). Fica claro, face a visão geral da

narrativa bíblica das cidades da planície, que seus habitantes eram maus e

grandes pecadores. Agora, voltemos nossa atenção para algo importante

relacionado ao nosso estudo: “O Silêncio de Jesus” quanto à condenação explícita

da homossexualidade. Será que Jesus era a favor da homossexualidade?

Analisemos a questão.

O “SILÊNCIO” DE JESUS

O “Silêncio” de Jesus, sobre a questão homossexual, tem sido

usado pelos militantes gays para justificar seu estilo de vida, chegando ao extremo

de inventarem um suposto caso homossexual entre Jesus e João. Mas, afinal de

contas, o que Jesus pensava sobre esse assunto? Como podemos saber, se Ele

não se pronunciou a respeito?

Antes de mais nada, é preciso dizer que o Senhor Jesus Cristo

também não condenou, explicitamente, o aborto, o estupro, a poligamia, a


87
KELLER, Werner. E a Bíblia Tinha Razão, p. 83,92
151

clonagem humana, o uso da maconha, cocaína, bebida alcoólica,etc; no entanto,

até o mais cético dos homens concordaria que o estupro é errado, o aborto é

assassinato, etc. As Escrituras Sagradas, não se resumem num manual de “não

faça isso nem aquilo”; antes, contém história, geografia, poesia, arqueologia,etc;

e, é claro, um código moral inigualável em todos os tempos da história humana

sobre a terra – a Torá (Êx 20.1-20) e o Sermão da Montanha (Mt 5,6 e 7); o

primeiro dado ao povo escolhido segundo a carne – Israel (Gn 12.1-3; Êx 20.1-

17), o segundo, dado a um povo que é tirado de todos os povos – a Igreja (Mt 5,6

e 7; 16.15-18). Em direito, afirma-se que não há crime sem que antes haja lei que

assim o defina. Quando frente a um caso não contemplado explicitamente pela

legislação em vigor, o advogado deverá amparar-se, lançar mão, daquele artigo

ou lei que mais se aproxime da realidade necessária. O mesmo pode e deve ser

feito, com a devida habilidade e cuidado, com as Escrituras, sempre que ocorra

situação similar. Dito isto, então vejamos o que Jesus pensava.

Jesus, veio ao mundo numa época em que este estava pervertido em

extremo, em pleno governo romano (Lc 2.1-7; Gl 4.4). Foi apresentado no templo

como todo judeu deveria ser (Lc 2.21-24). Ao iniciar seu ministério, com cerca de

30 anos, passou a ensinar e pregar pelas cidades da Palestina. Por cerca de 3

anos e 6 meses, teve sérios problemas com os religiosos de Sua época e povo,

sendo visto como um agitador. Teceu duras críticas contra os fariseus e escribas

(Mt 23.13-36). Chamava-os de hipócritas, pois não viviam de acordo com o que

ensinavam. Várias vezes, Jesus mencionou personagens do A.T. em Seus

ensinos, como Jonas (Mt 12.40,41), a rainha de Sabá e Salomão (Mt 12.42), Noé

e Ló (Lc 17.26-29),etc; e afirmou que não veio revogar a Lei (Torá – os 5 primeiros
152

livros da Bíblia) ou os profetas: “...não vim para revogar, vim para cumprir” (Mt

5.17-20). Como judeu piedoso que era, Jesus viveu de acordo com a Bíblia que

lia: a Torá, os Salmos e os profetas (Lc 4.16-21). Ele nem mesmo fundou uma

nova religião, antes, trouxe aos homens perdão e paz pelo Seu sangue e mostrou-

lhes como entrar no reino de Deus – Gr basileia tou yeou - basileia tou

theou (Mt 4.17; Jo 3.1-15; 1ª Jo 1.7,9; 2.1,2).

Como judeu praticante, a questão homossexual para Jesus era algo

definido, quem a praticasse deveria ser morto ou eliminado (Lv 18.22,29), assim,

como os adúlteros (as) (Lv 20.10), quem amaldiçoasse os pais (Lv 20.9),etc. Por

que deveria deliberar ou ensinar sobre um tema para ele e seu público – judeus

na maioria, totalmente resolvido? Para o judeu fiel, as proibições sexuais não

eram algo em aberto, assim como os demais preceitos da Torá . Outrossim, deve

ser notado que Jesus ao ensinar sobre o adultério, trouxe maior dificuldade para

os indivíduos do que a própria Lei, que dizia ser necessário haver 3 testemunhas

para que os culpados fossem mortos (Dt 17.6; 19.15; 22.22-24), enquanto Jesus

afirmou que aquele que cobiçar uma mulher, já adulterou com ela (Mt 5.27,28). Na

Lei, era preciso vir a público para haver juízo, na graça, a cobiça sexual mental já

se constitui em pecado perante Deus. Se para Jesus, o que cobiça uma mulher é

adúltero, o que será então, aquele que cobiçar um homem? O que na Lei, que

Jesus guardava, era abominação. O leitor sensato, sabe a resposta.

Outros dois versículos, no evangelho de Mateus, trazem luz ainda

maior sobre o que Jesus pensava da sodomia. São eles: Mt 10.15 e 11.24, que

dizem respectivamente: “Em verdade vos digo que menos rigor haverá para
153

Sodoma e Gomorra, no dia do juízo, do que para aquela cidade” e “Digo-vos,

porém, que menos rigor haverá, no dia do juízo, para com a terra de Sodoma do

que para contigo”.

Em ambos os textos, o termo grego para rigor é anektoterov

-anektoteros, que significa suportável, tolerável, etc; entretanto, o fato de Jesus

prometer menos rigor para as 2 cidades, símbolos de pecado e juízo, não significa

que serão absolvidas naquele dia, antes, esclarece que quanto maior a revelação

divina concedida aos homens, maior é a sua responsabilidade e maior também

será a intensidade com que sentirão o juízo divino caso neguem a verdade com

obras más. Champlin, corrobora tal colocação quando assevera que “O ensino de

Jesus, neste ponto, inclui as idéias que a rejeição da luz, quanto mais brilhante for

ela, trará julgamento mais severo, e que quanto maior for a luz recebida, maior

será a responsabilidade do indivíduo”88

O juízo – Gr krisiv - krisis, quer dizer separação, divisão, seleção,

sentença de condenação, direito, justiça,etc; e deixa transparecer que no juízo

final Deus não vai separar os mais justos dos menos justos, antes, colocará os

justos a Sua direita e os injustos à esquerda, separando as ovelhas dos bodes (Ml

3.18; Mt 25.31-34,41,46; Ap 20.11-15). Inegável, é a afirmação de Jesus no

versículo 23 de Mt 11, onde diz que Sodoma teria permanecido caso nela Jesus

tivesse realizado os milagres que fez em Cafarnaum. Isso, é claro, não significa

que os sodomitas, em sua maior parte, aceitariam a Jesus e Sua pregação, antes,

que certamente alguns O receberiam, talvez 10, 20, 30...; o que já seria suficiente

para que Ele poupasse toda a cidade (Gn 18.26,31,32). O texto de Lc 10.12, tem
88
CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Vol.1. p. 362
154

o mesmo sentido que em Mateus, porém o contexto anterior diz respeito àqueles

que se recusassem a receber os Seus discípulos (Lc 10.1-12).

Digno de nota, ainda, é o fato de que ambos os testamentos,

estabelecem as proibições sexuais e cultuais, ambas tidas como abominações. O

mesmo não ocorre com respeito ao sábado, aos animais impuros, etc. Se Jesus

concordasse com a prática homossexual, seus discípulos, como Pedro (2ª Pe 2.6-

22), e Seu irmão e discípulo, Judas (Jd 7,8), não teriam se posicionado contra a

mesma. Ademais, o apóstolo Paulo, que esteve no Concílio em Jerusalém (At

15.2, 5-11), sabia que a posição da igreja primitiva não era diferente do Judaísmo

sobre idolatria e pecados sexuais.

Outro texto, nos evangelhos, importante para o nosso propósito, é Mt

24.37-39 e seu paralelo em Lc 17.26-29. Em Lucas, Jesus é interrogado pelos

fariseus sobre o tempo da vinda do reino de Deus, e no curso de Sua resposta cita

Noé e Ló, afirmando que o quadro do mundo seria semelhante no dia em que o

filho do homem se manifestar. Mateus cita apenas Noé, como segue: “Pois assim

como foi nos dias de Noé, também será a vinda do filho do homem. Porquanto

assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam-se, e

davam-se em casamento...”. Em Lc 17.26, temos os mesmos verbos: comer,

beber, casar e dar, sobre Noé. O versículo 28, entretanto, reza: “O mesmo

aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e

edificavam”. Aqui, temos a repetição de apenas dois verbos: comer e beber (o que

é essencial para manter a vida), porém, casar e dar em casamento são excluídos

e aparecem em seu lugar comprar, vender, plantar e edificar. Os termos gregos


155

para casar e dar-se em casamento, respectivamente, são: gamew - gameo e

ekgamizw - ekgamizo. O primeiro significa união legítima, matrimônio,

bodas,etc; e o segundo quer dizer dar em casamento, aludindo a dar uma filha em

casamento. A ausência sobre casamento na referência a Ló e Sodoma, feita por

Jesus, não pode ser por acaso. Pouco ou nenhum valor, tinha o casamento, para

uma sociedade extremamente permissiva, depravada, idólatra e hedonista. O

casamento legítimo (heterossexual), em Sodoma, era exceção, a promiscuidade

era a regra, o inverso da visão judaico-cristã prevalecente no ocidente.

Atualmente, o movimento feminista e o movimento gay estão trabalhando juntos

para desconstrução da família, e, isso eles fazem, atacando a herança judaico-

cristã, como por exemplo, destruindo a distinção entre os sexos, infiltrando

políticos homossexuais ou simpatizantes em posições estratégicas no governo,

etc.

Finalmente, para que não houvesse dúvidas sobre o que pensava

Jesus quanto à sexualidade sadia, em resposta dada aos fariseus concernente ao

divórcio, Ele deixou claro que o padrão relacional entre os seres humanos que

queriam unir-se é a heterossexualidade – união entre seres de sexo diferente, ou

seja, macho e fêmea. Analisemos o texto em questão:

Mt 19.4 – “Então, respondeu Ele: Não tendes lido que o criador, desde o princípio,

os fez homem e mulher”.

O primeiro termo destacado – “fez”, é no original grego poiew -

poieo – fazer, e significa que o criador formou, foi o autor, foi quem modelou o ser
156

humano desse jeito – homem e mulher. Javé foi a causa, foi quem formou, fez

bem o modelo (família); Ele a instituiu, celebrou e observou.

O grego arshn - arsen – macho, varão, e seu oposto, yhluv -

thelus – do sexo feminino, mulher, fêmea, usados para homem e mulher, deixa

clara a idéia de que o ser humano completo compreende homem e mulher – uma

unidade. Ambos, homem e mulher, foram criados um para o outro devendo viver

uma união permanente. John Stott, declarou que “... desde o princípio o homem foi

macho e fêmea, e homens e mulheres eram igualmente beneficiários, tanto da

imagem divina, quanto do domínio sobre a terra”89

Ademais, Jesus deixou claro neste contexto que o casamento não

compreende simplesmente uma necessidade biológica ou de satisfação social,

antes, “...deve ter base em finalidades espirituais, teístas e metafísicas”. 90 Para

Charles Ryrie, o propósito divino na criação foi declarado aqui por Jesus, que

homem e mulher sejam uma única carne, e pelo matrimônio formem uma unidade

física e espiritual. As Escrituras Sagradas, deixam transparecer que a união entre

um homem e sua mulher, no matrimônio, é muito mais do que para procriar, ter

prazer, etc.

Mt 19.5 – “e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a

sua mulher, tornando-se os dois uma só carne ?”

O grego eneka - heneka – causa, significa a fim de que, por causa

de, conseqüentemente, etc; e demonstra que assim deveria ser desde o princípio

– o homem deveria deixar seus pais e unir-se a sua mulher. Este é o padrão

89
STOTT, John. Grandes Questões Sobre Sexo, p. 17
90
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Vol. 1. P. 479
157

divino para o matrimônio – homem e mulher, não sendo dito em parte alguma para

unir-se a seu igual – a outro homem, nem para mulher unir-se com outra mulher.

O ser humano completo surge da união heterossexual – macho e fêmea, sendo

qualquer união alternativa,uma rebelião contra o Criador.

É dito que o homem – Gr anyrwpov - anthropos, deve deixar para

trás, partir, desistir de – Gr kataleipw - kataleipo, seu pai e mãe para unir-se a

sua mulher. Ao utilizar anthropos, o texto sagrado, chama a atenção para o fato de

que ambos, homem e mulher, devem deixar seus pais para juntos formarem uma

nova família. Ao deixar pai – Gr pathr - pater (gerador ou antepassado

masculino), e mãe – Gr mhter - meter, os dois tornar-se-ão uma só carne.

Assim, como na fecundação, a célula masculina (espermatozóide) se une a

feminina (óvulo), para formar um novo ser completo, o homem e a mulher se

completam tornando-se uma só carne. O grego proskollaw - proskollao –

unirá, que significa grudar, juntar-se rente, aderir, colar, etc; explicita a idéia de

que essa união deve ser permanente, estando presentes fatores mentais,

espirituais e morais. Depois de unidos, Jesus afirma que se tornarão – Gr

esomai - esomai, os dois uma – Gr mia - mia (apenas um, alguém), só carne

– Gr sarx - sarx (carne, corpo, natureza física, etc.). O grego esomai – futuro da

1ª pessoa do verbo ser ou estar, usado para tornando-se, confirma que não são

mais dois, mas serão, existirá, uma só carne. Este fato, Jesus atesta com suas

palavras no versículo 6, e, reintera que o homem não deve separar o que Deus

ajuntou. O termo grego usado para ajuntou é suzeugnumi - suzeugnumi, que


158

significa prender a um jugo, escravizar, juntar, unir,etc; e alude ao fato de que

deverá haver renúncia mútua e permanente, e assim, o casamento perdurará.

Ambos, homem e mulher, estão sujeitos um ao outro sob a benção de Deus.

Embora, o divórcio seja o assunto no contexto de Mt 19.1-12, das

palavras proferidas aqui por Jesus, brotam verdades espirituais importantes para

nossa discussão, entre elas:

1. Jesus confirma o relato de Gênesis sobre a criação do homem e da mulher

como fato histórico.

2. A distinção entre os sexos foi feita pelo próprio Deus ao criar macho e

fêmea.

3. Deus criou apenas uma mulher para Adão, deixando claro que o propósito

original é a união monogâmica – um homem com uma mulher.

4. Não existe um terceiro sexo, apenas dois foram criados, logo, toda

pluralidade ou “diversidade” sexual, como bissexualidade, transsexualismo,

homossexualidade, etc; compreende desvios do propósito original divino.

5. Para que um homem e uma mulher gozem de toda plenitude de sua

sexualidade, é preciso romper com os laços paternos, deixar pai e mãe, e

cimentar-se um ao outro, criando uma nova célula-família.

6. É dito sobre a união heterossexual – homem com mulher, que Deus uniu,.

logo, Ele não tem prazer nem participação, não une, seres humanos do mesmo

gênero entre si – homossexuais e afins.

7. É claro também que essa união exclui crianças, devendo ser entre homens

e mulheres adultos, logo, invalidando a possibilidade da pedofilia como algo

legítimo.
159

8. Sendo a união heterossexual padrão divino, toda união contrária ao

propósito de Deus para o ser humano constitui-se rebelião e uma fútil tentativa de

tais indivíduos em serem felizes alienados de Deus.

Frente ao exposto, fica claro que Jesus não precisava falar

especificamente contra a homossexualidade, pois no contexto judaico, homem

e mulher tinham cada qual um papel claro, estabelecido e definitivo.


160

- QUARTA PARTE -

CAMINHO BÍBLICO PARA A IGREJA


161

O CAMINHO BÍBLICO PARA A IGREJA

Apesar da excessiva propaganda pró-homossexualismo de nossos

dias, pouca atenção tem sido dada ao tema no meio evangélico cristão. A igreja

evangélica tem abandonado seus soldados feridos, discriminado os que agem e

pensam diferente, e deixado por diversas vezes de ser sal e luz (Mt 5.13,14). As

Escrituras afirmam que a igreja é o corpo místico de Jesus Cristo na terra (Ef

5.22,23), do qual Ele é o cabeça. Assim, deve ser uma comunidade terapêutica,

trazendo os homens para o reino de Deus, confortando os aflitos e sendo benção

no meio social em que está inserida, vivendo de maneira sensata, justa e piedosa

nesta era presente (Tt 2.12). Carlos Bertilac, Coordenador do G.A. (Grupo de

Amigos), afirma que:

... a igreja precisa dar resposta à questão da homossexualidade. Ela tem essa
obrigação, pois Jesus nos comissionou para isto. Certamente, não podemos dar
todas as respostas, mas podemos nos especializar e procurar entender este
assunto a fim de dar uma resposta àquele que necessita de ajuda... é preciso
conhecer, estudar e analisar o problema do homossexualismo, tal como ele é. A
maioria dos evangélicos e dos pastores reconhece que não entende bem o
assunto, e por isto dizem que não podem fazer muita coisa.91

Enquanto a igreja evangélica não se abrir para discutir a questão

homossexual, tudo que veremos será preconceito, exclusão, indiferença, etc; para

com seres humanos que se encontram confusos e sedentos de Deus,

mergulhados num profundo conflito sexual e existencial. Mas, o que fazer quando

procurado por um membro da igreja que confessa ser homossexual? Sentir

atração física por outro indivíduo do mesmo sexo, significa que sou gay? Existe

91
www.moses.org.br
162

realmente ex-homossexual? O homossexual pode freqüentar as reuniões

periódicas da igreja? Para estas e outras indagações, é mister que o pastor

evangélico esteja preparado para responder, afim de que muitas vidas não se

percam.

Apesar de fazer distinção entre o justo e o ímpio (Ml 3.18), as

Escrituras Sagradas deixam claro que Deus é misericordioso e que não tem

prazer na morte do ímpio (Ez 18.23), sendo tardio para se irar (Ne 9.17; Na 1.3). O

caminho bíblico para a igreja compreende as seguintes premissas: 1ª) Jesus veio

para os pecadores; 2ª) A palavra divina produz metanóia; 3ª) Não há koinonia

entre a luz e as trevas e, 4ª) O evangelho é resgatador.

JESUS E OS PECADORES

O testemunho neotestamentário é claro ao mostrar que Jesus estava

sempre junto dos pecadores. Ele mesmo disse que: “... não vim chamar justos, e,

sim, pecadores” (Mt 9.13). Em Mt 9.10-13, é narrado que Jesus estava em casa

de Levi (Mc 2.15), à mesa, e vários publicanos e pecadores sentaram-se com Ele

e seus discípulos, o que trouxe a censura dos fariseus, que perguntaram aos

discípulos porque seu Mestre comia com tais pessoas. Os publicanos eram

responsáveis por cobrarem impostos para Roma e freqüentemente cometiam

extorsões e abusos, sendo odiados pelo povo. Ao procurarem à companhia de

Jesus e seus discípulos, não eram rechaçados e nem tratados com indiferença,

antes, amados e ajudados, tanto quanto quisessem e permitissem. Assim

também, deveriam os evangélicos agir frente a todas as classes sociais e tipos de


163

pessoas, mas uma interpretação equivocada do Sl 1.1 c – “... nem se assenta na

roda dos escarnecedores”, tem trazido prejuízo ao evangelho. Pois, muitos

evangélicos evitam se relacionar com pessoas de outras religiões, principalmente

candomblecistas, umbandistas, espíritas kardecistas, entre outros, devido seu

entendimento equivocado de textos bíblicos. Não há em nenhum trecho dos

evangelhos qualquer evidência de que Jesus evitasse estar perto e relacionar-se

com todos os tipos de pessoas: religiosos, descrentes, ladrões, prostitutas,

leprosos, etc. Sua santidade os atraía, jamais os repelia de sua presença. Ele

afirmou ser o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14.6), e exortava os homens a

seguí-Lo (Mt 4.19; 8.22), mas jamais os obrigou a fazê-lo (Mt 16.24).

Em Jo 8, fariseus e escribas colocam uma mulher diante de Jesus

afirmando que a tal foi pega em flagrante adultério e que Moisés mandou

apedrejar até a morte indivíduos nesta situação. Dentre os erros cometidos pelos

acusadores desta mulher, o pior foi colocarem-se como juízes e ao mesmo tempo

executores da sentença de morte. Também erraram em não levar o homem,

demonstrando discriminação por mulheres e inobservância da Torá (Dt 17.6;

19.15; 22.22: Lv 20.10). Jesus, inclina-se e escreve no chão com o dedo, mas

como insistiram na pergunta, levanta-se e responde de um modo que ninguém

esperava. Ele não foi conivente com o pecado sexual e também não saciou a

sede de sangue daqueles que tinham as mãos cheias de pedras, antes, lançado-

os de encontro as suas próprias consciências, disse: “Aquele que dentre vós

estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra” (Jo 8.7). Por fim, após

todos se retirarem, Jesus pergunta a mulher por seus acusadores e ela diz que se

foram. Então, Jesus afirma que também não a condenava (a morte por
164

apedrejamento), e que a mesma fosse embora, porém, que não pecasse mais.

Para o enfermo que por 38 anos tentava a cura no tanque de Betesda, Jesus

disse o mesmo (Jo 5.4,5,14). A narrativa em Jo 8 não diz que a mulher passou a

seguir Jesus tornando-se sua discípula (uma lenda diz que se chamava Susana e

que anos mais tarde tornou-se seguidora do apóstolo Tiago). No mundo, não

faltam discriminação, preconceito, julgamento e violência contra os homossexuais,

mas na igreja de Jesus não deveria ser assim. Jesus não condenou a mulher a

morte, não foi conivente com seu pecado e também não a forçou a seguí-Lo, só

exortou a um procedimento: não peques mais.

O homossexual, assim como o traficante, adúltero, ladrão, alcoólatra,

etc; deve ser livre para freqüentar os cultos, participar do louvor congregacional,

orar e receber oração, ofertar, participar da E.B.D., etc. E jamais deve ser

obrigado ao batismo ou qualquer outra responsabilidade maior na igreja ou a

abandonar seu estilo de vida (Zc 4.6). Os evangélicos, em sua maior parte, têm

olhado para o homossexual somente sob o esteriótipo de depravação,

bestialidade e, como os piores pecadores, mais nojentos do mundo. Estão

esquecendo de que todos somos seres humanos e pecadores, carentes da

misericórdia e do amor de Deus. John Stott assevera que:

...somos todos seres humanos...não existe este fenômeno:o “homossexual’.


Existem apenas pessoas humanas feitas à imagem e semelhança de Deus,
ainda que caídas, como toda a glória e a tragédia que este paradoxo possa
implicar, incluindo o potencial sexual e os problemas sexuais.92

92
STOTT, John. Grandes Questões Sobre Sexo, p. 159
165

A igreja cristã evangélica precisa olhar para o ser humano como Jesus

olhava. Elenyr Vassão, Chefe de Capelania Evangélica do Hospital das Clínicas

de São Paulo e do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, firma sobre isso que:

A igreja deve ser o lugar de perdão e acolhida para seus soldados feridos, e não
um tribunal para julgar os que caíram. Precisamos de mais misericórdia e graça
para tratar as pessoas como o Senhor nos trata. Ele nos constrange pelo amor,
mesmo sem perder de vista a sua justiça.93

A igreja deveria ser uma comunidade terapêutica na terra e promotora

de reino de Deus. Não somos salvos por Jesus para julgar nosso próximo

condenando-o ao inferno, antes, Cristo nos redimiu para que sigamos seu

exemplo: ”Como o filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir

e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28 - NVI). E ainda, “aquele que

afirma que permanece Nele, deve andar como Ele andou” (1ª Jo 2.6 - NVI). Em

João 3.17, Jesus disse que “Pois Deus não enviou o seu filho ao mundo para

julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (BJ). Estar perto dos

pecadores ou permitir que se aproximem de nós, não significa que tenhamos parte

em seus pecados. Devido não discutir a sexualidade humana à luz da Bíblia, é

que temos tantos evangélicos “mal resolvidos sexualmente”, com problemas de

relacionamento conjugal e, hostis àqueles que se entregaram ao estilo de vida

gay. É sobre isso que discutiremos agora.

A PALAVRA E METANÓIA

Em nosso trabalho de graduação, afirmamos que o papel da igreja

frente ao homossexualismo é caracterizado pelos verbos: capacitar, estimular,

93
Revista Defesa da Fé. Mai/2000, p. 48
166

formar e promover, que corresponde a: capacitar os cristãos na evangelização de

homossexuais, estimular a realização de seminários sobre o tema, formar um

ministério de ajuda e promover cursos de capacitação sobre sexualidade para

pastores, líderes e obreiros de modo geral.

A igreja precisa discutir sobre sexualidade sadia à luz da Bíblia e

também entender o que ocorre na mente de seres humanos que se renderam aos

desvios sexuais de diversos tipos. Muitos são membros ativos em nosso meio,

mas vivem uma luta solitária contra impulsos sexuais contrários a vontade de

Deus.

Em todas essas iniciativas, a ênfase recai naquilo que a Bíblia diz

sobre a sexualidade humana e o propósito divino para nós. A Escritura Sagrada, e

sua proclamação equilibrada e fiel, é a base e o necessário para levar o indivíduo

a libertação e novidade de vida em Cristo (Jo 5.39; Rm 10.17). Em todas as partes

do planeta, indivíduos outrora presos a pecados diversos e hábitos nocivos, têm

testemunhado lograr libertação ao serem confrontados e rederem-se a Deus e sua

palavra (vontade), recebendo a Cristo Jesus como Senhor e salvador. O escritor

da epístola aos Hebreus, deixou claro o poder das Escrituras (Hb 4.12,13).

Houve um discípulo que Jesus afirmou não estar convertido (Lc

22.31,32), e este, ao ouvir tal palavra, precipitou-se em contestá-la, dizendo estar

pronto para ser preso e até para morrer por Jesus. O Senhor, afirma então, que

seria negado por ele, e foi o que ocorreu (Lc 22.54-62). Apesar de acompanhar o

Senhor Jesus por quase três anos e meio, Pedro ainda era um homem natural, ou

seja, um indivíduo que não havia entendido a vontade de Deus e nem permitido

que Este governasse sua vida. Pedro, percebeu quanto somos frágeis e
167

dependentes de Deus, tão somente quando as palavras de Jesus se cumpriram

(Lc 22.62). Quando a genuína proclamação do evangelho ocorre, o homem é

impactado no mais profundo do seu ser, afetando seu intelecto, emoção e

vontade, produzindo verdadeira conversão. Strong, define conversão como:

a mudança voluntária na mente do pecador, na qual, por um lado, ele dá as


costas para o pecado, por outro, se volta para Cristo...voltar as costas para o
pecado, denomina-se arrependimento...o encaminhamento para Cristo
chamamos fé.94

Na proclamação do evangelho, confrontamos os homens com as

reivindicações de Deus e o dever de sujeição imediata a Jesus Cristo. As

Escrituras Sagradas mostram que Deus causa o retorno do homem para si, e que

também este, deve buscar a Deus (Is 55.6; Jr 31.18; Lm 5.21). Importante, porém,

ignorado por muitos atualmente, é o fato de que é preciso haver verdadeiro

arrependimento por parte do ser humano. Tal ênfase no arrependimento, era

compartilhada por João Batista, Jesus, Paulo e profetas do Antigo Testamento (Dt

30.10; Jr 8.6; Ez 14.6; 18.30; Mt 3.2; 4.17; Lc 13.3,5; At 20.21; 26.20), e de acordo

com Thiessen, é uma condição necessária para a salvação. A conversão cristã,

então, envolve um elemento intelectivo (mudar de idéia quanto a Deus, o pecado e

si mesmo), emotivo (mudança de sentimento) e volitivo (mudar a vontade e

propósito), e somente quando esses três aspectos são preenchidos, houve

mudança real, ou seja, metanóia – mudança de mente, no pecador (At 2.38; Rm

2.4). Metanóia – Gr metanoia - metanoia, seria o todo, tanto aborrecer o

pecado e tristeza por ele – arrependimento, quanto voltar-se definitivamente para

Deus – fé. Rudolf Bultman, afirma que:

94
STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática, Vol. 2. p. 548
168

O chamado à fé no único Deus verdadeiro é, por isso, simultaneamente, o chamado à


conversão (metanoia). No portão de entrada ao Cristianismo se encontra ligada com a
pistiv epi yeon (fé em Deus), ... a metanoia apo nekrwn ergwn (arrepender-se das
obras mortas), isto é, o arrependimento ou a renúncia às obras pecaminosas. (Hb 6.1)95

Na proclamação, devemos fazer cônscios os pecadores – quer

ladrões, viciados, prostitutas, homossexuais, lésbicas, etc; que sua condição é de

miséria e perdição, mas também, que há esperança, pois Jesus Cristo veio buscar

o que se havia perdido (Lc 19.10). O apóstolo Paulo, Pedro, Zaqueu, Bartimeu,

entre outros, são exemplos claros de metanóia, ou seja, mudança real na mente

com atitude correspondente de viver sob o domínio de Deus e Seu reino.

Infelizmente, em nossos dias, pregações “self-service”, ênfase na prosperidade

material, consumismo, etc; têm produzido crentes artificiais, egoístas, antes

convencidos (só no intelecto), do que convertidos – metanóia. Exatamente, por ter

abandonado a proclamação do genuíno evangelho e omitir-se em ensinar sobre a

sexualidade sadia conforme as Escrituras Sagradas, é que vemos hoje um

crescimento de “igrejas evangélicas” de homossexuais. O ser humano anseia por

respostas, e quando não as damos adequadamente, irão buscar em outros

credos, filosofias, etc; ou ainda, formarão algo novo, mesmo que isso apenas

entorpeça suas consciências por algum tempo.

NÃO HÁ COMUNHÃO ENTRE A LUZ E AS TREVAS

O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, afirma que a luz é

claridade, luminosidade, brilho, fulgor, inteligência, certeza, verdade, saber, etc.

Quanto às trevas, é dito ser escuridão absoluta, ignorância, estupidez, etc.

95
BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento, p. 118
169

Assim, é claro que para nós, que os termos têm significado opostos:

claridade x escuridão; saber x ignorância, etc. Davi, nos Salmo 27, afirma que: “O

Senhor é a minha luz e a minha salvação; ...” (Sl 27.1). Também é dito, pelas

Escrituras Sagradas, que na luz de Deus, vemos a luz (Sl 36.9). Sobre a palavra

de Deus, o salmista diz: ”Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o

meu caminho” (Sl 119.105). Davi, sobre as trevas, afirma que Deus mantém sua

vida e transforma (converte) em luz as suas trevas (Sl 18.28). O profeta Isaías

afirma que os que obram o mal andam como cegos, como se fosse noite (Is 59.8-

10). O Novo Testamento, ao tratar sobre a pessoa de Jesus Cristo, diz que o povo

que estava em trevas viu uma grande luz (Mt 4.12-16; Is 9.1,2). Na parábola do

Banquete de Casamento, Jesus disse que o homem que não tinha a veste

nupcial, após ser amarrado, foi lançado nas trevas (Mt 22.11-13). Em João, Jesus

diz que aquele que o seguir não andará em trevas, pois Ele mesmo é a luz (Jo

8.12). Em Romanos, a apóstolo Paulo, proclama que devemos abandonar as

obras das trevas e vestirmos a armadura da luz (Rm 13.11-14). Ele esclarece que

vestir-se de luz é estar em Jesus Cristo (Rm13.14). Na epístola aos Efésios, Paulo

afirma que os crentes de Éfeso antes eram trevas, porém, são agora, luz no

Senhor, e, que eles não deveriam mais participar das obras infrutíferas das trevas

(Ef 5.8-14). As Escrituras sagradas, assim, deixam claro que as trevas estão

associadas ao pecado, ao mal, a natureza humana caída (Gn 3), a cegueira, a um

império maligno, etc; (Jó 12.25; 24.16,17; Sl 27.1; 43.3; Jo 3.19-21; 12.46; Cl 1.13;

1ª Ts 5.5; 1ª Pe 2.9), e que a luz é seu oposto: justiça, verdade, salvação, pureza,

bem ,etc.
170

O mundo (Gr Kosmos - cosmos) é visto pela Escritura como que

mergulhado no mal (1ª Jo 5.19), e, em oposição a Deus (Tg 4.4; 1ª Jo 2.15-17;

4.5,6), estando ainda sob o domínio de satanás (Lc 4.5-8), que é chamado

príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30; 16.11), das potestades do ar (Ef 2.2), e

deus deste século (2ª Co 4.4). Logo, o cristão é visto como alguém que deve ser

santo (separado) para Deus e não andar conforme os padrões e modus viventi

mundanos. Apesar de estarmos ainda neste mundo, somos cidadãos dos céus e

embaixadores do basileia tou yeou - reino de Deus; sendo exortados a não

nos conformarmos com este mundo (Jo 15.18,19; Rm 12.1,2; 2ª Co 5.20; Hb

12.23; Tg 1.27), antes, como “...é santo aquele que os chamou, sejam santos

vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: “Sejam santos, porque Eu

sou santo” (1ª Pe 1.15,16 – NVI). Outrossim, é demonstrado pelas Escrituras que

estar em Cristo significa morrer para o pecado e ter participação na natureza

divina (Rm 6.11-14; Ef 2.1; 2ª Pe 1.4), sendo o oposto também realidade, ou seja,

rejeitar o evangelho de salvação somente em Jesus Cristo, é preferir o príncipe

deste mundo e identificar-se com ele. É por isso que Jesus chama Judas de diabo

em Jo 6.70, o que também se depreende de outros textos das Escrituras (Is 13.11;

Mc 8.36; Jo 3.16; Jo 9.5; 18.36; Ef 2.2; 6.12; Tg 4.4; 1ª Jo 2.15-17;). Sendo assim,

o que dizer do aumento em nossos dias das chamadas “igrejas de

homossexuais”? Bem, podemos começar a responder tomando por base a

declaração de John Stott já citada: “...não existe este fenômeno: o homossexual”.

Também, não existe este fenômeno – “igreja de homossexuais”, assim

como não há comunhão entre luz e trevas. Face as Escrituras Sagradas, uma
171

igreja de homossexuais constitui-se uma grande contradição e não tem

legitimidade, ou seja, não é realmente igreja de Cristo. O Deus

veterotestamentário é apresentado como tendo ciúmes em relação aos ídolos, isto

é, os deuses pagãos com que Israel se contaminava ao adorá-los (Is 42.8; Jr

8.19). Assim, é exigida uma exclusividade – “Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso

Deus, é o único Senhor” (Dt 6.4 – NVI), e, “Não terás outros deuses além de Mim”

(Êx 20.3 – NVI). A proibição à eidwlolatreia – eidololatreia, termo grego para

idolatria, fazia parte da realidade da eclesia primitiva (At 15.28,29; 1ª Jo 5.21), e

foi dito por Paulo que aqueles que sacrificam aos ídolos contaminam-se com

demônios (1ª Co 10.18-22). Bultmann esclarece que “A exclusividade eclesial,

porém, é sobretudo a separação em relação ao mundo como o domínio da

impureza moral e do pecado. A comunidade é o santo templo de Deus, separada

de tudo que é mundano – pecaminoso”.96 (1ª Co 3.16 ss; 2ª Co 6.16; Ef 2.21 ss). A

eclesia de Jesus Cristo é constituída de pecadores arrependidos e redimidos,

nascidos de novo em Cristo (Jo 3.1-8; At 2.38; 2ª Co 5.17; 1ª Jo 1.7,9; 2.1,2). O

estilo de vida homossexual, quer predisposto por fatores genéticos, quer acionado

na vida adulta, devido memórias traumáticas, ou ainda, estimulado por seres

espirituais da maldade (Ef 6.12), caracteriza-se como pecado, e como tal, aquele

que o pratica deve arrepender-se, deixá-lo e voltar-se para Deus em verdadeira

submissão. Permanecer na prática homossexual e dizer-se cristão é tão

antagônico quanto continuar roubando, mentindo, estuprando, adulterando, etc; e

afirmar ser cristão ou pertencer a Jesus e a Sua igreja. Os que fazem tudo isso,

estão enganando a si mesmos (1ª Jo 1.8), pois as Escrituras afirmam que aquele
96
BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento, p. 146,147
172

que é nascido de Deus não vive na prática do pecado, que é obra do diabo (1ª Jo

3.8-10). Embora os “cristãos homossexuais”, afirmem não adorar ídolos, uma vez

que crêem em Jesus como salvador, na verdade, estão em franca rebelião contra

Deus e Sua palavra, uma vez que, como já demonstrado, a proibição e

reprovação divina a tal prática encontra lugar em ambos os testamentos (Gn

1.26,27; 2.7,18,21-24; Gn 19; Lv 18.22; 20.13; Jz 19.22-26; Is 3.9; Ez 16.49,50; Mt

19.4-6; Rm 1.21-30; 1ª Co 6.9-11; 2ª Co 12.21; 1ª Tm 1.10; 2ª Pe 2.6-8; Jd 7), e,

tanto Jesus, quanto João, são unânimes em dizer que os que amam a Deus

guardam – Gr threw - tereo (conservar, manter até o fim, continuar, perseverar,

persistir, observar com cuidado, vigiar, zelar, etc) Sua palavra (Mt 7.24-27; Jo

14.15,21,23; 1ª Jo 2.5; 3.24).

Comentando sobre a parábola do semeador, Russell Shedd corrobora

nossa posição ao afirmar que:

...a semente que caiu ente os espinhos representa os que querem ser cristãos
sem mudar o rumo da sua vida...As paixões mundanas, não renegadas, terão
uma influência destrutiva sobre a espiritualidade cristã. Paulo disse que a graça
se manifestou para nos educar a “renegar a impiedade e as paixões mundanas”
para viver “neste século sensata, justa e piamente (Tt 2.12).97

Parafraseando Paulo, em Ef 4.28, diríamos: “Aquele que sodomizava

não sodomize mais, antes, se relacione de forma sadia com o seu próximo”.

Assim, entendemos que quem roubava, não roube mais, o que prostituía, não

prostitua mais, o que matava não mate mais, etc. Muitos “cristãos gays” insistem

em que devemos aceitá-los como “são” (estão) e que, caso não os aceitemos,

falta-nos entendimento do evangelho de Cristo. Na verdade, Deus realmente nos

97
SHEDD, Russell P. Palavra Viva, p. 50
173

aceita como estamos e nos ama mesmo sendo pecadores. Entrementes, esta

aceitação divina significa perdão pleno e gracioso para todo aquele que crer e se

arrepender, mas jamais, que Deus aceite que continuemos a pecar. Paulo

esclarece isso quando diz: “Que diremos então? Continuaremos pecando para

que a graça aumente? De maneira nenhuma! Nós, os que morremos para o

pecado, como podemos continuar (grifo nosso) vivendo nele?” (Rm 6.1,2 – NVI).

Stott, deixa claro que somos membros penitentes do mesmo corpo – a igreja, e

peregrinos, mas jamais unidos para juntos persistimos no pecado. Para aqueles

que endurecem seus corações contra a palavra de Deus, não há aceitação, nem

de Deus e nem da igreja (Is 55.6-11; 56.3-7; 59.1-10; Mt 4.17; Lc 24. 44-49, At 2.

37-41; 3.17-20).

Como não há comunhão entre a luz e as trevas, o ser humano precisa

decidir a quem servir – a Deus ou ao diabo. O homem sempre servirá a alguém,

não havendo neutralidade, pois recusar a verdade do evangelho é colocar-se, à

semelhança de satanás, em rebeldia contra seu criador (Is 14.12-15; Ez 28.11-

19). A proposta de Moisés para Israel, e a indagação de Josué, valem para todos

os homens em todo tempo e lugar: “Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas

contra ti, que te propus a vida e a morte, a benção e a maldição; escolhe, pois, a

vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt 30.19); e ainda “Porém, se vos

parece mal servir ao Senhor, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a

quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos

amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” – grifo

nosso, (Js 24.15).


174

O EVANGELHO RESGATADOR

O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, define resgatar como:

“Livrar de cativeiro, seqüestro, remir, pagar, obter, tirar de situação perigosa,

salvar, recuperar, etc” - (MDA98 – p. 600). Lucas, em seu evangelho, registra que

Jesus entrou num sábado numa sinagoga e leu o manuscrito de Isaías, como

segue: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar

os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista

aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, ...” (Lc 4.18). Ao término, Jesus

afirmou que “...Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4.21). Está

escrito que Jesus andou em todo lugar, fazendo o bem e curando os oprimidos do

diabo (At 10.37-39). Ele recuperou a visão de Bartimeu (Mc 10.46-52); a saúde de

10 leprosos (Lc 17.11-19); da mulher hemorrágica (Mt 9.20-22); libertou o

gadareno (Mc 5.1-20); o endemoninhado cego e mudo (Mt 12.22,23); ressuscitou

a filha de Jairo (Mt 9.18, 23-26); a Lázaro (Jo 11.1-44); o filho da viúva (Lc 7.11-

16); etc. Jesus, declarou que veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc

19.10). Ele veio remir, propiciar ao homem seu retorno para Deus e nos reconciliar

(2ª Co 5.18-21; 1ª Jo 2.1,2). Sua vinda ao mundo, morte e ressurreição, trouxe ao

homem a possibilidade de ter restaurada sua posição de filho de Deus (Jo 1.12),

com todos os privilégios que esta lhe confere: paz (Rm 5.1; 14.17; Jo 14.27),

alegria (Rm 14.17; Lc 15.23,24,32), vida (Lc 9.24; Jo 10.10; Ef 2.1), vida eterna

(Mt 19.29; Jo 3.16, 36; 6.40,47; Rm 6.23), liberdade (Jo 8.32,36; Rm 6.18; 2ª Co

3.17; Gl 5.1; Cl 1.13,14),etc.

98
MDA – Mini Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
175

Ao passar pela experiência de conversão em Cristo Jesus, milhares

de pessoas em todo mundo tem restaurado seu senso de dignidade humana, e

ainda:

...uma melhoria marcante no funcionamento do ego, [incluindo] uma mudança


radical no estilo de vida e uma interrupção abrupta no uso de drogas, álcool e
cigarros; melhoria no controle de impulsos, com a adoção de um código sexual
estrito, que demanda castidade ou casamento com fidelidade; desempenho
acadêmico melhorado; melhoria na auto-imagem e maior acesso a sentimentos
internos; aumento na capacidade de estabelecer relacionamentos pessoais mais
satisfatórios; melhoria na comunicação com os pais...mudança positiva com
relação a afeições, com diminuição do desespero existencial; diminuição na
preocupação com a passagem do tempo e da apreensão em relação à morte99

Será que tal experiência transformadora diz respeito também aqueles

que passam por problemas de desvio sexual, como sodomitas, efeminados,

lésbicas, transexuais, pedófilos, etc? Existem ex-homossexuais? As Escrituras

Sagradas e a experiência de milhares de indivíduos que foram libertos de

problemas sexuais, demonstram que sim. As igrejas protestantes e denominações

evangélicas estão repletas em suas fileiras de seres humanos que se

encontraram, ao encontrar com seu criador, como: ex-homossexuais e afins, em

conformidade com as palavras do apóstolo Paulo aos coríntios – “Ou não sabeis

que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: Nem impuros,

nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem

avarentos, nem bêbados...herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós

(grifo nosso), mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes

justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1ª

Co 6.9-11).

99
JR, Armand M. Nicholi. Deus em Questão, p. 91
176

Está claro no texto, que havia na igreja de Corinto pessoas que

passaram por uma transformação tão forte e real, que tiveram todo o seu ser

restaurado, passando a gozar de saúde física, psíquica e espiritual, inclusive um

redirecionamento, do pecado sexual, para a santidade e sexualidade sadia. A

empresária Carla Pinheiro, voluntária do MOSES (Movimento Pela Sexualidade

Sadia) e ex-lésbica, afirmou que: “Eu me entreguei às drogas, às paixões e aos

meus próprios raciocínios...a mudança pode ser difícil, mas é perfeitamente

possível através de Cristo...quando o gay é colocado em xeque e decide mesmo

mudar, ele muda”.100

M., 42 anos, vítima de abuso sexual aos 07 anos, aos 13 anos

percebeu sentir desejo sexual por meninas, tendo passado quase vinte anos no

lesbianismo. Conta ter passado por uma experiência de conversão com 31 anos,

tendo sido liberta. Afirma que as igrejas evangélicas fecham os olhos para a

questão do homossexualismo.

Semelhante experiência, de libertação do estilo de vida homossexual,

ocorreu com Carlos Henrique Bertilac, líder do Grupo de Amigos (G.A.), que

desde 1982, ano de sua conversão, vem trabalhando, auxiliado por outros ex-

homossexuais, no aconselhamento e restauração de indivíduos que têm conflitos

sexuais e desvios nessa área. Sobre a libertação e restauração da

heterossexualidade, o Dr. Socarides, Psicólogo e Professor na Faculdade de

Medicina Albert Einstein de Nova York, referindo-se a dois livros seus publicados,

diz:

100
Revista Eclésia. Ago/2001, p. 42
177

Esses dois livros contêm a obra de mais de 30 Psicanalistas – Professores,


Psicanalistas célebres, e pessoal da área médica de todo país – e todos afirmam
o fato de que a homossexualidade é uma condição psicopatológica que pode
ser alterada...101

Robert Spitzer, Psiquiatra da Universidade de Colúmbia e que presidiu

a comissão responsável pela retirada da homossexualidade da lista de doenças

mentais da Associação Americana de Psiquiatria em 1973, anunciou no encontro

anual da entidade que homossexuais podem ter sua heterossexualidade

restaurada, bastando para isso que estejam realmente “dispostos” a fazê-lo. Num

estudo com 200 gays, Spitzer afirmou que 66% dos homens e 44% das mulheres

lograram de fato um retorno para sua sexualidade original. Um exemplo marcante

nos Estados Unidos, e que atesta a posição atual de Spitzer, é o de Frank

Worthen, que em 1976, depois de ter achado nas Escrituras Sagradas solução

para sua sexualidade, fundou a Exodus Internacional, organização de ajuda para

aqueles que querem ter uma vida sexual sadia e que conta atualmente com cerca

de 135 filiais no mundo. Outro exemplo, de que a homossexualidade é adquirida e

pode ser revertida, é do dirigente do Ministério Hesed e membro da igreja Batista

em Vila Butantã – SP, José Ramos Neto, 35 anos. Neto, a quem tivemos o prazer

de conhecer em um culto do MOSES na Igreja Batista da Esperança – Praça

Mauá – Rj, conta na Eclésia de março/2004 que teve seu primeiro envolvimento

homo erótico com apenas 08 anos de idade e que foi criado na igreja, mas não

ouvia falar sobre sexualidade ali. Sobre sua transformação, Neto afirma que:

...com apenas 20 anos, perdi as referências pessoais, o trabalho e até a saúde.


Passei a viver abandonado pelas ruas de São Paulo. Fui então levado para um
centro de recuperação em Santos, onde através do evangelho fui liberto das
drogas. A princípio, não desejava deixar minha sexualidade, pois me sentia bem
101
Revista Defesa da Fé. Mai/2000, p. 52
178

como homossexual. Porém, ao ler na palavra que Deus nos fez homem e
mulher, entendi que meu comportamento contrariava a vontade do Senhor. Ele
me convenceu a Lhe render minha sexualidade. Começou, então, um processo
de reeducação sexual e correção da minha identidade. Mas, não algo mágico –
foi um processo, e no começo foi muito doloroso.102

Outro caso típico de assimilação do estilo de vida homossexual, é do

pastor João Carlos Xavier, autor do livro “O dia em que nasci de novo” – CPAD,

cujos pais se separaram quando tinha apenas 09 anos de idade. João, conta que

com 16 anos envolveu-se com um rapaz que era pai de santo, viciado em drogas

e homossexual. Com 18 anos, se travestia, tomou hormônios para crescer os

seios e passou a se parecer e identificar como mulher em meio a outros gays na

Cinelândia – RJ. João, que fez sucesso como cabeleireiro, teve depressão e

pensou em suicídio, chegando a ingerir 60 comprimidos e entrando em coma,

conta que tudo começou a mudar após um acidente de moto em que obteve

múltiplas fraturas e deslocamento de todos os ossos do rosto, e ainda, uma

meningite. Numa cirurgia de 6 horas, teve fixado na cabeça um capacete que ali

ficaria por longos 33 dias, os quais, João afirma terem sido de muita reflexão. Ali,

no quarto do hospital, abriu seu coração para Jesus Cristo, tendo, com o tempo,

deixado trejeitos gays e encontrado apoio em irmãos idôneos da igreja. Xavier,

conheceu Rosa, com quem teve João Filipe e de quem afirma no CD de seu

testemunho pessoal: “Ela me dignificou como homem e completou em mim a obra

de Deus”. Atualmente, João Carlos é pastor da igreja Assembléia de Deus –

Ministério Pedra Viva, no bairro Aquárius – Cabo Frio – RJ.

102
Revista Eclésia. Mar/2004, p. 50
179

Um claro exemplo de lesbianismo desenvolvido devido traumas na

infância, é o de Vera Lúcia Espíndola, que aos 09 anos já sofria abuso sexual de

dois homens que eram parentes próximos. Vera, conta que passou a sentir medo

dos olhares masculinos e cresceu sentindo-se apenas como um objeto sexual. Em

sua busca por um homem que a respeitasse e fosse seu amigo, Vera se envolveu

com alguém do candomblé, alguém que, mais tarde, descobriu ser homossexual

também. Depois disso, teve relacionamentos com várias mulheres, mas acabou

engravidando de um homem casado. Quando Leandro, seu filho, tinha 04 anos de

idade, conta Vera que:

...fui alcançada pelo amor de Deus em Jesus Cristo. Comecei a enxergar tudo o
que fazia de errado e ter vontade de mudar...pedi forças a Deus e abandonei o
espiritismo...comecei a freqüentar uma igreja evangélica e meu coração saltava
de alegria em meio aos louvores a Deus. Era a paz que eu sempre desejei.103

Nancy, em seu livro “Existe Esperança”, relata com propriedade a

grande confusão e conflito existencial que assola os homossexuais. Ela narra que:

A verdade é que parecia que Ele estava exigindo demais de mim. Como eu
conseguiria mudar toda a minha natureza? Será que eu estava condenada a ter
uma vida de frustração e confusão? Será que Deus é um estraga prazer
cósmico, disposto a acabar com toda minha diversão e satisfação? Estaria eu,
como dizem muitos gays, suprimindo e negando minha verdadeira identidade
sexual e a minha personalidade? Finalmente, na última noite de um congresso
(após várias semanas de uma grande luta interior), rendi-me. Disse: Deus, o
Senhor sabe que eu não tenho nenhuma vontade agora de permitir que o
Senhor transforme a minha vida. Não tenho vontade nem mesmo de ter vontade.
Mas tem alguma bem no fundo do meu ser que está dizendo “sim” ao Senhor.
Então, se o Senhor quiser, toma esse pequeno “sim” e faz com ele o que for da
sua vontade. Isso é tudo que tenho para oferecer ao Senhor hoje. Sabe, Ele não
estava pedindo nada mais do que isso. Pegou aquele “sim” e o multiplicou
centenas de vezes. Deu-me disposição para manter-me firme durante os
momentos muitos duros que vieram depois, e foram muitos. Ele não é um
malvado celestial. É um pai amoroso e santo que sabe que só em um
relacionamento de submissão a Ele encontraremos verdadeira satisfação.104

103
www.moses.org.br
104
NANCY. Existe Esperança, p. 20, 22,23
180

Essas palavras, ditas por quem vivenciou o problema, lembra-nos da

explicação de C.S. Lewis sobre a felicidade: “Deus designou a máquina humana

para funcionar movida por Ele mesmo...Deus não pode nos dar felicidade e paz à

parte de Si mesmo, porque ela não está aí. Não é aí que ela se encontra”. 105 Se

Deus, permitisse ao homem ser feliz e gozar verdadeira paz, vivendo em vícios,

roubando, matando, praticando toda sorte de depravação sexual-cultual

(abominações), Ele não seria mais um Pai amoroso que nos criou como objetos

de Seu amor, antes, seria um monstro, apenas um fabricante a contemplar

omisso, sua criação – que se rebelou, a caminhar para perdição eterna. Carla

Pinheiro, Carlos Bertilac, Neto, Vera Espíndola, João Carlos Xavier, Nancy, etc;

são apenas alguns exemplos claros e reais de que a restauração do ser humano

com conflitos sexuais é possível e necessária, com benefícios nesta vida e no

porvir.

A essa altura, surge um questionamento muito sério sobre a

possibilidade de conversão de homossexuais. Sérgio Viúla, ex-pastor batista,

casado, pai de dois filhos, formado pelo Seminário Teológico Betel e um dos

fundadores do MOSES (Movimento pela Sexualidade Sadia), trouxe polêmica ao

afirmar na Revista Época em nov/2004 que não existem ex-gays, sendo ele

mesmo a prova disso. Viúla, que atualmente estuda Filosofia na UERJ, declarou

que ao tentar “curar” homossexuais, quando ainda no MOSES, criava-se uma

espécie de paranóia na mente desses indivíduos, com predominância de culpa,

medo e auto-rejeição. Afirma ainda, que existem gays abstinentes, mas que isso

não significa que não sejam mais gays, pois continuam sentindo desejo
105
JR, Armand M. Nicholi. Deus em Questão, p. 116,117
181

homossexual. Quanto a sua fé, Viúla confessou ter abandonado a igreja por

acreditar, agora, ser o Deus dos cristãos apenas um mito.

Frente a este fato, surgem perguntas como: Teria Sérgio Viúla

realmente passado pela experiência bíblica denominada de novo nascimento

quando se tornou evangélico? Estaria ele resolvido quanto a sua sexualidade? Ou

teria escondido muito bem seu conflito existencial de todos por 18 anos,

enganando apenas a si mesmo?

Queremos começar a responder, afirmando que é possível que um

indivíduo comporte-se como cristão, pareça cristão, passe anos na igreja, sem

contudo ter experimentado uma conversão genuína a Jesus Cristo (2ª Co 5.17).

Basta lembrarmos que Pedro, o apóstolo que disse que morreria por Jesus, não

era convertido mesmo acompanhando o Mestre por cerca de 3 anos de sua vida

(Lc 22.31-34, 54-62). Judas, o traidor, jamais se convertera (Jo 6.70,71).

Quanto à alegação de Viúla de que não existem ex-gays, infelizmente

para ele, as evidências e a experiência de milhares de outros indivíduos que

venceram a homossexualidade, demonstra que ele está equivocado e tão

somente forja desculpas e argumentos para encobrir suas frustrações. Sua

opinião equivale a dizer que não existem ex-bandidos, ex-prostitutas, ex-

assassinos, ex-alcoólatras, etc; convertidos a Cristo e libertos desses males (1ª

Co 6.9-11). Na verdade, o que não existe é a condição isolada denominada

homossexualismo. Os que se dizem homossexuais, são apenas pecadores com

formas específicas de vulnerabilidade e diferentes graus de confusão de

identidade sexual e traumas de memória adquiridos no ambiente familiar e social

em que se está inserido. John Gagnom, sociólogo norte-americano, professor


182

emérito da Universidade do Estado de Nova Iorque, em entrevista a revista época

de 8 de maio/06, afirmou que: “Existem evidências de que a homossexualidade é

construída socialmente. É uma capacidade aprendida, não algo com que se

nasce”106

Com respeito à declaração de que o Deus cristão é um mito, as

Escrituras Sagradas afirmam que somente os loucos negam que Deus exista (Sl

14.1-3), e denominam o abandono da fé de apostasia (Jr 8.5; 2ª Ts 2.3; 1ª Tm

4.1). Também é interessante notar que Viúla faz o caminho inverso de C.S. Lewis,

uma das mentes mais brilhantes do século 20. Este, graduou-se em Oxford,

permaneceu por 10 anos como ateu, vindo a converter-se do ateísmo para Deus,

a quem, dizia Lewis, já não podia mais resistir. Aquele, “converteu-se”, graduou-se

em Teologia no Seminário Betel, mas agora nega tudo em que acreditava,

inclusive na existência de Deus. Assim como Freud, Viúla conhece indivíduos que

venceram o diabo, o pecado e o mundo, e que andam com Deus, mas devido sua

experiência pessoal de derrota, nega as evidências de 2006 anos de Cristianismo

presente na vida de milhões de pessoas regeneradas por Jesus em todo mundo.

Sim, há evidências em toda parte que atestam que o evangelho de Jesus Cristo é

RESGATADOR - da imagem de Deus no homem, da dignidade humana, da

sexualidade sadia, da relação correta com Deus e o próximo, da paz, alegria e

satisfação originais, encontradas somente em Deus.

Bem, uma vez estabelecido que Jesus veio para os pecadores, que a

palavra divina produz metanóia, que não há comunhão entre a luz e as trevas,

que o evangelho é resgatador, e que, caminhando conforme essas premissas, a

106
Jornal Mensageiro da Paz. Jun/2006, p. 26
183

igreja promoverá a restauração de muitas vidas para uma sexualidade bíblica e

abençoada e uma humanidade digna de ser vivida, precisamos agora, externar

conselhos práticos a serem seguidos por aqueles que queiram viver sua

sexualidade de forma sadia, e ainda, resumir a postura e missão da igreja face ao

homossexualismo, lembrando também, que essas ações, de modo geral, podem e

devem ser tomadas em relação a muitos outros pecados, além dos sexuais. Caso

omitíssemos essa parte, esta obra estaria incompleta.

CONDUTAS PARA A RESTAURAÇÃO DA SEXUALIDADE

Conforme as palavras de Jesus, todo aquele que peca é escravo do

pecado, logo, é oportuno enfatizar que o poder para vencer nossos pecados e

hábitos nocivos não está em nós, mas vem de Deus (Jo 8.34-36; Rm 7.14-25; 2ª

Co 3.5; Fp 1.6). Assim, é necessário primeiramente que haja verdadeiro

arrependimento e entrega total de nossa vida a Jesus Cristo. Uma vez

transportados das trevas para luz (Jo 8.12; Ef 2.1-5; Cl 1.13), as seguintes

atitudes devem ser efetivamente tomadas:

1. Recusar todo e qualquer tipo de determinismo apresentado pelo mundo e

até por alguns “evangélicos” incrédulos. Os principais são: o pecado original, o

Freudiano, traumas de memória e , atualmente em voga, o genético. Ainda que o

pecado do primeiro casal tenha aberto acesso ao mal na vida de todo ser

humano, ainda que falhas na criação com ausência de referenciais sadios e

traumas de infância possam influenciar na adesão ao estilo de vida gay quando

adulto, e ainda que, fatores genéticos possam pré-dispor (não determinar), a

prática, entretanto, o homem foi criado com livre arbítrio por Deus, e, assim sendo,
184

pode e deve decidir e lutar, certo da vitória, contra essa tendência. Não

simplesmente para adequar-se as normas sociais vigentes, antes, ao padrão da

criação, que antecede as culturas existentes, e que compreende macho e fêmea,

homem e mulher, com igual valor e dignidade diante de Deus (Gn 1.27-31).

2. Reconhecer que a força para alcançar a libertação total e vida sexual

plena, provém de Deus (2º Sm 22.3; Sl 18.32; Is 40.28-31; 1ª Co 10.13; Ef 6.10).

3. Entregar a Deus em oração todos os seus problemas, tentações, tristeza,

mágoas, depressão, frustrações, etc (Sl 5.3; 102.17;Mt 7.7-12; 21.21,22; At 1.14;

Ef 6.18; Cl 4.2).

4. Alimentar-se diariamente da Palavra de Deus (Dt 11.18; Sl 107.20; 119.9-

11; Mt 4.4; Jo 8.31,32; 15.3; Hb 4.12).

5. Disciplinar os pensamentos e os hábitos, em particular e publicamente (Rm

12.1,2)

6. Fugir da aparência do mal (1ª Ts 5.22). Na prática: evitar os amigos que

pudessem influenciar o retorno ao homossexualismo, evitar programas,

publicações, filmes e mesmo objetos que sejam pornográficos ou próprios do meio

gay, evitando assim, a tentação. Nancy, sobre isso afirma:”Só conversava com

minhas amigas no jardim, à luz do dia e não no meu quarto, à meia-noite” . Ela107

assim fazia, mesmo com amizades heterossexuais.

7. Buscar ajuda junto a grupos de apoio para homossexuais (Êxodus, G.A.,

MOSES,etc).

8. Buscar amizades de irmãos e irmãs idôneos da igreja e com eles partilhar

suas lutas (Gl 6.2; Tg 5.16).

107
NANCY. Existe Esperança, p. 43
185

9. Congregar em uma igreja local (Hb 10.25). Sobre isso, Bob Davies afirma

que: ”O amor incondicional de minha igreja também foi fundamental para meu

crescimento – especialmente o apoio de homens corretos”. 108

10. Confessar para Deus e para seu conselheiro caso tenha alguma recaída

em sua trajetória, senão, segundo o MOSES, pode ocorrer um forte desânimo

associado com hipocrisia e acusações de satanás (Pv 28.13; Ap 12.10,11).

11. Esforça-se em obedecer às orientações de seu conselheiro.

12. Conscientizar-se de que o caminho de volta é longo e doloroso, não

havendo “mágicas” que resolvam tudo da noite para o dia. Nancy, confessou que:

Foi necessário não apenas que eu me dispusesse a permitir que Deus


transformasse meu interior de acordo com a vontade e o tempo Dele, mas eu
também tive que suportar um pouco de solidão e de desconforto enquanto
Ele agia. Não pretendo negar aqui que houve fases de lutas ou
ambivalência, e que o caminho incluiu muita oração e momentos em que
vacilei. Meus sentimentos mais fortes, porém, não eram de privações ou
punição, mas, sim, a sensação de ser progressivamente liberta, acalmada e
fortalecida109

13. Ser cheio do Espírito Santo (Ef 5.18). Aqui se entende, não o dom de

locução de falar em línguas desconhecidas, antes, a submissão consciente ao

Espírito, acrescida de seu fruto (Gl 5.22,23). Nancy, confessa que o objetivo de

sua existência passou a ser a pureza através da obediência e do poder do

Santo Espírito, cooperando com este, para que Sua obra nela se

concretizasse.

14. Buscar estabelecer relacionamentos duradouros e saudáveis com ambos

os sexos, na igreja, no trabalho, na escola, etc.

108
DAVIES, Bob; RENTZEL, Lori. Restaurando a Identidade, p. 21
109
NANCY. Existe Esperança, p. 46,58
186

Embora cada caso deva ser cuidado de forma particular, as

medidas acima têm um espectro geral, sendo úteis para todos. Os pormenores

são tratados de modo individualizado pelo conselheiro cristão. Jay E. Adams,

em seu manual de aconselhamento, resume a solução para os homossexuais

da seguinte forma:

Há esperança para os homossexuais, portanto. Essa esperança depende do


seguinte: 1- conversão cristã; 2 – Reconhecimento e confissão do pecado do
homossexualismo, o que leva ao recebimento do perdão; 3 – Frutos dignos
do arrependimento, tais como: (a) abandono das práticas e de associados
homossexuais (1 Co 15.33); (b) replanejamento das atividades, etc; (c)
reestruturação da vida inteira, em conformidade com os princípios bíblicos,
mediante o poder do Espírito de Cristo; (d) menor ênfase sobre as
experiências sexuais; 4 – A menos que Deus outorgue o dom da continência,
procurar aprender e manifestar uma vida de amor, dando-se à sua esposa,
dentro dos limites do casamento heterossexual110

A MISSÃO DA IGREJA

Uma vez que já discorremos sobre a ação da igreja face aos

homossexuais, é necessário apenas um resumo, e para tanto, lançamos mão da

Revista Ultimato, set/out 2003, cuja matéria intitulada “A Missão da Igreja Frente à

Homossexualidade” sintetiza bem nossa opinião. Então vejamos:

1. Nossa missão não é esconder nem omitir nem torcer as Escrituras que

condenam efetivamente a prática homossexual.

110
ADAMS, Jay. O Manual do Conselheiro Cristão, p. 376
187

2. Nossa opinião é fazer clara distinção entre tendência homossexual e a

prática homossexual, tal qual fazemos entre a propensão ao adultério e o adultério

em si.

3. Nossa missão é oferecer enérgica resistência aos radicais que pretendem

fazer descer fogo dos céus para consumir os homossexuais.

4. Nossa ... é mostrar que ninguém tem autoridade moral suficiente para

discriminar os homossexuais, porque todos somos igualmente pecadores.

5. ...é desmentir a chamada hierarquia de pecados, segundo a qual a prática

homossexual é a mais abominável conduta humana. Paulo coloca a

homossexualidade (passiva e ativa) no mesmo patamar do adultério, da idolatria,

da apropriação indébita, da avareza, do alcoolismo, da calúnia e da trapaça (1ª Co

6.9,10).

6. ...é dar e alimentar a esperança de uma nova vida em Cristo: “Se alguém

está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram

coisas novas” (2ª Co 5.17, NVI). Graças a essa experiência de natureza espiritual,

provocada pela admissão da culpa, pelo arrependimento e pela fé nos méritos

salvadores de Jesus Cristo, o efeminado, o sodomita, o adúltero, o alcoólatra e o

trapaceiro podem ser chamados de ex-efeminado, ex-sodomita, ex-adúltero, ex-

alcoólatra e ex-trapaceiro, como aconteceu em Corinto, na Grécia.

7. ...é anunciar o evangelho da graça de Deus, que inclui a salvação toda: da

culpa do pecado (justificação), do poder do pecado (santificação) e da presença

do pecado (glorificação).
188

8. ...é afirmar à sociedade que o ser humano, homossexual ou não, é mais do

que sua sexualidade, e, portanto, cabe chamar todos à redenção integral

anunciada por Jesus, incluindo aí a conversão da sexualidade.111

Há verdadeiramente esperança para o homossexual, pedófilo,

transexual, pederasta, adúltero, etc; pois Jesus Cristo veio ao mundo para nos

salvar de nossos pecados (Is 53.5-11; Mt 1.21; At 4.12; 16.29-31; 1ª Jo 2.1,2).

CONCLUSÃO

Face aos acontecimentos atuais, é indispensável que o pastor-

mestre (Ef 4.11), esteja apto a responder e orientar todos os que o busque,

trazendo problemáticas de ordem física, psicológica e espiritual. Nunca, na

história humana, ciência e ignorância, humanidade e bestialidade, discursos de

111
Revista Ultimato. Set/Out-2003, p. 24
189

paz e terrorismo bárbaro, desenvolveram-se juntos, como agora. O argumento

que diz que o homem está “evoluindo”, esbarra no fato de que esse mesmo

homem, atualmente, está mais egoísta, violento, bárbaro, individualista,

egocêntrico, perverso, hedonista, etc; harmonizando-se, esse quadro,

perfeitamente com a profecia bíblica, que diz: “Sabe disto: Nos últimos dias

sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos,

presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios,

sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio,

cruéis, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que

amigos de Deus” (2ª Tm 3.1-4).

O abuso na utilização da força sexual é parte integrante do quadro

profético visto nas Escrituras Sagradas. O homem sem Deus no mundo (Ef

2.12), possui um vazio existencial sem precedentes, e dentre os recursos que

utiliza para preencher esse vazio, lança mão do sexo, do poder, dinheiro,

sucesso, status, etc. Assim, como um doente necessitado de uma cirurgia

radical para retirada de um tumor, mas que, conscientemente, prefere tomar

medicamentos de ação apenas paliativa e, dessa forma, vai morrendo aos

poucos, sem obter a cura, semelhantemente, longe de seu criador, sem lograr

obter satisfação, os homens entregam-se a todas as práticas imagináveis e

inimagináveis que aplaquem, mesmo que por breve período, suas

consciências, que clamam por possuir novamente a comunhão com a Vida. Os

desvios sexuais (tudo que foge ao padrão bíblico de sexualidade já

demonstrado), são mais um aspecto que comprova que, paralelamente com o

desenvolvimento científico, há um crescimento da depravação moral, um


190

desprezo e inversão dos valores cristãos, com aumento visível da iniqüidade

(Mt 24.12).

Diante disto, o evangelho de Jesus Cristo continua sendo a única e

suficiente resposta de Deus para o ser humano, promovendo libertação das

opções paliativas escravizantes do mundo, comunhão genuína com Deus e

crescimento físico, psíquico e espiritual sadios. No exercício do livre arbítrio,

cada indivíduo pode e deve escolher o caminho a seguir na jornada de sua

vida. Nem demônios, nem Complexos de Édipo e Elektra Disfuncional, nem

excesso de estrógeno e testosterona, nem memórias traumáticas, nem a

influência de uma sociedade relativista e sem valores, etc; nada pode obrigar o

ser humano a ser aquilo que ele não quer ser e nem participar. Ofertas boas e

ruins chegam até nós, mas Deus concedeu a todos o direito de escolher e, é

claro, também arcar com as conseqüências de suas escolhas. Assim, o

homem somente é produto do meio enquanto se permitir ser, ou seja, conviver

com bandidos não significa que ao crescer seremos bandidos. Se devidamente

orientado pelos pais, o filho só trilhará o caminho errado se quiser fazê-lo.

Semelhantemente, se criado em um ambiente familiar sadio, o que é raro

atualmente, tendo amor, respeito, dignidade, educação e referenciais

masculino e feminino corretamente definidos, o indivíduo só cederá as

influências externas se quiser. Da mesma forma, se cumprir seu papel

missionário, doutrinário e social corretamente, a igreja promoverá a libertação,

restauração e crescimento na graça e conhecimento de Jesus Cristo (2ª Pe

3.18), a todos que nela ingressarem arrependidos e dispostos a fazer a

vontade de Deus (Jo 7.37-39).


191

A homossexualidade se constitui, em última análise, num estilo de

vida equivocado física, psicológica e espiritualmente. Sendo, teologicamente,

pecado e profanação do corpo do ser humano, que as Escrituras afirmam ser

templo do Espírito Santo.

“Fujam da imoralidade sexual (grifo nosso). Todos os outros

pecados que alguém comete, fora do corpo os comete; mas quem peca

sexualmente, peca contra o seu próprio corpo (grifo nosso). Acaso não sabem

que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que

lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? Vocês foram

comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio

corpo – grifo nosso, (1ª Co 6.18-20 – NVI).

A ligação da homossexualidade com os cultos pagãos da

fertilidade, demonstra que o abuso do sexo está intimamente ligado a idolatria

ou prostituição cultual. Ao se entregar as perversões sexuais de qualquer

natureza, o ser humano abre seu corpo para infestação de seres espirituais da

maldade, e isso, da mesma forma que aqueles que se entregaram a idolatria

(1ª Co 10.20,21). O fator comum ou “fio negro”, presente tanto no culto a

falsos deuses, quanto nas perversões sexuais, é que ambas as práticas

colocam o indivíduo sob o domínio das trevas, trazendo injustiça social e

maculando sua alma e seu corpo. Se verdadeiramente, os homossexuais

querem adorar o Deus único, apresentado pelas Escrituras Sagradas, assim

como qualquer outro pecador – ladrão, assassino, adúltero, corrupto,etc; eles

precisam e devem abandonar o pecado – a prática homossexual. O convite de

Jesus Cristo, em Mateus 11.28-30, abrange todo ser humano que está
192

cansado de tentar ser feliz sozinho, à revelia de Deus – “Vinde a Mim todos

vós que estás cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre

vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; e

achareis descanso para vossas almas. Porque o Meu jugo é suave e o Meu

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78. Parada Gay Reúne uma Multidão em São Paulo. Jornal O Globo, Rio

de Janeiro, 30 de Maio de 2005. O País, p.13

79. Passeata Gay Reúne 15 Mil. Jornal O Dia, Rio de Janeiro, 19 de Junho

de 2005. Nosso Rio, p. 02

80. Passos Contra o Preconceito?. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 de

Junho de 2005. Cidade, p. A13

81. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo:

Editora Vida, 1996. 264 p.

82. PEREIRA, Isidro. Dicionário Grego/Português e Português/Grego.

8ª edição. Livraria A. I. Portugal: 1998. 1056 p.

83. Polêmica Gay nos Telefones da Globo. Jornal Extra, Rio de Janeiro,

26 de Outubro de 2005. Retratos da Vida, p.06

84. Prioridades para Gay. Jornal O Dia, Rio de Janeiro, 29 de Junho de

2001. Ciência e Saúde, p. 20

85. Quebrando o Silêncio. Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 07 de Agosto

de 2004. Prosa & Verso, p.05


200

86. RAMOS, Ana Cláudia. Sem Medo da Diversidade Sexual. Revista O

Globo, Ano ll. nº 99, 18 de Junho de 2006

87. RIBAS, Tércio. Falando de Sexo para o Jovem e Adolescente

Cristão. 4ª edição. Rio de Janeiro: Editora do autor, 2005. 96 p.

88. Sem Preconceito. Jornal Extra, Rio de Janeiro, 13 de Agosto de 2005.

Sessão Extra, p. 01

89. Sentimento Inadequado. Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 29 de Abril

de 2006. Prosa & Verso, p.05

90. SEVERO, Júlio. O Movimento Homossexual. Minas Gerais: Editora

Betânia, 1998. 160 p.

91. SHAITH, Norman Henry. Bíblia Hebraica. 1995. 1368 p.

92. SHEDD, Russell P. Palavra Viva. São Paulo: Edições Vida Nova, 2000.

112 p.

93. SPENCER, Colin. Homossexualidade: Uma História. 2ª edição. São

Paulo: Editora Record, 1999. 420 p.

94. STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática. São Paulo:

Editora Agnus, 2003. Vol. 1. 680 p.

95. STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática. São Paulo:

Editora Agnus, 2003. Vol. 2. 880 p.

96. Tá Tudo Liberado. Jornal O Dia, Rio de Janeiro, 20 de Abril de 2001.

Show & Lazer, p. 01

97. Thammy, Filha de Gretchen, Revela ser Gay. Jornal Extra, Rio de

Janeiro, 15 de Julho de 2006. Retratos da Vida, p. 08


201

98. THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. São

Paulo: Editora Batista Regular, 2000. 376 p.

99. VINE, W. E.; UNGER, Merrill F.; JR. William White. Dicionário Vine.

Rio de Janeiro: CPAD, 2002. 1118 p.

100. WHITE, John. O Eros Redimido. Rio de Janeiro: Editora Textus,

2004. 288 p.

101. ZUCK, Roy B. A Interpretação Bíblica. São Paulo: Edições Vida

Nova, 1994. 360 p.

ANEXOS

Instrumento de coleta de dados: Questionário

Público alvo: Pastores e membros de diversas igrejas evangélicas.

Período: Nov/Dez de 2005.

Pastores que responderam ao questionário: 20

Membros das Igrejas que responderam ao questionário: 104

Resultado – pesquisa com pastores:

1- Igrejas Participantes:

Assembléia de Deus 8
Batista 2
Presbiteriana do Brasil 2
Congregacional 2
Metodista 1
202

Metodista Wesleyana 1
Apostólica 1
Presbiteriana Independente 1
Presbiteriana Renovada 1
Não respondeu 1

2- Escolaridade dos Pastores:

3º Grau Completo 6
2º Grau Completo 4
3º Grau Incompleto 3
Mestrado 2
1º Grau Incompleto 2
Doutorado 1
Pós-graduação 1
1º Grau Completo 1
203

3- Formação Teológica dos Pastores:

Bacharelado 8
Médio 7
Mestrado 2
Básico 2
Doutorado 1

4- Sobre as Causas da
Homossexualidade:

Influência Satânica 13
Traumas de Memória 2
Doença 2
Opção 1
Não Respondeu 2

5- Grupo de Ajuda na Igreja:

Sim 3
Não 17

6- Membro Homossexual que


pedisse ajuda:

Aconselharia 18
Enc. Psicólogo/Psiquiatra 1
Excluiria 1

7- Batizar Homossexual:

Não 20
204

Sim 0

8- Homossexual participar
da Santa Ceia:

Não 20
Sim 0

9- Se a Bíblia condena a
Homossexualidade:

Sim 20
Não 0

10- Se conhece algum Grupo


de Ajuda:

Não 13
Sim 7

11- Se o Cônjuge fosse


Homossexual:

Divórcio 9
Ajudaria 5
Outros 4
Aplicação Oração/Palavra 2

12- Se o Filho fosse um


Homossexual:
205

Aconselharia 5
Enc. Psicólogo/Psiquiatra 5
Excluiria 4
Enc.Grupo Ajuda 3
Aceitaria 1
Aplicação Oração/Palavra 1
Ajudaria 1

13- É capaz de Evangelizar


Homossexuais:

Sim 16
Não 4

14- Igreja Evangélica omissa


Sobre o Homossexualismo:

Sim 12
Não 8

15- I. Evangélica: Preconceito


face ao Homossexualismo:
206

Sim 10
Não 10

16- Acredita na "Cura" dos


Homossexuais:

Sim 20
Não 0

Resultado – Pesquisa com os evangélicos:

1- Igreja onde é Membro:

Assembléia de Deus 43
Batista 18
Presbiteriana do Brasil 6
Pentecostal Reviver 6
Apostólica 5
Metodista 4
Metodista Wesleyana 4
Congregacional 4
Pentecostal Jeová Shamá 4
Pentecostal de Nova Vida 3
Presbiteriana Renovada 3
Evangelho Integral 1
Universal Reino Deus 1

Não Respondeu 2
207

2- Sobre as Causas da
Homossexualidade:

Influência Satânica 55
Doença 8
Traumas de Memória 6
Opção 5
Distúrbio Mental 3
Genético 1
Falta Vergonha 1
Outros 15
Não Respondeu 10
208

60 52,9%
Influência Satânica

Doença
50
Traumas de M emória
40 Opção

30 Distúrbio M ental

Genético
20 14,4%
9,6% Falta Vergonha
7,7%
5,7%4,8%
10 2,9% 1% Outros
1%
Não Respondeu
0
1

3- Salvação do Homossexual
havendo arrependimento:

Sim 84
Não 18
Não Respondeu 2

4- Quanto a ser membro da


Igreja:

Não 56
Sim 47
Não Respondeu 1
209

5- Se existe Grupo Ajuda na Igreja:

Não 86
Sim 14
Não Respondeu 4

6- Orientação Pastoral sobre


o Homossexualismo:

Sim 54
Não 46
Não Respondeu 4

7- O que é ensinado sobre


o Homossexualismo:

Pecado 13
Influência Satânica 12
Que devemos Evangelizá-los 11
O que está na Bíblia 9
Que Jesus ama o Pecador 6
Outros 8
Nada 19
Não Respondeu 26
210

8- Se acredita na "Cura" dos


Homossexuais:

Sim 98
Não 6

9- Se descobrisse que o Cônjuge


é Homossexual:

Divórcio 47
Orar 14
Ajudaria 9
Aceitaria 3
Outros 19
Não Respondeu 12

10- Se o Filho fosse Homossexual:

Enc. Pastor 29
Enc. Grupo Ajuda 21
Enc. Psicólogo/Psiquiatra 17
Oraria 17
Ajudaria 7
Aceitaria 5
Outros 5
Não Respondeu 3
211

11- Conhece Grupo Ajuda:

Não 79
Sim 21
Não Respondeu 4

12- Julga-se Capaz de Evangelizar


Homossexuais:

Sim 71
Não 33

13- A TV, em especial a Rede Globo, influencia na aceitação do Homossexualismo


como natural:

Sim 91
Não 12
Não Respondeu 1
212

14- Igreja Evangélica Omissa Quanto


ao Homossexualismo:

Sim 68 68
Não 31 31
Não Respondeu 5 5

15- Sabe o que significa Preconceito:

Sim 94 94
Não 1 1
Não Respondeu 9 9
213
214
215

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