Este documento descreve um estudo de caso sobre a intervenção fonoaudiológica em um paciente com disfagia decorrente de cirurgia oncológica para remoção de câncer de bochecha. O documento apresenta a anamnese, avaliação, planejamento terapêutico e resultados obtidos com o paciente que recebeu atendimento fonoaudiológico por um ano e meio após a cirurgia. A intervenção mostrou-se eficaz na reabilitação das funções de mastigação, deglutição, expressão facial
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Título original
A Atuação Fonoaudiológica Em Disfagia Na Oncologia De
Este documento descreve um estudo de caso sobre a intervenção fonoaudiológica em um paciente com disfagia decorrente de cirurgia oncológica para remoção de câncer de bochecha. O documento apresenta a anamnese, avaliação, planejamento terapêutico e resultados obtidos com o paciente que recebeu atendimento fonoaudiológico por um ano e meio após a cirurgia. A intervenção mostrou-se eficaz na reabilitação das funções de mastigação, deglutição, expressão facial
Este documento descreve um estudo de caso sobre a intervenção fonoaudiológica em um paciente com disfagia decorrente de cirurgia oncológica para remoção de câncer de bochecha. O documento apresenta a anamnese, avaliação, planejamento terapêutico e resultados obtidos com o paciente que recebeu atendimento fonoaudiológico por um ano e meio após a cirurgia. A intervenção mostrou-se eficaz na reabilitação das funções de mastigação, deglutição, expressão facial
VI EPCC Encontro Internacional de Produo Cientfica Cesumar 27 a 30 de outubro de 2009
A ATUAO FONOAUDIOLGICA EM DISFAGIA NA ONCOLOGIA DE CABEA E PESCOO: ESTUDO DE CASO
Tarsila Fleischmann do Amaral 1 ; Cristiane Faccio Gomes 2
RESUMO: O cncer um grupo de doenas caracterizado pelo crescimento anormal das clulas por agentes internos ou externos. O cncer de cabea e pescoo engloba o cncer de lbio, cavidade oral, orofaringe, nasofaringe, hipofaringe, fossas nasais, seios paranasais, laringe glndulas salivares e glndula tireide. As estruturas que consistem a cavidade oral e a orofaringe apresentam as funes bsicas (neurovegetativas) de mastigao, deglutio, expresso facial e articulao. O tratamento de cncer de boca muitas vezes acarreta seqelas no processo de comunicao e de deglutio, que limitam a qualidade de vida do indivduo. As alteraes fonoarticulatrias e a disfagia decorrentes do tratamento do cncer de boca, quando prontamente identificadas e avaliadas, permitem uma reabilitao mais rpida e efetiva, a possibilidade de restabelecimento nutricional do paciente e sua possvel reintegrao social. Sendo assim o objetivo deste estudo foi realizar a descrio sobre a interveno fonoaudiolgica em um caso de um paciente com disfagia decorrente de cirurgia oncolgica para retirada de cncer de bochecha. O levantamento dos dados descritos foi obtido atravs de anlise do pronturio contendo dados de anamnese, avaliao, planejamento teraputico e resultados obtidos com a terapia de um paciente que durante um ano meio recebeu atendimento fonoaudiolgico na clnica escola de Fonoaudiologia do Cesumar. A interveno fonoaudiolgica em um caso de disfagia ocasionada por tratamento de cncer de bochecha mostrou-se eficaz, no que diz respeito (re) habilitao de um paciente que apresentava dificuldades em funes como mastigao, deglutio, expresso facial e articulao.
PALAVRAS-CHAVE: Cncer de bochecha; Disfagia; Interveno Fonoaudiolgica.
1 INTRODUO
O cncer um grupo de doenas caracterizado pelo crescimento anormal das clulas por agentes internos ou externos. O cncer de cabea e pescoo engloba o cncer de lbio, cavidade oral (mucosa bucal, gengivas e palato duro, lngua e assoalho), orofaringe (amdalas, palato mole e base da lngua) nasofaringe, hipofaringe, fossas nasais, seios paranasais, laringe glndulas salivares e glndula tireide (OLIVEIRA; VIEIRA; MOTTA; SALLES; DI NINNO; BRITTO, 2003). Com exceo dos tumores de pele, a maior parte dos tumores de cabea e pescoo ocorre nas vias aereodigestivas superiores, principalmente boca, faringe e laringe (ANGELIS, FURIA, MOURO E KOWALSKI, 2000). Segundo Rapoport (1997), o desenvolvimento de uma neoplasia maligna (cncer) corresponde ao produto final de uma ao exercida por um conjunto de fatores que esto presentes desde o nascimento do indivduo e/ou so adquiridas durante sua vida. De acordo com o Instituto Nacional do Cncer (INCA) os fatores que podem levar ao cncer
1 Discente do Curso Fonoaudiologia. Departamento de Fonoaudiologia do Centro Universitrio de Maring Cesumar, Maring PR. tarsila-fono@bol.com.br 2 Docente do crurso de Fonoaudiologia. Departamento de Fonoaudiologia do Centro Universitrio de Maring Cesumar, Maring Paran. fono.crisgomes@hotmail.com V VI I E EP PC CC C CESUMAR Centro Universitrio de Maring Maring Paran - Brasil de boca so idade superior a 40 anos, vcio de fumar cachimbos e cigarros, consumo de lcool, m higiene bucal e uso de prteses dentrias mal-ajustadas. De acordo com o INCA (2009), o tratamento preconizado para o cncer de boca envolve diferentes modalidades teraputicas, tais como: a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia, e depende tambm da localizao, do grau de malignidade e do estadiamento do tumor, assim como, das condies fsicas do paciente. Em princpio o tratamento de escolha para as neoplasias avanadas inclui sempre procedimentos cirrgicos associados radioterapia. As estruturas que consistem a cavidade oral e a orofaringe apresentam as funes bsicas (neurovegetativas) de mastigao, deglutio, expresso facial e articulao. Cirurgias que acometem essa regio podem acarretar, em maior ou menor grau, seqelas na deglutio e/ou inteligibilidade de fala, que, de acordo com Parise Jr. (2000), so consideradas pelos pacientes como as seqelas mais devastadoras decorrentes do tratamento desse tipo de cncer. Para Angelis et. al. (2000), as estruturas relacionadas ao cncer de boca e orofaringe so: lbio, lngua, glndulas salivares, gengiva, assoalho bucal, vestbulo bucal, palato duro e mole, tonsila palatina e lingual, amgdalas paredes posterior e lateral da orofaringe. Segundo Praise Jr. (2000) na cirurgia de retirada do cncer quando h resseces do assoalho lateral da boca, estas ocasionam dificuldades graves na fase oral e farngea da deglutio. Nos casos em que h sutura da lngua, observa-se uma maior probabilidade de ocorrer disfagia, com escape anterior do alimento ou seu acmulo na regio seccionada. Disfagia um distrbio de deglutio, caracterizada por alterar a dinmica desta, que de levar o alimento da boca at o estmago, estas alteraes podem ocorrer em qualquer parte do trato digestivo (MARCHESAN, 1995). Podem ser observadas dificuldades na propulso do bolo, acmulo de material no sulco lateral ou no palato duro, atraso ou ausncia do reflexo de deglutio e reduo do peristaltismo farngeo. Da mesma forma Greene (1988) relatou que as alteraes nesse tipo de paciente so: xerostomia causada pela radioterapia, alterao nas estruturas da cavidade oral prejudicando, inclusive, a deglutio e paralisia facial. A dificuldade encontrada na expresso facial pode ocorrer devido seco de ramos do nervo facial. O nervo facial constitui, com o homlogo contralateral, o stimo (VII) par de nervos cranianos. constituido por uma raiz motora ( nervo facial propriamente dito) e uma raiz sensitiva (nervo intermdio). Ele controla os msculos da expresso facial, e a sensao gustativa dos dois teros anteriores da lngua. Uma leso do nervo facial manifesta-se por paralisia dos msculos da mmica facial em uma hemiface com incapacidade para enrugar a fronte, fechar completamente o olho, sorrir, bochechar, assoviar. Observa-se, ainda, desvio da comissura labial para o lado contrrio leso, apagamento dos sulcos da hemiface comprometida e lacrimejamento contnuo. Na dependncia do local da leso do nervo facial, alteraes da gustao, audio (os sons parecem mais altos no lado comprometido), e salivao podem ser encontradas. A Fonoaudiologia a rea responsvel pela avaliao, preveno e reabilitao das desordens fonoarticulatrias e da deglutio, decorrentes ou no do cncer de boca. Praise Jr. (2000), afirma que o tratamento de cncer de boca muitas vezes acarreta seqelas no processo de comunicao e de deglutio, que limitam a qualidade de vida do indivduo. As alteraes fonoarticulatrias e as disfagias decorrentes do tratamento do cncer de boca, quando prontamente identificadas e avaliadas, permitem uma reabilitao mais rpida e efetiva, a possibilidade de restabelecimento nutricional do paciente e sua possvel reintegrao social. Sendo assim o objetivo deste estudo foi realizar a descrio sobre a interveno fonoaudiolgica em um caso de disfagia V VI I E EP PC CC C CESUMAR Centro Universitrio de Maring Maring Paran - Brasil decorrente de cirurgia oncolgica para retirada de cncer de bochecha, atravs dos dados do pronturio desse paciente.
2 MATERIAL E MTODOS
O levantamento dos dados descritos foi obtido atravs de anlise de um pronturio contendo dados de anamnese, avaliao, planejamento teraputico e resultados obtidos com a terapia de um paciente que durante um ano meio recebeu atendimento fonoaudiolgico na clnica escola de Fonoaudiologia do Cesumar. O levantamento de dados foi executado no perodo de maro a junho de 2009, sendo aprovado pelo Comit Permanente de tica em Pesquisa do Cesumar (COPec), sob o nmero 480-2008. Os dados obtidos foram analisados qualitativamente, sendo descritos todos os dados relevantes, assim como a terapia realizada e os resultados obtidos.
3 RESULTADOS E DISCUSSO
Os primeiros dados analisados do pronturio so referentes a anamnese fonoaudiolgica realizada com o paciente no dia 20/02/2008, so descritos a seguir: 1 Paciente, sexo masculino, procurou a clnica de Fonouaudiologia do Cesumar com 51 anos por um encaminhamento que recebeu para realizao de terapia fonoaudiolgica aps realizao de tratamento para remoo de cncer de bochecha na hemiface direita. Paciente utilizou tabaco e lcool durante muitos anos, mas h 11 anos deixou de utilizar essas substncias. Em 2004 aps receber diagnstico mdico de portador de leso ulcero-infiltrativa na mucosa julgal do lado direito, feito a bipsia cujo AP revelou CEC, realizou a primeira cirurgia do tipo maxilectomia parcial com a resseco da leso bucal a direita. Realizou a 2 cirurgia como reparo da primeira e aps esta foi submetido a 38 sesses de radioterapia. Em 2007 realizou a 3 cirurgia, pois houve recidiva. No perodo das trs cirurgias utilizou traqueostomia e sonda nasogstrica. Relatou que apresentava dificuldades na alimentao, alimentava-se apenas de consistncia pastosa e lquida, no entanto ocorria escape lateral durante sua ingesto. No referiu quadros de pneumonia ou febre. Trabalha em uma loja na qual proprietrio, no entanto no gosta de atender os clientes, pois relata no gostar de sua aparncia. De acordo com os dados do pronturio referentes avaliao fonoaudiolgica, pode-se destacar: 2 HIPTESE DIAGNSTICA ETIOLGICA: Cncer de bochecha; HIPTESE DIAGNSTICA FONOAUDIOLGICA: Distrbio miofuncional orofacial; HIPTESE DIAGNSTICA DE MANIFESTAO: De acordo com a postura corporal, apresenta cifose, cabea anteriorizada em relao ao trax, alm de assimetria dos ombros em repouso, o ombro esquerdo est rebaixado em relao ao direito. Apresenta hemiface direita paralisada, com os msculos facias deste lado com tnus rebaixado. O msculo levantador do lbio superior e da asa do nariz, o msculo levantador do ngulo da boca e o msculo temporal encontram-se hipertnicos do lado esquerdo e o msculo platisma encontra-se hipertnico do lado direito. Apresenta disfagia orofarngea de origem mecnica com dificuldades de: colocar o alimento na cavidade oral devido ao trismo, ou seja, pouca amplitude de abertura de cavidade oral, preparar o bolo e propulsion-lo para faringe. H dificuldades no movimento peristltico da faringe. Devido a no coordenao dos movimentos da lngua apresenta dificuldades em realizar varredura de lngua no vestbulo com a finalidade de retirar o alimento que escapa para o lado direito e vestbulo oral. Tem alterao na propriocepo intra-oral e gustao do lado direito, h propriocepo extra-oral do lado direito exceto no local do enxerto. Com relao articulao, tem dificuldade em vedar o lbio ao realizar os fonemas /p/, /b/ e /m/. V VI I E EP PC CC C CESUMAR Centro Universitrio de Maring Maring Paran - Brasil Segundo os dados do pronturio referentes ao planejamento teraputico pode-se destacar que os objetivos gerais e especficos foram: 3 OBJETIVOS GERAIS: Conscientizar o paciente sobre a postura corporal; aprimorar aspectos antomo-morfolgicos e funcionais; aprimorar as funes neurovegetativas (mastigao, deglutio, articulao e expresses faciais) e realizar orientaes fonoaudiolgicas. OBJETIVOS ESPECFICOS: Monitorar postura corporal; realizar relaxamento da musculatura cervical e do msculo platisma; restaurar a amplitude de abertura de cavidade oral; aprimorar tonicidade e mobilidade de lbios; estimular reflexo de deglutio; trabalhar controle oral; promover deglutio segura e funcional utilizando manobras; aprimorar expresses faciais; aprimorar a articulao dos fonemas /p/, /b/ e /m/ e orientar o paciente quanto importncia da realizao dos exerccios. Com relao aos dados do pronturio do paciente referentes aos resultados obtidos com a terapia fonoaudiolgica, pode-se destacar: 4 Durante o processo teraputico o paciente realizou uma avaliao audiolgica com exame de audiometria e imitanciometria, pois devido leso no nervo facial (VII par) provavelmente durante as cirurgias de remoo do cncer, poderia causar uma perda auditiva, no entanto os resultados desses exames sugeriram integridade na audio. De acordo com a postura corporal paciente na avaliao final apresentou ombros simtricos. Durante as sesses iniciais de acordo com os aspectos antmo-morfolgicos e funcionais foi realizado relaxamento do msculo platisma do lado direito que, com a evoluo da terapia, continuou hipertnico, visto que se tratava de uma sincinesia causada pela paralisia facial do mesmo lado, no entanto o relaxamento contnuo aliviou o paciente de dores nessa regio. Tambm de acordo com os aspectos antmo-morfolgicos e funcionais foi aprimorada a amplitude de abertura de cavidade oral que obteve um resultado muito bom, visto ao prognstico de trismo, no entanto o paciente necessita continuamente realizar os exerccios para continuar aprimorando essa funo, pois a tendncia cada vez diminuir mais a amplitude sem os exerccios. Foi possvel observar a evoluo da amplitude de abertura de cavidade oral tambm na funo de mastigao, no momento de colocar o alimento dentro da cavidade oral. Foi trabalhado tambm a mobilidade e o alongamento dos msculos faciais, a fim de preparar a musculatura oral do paciente a aumentar a amplitude de abertura de cavidade oral, com isso foi observado melhora significativa no vedamento labial do paciente, possibilitando tambm a melhora da articulao dos fonemas /p/, /b/ e /m/. No incio da terapia paciente realizava movimentos de lngua incoordenados e de acordo com os aspectos antomo-morfolgicos e funcionais foi aprimorada a mobilidade de lngua, sendo que obteve-se resultado muito bom observado durante a funo de mastigao atravs do controle do alimento na cavidade oral e no auxlio da limpeza da cavidade oral com as sobras de alimento que restavam a ser deglutidos. De acordo com as funes neurovegetativas foi trabalhada a funo da mastigao e deglutio. Estas funes causavam desconforto ao paciente, pois a maioria dos alimentos necessitava ser ingeridos na consistncia pastosa e escapavam da cavidade oral durante a mastigao, dessa forma o paciente sentia-se desconfortvel em alimentar-se em pblico. A mastigao foi trabalhada com orientaes ao paciente em relao quantidade de alimento que deve ser colocada a cavidade oral para ser mastigado e deglutido e a velocidade da mastigao que no incio da terapia estava acelerada e ao final j estava equilibrada. O paciente no incio da sesso utilizava com freqncia a mudana postural de cabea para trs para a deglutio de lquidos, no entanto a prpria famlia do paciente relatou que essa manobra tem sido utilizada pelo paciente esporadicamente, pois ele tem conseguido conter na maioria das vezes o escape que ocorre no lado paralisado. Outras manobras como a manobra de Shaker continuar sendo realizada na residncia do paciente como foi durante o tempo de terapia, pois essa manobra auxilia o controle oral do paciente e a contrao farngea para V VI I E EP PC CC C CESUMAR Centro Universitrio de Maring Maring Paran - Brasil a passagem do alimento, sendo que tem proporcionado grandes benefcios ao paciente. Foram trabalhadas diferentes consistncias de alimentos, sendo que quando foi trabalhado alimento slido foi utilizada a manobra de mudana de consistncia ou para o lquido ou pra o slido. Com todas as consistncias o paciente apresenta uma deglutio segura e funcional. O paciente em questo recebeu alta do atendimento fonoaudiolgico no dia 26/06/2009, recebendo todas as orientaes necessrias para no ocorrerem recidivas.
4 CONCLUSO
A interveno fonoaudiolgica em um caso de disfagia ocasionada por tratamento de cncer de bochecha mostrou-se eficaz, no que diz respeito (re) habilitao de um paciente que apresentava dificuldades em funes como mastigao, deglutio, expresso facial e articulao. No foi possvel retornar o desempenho dessas funes ao que eram antes do tratamento do cncer, uma vez que foram retiradas muitas estruturas importantes para a realizao dessas funes, no entanto o paciente aps a interveno fonoaudiolgica conseguiu realizar essas funes sem risco para sua sade (como aspirao de alimento), com autoconfiana e (re) integrao social.
REFERNCIAS
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