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GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA


POLÍCIA CIVIL DA BAHIA
ACADEMIA DA POLÍCIA CIVIL

CURSO DE FORMAÇÃO DE
AGENTE E ESCRIVÃO DE POLÍCIA
2008

CRIMINALÍSTICA
NOÇÕES DE CRIMINALÍSTICA

„ Local de Crime
„ Vestígios
„ Prova
„ Metodologia da Investigação Criminal
„ Manchas
„ Sangue
„ Impressões
„ Indícios
„ Reprodução simulada
„ Perícia
„ Laudo Pericial

O termo “Criminalística”, usado pela primeira vez no livro “Manual do Juiz de


Instrução” de Hans Gross, lançado em fins do século passado, no sentido de reunir os
conhecimentos técnico - científicos que todos os juizes policiais e outros agentes do
mundo jurídico deveriam conhecer, para facilitar as suas ações em prol da justiça
criminal, em toda sua complexidade, compreende o estudo concreto dos vestígios
materiais do crime, objeto da Técnica Policial - como também, o exame dos indícios
abstratos, psicológico do criminoso.

Magiora, em sue Direito Penal, faz referência ao termo Polícia Cientifica, e Reroud ao
termo Polícia Técnica, com o mesmo sentido de Criminalística. Edmond Locard, um
dos pioneiros da criminalística na França no seu “Traité de Criminalistique” considera a
Polícia Científica apenas como um aspecto da criminalística.

Apaixonado pelos problemas dos criminosos habituais e dos indícios deixados pelos
delinqüentes nos locais de crime, Locard passou a estudar inúmeras obras de
criminologia e fez contatos com peritos renomados na época. Viajou por diversos países
europeus, à busca de novas técnicas de investigação criminal, as quais, desde logo,
divulgou através de conferências e publicações.

Tornou-se discípulo de Rudolph Archibald Reiss, mestre famoso e criador do Instituto


de Polícia Científica da Universidade de Luusanne, Foi aluno de Alphonse Bertillon,
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insigne criador da chamada “Fotografia Sinalética” e do “Sistema Antropométrico de
Identificação”, conhecido como “Bertillonage”e que se irradiou para o mundo, a partir
do Serviço da Identidade Judiciária da Prefeitura de Polícia de Paris.

Com o objetivo de por em prática tudo o que aprendera, Locard procurou o Chefe de
Polícia Regional de Lyon, Henry Cacaud, solicitando a sua ajuda, para que pudesse
organizar um serviço que contasse com uma equipe permanente de cientistas e técnicos,
que empregassem todos os recursos de sua sabedoria em busca de meios para detectar o
crime.

Cacaud convenceu-se dos seus argumentos e deu-lhe uma oportunidade, cedendo-lhe


duas pequenas peças de sótão, sob as beiras do telhado do Palácio da Justiça.
Foi assim que a 10 de janeiro de 1910, realizava-se o sonho de Locard, com a criação do
“Laboratório Científico da Polícia” de Lyon, o primeiro do gênero em todo o mundo.

Os estudos realizados por Locard sobre as impressões digitais, levaram-no a demonstrar


em 1912, que os poros sudoríparos que se abre nas cristas papilares dos desenhos
digitais, obedecem também aos postulados da “imutabilidade” e da “variabilidade”,
criou assim a técnica microscópica de identificação papilar a que deu o nome de
‘Poroscopia”.

No domínio da documentoscopia, Locard criou o chamado “Método Grafométrico”


baseado na avaliação e comparação dos valores mensuráveis da escrita. Apresentou
notáveis contribuições no tocante à falsificação dos documentos escritos e topográficos,
ao grafismo da mão esquerda e à anonimografia. Interessou-se, além do mais, pela
identificação dos recidivistas.

As instituições de Polícia dos outros povos, trazem um ramo de Polícia Científica,


também chamada de Criminalística ou de Polícia Técnica. Esse ramo se identifica com
os valores abrangidos pela Instituição de Polícia, porque nesse ramo o perito testemunha
técnica é livre para agir conforme sua consciência individual.

A instituição de Polícia no Brasil tentou acompanhar a mesma formulação dos outros


povos, porém, em decorrência da cultura jurídica brasileira, produziram-se algumas
originalidades tanto na própria Instituição de Polícia, quanto na Instituição de
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Criminalística. Esta também conhecida como Polícia Científica ou Polícia Técnica,
como em outros países, adquiriu plena força de instituição social independente e
soberana, assegurada pelo Direito.

A estrutura básica de um Departamento de Polícia Técnica compreende o Instituto de


Criminalística, Instituto Médico Legal, Instituto de Identificação e o Laboratório. Cada
um destes Institutos é encarregado de investigação de crimes do ponto de vista técnico -
científico.

A evolução tecnológica ocorrida recentemente concomitante com a denominada era da


informática, fez crescer o número de delitos e a sofisticação dos criminosos,
diversificando os tipos de crimes.

Neste processo evolutivo, cabe ao Estado a responsabilidade da prevenção dos delitos


punindo os criminosos, competindo à polícia prender e a justiça julgar.
Modernamente, surgiu uma vertente na Polícia, denominada de Polícia Técnica ou
Científica cujo objetivo é produzir a prova técnica, que após exame e análise de casos
elabora Laudos Periciais pelos quais auxiliam a Polícia e a Justiça.

Com a crescente criminalidade e a sofisticação dos delitos, os criminosos passaram a


atuar também no interior do Estado optando por cidades de grande porte, por esta razão
o Departamento de Polícia Técnica vem passando por um processo de Evolução e
Modernização Administrativa e num esforço planejado está utilizando a estratégia para
enfrentar desafios no auxilio à Polícia e a Justiça.

Além da função técnica, a Polícia Técnica esta voltada também para funções sociais
através da prestação dos serviços de identificação civil e criminal, produto do labor
pericial, assegurando ao cidadão direitos constitucionais de caráter educativo e
assistencial, visando assegurar com mais rapidez e segurança a justiça prolatar sentenças
justas, evitando colocar inocentes na cadeia e criminosos nas ruas, viabilizando o
conceito de Justiça Social, principalmente para classes menos assistidas.
Tatuagem, marca a fogo, mutilações foram alguns dos métodos usados para identificar
criminosos.
O processo de identificação por meio de impressão digital foi feito inicialmente pelo
britânico William Herschel e pelo escocês Henry Faulds, sendo a primeira experiência
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cientifica iniciada por Sir Francis Galton e em seguida por Edward Henry na Inglaterra
e por Juan Vucetich na Argentina, criador do sistema de identificação datiloscópica, que
leva o seu nome.

Na Bahia, o serviço de identificação criminal iniciou com a criação do Gabinete de


Identificação, anexo a Repartição Central de Polícia em 1910, desde sua criação até os
dias atuais vem passando por uma série de modificações, procurando se atualizar dentro
das necessidades das novas técnicas do mundo contemporâneo.

A identificação procura demonstrar a importância e relevância, no aspecto da Polícia


Técnica na elucidação de crimes que em outras épocas eram considerados de difícil
solução, graças a introdução da elaboração do retrato falado como um dos meios eficaz
de identificação.

A Bahia vem nestes últimos anos atravessando um considerável desenvolvimento,


através da modernização e da inserção de tecnologia em todos os setores da economia,
principalmente com o surgimento de pólos industriais tem atraído grande número de
pessoas para as regiões onde estes pólos são implantados gerando um processo
acelerado de concentração urbana, assim é que a Secretaria da Segurança Pública numa
ação administrativa é orientada por uma política social no sentido de atender as
aspirações sociais de orientação e assistencial.

Criminalística

•Local de Crime
•Metodologia da Investigação Criminal
•Vestígios
•Manchas
•Sangue
•Impressões
•Indícios
•Perícia
•Laudo Pericial

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Local de Crime

•Levantamento
•Isolamento
•Classificação
•Subdivisão
•Elementos comuns a todos tipos de crime
•Aspectos a serem observados
•Espécie
•Exames

Criminalística:

♦Conceito: conjunto de conhecimentos que estuda o crime e as circunstâncias por ele


produzido, tendo por finalidade produzir a prova material.

♦Prova Material: conjunto de elementos necessários a elucidação do delito, sem deixar


dúvidas da maneira de como ocorreu.

•Prova Pericial: É a prova material após analisada.

Inter relação entre a Criminalística e outras ciências:

•A Criminalística é um sistema multidisciplinar, mantém inter relação com diversas


ciências tais como a física, química, biologia, medicina, odontologia, matemática,
antropologia e outras, como subsídio na elucidação dos delitos.

Metodologia da Investigação Criminal


•O objetivo da investigação é a descoberta dos crimes e dos seus agentes;
•Quando a autoridade policial toma conhecimento de um fato delituoso, é dever dessa
autoridade verificar se esse fato integra alguma infração penal, para de imediato
instaurar o competente inquérito;

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•Quando o fato denunciado não constituir infração penal, a investigação não pode e nem
deve prosseguir.
•Constatado que o fato é delituoso, a investigação prossegue até o esgotamento legal;
•A investigação deve procurar e esgotar todas as circunstâncias inerentes ao fato
delituoso, objeto do crime;
•É sabido que cada crime tem uma investigação adequada, ao proceder ao recolhimento
dos vestígios e indícios da atividade criminosa, deve ser feito com o caráter particular
de cada crime, os delitos impõe normas especifica de investigação.
•O crime é um ato humano de natureza voluntária
•O objeto do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual incide a ação criminosa.
•Através do objeto do crime é que dá origem as perícias, que tem como objetivo
determinar os efeitos que a atividade criminosa produziu.
•A ação criminosa do agente é produzida em certa data e em determinado lugar, que
dependem de uma série de circunstâncias decisivas para averiguação total e poder levar
a elucidação.

•O exame do local do crime revela vestígios deixados pela própria identidade do


criminoso, além de fornecer outras informações úteis a sua elucidação;

•O efeito do crime, também chamado de resultado, é determinado pericialmente;


Metodologia da Investigação Criminal

•Pelos exames dos instrumentos do crime e dos vestígios pode-se determinar a


identidade do criminoso;

•O “modus operandi”, ou seja, a maneira e a espécie como foi praticado o delito, são
pormenores que não devem ser esquecidos para determinar o perfil do criminoso.

Elementos comuns a todos os tipos de crime

•O agente ativo
•A vontade do agente ativo
•O agente passivo ou vitimas
•O objeto da incidência do crime
•O tempo do crime
•O lugar do crime

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•O resultado do crime
•O instrumento do crime
•O motivo determinante do crime
•O fim do crime

•Agentes ativos: autores e có-autores


•Conforme nossa legislação penal, só o homem, pessoa física, pode ser criminoso;
•A responsabilidade criminal recai única e exclusivamente sobre o agente do crime.
Elementos comuns a todos os tipos de crime

•Vontade
•Concepção
•Deliberação
•Decisão
•Execução
•Consumação

Vontade: ato voluntário do agente do crime praticar o delito;


Concepção: quando o criminoso tem uma idéia que julga possível realizar;
Deliberaração: consiste em submeter os motivos a uma valorização por pesagem de
vantagens;
Elementos comuns a todos os tipos de crime
Decisão: acaba o conflito de tendências psíquicas, aí o individuo toma a decisão de
delinqüir;
Execução: quando a vontade salta do foro intimo para o exterior, inicia-se a execução
do crime, que só termina com a consumação;
Consumação: o motivo e o fim consubstanciam o resultado desejado pelo delinqüente.

•Objeto do Crime:

É a pessoa ou coisa sobre a qual incide a ação criminosa;

•Através do objeto do crime é que surgem as PERÍCIAS, cuja função é determinar


todos os efeitos que a ação criminosa produziu.

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Base Legal da Prova Material:

A prova material, portanto, assume real importância, como se observa nos artigos que
prescrevem a sua aplicação no direito subjetivo (Código de Processo Penal, art. 386):
O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I– estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV - não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal [...]

Prova

É a busca da verdade, ou o meio utilizado para a percepção de uma verdade, ou seja,


tudo que pode conduzir a uma certeza
Prova Material: É todo vestígio que ofereça a oportunidade de constatação, sujeitos ou
não a realização de exames periciais, dependendo de análises especificas.
Prova Pericial: Pode ser entendida como os elementos materiais diretamente
relacionados à ação delituosa e que, após processados pericialmente, obtenha a certeza
científica, ou não, da sua relação com o crime ou com seu autor.
Prova Documental: É consubstanciada em um papel escrito ou registro por meio
eletrônico, demonstrado um fato, onde a sua produção pode estar ou não vinculada à
ação criminosa, ou ter algum tipo de relação, servindo para demonstrar fato alegado na
investigação.
A prova para ser legítima e valorizada depende dos vestígios, e da maneira como são
coletados no local do delito, levando-se em conta os cuidados necessários, do
acondicionamento adequado e do transporte para o órgão responsável pelo exame (IC,
Laboratório).

A Prova Pericial é dependente da qualidade das amostras, e dos cuidados a ela inerente.
Esta qualidade depende dos processos de:
–Coleta;
–Acondicionamento;
–Identificação;
–Armazenagem;
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–Encaminhamento (transporte);
–Entrega - Exame/Laboratório

Classificação Prova:

Diretas- São aquelas que mostram de maneira precisa, o que se procura esclarecer,
permite conclusões, com o objetivo de constatar a existência do crime. (objetivas,
materiais, periciais)
Indiretas ou subjetivas - São chamadas indiciarias ou circunstanciais, as que dão a
entender algum coisa relacionada com um crime, também denominada informativa.
Complementares ou mistas: Possuem parcela de subjetividade: reprodução simulada,
retrato falado, investigação da vida pregressa do acusado.

•Base Legal CPP (Código de Processo Penal):

Art.6-Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade deverá:


I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação
das coisas, até a chegada dos peritos.
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos.
Prova
Art.158 - quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame do corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art.169 - para efeito do exame do local onde houver sido praticada a infração, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a
chegada dos peritos, que poderão instruir os seus laudos com fotografias, desenhos ou
esquemas.
Parágrafo único: os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e
discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos.
Art.175-serão sujeitos a exames os instrumentos empregados para a prática da infração,
a fim de verificar a natureza e eficiência.
Art.182-o juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeita-lo, no todo ou
em parte.
Elementos encontrados em Locais de Crime - Princípio da Troca de Locard:
Intercomunicabilidade.

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Função da Perícia

Exame do Local

•Levantamento dos vestígios e indícios;

•Deteminação do(s) instrumento(s) do crime;


•Determinação da maneira como o crime foi perpetrado;
•Elaboração do Laudo Pericial.
•Em última análise a Produção da Prova

Exame do Local- Peritos

a) Levantamento fotográfico;
b) Elaboração do Croquis;
c) Busca de imprssões;
d) Coleta de material para estabelecer a sequência dos vestígios, indícios, para a
formação da “prova”.

Local de Crime

Conceito;
Classificação;
Isolamento;
Preservação;
Levantamento;
Exame.

No local de crime Fica a biografia, perfil e a identidade do criminoso;


Cabe a polícia procurar e identificar o agente do crime;
Não existe crime perfeito, existe crime mal investigado.

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Local de Crime

Local é o lugar onde ocorreu um crime ou uma infração penal.(Gilberto da Silva Porto);
É toda área onde tenha ocorrido um fato que assuma a configuração de delito e que,
portanto exige as providências da Polícia(Carlos Kendy);
Os ingleses e americanos chamam de “the scene of crime” os franceses “le scêne du
crime”, os espanhóis, argentinos e demais países que falam espanhol “el sitio del
sucesso”, os jornais costuma chamar “teatro do crime”.
Local de Crime
Portanto, entende-se como local de crime a área onde se deu uma infração penal, que
tenha deixado vestígios que, tecnicamente, conduzem à elucidação do delito;
O levantamento do local do crime é a base para as investigações. Le Moyne Snyder
acha que se uma investigação sobre homicídio termina em fracasso, a causa é o exame
inadequado do local;
Outros especialistas opinam ser os primeiros minutos de atividade em um local,
decisivo, para determinação, com segurança do êxito ou fracasso da investigação.
O local de crime, teoricamente, é o espaço físico onde ocorreu a ação delituosa, e onde
são encontrados os vestígios e ou micro vestígios, que indicam o caminho a seguir na
busca pela autoria do ilícito penal, ou a forma de agir do criminoso, que transformados
em corpo de delito após a análise e identificação técnico-científica dos seus
componentes vão perpetuar a prova material. Como conceitua (Rabelo)

Isolamento de Local de Crime:


Isolamento: Significa o ato de isolar, separar. Na Criminalística, isolamento de local é o
ato pelo qual se processa a separação, entre a área da infração penal e as pessoas não
credenciadas a procederem os exames;
Os peritos e as autoridades encarregadas da investigação precisam do local como foi
deixado após a prática do delito;
Geralmente esse isolamento é feito primeiro pelo policial que tomou conhecimento do
fato, evitando-se tocar em nada sob qualquer pretexto, para o local não ser alterado ou
violado.
Isolado o “Local”, os policiais providenciarão para que nada seja alterado.
Protegendo para que os vestígios não sejam destruídos, removidos, alterados, tocados,
senão pelos peritos.

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A polícia militar; polícia judiciária; polícia rodoviária; polícia ferroviária e prepostos de
engenharia de trânsito, órgãos responsáveis pela custódia do local, em obediência ao
diploma legal deverá proceder ao isolamento do mesmo, com cuidado, evitando sua
violação, para que as evidências não se percam e o andamento dos exames não fique
prejudicado.

Classificação do Local de Crime

•Existem duas espécies de “Locais”

1° Refere-se a natureza dos crimes cometidos;


2° Refere-se aos lugares onde foram cometidos.
No primeiro caso, temos os homicídios, latrocínios, roubos, furtos, acidentes de trânsito,
etc.
No segundo caso, sejam locais Internos ou Externos, se forem praticados dentro de
recinto fechado ou em área livre (aberta).

Subdivisão de local de crime

I - Imediato
II - Mediato

Imediato: compreende a área do fato, ou seja, onde aconteceu o crime;


Mediato: compreende a área adjacente.

Exame de Local

É a fase que precede o levantamento;


Pode ser encontrado protegido ou não, deve ser cuidadosamente e minuciosamente
examinado, pois os vestígios e indícios aparentemente inúteis poderão constituir-se em
fator de sucesso determinante para elucidação do crime.
Exame de Local

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Local é área onde se deu a infração penal, que tenha deixado vestígios, tecnicamente,
conduzem a descoberta do autor;
Le Moyne Snyder acha que, “se uma investigação sobre homicídio terminar em
fracasso, a causa é o exame inadequado do local”;
Outros opinam serem os primeiros minutos de investigação em um local, decisivo para
a determinação, com segurança, de êxito ou fracasso da investigação.

Aspectos a serem observados no local

Não violado e devidamente protegido;


Violado, alterado ou modificado, depois da ação criminosa;
Outro, que além da área propriamente dita, se completa com outros com os quais
tenham conexão.

No primeiro caso são chamados de idôneos;


No segundo caso inidôneos;
No terceiro caso relacionados.

Levantamento de Local

Em criminalística levantamento é a reprodução desse local, por meio de descrição, do


croquis e de fotografias, filmagens, etc.
Segundo “Gilberto Porto”, é estudar detidamente o lugar do evento criminoso;
Portanto, levantamento de local de crime ou de infração penal é o ato pelo qual esse
local é reproduzido, através da descrição, dos croquis, da fotografia, datiloscopia,
modelagem, vestígios e indícios ou outros meios técnicos, no sentido de documentar
com detalhes a situação fiel.

Levantamento de Local

Antes do levantamento propriamente dito, devem os peritos procurar, detalhes pare que
a descrição seja exata e objetiva, levando ao êxito da investigação criminal e elucidação
do delito
O procedimento investigatório policial começa na percepção do local de crime.
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A busca pela prova material, para efetivamente provocar a ação da justiça, parte do
encontro com os vestígios encontrados no local, motivo da investigação criminal.

Vestígios

Quase tudo que se possa imaginar, pode constituir um vestígio, quer seja encontrado no
local do crime, na vítima ou no criminoso.
Impressão digital, marcas, rastros, manchas, objetos, ferramenta, arma, projétil, pólvora,
resíduos, líquidos, graxas, tintas, sangue, etc, são considerados vestígios.
Na ficção literária, os vestígios são denominados de “Pistas”.
Vestígios
Quando ocorre um delito, o criminoso leva consigo, em alguma parte, nas vestes,
sapatos ou no próprio corpo, algo do local onde esteve ou da sua vítima, ao tempo em
que deixa neste mesmo lugar, qualquer coisa sua, sem que perceba tal ocorrência, ou
entenda o seu significado e o valor que o mesmo possa vir a ter na investigação
criminal;
Qualquer coisa que possa ser deixada ou produzida por um criminoso, no local de crime
ou levar consigo, é considerado vestígio. Portanto, em Criminalística, vestígios são
elementos materiais encontrados no local de crime, no criminoso ou na vítima.
Um vestígio pode ser de grande valor na elucidação de um crime, por isso o mais
insignificante pormenor não deve ser dispensado, dele pode vir a comprovação de um
ato delituoso.
Todo vestígio deve ser observado e coletado tecnicamente para exame laboratorial
futuro, se necessário.
A coleta de material encontrado em local de crime, no criminoso ou na vítima, deve ser
feita com precauções, pode levar a elucidação do delito.
A preservação dos vestígios no local de crime tem que ser orientada de forma a ser
assegurada pelo seu valor probatório, para que não sofram alterações de qualquer forma,
dificultando ou até mesmo inviabilizando o trabalho dos peritos
Todo material encontrado no local deve ser considerado como suspeito e, portanto,
coletado, poderá servir como indício e somente o exame pericial determinará sua
utilidade.
Para se conseguir um bom resultado na investigação criminal, depende da atuação do
policial que primeiro chega ao local do crime e da maneira como são preservados os
vestígios existentes
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O atraso de um minuto na percepção do vestígio encontrado no local de crime é
Partindo dessa premissa todos os esforços no sentido de agilizar a coleta e análise dos
vestígios que vão compor o corpo de delito é fundamental para a elucidação do ato
criminoso e identificar seus autores.

Microvestígios

Os microvestígios, a exemplo de fios de cabelo, fragmentos de tecidos ou substâncias


orgânicas, são materiais de grande importância para os exames periciais e, muitas vezes,
passam despercebidos pelas pessoas responsáveis pela preservação do local, como bem
explica Vilanova (2002), no seguinte texto:
“Os microvestígios são vestígios materiais sólidos, de dimensões diminutas, por vezes
implicando observação sob ampliação com lupa aplanática de dez aumentos;
De certa forma, constituem o lixo ou sujeira, soltos, encontrados em locais ou
transportados por indivíduos em suas vestes e mesmo no próprio corpo.
ao afirmar que “Quando um individuo penetra em qualquer ambiente, o contamina com
material que transporta em seu corpo e vestes: e por sua vez ele é contaminado pelo
existente no mesmo ambiente”;
O conceito exposto vem justificar a preocupação dos técnicos na coleta dos
microvestígios e resume a relevância destes para o processo de investigação, porquanto,
persistem de fato, naturalmente, por passarem despercebidos aos olhos menos avisados.
A coleta destes vestígios, de certa forma simples, pode ser efetuada por um aspirador de
pó, tipo comum, dotado com dispositivo que os recebem em folha de papel filtro, sendo
posteriormente selecionado e catalogado;
Não obstante, sua seleção tediosa é de grande importância para a Criminalística, de
acordo com o estabelecido por Locard (1949) ao anunciar a teoria dos “contatos
recíprocos”, corroborada por Vilanova (2002),

Procedimentos no local

Descrever detalhadamente o local, com ilustração esquemática, objetivando caracterizar


o endereço do fato;
A área imediata e mediata;
As formas de acesso ao local;

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As condições atmosféricas;
Topografia, iluminação;
Orientação geográfica com pontos de referência;
Condições de visibilidade e sentido do vento;
Ponto de referência para a descrição dos vestígios encontrados, etc.
Amarramento do local.

Dos Vestígios Materiais

Descrever detalhadamente todos os vestígios encontrados no local da ocorrência,


localização, característica e posicionamento em relação ao ponto de referência do objeto
ou da coisa periciada;
Fazer a coleta dos vestígios, projétis, substâncias, armas e outros materiais que
necessitem de exame especifico

Do exame do cadáver

Fazer a identificação documental se houver;


Descrever todas as características físicas do cadáver e posicionamento em relação ao
ponto de referência;
Fazer exame externo do cadáver descrevendo ferimentos(características e dimensões);
sinais de violência, sinais de luta, etc;
Descrever as vestimentas e tudo mais que julgar necessário;
Fazer a coleta de vestígios e instrumentos do crime.
Das vestes
Descrever minuciosamente as características físicas de cada peça encontrada;
A disposição geral quanto a sua forma de acomodação da vítima, observando se estão
abertas, alinhadas ou fora de alinhamento normal quanto ao uso correto;
Objetos encontrados no interior dos bolsos e tudo mais que for encontrado;
Encaminhar todas as peças das vestes do cadáver para o Laboratório para exames.

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Das coletas

Descrever todas as coletas, substâncias, projétis, pegadas, manchas, impressões e outros


vestígios que necessitem de exame especifico.

Categoria dos Vestígios


Impressões
Manchas
Marcas
Instrumentos do crime contra a pessoa
Outros vestígios

Breve histórico do sistema datiloscópico

Os desenhos das linhas papilares contidas na extremidade dos dedos, na palma das mãos
e na planta e dedos dos pés começaram a ser estudados em 1664, contudo no final do
século XIX estes estudos foram elevados à categoria de ciência, denominada de
papiloscopia.
Categoria dos Vestígios
A metodologia aplicada à identificação datiloscópica foi estabelecida por dois
estudiosos, em 1981, Henry Varigny, na França e Juan Vucetich, na Argentina, que tem
como base às características únicas dos desenhos papilares, por meio dos quais duas
pessoas não se confundem. De acordo com as pesquisas dos especialistas, “para se
encontrar uma outra impressão digital com 13 pontos característicos coincidentes seria
necessário procurar em mais de 12 quintilhões de pessoas”. Anup (2003).
A partir de estudos, tão apurados tornou-se o sistema datiloscópico a forma mais segura
e eficiente de proceder à identificação humana, e conseqüentemente, adotado em
instituições responsáveis pela identificação civil e criminal de vários países. A
identificação datiloscópica chegou ao Brasil em 1903 por iniciativa do jornalista e
diretor do Gabinete de identificação do Distrito Federal - Rio de Janeiro, Felix Pacheco.
A datiloscopia é o processo, mais aplicado pelos peritos papiloscopistas na pesquisa de
impressões digitais destinada a descobrir a identidade de criminosos ou até de
cadáveres, denominado de exame necropapiloscópico;

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A segurança neste tipo de pesquisa está na certeza da imutabilidade dos desenhos
contidos na palma das mãos e nas extremidades dos dedos. A formação das cristas
papilares vem do quarto mês de vida intra-uterina e só desaparecem com a putrefação
do corpo.

Impressão

Papilares: são deixadas pelas extremidades digitais, palma das mãos e planta dos pés;
Impressão digitais: é reprodução de desenhos digitais, formado por conjunto de cristais
e sulcos que se encontram na polpa digital;
Impressões Palmares: são deixadas pelas palmas da mãos;

Categoria dos Vestígios

Impressões plantares: são deixadas pelas plantas dos pés (descalços), reproduzindo os
desenhos papilares;
Impressões das mãos: deixadas pelas mãos sem reproduzir as cristas papilares. Neste
caso interessam o contorno da mão e dos dedos.
Latentes: São submetidas a um processo de revelação por meio de processos químicos
(pós reveladores).

Pegadas:

São impressões feitas por pés calçados ou descalços:

a) Dinâmica: quando produzidas pelo pés em movimento;


b) Estática: quando produzidas pelos pés em repouso, isto é quando a pessoa está
parada em um lugar;
c) Estampadas: produzidas sobre algum fundo moldável como terra, areia, argila,
neve, etc.

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Categoria dos Vestígios

Impressões de luvas – A superfície de uma luva mostra um desenho, o qual, com


freqüência tem um aspecto característico.
Em casos raros, é possível encontrar fragmentos de impressões digitais dentro da
impressão da luva, isto pode ocorrer quando as luvas têm furos tão grandes que alguma
parte de um dedo fica descoberto e deixa uma impressão ao mesmo tempo que a da
luva, por isso é aconselhável o seu exame e conservação.
Categoria dos Vestígios
Impressões Dentárias – São produzidas pelos dentes, comumente no corpo humano e
em certos alimentos;
No corpo humano – verifica-se geralmente no corpo da vítima, particularmente nos
casos de crime de natureza sexual, e em certas circunstâncias em caso de luta;
Nos alimentos – são aproveitadas por meio de moldagem

Manchas

São resíduos ou sinais que se apresentam sob a forma de crosta, aderida a determinada
superfície;

a) ORGÂNICAS: são produzidas pelos líquidos orgânicos, agregados ou


produzidas pelo corpo humano;
Ex: Sangue, esperma, líquido amniótico, colostro, suor, muco nasal, secreções uretrais,
secreções vaginais, leite, vômitos etc.
Manchas de esperma – são encontradas geralmente nos casos de crimes de natureza
sexual, são recolhidas nas vestes, roupa de cama, vagina e no reto;
Colostro – é uma substância das glândulas mamária, durante o período de gestação, é
indicio de gravidez ou parto recente, pode ser coletado nas roupas intimas da mulher,
apresentam-se sob forma de pequenas gotas amareladas
Fezes – são encontradas nos locais de crime, mais freqüente nos locais de furto
qualificado;
Leite – as manchas de leite humano apresentam-se brancas, amareladas, encorpadas,
possuindo um odor característico, indica o estado de gestação ou de amamentação, são
submetidas a exame microscópico, para verificar se trata de leite humano ou animal;

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Liquido amniótico – É segregado pela membrana em forma de saco que envolve o feto,
mais freqüente nos locais de aborto;
Mecônio – É uma substância pastosa, de cor amarelada-escura ou verde escuro que se
encontra no intestino do recém nascido e é expelido nos primeiros dias, é indicativo de
infanticídio ou aborto provocado;
Muco Nasal – Manchas de cor cinza, algumas vezes amareladas, verdosas ou escuras
produzidas pelo nariz .

b) INORGÂNICAS: produzidas por qualquer substância não oriunda nem


agregada do corpo humano.

Exemplo: Ferrugem, cera, tinta, lama, pólvora, substâncias gordurosas, graxas,


corantes... etc;
Ferrugem - essas manchas determinam o tempo aproximado em que a peça metálica
esteve em contato com agentes oxidantes;
Lama - podem indicar os lugares onde o individuo transitou;

Pólvora- Podem ser encontradas e recolhidas pelos seguintes processos:

a) no corpo da vítima, do autor ou terceiros – pela lavagem com água destilada;


b) Nas vestes – pelo mesmo processo;
c) Nas armas – pela lavagem do interior do cano ou das câmaras do tambor;
d) Nos estojos – pela lavagem das peças.

Manchas de Sangue

Geralmente encontradas nos locais de crime contra a pessoa, podem ser localizadas
sobre o corpo da vítima, do autor, no solo, paredes, móveis, armas, etc.
Diagnóstico das Manchas de Sangue nos Locais de Crime

a) Se a mancha é realmente de sangue;


b) Se o sangue é humano;
c) Qual a região do corpo que poderá ter produzida;
d) Qual o grupo sangüíneo;
e) Qual o aspecto ou forma da mancha;
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f) Quantidade de sangue extravasado;
g) Formação do soro;
h) Recentidade da mancha;
i) Cor da mancha;
J) Consistência da mancha;

Formas das Manchas de Sangue

É variável e atenderá ao extravasamento, às condições do terreno, à maneira porque o


sangue caiu (ângulo da queda), as condições que foram produzidas, a direção traçada
pelo ferido.
Manchas por projeção: salpicaduras;
Manchas por escorrimento: as que formam poças, charcos, regos, etc.
Manchas por impregnação: embebimento em toalhas, lenços, panos em geral;
Manchas por limpeza: as que apontam lavagem ou enxugamento de objeto;
Rastro sangüíneo: são manchas que indicam a passagem de alguém sangrando ou o
vazamento de sangue durante uma caminhada;
Manchas de sangue amassado: são produzidas pela compressão de qualquer superfície
sobre a mancha de sangue antes do seu ressecamento completo.

Procedência do sangue:

Os exames laboratoriais podem determinar a origem do sangue:


De uma violação: contém partículas de esperma e pelos pubianos;
Do nariz: contém partículas dos pulmões;
Menstrual: contém células da mucosa vaginal e bactérias diversas;
De feridas ou úlceras: contém partículas da epiderme e pelos locais.

Características do sangue

As características do sangue são constantes, perenes e imutáveis, condições que se


verificam até mesmo após transfusões.
A cor do sangue pode variar devido às circunstâncias especiais:
a) suporte
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b) tempo de exposição
c) órgão que proceda

A consistência do sangue é variável.

O sangue muda de aspecto, quanto:

A cor, a coagulação, em virtude da decomposição química dos seus componentes;


O sangue vazado se infiltra nos mais estranhos lugares, por isso sua busca deve ser bem
cuidadosa.

Indício

Na linguagem comum, o vestígio pode ser sinônimo de indício.


A circunstância conhecida e provada que tem relação com o fato delituoso, ou seja, é o
vestígio examinado, tratado e provado que tem relação com o crime ou com o
criminoso, relacionado diretamente com a ação delituosa, constituindo-se a prova
técnica.

Base Legal da Prova Material

A prova material, portanto, assume real importância, como se observa nos artigos que
prescrevem a sua aplicação no direito subjetivo (Código de Processo Penal, art. 386):
O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
I – estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV - não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal [...]

Reprodução simulada

A finalidade da reprodução simulada, é a reconstituição da dinâmica de um crime,


quando existem controvérsias de depoimentos e de como ocorreu, a fim de dirimir

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dúvidas existentes, com o objetivo de esclarecer detalhes do cometimento do crime e
chegar à verdade dos fatos,

Perícia

É a aplicação de conhecimento técnico cientifico na elaboração de pareceres e laudos


periciais, após exames detalhados elaborados pelo perito, com o fito de auxiliar a polícia
e a justiça, na investigação criminal para a elucidação dos delitos.

Laudo Pericial

É o documento apresentado pelo perito, onde ele expõe de forma circunstanciada, as


suas conclusões a cerca do fato examinado, ou seja, o perito descreve o que vê.

Fases do Laudo Pericial

1- Preâmbulo;
2- Exposição;
3- Descrição;
4- Discussão;
5- Conclusão.

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Referências Bibliográficas:

Cunha, Benedito Paula de, Doutrina da Criminalística Brasileira, São Paulo: Ateniense,
1987.
Rocha, Alberto Santana, e Santos, Maria das Graça Modesto, A Tecnologia da
Informação como Instrumento de Otimização da Prova Pericial, Monografia-Uneb/PM-
2003.
Santos dos, Paulo Vilaries. Criminalística e Tecnologia. Caso Novacap, Revista Perícia

Federal, Brasília DF, Ano II, n.6, p.32-35, Junho 2000.

Valverde Siqueira, Danielle Novaes. A Utilização da Tecnologia Data Warehouse no

Processo de Controle da Violência Criminal.

Maia, Raul. et al, Manual Dinâmico do Estudante – São Paulo: Difusão Cultural do

Livro, ISBN 85 – 7338. Edipar Edições e Participações LTDA, Brasil, p 1999.

Porto, Gilberto. Manual de criminalística. 2. ed. São Paulo, Editora.


Sugestões Literárias, 1969. (Coleção de Policia e Criminologia)

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