O documento descreve as propriedades e usos terapêuticos dos glicosídeos antraquinônicos. Estes compostos são derivados do antraceno e encontrados em plantas como a babosa, cáscara-sagrada e ruibarbo. Sua principal atividade é como laxante, estimulando o trânsito intestinal. O documento também fornece detalhes sobre a estrutura química, métodos de extração e identificação destes compostos.
O documento descreve as propriedades e usos terapêuticos dos glicosídeos antraquinônicos. Estes compostos são derivados do antraceno e encontrados em plantas como a babosa, cáscara-sagrada e ruibarbo. Sua principal atividade é como laxante, estimulando o trânsito intestinal. O documento também fornece detalhes sobre a estrutura química, métodos de extração e identificação destes compostos.
O documento descreve as propriedades e usos terapêuticos dos glicosídeos antraquinônicos. Estes compostos são derivados do antraceno e encontrados em plantas como a babosa, cáscara-sagrada e ruibarbo. Sua principal atividade é como laxante, estimulando o trânsito intestinal. O documento também fornece detalhes sobre a estrutura química, métodos de extração e identificação destes compostos.
As antraquinonas so compostos orgnicos derivados do antraceno, formados a partir da oxidao de fenis. Fazem parte, juntamente com as benzoquinonas e naftoquinonas, do grupo das quinonas. Sua principal caracterstica a presena de dois grupos carboxlicos que formam um sistema conjugado com pelo menos duas duplas ligaes C-C. Encontram-se na literatura tambm outras denominaes para as antraquinonas, como antranides, derivados antracnicos ou hidroxiantracnicos.
As antronas e os antranis so os primeiros derivados antranides que se formam nas plantas, e possuem funo oxigenada apenas em C-9. Se uma antrona sofrer oxidao ir formar antraquinona e se sofrer reduo ir produzir um antranol (figura abaixo). Quanto maior o grau de reduo mais potente o composto quanto sua atividade, por isso podemos dizer, quanto potncia, que: antranol > antrona > antraquinona.
Os derivados contidos nas drogas vegetais secas apresentam-se geralmente num estado mais oxidado do que as substncias desse grupo presentes originalmente na planta fresca. Por este motivo deve-se usar o ch da planta seca, para no sofrer com efeitos indesejados dos componentes da planta fresca, como diarria e clicas intensas.
Aps a formao do ncleo fundamental da antraquinona, ocorre a conjugao do resduo sacardico aglicona, formando o glicosdeo antraquinnico. Tais como os demais glicosdeos, os antraquinnicos podem apresentar-se como O-glicosdeos ou como C-glicosdeos, dependendo do local da ligao s molculas de acar.
Propriedades fsico-qumicas
Como visto anteriormente, as antraquinonas podem estar ligadas a glicdios (na forma de glicosdeos antraquinnicos) ou livres (agliconas ou geninas). As geninas dos derivados antracnicos possuem algumas particularidades em suas molculas, sendo caracterstico: Hidroxilas em C-1 e C-8 (responsveis pela ao laxante); Grupos cetnicos em C-9 e C-10; Substituintes metila, hidroximetila ou carboxila em C-3 (R2) e em C-6 (R1); Gliconas (acares) em C-1, C-8 ou C-6.
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Os glicosdeos antraquinnicos se apresentam como cristais amarelos, de sabor amargo, solveis em solventes polares e insolveis em solventes orgnicos apolares. Quando dissolvidos em meio bsico formam solues laranja-avermelhadas (Reao de Borntrger).
As geninas apresentam-se como cristais amarelados, solveis em solventes orgnicos apolares e insolveis em polares (como a gua). A presena de glicdios garante uma melhor solubilidade em gua devido a grande quantidade de hidroxilas.
Mtodos extrativos
Para extrao dos glicosdeos antraquinnicos devem ser utilizados solventes polares, como a gua, ou solues hidroalcolicas. Os mtodos recomendados so: macerao e percolao.
Utilizao industrial
Algumas antraquinonas so utilizadas industrialmente como pigmentos ou indicadores de pH, como a naftoquinona (pigmento vermelho).
Propriedades teraputicas
A atividade laxativa a principal responsvel pela utilizao teraputica da maioria dos vegetais que contm antraquinonas, apesar de que muitas plantas tm sua utilizao limitada pelos efeitos adversos provocados.
Atualmente, no Brasil, a maioria das especialidades farmacuticas contendo compostos antraquinnicos, com indicao de laxante, consiste de associaes de vrios extratos vegetais.
A ao laxativa das antraquinonas dose-dependente. Aps a administrao oral, os glicosdeos antraquinnicos, no clon, so hidrolisados por enzimas produzidas pela flora intestinal, convertendo-se em geninas. Da ento, as geninas produzem o efeito laxativo de trs maneiras: (1) estimulam os gnglios parassimpticos plvicos, que por sua vez, causam o aumento da peristalse, ou seja, aceleram o trnsito intestinal; (2) promovem a liberao de histamina nas clulas da mucosa intestinal, o que tambm incrementa a atividade da musculatura lisa intestinal (ao irritativa) e (3) reduzem a absoro de gua e eletrlitos, devido inibio da bomba Na+/K+ ATPase, fluidificando as fezes, alm de estimularem a secreo de muco.
A latncia do efeito varia entre 4 e 8 horas aps a administrao.
3 Algumas pesquisas tm revelado que as antraquinonas possuem atividade contra Leishmania sp. e Trypanosoma cruzi, no entanto, devido aos efeitos txicos e indesejados ainda no se conseguiu produzir medicamentos antileishmania e antiprotozorio base de derivados antracnicos.
Orientaes farmacuticas
Recomendaes quanto utilizao de medicamentos contendo extratos vegetais ricos em antraquinonas:
No utilizar por perodos prolongados (mais de 10 dias), pois pode ocorrer, diarrias, clicas, nuseas, vmitos, melanose reto-clica (escurecimento da mucosa intestinal reversvel com a suspenso do uso), alteraes da mucosa e morfologia do reto e clon (fissuras anais, prolapsos hemorroidais), carcinoma colorretal, distrbios hidroeletrolticos, como hipocalemia;
O uso crnico e abusivo pode causar reduo severa do peristaltismo, o que leva, frequentemente, a um ciclo vicioso;
Evitar o uso concomitante com cardiotnicos digitlicos e diurticos hipocalemiantes;
No utilizar durante a gravidez e lactao (excretado atravs do leite materno), nem em crianas.
Babosa - Aloe vera Cscara-sagrada - Rhamnus purshiana Ruibarbo - Rheum palmatum Sene - Cassia angustifolia
4 SENE Nome cientfico: Cassia angustifolia (Senna alexandrina) Parte utilizada: Fololos e frutos (vagens) Antraquinona responsvel pela atividade farmacolgica: Senosdeos (genina = senidina)
* Segundo a Farmacopia Brasileira IV os frutos dessecados devem conter no mnimo, 4% de derivados antracnicos e os fololos dessecados devem conter, no mnimo, 2,5% de glicosdeos
Atividade farmacolgica: Laxante e carminativo
Indicaes: constipao intestinal * Embora o sene no tenha ao laxativa to suave quanto a cscara-sagrada, provocando clicas, seu uso difundido por se tratar de uma matria-prima vegetal mais barata.
CSCARA-SAGRADA Nome cientfico: Rhamnus purshiana Parte utilizada: Cascas do caule Antraquinona responsvel pela atividade farmacolgica: Cascarosdeos A, B, C e D.
*Os fragmentos das cascas dessecadas dos caules devem ser estocados por no mnimo 1 ano antes de serem liberados para uso. Isto porque a droga vegetal recm coletada contm antronas, podendo provocar fortes vmitos e clicas intensas nos usurios. Este perodo de envelhecimento faz com que os compostos sejam oxidados formas menos irritantes.
Atividade farmacolgica: Laxante
Indicaes: constipao intestinal
5 BABOSA Nome cientfico: Aloe vera Parte utilizada: Ltex dessecado das folhas Antraquinona responsvel pela atividade farmacolgica: Alona (Barbalona)
* Para a extrao dos glicosdeos antranquinnicos da babosa suas folhas so cortadas e colocadas com a extremidade cortada em recipientes na forma de V para facilitar o escoamento. Em seguida o ltex desidratado. Esse extrato forma uma massa opaca, de cor preto- avermelhada ou marrom escura, de gosto nauseante e amargo. O extrato contendo antraquinonas totalmente diferente do gel mucilaginoso, obtido por expresso das folhas, utilizado como cicatrizante.
Atividade farmacolgica: Laxante
Indicaes: constipao intestinal
RUIBARBO Nome cientfico: Rheum palmatum Parte utilizada: Rizomas Antraquinona responsvel pela atividade farmacolgica: Emodina, rena, aloe-emodina, crisofanol e fisciona.
*Entre outros, contm taninos, que podem induzir priso de ventre aps a ao laxativa.
**Pode ser falsificado por ruibarbo rapntico (principalmente R. rhaponticum L.) que, alm de apresentar teores bem menores de antraquinonas, pode causar problemas renais relatados em casos de intoxicao por folhas de ruibarbo (alto contedo de cido oxlico).
Atividade farmacolgica: Laxante
Indicaes: constipao intestinal
6 Caracterizao e identificao
A reao de caracterizao reao de Borntrger exige certas condies para os compostos testados, como a presena de hidroxilas nas posies 1 e 8 do ncleo antraquinnico. Caso as hidroxilas no estejam livres um tratamento hidroltico se faz necessrio. So assim reconhecidos os O-glicosdeos. Alm disso, relativamente comum serem encontrados neste grupo de princpios ativos os C-glicosdeos, que exigem condies mais drsticas para que seja efetuada a hidrlise (deve ser realizada com oxidantes fortes, como soluo de cloreto frrico e aquecimento).
1. Reao de Borntrger direta
Tcnica empregada para detectar a presena de agliconas antraquinnicas, sendo negativa para seus glicosdeos, devido sua insolubilidade nos solventes apolares, que so o meio da reao.
- Pesar 1g da droga vegetal seca pulverizada e colocar em um tubo de ensaio; - Adicionar 4mL de ter etlico; - Agitar suavemente por 2 minutos; - Filtrar por algodo para um tubo de ensaio; - NO DESPREZAR A DROGA VEGETAL ela ser utilizada nas prximas reaes - Adicionar 1mL de soluo de hidrxido de amnio (NH 4 OH) 10%; - Verificar a colorao.
Resultado positivo: colorao rsea ou avermelhada
2. Reao de Borntrger indireta, com hidrlise
2.1. Deteco de O-glicosdeos
- Adicionar 20 mL de gua destilada droga vegetal extrada previamente; - Ferver por 2 minutos; - Acrescentar 5,0 mL de cido clordrico (HCl) a 10% e ferver por mais 1 minuto; - Esfriar e filtrar para um funil de separao; - Adicionar 5 mL de clorofrmio (CHCl 3 ); - Homogeneizar, cuidadosamente, por cerca de 3 min; (ATENO: abrir frequentemente a vlvula para evitar acidente!!!) - Deixar em repouso at a separao das fases; - Transferir a camada orgnica para um tubo de ensaio; - NO DESPREZAR A CAMADA AQUOSA CIDA - Adicionar 3 mL de soluo de hidrxido de amnio (NH 4 OH) 10%; - Agitar e deixar em repouso; - Observar a colorao.
Resultado positivo: colorao rsea ou avermelhada
7 2.1. Deteco de C-glicosdeos
- Passar a fase aquosa cida que ficou no funil para um bquer e acrescentar 2 mL de cloreto frrico 5 %; - Ferver por 3 minutos; resfriar; - Filtrar para funil de separao; - Adicionar 5 mL de clorofrmio; - Homogeneizar, cuidadosamente, por cerca de 3 min; (ATENO: abrir frequentemente a vlvula para evitar acidente!!!); - Decantar a camada orgnica para um tubo de ensaio; - Adicionar 3 mL de soluo de hidrxido de amnio (NH 4 OH) 10%; - Agitar e deixar em repouso; - Observar a colorao.