Resenha: MORIN, Edgar. Alm do Iluminismo. In.: Rumo ao abismo? Ensaio sobre o destino da humanidade / Traduo Edgard de Assis Carvalho / Mariza Perassi Bosco. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. (pp. 33-46).
Morin abre o captulo apresentando a evoluo da racionalidade e do progresso durante o Renascimento at chegar atualidade. Aps o fim do Renascimento surge a grande dialgica, que a relao antagnica porm complementar entra f e dvida, razo e religio. Aps o Renascimento, que permitiu o reaparecimento de uma filosofia que no era mais integrada necessariamente religio, foi que o Iluminismo pde florescer. Durante o Iluminismo a razo se torna soberana. Naquele sc. XVIII europeu o racionalismo vai criticar mitos e religies de uma maneira mope, segundo o autor, pois no eram percebidos os contedos humanos dos mitos e das religies. Essa razo se torna providencializada em um mito quase religioso. Ento a partir da racionalidade se desenvolve a ideia do progresso constante como lei inelutvel da histria. O progresso tornaria, assim, o futuro jubiloso. Porm, a partir das ideias de Rousseau comeam a surgir questionamentos sobre os pensamentos de progresso como extrema e estritamente benficos. Surge a dvida sobre o que se perde quando se ganha um progresso, um progresso tcnico, um progresso material, um progresso urbanstico. O Romantismo exalta aspectos que foram justamente recalcados pelo Iluminismo. O esprito de comunidade, a relao mstica com a natureza, a virtude do religioso so fatores que efetivamente aparecem com uma espcie reabilitao da Idade Mdia. Morin conclui que a concepo de progresso cientfico como certeza est morto. No h dvidas de que o desenvolvimento tecnolgico trs benefcios para os seres humanos, porm ele no est desprendido de resultados nefastos. Por isso necessrio ultrapassar o Iluminismo, compreendendo-se uma realidade complexa, entendendo que sempre havero incertezas e contradies.