Edgar Allan Poe é o âmago de sua própria criação, na
insolúvel desordenação, de sua época, de seu país, faz nascer uma literatura pesada e sombria em “William Wilson”, de 1839. Poe vai fundo no martírio protestante, dominante nos EUA da época, mostrando que este martírio é o que suga a vida em sua totalidade. Num puritanismo que fere com seus pecados. O personagem do conto homônimo e seu duplo orquestram esta sublime obra gótica de Poe, que mergulha no sombrio da alma humana. Wilson tem consciência de sua classe social, de seus privilégios e da força que este estatus representam na sua formação; dando a ele um caráter hipócrita e prepotente, Marca indelével que o condena à uma existência marginalizada, de luta contra seu homônimo, que contem o que lhe falta de moral e consciência; criando assim um embate feroz contra este par idêntico; ele mesmo. Será Wilson parte marcante, presente, em todos viventes? Ou será que este confronto consigo é matéria pulsante em toda humanidade? Poe é um gênio ao conseguir confrontar este puritanismo cristianizado, impondo em primeira pessoa a auto reflexão totalitária que beira ao irreal.
William Wilson / Edgar Poe ;
por Poe, Edgar Allan, 1809-1849; http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/allan.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Allan_Poe