Quando algum fala a respeito de enzimas costuma vir mente a noo de enzima=protena, conceito que de fato foi correto at a dcada de 80, quando foi descoberta a existncia de enzimas de RNA, que foram denominadas "ribozimas". Os pesquisadores Thomas R.Cech (Cech et al., Cell 26: 487-496) e Sidney Altman ganharam, em 1989, o Prmio Nobel pela sua descoberta. O que fazem as ribozimas? Elas participam do corte de molculas de RNA mensageiro (splicing) fazendo a remoo de "introns", ou seja, as regies que no so traduzidas. Outras participaes incluiriam: a formao da ligao peptdica na sntese de protenas (acredita-se que a "peptidil-transferase" seja uma ribozima, e no caso da Ribonuclease P, 80% da enzima RNA que, sob condies apropriadas, pode catalisar sozinho a reao. As ribozimas abriram uma interessante perspectiva na evoluo pr-bitica, pois temos molculas capazes de conter informao gentica, fazer auto-replicao, exercer aes catalticas e at catalisar a sntese de protenas. As protenas, com sua riqueza de propriedades fsico-qumicas, posteriormente teriam assumido o papel predominante como agentes de catlise. Atualmente existem vrias possveis aplicaes para as ribozimas, que incluem: 1) Anlise da funo gnica e terapia gnica. As ribozimas podem ser "desenhadas" para alvos especficos de transcrio gnica (hnRNA, mRNA) de forma a fazer sua clivagem seja in vitro, ou in vivo. O efeito esperado consiste na inibio da expresso do "gene-alvo" de forma flexvel, a diferena do chamado "bloqueio" (knock-out) do gene. Essa abordagem seria til, por exemplo, no caso de doenas dominantes, causadas pela expresso de um nico alelo (retinite pigmentosa, diena de Huntington, cardiomiopatia hipertrfica familiar, etc.) 2) As ribozimas tambm abrem possibilidades no que se refere ao desenvolvimento de novas drogas e formas de terapia gnica. Por exemplo, as ribozimas poderiam tratar agentes infecciosos (bactrias, vrus, etc.), atravs do uso de fagos ou outros vetores.