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Florianópolis, Brasil
2009
II
UNIVERSIDAD DE LEÓN
FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA
MESTRADO EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL
Florianópolis, Brasil
2009
III
Robert Kennedy
IV
AGRADECIMENTOS
Não poderia iniciar esse texto sem agradecer a meus pais pelo caráter e valores
transmitidos durante toda a minha vida e a meus irmãos pelas incontáveis aventuras vividas e
que ainda estão por vir. A minha esposa que, pacientemente, ouve minhas idéias, mesmo
quando não possuem aplicação prática imediata. Ao pessoal da Fundação Ibero-Americana,
especialmente a Ane, que sempre apoiou este projeto mesmo quando muitos não o faziam. A
equipe de profissionais da Limpel Limpeza Urbana Ltda., sem os quais este trabalho não seria
escrito e aos muitos técnicos, professores e mestres com quem convivi.
V
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
I.INTRODUÇÃO 01
1.1 Estrutura da Pesquisa 04
7.2.4 Veículos 58
7.2.5 Mão de obra 59
7.2.6 Ferramentas, combustíveis e mão de obra terceirizada 60
7.2.7 Pneus e demais insumos 60
7.2.8 Custos gerais dos veículos 61
7.2.9 Análise de balanços 62
IX. RESULTADOS 69
9.1 Avaliação correlacional 69
9.2 Avaliação complementar 74
9.3 Síntese dos fatores adequados ao planejamento de atividades de limpeza
urbana 75
X. CONSIDERAÇÕES FINAIS 76
10.1 Recomendações para trabalhos futuros 77
XI. REFERÊNCIAS 78
11.1 Bibliográficas 78
11.2 Softwares 82
I. INTRODUÇÃO
A limpeza urbana, tal como a conhecemos, possui mais de 300 anos e não evoluiu
como outras áreas de engenharia como a mecânica, química etc. Isso porque, a inovação que
esse ramo da atividade obteve ao longo desses três séculos limitou-se basicamente à aquisição
de novos equipamentos (principalmente veículos), materiais e alguns insumos. Ao mesmo
tempo, o mundo passou por profundas transformações advindas de revoluções, guerras e
poucos momentos de paz. Contudo, a humanidade nunca deixou de gerar e descartar resíduos,
as mudanças permaneceram restritas a quantidade ou a qualidade do material descartado.
Talvez este seja o principal paradigma da limpeza pública, um padrão somente ameaçado pela
crise energética que se configura para um horizonte próximo, o que pressionará a
racionalização do consumo de materiais e insumos.
A limpeza urbana é considerada como uma ocupação da saúde preventiva, pois esta é
destinada a eliminar focos de vetores dos núcleos urbanos. A problemática é bastante antiga,
com citações das conseqüências do acúmulo de sujeira e imundícies em burgos1 e demais
grupamentos humanos com mais de 400 anos. Outro modo de identificar a importância da
limpeza urbana refere-se à existência de serviços relativos a sistemas de compostagem na
China Antiga (Philippi Júnior, 1992) e interpretações sugestivas em que o Vale de Hinon2, a
visão cristã do inferno, com sua fumaça e fogo eternos, era na verdade a conseqüência da
decomposição de matéria orgânica num antigo depósito de lixo de Jerusalém.
1
Na Idade Média, castelo, ou casa nobre, ou mosteiro rodeados por muralha de defesa, muitos dos quais vieram
a transformar-se em cidades.
2
Cr 28:3; 33:6
2
É provável que o serviço tenha sido induzido por ideais iluministas ou necessidades
militares, já que neste último caso, havia a necessidade de liberar os acessos e passagens dos
exércitos para defesa da cidade ou para levar a cabo alguma das constantes rebeliões
populares contra o governo. Independente disso, o fato é que a limpeza se tornou assunto de
saúde pública, tamanho o impacto dessa atividade sobre a redução da taxa de óbitos da
população. Daí em diante o serviço foi incorporado às funções governamentais.
No Brasil, a contratação do francês Aleixo Gary no ano de 1880 para remoção dos
resíduos do Rio de Janeiro, então capital do Império, pode ser atribuído como o marco da
implantação de sistemas de limpeza em nosso país. A prestação do serviço adotou os mesmos
equipamentos e métodos da Era Napoleônica até quase a metade do século XX.
Mesmo diante deste cenário é factível afirmar que alguns avanços ocorreram, tais
como a inserção dos serviços de limpeza aos direitos fundamentais do cidadão a partir da
promulgação da Constituição Federal de 1988. A legitimação atribuiu maior responsabilidade
aos governos por causa da possível calamidade proveniente da inexecução do serviço. Tais
conseqüências foram descritas por Umbelino e Macedo (2006, p.6):
A partir deste contexto surgiu um forte questionamento: Como desenvolver algo novo
em um sistema aparentemente estagnado? Veículos, máquinas e equipamentos são
desenvolvidos de forma padronizada, restando às empresas avaliar sobre sua aquisição. De
outro lado, encontramos a cidade a ser atendida pelos serviços, que obviamente, não está
sobre qualquer forma de controle formal. Resta-nos então investir na gestão de processos, na
eliminação de práticas infrutuosas e no reforço das mais rentáveis ou econômicas. Mas para
isso, é necessário que o gestor conheça o seu ambiente de trabalho. Nesse ponto, acredita-se
que seja na aquisição tratamento e na interpretação de informações que reside às principais
necessidades administrativas. Na era da informação, o investimento em conhecimento 3 é tão
importante quanto o realizado na aquisição de tecnologia, em especial num cenário onde o
capital é volátil e de difícil obtenção.
3
A definição clássica de conhecimento, originada em Platão, diz que ele consiste de crença verdadeira e
justificada. Nesse trabalho o conhecimento será considerado como informação oportuna e eficaz, ou seja que
proporcione a afirmação ou a mudança de processos e ações.
4
Para atuar nessa questão, propôs-se como objetivo geral desse estudo como
“Organizar e aplicar práticas de análise de informações para extrair conhecimento útil a
gestores de sistemas de limpeza urbana”. E como objetivos específicos buscaram-se,
portanto:
Neste contexto elegeu-se uma pergunta - norteadora para retratar todo o estudo, a
saber:
Além disso, buscou-se concretizar que a aquisição do conhecimento deve ser racional,
confiável e clara o suficiente para permitir que os resultados sejam alcançados por outros
pesquisadores e, assim, alicerçar novos estudos. No pro lógica cesso serão aplicados tantos
conhecimentos científicos quanto empíricos para auxiliar na compreensão do objeto de estudo
(Putnan, 1996), analisando-o como resultado da interação entre variáveis psicossociais, o
meio ambiente e a empresa.
A pesquisa qualitativa está buscando seu espaço nas ciências sociais a partir do
interesse em complementar os resultados obtidos através de métodos quantitativos e até
mesmo, qualitativos. Neste trabalho, o interesse por ambas as abordagens visa preencher as
lacunas verificadas nas pesquisas quantitativas e validar as impressões que se pode obter
4
Indução em filosofia é considerado o método de pensamento ou raciocínio em que se extrai de certos fatos
conhecidos, mediante observação, alguma conclusão geral que não se acha rigorosamente relacionada com eles.
5
Dedução é toda inferência que parte do universal para o particular (aspecto convergente). Utiliza-se da
confrontação de duas proposições (uma generalizadora e outra particularizadora) para extrair uma conclusão.
7
Outro discurso recente defendendo a importância dos dois enfoques é o de May (2004,
p. 146):
[...] ao avaliar esses diferentes métodos, deveríamos prestar atenção, [...], não
tanto aos métodos relativos a uma divisão quantitativa-qualitativa da pesquisa
social – como se uma destas produzisse automaticamente uma verdade melhor
do que a outra -, mas aos seus pontos fortes e fragilidades na produção do
conhecimento social. Para tanto é necessário um entendimento de seus objetivos
e da prática.
A etapa quantitativa da pesquisa foi realizada por amostragem na qual foi possível
determinar a forma de observação dos efeitos produzidos pelas variáveis no objeto de estudo.
Para melhor compreender o universo foram adotados conjuntos significativos de casos
(amostras) para compor os resultados. Neste método foram escolhidas diversas variáveis em
diferentes níveis para auxiliar na avaliação do sistema. Também será utilizada a pesquisa ex-
post-facto, considerada por Rythowem et al (2006) como uma pesquisa experimental. Mas
neste caso a observação é realizada após a sua ocorrência por meio de registros bem
delimitados. De acordo com Severino (2004, p.14):
Como se pode inferir por essa definição, na pesquisa qualitativa não há preocupação
em produzir dados numéricos manipuláveis em fórmulas matemáticas e destinados à
construção de gráficos e tabelas que retratam de forma reducionista os achados de pesquisa.
Mas, por ocasião do presente estudo, entende-se que a consulta acerca da opinião, experiência
e vivência destes gestores, seria crucial para se validar, ou mesmo, chegar até as variáveis de
investigação.
devem conter informações referentes a: Execução do serviço; Controle da carga; Controle dos
tempos e etc onde serão anotados dados diversos como: saída da garagem; início da coleta;
término da primeira viagem; chegada ao local de destino; saída do local de destino; início da
segunda viagem e assim por diante até a volta à garagem (conclusão do serviço).
O banco de dados estava em plena execução, não havendo alterações em sua estrutura,
adição ou subtração de classes de informações;
Ausência de mudanças significativas nos setores de coleta;
Houveram poucas obras de infra-estrutura na malha viária do município de Maceió, o
que evita mascaramento dos dados por motivos espúrios;
Não houve mudança dos gestores da coleta e;
Fim do antigo contrato da empresa com a prefeitura municipal, não havendo
problemas na liberação de parte destes dados para a pesquisa.
Orientado pela abordagem de natureza quantiqualitativa, uma parte dos dados foram
trabalhados estatisticamente e a partir de técnicas baseadas na metodologia Delphi, definida
por Wright e Giovinazo (2000) como uma técnica para a busca de um consenso a respeito de
eventos cujo objetivo é avaliar a tendência de eventos presentes e futuros baseados em
probabilidade.
dúvidas surgidas. Vale salientar que no processo não houve nenhum tipo de interação entre os
especialistas sujeitos da pesquisa, a fim de evitar indução tendenciosidades nos resultados. As
respostas foram analisadas e utilizadas como subsídios para o desenvolvimento de novos
questionários, desta vez aplicada com gerentes, fiscais e coordenadores de áreas de limpeza
urbana, seguindo então o método padrão. A síntese das atividades é apresentada na tabela a
seguir:
As técnicas e ferramentas a serem utilizadas para análise das informações são baseadas
nas descritas por Heuar (1999) consistindo na coleta de informações e aplicação de
procedimentos estatísticos sobre os dados advindos dos controles diários de coleta.
Complementa-se estas com análises geográficas a partir de Sistema de Informações
Geográficas da área em estudo. Após estas fases foi iniciada a análise final dos resultados.
elementos foram agrupados em três tipos de respostas: Ambiente interno; Ambiente Externo
e; Intermediário.
A definição dos critérios éticos para pesquisa constituiu-se numa tarefa delicada, pois
é de grande responsabilidade disponibilizar dados internos de uma empresa ou demais
informações sobre seus funcionários que poderá ser utilizada por concorrentes. Foi por este
motivo que as informações referem-se apenas a parte da área de atuação e do capital humano
da empresa estando relativamente desatualizadas, com dois anos desde sua obtenção. Isso
exigiu flexibilidade e um acordo prévio realizada entre o pesquisador, os sujeitos da pesquisa
e Limpel Limpeza Urbana Ltda para assegurar a todos quais seriam os objetivos da pesquisa e
o zelo pelos envolvidos.
12
Para contextualizar o universo de estudo e sua relação com o tema desse trabalho foi
fundamental identificar suas variáveis psicossociais. Para isso avaliou-se a formação histórica,
social e econômica da região com foco no Conjunto Habitacional Benedito Bentes. A partir
deste arcabouço teórico foi possível identificar os fatos mais marcantes e suas conseqüências
na consolidação do município.
Por este motivo a análises históricas e geográficas são consideradas como fatores
essenciais no desenvolvimento de qualquer estudo ou tese, sem as quais, qualquer análise se
torna carente de identificação e passível de interpretações falhas. Nesta contextura será
apresentado o universo geral, ou macro-universo, com posterior foco no universo de estudo.
7
Referente a Maurício de Nassau.
14
Figura 1 - Linha do tempo dos principais fatos ocorrido no Estado de Alagoas. Fonte: Desenvolvido pelo autor.
O povoado que deu origem a cidade Maceió surgiu a partir do engenho de Massayó8.
Junto ao empreendimento fora erguido, a pedido de Portugal, um forte no porto de Jaraguá
8
Do tupi: Aterro sobre alagadiço.
15
A cidade surgiu no atual bairro do Centro e teve o seu traçado definido pelos franceses
ainda no século XIX, mantendo-o até os dias de hoje. A partir de 1960 iniciou-se a construção
de edifícios, transformando o bairro numa área predominantemente comercial. Os
investimentos continuaram até a década de 80 e o bairro chegou a possuir os hotéis mais
importantes da cidade mas, desde então, o afluxo de investimento cessaram e o bairro
começou a ser tomado pelo comércio popular.
Em pouco tempo foi criado o distrito de Bebedouro, mais antigo bairro da capital. O
bairro chegou a ser ocupado predominantemente pela elite estadual com casarões existentes
ao longo de sua rua principal e pequenas casas e ruas estreitas ao longo das encostas locais.
Nas divisões territoriais de 1937 surgem os bairros do Farol, Pajussara e Poço. O Farol
recebeu este nome por causa do farol implantado pela Marinha no planalto da Jacuntiga, nome
original do local. A região foi a preferida pela elite pela proximidade ao Centro e clima mais
ameno. Atualmente o bairro é caracterizado pelo comércio, possuindo clínicas, consultórios,
16
agências bancárias e supermercados restando ainda alguns casarões e suas ruas secundárias e
edifícios residências de alto padrão e classe média. A Pajussara surgiu como um balneário das
famílias que viviam no bairro do Bebedouro, Farol e Centro. No início prevaleciam as casas
de pescadores e algumas casas de veraneio. O bairro foi urbanizado na década de 70 com o
objetivo de promover o turismo na capital alagoana e desde então surgiram bares,
restaurantes, supermercados etc. O Poço começou como um sítio e hoje é um bairro
comercial, um dos principais de Maceió, sediando algumas indústrias, escolas e postos de
saúde.
Na década de 50 surgia o bairro do Jacintinho. Neste local a ocupação foi realizada por
forasteiros que vinham à capital alagoana em busca de melhores condições de vida. A extensa
mata que existia no local foi derrubada para a construção de casas e um comércio surgiu para
atender a recente demanda, expandindo-se deste então. O crescimento do bairro foi
desordenado com suas ruas estreitas e irregulares que fazem parte de sua arquitetura até os
dias de hoje. Atualmente este é o bairro mais populoso da capital.
Figura 2 - Mapa urbano do município de Maceió com destaque as áreas de atuação da Limpel. Fonte: Adaptado
do banco de dados da empresa pesquisada.
Na área de atuação da Limpel a coleta de resíduos ocorre três vezes por semana em
todos os bairros, a exceção do bairro do Centro onde esta passa a ser diária por causa do
expressivo comércio e conseqüente incremento de descartados. Para atender toda a sua região
a empresa disponibiliza 12 (doze) veículos coletores do tipo compactador além de outros do
tipo caçamba basculante, minivans etc. No Conjunto Benedito Bentes é utilizado apenas um
veículo coletor com apoio esporádico de outros equipamentos.
19
O artigo rege todo o direito ambiental brasileiro e originou as demais leis que
regulamentam as atividades ligadas ao manejo de resíduos sólidos, com destaque para a lei de
nº 6.938/81 sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins, mecanismos de
formulação e aplicação. A lei possui vários aspectos que podem ser usados quando da
formulação de uma política voltada ao manejo dos resíduos, como as atividades de
planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais e da educação ambiental em todos
os níveis do ensino, inclusive a educação ambiental informal inserida e aplicada a
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Além deste instrumento basilar da magistratura podemos citar, como marco regulatório, a Lei
de Crimes Ambientais de 1998, o Estatuto das Cidades de 2001 e a Lei do Saneamento (lei nº
11.445, de 5 de janeiro de 2007). Essa última define a limpeza pública, em seu 3º artigo,
como:
Naturalmente, a carta magna regulamenta a forma geral das leis, sendo necessário
detalhar alguns de seus pontos, por isso, é presumido que existam instrumentos regulatórios
em escala inferior, dentre os quais podemos citar leis complementares, decretos, resoluções
etc. No artigo 59º da Constituição é possível identificar a hierarquia legislativa como: I -
21
Figura 3 - Legislação básica aplicada a sistemas de limpeza urbana. Fonte: Desenvolvido pelo autor.
Para elucidar os temas a serem tratados nesta pesquisa tomam-se emprestados alguns
conceitos das ciências adjuntas, procurando esclarecer seus principais componentes,
princípios e limitações.
A resistência a holística ainda provoca algumas divergências entre o que deve ser
averiguado e o que deve ser descrito. A tendência de simplificar os fatos e não aprofundar
suas origens ou conseqüências pode ser atribuído, em parte, à supressão e banalização das
disciplinas e dos cursos de filosofia após as reformas do ensino médio promulgadas durante o
Regime Militar com o objetivo de desmantelar os movimentos estudantis (Coggiola, 2001).
22
Figura 4 – Exemplo de componentes dum sistema com características auto-regulador (desenvolvido pelo autor).
Assim, a análise de um resultado afeta o planejamento que, por sua vez, reflete sobre a
execução e, conseqüentemente, nos resultados que demandarão uma nova avaliação. O ciclo é
contínuo e recebe influência no ambiente externo com tendência sempre ao equilíbrio. A está
rede de interação dá-se o nome de sistema. O conjunto dessas interatuações pode ser
explicada pela Teoria dos Sistemas.
O conceito de Teoria dos Sistemas é amplamente aplicado nos estudos sobre auto-
regulação que nada mais é do que a capacidade que todo organismo tem de se reequilibrar
para adaptar-se às diferentes condições do meio. É esta capacidade que garante a satisfação
das necessidades vitais dos seres vivos. Conforme aborda Milaré (2001, p.2) o equilíbrio é:
24
Figura 5 - Exemplo de colônias de células formadas a partir da aplicação do Jogo da Vida de Conway. Adaptado
de WILBERGER, 1996
No mesmo período foi criado um novo ramo investigativo conhecido por Autopoiese.
O termo foi cunhado pelos chilenos Maturana e Varela (1997) para nomear a
complementaridade fundamental entre um sistema vivo e a sua estrutura. As pesquisas destes
biólogos apontaram uma definição de vida como sendo a autonomia e constância de uma
determinada organização das relações e os elementos constitutivos desse mesmo sistema. A
25
Assim, é possível cada um encontrar exatamente o que quer, o que deve contribuir
para a redução de diferenças entre comunidades e o abandono de conceitos locais,
considerados ultrapassados pela cultura dominante. É a chamada revolução do conhecimento
também defendida por autores como Anderson (2006). O fenômeno sistêmico e pode ser
descrito como auto-regulador já que é do tipo efeito-causa. O impacto desta revolução se faz
visível nas preferências e anseios dos jovens nascidos depois do colapso dos regimes
socialistas e comunistas mundiais e gerou ramos privados de pesquisa que trabalham
exclusivamente com coleta, tratamento e análise de informação.
A Geografia é uma ciência que tem por objeto de estudo o espaço produzido através
das relações entre o homem e o meio, envolvendo aspectos dialéticos e fenomenológicos. É a
ciência que estuda a distribuição e a ordenação dos elementos na superfície terrestre. Para La
Blache9, a geografia era a ciência dos lugares, já para Hartshorne10 era a ciência da
diferenciação de áreas. A partir destas afirmações pode-se perceber que esta possui vários
conceitos e especialidades mas nada causa tamanho descontentamento entre seus teóricos do
que a segregação da ciência em Física e Humana.
A geografia humana abrange todas as fases da vida social em relação ao meio físico: a
geografia econômica, a geografia política, que é uma aplicação da ciência política, visto que
estuda as atividades sociais dos seres humanos que estão diretamente relacionadas às
localizações e aos limites das cidades, Estados e grupos de Estados. Existem muitos outros
campos na geografia humana como a etnografia, a histórica, a urbana, a demografia e a
lingüística.
Mas Lacoste (1988) afirma que a geografia não deve ser compreendida como uma
ciência isolada ou um conjunto de especialidades desconexas e sim como uma amálgama de
conhecimento a ser utilizado para auxiliar o homem a compreender o espaço em que vive,
auxiliando na eficiência e racionalidade de suas ações. A geografia pode ser considerada uma
9
Fundador da moderna Geografia Francesa e da Escola Francesa de Geopolítica.
10
Geógrafo Estado-Unidense de grande influência na ciência espacial do Século XX.
29
ferramenta de inteligência, própria para análise espacial dos acontecimentos presentes nas
atividades humanas e demais processos psicossociais.
presença real, imaginada ou implícita em virtude de sua posição numa estrutura social
complexa e de sua presença neste mesmo grupo (Allport, 1954), ou seja, analisa a interação
entre indivíduo e sociedade e procura articular a regularidade com a ação, percebendo como a
estrutura a condiciona e esta produz a estrutura.
A teoria foi muito bem aplicada para descrever o equilíbrio de forças entre a URSS e
ao EUA durante o período pós-guerra e aplica-se a economia, planejamento e outros
segmentos da sociedade.
Para desenvolver modelos adequados a teoria dos jogos torna-se necessário enumerar
todos os itens presentes, desde jogadores a fatores sócio-ambientais. A necessidade de obter
todos os dados, senão os principais, o que torna a teoria restrita a poucos acadêmicos.
Hammerstein (1998) defende que são necessárias três informações para elaboração de um
cenário de competição:
Na biologia, por exemplo, a teoria dos jogos é aplicada com o conceito de evolução.
Nesta ótica os indivíduos (primeira informação) possuem uma série de estratégias possíveis
para aumentar sua chance de reprodução (segunda informação). Com o passar do tempo só
31
Figura 7 - Tela do simulador evolutivo Gene Pool, versão 5.0 onde a teoria é aplicada a sistemas biológicos.
Simulação realizada pelo autor.
Até a década de 50 muitos fenômenos não podiam ser previstos por leis matemáticas e
eram conhecidos até então como fenômenos caóticos11. Estavam presentes neste grupo as
medições climáticas estudadas por Lorenz ao assumir a cadeira catedrática do Departamento
de Meteorologia do Boston Tech. Naquela época a meteorologia empregava processos
estatísticos mais baseados em dados históricos do que em princípios físicos (Oliveira e
Mendes, 2006). A previsão era linear e seus valores eram tidos como uma constante. Lorenz
propôs previsões a partir de equações não-lineares, o que significava que as equações
deveriam apresentar soluções não-periódicas, ou seja, que cada variável assumiria os valores
apresentados como resultado de um ciclo anterior.
Figura 8 – Resultados obtidos em atratores de Lorenz a partir de mudanças de dados. Fonte: Wikipédia,
http://pt.wikipedia.org/wiki/Atractor_de_Lorenz, acessado no dia 07/07/2008
11
Neste caso ainda se associava o termo a fenômenos sem explicação, de desordem total ou parcial.
33
Numa equação caótica, uma pequena mudança nos dados iniciais poderá resultar em
diferentes resultados em estados posteriores. Esta característica fora descoberta
acidentalmente pelo próprio Lorenz anos mais tarde ao arredondar as casas decimais das
variáveis utilizadas em seu estudo original.
Diante da ausência de um banco de dados adequado foi elaborada uma proposta para o
desenvolvimento de outro, nas instalações da empresa. Os tipos de registros, advindos da
CDC12, e a relativa simplicidade do banco a ser desenvolvido fez com que o Departamento
Técnico lançasse uma proposta de desenvolvimento a diretoria. Com sua aprovação fora
adotado o Microsoft Access, versão 2000 e, após três meses, uma primeira versão fora
implantada no município de Maceió.
12
Referente a Controle Diário de Coleta, ficha entregue aos motoristas de veículos no início de cada jornada de
trabalho.
13
Conjunto de processos (e símbolos que os representam) para efetuar um cálculo. Basicamente, um algoritmo é
um conjunto de passos a serem seguidos para a resolução de um problema.
35
Figura 9 - Tela principal do SiSCOE, em sua 2ª versão. Fonte: Limpel Limpeza Urbana Ltda.
A diferença entre a antiga e a nova versão estava na manipulação dos relatórios. Cada
veículo podia ter histórico individual, o mesmo para setores de coleta, agentes de limpeza e
etc. O cadastro de empresas subcontratadas, serviços equipamentos também foi reformulado,
o que aumentou a eficiência do banco de dados, agora chamado de Sistema de Controle
Estratégico.
5.2 Aplicações
Demais relatórios podem ser obtidos por meio do cruzamento dos dados presentes no
sistema, aumentando a possibilidade de modificar ou incrementar sua aplicação.
simples de divisão como, por exemplo, tonelada de resíduos coletado por hora, foram
adicionados para auxiliar o gestor do serviço a tomada de decisão.
O sistema, em sua atual versão, possui algumas limitações quanto ao tratamento dos
dados. A começar pela capacidade de armazenamento do Access. Existe uma infinidade de
softwares destinados a resolver este problema. Porém, a facilidade de seu uso o transformou
numa ferramenta adequada as necessidades da época de sua concepção.
38
14
Os cálculos executados pelo Access seguem uma lógica booleana e permitem o
emprego de equações matemáticas básicas, mas isso impede que outros procedimentos mais
complexos sejam executados. Contudo, a opção de exportar os dados para formato Excel,
Dbase ou texto separado por tabulações permite que sejam aplicados vários procedimentos
mais adequados. As informações, quando devidamente tratadas podem ser empregadas para o
desenvolvimento de análises com o objetivo de gerar conhecimento estratégico, pois,
conforme Pineda (2004, p.6):
A fonte primária de dados para a pesquisa é composta pelo banco de dados dos setores
de coleta. Nesta etapa, considerada como a primeira fase explorativa do trabalho, foi avaliado
o histórico da cada dia de trabalho e como os diversos atributos inseridos no SiSCOE se
interligam, ou seja, pretendeu hierarquizar e organizar dados para se estabelecer uma rede
estruturada de interligações. Para tal fim aplicaram-se ferramentas estatísticas.
14
O matemático inglês George Boole (1815-1864) publicou em 1854 os princípios da lógica booleana, onde as
variáveis assumem apenas valores 0 e 1 (verdadeiro e falso). A lógica booleana foi usada na implementação de
circuitos elétricos internos a partir do século XX.
39
Não se deve empregar apenas a estatística para investigar os dados fornecidos pelo
Siscoe. Apesar de ser a ferramenta mais utilizada nesta fase do trabalho e a base para toda a
análise deve-se frisar que esta não dá nenhuma certeza, apenas probabilidades. Os resultados
apenas devem sugerir como é o comportamento e a associação entre as variáveis, mas não as
suas causas. Neste caso aplica-se a estatística indutiva. Outro fator é sobre a veracidade dos
dados. Os cálculos estatísticos só apresentarão resultados corretos se os dados assim o forem.
Além dos passos citados, é necessário que o enquadramento teórico do estudo esteja
bem delimitado, pois uma análise indevida provocará conclusões erradas. Deste modo, para
iniciar um bom trabalho investigativo é fundamental desenvolver um bom guia para pesquisa.
Para isso é necessário seguir uma seqüência de passos que poupará tempo e esforço.
O conjunto é, na maioria das vezes, atendido pelo mesmo veículo, o que reduz a
quantidade de variáveis a serem exploradas com relação a este item.
40
Os dados foram distribuídos nos três grupos de variáveis de acordo com a sua natureza
como apresentado na tabela abaixo:
Turnos diurnos são indicados para locais de difícil acesso, zonas residenciais e com
pouca infra-estrutura. Neste caso a luz do dia auxilia a coleta assim como protege o agente de
limpeza de possíveis acidentes por baixa visibilidade. Turnos noturnos são indicados para
locais de boa acessibilidade, iluminação e para trechos comerciais. Para a ABES/SC (p.31,
2000) “a regra fundamental para definição do horário de coleta consiste em evitar ao máximo
perturbar a população”. A equipe de coleta é outro fator seletivo. Aparentemente existem duas
41
tendências: De se aplicar pessoal mais produtivo em setores com mais resíduos e; De formar
equipes mistas juntando pessoas mais produtivas com menos produtivas na tentativa de se
equacionar as produtividades.
O Ambiente Externo é formado por variáveis naturais, ou seja, não podem ser
controladas pelo gestor dos serviços. Franco (2007) entende que o equilíbrio não é estático
mas se altera constantemente para se adaptar as mudanças do ambiente social e econômico
além de outros. A data é invariável mas está inserida nesta classificação por corresponder ao
tempo onde o equilíbrio ocorre e também está sujeita a épocas do ano, estações etc. As
distâncias percorridas estão relacionadas a malha viária, trânsito e a acessibilidade local
(necessidade ou não de desviar rotas etc).
Após a definição dos grupos de variáveis é necessário testá-las para averiguar quais
devem ser incluídas e quais devem ser aplicadas para uma análise dos serviços de coleta. Para
isso cabe, inicialmente, a eliminação de dados espúrios da amostra.
A moda indica qual a freqüência que determinado dado ocorre numa amostra.
Segundo Ribeiro (1998), a moda é o valor que ocorre com maior freqüência e utiliza a
distribuição de freqüências de King, Czuber e Pearson. No gráfico abaixo, por exemplo, a
moda encontra-se entre os valores do horímetro dos veículos do setor C-11 encontram-se
entre 8 (oito) e 10 (dez) horas por dia.
60
50
40
No of obs
30
20
10
0
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
HORIMETR
Além de indicar onde os dados se concentram, a moda possui boa aplicação para
sugerir quais as flutuações de valores e não se deixa influenciar por valores extremos como no
caso de algum dado que esteja fora dos padrões.
60
50
40
No of obs
30
20
10
0
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
HORIMETR
Com estas ferramentas é possível remover todos, ou senão grande parte, dos dados
espúrios da amostra, reduzindo a chance de gerar resultados errôneos sobre as medidas. Como
exemplo pode-se analisar os gráficos representados na figura abaixo. O histograma B
apresenta uma sensível diferença em sua média após a eliminação dos dados espúrios
presentes entre os valores -2 e 0 do histograma A.
160 A 1 60 B
140 1 40
120 1 20
No of obs
100 1 00
80 80
No of obs
60 60
40 40
20 20
0 0
-4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
PESO_LQ1 PESO_LQ1
O processo foi realizado sobre as variáveis presentes no banco de dados. A partir dele
foram identificadas as médias e desvios padrões.
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Coletar o lixo significa recolher o lixo acondicionado por quem o produz para
encaminhá-lo, mediante transporte adequado, a uma possível estação de
transferência, a um eventual tratamento e à disposição final... A coleta do lixo
domiciliar deve ser efetuada em cada imóvel, sempre nos mesmos dias e
horários, regularmente. Somente assim os cidadãos habituar-se-ão e serão
condicionados a colocar os recipientes ou embalagens do lixo nas calçadas, em
frente aos imóveis, sempre nos dias e horários em que o veículo coletor irá
passar.
Figura 14 - Fatores a serem considerados para a gestão de sistemas de limpeza urbana. Fonte: Desenvolvido pelo
Autor
46
15
Jargão utilizado por profissionais da área de limpeza urbana, inclui o planejamento e a execução dos serviços
47
transporte e disposição de resíduos sólidos. Ao conjunto formado por estas três atividades dar-
se o nome de ciclo de coleta. Numa mesma jornada de trabalho pode haver mais de um ciclo,
tomando-se como padrão a ocorrência de dois a três ciclos por veículo/dia.
A coleta manual é realizada de forma direta, ou seja, pelos agentes de coleta. Este
também é o método mais conhecido dos habitantes das cidades brasileiras. De acordo com a
análise da produtividade dos veículos, conclui-se este método corresponde a 90% (noventa
por cento) de todos os resíduos recolhidos no universo de estudo.
Após esta fase, as autoridades passaram a se preocupar com a poluição sonora causada
pelo manejo inadequado dos recipientes. A questão da insonoridade foi solucionada com o
uso de vasilhame de polietileno, polipropileno, fibra de vidro e até borracha vulcanizada,
todos apresentando ainda outra vantagem sobre o metálico, a redução de peso.
No Brasil esses recipientes já são padronizados pela ABNT com norma exclusiva com
indicações de volume, peso, material, formato etc. e outra referente ao método de ensaio.
Qualquer administração municipal pode exigir da população o cumprimento dessas normas,
mas é evidente que é necessário haver tolerância na aplicação da legislação quando se tratar
de bairro de baixa renda pois não há realmente sentido em fazer esse tipo de cobrança em
áreas desprovidas, por exemplo, de serviço de água e esgoto.
49
O transporte ocorre tanto durante a realização da coleta manual quanto no trajeto entre
o fim dessa e a disposição dos resíduos em aterro ou lixão. O transporte é realizado ao se
atingir a capacidade de carga do veículo ou ao se completar o roteiro do dia. Um agente de
coleta adentra na boleia do veículo e dirige-se a área de disposição para auxiliar o motorista
na remoção da carga. Ao chegar, o agente deixa a boleia e auxilia o motorista na execução das
manobras necessárias. Após o correto posicionamento é iniciada a descarga dos resíduos via
sistema hidráulico.
50
Como grande parte das invenções, o SIG surgiu da necessidade de analisar o meio
ambiente para estudos estratégicos. Sun Tzu (2007) já afirmava que uma das grandes
necessidades de qualquer comandante era de conhecer os diferentes tipos de terreno para
utilizar suas características a favor da vitória.
Figura 16 - Componentes da definição conservadora dos SIGs. Fonte: Desenvolvido pelo autor.
16
Sistema de informações desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE
52
Tabela 5 – Exemplo de elementos utilizados para desenvolver EIAs por diferentes profissionais.
Formação básica Elementos importantes
Geografia Pressão sobre determinadas parcelas do território.
Geologia Depósitos minerais.
Economia Renda per capta da população.
Biologia Tipo de biomas
A tecnologia vem se aperfeiçoando e torna-se cada vez mais presente no dia-a-dia, seja
para aplicações comerciais, industriais ou na consultoria e serviços.
53
Figura 18 - Exemplo de componentes a serem avaliados durante o planejamento do SIG. Fonte: Adaptado de
Franco (2007).
Depois da fase anterior deve ser iniciada a modelagem da informação. Nesta etapa
determinam-se como as informações poderão ser tratadas e inseridas no banco de dados. Para
Moraes (1985), os modelos apóiam-se na idéia de que os fenômenos funcionam como
sistemas, ou seja, com relações entre componentes articulado por fluxos de informação. Após
o modelagem é possível identificar quais os dados do SIG necessários para alcançar os
objetivos propostos. A aquisição pode ser realizada de formas distintas. Conforme Câmara et
al (1996, p. 22 e 23), existem:
54
Mas antes de adquirir todos os dados torna-se necessário identificar quais serão
essenciais para a pesquisa, evitando o desperdício de tempo em análises de variáveis que não
tragam contribuições importantes ao tema.
Figura 19 - Vista do SIG da Limpel com dados relativos ao ano de 2006. Fonte: Arquivo da Limpel
55
O banco foi desenvolvido em Arcview, versão 3.2, no ano de 2006 para um projeto
destinado a licitação ocorrida à época. Nele estão contidas informações sobre relevo, vias de
acesso (com tipo de pavimento), tipos de caixas estacionárias, áreas de difícil acesso,
drenagens, delimitação de bairros e início e fim de cada itinerário.
No mesmo ano também foram realizados testes com GPS, modelo Etrex fabricado
pela Garmin. O aparelho possui um erro de localização de aproximadamente 8 (oito) metros,
mas adequado a escala de trabalho normalmente utilizada nos mapas de limpeza urbana, entre
1:8.000 e 1:10.000. Isso significa que o erro de aquisição de pontos será de apenas 1 mm (um
milímetro) quando o mapa for impresso.
O GPS possui uma função chamada Tracklog, ou na sua tradução, registro de traçado.
A função é automática e inicia-se assim que o aparelho entra em funcionamento.
Aproveitando desta característica, o GPS foi colocado na cabine de alguns veículos e o
resultado foi um conjunto de linhas representando os itinerários de coleta. Para baixar os
dados foi utilizado o software GPS TrackMaker, versão livre. Os tracklogs, além de indicar o
trajeto do veículo, possuíam dados como velocidade, relevo, direção, horários e nível de sinal
do GPS.
O conjunto Benedito Bentes foi pesquisado em três oportunidades e seus dados foram
armazenados desde então.
O sistema de coleta é que possui mais capital imobilizado por causa dos investimentos
em veículos, tecnologia e métodos de controle. Por serem regulares, também apresentam
maiores custos com gestão e planejamento, pois a mínima alteração em seus padrões promove
um desequilíbrio e a exigência de esforço adicional para readequar o sistema. Convém
esclarecer que qualquer esforço gera demanda de trabalho especializado ou substituição de
máquinas e equipamento.
Sempre que possível dar-se-á preferência a análise individual de cada veículo, com
análise de grande parte dos seus custos de forma direta. Porém, há algumas informações
obtidas apenas para o grupo, como leasing. Neste caso fora adotada uma média sobre todos os
veículos.
57
7.2.1 Pessoal
O pessoal pode ser dividido em grupos de atuação direta (motoristas, garis) e atuação
indireta (superintendência, fiscalização, manutenção). Ainda há os de apoio como o
administrativo. Os grupos operacionais e a quantidade dos funcionários que os integram
podem ser apreciados a seguir:
7.2.2 Custos
Os custos são medidas monetárias dos sacrifícios financeiros com os quais uma
organização, uma pessoa ou um governo tem que arcar a fim de atingir seus objetivos. Os
custos podem ser divididos em:
7.2.3 Impostos
7.2.4 Veículos
Os veículos são a peça central da coleta e possuem três itens avaliados: IPVA,
Licenciamento e Leasing. O valor médio do Imposto sobre veículos automotores foi adotado
dividindo-se o valor da parcela única pela quantidade de 12 (doze) meses. A mesma
metodologia foi utilizada para o licenciamento. O leasing computado foi equivalente a média
dos encontrados em todos os veículos. O financiamento é de cerca de 36 (trinta e seis meses)
para cada veículo e mais da metade já se encontrava quitado.
A mão de obra foi avaliada de duas formas. A primeira consistiu em avaliar o salário
individual de cada trabalhador, multiplicá-los pela quantidade de empregados e adicionar os
encargos sociais previstos em lei. Os encargos sociais ou impostos sobre o trabalhador somam
113,41% (cento e treze percento e quarenta e um por milhar).
A partir deste momento são avaliados os custos variáveis da realização dos serviços de
coleta. Estes itens foram avaliados por veículo a partir dos relatórios do setor de manutenção.
Os combustíveis correspondem ao diesel proveniente da bomba da filial. Seu consumo
depende das distâncias percorridas pelos veículos e da regulagem dos motores que o
consomem. As peças representadas são adquiridas pelo setor de Almoxarife. A mão de obra
corresponde aos reparos realizados fora das dependências da empresa ou por profissionais
especializados (terceirizada). Os resultados são apresentados no quadro abaixo:
Estes itens estão apresentados numa mesma tabela por fazerem parte de único
relatório. Com exceção das peças, observa-se que todos os custos são bem semelhantes. Como
era de se esperar, os carros mais antigos, como o de número 34 (trinta e quatro), por exemplo,
apresentam maior custo de compra de peças, mas também são os que menos utilizam mão-de-
obra especializada. O inverso ocorre com os veículos mais novos.
Esse é um dos itens que não puderam ser avaliados individualmente. Estão inclusos os
custos com pequenos reparos (solda, lichamento, pequenos reparos etc.); Pneus e câmaras que
foram adquiridos, não considerados aqui os re-faturados; Depreciação linear dos veículos,
61
Após avaliação verifica-se que o grande custo dos veículos é do tipo fixo (mão-de-
obra, taxas e impostos). Os custos do tipo variável são equivalentes mas bem mais
diversificados. Os resultados são apresentados a seguir:
Antes de preparar o banco de dados foi necessário perguntar quais as variáveis a serem
analisadas. Cabe lembrar que cada uma destas representa um atributo ou uma seqüência
destes, podendo ser resultado de alguma ação específica ou até mesmo de um conjunto de
ações de forma direta ou indireta. Num estudo analítico as variáveis estão enunciadas em
hipóteses (lógicas) e tentar-se-á verificar a associação com o objeto em estudo.
As variáveis qualitativas não possuem valores mas possuem relação de ordem como
tempo de trabalho e produtividades. As variáveis quantitativas são medidas em escala, como o
caso do peso e da distância. Assim, foi fundamental identificar o tipo de variáveis para saber
de antemão quais as provas estatísticas seriam obtidas. É evidente que as variáveis
quantitativas são melhores que as meramente ordinais e estas são melhores que as nominais
porque incluem mais informação.
Para preparar os dados para análise foi necessário exportá-los do SiSCOE para uma
planilha. Para isso a tabela com os registros das CDCs foi exportada para um arquivo padrão
XLS. A planilha gerada possuía todos os dados relativos a todos os setores de coleta,
totalizado 23.502 (vinte e três mil, quinhentos e dois) registros distintos. A quantidade de
registro equivale a apenas duas CDCs por dia no período de um ano.
64
17
Atributos mensuráveis como horas trabalhadas, quilômetros percorridos.
18
Amostras, neste caso o conjuntos dos registros formam a população.
65
Para auxiliar na avaliação preliminar das relações a serem estudadas optou-se por
estabelecer uma escala de cores a cada um quarto de inteiro. Desse modo, dividiram-se os
coeficientes em 7 (sete) classes distintas, cada qual com sua classificação qualitativa dos
dados conforme o quadro a seguir.
66
Cada classe indicar a relação entre um ou mais dados e apresenta ao gestor quais os
principais. Neste caso, o correto seria avaliar todas as relações, inclusive as de valor zero.
Apesar de ser considerada uma classe neutra, o zero também é uma informação importante
pois elimina grande parte de suposições.
Ao ler a tabela com coeficientes pode ser observado que existe uma relação entre cada
variável consigo mesma de valor 1. O valor deve ser ignorado pois nada representa para a
avaliação. Cada correlação é apresentada sob a forma de par como demonstrado no quadro
abaixo:
Para não confundir o analista, cada variável só deve ser lida uma ez. Deve-se dar
preferência a leitura nos sentidos da esquerda para a direita e de cima para baixo. Por
exemplo, a leitura da tabela acima deve ser realizada na seguinte seqüência:
Figura 22 – Conhecimentos necessários a análise de sistema de limpeza urbana. Fonte: Desenvolvido pelo autor.
A principal ferramenta para leitura e interpretação dos dados é formada pelo capital
humano. O ideal é que o(s) profissional(ais) seja(m) preparado(s) a partir da vivência da
operação. Somente assim será possível interpretar os resultados corretamente.
19
Técnica desenvolvida por administradores. O termo é traduzido, literalmente, como tempestade de cérebros e
nada mais é do que a reunião de vários especialistas para a discussão dos resultados na tentativa de chegar a um
consenso.
69
IX. RESULTADOS
A CDC é uma chave primária20, o que a difere da data que pode aparecer com o
mesmo valor em mais de um registro. A sua numeração é seqüencial e por isso acompanha o
tempo mas difere da data porque só é gerada de acordo com a demanda, ou seja, é
proporcional a quantidade de veículos utilizados em determinado período de tempo. De
acordo com a leitura desta variável é possível identificar que a medida que o tempo
transpassou foram adotados veículos mais novos. Isso porque a relação positiva é
proporcional ao sistema de numeração empregado pela Limpel. Veículo mais novo possui
numeração maior. No contexto, o veículo de nº 34 é mais antigo que o de nº 42.
20
Possui numeração única, não sendo repetida.
70
A quilometragem percorrida possui o mesmo índice tanto para a saída quanto para a
chegada na garagem. Quando relacionados à numeração do veículo é possível identificar que
os mais novos cumprem itinerários menores, o que pode indicar que:
A tara indica o peso do veículo e, de forma indireta, sua capacidade de carga, pois
quanto maior o peso, maior o equipamento e maior o seu espaço interno. No aterro são
realizadas duas pesagens, uma na entrada e outra na saída, a diferença de pesos equivale ao
peso coletado. Verifica-se que o peso bruto da 1ª viagem é proporcional a tara, já em relação a
segundo o valor é desprezível. Ao analisar as duas informações em conjunto é possível
afirmar que:
A data não possui relacionamento com as demais variáveis. Mas esta ausência induz
que os dados são inconstantes quanto relacionados a uma escala graduada de tempo, neste
caso de dias. Este é um forte indicador que todas as variáveis são mutáveis e variam
irregularmente confirmando a tese do desequilíbrio caótico.
A data não se relaciona com nenhuma outra variável além das já descritas nos itens
anteriores. A ausência de relação também pode ser interpretada como uma inconstância dos
dados. Pode-se inferir, por exemplo, que o peso coletado varia irregularmente e que os setores
de coleta não foram alterados ao longo do tempo.
Na amostra, os setores com numeração mais baixa (C-11 e C-12) são atendidos no
período diurno e estão localizados nas áreas de expansão do Benedito Bentes. Já os de
71
numeração mais alta (C-19 e C-20) são noturnos e estão em áreas comerciais ou residenciais
consolidadas. Desta característica surge a relação do tipo forte averiguada na matriz.
Esta característica pode não esta ligada aos agentes mais ao horário de chegada da
equipe diurna a garagem, tendo a noturna que esperar a chegada e a revisão do veículo para,
só então, seguir para o setor de coleta. O índice para o horário de chegada na empresa, ao final
da jornada de trabalho, confirma que setores noturnos são concluídos mais rapidamente que
os diurnos.
A distância percorrida pelos veículos e suas equipes no período noturno tendem a ser
menores quando comparadas aos diurnos. Isto porque a densidade e a infra-estrutura de
acesso dos primeiros, como áreas consolidadas, tendem ser maiores que as dos últimos com
várias vias ainda não pavimentadas, grotas e densidade mais espaça.
Os horários de início da 1ª coleta tendem a ser mais regulares que os demais. Isso
ocorre porque o espaço de tempo e trajetos da saída da garagem até o início do itinerário de
coleta é relativamente curto e com poucas interferências do meio externo ou da própria gestão
72
dos serviços. Verifica-se que à medida que a jornada de trabalho avança as interferências
acumulam-se, ou seja, uma pequena alteração no início da jornada de trabalho poderá
modificar o seu resultado.
O peso médio coletado tende a ser menor no período noturno. A diminuição do peso
específico ocorre por causa do poder econômico e do tipo de local atendido pelos veículos. Os
setores noturnos, economicamente mais ativos, apresentam maior quantidade de materiais
leves como embalagens e papeis. Neste caso a capacidade volumétrica do veículo não reflete
diretamente sobre o peso coletado.
O motorista não interfere nas demais variáveis do sistema de coleta. Os dados indicam
que o ritmo de trabalho é dado pelo equipamento em conjunto com os agentes de coleta, o
meio ambiente e a gestão do serviço. O mesmo ocorre para o gari 1, agente menos substituído
no período. Os dados indicam que agentes mais novos influenciam positivamente na
velocidade de transporte dos resíduos na primeira viagem, mas também negativamente na
segunda. Desta forma, o melhor rendimento conseguido na primeira viagem de disposição é
anulado na segunda. A conclusão deste fato é que:
As relações entre hodômetro de saída e chegada dos veículos apenas confirmam que
veículos mais novos e, portanto, com distâncias percorridas menores, são mais empregados no
turno noturno. A provável causa é a maior disponibilidade destes veículos no pátio de
garagem no período já que a noite existe menos setores de coleta.
Os horários de início dos itinerários de coleta estão intimamente ligados aos de saída
do veículo da garagem. Mas à medida que o tempo avança as relações começam a variar
irregularmente e adquirem características caóticas e reforçam que:
73
O tempo de trabalho também possui alguma relação com o peso, mas não de acordo
com o esperado. Vale salientar que as empresas de coleta de resíduos faturam de acordo com
os resíduos coletados. As informações indicam que:
Apenas 60% (sessenta por cento) da jornada de trabalho pode ser refletida
sobre os lucros brutos. O restante foi utilizado para reparos, descanso dos
agentes, para percorres trechos improdutivos e etc.
Contudo, esta perda de esforço não possui causa aparente e deve esta ligada a um
amplo conjunto de fatores. Os dados indicam, por exemplo, que o tempo de chegada à balança
durante o segundo itinerário tende a ser maior quando os veículos são mais antigos. Outro
dado importante é que a distância percorrida entre o itinerário e o aterro não possui qualquer
relação ao tempo trabalhado.
durante o período em estudo. Para isso é necessário eleger quais destas devem ser utilizadas.
Depois da análise da matriz e dos fatores formadores do custo e do lucro chegou-se a
quantidade mínima de 3 (três) variáveis que se somadas ao tempo geram algumas informações
vitais e de fácil compreensão. São elas:
As três variáveis devem ser distribuídas no gráfico de linhas onde a abscissa (x)
corresponda a data e as coordenadas (y) as variáveis. O exemplo deste gráfico, com os
dados referentes ao período de estudo é apresentado a seguir:
28
26
24
22
20
18
16
14
12
10
8
02/01/06
27/01/06
21/02/06
18/03/06
12/04/06
07/05/06
01/06/06
26/06/06
21/07/06
15/08/06
09/09/06
04/10/06
30/10/06
24/11/06
19/12/06
KM_COLET
htotal
PESO_TOT
DATA
Figura 23 - Comportamento das principais variáveis do sistema. Fonte: Desenvolvido pelo autor.
A leitura do gráfico indica a relação visual entre as variáveis e pode ainda indicar
quais os períodos de maior ou menor lucro aparente. A exemplo, verifica-se que no mês de
abril houve alguma mudança no trajeto dos itinerários, pois estes apresentaram uma ruptura
de padrão em relação ao mês anterior, contudo o mesmo não ocorreu com o peso que já
apresentava uma tendência de redução. Em contra partida, o horário de trabalho permaneceu
estável. Já em dezembro todos os fatores aumentaram em função da época do ano (natal e ano
75
novo) e, provavelmente, pela maior circulação de dinheiro com o pagamento do 13º salário e
a compra de mais produtos que eventualmente transforma-se em resíduos.
Ambiente Fator
Motivação dos funcionários;
Gestão interna Geração de horas extras;
Manutenção dos equipamentos;
Fiscalização de campo
X. CONSIDERACOES FINAIS
A partir dos resultados observa-se como um sistema de limpeza urbana pode ser
influenciando tanto pela gestão interna quanto por fatores externos a empresa. Constata-se que
o sistema é sensível a qualquer variação e que ao mesmo tempo é robusto suficiente para
poder assimilar possíveis conseqüências de processo decisório equivocados. O sistema é do
tipo aberto, influenciado por inúmeros fatores que fogem a alçada de seus gestores mas o
conhecimento prévio e a análise de tendência desses geram foco de atuação, o que evita o
desperdício de esforços que podem não atingir a fonte de determinado problema mas apenas
parte de suas conseqüências.
Todas as informações são importantes, mas deve-se identificar quais mais se adéquam
ao propósito da pesquisa para evitar excesso de variáveis. A preferência é que se utilize
variáveis globais para uma análise preliminar do sistema sob a forma de gráficos do tipo
scatterploter parar comparar seus comportamentos e como estes evoluem ao longo de
determinado período que pode ser medido em dias, semana ou anos dependendo de grau de
detalhamento que se deseja atingir. Para isso devem-se adotar aos parâmetros km de coleta,
peso e horas trabalhadas e reuni-los num mesmo gráfico. Estes três fatores são interligados,
indicam como o sistema está se comportando, seus custos, lucratividade e ainda se há ou não
desvios de condutas. A análise preliminar indica quais as informações que devem ser
avaliadas para se atingir o objetivo.
XI. REFERÊNCIAS
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