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UNIVERSIDAD DE LEÓN

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA


MESTRADO EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL

ANÁLISE DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS EM SISTEMAS DE


LIMPEZA URBANA: Um estudo de caso sobre a coleta domiciliar no
Conjunto Habitacional Benedito Bentes, Maceió/AL

Glauber Nóbrega da Silva

Florianópolis, Brasil
2009
II

UNIVERSIDAD DE LEÓN
FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA IBEROAMERICANA
MESTRADO EM GESTÃO E AUDITORIA AMBIENTAL

Glauber Nóbrega da Silva

ANÁLISE DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS EM SISTEMAS DE


LIMPEZA URBANA: Um estudo de caso sobre a coleta domiciliar no
Conjunto Habitacional Benedito Bentes, Maceió/AL

Dissertação apresentada como requisito parcial


para obtenção do título de Mestre em Gestão e
Auditoria Ambiental do curso de pós-graduação
da Universidade de Leon.

Área de Concentração: Resíduos Sólidos

Orientador: Dra. Margarita González Benítez.


Co-orientador: Msc. Cleciane Dias Mendonça

Florianópolis, Brasil
2009
III

Alguns homens vêem as coisas e perguntam: Por quê?


Eu vejo as coisas que nunca foram e pergunto: Por que não?

Robert Kennedy
IV

AGRADECIMENTOS

Não poderia iniciar esse texto sem agradecer a meus pais pelo caráter e valores
transmitidos durante toda a minha vida e a meus irmãos pelas incontáveis aventuras vividas e
que ainda estão por vir. A minha esposa que, pacientemente, ouve minhas idéias, mesmo
quando não possuem aplicação prática imediata. Ao pessoal da Fundação Ibero-Americana,
especialmente a Ane, que sempre apoiou este projeto mesmo quando muitos não o faziam. A
equipe de profissionais da Limpel Limpeza Urbana Ltda., sem os quais este trabalho não seria
escrito e aos muitos técnicos, professores e mestres com quem convivi.
V

RESUMO

O conhecimento é essencial para o desenvolvimento de estratégias de ação e ao


processo de decisão. Adotar um método que integre várias informações torna-se essencial
para qualquer atividade econômica, ainda mais se a mesma for essencial como é o caso dos
serviços de limpeza urbana. Para adquirir dados, gerar informações e finalmente, o
conhecimento adotou-se uma metodologia de pesquisa qualitativa baseada em lógica
dedutiva, estatística correlacional e análise de informações. O resultado foi uma tabela de
índices de coeficientes que, em conjunto com demais informações, indica o funcionamento
dos serviços de coleta, destacando seus pontos forte, fracos e os resultados das decisões e
processos implantados na operação da empresa ao longo do período de um ano.

Palavras-Chaves: Sistema de limpeza urbana, coleta de resíduos sólidos, inteligência


estratégica.
VI

ABSTRACT

Knowledge is essential for the development of strategies and decision-making.


Adopting a method that integrates various information is essential to any economic activity,
even if it is essential as is the case of urban sanitation services. To acquire data, generate
information and finally, the knowledge we adopted a qualitative research methodology based
on deductive logic, statistical correlation and analysis of information. The result was an index
table of coefficients that, together with other information, indicates the operation of data
collection, emphasizing its strong points, weak, and the results of decisions and processes in
place to operate the enterprise during the period of one year.

Keywords: System of urban cleaning, collection of solid waste, strategic intelligence.


VII

LISTA DE TABELAS

01 - Técnicas aplicadas a pesquisa 10


02 - Setores de coleta presentes no Conjunto Benedito Bentes 39
03 - Grupo de variáveis e sua classificação 40
04 - Fatores que influenciam na limpeza urbana 46
05 - Exemplo de elementos utilizados para desenvolver EIAs por diferentes
profissionais 52
06 – Quantidade de funcionários diretos 57
07 – Quantidade de funcionários indiretos 57
08 – Imposto sobriáveis 61
09 – Funcionários com atuação direta 59
10 – Funcionários com atuação indireta. 59
11 – Custos relativos a manutenção dos veículos 60
12 – Custos variáveis 61
13 – Resumo dos custos diretos 61
14 – Resumo dos custos indiretos 61
15 – Síntese dos fatores adequado ao planejamento das atividades de limpeza urbana 75
VIII

LISTA DE QUADROS

1 - Coeficientes de Pearson das variáveis 65


2 - Qualificação dos coeficientes de Pearson 66
3 – Detalhe do quadro 1 66
4 – Coeficientes de Pearson das variáveis após a aplicação da escala de cores 67
IX

LISTA DE FIGURAS

01 - Linha do tempo dos principais fatos ocorridos no Estado de Alagoas 14


02 - Mapa urbano do município de Maceió com destaque as áreas de atuação da Limpel
17
03 - Legislação básica aplicada a sistemas de limpeza urbana 21
04 - Exemplo de componentes dum sistema com características auto-reguladoras 23
05 – Exemplo de colônias de células formadas a partir da aplicação do da Vida de
Conway 24
06 – Fontes usuais de informações 26
07 - Tela do simulador evolutivo Gene Poll 31
08 - Resultados obtidos em atratores de Lorenz a partir de mudanças de dados 32
09 - Tela principal do SiSCOE em da sua 2ª versão 35
10 - Componentes básicos do SiSCOE 37
11 - Histograma com distribuição de amostras 42
12 - Sino de Gauss sobre histograma 43
13 - Exemplo de eliminação de dados espúrios de amostra 44
14 - Fatores a serem considerados para gestão de sistemas de limpeza urbana 45
15 - Coleta de resíduos em tambores de polietileno e borracha vulcanizada no
Município de Paulo Afonso/BA 48
16 - Componentes da definição conservadora dos SIGs 50
17 - Componentes holísticos de um SIG 51
18 - Exemplo de componentes a serem avaliados durante o planejamento do SIG 53
19 - Vista do SIG da Limpel com dados relativos ao ano de 2006 54
20 – Vista do GPS Trackmaker com dados coletados no setor C-19 55
21 –Fórmula para obtenção do coeficiente de Pearson 64
22 – Conhecimento necessário a análise de sistema de limpeza urbana 68
23 – Comportamento das principais variáveis do sistema 74
26 – Conhecimentos necessários a análise de sistema de limpeza urbana 60
27 - Comportamento das principais variáveis do sistema 67
X

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABES: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental


ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRAIC: Associação Brasileira de Analistas de Inteligência Competitiva
ABRELPE: Associação Brasileira da Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
CDC: Controle Diário de Coleta
CIA: Central Intelligence Agency
COFINS: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente
EIA: Estudo de Impacto Ambiental
EUA: Estados Unidos da América
GPS: Global Position System
IC: Inteligência Competitiva
IPVA: Imposto sobre Veículos Automotores
INSS: Instituto Nacional de Seguridade Nacional
IRRF: Imposto de Renda Retido na Fonte
KGB: Komitet Gosudarstvenno Bezopasnosti
PIS: Plano de Integração Social
NBR: Norma Técnica Brasileira
SIG: Sistema de Informações Geográficas
SiSCOE: Sistema de Controle Estratégico
SUDENE: Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
SNI: Sistema Nacional de Inteligência
URSS: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
XI

SUMÁRIO

RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE QUADROS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

I.INTRODUÇÃO 01
1.1 Estrutura da Pesquisa 04

II. REFERENCIAL METODOLÓGICO 06


2.1 Tipo de pesquisa 06
2.2 Origem dos dados 08
2.3 Procedimentos, técnicas, instrumentos e equipamentos de pesquisa 09
2.4 Sujeitos da pesquisa 10
2.5 Critérios de Eticidade 11

III. UNIVERSO DE ESTUDO 12


3.1 O Estado de Alagoas 12
3.2 O município de Maceió 15
3.3 Área de atuação da Limpel Limpeza Urbana 17

IV. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 19


4.1 Serviços de limpeza urbana no contexto brasileiro 19
4.2 Gerenciamento dos serviços de limpeza pública 21
4.3 Sistemas auto-reguladores 22
4.4 Sociedade da informação 25
4.5 Inteligência competitiva 26
4.6 Espaço geográfico 28
XII

4.7 Psicologia social 29


4.8 Teoria dos jogos 30
4.9 Caos e complexidade 32

V. SISCOE: METODOLOGIA PRÁTICA PARA COLETA E TRATAMENTO


DE DADOS 34
5.1 Desenvolvimento do banco de dados 34
5.2 Aplicações 35
5.3 Estrutura básica 36
5.4 Limitações do SiSCOE 37
5.5 Tratamento de informações do SiSCOE 38
5.7 Considerações sobre a preparação de dados 39
5.6.1 Delimitação dos setores pesquisados 39
5.6.2 Tipo de dados 40
5.6.3 Eliminação de dados espúrios 41

VI. A DINÂMICA DE COLETA DE RESÍDUOS 45


6.1 Planejamento das atividades 46
6.2 Operação e ciclo de coleta 46
6.2.1 Coleta manual e mecanizada 47
6.2.2 Forma de disposição dos resíduos pela população 47
6.2.3 Tipos de resíduos coletados e freqüência de coleta 49
6.2.4 Transporte e disposição dos resíduos coletados 49

VII. ELEMENTOS FUNDAMENTAIS À GESTAO DE SERVICOS DE LIMPEZA 50


7.1 Sistema de informações geográficas 50
7.1.1 Planejamento e aquisição dos dados 53
7.1.2 Dados existentes no SIG da LIMPEL 54
7.1.3 Itinerários de coleta 55
7.2 Custos do sistema de coleta 56
7.2.1 Pessoal 57
7.2.2 Custos 57
7.2.3 Impostos 58
XIII

7.2.4 Veículos 58
7.2.5 Mão de obra 59
7.2.6 Ferramentas, combustíveis e mão de obra terceirizada 60
7.2.7 Pneus e demais insumos 60
7.2.8 Custos gerais dos veículos 61
7.2.9 Análise de balanços 62

VIII. ANÁLISE E DISCUSSÕES 63


8.1 Preparação do banco de dados para análise 63
8.2 Correlação linear entre variáveis 64
8.3 Como ler a tabela de correlação 66
8.4 Associação da leitura com outros dados 68

IX. RESULTADOS 69
9.1 Avaliação correlacional 69
9.2 Avaliação complementar 74
9.3 Síntese dos fatores adequados ao planejamento de atividades de limpeza
urbana 75

X. CONSIDERAÇÕES FINAIS 76
10.1 Recomendações para trabalhos futuros 77

XI. REFERÊNCIAS 78
11.1 Bibliográficas 78
11.2 Softwares 82

APÊNDICE – Perguntas padrões realizadas aos sujeitos da pesquisa 83

ANEXO I – Formulário de controle empregado para coleta de informações dos


serviços de coleta na empresa pesquisada 84
1

I. INTRODUÇÃO

A limpeza urbana, tal como a conhecemos, possui mais de 300 anos e não evoluiu
como outras áreas de engenharia como a mecânica, química etc. Isso porque, a inovação que
esse ramo da atividade obteve ao longo desses três séculos limitou-se basicamente à aquisição
de novos equipamentos (principalmente veículos), materiais e alguns insumos. Ao mesmo
tempo, o mundo passou por profundas transformações advindas de revoluções, guerras e
poucos momentos de paz. Contudo, a humanidade nunca deixou de gerar e descartar resíduos,
as mudanças permaneceram restritas a quantidade ou a qualidade do material descartado.
Talvez este seja o principal paradigma da limpeza pública, um padrão somente ameaçado pela
crise energética que se configura para um horizonte próximo, o que pressionará a
racionalização do consumo de materiais e insumos.

A limpeza urbana é considerada como uma ocupação da saúde preventiva, pois esta é
destinada a eliminar focos de vetores dos núcleos urbanos. A problemática é bastante antiga,
com citações das conseqüências do acúmulo de sujeira e imundícies em burgos1 e demais
grupamentos humanos com mais de 400 anos. Outro modo de identificar a importância da
limpeza urbana refere-se à existência de serviços relativos a sistemas de compostagem na
China Antiga (Philippi Júnior, 1992) e interpretações sugestivas em que o Vale de Hinon2, a
visão cristã do inferno, com sua fumaça e fogo eternos, era na verdade a conseqüência da
decomposição de matéria orgânica num antigo depósito de lixo de Jerusalém.

Mas, os primeiros registros oficiais acerca da eliminação de resíduos remetem ao


século XVII e são compostos por leis inglesas que determinam como proceder a queima dos
resíduos em incineradores rudimentares construídos pelo governo daquele país. É sabido, que
nesse período a comida era escassa e seu desperdício era mínimo, o que sugere que pouco
restava para ser incinerado ou enterrado pela população. No mesmo período, deu-se início ao
processo que viria a ser conhecido como Revolução Industrial, e a conseqüente concentração
populacional nas cidades durante o êxodo rural que resultaram numa lógica mudança de
padrões de consumo e de geração de resíduos.

1
Na Idade Média, castelo, ou casa nobre, ou mosteiro rodeados por muralha de defesa, muitos dos quais vieram
a transformar-se em cidades.
2
Cr 28:3; 33:6
2

No entanto, pesquisadores como Monteiro et al (2001) defendem que a limpeza urbana


foi iniciada durante o século XIX a partir do desenvolvimento da medicina e da engenharia
sanitária. Naquela época fora constatado que os resíduos eram potenciais fontes de doenças e
geradores de epidemias, a exemplo da Peste Negra, que assolou toda a Europa no século XIV.
Mas uma análise mais minuciosa das informações apontam para o período revolucionário, no
final do século XVIII, quando Napoleão Bonaparte assumiu o governo francês. E desde então
a limpeza urbana passou a ser definida como a conhecemos. O modelo adotado consistiu em
empregar funcionários remunerados pelo governo e carroças com tração animal para coletar
resíduos e entulhos existentes nas ruas e becos de Paris. Tudo indica que o serviço foi
implantado como resposta ao caos existente na cidade. Balzac, escritor da época, descrevia
que a maior parte das ruas não tinha pavimentação, o sistema de esgoto era precário, havia
lixo por toda a parte e, nos tempos chuvosos, a lama apoderava-se de tudo.

É provável que o serviço tenha sido induzido por ideais iluministas ou necessidades
militares, já que neste último caso, havia a necessidade de liberar os acessos e passagens dos
exércitos para defesa da cidade ou para levar a cabo alguma das constantes rebeliões
populares contra o governo. Independente disso, o fato é que a limpeza se tornou assunto de
saúde pública, tamanho o impacto dessa atividade sobre a redução da taxa de óbitos da
população. Daí em diante o serviço foi incorporado às funções governamentais.

No Brasil, a contratação do francês Aleixo Gary no ano de 1880 para remoção dos
resíduos do Rio de Janeiro, então capital do Império, pode ser atribuído como o marco da
implantação de sistemas de limpeza em nosso país. A prestação do serviço adotou os mesmos
equipamentos e métodos da Era Napoleônica até quase a metade do século XX.

Mudanças significativas nesse método só vieram a ocorrer após a inclusão de veículos


motorizados nos anos 40 do último século com o conseqüente incremento da autonomia para
coleta e transporte dos resíduos. A tendência de modernização continuou com declínio e
estabilização ao final de 1980. Desde então, o setor passa por uma profunda crise como afirma
Monteiro et al ( 2001, p.1):

Hoje, a situação da gestão dos resíduos sólidos se apresenta em cada cidade


brasileira de forma diversa, prevalecendo, entretanto, uma situação nada
alentadora. Considerada um dos setores do saneamento básico, a gestão dos
resíduos sólidos não tem merecido a atenção necessária por parte do poder
público.
3

Mesmo diante deste cenário é factível afirmar que alguns avanços ocorreram, tais
como a inserção dos serviços de limpeza aos direitos fundamentais do cidadão a partir da
promulgação da Constituição Federal de 1988. A legitimação atribuiu maior responsabilidade
aos governos por causa da possível calamidade proveniente da inexecução do serviço. Tais
conseqüências foram descritas por Umbelino e Macedo (2006, p.6):

A disposição inadequada dos resíduos sólidos urbanos constitui-se em um dos


maiores problemas ambientais do Brasil. No caso da inexistência de coleta de
lixo, fungos e bactérias causadores de doenças como botulismo e tétano
desenvolvem-se em solos contaminados por estes microorganismos.

A medida provocou um aumento da demanda por sistemas mais eficientes, exigindo


grandes investimentos em maquinários e pessoal, estando grande parte dos departamentos de
limpeza municipais aquém das exigências impostas pela carta magna. A solução encontrada
foi a terceirização dos serviços com a regulamentação da Lei 8.666/93, mais conhecida como
lei das licitações. A lei gerou um mercado atrativo às empresas, principalmente as de
construção civil que no momento passavam por mais uma crise de mercado.

A partir deste contexto surgiu um forte questionamento: Como desenvolver algo novo
em um sistema aparentemente estagnado? Veículos, máquinas e equipamentos são
desenvolvidos de forma padronizada, restando às empresas avaliar sobre sua aquisição. De
outro lado, encontramos a cidade a ser atendida pelos serviços, que obviamente, não está
sobre qualquer forma de controle formal. Resta-nos então investir na gestão de processos, na
eliminação de práticas infrutuosas e no reforço das mais rentáveis ou econômicas. Mas para
isso, é necessário que o gestor conheça o seu ambiente de trabalho. Nesse ponto, acredita-se
que seja na aquisição tratamento e na interpretação de informações que reside às principais
necessidades administrativas. Na era da informação, o investimento em conhecimento 3 é tão
importante quanto o realizado na aquisição de tecnologia, em especial num cenário onde o
capital é volátil e de difícil obtenção.

Adquirir informações confiáveis em curto espaço de tempo pode representar, além de


vantagem competitiva, um diferencial para empresários e profissionais que buscam
metodologia racional para apoiar suas decisões.

3
A definição clássica de conhecimento, originada em Platão, diz que ele consiste de crença verdadeira e
justificada. Nesse trabalho o conhecimento será considerado como informação oportuna e eficaz, ou seja que
proporcione a afirmação ou a mudança de processos e ações.
4

Para atuar nessa questão, propôs-se como objetivo geral desse estudo como
“Organizar e aplicar práticas de análise de informações para extrair conhecimento útil a
gestores de sistemas de limpeza urbana”. E como objetivos específicos buscaram-se,
portanto:

Delimitar uma metodologia prática para coleta e tratamento de dados;


Sistematizar informações para analisar a dinâmica da coleta de resíduos;
Identificar os elementos mais importantes à gestão de serviços;
Indicar os fatores adequados ao planejamento de atividades de limpeza urbana.

Para aplicação desta pesquisa, adotou-se o método do estudo de caso, mediante


abordagem qualitativa a da atuação da empresa privada Limpel Limpeza Urbana Ltda.,
situada em Maceió/Alagoas. A empresa surgiu a partir de uma construtora no final dos anos
90 para executar serviços relacionados a limpeza. Os seus trabalhos iniciais foram voltados a
coleta de resíduos de grande geradores como supermercados, fábricas etc., mas em pouco
tempo, a empresa sagrou-se vencedora duma concorrência pública no município de
Maceió/AL e posteriormente de São Luis/MA. A empresa seguiu o “boom” das terceirizações
nos serviços de limpeza pública e atualmente atua em quatro Estados do nordeste brasileiro.

Neste contexto elegeu-se uma pergunta - norteadora para retratar todo o estudo, a
saber:

Como organizar e aplicar práticas de análise de informações para extrair


conhecimento útil a gestores de sistemas de limpeza urbana?

1.1 Estrutura da Pesquisa

Esta dissertação foi estruturada em 10 (dez) capítulos objetivando apresentar a origem


de todas as informações e como estas conduziram o autor a suas conclusões. O capítulo 1
apresentou as motivações e o contexto ao qual esta pesquisa se encontra. No capítulo 2 é
apresentado todo o referencial metodológico para que o leitor saiba como os dados foram
obtidos e adquira alguns conceitos chaves de para a interpretação dos resultados. No capítulo
3 é apresentada as características do universo do estudo, situando o leitor quanto o local e o
período que a pesquisa foi realizada. A partir com capítulo 4 os fundamentos da pesquisa são
expostos. É neste capítulo que a pesquisa começa a ser alicerçada, tornando-o um dos mais
importantes para a compreensão do trabalho. No capítulo 5 é descrito um modelo de sistema
5

de armazenamento de dados, essencial para a posterior análise. Indica-se qual o contexto da


sua concepção, seus fundamentos, como este é empregado na empresa pesquisada e como
seus dados são preliminarmente tratados. No capítulo 6 é descrito como o sistema de coleta de
resíduos é usualmente planejado e como deve ser executado de acordo com os conceitos da
engenharia sanitária. No capítulo 7 são descritos alguns elementos considerados como
fundamentais para a gestão dos serviços de limpeza, dentre os quais os sistemas de
informações geográficas bem como a análise do processo de formação de custos e a
contribuição de cada elemento para o valor final dos serviços. No capítulo 8 a metodologia é
propriamente aplicada. Analisa-se como tratar os dados de forma a se obter a matriz de
coeficientes e como lê-la de forma eficiente. A interpretação dos resultados da leitura da
matriz é apresentada no capítulo 9 bem como a origem de cada um de seus atributos e como
estes devem ser utilizados para gerar conhecimento ao gestor. No capítulo 10 são
apresentadas as considerações finais e recomendações para futuros trabalho. Nele também é
descrita como está se associando inteligência artificial parar criar relatórios automáticos para
o gestor de coleta e uma possível nova geração de softwares para a limpeza pública.
6

II. REFERENCIAL METODOLÓGICO

O estudo proposto consiste na análise de dados de quatro setores de coleta regular de


resíduos sólidos com a identificação de parâmetros e posterior cruzamento de informações
para gerar conhecimento e validar as proposições indicadas no objeto desta dissertação. A
metodologia a ser empregada considera a análise das características internas, intermediárias e
externas (contexto) da atividade de coleta, informações necessárias para a correta
interpretação do sistema. Para definir a metodologia partiu-se da definição proposta por
Barreto e Honorato (1998, p.3):

...o conjunto detalhado e seqüencial de métodos e técnicas científicas a serem


executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os objetivos
inicialmente propostos e, ao mesmo tempo, atender aos critérios de menor custo,
maior rapidez, maior eficácia e mais confiabilidade de informação.

Além disso, buscou-se concretizar que a aquisição do conhecimento deve ser racional,
confiável e clara o suficiente para permitir que os resultados sejam alcançados por outros
pesquisadores e, assim, alicerçar novos estudos. No pro lógica cesso serão aplicados tantos
conhecimentos científicos quanto empíricos para auxiliar na compreensão do objeto de estudo
(Putnan, 1996), analisando-o como resultado da interação entre variáveis psicossociais, o
meio ambiente e a empresa.

2.1 Tipo de Pesquisa

A pesquisa seguiu uma abordagem quantiqualitativa e baseou-se em métodos lógicos


indutivos4 e dedutivos5. Também pode ser considerada como do tipo exploratória, pois terá
início com a exploração do problema a ser investigado sem dados prévios.

A pesquisa qualitativa está buscando seu espaço nas ciências sociais a partir do
interesse em complementar os resultados obtidos através de métodos quantitativos e até
mesmo, qualitativos. Neste trabalho, o interesse por ambas as abordagens visa preencher as
lacunas verificadas nas pesquisas quantitativas e validar as impressões que se pode obter

4
Indução em filosofia é considerado o método de pensamento ou raciocínio em que se extrai de certos fatos
conhecidos, mediante observação, alguma conclusão geral que não se acha rigorosamente relacionada com eles.
5
Dedução é toda inferência que parte do universal para o particular (aspecto convergente). Utiliza-se da
confrontação de duas proposições (uma generalizadora e outra particularizadora) para extrair uma conclusão.
7

através das pesquisas qualitativas, seguindo exatamente o pensamento de Demo (1995, p.


231) quando diz que:

Embora metodologias alternativas facilmente se unilateralizem na qualidade


política, destruindo-a em conseqüência, é importante lembrar que uma não é
maior, nem melhor que a outra. Ambas são da mesma importância metodológica.

Outro discurso recente defendendo a importância dos dois enfoques é o de May (2004,

p. 146):

[...] ao avaliar esses diferentes métodos, deveríamos prestar atenção, [...], não
tanto aos métodos relativos a uma divisão quantitativa-qualitativa da pesquisa
social – como se uma destas produzisse automaticamente uma verdade melhor
do que a outra -, mas aos seus pontos fortes e fragilidades na produção do
conhecimento social. Para tanto é necessário um entendimento de seus objetivos
e da prática.

A etapa quantitativa da pesquisa foi realizada por amostragem na qual foi possível
determinar a forma de observação dos efeitos produzidos pelas variáveis no objeto de estudo.
Para melhor compreender o universo foram adotados conjuntos significativos de casos
(amostras) para compor os resultados. Neste método foram escolhidas diversas variáveis em
diferentes níveis para auxiliar na avaliação do sistema. Também será utilizada a pesquisa ex-
post-facto, considerada por Rythowem et al (2006) como uma pesquisa experimental. Mas
neste caso a observação é realizada após a sua ocorrência por meio de registros bem
delimitados. De acordo com Severino (2004, p.14):

A pesquisa experimental caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis


relacionadas com os objetos de estudo. A manipulação das variáveis proporciona
o estudo da relação entre causas e efeitos de um determinado fenômeno.
Interfere-se diretamente na realidade, manipulando-se a variável independente, a
fim de observar o que acontece com a dependente. Este tipo de pesquisa inicia-se
com algum tipo de problema ou indagação e pretende dizer de que modo ou por
que causas o fenômeno é produzido.

A maior parte das informações necessárias ao desenvolvimento da pesquisa originou-


se de banco de dados aplicado ao universo de estudo durante o ano de 2006. Deste modo,
estes foram empregados para gerar as informações necessárias a compreensão do fenômeno
8

em estudo. As informações foram tratadas por métodos comparativos e estatísticos para


subsidiar a conclusão do estudo.

A etapa qualitativa consistiu na realização de questionários junto a especialistas,


funcionários e demais agentes envolvidos com o sistema de limpeza urbana em estudo. Para
Neves (1996, p.1) a pesquisa qualitativa é:

“[...] um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam descrever e


decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tendo por
objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social [...]”.

Como se pode inferir por essa definição, na pesquisa qualitativa não há preocupação
em produzir dados numéricos manipuláveis em fórmulas matemáticas e destinados à
construção de gráficos e tabelas que retratam de forma reducionista os achados de pesquisa.
Mas, por ocasião do presente estudo, entende-se que a consulta acerca da opinião, experiência
e vivência destes gestores, seria crucial para se validar, ou mesmo, chegar até as variáveis de
investigação.

2.2 Origem dos dados

As informações básicas referentes à coleta de resíduos sólidos da área de atuação da


Limpel Limpeza Urbana Ltda foram inseridas em banco de dados desenvolvido pelo autor no
ano de 2005 e complementadas por dados adicionais obtidos a partir de entrevistas e fichas de
controle entregues aos motoristas dos veículos no início de cada jornada de trabalho. O banco
contém mais de 30 classes distintas de dados, entre as quais: peso coletado por viagem,
velocidade média de coleta, quebras etc. Com isso elabora-se um universo amostral de
tamanho significativo. Essa conjunto, segundo Rythowen et al (2006), configura-se como uma
fonte confiável de informações para a pesquisa devido a possibilidade de observação dos fatos
ocorridos.

Para a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES (2001) os


formulários são necessários para que se mantenha o padrão do serviço dentro do que foi
planejado. Servem também para indicar a necessidade de alguma alteração no sistema
implantado, indicando as transformações contínuas que ocorrem na cidade. Os formulários
9

devem conter informações referentes a: Execução do serviço; Controle da carga; Controle dos
tempos e etc onde serão anotados dados diversos como: saída da garagem; início da coleta;
término da primeira viagem; chegada ao local de destino; saída do local de destino; início da
segunda viagem e assim por diante até a volta à garagem (conclusão do serviço).

Para a pesquisa foram resgatados os registros referentes ao ano de 2006, do dia 1 de


janeiro ao 31 de dezembro. A escolha deste período deve-se a alguns motivos, a saber:

O banco de dados estava em plena execução, não havendo alterações em sua estrutura,
adição ou subtração de classes de informações;
Ausência de mudanças significativas nos setores de coleta;
Houveram poucas obras de infra-estrutura na malha viária do município de Maceió, o
que evita mascaramento dos dados por motivos espúrios;
Não houve mudança dos gestores da coleta e;
Fim do antigo contrato da empresa com a prefeitura municipal, não havendo
problemas na liberação de parte destes dados para a pesquisa.

2.3 Procedimentos, técnicas, instrumentos e equipamentos de pesquisa

Orientado pela abordagem de natureza quantiqualitativa, uma parte dos dados foram
trabalhados estatisticamente e a partir de técnicas baseadas na metodologia Delphi, definida
por Wright e Giovinazo (2000) como uma técnica para a busca de um consenso a respeito de
eventos cujo objetivo é avaliar a tendência de eventos presentes e futuros baseados em
probabilidade.

Para Samson (1988) existem duas grandes interpretações da probabilidade:

A interpretação objetiva que diz respeito ao processo de cálculo usando dados


de freqüência relativa ou técnicas estatísticas e;
A subjetiva que representa o grau de crença do tomador de decisão.

Apenas na primeira fase do estudo aplicou-se a abordagem qualitativa, mediante a


elaboração de uma série de questionários aplicados com especialistas, motoristas e demais
agentes, visando extrair dali dados de aplicação estatística. As respostas foram tabuladas e
uma nova rodada de perguntas foi realizada e, assim sucessivamente até sanar todas as
10

dúvidas surgidas. Vale salientar que no processo não houve nenhum tipo de interação entre os
especialistas sujeitos da pesquisa, a fim de evitar indução tendenciosidades nos resultados. As
respostas foram analisadas e utilizadas como subsídios para o desenvolvimento de novos
questionários, desta vez aplicada com gerentes, fiscais e coordenadores de áreas de limpeza
urbana, seguindo então o método padrão. A síntese das atividades é apresentada na tabela a
seguir:

Tabela 1 - Técnicas aplicadas a pesquisa.


Objetivo Técnica Instrumento Equipamento
Identificar as referências teóricas
Pesquisa bibliográfica - -
publicadas sobre a o assunto

Banco de dados, Computador,


Observar, registrar, analisar e
Pesquisa descritiva Estatística, Análise câmera, GPS,
correlacionar fatos ou fenômenos
espacial Softwares

Entrevista semi- Caderno de campo


Aplicar questionários a especialistas Questionário
estruturada do pesquisador

Manipular variáveis relacionadas ao Pesquisa experimental Banco de dados


Câmera, GPS
objeto de estudo DELPHI Estatística

Fonte: próprio autor

As técnicas e ferramentas a serem utilizadas para análise das informações são baseadas
nas descritas por Heuar (1999) consistindo na coleta de informações e aplicação de
procedimentos estatísticos sobre os dados advindos dos controles diários de coleta.
Complementa-se estas com análises geográficas a partir de Sistema de Informações
Geográficas da área em estudo. Após estas fases foi iniciada a análise final dos resultados.

2.4 Sujeitos da pesquisa

O interesse em estudar visões adequadas à avaliação levou a escolha de profissionais


que atuam de forma direta ou indireta nos serviços de coleta de resíduos do universo da
pesquisa. O grupo pesquisado foi formado por dois fiscais, 22 (vinte e dois) agentes de coleta,
quatro motoristas e um encarregado do setor de manutenção. Foi utilizado um questionário
com perguntas norteadoras que descrevessem as visões destes profissionais quanto a
elementos chaves da pesquisa de modo a apoiar a interpretação dos resultados. Estes
11

elementos foram agrupados em três tipos de respostas: Ambiente interno; Ambiente Externo
e; Intermediário.

No apêndice é possível verificar as perguntas norteadoras entregues aos profissionais.

2.5 Critérios de Eticidade

A definição dos critérios éticos para pesquisa constituiu-se numa tarefa delicada, pois
é de grande responsabilidade disponibilizar dados internos de uma empresa ou demais
informações sobre seus funcionários que poderá ser utilizada por concorrentes. Foi por este
motivo que as informações referem-se apenas a parte da área de atuação e do capital humano
da empresa estando relativamente desatualizadas, com dois anos desde sua obtenção. Isso
exigiu flexibilidade e um acordo prévio realizada entre o pesquisador, os sujeitos da pesquisa
e Limpel Limpeza Urbana Ltda para assegurar a todos quais seriam os objetivos da pesquisa e
o zelo pelos envolvidos.
12

III. UNIVERSO DE ESTUDO

Para contextualizar o universo de estudo e sua relação com o tema desse trabalho foi
fundamental identificar suas variáveis psicossociais. Para isso avaliou-se a formação histórica,
social e econômica da região com foco no Conjunto Habitacional Benedito Bentes. A partir
deste arcabouço teórico foi possível identificar os fatos mais marcantes e suas conseqüências
na consolidação do município.

Outro princípio obedecido foi o tempo, ou a sucessão de acontecimentos. Considerou-


se que a sociedade vive em constante desequilíbrio e que as populações tentam compensá-lo
para atingir o bem estar (Capra, 2001). Estas tentativas são subjetivas e podem ser
diversificadas como, por exemplo, a remoção de lixo para áreas mais distantes das
residências; realização de manobras para maximizar lucros etc. Cada ação implica em novas
situações de desequilíbrio e novas tentativas de harmonização do meio (efeito-causa). Estes
desequilíbrios podem ser de minúsculos ou enormes com conseqüências em diferentes graus.

Por este motivo a análises históricas e geográficas são consideradas como fatores
essenciais no desenvolvimento de qualquer estudo ou tese, sem as quais, qualquer análise se
torna carente de identificação e passível de interpretações falhas. Nesta contextura será
apresentado o universo geral, ou macro-universo, com posterior foco no universo de estudo.

3.1 O Estado de Alagoas

Alagoas, antiga província de Pernambuco, seguiu o modelo do tipo plantantations6


inseridos no nordeste brasileiro e esta localizada entre os maiores centros açucareiros da
região, os Estados de Pernambuco e Bahia. Relatos antigos citam os índios caetés como
habitantes primordiais. Contudo, esta população foi forçada a fugir para o interior, se
instalando nas regiões próximas as atuais cidades de Palmeira dos Índios e Água Branca,
cidades com forte influência indígena até os dias atuais.

Seguindo a tendência da então colônia portuguesa, a região desenvolveu e consolidou


sua economia na cana-de-açúcar no litoral e na criação de gado no agreste e sertão com
atividades mineradoras insipientes. O escravo era a força motriz desta economia com
6
Monocultura voltada a exportação.
13

população formada predominantemente por negros e alguns mestiços. A região costeira


chegou a ser invadida por franceses no século XVI, mas o donatário da capitania de
Pernambuco conseguiu retomar o controle da área e incentivou a construção de engenhos e
plantio de cana numa clara tentativa de povoar o local para criar uma identidade com a Coroa
Portuguesa. Porém, os atrativos provocados pela economia açucareira e a necessidade de
expansão das atividades econômicas de países mercantilistas provocaram, em menos de um
século, uma nova invasão. Dessa vez os holandeses ocuparam os atuais Estados de
Pernambuco e de Alagoas até o ano de 1645, quando foram expulsos. O período, conhecido
como Nassalino7, possuiu forte impacto na economia e na arquitetura, principalmente na atual
cidade de Recife, na região conhecida como Recife Antiga.

A desorganização política existente durante a retomada do poder criou condições para


a fuga em massa de vários escravos em direção as regiões ainda ocupadas por indígenas,
culminado na formação de vários quilombos, entre os quais o dos Palmares, destruído por
incursões governamentais antes do final do século XVII. Para evitar revoltas e garantir o
domínio sobre a terra os colonizadores e governo dizimaram os nativos e tribo hostis, entre as
quais a dos caetés, expulsa do litoral dois séculos antes. Durante a maior parte do período
todas as terras existentes ao norte do rio São Francisco, entre o litoral e a cachoeira de Paulo
Afonso, pertenceram a Pernambuco.

Alagoas só fora transformada em capitania no início do século XIX. A autonomia foi


dada a região como meio de enfraquecer a Revolta Pernambucana, movimento separatista
ocorrido naquele período. Em conseqüência, a capitania passou a ser vista como desleal pelos
revolucionários e como submissa as elites dirigentes da colônia como afirma Melo (1975,
p.60)

O desligamento da província das Alagoas, de Pernambuco, foi, pois, o resultado


de um fator econômico que se impunha à Coroa, e não obra de agraciamento à
Comarca.

A partir da independência, a capitania foi convertida a província e sua capital deixa de


ser a cidade de Alagoas (atual Marechal Deodoro) e passa a ser Maceió. Mesmo após o
Império, e durante todo o período republicano, o Estado manteve suas características
econômicas baseadas no binômio cana-de-açúcar e gado com implementação de plantações de
algodão e insignificante industrialização. As estruturas de poder da colônia foram mantidas

7
Referente a Maurício de Nassau.
14

com o clientelismo dos coronéis e latifundiários mesmo após a proclamação de República


quando Alagoas passara a ser Estado.

Figura 1 - Linha do tempo dos principais fatos ocorrido no Estado de Alagoas. Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Nos anos 60 (sessenta) do século XX foi instituída a Superintendência de


Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE, órgão criado pelos governos militares para tentar
dinamizar a estagnada economia da região. Alagoas foi beneficiada com o programa de
exploração do sal-gema com a criação do Pólo Clóro-Químico e de uma empresa de capital
misto, a Braskem, a maior do Estado até os dias de hoje. Também houve investimentos da
Petrobrás para a prospecção de petróleo, onde os maiores beneficiados foram os municípios
de Pilar e de Maceió.

3.2 O Município de Maceió

O povoado que deu origem a cidade Maceió surgiu a partir do engenho de Massayó8.
Junto ao empreendimento fora erguido, a pedido de Portugal, um forte no porto de Jaraguá

8
Do tupi: Aterro sobre alagadiço.
15

para tentar evitar o comércio ilegal de pau-brasil, principalmente entre os indígenas e os


corsários franceses que sempre aportavam no local que ainda hoje possui a denominação de
Porto dos Franceses. O seu desenvolvimento se deu em virtude deste forte, com
desmembramento da Vila de Alagoas no início do século XIX. A transferência do governo
para atual capital foi tumultuado e encontrou forte resistência das elites oligárquicas (Melo,
1975).

A cidade surgiu no atual bairro do Centro e teve o seu traçado definido pelos franceses
ainda no século XIX, mantendo-o até os dias de hoje. A partir de 1960 iniciou-se a construção
de edifícios, transformando o bairro numa área predominantemente comercial. Os
investimentos continuaram até a década de 80 e o bairro chegou a possuir os hotéis mais
importantes da cidade mas, desde então, o afluxo de investimento cessaram e o bairro
começou a ser tomado pelo comércio popular.

Em pouco tempo foi criado o distrito de Bebedouro, mais antigo bairro da capital. O
bairro chegou a ser ocupado predominantemente pela elite estadual com casarões existentes
ao longo de sua rua principal e pequenas casas e ruas estreitas ao longo das encostas locais.

No início da década de 30 do Século XX já surgem os bairros de Fernão Velho e


Jaraguá. A primeira fábrica têxtil do Estado foi criada no Fernão Velho, funcionando por mais
de um século com cerca de 4.000 (quatro mil) funcionários em seu ápice produtivo. As
políticas empresariais de época ofereciam casas padronizadas aos funcionários com energia
elétrica, água e rede de esgoto. Com a crise da indústria têxtil houve desemprego em massa e
o bairro passou da condição de produtivo a de dormitório, com grande parte de seus
moradores trabalhando no Centro e suas imediações.

O bairro do Jaraguá surgiu a partir do porto existente no local, o que transformou a


região numa zona comercial, um dos poucos centros políticos e econômicos da época. Até a
primeira metade do século XX, o comércio era atacadista e varejista. Jaraguá disputava com o
Centro a preferência dos consumidores e detinha grandes lojas de tecidos, chapéus, sapatarias,
farmácias e outros estabelecimentos comerciais.

Nas divisões territoriais de 1937 surgem os bairros do Farol, Pajussara e Poço. O Farol
recebeu este nome por causa do farol implantado pela Marinha no planalto da Jacuntiga, nome
original do local. A região foi a preferida pela elite pela proximidade ao Centro e clima mais
ameno. Atualmente o bairro é caracterizado pelo comércio, possuindo clínicas, consultórios,
16

agências bancárias e supermercados restando ainda alguns casarões e suas ruas secundárias e
edifícios residências de alto padrão e classe média. A Pajussara surgiu como um balneário das
famílias que viviam no bairro do Bebedouro, Farol e Centro. No início prevaleciam as casas
de pescadores e algumas casas de veraneio. O bairro foi urbanizado na década de 70 com o
objetivo de promover o turismo na capital alagoana e desde então surgiram bares,
restaurantes, supermercados etc. O Poço começou como um sítio e hoje é um bairro
comercial, um dos principais de Maceió, sediando algumas indústrias, escolas e postos de
saúde.

Na década de 50 surgia o bairro do Jacintinho. Neste local a ocupação foi realizada por
forasteiros que vinham à capital alagoana em busca de melhores condições de vida. A extensa
mata que existia no local foi derrubada para a construção de casas e um comércio surgiu para
atender a recente demanda, expandindo-se deste então. O crescimento do bairro foi
desordenado com suas ruas estreitas e irregulares que fazem parte de sua arquitetura até os
dias de hoje. Atualmente este é o bairro mais populoso da capital.

O bairro do Feitosa surgiu entre os bairros do Farol e de Jacintinho a partir de um sítio


que acompanhou o crescimento dos bairros vizinhos. O local começou a receber
investimentos em infra-estrutura a partir da década de 60 com a chegada de água encanada as
residências. A partir dos anos 80 fora instalado o Terminal Rodoviário Estadual e atividades
comerciais surgiram em seu entorno.

Em 1986 foi construído o Conjunto Habitacional Benedito Bentes. Longe do núcleo


original de povoamento, esse possuía acesso ineficiente e era habitado por pessoas que não
possuíam condições de arcar com os valores dos alugues praticados no antigo núcleo de
expansão da cidade. O isolamento propiciou o surgimento de um comércio local e deu
autonomia ao bairro que chega a possuir subprefeitura. O bairro é o segundo mais populoso
da capital e funciona como um município autônomo.

Atualmente, o município de Maceió possui quase 1.000.000 (um milhão) de


habitantes. Cerca de 15% (quinze per cento) desses encontram-se no Benedito Bentes o que o
define como uma ótima amostra para o estudo proposto.
17

3.3 Área de atuação da Limpel Limpeza Urbana

Cerca de 40% (quarenta por cento) da população do município é atendida pelos


serviços de remoção de resíduos e limpeza urbana oferecidos pela Limpel Limpeza Urbana
Ltda. A área reúne características bastante heterogêneas, existindo desde moradias
suburbanas, em bairros dormitórios, a mansões nas proximidades de centros comerciais. A
estratificação social é visível e muito conhecida dos habitantes do município, existindo termos
populares como a cidade “baixa” e “alta”, referindo-se a região costeira e a de tabuleiros
respectivamente.

Figura 2 - Mapa urbano do município de Maceió com destaque as áreas de atuação da Limpel. Fonte: Adaptado
do banco de dados da empresa pesquisada.

A cidade baixa é a região mais antiga do município. Possui os principais bairros


nobres, malha viária praticamente toda pavimentada, equipamentos turísticos, grande parte da
infra-estrutura bancária e centros comerciais. Na cidade alta encontramos bairros dormitórios,
vias estreitas, muitas sem pavimentação, a maioria das favelas e moradias suburbanas.
18

Na área de atuação da Limpel a coleta de resíduos ocorre três vezes por semana em
todos os bairros, a exceção do bairro do Centro onde esta passa a ser diária por causa do
expressivo comércio e conseqüente incremento de descartados. Para atender toda a sua região
a empresa disponibiliza 12 (doze) veículos coletores do tipo compactador além de outros do
tipo caçamba basculante, minivans etc. No Conjunto Benedito Bentes é utilizado apenas um
veículo coletor com apoio esporádico de outros equipamentos.
19

IV. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


Este capítulo apresenta os principais conceitos teóricos necessários ao
desenvolvimento desse trabalho. Inicia-se com a definição dos sistemas de limpeza urbana e
segue de forma sucinta com os demais temas.

4.1 Serviços de limpeza urbana no contexto brasileiro

Apenas a partir da promulgação da Constituição Federal foi possível regimentar as


atividades ligadas ao manejo dos resíduos sólidos em todo o país. Os instrumentos jurídicos
podem ser empregados para elucidar os marcos mais recentes aplicados gestão dos sistemas
de limpeza urbana. Para início, cita-se o 255º artigo da Constituição:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso


comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.

O artigo rege todo o direito ambiental brasileiro e originou as demais leis que
regulamentam as atividades ligadas ao manejo de resíduos sólidos, com destaque para a lei de
nº 6.938/81 sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins, mecanismos de
formulação e aplicação. A lei possui vários aspectos que podem ser usados quando da
formulação de uma política voltada ao manejo dos resíduos, como as atividades de
planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais e da educação ambiental em todos
os níveis do ensino, inclusive a educação ambiental informal inserida e aplicada a
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Além deste instrumento basilar da magistratura podemos citar, como marco regulatório, a Lei
de Crimes Ambientais de 1998, o Estatuto das Cidades de 2001 e a Lei do Saneamento (lei nº
11.445, de 5 de janeiro de 2007). Essa última define a limpeza pública, em seu 3º artigo,
como:

Conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta,


transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo
originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas.
20

Outra lei associada aos sistemas de coleta de resíduos sólidos é a nº 8.666/93. O


instrumento regulamenta o artigo 37º, inciso XXI, da Constituição e institui normas para
licitações e contratos administrativos. A importância desta lei deve-se a prática de
terceirização dos serviços públicos incrementada após o desmantelamento do Estado
Desenvolvimentista existente entre o período Getulino e a abertura neo-liberal promovida
pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Para se ter uma idéia da importância da
terceirização para o segmento de limpeza é prudente citar os dados da pesquisa da ABRELPE
(2005, p. 86), Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais,
em 111 (cento e onze) municípios brasileiros com mais de 50.000 (cinqüenta mil) habitantes:

...o item modalidade de execução dos serviços... revelou que 69,3% da


população total dos municípios é atendida integralmente pela iniciativa privada e
que outros 26,3% dessa população diz respeito a modalidades com participação
predominante da iniciativa privada. A somatória desses percentuais corresponde
a uma população de aproximadamente 55 milhões de habitantes.

É essencial destacar as resoluções do CONAMA, Conselho Nacional de Meio


Ambiente, de nos 5 de 15/06/88 e de 05/08/93. A primeira sujeita ao licenciamento, no órgão
ambiental competente, as obras de sistema de limpeza urbana. A última dispõe sobre a
destinação final de resíduos sólidos e define normas mínimas para o seu tratamento. O artigo
1º desta resolução define lixo conforme a NBR, Norma Técnica Brasileira, no 10.004, da
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas.

A noção de hierarquia de leis está ligada à Supremacia da Constituição. Assim, a


Constituição da República Federativa do Brasil é a lei maior do país. De acordo com o
Dicionário Aurélio (2001), a Constituição é a:

Lei fundamental e suprema dum Estado, que contém normas respeitantes à


formação dos poderes públicos, forma de governo, distribuição de competências,
direitos e deveres dos cidadãos, etc.; carta constitucional, carta magna.

Naturalmente, a carta magna regulamenta a forma geral das leis, sendo necessário
detalhar alguns de seus pontos, por isso, é presumido que existam instrumentos regulatórios
em escala inferior, dentre os quais podemos citar leis complementares, decretos, resoluções
etc. No artigo 59º da Constituição é possível identificar a hierarquia legislativa como: I -
21

emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V -


medidas provisórias; VI - decretos legislativos e; VII - resoluções.

Figura 3 - Legislação básica aplicada a sistemas de limpeza urbana. Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Para elucidar os temas a serem tratados nesta pesquisa tomam-se emprestados alguns
conceitos das ciências adjuntas, procurando esclarecer seus principais componentes,
princípios e limitações.

4.2 Gerenciamento dos serviços de limpeza pública

A resistência a holística ainda provoca algumas divergências entre o que deve ser
averiguado e o que deve ser descrito. A tendência de simplificar os fatos e não aprofundar
suas origens ou conseqüências pode ser atribuído, em parte, à supressão e banalização das
disciplinas e dos cursos de filosofia após as reformas do ensino médio promulgadas durante o
Regime Militar com o objetivo de desmantelar os movimentos estudantis (Coggiola, 2001).
22

Militares reservistas e aposentados, atuantes a época, apontam para preocupação do governo


com a estabilização do sistema político social após o período Costa e Silva e a ameaça de uma
guerra civil. Podemos definir esta ação como uma regulação estatal sobre a sociedade civil de
forma a mantê-la coesa e organizada mas com alguns reflexos negativos ainda presentes na
educação. A supressão de algumas matérias necessárias a análise crítica foi marginalizada
para toda uma geração nascida entre os anos de 1960 e 1980 e este pode ser um dos motivos
para a relativa falta de inovação e a tendência de simplificação ligada as atividade nos últimos
40 (quarenta) anos.

Em licitações, por exemplo, averigua-se que os projetos desenvolvidos por empresas


concorrentes possuem as mesmas características, senão o mesmo texto, o que evidencia a falta
de pesquisa e adaptação dos planos aos atributos locais. Em decorrência, nas fases de
execução e gerenciamento dos projetos são realizadas várias adaptações de modo a torná-los
mais condizente com a realidade, o que resulta em custos adicionais e possivelmente
evitáveis. No contexto, Lima (2001, p. 22) afirma que:

...o gerenciamento de resíduos exigem o emprego das melhores técnicas na busca


do enfrentamento da questão. A solução do problema dos resíduos pode envolver
uma complexa relação interdisciplinar, abrangendo os aspectos políticos e
geográficos, planejamento local e regional, elemento de sociologia e demografia,
entre outros.

No entanto, a constante tentativa de organizar o exercício da limpeza, de regulá-lo


conforme as necessidades momentâneas e a falta de ferramentas adequadas ao planejamento
de longo prazo comprovam que gerenciamento ainda possui grande falhas. Observa-se que
esta dificuldade também pode ter causa no padrão caótico de geração dos resíduos, o que
caracterizaria a limpeza urbana como um sistema dinâmico e auto-regulador.

4.3 Sistemas auto-reguladores

As noções de sistema auto-regulador surgiram no final da década de 40 nos Estados


Unidos com o advento da cibernética em conjunto com a Teoria dos Sistemas. A teoria
preconiza a organização abstrata de fenômenos independente de sua formação e configuração
presente e afirma que estes são abertos e sofrem interações com o ambiente onde estão
23

inseridos. As respectivas interações geram realimentações que podem ser positivas ou


negativas. A partir de uma interação gera-se uma nova, criando assim uma auto-regulação
regenerativa, que por sua vez cria propriedades que podem ser benéficas ou maléficas para o
todo. Por exemplo, num fluxo de informação apresentado na figura abaixo, a decisão sobre
qualquer etapa do processo afeta os demais.

Figura 4 – Exemplo de componentes dum sistema com características auto-regulador (desenvolvido pelo autor).

Assim, a análise de um resultado afeta o planejamento que, por sua vez, reflete sobre a
execução e, conseqüentemente, nos resultados que demandarão uma nova avaliação. O ciclo é
contínuo e recebe influência no ambiente externo com tendência sempre ao equilíbrio. A está
rede de interação dá-se o nome de sistema. O conjunto dessas interatuações pode ser
explicada pela Teoria dos Sistemas.

O conceito de Teoria dos Sistemas é amplamente aplicado nos estudos sobre auto-
regulação que nada mais é do que a capacidade que todo organismo tem de se reequilibrar
para adaptar-se às diferentes condições do meio. É esta capacidade que garante a satisfação
das necessidades vitais dos seres vivos. Conforme aborda Milaré (2001, p.2) o equilíbrio é:
24

...um requisito para manutenção da qualidade e das características essenciais do


ecossistema ou de determinado meio... o equilíbrio ecológico supõe mecanismos
de auto-regulação ou retroalimentação nos ecossistemas.

Outro conceito inserido na década de 70 para o estudo de sistemas auto-reguladores


foi o de autômato celular criado pelo matemático britânico John Horton Conway. O seu
trabalho, conhecido como Jogo da Vida, foi apresentado ao público através da edição de
Outubro de 1970 da Scientific American, na coluna de jogos matemáticos de Martin Gardner,
abrindo o campo da pesquisas para software que recriavam processos do mundo real, mais
conhecidos atualmente como simulações. O jogo segue as regras de um conjunto de
algoritmos pré-definidos com resultados tornam-se previsíveis, mas também aleatórios.

Figura 5 - Exemplo de colônias de células formadas a partir da aplicação do Jogo da Vida de Conway. Adaptado
de WILBERGER, 1996

No mesmo período foi criado um novo ramo investigativo conhecido por Autopoiese.
O termo foi cunhado pelos chilenos Maturana e Varela (1997) para nomear a
complementaridade fundamental entre um sistema vivo e a sua estrutura. As pesquisas destes
biólogos apontaram uma definição de vida como sendo a autonomia e constância de uma
determinada organização das relações e os elementos constitutivos desse mesmo sistema. A
25

organização autopoiética é auto-referencial no sentido de que a sua ordem interna é gerada a


partir da interação dos seus próprios elementos e auto-reprodutiva no sentido de que tais
elementos são produzidos a partir dessa mesma rede de interação circular e recursiva.

A proposta da teoria parte da observação de determinado objeto pela interação de seus


elementos, possibilitando, assim, a construção de um arcabouço científico embasado nas
relações entre estes e as funções exercidas no todo comunicativo do sistema. Essa construção
conceitual foi rapidamente difundida e começou a ser empregada em outras áreas do
conhecimento até ser introduzida nas ciências sociais.

Os conceitos explicitados sugiram do emprego de ferramentas mais confiáveis para


medição e reprodução dos eventos analisados, do acesso à informação facilitado pela
publicação de periódicos e do surgimento da Internet, criando a base para a Sociedade da
Informação.

4.4 Sociedade da informação

A sociedade de informação é a conseqüência da explosão informacional provocada,


sobre tudo, pela disseminação da informação e do conhecimento, resultado da 3 a revolução
industrial, ou revolução da informática, ocorrida ainda na década de 60 do último século. A
revolução só foi possível graças ao momento extremamente favorável a economia capitalista
mundial (Farah Júnior, 2000) e caracterizou-se pelo emprego do binômio
informática/robótica, implicando na difusão da automação dos processos produtivos dos
países centrais da economia capitalista.

Neste contexto, a sociedade caracteriza-se pelo elevado número de atividades


produtivas que dependem da gestão de fluxos informacionais aliado ao uso das novas
tecnologias de informação e comunicação, tendo como conseqüência o surgimento de
comportamentos sociais padronizados ou, ao menos, muito semelhantes. O fenômeno é
atribuído ao crescimento da mídia e a disponibilidade de informação a qualquer um e a
qualquer momento. A partir de então, o homem passou a ter mais autonomia como
conseqüência desta commodity (Friedman 2005).
26

Figura 6 - Fontes usuais de informações (desenvolvido pelo autor).

Assim, é possível cada um encontrar exatamente o que quer, o que deve contribuir
para a redução de diferenças entre comunidades e o abandono de conceitos locais,
considerados ultrapassados pela cultura dominante. É a chamada revolução do conhecimento
também defendida por autores como Anderson (2006). O fenômeno sistêmico e pode ser
descrito como auto-regulador já que é do tipo efeito-causa. O impacto desta revolução se faz
visível nas preferências e anseios dos jovens nascidos depois do colapso dos regimes
socialistas e comunistas mundiais e gerou ramos privados de pesquisa que trabalham
exclusivamente com coleta, tratamento e análise de informação.

4.5 Inteligência competitiva

A palavra inteligência causa uma série de equívocos. A inteligência, longe de sua


definição formal, é a capacidade de um ou de um conjunto de indivíduos de processar
informação e transformá-la em conhecimento. A Informação e conhecimento, apesar de serem
muito utilizadas como sinônimos possuem definições bem diferentes.
27

A Informação é uma mensagem que indica o estado ou situação de um sistema


qualquer. O conteúdo da informação pode ser bem específico ou disperso e, se isolado, não
oferece nenhuma vantagem para quem a detenha. Por outro lado, o conhecimento é um
conjunto de informações que habilita o seu detentor executar ações coordenadas e com
resultados previsíveis.

A inteligência surge da habilidade de gerar conhecimento. A atividade tem origem


militar e já era mencionada nos manuscritos do general Tzu (2007) na china antiga. A
inteligência permaneceu como atividade exclusivamente governamental até o início da
revolução industrial, quando alguns peritos começaram a copiar projetos de máquinas a vapor,
dando origem ao termo espionagem industrial, tão corrente nos dias de hoje.

Em sua concepção, as atividades de inteligência serviam para manter os Estados


informados sobre possíveis ameaças a sua segurança. As ações se mantiveram presentes e
tiveram grande importância no decorrer de guerras (Ambrose, 2002) e demais conflitos
chegando o seu ápice no período de 1947 a 1989 no transcorrer da Guerra Fria. Com o fim da
União Soviética também houve o enfraquecimento das Agências de Inteligência
Governamentais como a KGB - Komitet Gosudarstvenno Bezopasnosti na URSS, a CIA -
Central Intelligence Agency nos EUA e do SNI – Sistema Nacional de Inteligência no Brasil.

Platt (1967) considera que as atividades de inteligência sempre foram instrumento de


poder e dominação ao longo da história, daí a sua íntima ligação com poderes governamentais
e seu incremento nos períodos ditatoriais ou de conflitos nacionais e sua recente adoção em
ramos privados.

Historicamente, a inteligência sempre esteve associada a termos como espionagem e


meios ilícitos, provavelmente por isso, há um estigma de rejeição e até de fantasia em relação
ao tema. Contudo, com a explosão da sociedade informatizada e o livre acesso a informação
houve a necessidade de se repensar esse conceito. Hoje existe tanta informação veiculada
pelas mídias e internet que é difícil selecionar e transformar esse conjunto de dados algo
realmente útil (Kurz, 2002). A imensa quantidade de informação a e necessidade de filtrá-la
proporcionaram o surgimento de novos nichos de mercado como a versão privada da
inteligência, conhecida como a Inteligência Competitiva ou IC. Teóricos como Tarapanoff
(2001) defendem-na como uma nova metodologia para o planejamento e administração
estratégica das organizações e para sua tomada de decisão.
28

Ainda que desperte desconfiança na sociedade e organizações, a IC encontra-se em


plena expansão no cenário mundial, com processos bem avançados na região sudeste e sul do
nosso país onde, recentemente, foi criada a Associação Brasileira de Analistas de Inteligência
Competitiva – ABRAIC , na cidade de São Paulo/SP.

4.6 Espaço Geográfico

A Geografia é uma ciência que tem por objeto de estudo o espaço produzido através
das relações entre o homem e o meio, envolvendo aspectos dialéticos e fenomenológicos. É a
ciência que estuda a distribuição e a ordenação dos elementos na superfície terrestre. Para La
Blache9, a geografia era a ciência dos lugares, já para Hartshorne10 era a ciência da
diferenciação de áreas. A partir destas afirmações pode-se perceber que esta possui vários
conceitos e especialidades mas nada causa tamanho descontentamento entre seus teóricos do
que a segregação da ciência em Física e Humana.

A geografia física se dedica a geomorfologia. Utiliza a geologia para estudar a forma e


a estrutura da superfície terrestre; climatologia, em que se encontra a meteorologia;
biogeografia, que utiliza a biologia e estuda a distribuição da vida animal e vegetal; geografia
dos solos, que estuda sua distribuição; hidrografia, que se ocupa da distribuição dos mares,
lagos, rios e arroios em relação à sua utilização; oceanografia, que estuda as ondas, as marés,
as correntes dos oceanos e os fundos marinhos, e a cartografia.

A geografia humana abrange todas as fases da vida social em relação ao meio físico: a
geografia econômica, a geografia política, que é uma aplicação da ciência política, visto que
estuda as atividades sociais dos seres humanos que estão diretamente relacionadas às
localizações e aos limites das cidades, Estados e grupos de Estados. Existem muitos outros
campos na geografia humana como a etnografia, a histórica, a urbana, a demografia e a
lingüística.

Mas Lacoste (1988) afirma que a geografia não deve ser compreendida como uma
ciência isolada ou um conjunto de especialidades desconexas e sim como uma amálgama de
conhecimento a ser utilizado para auxiliar o homem a compreender o espaço em que vive,
auxiliando na eficiência e racionalidade de suas ações. A geografia pode ser considerada uma

9
Fundador da moderna Geografia Francesa e da Escola Francesa de Geopolítica.
10
Geógrafo Estado-Unidense de grande influência na ciência espacial do Século XX.
29

ferramenta de inteligência, própria para análise espacial dos acontecimentos presentes nas
atividades humanas e demais processos psicossociais.

4.7 Psicologia Social

A psicologia é definida como a ciência do comportamento. Seu principal objetivo é


estudar a mente do ser humano sob a ótica das emoções. Esse ramo de pesquisa surgiu a partir
do desmembramento da filosofia e suas raízes podem ser localizadas na Grécia dos filósofos
Sócrates, Platão e Aristóteles, os primeiros a levantar questionamentos e reflexões
fundamentais sobre o funcionamento da mente. Porém, enquanto ciência, a psicologia só
surgiu no ano 1734, quando Christian Wolff empregou este termo para significar uma
disciplina, então parte do curso de filosofia. Sua disciplina “Psichologia Rationalis” era a
parte da filosofia que estudava a natureza e as faculdades da alma (Heidbreder, 1981). Desde
então vários ramos de estudo surgiram, se destacando dentre estes a psicologia Gestalt.

Os psicólogos da Gestalt acreditamm que as experiências trazem consigo uma


característica de totalidade ou de estrutura, o que nos remete a teoria sistêmica. A Gestalt
surgiu como forma de protesto contra o estruturalismo, visto como fraco por reduzir
experiências complexas da natureza humana a elementos simples em sua obsessão pela
precisão e pelo comportamento observável, os behavioristas também foram culpados e
criticados por essa prática segundo Davidoff (1983).

Já a Sociologia se firma como ciência do comportamento humano em função do meio,


mas analisa os processos que interligavam o indivíduo em associações, grupos e instituições.
Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela Psicologia, a Sociologia estuda os
fenômenos que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em grupos de tamanhos
diversos e interagem no interior desses grupos.

Os dois processos de investigação firmaram-se como técnicas autônomas, com objetos


e métodos específicos, apresentando posições opostas na dimensão indíviduo-sociedade,
cabendo à psicologia o estudo de disposições e à sociologia o estudo das representações
sociais.

A psicologia social surgiu como uma tentativa de explicar e compreender o modo


como o pensamento, o sentimento e o comportamento dos indivíduos são influenciados pela
30

presença real, imaginada ou implícita em virtude de sua posição numa estrutura social
complexa e de sua presença neste mesmo grupo (Allport, 1954), ou seja, analisa a interação
entre indivíduo e sociedade e procura articular a regularidade com a ação, percebendo como a
estrutura a condiciona e esta produz a estrutura.

4.8 Teoria dos Jogos

A teoria dos jogos provém da matemática e remontam as pesquisas descritas no século


XVIII. A teoria escreve qualquer ação como uma concorrência onde indivíduos ou conjunto
destes que buscam ganhos, ou seja, considera a tentativa de compensar o desequilíbrio de
algum sistema como motivação das partes envolvidas e fornece uma solução para se atingir
equilíbrio (Santini et al, 2004). Até pouco tempo o equilíbrio dado pelos modelos eram
restritos a situações onde os jogadores cooperavam entre si, ajudando-se mutuamente. Porém,
o grande salto dado pela teoria ocorreu a partir da teoria dos jogos não-cooperativos elaborada
na década de 50 por John Forbes Nash Junior. Nela, um jogo é descrito como a competição
entre um número finito de jogadores com um objetivo comum. Lage e Lima (2005) definem a
vida em sociedade como um grande jogo, ou ainda, como uma série simultânea deles.

A teoria foi muito bem aplicada para descrever o equilíbrio de forças entre a URSS e
ao EUA durante o período pós-guerra e aplica-se a economia, planejamento e outros
segmentos da sociedade.

Para desenvolver modelos adequados a teoria dos jogos torna-se necessário enumerar
todos os itens presentes, desde jogadores a fatores sócio-ambientais. A necessidade de obter
todos os dados, senão os principais, o que torna a teoria restrita a poucos acadêmicos.
Hammerstein (1998) defende que são necessárias três informações para elaboração de um
cenário de competição:

Quem está envolvido no jogo;


Quais são as ações possíveis e;
Como o sucesso de cada indivíduo depende do comportamento dos outros.

Na biologia, por exemplo, a teoria dos jogos é aplicada com o conceito de evolução.
Nesta ótica os indivíduos (primeira informação) possuem uma série de estratégias possíveis
para aumentar sua chance de reprodução (segunda informação). Com o passar do tempo só
31

sobreviverão os organismos mais adaptados ao meio, restando apenas e eliminação dos


demais (terceira informação).

Figura 7 - Tela do simulador evolutivo Gene Pool, versão 5.0 onde a teoria é aplicada a sistemas biológicos.
Simulação realizada pelo autor.

A teoria dos jogos na biologia é uma importante ferramenta de estudos sobre a


evolução dos comportamentos de animais e do próprio ser humano. O sistema se realimenta
constantemente formando ciclos evolutivos com resultados imprevisíveis, caóticos e
complexos.
32

4.9 Caos e complexidade

Até a década de 50 muitos fenômenos não podiam ser previstos por leis matemáticas e
eram conhecidos até então como fenômenos caóticos11. Estavam presentes neste grupo as
medições climáticas estudadas por Lorenz ao assumir a cadeira catedrática do Departamento
de Meteorologia do Boston Tech. Naquela época a meteorologia empregava processos
estatísticos mais baseados em dados históricos do que em princípios físicos (Oliveira e
Mendes, 2006). A previsão era linear e seus valores eram tidos como uma constante. Lorenz
propôs previsões a partir de equações não-lineares, o que significava que as equações
deveriam apresentar soluções não-periódicas, ou seja, que cada variável assumiria os valores
apresentados como resultado de um ciclo anterior.

O atrator de Lorenz para valores diferentes de ρ

ρ=14, σ=10, β=8/3 ρ=13, σ=10, β=8/3

ρ=15, σ=10, β=8/3 ρ=28, σ=10, β=8/3

Figura 8 – Resultados obtidos em atratores de Lorenz a partir de mudanças de dados. Fonte: Wikipédia,
http://pt.wikipedia.org/wiki/Atractor_de_Lorenz, acessado no dia 07/07/2008

11
Neste caso ainda se associava o termo a fenômenos sem explicação, de desordem total ou parcial.
33

Numa equação caótica, uma pequena mudança nos dados iniciais poderá resultar em
diferentes resultados em estados posteriores. Esta característica fora descoberta
acidentalmente pelo próprio Lorenz anos mais tarde ao arredondar as casas decimais das
variáveis utilizadas em seu estudo original.

Por causa de sua sensibilidade a interferências externas e sua capacidade de auto-


alimentação a teoria vem sendo aplicada com o objetivo de compreender as flutuações
irregulares encontradas em sistemas naturais. Sua regra básica afirma que a evolução de um
sistema dinâmico depende crucialmente de suas condições iniciais. Uma mesma simulação
poderá assumir resultados totalmente diferentes de um anterior.
34

V. SISCOE: METODOLOGIA PRÁTICA PARA COLETA E TRATAMENTO DE


DADOS

No ano de 2002 a Limpel começou a investir em softwares para auxiliar a gestão de


dados em seus empreendimentos. Nesta época a operação do sistema de coleta de resíduos do
recém adquirido contrato de Manaus/AM necessitava de readequações. O Departamento
Técnico solicitou a superintendência uma cópia do banco de dados da filial para análise dos
registros para identificar os parâmetros de produtividade. A superintendência enviou os dados
relativos a três meses de operação, período decorrido desde a implantação até a data da
solicitação. Contudo, a avaliação estatística preliminar apontou para a inconsistência dos
dados. Os erros mais comuns correspondiam a troca de unidades e preenchimento incorreto
dos registros no software empregado para este fim na época. Na verdade, esse era uma
adaptação de um sistema utilizado para gerenciar frotas de ônibus.

5.1 Desenvolvimento do banco de dados

Diante da ausência de um banco de dados adequado foi elaborada uma proposta para o
desenvolvimento de outro, nas instalações da empresa. Os tipos de registros, advindos da
CDC12, e a relativa simplicidade do banco a ser desenvolvido fez com que o Departamento
Técnico lançasse uma proposta de desenvolvimento a diretoria. Com sua aprovação fora
adotado o Microsoft Access, versão 2000 e, após três meses, uma primeira versão fora
implantada no município de Maceió.

A denominação inicial do banco de dados foi de Sistema de Controle, ou Siscoe como


veio a ser mais conhecido. O algoritmo13 e as restrições aplicadas inicialmente ao Siscoe
apresentaram-se de forma satisfatória, mas com o tempo, a facilidade em gerar relatórios
gerenciais contendo médias, produções e pesos totais aumentaram a exigência da gerência
operacional ao banco de dados. Já não era desejável, por exemplo, que um relatório sobre
produtividade de veículos fosse impresso, obrigatoriamente com todos os veículos da filial ou
determinado grupo de indivíduos. Desse modo, fora desenvolvida uma nova versão.

12
Referente a Controle Diário de Coleta, ficha entregue aos motoristas de veículos no início de cada jornada de
trabalho.
13
Conjunto de processos (e símbolos que os representam) para efetuar um cálculo. Basicamente, um algoritmo é
um conjunto de passos a serem seguidos para a resolução de um problema.
35

Figura 9 - Tela principal do SiSCOE, em sua 2ª versão. Fonte: Limpel Limpeza Urbana Ltda.

A diferença entre a antiga e a nova versão estava na manipulação dos relatórios. Cada
veículo podia ter histórico individual, o mesmo para setores de coleta, agentes de limpeza e
etc. O cadastro de empresas subcontratadas, serviços equipamentos também foi reformulado,
o que aumentou a eficiência do banco de dados, agora chamado de Sistema de Controle
Estratégico.

Atualmente há uma nova versão em desenvolvimento numa linguagem de


programação mais confiável.

5.2 Aplicações

Através do sistema é possível gerar diversos relatórios, importantes para as atividades


de fiscalização, planejamento e gerenciamento voltado á otimização e a redução dos custos.
As informações geradas podem ser aplicadas imediatamente ao:
36

Controle da execução do serviço: Indica se os serviços ou as rotas foram realizados


em relação a programação;
Controle de tempo de percurso: Analisa e quantifica o tempo diário ou médio para
determinado período gasto para a coleta de resíduos num determinado setor;
Controle de velocidade: Apresenta a velocidade média de coleta e de transporte dos
resíduos aos pontos de destinação final;
Identificação de padrões de comportamento: Realizada a partir da análise conjunta
de dois de seus relatórios, onde é possível descobrir como cada variável atua no
conjunto;
Análise de Fraudes: Realizada a partir de análise conjunta de três relatórios para
identificar desvios intencionais de rotas, geração de horas extras intencionais,
consumo anormal de combustíveis etc.

Demais relatórios podem ser obtidos por meio do cruzamento dos dados presentes no
sistema, aumentando a possibilidade de modificar ou incrementar sua aplicação.

5.3 Estrutura básica

O banco de dados esta dividido em quatro módulos: Cadastro; Operação; Relatórios e


Projeção. Cada módulo possui uma função específica. O cadastro, por exemplo, fornece dados
básicos para a operação que, por sua vez, fornece os dados para os relatórios e a projeção.

O cadastro possui todos os dados referentes a funcionários, com nome, matrícula e


função. Na primeira versão havia mais campos como RG, idade etc, mas logo se percebeu que
não possuíam aplicação prática para a operação, sendo eliminados. O mesmo procedimento
foi tomado a todos os demais campos que não utilizados nos cálculos de rendimento de
setores de coleta, o que reduziu consideravelmente o tamanho do algoritmo empregado.

A Operação consiste em tela com uma CDC em formato eletrônico. O operador do


sistema deve lançar os dados no formulário. Esse é um dos módulos mais importantes, pois a
partir dele são gerados os relatórios gerenciais.

O módulo de relatórios busca as informações inseridas no banco de dados e os


compilam de modo a identificar as produtividades por setores, veículos, turnos ou outros
dados como horas trabalhadas, horas extras. Alguns índices, obtidos a partir de cálculos
37

simples de divisão como, por exemplo, tonelada de resíduos coletado por hora, foram
adicionados para auxiliar o gestor do serviço a tomada de decisão.

Figura 10 - Componentes básicos do Siscoe. Fonte: Desenvolvido pelo autor.

O último módulo é o de projeção. Os dados básicos da CDC são novamente utilizados


para gerar projeções de serviços, principalmente com relação à tonelada a ser coletada para os
próximos dias, semanas, meses etc. A projeção baseia-se em cálculos lineares e no histórico
dos formulários, cabendo ao gestor escolher qual período a ser utilizado para o banco de
dados baseando sua projeção.

5.4 Limitações da versão 2 do SiSCOE

O sistema, em sua atual versão, possui algumas limitações quanto ao tratamento dos
dados. A começar pela capacidade de armazenamento do Access. Existe uma infinidade de
softwares destinados a resolver este problema. Porém, a facilidade de seu uso o transformou
numa ferramenta adequada as necessidades da época de sua concepção.
38

14
Os cálculos executados pelo Access seguem uma lógica booleana e permitem o
emprego de equações matemáticas básicas, mas isso impede que outros procedimentos mais
complexos sejam executados. Contudo, a opção de exportar os dados para formato Excel,
Dbase ou texto separado por tabulações permite que sejam aplicados vários procedimentos
mais adequados. As informações, quando devidamente tratadas podem ser empregadas para o
desenvolvimento de análises com o objetivo de gerar conhecimento estratégico, pois,
conforme Pineda (2004, p.6):

A informação e um insumo básico para a geração de pensamento estratégico.


Esta informação é proveniente tanto do contexto interno quanto do entorno –
ambiente externo.

Desse modo, associar as informações do SiSCOE a outras fontes de informações pode


gerar um novo tipo de conhecimento adequado as necessidades presentes e futuras, não
apenas da Limpel, mas de qualquer empresa ou gestor do ramo da limpeza pública.

5.5 Tratamento de Informações do SISCOE

A fonte primária de dados para a pesquisa é composta pelo banco de dados dos setores
de coleta. Nesta etapa, considerada como a primeira fase explorativa do trabalho, foi avaliado
o histórico da cada dia de trabalho e como os diversos atributos inseridos no SiSCOE se
interligam, ou seja, pretendeu hierarquizar e organizar dados para se estabelecer uma rede
estruturada de interligações. Para tal fim aplicaram-se ferramentas estatísticas.

A estatística é um método utilizado para observação de fenômenos similares com


identificação de características comuns, seja por forma direta com a comparação de dados,
seja indireta, através da influência sobre outros. Esta ciência estuda a probabilidade de
ocorrência de um fenômeno e o seu comportamento ao longo do tempo. As observações
podem ser executadas de forma descritiva, quando os conjuntos de dados oferecem as suas
próprias conclusões, ou indutiva, quando a pesquisa ultrapassa os limites de dados fornecidos.

14
O matemático inglês George Boole (1815-1864) publicou em 1854 os princípios da lógica booleana, onde as
variáveis assumem apenas valores 0 e 1 (verdadeiro e falso). A lógica booleana foi usada na implementação de
circuitos elétricos internos a partir do século XX.
39

5.6 Considerações sobre a preparação dos dados

Não se deve empregar apenas a estatística para investigar os dados fornecidos pelo
Siscoe. Apesar de ser a ferramenta mais utilizada nesta fase do trabalho e a base para toda a
análise deve-se frisar que esta não dá nenhuma certeza, apenas probabilidades. Os resultados
apenas devem sugerir como é o comportamento e a associação entre as variáveis, mas não as
suas causas. Neste caso aplica-se a estatística indutiva. Outro fator é sobre a veracidade dos
dados. Os cálculos estatísticos só apresentarão resultados corretos se os dados assim o forem.

Além dos passos citados, é necessário que o enquadramento teórico do estudo esteja
bem delimitado, pois uma análise indevida provocará conclusões erradas. Deste modo, para
iniciar um bom trabalho investigativo é fundamental desenvolver um bom guia para pesquisa.
Para isso é necessário seguir uma seqüência de passos que poupará tempo e esforço.

5.6.1 Delimitação dos setores pesquisados

Por motivos éticos já explicitados anteriormente, só serão utilizados os dados


referentes a Conjunto Habitacional Benedito Bentes, equivalentes aos setores C-11, C-12, C-
19 e C-20 de acordo com a nomenclatura fornecida pela Limpel. Estes setores possuem
freqüência alternada em turnos diurnos e noturnos como apresentado na tabela a seguir:

Tabela 2 – Setores de coleta presentes no Conjunto Benedito Bentes


Setor Freqüência/Turno Dias da semana
C-11 Alternada – Diurna Terça-feira, quinta-feira e sábado
C-12 Alternada – Diurna Segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira
C-19 Alternada – Noturna Terça-feira, quinta-feira e sábado
C-20 Alternada – Noturna Segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira

Fonte: Limpel Limpeza Urbana Ltda

O conjunto é, na maioria das vezes, atendido pelo mesmo veículo, o que reduz a
quantidade de variáveis a serem exploradas com relação a este item.
40

5.6.2 Tipo de dados

A seleção dos dados no MS Excel ocorreu a partir da aplicação de filtros, eliminando


todos os registros referentes a outros setores de coleta. Depois deste procedimento restaram
apenas 698 (seiscentos e noventa e oito) registros, equivalente a 2 registros diários durante
todo o período. A planilha possui 105 (cento e cinco) tipos diferentes de variáveis agrupadas
numa matriz de 698 x 105, ou seja, possui 73.290 (setenta e três mil, duzentos e noventa)
registros organizados em Sistema Interno, Ambiente Externo e Sistema Externo.

Para reduzir a quantidade de variáveis optou-se por retirar os dados referentes a


quebras de veículos e demais dados a partir da 3ª (terceira) viagem. Esta ação também foi
reforçada pela necessidade de preservar algumas informações da empresa.

Os dados foram distribuídos nos três grupos de variáveis de acordo com a sua natureza
como apresentado na tabela abaixo:

Tabela 3 – Grupo de variáveis e sua classificação.


Sistema Interno Ambiente externo Sistema Intermediário
Veículo Data Setor
Turno de coleta Peso Coletado Horários
Equipe Distâncias Avarias

Fonte: próprio autor

O Sistema Interno corresponde aos fatores de gestão e capacidade técnico-financeira


da empresa. São as variáveis independentes dos ambientes e sistemas externos. Os veículos,
formado por caminhões compactadores, possuem características individuais como capacidade
de carga, consumo de combustíveis, tamanho etc. Os turnos de coleta, diurno ou noturno, são
escolhidos de acordo com análise técnica local.

Turnos diurnos são indicados para locais de difícil acesso, zonas residenciais e com
pouca infra-estrutura. Neste caso a luz do dia auxilia a coleta assim como protege o agente de
limpeza de possíveis acidentes por baixa visibilidade. Turnos noturnos são indicados para
locais de boa acessibilidade, iluminação e para trechos comerciais. Para a ABES/SC (p.31,
2000) “a regra fundamental para definição do horário de coleta consiste em evitar ao máximo
perturbar a população”. A equipe de coleta é outro fator seletivo. Aparentemente existem duas
41

tendências: De se aplicar pessoal mais produtivo em setores com mais resíduos e; De formar
equipes mistas juntando pessoas mais produtivas com menos produtivas na tentativa de se
equacionar as produtividades.

O Ambiente Externo é formado por variáveis naturais, ou seja, não podem ser
controladas pelo gestor dos serviços. Franco (2007) entende que o equilíbrio não é estático
mas se altera constantemente para se adaptar as mudanças do ambiente social e econômico
além de outros. A data é invariável mas está inserida nesta classificação por corresponder ao
tempo onde o equilíbrio ocorre e também está sujeita a épocas do ano, estações etc. As
distâncias percorridas estão relacionadas a malha viária, trânsito e a acessibilidade local
(necessidade ou não de desviar rotas etc).

O Sistema Intermediário surge da interação entre os sistema e ambiente internos


possuindo características dependentes de uma ou mais variáveis. Os setores de coleta podem
possuir seus limites dimensionados pelos técnicos da empresa mas a produção de resíduos
estará ligada a características populacionais. Os horários, incluindo o de coleta e término de
viagens, são relacionados às características dos veículos, das equipes e do meio ambiente. As
avarias ou quebras surgem da interação do veículo com o setor de coleta.

Após a definição dos grupos de variáveis é necessário testá-las para averiguar quais
devem ser incluídas e quais devem ser aplicadas para uma análise dos serviços de coleta. Para
isso cabe, inicialmente, a eliminação de dados espúrios da amostra.

5.6.3 Eliminação de dados espúrios

De acordo com o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, espúrio possui


como sinônimos os termos “falsificado, adulterado ou modificado”. Dados espúrios são
informações que estão distorcidas ou fora da realidade. Numa amostra estatística é necessário
identificar os dados espúrios para que estes não falseiem os resultados. Para este fim aplica-se
um histograma para identificação da moda da amostra. É importante ressaltar que dados
espúrios pode ser indícios de fraudes ou outro tipo de situação anormal, contudo, esse foco
não será dado ao presente estudo por motivos já descritos.
42

A moda indica qual a freqüência que determinado dado ocorre numa amostra.
Segundo Ribeiro (1998), a moda é o valor que ocorre com maior freqüência e utiliza a
distribuição de freqüências de King, Czuber e Pearson. No gráfico abaixo, por exemplo, a
moda encontra-se entre os valores do horímetro dos veículos do setor C-11 encontram-se
entre 8 (oito) e 10 (dez) horas por dia.

Histogram (c-11 56v*184c)


70

60

50

40
No of obs

30

20

10

0
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
HORIMETR

Figura 11 – Histograma com distribuição de amostras

Além de indicar onde os dados se concentram, a moda possui boa aplicação para
sugerir quais as flutuações de valores e não se deixa influenciar por valores extremos como no
caso de algum dado que esteja fora dos padrões.

A Mediana também auxilia na interpretação do gráfico e indica o ponto central da


série. Num Sino de Gauss, a Mediana corresponde ao ápice da curva, ou seja, corresponde a
média dos valores. A mediana e a moda são muito semelhantes mas Ribeiro (1998) defende
que a moda é menos empregada, sendo adequada para caracterizar situações onde estejam em
causa os valores mais freqüentes.
43

Histogram (c-11 56v*184c)


HORIMETR = 173*2*normal(x; 8,7902; 2,9636)
70

60

50

40
No of obs

30

20

10

0
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
HORIMETR

Figura 12 – Sino de Gauss sobre histograma

Além de indicar a mediana, o sino de Gauss também indica a variância da amostra.


Esta é uma medida de dispersão de valores em torno de uma média e destina-se a verificar a
exatidão dos dados verificados. O cálculo do desvio padrão é aplicado quando procuramos um
parâmetro estável que reflita a consistência dos dados. O desvio padrão 1 pode, por exemplo,
indicar onde está a variação mais provável das amostras. Alvarenga e Novaes (1994, p.21)
explicam o uso prático da média e do desvio padrão. Para estes autores:

O desvio padrão é muito útil para se estimar faixas de variação prováveis da


variável, no caso de distribuições normais ou aproximadamente normais.

Se considerarmos a área abaixo da curva normal (sino de Gauss), e limitada por


um desvio padrão de cada lado do valor médio, teremos uma cobertura de 68,3%
da área total.
44

Com estas ferramentas é possível remover todos, ou senão grande parte, dos dados
espúrios da amostra, reduzindo a chance de gerar resultados errôneos sobre as medidas. Como
exemplo pode-se analisar os gráficos representados na figura abaixo. O histograma B
apresenta uma sensível diferença em sua média após a eliminação dos dados espúrios
presentes entre os valores -2 e 0 do histograma A.

Histogram (benetito bentes 55v*698c) Histogram (benetito be ntes 55v*698 c)


180 1 80

160 A 1 60 B
140 1 40

120 1 20
No of obs

100 1 00

80 80
No of obs

60 60

40 40

20 20

0 0
-4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
PESO_LQ1 PESO_LQ1

Figura 13 – Exemplo de eliminação de dados espúrio de amostra

O processo foi realizado sobre as variáveis presentes no banco de dados. A partir dele
foram identificadas as médias e desvios padrões.
45

VI. A DINÂMICA DE COLETA DE RESÍDUOS

A coleta de resíduos sólidos domiciliares e comerciais é uma das atividades mais


importantes de um programa de limpeza urbana e também o de custos mais expressivos pois é
o que utiliza os equipamentos mais complexos de todo o sistema de coleta . Para Monteiro et
al (2001, p.61):

Coletar o lixo significa recolher o lixo acondicionado por quem o produz para
encaminhá-lo, mediante transporte adequado, a uma possível estação de
transferência, a um eventual tratamento e à disposição final... A coleta do lixo
domiciliar deve ser efetuada em cada imóvel, sempre nos mesmos dias e
horários, regularmente. Somente assim os cidadãos habituar-se-ão e serão
condicionados a colocar os recipientes ou embalagens do lixo nas calçadas, em
frente aos imóveis, sempre nos dias e horários em que o veículo coletor irá
passar.

A metodologia operacional deve ser constantemente atualizada. Grande parte dos


manuais e artigos técnicos sempre enfatiza o peso coletado por um veículo e desconsidera
outros fatores como índices pluviométricos, época do ano etc. Na prática, isso não ocorre e a
avaliação deve levar em consideração outros fatores que podem ser agrupados em sociais,
econômicos e geográficos.

Figura 14 - Fatores a serem considerados para a gestão de sistemas de limpeza urbana. Fonte: Desenvolvido pelo
Autor
46

Estes fatores devem ser analisados e pertencem a um sistema aberto, ou seja, de


inúmeras variáveis. Os melhores manuais são categóricos e dividem todos os pontos a serem
averiguados do desenvolvimento de projetos voltados a limpeza urbana em quatro vaiáveis
fundamentais descritas na tabela a seguir:

Tabela 4 - Fatores que influem na limpeza urbana


Fator Exemplo
1. Climáticos Chuvas, Outono e Verão
2. Épocas especiais Carnaval, Natal, Ano Novo, Páscoa, Dia dos Pais, das Mães, Festas
Juninas, Eleições e Férias
3. Demográficos População urbana
4. Socioeconômicos Nível cultural, Nível educacional, Poder aquisitivo, Desenvolvimento
tecnológico, lançamento de novos produtos, Promoções de lojas
comerciais e Campanhas ambientais

Fonte: Adaptado de Monteiro, p 38 e 39

6.1 Planejamento das atividades

A coleta e transporte de resíduos sólidos, dentre as demais atividades de limpeza


pública, também é a que gera maiores reclamações quando da sua não realização. Caso estes
serviços não estejam dimensionados corretamente ocasionarão gastos excessivos através das
falhas na produção, excesso de equipamentos ou de mão-de-obra. Além disso, quando os
resíduos sólidos não são coletados ou transportados adequadamente aos sistemas de
disposição final podem trazer graves conseqüências à saúde pública. Portanto é vital para o
poder público e a iniciativa privada que estes trabalhos sejam executados com economia,
eficiência e higiene. Para este fim, o planejamento deve ser realizado de forma contínua, antes
e durante as atividades de operação15. Envolvendo treinamentos e gestão contínua de mão-de-
obra.

6.2 Operação e ciclo de coleta

A operação pode ser definida como a execução pós-planejamento. É realizada com


funcionários, máquinas e veículos. As atividades desenvolvidas nesta fase são a coleta,

15
Jargão utilizado por profissionais da área de limpeza urbana, inclui o planejamento e a execução dos serviços
47

transporte e disposição de resíduos sólidos. Ao conjunto formado por estas três atividades dar-
se o nome de ciclo de coleta. Numa mesma jornada de trabalho pode haver mais de um ciclo,
tomando-se como padrão a ocorrência de dois a três ciclos por veículo/dia.

6.2.1 Coleta manual e mecanizada

A coleta manual é realizada de forma direta, ou seja, pelos agentes de coleta. Este
também é o método mais conhecido dos habitantes das cidades brasileiras. De acordo com a
análise da produtividade dos veículos, conclui-se este método corresponde a 90% (noventa
por cento) de todos os resíduos recolhidos no universo de estudo.

A remoção manual ocorre com o veículo em movimento em marcha lenta (até 15


km/h). Os agentes de coleta, ou garis como são mais conhecido, se dirigem as calçadas e
demais logradouros públicos onde haja resíduos dispostos em sacos de lixos, bombonas ou
outros recipientes e os depositam na praça de carga do veículo. Já a mecanizada utiliza
equipamentos como o lifting para bascular caixas estacionárias ou contêineres. É indicada
para locais onde existam grandes concentrações de resíduos como em conjuntos de
apartamentos ou áreas de pouca acessibilidade como favelas. Também é comum realizar esse
tipo de coleta em locais onde há um grande acúmulo de resíduos como o que ocorrem durante
a realização de feiras-livres e mercados públicos.

Durante a realização da coleta mecanizada o veículo é estacionado e as caixas


estacionárias ou contêineres são encaixados no compactador. O objeto é içado, elevando-a a
uma declinação de 120o com depósito dos resíduos na praça de carga. O recipiente é então
colocado na sua posição inicial. Neste método, a força é mínima, empregada apenas para
recolher resíduos que eventualmente caiam do recipiente durante a operação.

6.2.2 Forma de disposição dos resíduos pela população

A forma de acondicionamento dos resíduos sólidos, isto é, as condições em que os


resíduos sólidos devem ser apresentados, na fonte de produção, constituem um dos primeiros
itens a serem avaliado pelo gestor da limpeza pública. No início do século XX, tornaram-se
corriqueiros a publicação de regulamentos, atos, decretos e outros dispositivos legais
48

estabelecendo recipientes metálicos, estanques e cobertos, com capacidade variando de 20


(vinte) a 100 (cem) litros para guarda dos resíduos em residências.

Figura 15 - Coleta de resíduos em tambores de polietileno e borracha vulcanizada no município de Paulo


Afonso/BA. Foto: Augusto Tavares

Após esta fase, as autoridades passaram a se preocupar com a poluição sonora causada
pelo manejo inadequado dos recipientes. A questão da insonoridade foi solucionada com o
uso de vasilhame de polietileno, polipropileno, fibra de vidro e até borracha vulcanizada,
todos apresentando ainda outra vantagem sobre o metálico, a redução de peso.

No Brasil esses recipientes já são padronizados pela ABNT com norma exclusiva com
indicações de volume, peso, material, formato etc. e outra referente ao método de ensaio.
Qualquer administração municipal pode exigir da população o cumprimento dessas normas,
mas é evidente que é necessário haver tolerância na aplicação da legislação quando se tratar
de bairro de baixa renda pois não há realmente sentido em fazer esse tipo de cobrança em
áreas desprovidas, por exemplo, de serviço de água e esgoto.
49

6.2.3 Tipos de resíduos coletados e freqüência de coleta

Os resíduos a serem coletados serão os classificados como de classe II e III conforme


definição da NBR 10.004. Os setores do bairro do Benedito Bentes são atendidos
regularmente com intervalo de tempo máximo de 48 (quarenta e oito) horas entre uma coleta e
outra.

6.2.4 Transporte e disposição dos resíduos coletados

O transporte ocorre tanto durante a realização da coleta manual quanto no trajeto entre
o fim dessa e a disposição dos resíduos em aterro ou lixão. O transporte é realizado ao se
atingir a capacidade de carga do veículo ou ao se completar o roteiro do dia. Um agente de
coleta adentra na boleia do veículo e dirige-se a área de disposição para auxiliar o motorista
na remoção da carga. Ao chegar, o agente deixa a boleia e auxilia o motorista na execução das
manobras necessárias. Após o correto posicionamento é iniciada a descarga dos resíduos via
sistema hidráulico.
50

VII. ELEMENTOS FUNDAMENTAIS À GESTAO DE SERVICOS DE LIMPEZA

Nesta seção são apresentados as ferramenta e demais elementos necessários a gestão


de sistemas de limpeza urbana além de algumas práticas essenciais para controle da atividade.

7.1. Sistema de Informações Geográficas

Um sistema de informações geográficas é basicamente um banco de dados onde cada


registro está associado a uma entidade ou objeto geográfico. Desta forma é possível gerar
informações dotadas de localização espacial sob o formato de mapas temáticos. A adição
deste componente transforma o SIG numas das ferramentas mais versáteis para a análise e
planejamento de atividades em diversas áreas de estudo como geografia, geologia, engenharia
de transporte etc. Nascimento et al (2007, p.3) definem os SIGs como:

...programas computacionais utilizados para processar dados de forma


georreferenciada e, com isso, melhorar o entendimento de diversos fatos e
fenômenos que ocorrem no espaço geográfico.

Como grande parte das invenções, o SIG surgiu da necessidade de analisar o meio
ambiente para estudos estratégicos. Sun Tzu (2007) já afirmava que uma das grandes
necessidades de qualquer comandante era de conhecer os diferentes tipos de terreno para
utilizar suas características a favor da vitória.

Figura 16 - Componentes da definição conservadora dos SIGs. Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Algumas definições em discussão desde sua concepção original, na década de 1950,


abordam que um SIG não pode ser considerado apenas como um software mas, numa visão
51

holística, como um conjunto de hardware, software e peopleware, sem os quais um sistema


deste tipo não é executado adequadamente.

Figura 17 - Componentes holísticos de um SIG. Fonte: Desenvolvido pelo autor.

O hardware consiste numa plataforma de processamento com sistema operacional


Windows, Linux ou outro qualquer. O computador pode ser utilizado individualmente ou em
conjunto com unidades periféricas de vários tipos como impressoras ou plotters para
impressão de mapas, mesa digitalizadora e scanners para obtenção de imagens etc. Além
destes equipamentos da informática, podem ser adotados outros como GPS e câmeras
fotográficas para auxiliar na coleta de dados. O hardware a ser escolhido depende muito do
tipo de dado a ser coleta, tratado ou analisado.

O software é formado por programas desenvolvidos para operarem no computador.


Atualmente existem infinidades de sistemas com aplicações e métodos de entrada e análise de
informações para atividades distintas como análise de correntes marítimas, modelagem de
terrenos, simulações etc. Outra informação importante é que os SIGs não possuem um padrão
definido de operação. Um exemplo prático é encontrado em dois sistemas de informações
bastante utilizados: O Arcview prioriza a manipulação de dados vetoriais enquanto o Spring16

16
Sistema de informações desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE
52

baseia seus dados em matrizes e em funções de sensoriamento remoto. As diferentes


arquiteturas e métodos de armazenamento e processamento de dados não impedem que os
softwares troquem informações entre si ou com outro tipo de banco de dados.

O peopleware é o componente mais importante do SIG. Pode ser definido como o


recurso humano responsável pela manipulação do hardware e software. São os técnicos que
operam o sistema. Esse também é o componente mais subjetivo. De nada adianta o
investimento em computadores potentes, impressoras de última geração ou softwares
avançados se não existir uma pessoa capacitada para planejar, modelar e executar o
processamento das informações. Para se ter uma idéia, basta comparar qual a diversidade de
parâmetros empregados por um profissional para desenvolver um estudo de impactos
ambientais – EIA.

Tabela 5 – Exemplo de elementos utilizados para desenvolver EIAs por diferentes profissionais.
Formação básica Elementos importantes
Geografia Pressão sobre determinadas parcelas do território.
Geologia Depósitos minerais.
Economia Renda per capta da população.
Biologia Tipo de biomas

Fonte: próprio autor

Um sistema de informações geográficas, assim como um banco de dados numérico,


pode ser aplicado em qualquer área de planejamento ou de gestão de serviços. Câmara et al
(1996, p.65) ressalta que:

Na visão de aplicações cartográficas, o SIG deve prover serviços de


processamento e apresentação de mapas; na visão de aplicações cadastrais, o SIG
deve prover serviços próximos dos tradicionais de banco de dados; na área de
administração de recursos naturais, o sig deve prover serviços sofisticados de
análise espacial .

A tecnologia vem se aperfeiçoando e torna-se cada vez mais presente no dia-a-dia, seja
para aplicações comerciais, industriais ou na consultoria e serviços.
53

7.1.1 Planejamento e fontes de aquisição de dados

A fase mais importante do sistema de informações é o planejamento que deve ser


realizado em função dos objetivos a serem atingidos. Se o objetivo for a análise da localização
de pontos de confinamento de resíduos será dada prioridade a um tipo de dado, se for a
acessibilidade de veículos será outro e assim por diante. Em síntese, busca-se selecionar quais
os dados mais importantes para o sistema. Os objetivos desta dissertação demandam uma
quantidade considerável de dados classificados em Sistemas Externos e Ambientes Externos.

Figura 18 - Exemplo de componentes a serem avaliados durante o planejamento do SIG. Fonte: Adaptado de
Franco (2007).

Depois da fase anterior deve ser iniciada a modelagem da informação. Nesta etapa
determinam-se como as informações poderão ser tratadas e inseridas no banco de dados. Para
Moraes (1985), os modelos apóiam-se na idéia de que os fenômenos funcionam como
sistemas, ou seja, com relações entre componentes articulado por fluxos de informação. Após
o modelagem é possível identificar quais os dados do SIG necessários para alcançar os
objetivos propostos. A aquisição pode ser realizada de formas distintas. Conforme Câmara et
al (1996, p. 22 e 23), existem:
54

...quatro formas principais de entrada de dados em sigs: a entrada de dados via


caderneta de campo, a digitalização em mesa, a digitalização ótica e a leitura de
dados na forma digital, incluindo a importação de dados em outros formatos.
Historicamente, muitos levantamentos utilizam cadernetas de campo para
armazenar os resultados, que naturalmente devem ser inseridos no sistema após
um controle de qualidade. Com o advento do GPS... Tornou-se possível realizar
trabalhos de campo com alto grau de precisão e com registro digital direto.

Mas antes de adquirir todos os dados torna-se necessário identificar quais serão
essenciais para a pesquisa, evitando o desperdício de tempo em análises de variáveis que não
tragam contribuições importantes ao tema.

7. 1.2 Dados existentes no SIG da LIMPEL

Existe um banco de dados geográficos com informações fundamentais da área de


atuação da Limpel contendo informações sobre os setores de coleta, entre os quais
pertencentes aos compactadores.

Figura 19 - Vista do SIG da Limpel com dados relativos ao ano de 2006. Fonte: Arquivo da Limpel
55

O banco foi desenvolvido em Arcview, versão 3.2, no ano de 2006 para um projeto
destinado a licitação ocorrida à época. Nele estão contidas informações sobre relevo, vias de
acesso (com tipo de pavimento), tipos de caixas estacionárias, áreas de difícil acesso,
drenagens, delimitação de bairros e início e fim de cada itinerário.

Os dados qualitativos foram inseridos e aplicados em fórmulas diversificadas


conforme uma metodologia padrão (Monteiro et al, 2001 e Lima, 2001) para desenvolver os
setores de coleta presentes no plano de trabalho entregue e a proposta da empresa para a
Prefeitura Municipal de Maceió.

7.1.3 Itinerários de coleta

No mesmo ano também foram realizados testes com GPS, modelo Etrex fabricado
pela Garmin. O aparelho possui um erro de localização de aproximadamente 8 (oito) metros,
mas adequado a escala de trabalho normalmente utilizada nos mapas de limpeza urbana, entre
1:8.000 e 1:10.000. Isso significa que o erro de aquisição de pontos será de apenas 1 mm (um
milímetro) quando o mapa for impresso.

Figura 20 - Visto o GPS Trackmaker com os dados coletados do setor C-19


56

O GPS possui uma função chamada Tracklog, ou na sua tradução, registro de traçado.
A função é automática e inicia-se assim que o aparelho entra em funcionamento.
Aproveitando desta característica, o GPS foi colocado na cabine de alguns veículos e o
resultado foi um conjunto de linhas representando os itinerários de coleta. Para baixar os
dados foi utilizado o software GPS TrackMaker, versão livre. Os tracklogs, além de indicar o
trajeto do veículo, possuíam dados como velocidade, relevo, direção, horários e nível de sinal
do GPS.

O conjunto Benedito Bentes foi pesquisado em três oportunidades e seus dados foram
armazenados desde então.

7.2 Custos do Sistema de Coleta

O sistema de coleta é que possui mais capital imobilizado por causa dos investimentos
em veículos, tecnologia e métodos de controle. Por serem regulares, também apresentam
maiores custos com gestão e planejamento, pois a mínima alteração em seus padrões promove
um desequilíbrio e a exigência de esforço adicional para readequar o sistema. Convém
esclarecer que qualquer esforço gera demanda de trabalho especializado ou substituição de
máquinas e equipamento.

Os componentes responsáveis pela formação dos custos formam um sistema composto


por vários itens agrupados em ambiente externo, gestão dos serviços e máquinas e
equipamentos. Na composição de custos o ambiente é formado pelas distâncias a serem
percorridas, produção de resíduos e freqüência de coleta.

Os itens citados se inter-relacionam de forma mais ou menos dependente mas, de um


modo geral, podem ser bem explicitados e analisados de forma individual sem grandes erros
para a composição final de custos. Para a amostra foram avaliados 9 (nove) veículos de coleta
do tipo compactador empregados no sistema de coleta da empresa em estudo.

Sempre que possível dar-se-á preferência a análise individual de cada veículo, com
análise de grande parte dos seus custos de forma direta. Porém, há algumas informações
obtidas apenas para o grupo, como leasing. Neste caso fora adotada uma média sobre todos os
veículos.
57

7.2.1 Pessoal

O pessoal pode ser dividido em grupos de atuação direta (motoristas, garis) e atuação
indireta (superintendência, fiscalização, manutenção). Ainda há os de apoio como o
administrativo. Os grupos operacionais e a quantidade dos funcionários que os integram
podem ser apreciados a seguir:

Tabela 6 – Quantidade de funcionários diretos


Quantidade
Função
Por veículo Total
Motoristas 01 09
Agentes 03 27

Fonte: Departamento de Recursos Humanos da Limpel

Tabela 7 – Quantidade de funcionários indiretos.


Quantidade
Função
Por veículo Total
Superintendente - 01
Coordenador de Coleta - 01
Fiscais - 02
Coordenador de manutenção - 01
Mecânicos - 08
Eletricistas - 02
Borracheiros - 02
Checklisters - 04
Soldadores - 03

Fonte: Departamento de Recursos Humanos da Limpel

7.2.2 Custos

Os custos são medidas monetárias dos sacrifícios financeiros com os quais uma
organização, uma pessoa ou um governo tem que arcar a fim de atingir seus objetivos. Os
custos podem ser divididos em:

Diretos - Gastos com mão-de-obra;


58

Indiretos - Gastos indiretos passíveis de rateio (mão-de-obra da administração,


depreciação, aluguel da fábrica, etc.);

Dentro do conceito econômico (Teoria da Empresa, Teoria da Firma ou


Microeconomia) os custos podem ainda ser classificados em:

Custos Fixos - De valor invariável dentro de um ciclo econômico. Exemplo:


Alugueis, Salários de funcionários, Depreciação Linear e;
Custos Variáveis - De valor variável dentro de um ciclo econômico, Exemplo:
Custo de insumos, materiais, mão de obra terceirizada.

7.2.3 Impostos

Os Impostos Federais e Municipais devem ser considerados na análise de custos. Há


impostos referentes à: mão de obra (INSS e IRRF), veículos (IPVA, licenciamentos) e sobre
faturamento (PIS, COFINS etc). Todos devem ser avaliados.

7.2.4 Veículos

Os veículos são a peça central da coleta e possuem três itens avaliados: IPVA,
Licenciamento e Leasing. O valor médio do Imposto sobre veículos automotores foi adotado
dividindo-se o valor da parcela única pela quantidade de 12 (doze) meses. A mesma
metodologia foi utilizada para o licenciamento. O leasing computado foi equivalente a média
dos encontrados em todos os veículos. O financiamento é de cerca de 36 (trinta e seis meses)
para cada veículo e mais da metade já se encontrava quitado.

Tabela 8 – Impostos sobre os veículos.


Quantidade
Itens
Valor médio Valor total
IPVA R$ 75,00 R$ 825,00
Licenciamento R$ 17,43 R$ 191,72
Leasing R$ 1.990,00 R$ 21.890,00

Fonte: Limpel Limpeza Urbana Ltda


59

7.2.5 Mão de Obra

A mão de obra foi avaliada de duas formas. A primeira consistiu em avaliar o salário
individual de cada trabalhador, multiplicá-los pela quantidade de empregados e adicionar os
encargos sociais previstos em lei. Os encargos sociais ou impostos sobre o trabalhador somam
113,41% (cento e treze percento e quarenta e um por milhar).

Tabela 9 – Funcionários com atuação direta.


Quantidade
Função
Salários + impostos Dedicação Total
Motorista R$ 18.136,63 100% R$ 18.136,63
Agentes R$ 24.582,23 100% R$ 24.582,23

Fonte: Limpel Limpeza Urbana Ltda

A segunda consistiu na dedicação de tempo e esforços de cada funcionário indireto ao


sistema de coleta analisado. A dedicação pode variar de 0% (zero percento, para nenhuma
dedicação) a 100% (cem percento, para dedicação total) de acordo com a função. Toda mão
de obra direta recebeu dedicação total ao serviço, a indireta foi variável de acordo com a
função.

Tabela 10 – Funcionários com atuação direta. Fonte: Desenvolvido pelo Autor.


Quantidade
Função
Salários + impostos Dedicação Total
Superintendente R$ 10.209,24 55% R$ 5.615,08
Coordenador de Coleta R$ 7.761,32 100% R$ 7.761,32
Fiscais R$ 4.695,02 100% R$ 4.695,02
Coordenador de manutenção R$ 3.187,88 80% R$ 2.550,31
Mecânicos R$ 14.425,60 80% R$ 11.540,48
Eletricistas R$ 2.749,83 80% R$ 2.199,86
Borracheiros R$ 2.304,83 75% R$ 1.728,62
CheckListers R$ 3.226,76 75% R$ 2.420,07
Soldadores R$ 3.111,52 30% R$ 933,46

Fonte: Limpel Limpeza Urbana Ltda


60

7.2.6 Ferramentas, combustíveis e mão de obra terceirizada.

A partir deste momento são avaliados os custos variáveis da realização dos serviços de
coleta. Estes itens foram avaliados por veículo a partir dos relatórios do setor de manutenção.
Os combustíveis correspondem ao diesel proveniente da bomba da filial. Seu consumo
depende das distâncias percorridas pelos veículos e da regulagem dos motores que o
consomem. As peças representadas são adquiridas pelo setor de Almoxarife. A mão de obra
corresponde aos reparos realizados fora das dependências da empresa ou por profissionais
especializados (terceirizada). Os resultados são apresentados no quadro abaixo:

Tabela 11 – Custos relativos a manutenção de veículos.


nº Combustíveis Peças Mão de obra Total
34 - R$ 4.437,31 R$ 1.757,59 R$ 6.194,90
51 R$ 2.545,43 R$ 2.119,92 R$ 2.413,11 R$ 7.078,46
56 R$ 2.185,11 R$ 789,82 R$ 140,00 R$ 3.114,93
70 R$ 3.646,83 R$ 1.517,75 R$ 1.450,00 R$ 6.614,58
72 - R$ 1.152,57 R$ 360,00 R$ 1.512,57
73 R$ 2.970,47 R$ 903,57 R$ 1.641,86 R$ 5.515,90
80 R$ 3.234,96 R$ 2.760,31 R$ 3.220,00 R$ 9.215,27
84 - R$ 2.740,92 R$ 1.196,57 R$ 3.937,49
88 R$ 3.268,83 - R$ 3.597,61 R$ 6.866,44

Fonte: Limpel Limpeza Urbana Ltda

Estes itens estão apresentados numa mesma tabela por fazerem parte de único
relatório. Com exceção das peças, observa-se que todos os custos são bem semelhantes. Como
era de se esperar, os carros mais antigos, como o de número 34 (trinta e quatro), por exemplo,
apresentam maior custo de compra de peças, mas também são os que menos utilizam mão-de-
obra especializada. O inverso ocorre com os veículos mais novos.

7.2.7 Pneus e demais insumos

Esse é um dos itens que não puderam ser avaliados individualmente. Estão inclusos os
custos com pequenos reparos (solda, lichamento, pequenos reparos etc.); Pneus e câmaras que
foram adquiridos, não considerados aqui os re-faturados; Depreciação linear dos veículos,
61

considerada a vida útil de 60 (sessenta) meses e 80% (oitenta percento) de depreciação;


lubrificantes, graxas etc.

Tabela 12 – Custos variáveis.


ítens Quantidade
Valor médio Valor total
Conservação/Reparos R$ 76,64 R$ 843,00
Pneus e Câmaras R$ 625,24 R$ 6.877,60
Depreciação** R$ 2.800,00 R$ 30.800,00
Lubrificantes R$ 93,40 R$ 1.027,41

Fonte: Limpel Limpeza Urbana Ltda

7.2.8 Custos gerais dos veículos

Após avaliação verifica-se que o grande custo dos veículos é do tipo fixo (mão-de-
obra, taxas e impostos). Os custos do tipo variável são equivalentes mas bem mais
diversificados. Os resultados são apresentados a seguir:

Tabela 13 – Resumo dos custos diretos

Item Descrição Valor total %


1 Impostos e taxas sobre os veículos R$ 22.906,72 21,8%
2 Mão de obra direta R$ 42.718,85 40,7%
3 Mão de obra indireta R$ 39.444,21 37,5%
Total R$ 105.069,78 100,0%

Fonte: Limpel Limpeza Urbana Ltda

Tabela 14 – Resumo dos custos indiretos


Item Descrição Valor total %
1 Combustíveis R$ 23.763,29 23,71%
2 Peças R$ 17.661,11 17,62%
3 Mão de obra terceirizada R$ 19.266,74 19,22%
4 Conservação/reparos R$ 843,00 0,84%
5 Pneus/Câmaras R$ 6.877,60 6,86%
6 Depreciação R$ 30.800,00 30,73%
7 Lubrificantes R$ 1.027,41 1,02%
Total R$ 100.239,15 100,0%
Fonte: Limpel Limpeza Urbana Ltda
62

7.2.9 Análise de balanços

A análise de balanços deve ser entendida dentro de suas possibilidades e limitações.


De um lado, mais aponta problemas a serem investigados do que indica soluções; de outro,
desde que convenientemente utilizada, pode transformar-se num poderoso painel de controle
da administração pois indica qual a participação de cada item na composição de custos de
forma direta.
É importante ressaltar que a análise dos balanços em conjuntos com outros dados pode
indicar perdas secundárias. Cita-se, por exemplo, a perda de produção ocasionada caso não
existam pneus disponíveis para troca no caso de furos. O investimento para manter o estoque
mínimo é relativamente baixo mas sem este o veículo fica impossibilitado de coletar resíduos,
ou seja, há um prejuízo secundário porque deixa-se de coletar (fonte de renda) mas continua-
se pagando funcionários, depreciação e outros custo invariáveis.
O gestor deve então associar este conhecimento com os demais já apresentados nesse
estudo para balizar suas interpretações.
63

VIII. ANÁLISE E DISCUSSOES

Nesta seção é apresentado o tratamento e os tipos de análises empregados para se


responder a pergunta norteadora do trabalho.

8.1 Preparação do banco de dados para análise

Antes de preparar o banco de dados foi necessário perguntar quais as variáveis a serem
analisadas. Cabe lembrar que cada uma destas representa um atributo ou uma seqüência
destes, podendo ser resultado de alguma ação específica ou até mesmo de um conjunto de
ações de forma direta ou indireta. Num estudo analítico as variáveis estão enunciadas em
hipóteses (lógicas) e tentar-se-á verificar a associação com o objeto em estudo.

Quanto menor a quantidade de variáveis maior será a probabilidade de se atingir os


objetivos porque a grande quantidade de dados pode confundir o pesquisador. No contexto,
dividiu-se as variáveis do SiSCOE em qualitativas e quantitativas.

As variáveis qualitativas não possuem valores mas possuem relação de ordem como
tempo de trabalho e produtividades. As variáveis quantitativas são medidas em escala, como o
caso do peso e da distância. Assim, foi fundamental identificar o tipo de variáveis para saber
de antemão quais as provas estatísticas seriam obtidas. É evidente que as variáveis
quantitativas são melhores que as meramente ordinais e estas são melhores que as nominais
porque incluem mais informação.

Para preparar os dados para análise foi necessário exportá-los do SiSCOE para uma
planilha. Para isso a tabela com os registros das CDCs foi exportada para um arquivo padrão
XLS. A planilha gerada possuía todos os dados relativos a todos os setores de coleta,
totalizado 23.502 (vinte e três mil, quinhentos e dois) registros distintos. A quantidade de
registro equivale a apenas duas CDCs por dia no período de um ano.
64

8.2 Correlação linear entre variáveis

A análise entre variáveis é um método correlacional que indica se um dado qualquer


possui dependência ou não com outros. Para isso, recorre-se ao uso de variáveis (x)17 e
população (y)18 para se analisar o grau de relacionamento entre estas. O método pode ainda
conduzir a estimativa de uma variável a partir de outra. O coeficiente de correlação (r),
também conhecido como o coeficiente de Pearson, é dado pela seguinte equação:

Figura 21 – Equação para obtenção do coeficiente de Pearson

O coeficiente de correlação linear estará sempre entre os valores -1 e 1. Quantos mais


próximos de 0, menor serão sua correlação. Para Triches e Furnaleto (2004, p.20), se:

...a amostra de variáveis variam no mesmo sentido verifica-se uma forte


correlação positiva e o valor será próximo a unidade. Se o aumento de uma
variável implica na redução da outra haverá uma forte correlação negativa e o
valor se aproximará de –1. Por último, se as variáveis forem independentes, o
seu coeficiente de correlação será próximo ou a igual zero.

Os coeficientes de Pearson devem ser aplicados a todas as variáveis para de identificar


quais as correlações existentes entre elas e quais as principais. Para isso optou-se pelo
emprego de um software estatístico, o Statística, versão 5.5. Após a aplicação da função
específica chegou-se aos coeficientes desejados.

17
Atributos mensuráveis como horas trabalhadas, quilômetros percorridos.
18
Amostras, neste caso o conjuntos dos registros formam a população.
65

Quadro 1 – Coeficientes de Pearson das variáveis. Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Fonte: Desenvolvido pelo autor

Para auxiliar na avaliação preliminar das relações a serem estudadas optou-se por
estabelecer uma escala de cores a cada um quarto de inteiro. Desse modo, dividiram-se os
coeficientes em 7 (sete) classes distintas, cada qual com sua classificação qualitativa dos
dados conforme o quadro a seguir.
66

Quadro 02 – Qualificação dos coeficientes de Pearson.

Correlações negativa Neutras Correlações positiva

-1 -0,75 -0,5 -0,25 0,00 0,25 0,5 0,75 1


Muito Muito
forte ou Forte Média Fraca Nenhuma Fraca Média Forte forte ou
perfeita perfeita
Fonte: Desenvolvido pelo autor

Cada classe indicar a relação entre um ou mais dados e apresenta ao gestor quais os
principais. Neste caso, o correto seria avaliar todas as relações, inclusive as de valor zero.
Apesar de ser considerada uma classe neutra, o zero também é uma informação importante
pois elimina grande parte de suposições.

8.3 Como ler a tabela de correlação

Ao ler a tabela com coeficientes pode ser observado que existe uma relação entre cada
variável consigo mesma de valor 1. O valor deve ser ignorado pois nada representa para a
avaliação. Cada correlação é apresentada sob a forma de par como demonstrado no quadro
abaixo:

Quadro 03 – Detalhe do quadro 01.

Variáveis CDC VEÍCULO TARA DATA


CDC 1,0 0,5 0,2 0,6
VEÍCULO 0,5 1,0 (0,1) 0,3
TARA 0,2 (0,1) 1,0 0,1
DATA 0,6 0,3 0,1 1,0
Fonte: Desenvolvido pelo autor

Para não confundir o analista, cada variável só deve ser lida uma ez. Deve-se dar
preferência a leitura nos sentidos da esquerda para a direita e de cima para baixo. Por
exemplo, a leitura da tabela acima deve ser realizada na seguinte seqüência:

Para a 1ª linha: CDC-VEÍCULO; CDC-TARA; CDC-DATA;


Para a 2ª linha: VEÍCULO-TARA; VEÍCULO-DATA
Para a 3ª linha: TARA-DATA
Para a 4ª linha: Não há dados
67

Neste método de leitura avaliam-se todas as correlações a partir do maior número de


variáveis para o menor. Além de ser mais prático a forma também induz o analista a
aprofundar sua interpretação a medida que este avança na leitura da execução do serviço. Isso
é muito importante, pois como será avaliado na próxima unidade, o analista tende a acumular
mais informação ao longo do trabalho até chegar à última variável, o peso, fonte de receita
para a empresa.

Quadro 04 – Coeficientes de Pearson das variáveis após a aplicação da escala de cores.

Fonte: Desenvolvido pelo autor


68

8.4 Associação da leitura com outros dados

Deve ser destacada a importância do observador na atividade de análise das


informações, pois só um profissional ou uma equipe (princípio do brainstorm19) que possuam
compreensão do funcionamento do sistema poderão interpretar os dados de forma adequada.
Para sintetizar as informações podemos dividir o conhecimento em 4 (quarto) classes, cada
qual contendo grupos ou subgrupos distintos de informação.

Figura 22 – Conhecimentos necessários a análise de sistema de limpeza urbana. Fonte: Desenvolvido pelo autor.

A principal ferramenta para leitura e interpretação dos dados é formada pelo capital
humano. O ideal é que o(s) profissional(ais) seja(m) preparado(s) a partir da vivência da
operação. Somente assim será possível interpretar os resultados corretamente.

19
Técnica desenvolvida por administradores. O termo é traduzido, literalmente, como tempestade de cérebros e
nada mais é do que a reunião de vários especialistas para a discussão dos resultados na tentativa de chegar a um
consenso.
69

IX. RESULTADOS

A partir da interpretação da matriz de correlação é possível identificar qual a relação


entre as variáveis e, deste modo, identificar o funcionamento do sistema. A análise também
será balizada pelas opiniões de fiscais, motoristas e agentes de coleta. Toda a análise é
desenvolvida a parti do uso de operadores lógicos, baseados na lógica aristotélica.

9.1 Avaliação correlacional

A CDC é uma chave primária20, o que a difere da data que pode aparecer com o
mesmo valor em mais de um registro. A sua numeração é seqüencial e por isso acompanha o
tempo mas difere da data porque só é gerada de acordo com a demanda, ou seja, é
proporcional a quantidade de veículos utilizados em determinado período de tempo. De
acordo com a leitura desta variável é possível identificar que a medida que o tempo
transpassou foram adotados veículos mais novos. Isso porque a relação positiva é
proporcional ao sistema de numeração empregado pela Limpel. Veículo mais novo possui
numeração maior. No contexto, o veículo de nº 34 é mais antigo que o de nº 42.

A relação entre a CDC e o tempo apresenta-se ligeiramente mais positiva que a


anterior, indicando que a demanda por veículo foi aumentando ao longo do tempo, afirmando
que:

Houve maior quantidade de quebras dos veículos com necessidade de sua


substituição e;
Houve acréscimo na quantidade de lixo coletada.

As matrículas dos agentes de coleta também seguem um padrão seqüencial. Matrículas


mais novas possuem numeração maior. A informação indica que um dos agentes, o de nº 3,
foi constantemente substituído ao longo do período, confirmando que os novos agentes são
treinados com equipes mais experientes antes de seguir para um novo circuito de coleta e os
setores do Benedito Bentes são utilizados para este fim.

20
Possui numeração única, não sendo repetida.
70

A quilometragem percorrida possui o mesmo índice tanto para a saída quanto para a
chegada na garagem. Quando relacionados à numeração do veículo é possível identificar que
os mais novos cumprem itinerários menores, o que pode indicar que:

Os roteiros de coleta foram aperfeiçoados ao longo do período e;


A quantidade de viagens ao aterro para disposição dos resíduos foi reduzida.

A tara indica o peso do veículo e, de forma indireta, sua capacidade de carga, pois
quanto maior o peso, maior o equipamento e maior o seu espaço interno. No aterro são
realizadas duas pesagens, uma na entrada e outra na saída, a diferença de pesos equivale ao
peso coletado. Verifica-se que o peso bruto da 1ª viagem é proporcional a tara, já em relação a
segundo o valor é desprezível. Ao analisar as duas informações em conjunto é possível
afirmar que:

Na 1ª viagem o veículo esta em sua capacidade máxima e;


Na 2ª viagem não existe padrão, podendo a carga tanto ser máxima quanto
mínima dependendo do período.

Ou seja, existe uma variação quantitativa considerável de resíduos coletados no


período causado provavelmente pela flutuação populacional ou demais fatores do ambiente
externo. Não deve ser desconsiderada a influência do consumo de combustível ao longo do
dia e sua provável interferência no peso. Outra variável que reforça os argumentos são os
pesos líquidos, estáveis nas duas viagens de disposição.

A data não possui relacionamento com as demais variáveis. Mas esta ausência induz
que os dados são inconstantes quanto relacionados a uma escala graduada de tempo, neste
caso de dias. Este é um forte indicador que todas as variáveis são mutáveis e variam
irregularmente confirmando a tese do desequilíbrio caótico.

A data não se relaciona com nenhuma outra variável além das já descritas nos itens
anteriores. A ausência de relação também pode ser interpretada como uma inconstância dos
dados. Pode-se inferir, por exemplo, que o peso coletado varia irregularmente e que os setores
de coleta não foram alterados ao longo do tempo.

Na amostra, os setores com numeração mais baixa (C-11 e C-12) são atendidos no
período diurno e estão localizados nas áreas de expansão do Benedito Bentes. Já os de
71

numeração mais alta (C-19 e C-20) são noturnos e estão em áreas comerciais ou residenciais
consolidadas. Desta característica surge a relação do tipo forte averiguada na matriz.

Outra característica é de se empregar agentes mais antigos, e provavelmente mais


velhos, para setores noturnos. Isso ocorre porque o trabalho noturno é mais ameno por causa
da temperatura reduzida e menor trânsito nas vias e logradouros locais.

Em relação ao horário de saída da garagem é possível afirmar que:

As equipes responsáveis pelos setores diurnos seguem os horários pré-


determinados e;
As equipes responsáveis pelos setores noturnos saem atrasadas da empresa.

Esta característica pode não esta ligada aos agentes mais ao horário de chegada da
equipe diurna a garagem, tendo a noturna que esperar a chegada e a revisão do veículo para,
só então, seguir para o setor de coleta. O índice para o horário de chegada na empresa, ao final
da jornada de trabalho, confirma que setores noturnos são concluídos mais rapidamente que
os diurnos.

As relações encontradas entre o turno e demais classes de informações indicam o


quanto a coleta diurna difere da noturna. As mudanças podem ser as condições causadas por
método operacionais, comportamento do veículo e sua equipe em função da temperatura,
trânsito etc. Um dos primeiros pontos a serem avaliados é a relação entre os agentes de coleta.
Quando analisados individualmente é verificado que os agentes foram substituídos aos pares.
Para cada agente mais novo colocava-se um mais velho. A afirmação não contrapõe a outra já
descrita nesta unidade, mas apenas que, quando analisados de forma individual, as respostas
tendem a ser mais específicas. A troca em par configura-se como uma tentativa de balancear o
rendimento da equipe.

A distância percorrida pelos veículos e suas equipes no período noturno tendem a ser
menores quando comparadas aos diurnos. Isto porque a densidade e a infra-estrutura de
acesso dos primeiros, como áreas consolidadas, tendem ser maiores que as dos últimos com
várias vias ainda não pavimentadas, grotas e densidade mais espaça.

Os horários de início da 1ª coleta tendem a ser mais regulares que os demais. Isso
ocorre porque o espaço de tempo e trajetos da saída da garagem até o início do itinerário de
coleta é relativamente curto e com poucas interferências do meio externo ou da própria gestão
72

dos serviços. Verifica-se que à medida que a jornada de trabalho avança as interferências
acumulam-se, ou seja, uma pequena alteração no início da jornada de trabalho poderá
modificar o seu resultado.

O peso médio coletado tende a ser menor no período noturno. A diminuição do peso
específico ocorre por causa do poder econômico e do tipo de local atendido pelos veículos. Os
setores noturnos, economicamente mais ativos, apresentam maior quantidade de materiais
leves como embalagens e papeis. Neste caso a capacidade volumétrica do veículo não reflete
diretamente sobre o peso coletado.

O motorista não interfere nas demais variáveis do sistema de coleta. Os dados indicam
que o ritmo de trabalho é dado pelo equipamento em conjunto com os agentes de coleta, o
meio ambiente e a gestão do serviço. O mesmo ocorre para o gari 1, agente menos substituído
no período. Os dados indicam que agentes mais novos influenciam positivamente na
velocidade de transporte dos resíduos na primeira viagem, mas também negativamente na
segunda. Desta forma, o melhor rendimento conseguido na primeira viagem de disposição é
anulado na segunda. A conclusão deste fato é que:

Os agentes buscam compensar o seu rendimento, mantendo os horários de


chegada mais ou menos estáveis (controlam as horas extras)

Os horários de chegada ou de saída possuem relação muito forte e negativa. Uma


análise mais cuidadosa dos índices mostra que estes são influenciados pelo tipo de dado
referente à hora, principalmente nos setores noturnos quando o valor é reiniciado após a meia
noite. Por este motivo a relação não deve ser considerada para esta análise. Contudo, é
factível que os setores sejam divididos em turnos para uma avaliação individual.

As relações entre hodômetro de saída e chegada dos veículos apenas confirmam que
veículos mais novos e, portanto, com distâncias percorridas menores, são mais empregados no
turno noturno. A provável causa é a maior disponibilidade destes veículos no pátio de
garagem no período já que a noite existe menos setores de coleta.

Os horários de início dos itinerários de coleta estão intimamente ligados aos de saída
do veículo da garagem. Mas à medida que o tempo avança as relações começam a variar
irregularmente e adquirem características caóticas e reforçam que:
73

Quanto maior o tempo, maior também será a quantidade de interferências


negativas sobre o rendimento da equipe, pois estas são cumulativas.

A hora de chegada dos veículos a garagem quando comparada aos hodômetros


confirmam que veículos mais novos desenvolvem os itinerários de forma mais rápida. Esta
característica também pode esta associada ao índice de quebras, menos em equipamentos com
menor tempo de uso.

O tempo de trabalho também possui alguma relação com o peso, mas não de acordo
com o esperado. Vale salientar que as empresas de coleta de resíduos faturam de acordo com
os resíduos coletados. As informações indicam que:

Apenas 60% (sessenta por cento) da jornada de trabalho pode ser refletida
sobre os lucros brutos. O restante foi utilizado para reparos, descanso dos
agentes, para percorres trechos improdutivos e etc.

Contudo, esta perda de esforço não possui causa aparente e deve esta ligada a um
amplo conjunto de fatores. Os dados indicam, por exemplo, que o tempo de chegada à balança
durante o segundo itinerário tende a ser maior quando os veículos são mais antigos. Outro
dado importante é que a distância percorrida entre o itinerário e o aterro não possui qualquer
relação ao tempo trabalhado.

A distância percorrida para chegar a balança na 1ª viagem influencia positivamente no


peso líquido de resíduos. A explicação é que:

Os setores mais distantes do aterro são também os mais densos ou;


Existe uma tendência da equipe de coleta iniciar o itinerário na região mais
próxima ao aterro e concluí-lo nas mais distantes.

Já na viagem para a 2ª disposição encontramos valores positivos muito fortes o que


indica que está termina exatamente a mesma distância que é iniciada. O peso coletado nesta
viagem também possui maior influência sobre o peso total.

9.2 Avaliação complementar

É prudente realizar uma avaliação complementar sobre a matriz correlacionado


algumas variáveis a data. Desta forma é possível identificar como o sistema se comportou
74

durante o período em estudo. Para isso é necessário eleger quais destas devem ser utilizadas.
Depois da análise da matriz e dos fatores formadores do custo e do lucro chegou-se a
quantidade mínima de 3 (três) variáveis que se somadas ao tempo geram algumas informações
vitais e de fácil compreensão. São elas:

Km de coleta: Destinado a identificar alterações sensíveis no setor de coleta e


os custos indiretos relativos ao equipamento;
Peso Coletado: Para indicar a lucratividade bruta do serviço e;
Horas trabalhadas: Fator importante sobre a composição dos custos variáveis.

As três variáveis devem ser distribuídas no gráfico de linhas onde a abscissa (x)
corresponda a data e as coordenadas (y) as variáveis. O exemplo deste gráfico, com os
dados referentes ao período de estudo é apresentado a seguir:

Scatterplot (benetito bentes.STA 56v*698c)


KM_COLET = Lowess
htotal = Lowess
PESO_TOT = Lowess

28
26
24
22
20
18
16
14
12
10
8
02/01/06

27/01/06

21/02/06

18/03/06

12/04/06

07/05/06

01/06/06

26/06/06

21/07/06

15/08/06

09/09/06

04/10/06

30/10/06

24/11/06

19/12/06

KM_COLET
htotal
PESO_TOT
DATA

Figura 23 - Comportamento das principais variáveis do sistema. Fonte: Desenvolvido pelo autor.

A leitura do gráfico indica a relação visual entre as variáveis e pode ainda indicar
quais os períodos de maior ou menor lucro aparente. A exemplo, verifica-se que no mês de
abril houve alguma mudança no trajeto dos itinerários, pois estes apresentaram uma ruptura
de padrão em relação ao mês anterior, contudo o mesmo não ocorreu com o peso que já
apresentava uma tendência de redução. Em contra partida, o horário de trabalho permaneceu
estável. Já em dezembro todos os fatores aumentaram em função da época do ano (natal e ano
75

novo) e, provavelmente, pela maior circulação de dinheiro com o pagamento do 13º salário e
a compra de mais produtos que eventualmente transforma-se em resíduos.

9.3 Sínteses dos fatores adequados ao planejamento de atividades de limpeza urbana

Para se planejar adequadamente é necessário ter conhecimento. Como demonstrado, o


conhecimento só é adquirido após a coleta, tratamento e análise das informações referentes ao
objeto de estudo. Na limpeza pública, em especial a coleta regular de resíduos, é necessário
avaliar os seguintes fatores:

Tabela 15 – Síntese dos fatores adequados ao planejamento de atividades de limpeza urbana

Ambiente Fator
Motivação dos funcionários;
Gestão interna Geração de horas extras;
Manutenção dos equipamentos;
Fiscalização de campo

Meio ambiente Produção de resíduos;


Índice de quebras;
Características dos locais de atendimento
Fonte: Desenvolvido pelo autor

A avaliação conjunta dos fatores e do comportamento ao longo do tempo, além de


indicar indiretamente como todos os outros estão se comportando, fará com que a empresa
avalie seus procedimentos e dará suporte ao desenvolvimento de sistemas próprios para
gestão, necessários a um ambiente competitivo e de margens de lucros reduzidas.
76

X. CONSIDERACOES FINAIS

A partir dos resultados observa-se como um sistema de limpeza urbana pode ser
influenciando tanto pela gestão interna quanto por fatores externos a empresa. Constata-se que
o sistema é sensível a qualquer variação e que ao mesmo tempo é robusto suficiente para
poder assimilar possíveis conseqüências de processo decisório equivocados. O sistema é do
tipo aberto, influenciado por inúmeros fatores que fogem a alçada de seus gestores mas o
conhecimento prévio e a análise de tendência desses geram foco de atuação, o que evita o
desperdício de esforços que podem não atingir a fonte de determinado problema mas apenas
parte de suas conseqüências.

As variáveis quando analisadas individualmente podem gerar informação como, por


exemplo, a produção média de determinado veículo ou equipe mas não apresentam seu custo
pois limita-se a um atributo isolado, e portanto fraco. Assim uma variável nunca deve ser
analisada individualmente pois esta análise se torna falha e carente de argumentos que a
sustente. Contudo, quando devidamente comparada a outras uma estrutura se forma e torna-se
possível averiguar se determinadas hipóteses são verdadeiros ao não, ou seja, tem a certeza de
que determinadas observações refletem a gestão de forma real ao se não passa apenas de
especulação.

Todas as informações são importantes, mas deve-se identificar quais mais se adéquam
ao propósito da pesquisa para evitar excesso de variáveis. A preferência é que se utilize
variáveis globais para uma análise preliminar do sistema sob a forma de gráficos do tipo
scatterploter parar comparar seus comportamentos e como estes evoluem ao longo de
determinado período que pode ser medido em dias, semana ou anos dependendo de grau de
detalhamento que se deseja atingir. Para isso devem-se adotar aos parâmetros km de coleta,
peso e horas trabalhadas e reuni-los num mesmo gráfico. Estes três fatores são interligados,
indicam como o sistema está se comportando, seus custos, lucratividade e ainda se há ou não
desvios de condutas. A análise preliminar indica quais as informações que devem ser
avaliadas para se atingir o objetivo.

De todo o conhecimento extraído o mais importante é quanto a dinâmica do serviço,


quais as forças e fraquezas da gestão bem como quais são as ameaças e oportunidades que
esta possui, ou seja, apresenta qual o foco que deve ser dado a essa. Assim, os resultados
77

fazem parte de um processo de auto-avaliação. A metodologia proposta deve ser utilizada


com um meio e não como fim, ou seja, é uma ferramenta de apoio a decisão.

Para maximizar os esforços do analista e de seus resultados é necessário estabelecer o


objetivo da pesquisa. A análise individual de um setor trará resultados diferentes de outro ou
um conjunto destes. Será necessário avaliar todo o sistema ou apenas o comportamento de
determinado turno de coleta? Ou ainda, determinado fiscal está ou não influenciando nos
resultados de determinado grupo de funcionários? Ou seja, o importante é partir de uma boa
hipótese, pois só assim uma resposta adequada será encontrada.

Com os investimentos em inteligência estratégica também é possível executar uma


pré-avaliação para determinado município ou região com base numa análise de conjuntura de
forma a auxiliar autarquias e secretarias no planejamento de suas atividades, apoiar o
desenvolvimento de planos de trabalho e orçamentações para licitações públicas, ou ainda,
para a gestão de empresas já instaladas em território nacional com reflexo na eficiência e
economia dos serviços.

10.1 Recomendações para trabalhos futuros

É preponderante evoluir o SiSCOE para que esse execute as operações necessárias ao


tratamento das informações, reduzindo ao máximo o tempo entre a coleta e a sua
disponibilidade para análise. Para isto deve ser desenvolvida uma análise matricial dos
coeficientes de Pearson baseado nas qualificações apresentadas neste trabalho. Resultados
positivos já foram alcançados com até três variáveis, que geram respectivamente 63 (sessenta
e três) resultados diferentes. Os resultados foram pré-programados o que não é o ideal pois
sua complexidade cresce de forma exponencial, se todos as variáveis fossem computadas seria
possível atingir mais de 20.000 (vinte mil) resultados distintos, por este motivo estão sendo
desenvolvidos estudos baseados em operadores lógicos e Inteligência artificial para que o
software realize uma interpretação semi-autônoma de toda a matriz, cabendo o gestor apenas
confirmar algumas lacunas contextuais que venham a surgir durante o processamento das
informações.
78

XI. REFERÊNCIAS

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84

APÊNDICE - Perguntas padrões realizadas aos sujeitos da pesquisa

Questionário – Limpeza Urbana

1. Quais é o procedimento para a liberação dos veículos no início da jornada de trabalho?


_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
2. Como são escolhidos os agentes de coleta para cada trecho?
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
3. Como são planejados os itinerários dos veículos?
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
4. Quais os maiores problemas encontrados na execução da coleta?
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
5. Como é o atendimento do setor de manutenção?
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
6. Quais os procedimentos realizados no fim da cada jornada?
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
7. Como se sente em relação ao seu trabalho? Cite motivos ou causas.
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
8. Como a motivação pode influenciar você ou sua equipe de trabalho?
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
9. A que fato você atribui a geração de horas extras?
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
10. Que sugestão você poderia dar ao planejamento dos serviços de coleta?
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
85

ANEXO I - FORMULÁRIO DE CONTROLE EMPREGADO PARA COLETA DE


INFORMAÇÕES DOS SERVIÇOS DE COLETA NA EMPRESA PESQUISADA.

Fonte: Setor de Controle da Limpel Limpeza Urbana Ltda.

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