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EDUCAÇÃO ADVENTISTA DE SANTA CATARINA

“Sucesso Junto ao Mestre”

CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES DE MÚSICA

CATRE
Fevereiro de 2009.

Professora Vânia Kruger


A CRIANÇA E A MÚSICA

1.0. O Que É Música?


A música é uma linguagem universal, tendo participado da história da humanidade desde as
primeiras civilizações. Encontramos na palavra de Deus, relato do primeiro pai da música. Seu nome era
Jubal (palavra hebraica que significa “ Chifre de carneiro – buzina), A Jewish Encyclopedia define
Jubal, filho de Lameque, como: “o pai... da classe dos músicos, o fundador da música o inventor do
‘Kinnor’ ou lira e do ‘Ugab’ ou flauta.
Encontramos na Bíblia e em dados antropológicos, que as primeiras músicas seriam usadas em
rituais, como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade.
Na Grécia Clássica o ensino da música era obrigatório, e há indícios de que já havia orquestras
naquela época. Pitágoras de Samos, filósofo grego da Antigüidade, ensinava como determinados acordes
musicais e certas melodias criavam reações definidas no organismo humano. “Pitágoras demonstrou que
a sequência correta de sons, se tocada musicalmente num instrumento, pode mudar padrões de
comportamento e acelerar o processo de cura” (BRÉSCIA, p. 31, 2003).
Ellen White comenta no livro educação p. 167 que: “Poucos meios há mais eficiente para fixar
Suas palavras na memória do que repeti-las em cânticos. E tal cântico tem maravilhoso poder. Tem poder
para subjugar as naturezas rudes e incultas, poder para suscitar pensamentos e despertar simpatia, para
promover a harmonia de ação e banir tristeza e os maus pressentimentos, os quais destroem o ânimo e
debilitam o esforço... Que haja cântico no lar, de hinos que sejam suaves e puros, e haverá menos
palavras de censura e mais de animação, esperança e alegria.
Atualmente existem diversas definições para música. Mas, de um modo geral, ela é considerada
ciência e arte, na medida em que as relações entre os elementos musicais são relações matemáticas e
físicas; a arte manifesta-se pela escolha dos arranjos e combinações.
De acordo com Wilhems apud Gainza (1988, p. 36): “Cada um dos aspectos ou elementos da
música corresponde a um aspecto humano específico, ao qual mobiliza com exclusividade ou mais
intensamente: o ritmo musical induz ao movimento corporal, a melodia estimula a afetividade; a ordem
ou a estrutura musical (na harmonia ou na forma musical) contribui ativamente para a afirmação ou para
a restauração da ordem mental no homem.

1.1. O Que É Musicalização?


A musicalização infantil é um poderoso instrumento que desenvolve, na criança, além da
sensibilidade à música, qualidades preciosas como: concentração, a coordenação motora, a
sociabilização, a acuidade auditiva, o respeito a si próprio e ao grupo, a destreza do raciocínio, a
disciplina pessoal, o equilíbrio emocional e inúmeros outros atributos que colaboram na formação do
indivíduo.
Quando ensinamos com alegria, vibração, através de uma metodologia lúdica e dinâmica própria
do mundo da criança, estaremos formando futuros ouvintes, talentosos artistas ou simplesmente pessoas
sensíveis e equilibradas. Tudo o que a criança sente e vive é importante para ela. Essa vivência facilitará

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a compreensão das estruturas musicais (se for o caso) que virá depois. A musicalização objetiva as
práticas musicais e não o estudo de um instrumento.
Jesus foi muito bem musicalizado por sua mãe. No livro Evangelismo pag. 498, Ellen White no diz
que: “Quando era criança como estas aqui, era tentado, porém não cedia à tentação. Ao ter mais idade,
era tentado, mas os cânticos que Sua mão lhe ensinara acudiam-lhe a mente, e Ele erguia a voz em
louvor. E antes de os companheiros se aperceberem, estavam cantando com Ele. Deus quer que nos
sirvamos de toda facilidade que o Céu tem providenciado para resistir ao inimigo”.
Weigel (1988) e Barreto (2000) afirmam que atividades podem contribuir de maneira indelével
como reforço no desenvolvimento cognitivo/ lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo da criança, da
seguinte forma:
Desenvolvimento cognitivo/ lingüístico: a fonte de conhecimento da criança são as situações que ela
tem oportunidade de experimentar em seu dia a dia. Dessa forma, quanto maior a riqueza de estímulos
que ela receber melhor será seu desenvolvimento intelectual. Nesse sentido, as experiências rítmico
musicais que permitem uma participação ativa (vendo, ouvindo, tocando) favorecem o desenvolvimento
dos sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons ela desenvolve sua acuidade auditiva; ao
acompanhar gestos e movimentar o corpo ela está trabalhando a coordenação motora e a atenção; ao
cantar ou imitar sons ela esta descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o ambiente em
que vive.
Desenvolvimento psicomotor: as atividades musicais oferecem inúmeras oportunidades para que a
criança aprimore sua habilidade motora, aprenda a controlar seus músculos e mova-se com desenvoltura.
O ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda
expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reação motora e
aliviando as tensões. Qualquer movimento adaptado a um ritmo é resultado de um conjunto completo (e
complexo) de atividades coordenadas. Por isso atividades como cantar fazendo gestos, bater palmas, pés,
são experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o senso rítmico, a
coordenação motora, fatores importantes também para o processo de aquisição da leitura e da escrita.
Desenvolvimento sócio-afetivo: a criança aos poucos vai formando sua identidade, percebendo-se
diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando integrar-se com os outros. Nesse processo a auto-
estima e a auto-realização desempenham um papel muito importante. Através do desenvolvimento da
auto-estima ela aprende a se aceitar como é com suas capacidades e limitações. As atividades musicais
coletivas favorecem o desenvolvimento da socialização, estimulando a compreensão, a participação e a
cooperação. Dessa forma a criança vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao expressar-se
musicalmente em atividades que lhe dêem prazer, ela demonstra seus sentimentos, libera suas emoções,
desenvolvendo um sentimento de segurança e auto-realização.

2.0. O Papel Da Música Na Educação


White afirma no livro Educação p.13 que: “A verdadeira educação visa o ser todo, e todo o período
da existência possível do homem. É o desenvolvimento harmônico das faculdades físicas, intelectuais e
espirituais”. Snyders (1992) comenta que a função mais evidente da escola é preparar os jovens para o
futuro, para a vida adulta e suas responsabilidades. A música pode contribuir para tornar esse ambiente

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mais alegre e favorável à aprendizagem, afinal “propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a
dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados,
compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente” (SNYDERS,
1992, p. 14).
Conforme Mársico (1982, p.148) “[...] uma das tarefas primordiais da escola é assegurar a
igualdade de chances, para que toda criança possa ter acesso à música e possa educar-se musicalmente,
qualquer que seja o ambiente sócio-cultural de que provenha”.
Ainda no livro Educação pag. 167. Ellen White afirma que: “É um dos meios mais eficazes para
impressionar o coração com as verdades espirituais... Nunca se deve perder de vista o valor do canto
como meio de educação. Haja canto na escola, e os alunos serão levados para mais perto de Deus, dos
professore e uns dos outros”.
As atividades musicais realizadas na escola não visam à formação de músicos, e sim, através da
vivência e compreensão da linguagem musical, propiciar a abertura de canais sensoriais, facilitando a
expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser. A esse
respeito Katsch e Merle-Fishman apud Bréscia (2003, p.60) afirmam que “[...] a música pode melhorar o
desempenho e a concentração, além de ter um impacto positivo na aprendizagem de matemática, leitura e
outras habilidades lingüísticas nas crianças”.
Hentschke tece um comentário que diz respeito aos objetivos e justificativas do ensino de música
nas escolas. Segundo ela, muitas crianças deixaram de gostar das aulas de música porque seus
professores priorizaram o estudo da teoria musical, entendida como domínio da leitura e da notação
musical tradicional. Nesse processo de aprendizagem as crianças começavam a tomar contato com
elementos da leitura musical antes mesmo de pesquisar e explorar as diversas possibilidades sonoras
existentes no ambiente em que viviam. Esse tipo de abordagem fazia da aprendizagem musical algo
enfadonho e sem significado imediato para as crianças.
Gainza (1988) afirma que as atividades musicais na escola podem ter objetivos profiláticos, nos
seguintes aspectos:
• Físico: oferecendo atividades capazes de promover o alívio de tensões devidas a instabilidade
emocional e fadiga;

• Psíquico: promovendo processos de expressão, comunicação e descarga emocional através do


estímulo musical e sonoro;
• Mental: proporcionando situações que possam contribuir para estimular e desenvolver o sentido da
ordem, harmonia, organização e compreensão.
As atividades relacionadas à música também servem de estímulo para crianças com dificuldades de
aprendizagem e contribuem para a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais. As
atividades de musicalização, por exemplo, servem como estímulo a realização e o controle de
movimentos específicos, contribuem na organização do pensamento, e as atividades em grupo favorecem
a cooperação e a comunicação. Além disso, a criança fica envolvida numa atividade cujo objetivo é ela
mesma, onde o importante é o fazer, participar, não existe cobrança de rendimento, sua forma de
expressão é respeitada, sua ação é valorizada, e através do sentimento de realização ela desenvolve a
auto-estima. Sadie apud Bréscia (2003, p.50) afirma que: crianças mentalmente deficientes e autistas
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geralmente reagem à música, quando tudo o mais falhou. A música é um veículo expressivo para o alívio
da tensão emocional, superando dificuldades de fala e de linguagem.
Figueiredo, S. L. F. (1999) diz que a música não pode ser tratada exclusivamente como uma aula
onde se preparam festas da escola. Por mais que a atividade musical esteja diretamente relacionada ao
entretenimento, a música na escola precisa assumir um papel relevante enquanto forma de conhecimento,
e isto só será possível a partir da inclusão da disciplina e da sua continuidade nos ensinos fundamental e
médio. É preciso que se aprimorem as organizações curriculares e que cada linguagem artística tenha
presença garantida de forma digna e real. Integrar música às atividades educacionais não quer dizer
cantar para decorar fórmulas matemáticas ou datas cívicas, ou ainda cantar para aprender elementos
gramaticais de idiomas estrangeiros, mas, sim, incorporar efetivamente música como experiência
educacional que permita aos indivíduos se relacionarem com esta forma de expressão humana.

LEI 11.769

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 11.769, DE 18 DE AGOSTO DE 2008.

Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de


Mensagem de veto Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a
obrigatoriedade do ensino da música na educação básica.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o:

“Art. 26. ..................................................................................

................................................................................................

§ 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo.”
(NR)

Art. 2o (VETADO)

Art. 3o Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos arts. 1o e 2o desta
Lei.

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 18 de agosto de 2008; 187o da Independência e 120o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Fernando Haddad

Considerações sobre a lei:


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• A lei vale para o ensino fundamental e médio, mas as definições sobre em quantos anos e com que
periodicidade o ensino de música será ministrado vão caber aos conselhos estaduais e municipais de
Educação, em parceria com os governos locais.

• Escassez de professores especialistas contratados para ensinar a disciplina música nas séries iniciais
do curso fundamental nas escolas do ensino regular
• À promulgação da Lei 11769/2008 segue-se a polêmica quanto ao veto do parágrafo segundo, que
exigiria do professor de música o curso de Licenciatura na área. Ao mesmo tempo, o artigo 62 da
LDB prevê a formação em nível superior em curso de licenciatura para atuação na educação básica.
.
• Os conteúdos da educação musical nos diferentes níveis de escolaridade deveriam ser
disponibilizados através de atividades de Criação, Execução e Apreciação. É recomendável que se
estabeleça um equilíbrio entre estas atividades, proporcionando vivências que permitam reflexões e
elaborações acerca de materiais musicais diversos, pré-existentes ou construídos pelos próprios
alunos.

Objetivos:

Em linhas gerais, são objetivos da educação musical escolar:

• Incorporar a educação musical como parte integrante da formação do indivíduo, fortalecendo a idéia
de que música faz parte da cultura e atinge direta ou indiretamente todos os indivíduos, contribuindo
para o desenvolvimento da sensibilidade e possibilitando o aprimoramento do senso estético;
• Propiciar ampla discussão sobre o papel da música na sociedade, resgatando conceitos estéticos de
diferentes origens, incluindo música de diferentes povos, estilos, épocas, e tendências;
• Desenvolver sistematicamente conceitos e habilidades musicais através da criação, realização e
apreciação de obras musicais através do estabelecimento de conteúdos significativos adequados à
realidade escolar;
• Estimular a pesquisa musical nas diversas localidades escolares, estabelecendo vínculos com
músicos locais e profissionais ligados à música, promovendo aproximações culturais, demonstrando
perspectivas de mercado e produção musical, e estimulando a formação de novos profissionais;
• Prestigiar e freqüentar atividades musicais diversas, geradoras de vivências e questionamentos,
compreendendo tais atividades de forma ampla, incluindo apresentações folclóricas, concertos,
recitais, palestras, vídeos, e outros.

Os conteúdos poderão ser:

• - percepção sonora
• - timbre, altura, duração, intensidade, melodia, ritmo, forma, textura, outros
• - exploração de variados meios de produção sonora
• - de sons ambientais até tecnologia sonora
• - elementos de acústica básica
• - propagação sonora, relações material-som, tamanho-som, outros
• - exploração de diversos sistemas musicais
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• - modal, tonal, atonal, outros
• - registros gráficos convencionais e não-convencionais
• - sinais, códigos, símbolos, leitura, escrita
• - habilidades motoras
• - corporais, vocais, instrumentais
• - execução, improvisação, recriação, arranjos
• - elementos musicais diversos, músicas diversas
• - apreciação significativa
• - audição, comparação, discussão
• - participação em apresentações que envolvam música
• - música ao vivo, gravações, outras manifestações com música
• - usos e funções da música no cotidiano
• - música como lazer, entretenimento, profissão, devoção, terapia, outros
• - pesquisa sobre música e músicos
• - mercado de trabalho, produção musical, profissionais da música
• - música(s) da(s) cultura(s)
• - classificação, análise, reflexão, posicionamento crítico

BREVES SUGESTÕES PARA O ENSINO DA MÚSICA

• A aula deve ser iniciada com atividades simples e pequenas. Uma pequena canção ou atividade
rítmica podem auxiliar o professor a organizar a sala de aula e tornar o ambiente alegre e propício para
outras atividades musicais ou não;

• Uma atividade que esteja em perfeito alcance da criança pode aumentar a auto-estima e ser um
fator importante para a construção da confiança em si mesmo e na escola;

• Repetir frequentemente cada atividade e apresentar um conceito de diferentes maneiras e estilos


poderão ampliar as chances de compreensão do aluno;

• Repetir muitas vezes as músicas que as crianças já conhecem e gostam de cantar e se movimentar,
pois isso cria um clima de segurança e relaxamento, já que as crianças estão participando de uma atividade
familiar;

• O silencio deve ser sempre valorizado;

• Usar todo material que foi trazido para a sala de aula, de forma a não criar expectativas e
frustrações desnecessárias;

• As instruções para o desenvolvimento das atividades devem ser claras e diretas;

• Repetir as regras do jogo pode garantir uma melhor compreensão delas;

• Cantar em vez de falar, fazer gestos para se comunicar, usar dramatizações e expressões faciais
que podem ser recursos criativos na sala de aula. A Criança aprende melhor quando há alegria envolvida;

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• Os comandos sonoros podem ser utilizados como recurso criativo. Por exemplo: sentar sempre
que ouvir o sino, fazer silencio toda vez que o professor cantar uma canção e etc.;

• Usar materias variados como gravura, bonecos instrumentos musicais, mascaras, diferentes tipos
de papeis, pedras, panos, massa de modelar, brinquedos, materiais sonoros e coloridos etc. todo esse
material deve ser manipulado e o contato com ele envolve diferentes tipos de sensações;

• O planejamento deve incluir capacidade especificas de cada um dos alunos. Isso poderá encorajar
sua dependência e criatividade;

• Participar das atividades com os alunos é importante para se criar vínculos afetivos. O professor
também aprende quando faz junto com o aluno;

• Planejar mais atividades do que se imagina necessário pode permitir que o professor seja flexível
e que atenda melhor as necessidades e preferências de seus alunos;

• O ritmo, o canto e o instrumento são elementos que deveriam estar sempre presentes no
planejamento do professor;

• O professor precisa buscar constantemente uma renovação no que se diz respeito ao seu
repertório musical, aos métodos e materias didáticos que têm disponíveis. É importante que a alegria do
contato com a música seja sempre renovada por meio de um ensino criativo dinâmico e atual;

• Finalmente, é importante registrar que as atividades musicais oferecem oportunidades raras de


resgate do prazer e da alegria na sala de aula, tanto para o grupo de alunos como para o professor.

Crianças de 02 a 03 anos:
Importante estabelecer uma relação dos itens que serão trabalhados na faixa de 02 a 03 anos com
situações ou relações concretas pertinentes ao universo da criança (ex.: animais, objetos, etc.).
Altura do som: Grave e Agudo
Como: Através de estímulos sonoros produzidos por objetos ou instrumentos que estejam de acordo
com as alturas propostas.
O que fazer: Cada criança deverá ter um objeto ou instrumento referente às alturas a serem
exploradas, que serão percutidas conforme o estímulo solicitado. Poder-se-á estabelecer um código,
como por exemplo: andar rastejante no grave. Na ponta dos pés no agudo.

• Andamento: Lento e rápido


Como: Associar os andamentos propostos à histórias ou animais (ex.: tartaruga, coelho etc.).

• Pulso: Deixar a criança acompanhar uma música livremente, batendo palmas ou percutindo algum
objeto ao ritmo (pulso) da melodia.

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• Lateralidade: Pra cima/pra baixo – Para um lado/para o outro – Pra frente/pra trás.

O que fazer: Utilizar canções e gestual que sugiram os movimentos.

• Histórias: Utilizar livros com figuras grandes e bem próximas da referência real. Contar
histórias utilizando canções referentes às figuras.

Crianças de 04 a 06 anos:

• Movimento do som ascendente e descendente: (Na realidade o som não sobe nem desce, porém a
idéia de subir e descer é sem dúvida, associada).
O que fazer: As crianças deverão movimentar-se (corporal) ou manipular objetos ao estímulo proposto.
Como: Utilizar uma flauta, sons vocais etc.
Obs.: Quando falamos ou cantamos, formamos uma sequência de sons. Ex.: cantar, cantar e cantar! O
canto deverá sempre ser trabalhado.

• Altura do som: Introduzir o som médio da mesma forma que foram trabalhados sons graves e agudos.

• Lateralidade: Uma mão/outra mão, - Um pé/outro pé, - Direita/esquerda.

• Histórias: Introduzir dramatização com sonorização (cantada ou percutida). Explorar sons vocais e
corporais.

• Pulso: Relacionar pulso musica a pulsação do coração.


Como: As crianças devem sentir o próprio batimento cardíaco e o orientador poderá ajudá-las a
achar.
O que fazer: Crianças devem sentir a própria pulsação e tentarão andar nesse pulso. O professor
solicitará às crianças que corram e a um sinal pré- estabelecido, parem e sintam o pulsar do seu coração.
O que acontece? Relacionar as batidas regulares do coração ao pulso musical, embora acelerados.

• Acento: Na palavra falada à acentuação recai sobre a sílaba tônica. Na acentuação musical a sílaba
tônica seria correspondente ao 1º tempo de um compasso.
Como: Use um instrumento de percussão para marcar o pulso de algumas músicas de roda.
Marcando sempre a batida mais forte no 1º tempo e um mais fraco.

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• Timbre: Diferenciação entre vozes.

Diferenciação entre batidas de objetos.


Diferenciação entre instrumentos.
Diferenciação entre batidas dos pés (cada sapato produz um tipo de som).
O que fazer: Utilizar jogos e brincadeiras com os olhos vendados ou não, para que somente o ouvido
identifique a fonte sonora.
Obs.: Importante ressaltar que as atividades desenvolvidas nas faixas etárias anteriores devem ser
trabalhadas nas subseqüentes.

Crianças das séries iniciais:

Como: Buscar atividades que possam levar os alunos a falar sobre música(s), ouvir e apreciar as
músicas existentes, da sua e de outras culturas, criar músicas de diferentes formas, apreciar
criteriosamente suas composições, executar musicalmente com a utilização da voz, do corpo, de
instrumentos percussivos e alguns melódicos.
Os alunos podem também construir jogos e livros infantis que subsidiam as práticas pedagógicas nas
escolas. Esses trabalhos são realizados com base na linguagem musical, ou seja, a música tem
significado a partir do que a constitui. Na confecção de instrumentos musicais com materiais
alternativos, explorando diversos elementos de produção sonora: timbre, intensidades e alturas, entre
outros. Com esses instrumentos realizamos experiências que podem ser mobilizadas no processo de
confecção e utilização dos instrumentos

O que fazer: Quando iniciamos um trabalho com música na escola, uma das primeiras atividades a
ser realizadas corresponde ao conhecimento da realidade musical vivida pelos alunos. Basicamente, os
diálogos com os alunos são conduzidos por algumas questões centrais, entremeadas por outras delas
decorrentes:

• Que músicas vocês gostam de ouvir?

• Onde e com quem vocês ouvem músicas?

• Que cantores e/ou grupos musicas vocês mais gostam de ouvir? Por quê?

• Onde vocês mais ouvem músicas? De que formas?

• Que músicas vocês gostam de cantar

• Onde vocês aprendem música?

• Quais os programas de rádio e televisão que vocês mais gostam? Por quê?

• Vocês têm brinquedos que têm música?

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• Na sua família existem músicos?

• Vocês já viram alguém tocar um instrumento musica? Qual? Onde?

• Vocês brincam de criar novas músicas? Como fazem?

Esse contexto, quando analisado criticamente pelos professores, contribui para que se conheça
melhor o universo musical dos alunos e seja possível elaborar aulas de música não desligadas de
conhecimentos vividos e, de alguma forma, internalizados. Dentro dessa análise, podemos trabalhar
conteúdos como: Influência da música no nosso dia, corpo e mente; Gêneros e estilos músicas englobando, a
música clássica, gospel, popular; Hinos patrióticos; Histórias dos compositores; Música descritiva; Paródias;
Classificação das vozes etc.

Considerações Finais:
Podemos afirmar que através da música as diversas áreas do conhecimento podem ser estimuladas.
Temos na musicalização uma ferramenta para ajudar os alunos a desenvolverem o universo que conjuga
expressão de sentimentos, idéias, valores culturais e facilita a comunicação do indivíduo consigo mesmo
e com o meio em que vive.
Como educador Adventista maior é a nossa responsabilidade com os nossos alunos, pois temos a
Bíblia e o Espírito de Profecia como instrumento dado por Deus, portanto cabe a nós buscarmos a maior
variedade de informações e aplicarmos o conhecimento no nosso dia a dia para que assim influenciemos
positivamente e levemos aos alunos ao verdadeiro mestre dos mestres
Gostaria de terminar com as palavras da escritora E. White. “A música pode ser um grande poder
para o bem;... A música deve possuir beleza, poder e faculdade de comover... Corretamente empregada, é
um dom precioso de Deus, destinado a erguer pensamentos a coisas altas e nobres, a inspirar e elevar a
alma. É um dos meios mais eficazes para impressionar o coração com as verdades espirituais”.

Os textos deste trabalho foram retirados de práticas docentes, de pesquisas realizadas em cursos de
mestrado e doutorado ou de estudos sobre temas específicos do conhecimento e da vivência musical.
Sugerimos que os professores se dirijam às fontes primárias e a outras publicações para realizar leituras
subsequentes que ampliem seu conhecimento em relação aos conteúdos apresentados.
Professora: Lindevânia Kruger.

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Professora Vânia Kruger
REFERÊNCIAS:

BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.

DEL BEM, Luciana e HENTSCHKE Liane. Organizadoras. Ensino da Música – propostas para pensar e agir em sala de aula Ed

moderna, 2003.

WHITE, G. Ellen. Educação. 9 ed. São Paulo, CPB, 2007

WHITE, G. Ellen. Evangelismo. 1 ed. São Paulo, CPB, 1959.

FIGUEIREDO, S. L. A Legislação Brasileira para Educação Musical nos anos iniciais da Escola. Comunicação In: XVII

CONGRESSO DA ASSOCIAÇÂO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM MÚSICA (ANPPOM). São Paulo:

UNESP, 2007.

GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3. ed. São Paulo: Summus, 1988.

GOMES, Neide. Música é a criança. 1 Ed.São Paulo: Fermata do Brasil, 1996.

HARDER, Rejane. EDUCAÇÃO MUSICAL E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA – LDB e PCNs. Sergipe: UFS, 2008.

MÁRSICO, Leda Osório. A criança e a música: um estudo de como se processa o desenvolvimento musical da criança. Rio de

Janeiro: Globo, 1982.

OSTERMAN, V Eurydice. O que Deus diz sobre a música. 2. ed. São Paulo: Unaspress, 2003

Revista Recre@rte Nº3 Junio 2005 ISSN: 1699-1834

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SNYDERS, Georges. A escola pode ensinar as alegrias da música? 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994.

WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de Música: Experiências com Sons, Ritmos, Música e Movimentos na Pré-Escola.

Porto Alegre: Kuarup, 198

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