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As prisões dos desgraçados.

Autor: Antonio da Silva Magalhães.

Prisões de detidos, condenados, suspeitos e inocentes!


Tua intrepidez; é mormente cercear a liberdade humana?
Não estarás a cometer maior ilícito penal a essa gente?
Torna-te Escola, restabelece à liberdade sem barganha!

A tua luz, é obscuridade arrepiante mesmo ao meio-dia;


O teu ar, metamorfisa alienígenas execráveis e malditos;
O teu ministre funesto, não serve ném à máxima felonia;
As tuas celas de vinte, blindam duzentos duendes aflitos.

O teu aroma! é um mix de mofo, suor, sangue e sei lá o quê...


Dás ao visitante a fragrância da condenação ao abandono;
Dás às tuas celas um fundo de negrume para quem as vê;
Corpos e paredes juntos, são como o lusco-fusco do outono.

Somente os olhos contíguos às grades resistem na pretura;


Observam as visitas como um grande acontecimento do dia;
Assustados, curiosos, invejosos e com pasmas olhaduras;
Aglomeram-se a despeito de existir em seu meio um doentio.

Nos saguões de quatro presos há um pouco mais de luz;


É possível ver um, que bate a cabeça com leveza na parede;
É possível ver outro, que lê a Bíblia... a pensar em Jesus;
Ouve-se outro, que em tom de moribundo grita o seu enredo.

“Ai meu Deus! Eu quero a minha liberdade!”


" Eu, preciso da minha liberdade!”

Nessa disparidade de negros, pobres, magros e mórbidos;


Um combinado de sem escola, sem pais e sem trabalho;
Jovens com dezoito a vinte e quatro anos em opróbrios;
Só os vícios em drogas legais ou ilícitas são salários.

Sem residência fixa sem crença em crescimento social;


Menos ainda, sem o sufrágio afetivo e cordial de alguém;
Mais prisões de desgraçados estão fadadas a majorar;
E se o meio não atuar já, todos seremos vítimas também.

Baseado em uma visita a uma prisão brasileira.


Barcarena PARÁ, 19 de Fevereiro de 2009.

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