[A poesia] nada espera [...] das vantagens do sculo.
Presa ao seu prprio destino e
livre de toda ideologia, ela se conhece igual prpria vida, que por si mesma nada tem a justificar. E com um mesmo amplexo, como com uma s grande estrofe viva, que ela abraa, no presente, todo o passado e todo o futuro, o humano com o sobre-humano, e todo o espao planetrio com o espao universal. A obscuridade que lhe reprocham no se prende sua natureza prpria, que esclarecer, e sim prpria noite que ela explora e que a ela cabe explorar: a da prpria alma e do mistrio em que o ser humano imerge. A sua expresso sempre vedou a si mesma o obscuro, e essa expresso no menos exigente do que a da cincia. Saint-John Perse (Alocuo no Banquete Nobel de 10 de dezembro de 1960)