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Todo aquele que deseja beber água da vida e ter em seu interior uma fonte
a jorrar para a vida eterna deve conhecer a Jesus (Jo 4.13,14; 7.37-39) e
ouvir Suas palavras, pois as palavras de Jesus são espírito e vida (Jo 6.63).
Ou, se você preferir, o homem que procura Deus já foi achado por Ele.
E oremos por aqueles que se ajoelham diante de Jesus, para que Deus lhes
dê a paixão infinita.
Não existe oração errada. Aliás, a oração errada é aquela que não é feita. A
Bíblia Sagrada ensina que se deve orar a respeito de tudo. Orar por qualquer
motivo, qualquer hora, qualquer lugar, sempre que o coração não estiver em
paz. Tão logo o coração experimente apreensão, preocupação, medo,
angústia, enfim, seja perturbado por alguma coisa, a ação imediata de quem
confia em Deus é a oração.
O apóstolo Paulo diz que não precisamos andar ansiosos por coisa alguma, mas em
tudo, pela oração e súplicas, com ação de graças, devemos apresentar nossos pedidos a
Deus, tendo nas mãos a promessa de que a paz de Deus que excede todo o
entendimento, guardará nossos sentimentos e pensamentos em Cristo Jesus (Filipenses
4.6,7). A expressão "coisa alguma' inclui desde uma vaga no estacionamento do
shopping center quanto o fechamento de um negócio, o desejo de que não chova no dia
da festa quanto a enfermidade de uma pessoa querida.
Esta experiência de oração é chamada de oração simples: orar sem censura filosófica ou
teológica, orar sem se perguntar "é legítimo pedir isso a Deus?" ou "será que Deus se
envolve nesse tipo de coisa?". Simplesmente orar.
A garantia que temos quando oramos assim é a paz de Deus em nossos corações e
mentes. A Bíblia não garante que Deus atenderá nossos pedidos exatamente como
foram feitos: pode ser que a vaga no estacionamento não seja encontrada e que chova no
dia da festa. A oração não se presta a fazer Deus trabalhar para nós, atendendo nossos
caprichos e provendo o nosso conforto. Já que a causa da oração simples é a ansiedade,
a resposta de Deus é a paz. O resultado da oração não é necessariamente a mudança da
realidade a respeito da qual se ora, mas a mudança da pessoa que ora. A mudança da
situação a respeito da qual se ora é uma possibilidade, a mudança do coração e da mente
da pessoa que ora é uma realidade. Deus não prometeu dizer sim a todos os nossos
pedidos, mas nos garantiu dar paz e nos conduzir à serenidade. Não prometeu nos livrar
do vale da sombra da morte, mas nos garantiu que estaria lá conosco e nos conduziria
em segurança através dele.
Fonte: www.galilea.com.br
O texto mais esclarecedor, entretanto, é Efésios 2.1 -10, ele diz que não
somos salvos por causa de obras, mas "para as boas obras, que Deus
preparou de antemão para que andássemos nelas". "Boas obras" entram
em contraste com "delitos e pecados" nos quais andávamos antes de Cristo
Sendo assim, "boas obras" não são apenas uma alusão à solidariedade e à
caridade. "Boas obras" dizem respeito à totalidade da vida do cristão.
Referem-se a tudo quanto um cristão faz: "quer comais quer bebais, ou
façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus"(1Co 10.31).
Na ética cristã, o ser precede o fazer, sob pena de que o fazer caia no vazio
ou, pior, em contradição com o ser, além de ser um peso excessivo para
quem faz. A ação cristã despida de caráter anterior que a qualifique é
incipiente porque não é possível de ser registrada. A mensagem mais forte
suplanta a mais fraca, e nesse caso, a mais forte diz respeito ao ser, de
modo que o fazer sem o ser cai no vazio.
O ser precede o fazer. O cristão, portanto, deve agir tendo cuidado das
intenções, do caráter e dos meios que possibilitam a ação. O cristão deve
agir, mas deve antes certificar-se de que seu estilo de vida credencia sua
ação e fala. A contradição entre o ser e o fazer faz lembrar a mãe que
belisca a criança no colo. É a chamada "mensagem de duplo vínculo": o
carinho do colo e a agressão do beliscão. A contradição entre as mensagens
gera confusão psíquica e emocional. O cristão que age em desacordo com o
que é lança uma mensagem difícil de ser acreditada.
Não é por menos que o apóstolo Paulo insistiu em ser seguido no que falou
e mostrou. O evangelho não é algo para ser ouvido é para ser visto.
Aprendera isso do seu Mestre, que ensinava com a autoridade peculiar,
àqueles, cujas ações e palavras, são como água a jorrar do fundo do ser.
O Ser, Faz
"Se o céu existe, Deus tem muito o que explicar". Essa afirmação
do ator Robert DeNiro faz eco em meu coração.
Também experimento o incômodo de deixar Deus sub judice diante do
sofrimento humano. Não me conformo diante das injustiças da vida. O
argumento de que todos somos maus e, em última análise, ninguém
mereceria ser poupado do mal, não me satisfaz.
E também creio que a maioria das pessoas não merece a tragédia que sofre
- o casal que perde o filho recém-nascido; o adolescente que fica
tetraplégico após um mergulho displiscente; a mulher que se vê mutilada
pelo câncer; o pai de família que percorre as ruas na indignidade do
desemprego. São situações cotidianas que me fazem dormir mal sob o peso
do veredito: Deus tem mesmo muito que explicar.
Mas trago no coração uma certeza que apazigua a alma, dá coragem para
viver e me anima à solidariedade, ainda que tímida e pouco suficiente: o
céu existe.
Não sei como é, nem onde fica. Não sei quando acontece. Mas que existe,
existe. O presente estado das coisas não é a versão final da obra de Deus.
A tradição cristã afirma que "Deus prova seu amor para conosco em que
Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores".
Quem duvida do amor de Deus deve olhar para o Calvário. No dia em que o
sofrimento se agiganta e a visão do amor de Deus fica ofuscada pelas
lágrimas da dor, a cruz é o grito apaixonado de Deus.
O teólogo britânico John Stott disse que, na cruz de Cristo, Deus justifica não
apenas a humanidade, mas a Si mesmo.
Aqueles que imaginam que o Deus que habita em luz inacessível vive
confortavelmente no ar condicionado do céu, enquanto Suas criaturas
penam contra o diabo na terra do sol, estão absolutamente enganados.
Na cruz de Cristo, Deus sofre conosco. Sofre por nós. Padece em nosso
lugar. Deus sabe o que é padecer - seu Filho é homem de dores, ovelha
muda entre seus sanguinários tosquiadores. Na cruz de Cristo Deus
atravessou não apenas o vale da sombra da morte; atravessou a própria
morte.
Na cruz de Cristo, Deus afirma: "Não olhem para mim como se eu ordenasse
o mal"; "Quando estiver sofrendo, não me conte entre os que lhe causam a
dor".
Quase posso escutar o Senhor dizendo à mãe que chora a filha atropelada:
"Não me tome como quem passou por cima. Eu estava embaixo, sendo
esmagado sob o peso da roda que me dilacerava a carne e a alma".
Na cruz de Cristo, Deus sofre o mal. Ali, o Senhor é exposto como vítima, e
não como algoz que causa dor e sofrimento.
Na cruz, Deus é O que morre, e não O que mata. Na cruz de Cristo, pende o
justo morrendo a morte dos injustos. O veredito está lançado - há pecado;
pois que haja morte.
Deus está diante de Seu dilema eterno: matar ou morrer. E sua opção é
definitiva, desde antes da criação do mundo - morrer.
O primeiro dos dilemas é criar ou não criar. O segundo é criar com liberdade
ou sem liberdade. O terceiro é assumir o ônus da liberdade ou deixar este
ônus nas mãos da criatura.
Deus faz as escolhas que O machucam, que lhe causam dor, que o fazem
sofrer, que o diminuem.
Simone Weil diz que "Deus e todas as Suas criaturas é menos do que Deus
sozinho".
O Senhor escolhe criar um ser livre, pois se não fosse livre não seria à
imagem do Criador. E escolhe arcar com ônus da liberdade que concede à
Sua criatura. Na cruz de Cristo está Deus entregando a Sua vida,
voluntariamente, em favor dos pecadores.
O mal deflagrado pela raça humana levanta sua sombra sobre o trono de
Deus. E o próprio Deus Se levanta como um Cordeiro que a Si mesmo se
doa, pois sua escolha foi morrer, ao invés de matar.
Na cruz de Cristo está o Deus que morre para que todos tenham vida. Vida
completa, abundante vida.
Até aqui não há qualquer novidade, pois o princípio é o mesmo usado pelo
Senhor Jesus quando de seu ministério terreno. Robert Coleman afirma que
Jesus não se preocupou com as multidões, mas sim com os homens a quem
as multidões seguiriam. O auditório de domingo à noite não estimulava
tanto Jesus quanto os encontros de discipulado durante a semana.
O mais recente best seller da administração foi escrito por Jerry Forras e
James Collins. Chamase "FEITAS PARA DURAR" (Editora Rocco), e apresenta
princípios de liderança capazes de manter uma empresa viva após a morte
de seu primeiros visionários. Jerry e James disseram que líderes de verdade
não dão soluções, dão ferramentas. Isto é, não dizem as horas, ensinam a
construir relógios. Isto é, não fazem, providenciam que seja feito. Isto é, não
reúnem seus funcionários para declarações solenes do horário do dia, mas
multiplicam pessoas capazes de dizer que horas são. Sabem que o tamanho
de sua contribuição ao mundo não se pode medir pelo número de pessoas a
quem estes disserem as horas, mas pelo número de pessoas que puderem
saber as horas quando ele não estiver por perto.
Bem, confesso que estou em dúvida: não sei se James e Jerry pesquisaram
empresas visionárias ou os princípios de liderança do Senhor Jesus e do
apóstolo Paulo. Na verdade, acho mesmo que foram aqueles camaradas que
construíram impérios como Disney, IBM, American Express, Ford, Boeing,
Johnson & Johnson, 3M e WalMart, que eram leitores do Novo Testamento,
aliás, prática bastante negligenciada pelas lideranças evangélicas
contemporâneas.
A oração nunca me fez sentido. Para falar a verdade, ainda não faz.
Também não consigo compreender a mecânica ou dinâmica processual da
oração. Jamais consegui me ajoelhar aos pés de um deus deliberativo, que
recebe as petições e súplicas das mãos do "anjo protocolador" e as
despacha à luz de critérios misteriosos. Não consigo imaginar um deus
pensando se responde ou não à súplica de uma mãe no corredor do hospital
ou considerando se atende ou não ao clamor de uma comunidade que pede
chuva.
Alguém deve imaginar que Deus ouve as orações, avalia a questão e depois
dá ordens aos seus anjos conforme sua perfeita vontade: "Gabriel, faça com
que aquele advogado desista da compra do apartamento, pois decidi que
vou deixar que o casal que orou esta manhã feche o negócio"; ou "Miguel,
dê um jeito de aquele menino esquecer o agasalho e ter que voltar para
buscar, porque a mãe dele está orando e eu vou poupá-lo do acidente que
está para acontecer na esquina da escola". Se o leitor acredita que as coisas
de fato acontecem desta maneira, nada contra. Não tenho qualquer
argumento para afirmar que Deus não faça ou não possa atender orações
desse tipo. Respeito seu ponto de vista, até porque não duvido que você
tenha inúmeras histórias de orações cujas respostas de Deus o levam a
acreditar que as coisas funcionam assim mesmo.
Joachim Jeremias relata que Jesus se dirigia a Deus "como uma criancinha
fala a seu pai, com mesma simplicidade íntima, o mesmo abandono
confiante". Jeremias considerou este Abba "ipsissima vox de Jesus", isto é,
maneira própria e original de falar do Filho de Deus. Os apóstolos assim
compreenderam, e Paulo vai dizer mais tarde que o clamor Abba é ipsissima
vox dos filhos de Deus, adotados na comunhão do Espírito Santo.
Muito provavelmente, Abba é a palavra com que Jesus invoca Deus Pai
quando do seu brado final e triunfante do alto da cruz: "Abba, nas tuas
mãos entrego o meu espírito". Logo, a expressão da mais absoluta
confiança está presente no momento da mais profunda solidão e senso de
abandono e desamparo. Eis a fé, como disse Martin Buber, como "adesão a
Deus". Não a uma imagem de Deus, um conceito, uma idéia do divino. Mas
uma adesão a Deus, uma adesão que transcende imagens, conceitos, idéias
e também sensações e percepções. A fé como adesão a Deus tal qual a
adesão de uma criança desmamada no colo de sua mãe: além, ou aquém,
da consciência racional, que decodifica e disseca o Senhor como um
cadáver sobre a mesa da academia.
Caso lhe seja possível compreender a oração com um estar diante daquele
a respeito de quem pouco ou quase nada sabemos, exceto que é nosso
Abba; se a oração é para você expressar diante dele o que lhe pesa no
coração, através de gemidos profundos e um singelo balbuciar Abba, num
salto de fé que transporta para além das sensações, percepções e
conceitos; ou caso considere que um simples suspiro balbuciando Abba
implica a mais profunda e legítima oração, então não apenas você vai orar
mais, muito mais, como também – e principalmente – nunca mais será a
mesma pessoa.
Fonte: www.cristianismohoje.com.br
Assim como uma casa se faz com tijolos, mas uma pilha de tijolos não é uma
casa, também uma verdade cristã se faz com versículos – mas um amontoado
de versículos não equivale necessariamente a uma verdade bíblica.
O que uma cidade, uma figueira, um monte, um templo e a fé estão fazendo juntos nesta
cena? Aliás, observe. Caso não tenha percebido, eles estão juntos. Não são episódios
estanques, separados: o da figueira, o do templo e o aforismo sobre a fé. São peças de
um quebra-cabeças que, montadas, deixam claro como o sol do meio-dia o que Jesus
estava querendo dizer. Já, já, a gente chega lá. Mas quero contar outra história. Certa
ocasião, Cristo se deparou com um homem dominado por espíritos malignos. “Legião”,
disseram, ao responder qual era seu nome. Diante do Filho do Deus Altíssimo, os
demônios pediram que Jesus os deixasse entrar nos porcos, perto de dois mil. Jesus
consentiu. Em seguida, os porcos se lançaram ao lago de Genezaré e se afogaram. O
pessoal da região ficou louco da vida com Jesus e pediu que ele fosse embora daquele
lugar.
Não tenho dúvidas de que você já ouviu e leu centenas de meditações baseadas nestes
dois episódios da caminhada de Jesus com seus discípulos. Provavelmente, alguém já
disse que seus problemas são como aquele monte citado pelo Mestre, e que podem ser
superados pela fé. Não importam quais sejam seus embaraços, seus problemas, suas
angústias e as razões do seu sofrimento; basta ter fé. Afinal, a fé remove montanhas, isto
é, com fé a gente vence qualquer dificuldade.
Também deve ter ouvido a respeito da autoridade de Jesus sobre os espíritos malignos,
o que é absolutamente verdadeiro. E não é pouca autoridade, não. O Senhor deu conta
de expulsar dois mil demônios de um homem de uma vez só. Eles fizeram fila e saíram
um de cada vez. Então, imagine o que Cristo não é capaz de fazer com um
demoniozinho tupiniquim! Principalmente, no palco de uma igreja evangélica. Com
base na história do gadareno e sob a intercessão das mãos estendidas dos fiéis, os
pastores se enchem de coragem e repetem sua fórmula infalível: “Sai desse corpo que
não te pertence”.
Será que estes episódios se prestam apenas a ensinar a respeito do poder da fé para
vencer dificuldades na vida e acerca da autoridade de Jesus sobre o diabo e seus
asseclas? Ou haveria algo mais nas entrelinhas das narrativas? Fico com a segunda
alternativa: os Evangelhos – decerto, a Bíblia toda –contêm linguagem cifrada, códigos
secretos que comunicam verdades profundas, perfeitamente percebidas pelos
circunstantes, porém raramente alcançadas pelos leitores contemporâneos.
Mas, e a figueira, a cidade, o templo? O que fazer com essas figuras? Vamos lá.
Primeiro, o caso da figueira. Sabemos que essa árvore é um símbolo que identifica a
nação de Israel. Assim também a cidade, o templo, e o monte. A cidade é Jerusalém,
onde está o Templo de Salomão, no monte Sião. Jesus faz a limpa, cumprindo a
profecia de Malaquias – “Logo virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais” – e a
de Zacarias: “E, naquele dia, não haverá mais mercadores na casa do Senhor dos
exércitos”.
Jesus deixa claro que Israel é uma figueira estéril, sem frutos, o que é demonstrado pela
profanação do Templo e deturpação de sua religião. A nação é amaldiçoada; Sião
deixará de ser o centro da revelação de Deus e Israel será preterida por um povo com
quem Deus celebrará uma nova aliança – em Jesus, e não mais em Moisés: “É evidente
que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé”.
O monte removido pela fé não é a dificuldade particular de cada crente, mas Sião, o
monte santo, que não se abala – ou melhor, não se abalava, até que Israel rejeitou o
Messias, que conforme a Escritura, veio para os seus, mas não foi recebido por eles. Em
Cristo, a Igreja – o povo da fé – recebe todos os títulos que pertenciam a Israel:
“Geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido”. A fé remove o Monte
Sião. Portanto, da próxima vez que alguém lhe disser que a fé remove montanhas, diga
que já removeu. Sião não é mais o que era. A figueira secou. E nasceu a Igreja, povo de
Deus, povo da fé.
Da próxima vez que alguém lhe disser que Jesus é maior que os demônios, concorde.
Mas acrescente – ele é também maior que Moisés. E maior que o Egito, a Babilônia, a
Pérsia. É também maior que Roma.
Maior que os espíritos malignos que agem nas entranhas do mundo, que jaz no maligno.
E, porque maior que tudo e todos, é Senhor e libertador, aqui e agora, ali e além; Rei de
um reino que não terá fim.
Assim como uma casa se faz com tijolos, mas uma pilha de tijolos não é uma casa,
também uma verdade cristã se faz com versículos – mas um amontoado de versículos
não equivale necessariamente a uma verdade bíblica. Uma casa é resultado de um
processo inteligente de ordenação harmoniosa de tijolos, todos agrupados conforme
determinado projeto. Assim também, a verdade do Evangelho possui sua lógica. Fora
dessa lógica intrínseca, versículos não passam de tijolos.
Quero dizer que a promessa de Deus ao povo de Israel ("Se o meu povo que
se chama pelo meu nome se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se
converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu e sararei a sua
terra") jamais pode ser aplicada ao Brasil e significar que a terra a ser
sarada é a nação brasileira. Deus tinha um povo, e o seu povo tinha uma
terra, um projeto de Estado, uma ética social e uma agenda litúrgica em
unidade coerente. Isto é, o povo de Israel, habitando na terra da promessa,
organizado num Estado regido pela Lei divina em suas múltiplas dimensões
e sujeito ao único e verdadeiro Deus, seria luz para todas as nações.
Hoje, Deus ainda tem um povo: a Igreja (e se você ainda acredita que o
povo de Deus é a nação de Israel, leia Gálatas novamente). Mas este povo,
a Igreja, não tem uma terra delimitada como espaço geográfico, tipo
território nacional. Mais do que isso, quando o povo de Deus fala em
"organização social", não está falando de um estado de direito, uma ordem
social temporal, mas sim do Reino eterno de Deus. E o Reino de Deus não é
um reino a ser instaurado na história, mas sim sinalizado na história.
A Igreja não vive sob a promessa de que a sociedade pode ser sarada. A
Igreja vive sob o imperativo de oferecer-se ao mundo como humanidade e
sociedade redimida, que se estrutura, de maneira alternativa, e através de
suas relações internas anuncia profeticamente o Reino que virá. Como
aprendi com os evangelicais, a Igreja é responsável por manifestar aqui e
agora a maior densidade possível do Reino que será estabelecido ali e além.
Mas esta manifestação histórica do Reino de Deus, entretanto, não se dá
pela cristianização da sociedade ou, como pretendem alguns, pela tomada
do poder temporal pela Igreja Evangélica.
A igreja, leia-se comunidade cristã local, é uma cidade edificada sobre o
monte, uma luz na escuridão, que, inserida na sociedade corrompida e
vivendo em meio a uma geração perversa, que se opõe a Deus e é inimiga
da cruz, funciona como um sinal do Reino que virá. Não se iluda, esperando
que o Brasil inteiro um dia fique iluminado. Ele, assim como todo o mundo,
continuará em trevas. Mas em meio a estas trevas, viva em comunidade,
uma comunidade que "vive o que prega para que possa pregar o que vive".