Você está na página 1de 111
A primeira parte desta obra objetiva situar o Ce ene Ee Cn ior cern eer eencn ta SO CeCe heer er PC eee orn eae eeerenntt CO Caer cont ne ret reres DS oe eer eae eee de, em assisténcia, na previdéncia social etc.) e de ero Oe eon tom eae tre stce Cert try Pont One Coote aCe ste Sees CU accent mere erty Sot eet Ce OBC eCe tet ecnnrts Cutter tr eee arch eet ar watsat rates CeCe op erect e nee tens PCC ee ore EOC Ree orien tens © as politicas sociais ¢ discute as questées da cidada- nia social na contemporaneidade. ee ee LO Cntr ut} Coe Cen ore ee eee a Or ere Lessee errr aa eon t ee torut tines er eet eerste ori tty Ce eee Ce aera Se ee ec rers Becca estetrys ISBN - 85:249.0237% Bs24lsozs76l } A politica social do Estado Capt- talista 6 um Livro pioneiro, que j& no inicio da abertura politica (1980) colocou a questao da rela- go entre Estado, sociedade ¢ mer cado na formulagéo das politicas sociais. A preeminéncia do merca- do passou a ser a ténica do neoliberalismo, que vem sendo implementado polos governos su- bordinados ao Fundo Monetério Internacional. O primeiro capitulo ao livro discorre sobre esse fundamentatliamo do mercado @ 0 terceiro capitulo aborda o discurso liberal. No quarto capitulo, modificado para esta, edig4o, a relagio Tstadof sociedade/morcado 6 vista sob 0 Angulo eritico do processo de acu- mulagao de capital/reprodugéo da forga de trabalho e construcéo da cidadania, As politicas sociais estao inseridas nas lutas e na estrutura social. As lutas sociais ¢ a estrutura sao historleamente abordadas no con- texto europeu @ no contexte latino- americano, de indispensavel com- preensdo para se entender 0 pro- cessa de solapamento dos direitos socials na eva de globalizagao com. hhegemonia neoliberal, ‘A artioulagao entre teoria criti: cae histéria mantém a atualdade do texto, com um capitulo final so- bre neoliberalismo e previdéncia so- clal cuja reforma, busca reduzir di- velttos @ favorecer o mercado de se- guros, numa sociedade de grande ingeguranga, social para os trabalha- dores. A politica social do Estado Capitalista ‘ANAC Registro: 003611 f 4 @ Dados Intornacionais de Catalogagio na Publicagéo (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Faleisos. Vicente de Paula, 1941 — ‘A polttica social do estado capitalista/ Vicente de Paula Faleiros, ~8. ed. tev. ~ Sdo Paulo, Cortez, 2000, Bibliogeafia ISBN’ 85-249-0237-X 1, Brasil—Polltiea social 2. Politica Social 3. Prey 4, Previdéncia social Brasil 5. Seguro Social 6,8 Brasil 1. Titulo, CD 361.61 361.610981 +3684 90.0133 368,400981 indices para catdlogo sistematico: Brasil: Politica social 361.610981 Brasil: Providéncia social 368.400981 Brasil: Seguro social 368.40008 Politica social 361,61 Previdéncia social 368.4 Seguro social 368.4 Vicente de Paula Faleiros A politica social do Estado Capitalista 8 Edigio Revista A POLITICA SOCIAL DO ESTADO CAPITALISTA, Vicente de Paula Fa Cape: DAC Revisdas Miva do Lourdes de: Atieil, Canparigaa: Dany Raitora Ud Coordenacdls eduorials Danilo A. Q. Mores. NNentuma parte dest obvi pole ser msproduzida ow duplica sem amivizagso. express 4 autor e do edior. © by Auor Diretos para esta edigso CORTEZ, EDITORA ua Barta, 317 — Perdizes 95009-0009 — S80 Pavlos? Tels (11) S64OLIT Fax: (11) 864-4290 ail: eonter@eantezeior 1 Empresso no Brasil — avi de 208 4 SUMARIO Introdugio PRIMEIRA PARTE: PERSPECTIVAS TEORICAS CapiruLo 1: A Eeonomia Liberal do Bem-Estar Social 1.1 © Capitalismo concorrencial, as priticas de classe fe as teorias do bem-estar social 1.2 0 sistema monopélico € as teorlas do bem-estar social 1.3 A andlise do custo-beneficio aplicado aos projetos sociais 14 A economia do bem-estar e 6 Estado de bem-estar CAPMULO 2: As Necessidades Sociais: Perspectivas de Andlise 2.1 O naturalismo do sujeito e 0 culturalismo 2.2 As exigéncias do sistema ¢ a negagio do sujeito . 2.3 Luta de classes © necessidades CavirULo 3: [deologia Liberal ¢ Politieas Sociais no Capitalismo Avangado 3.1 Elementas constitutivos da politica social liberal ... 3.2. A politica social liberal no contexto politico e econdmico ceapitalista CaviruLo 4: As Fungdes da Politiea Social no Capitalismo 4.1 A. classificagio empitica das politicas sociais 42 As tung6es ideolégies bien Gas Sen 4.3 Contratendéncia & baixa tendencial da taxa de Incr 44 Valorizagtio © validagio da forga de tcabalho ... 4.5 Reprodugiio dinimica das desigualdades 4,6 Manutengio da ordem social SEGUNDA PARTE: ANALISES CONCRETAS ....... 85 CarituLo $: O Seguro Social nas Sociedades de Capitalismo Avangado: Iutas © resultados . 87 5.1 Colocagées tedricas Bia 88 5.2 As sociedndes de ajuda miitua 6 os seguros privades ... 93 5.3 © seguro contra os acidentes de trabalho... 2 95 3.4 A aposentadoria TN aortas 96 5.5 O seguro-sadde ata 2 101 5.6 O seguro-desemprezo ...esevveceeee 102 5.7 Expansio e testtigdo das politicas sociais 104 PETULO 6: Seguros Sociais no Capitalism Dependent corporativismo, populismo © preyidéneia social no Brasil no México ..... 110 6.1 Os conceitos de populismo © de corporativisme Mn 6.2 Da exclustio das classes subalternas a sua integragio controlada aa taie 113 6.3 Os aparethos da integragio seve 120 64 A previdéncia social como canal de reprodugdo das elagbes sociais 124 6.5 A prevideneia social como instiuigdo liberal © como estimulo A produtividade ¢ a demanda ....... ag, 82 CapirULo 7: Previdéncia Social no Brasil e México: Iutas resultados ......., ceeees 133 FA Perspectiva de anilise: as forgas sociais no campo da previdéncia sai . 133, 42. A providinoia social no Brasil fl 10 7.3 Os seguros socia no MBxieo... ceeee 158 CavirULo 8: Contradiedes du Previdencia Sovial Brasileira no contexto dos anos 70 bene bled 8.1 Aspectos estruturais sawvanes esate cutie AI 8.2 As conjunturas sociais . aaeramanats 17s 8.3 Buroeratizagato, privatizagio € medicaliz 179 8.4 A integragao dos eamponeses . 181 8.5 Compartimentalizagiio .. 182 8.6 Fundos privados -. 183 8.7 Empobrecimento dos apasentados ops co 183 CaPireLo 9: A Pol ‘a Social, Previdéncia © Neoliberalismo 187 6 INTRODUCAO A Politica Social do Estado Capitalista esté reeditado com algumas modificagSes, principalmente no capitulo 4, contemplando ainda a subs- ituigio do capitulo 9, que se referia X Junta Militar Chilena, por um capitulo sobre neoliberalismo, A sua republicagao tem o sentido de manter 0 debate em torno das relagdes Estado, sociedade © mercado na formulagao das politicas sociais. Depois da primeira edigho, em 1980, a discussio sobre politicas soeisis muito se ampliou, considerando as questdes politicas propriamente ditas © as questées tedrieas. As questies politicas vieram no bojo das reformas do Estado, que colocaram em xeque a estruturagio da Estado) de Bem-Estar Social, feita no pés-guerta e asticulada em toro dos fundos piblicos para proteg os de perda de renda ou de dade avangada, doonga, invalidez, morte ¢ acidente. Essa estruturagiio se baseou numa economia de pleno emprego e de forte industrializagio, fem que o sakitio estavel era a garantia de conbibuigdes tumbém estiveis para os fundos piblicos. A crise capitalista dos anos 70, a revolucio cenologica, o fim da guerm fria, ae aovas formas cle globalizagio com @ concentragho de capitais € de rendas em paises dominantes centrai mudaram profundamente as formas de reprodugia da forga de trabalho © das organizagées de trabalhadores. O desemprego se tornou ¢ principal problema social e a gesttio do trabalho esta confrontada com a gestio do. nfig-trabalho, ‘As chamadas reformas do Estado capitalista, seguindo uma pers peetiva neoliberal encampada pelo Funda Monetério Internacional, estio, por sua vez, desmontando os fundos piiblicos ¢ tansferindo respons: bilidades para o mercado e pars 6 proprio individuo. A andlise detalhada desses mecanismos vem sendo feita por meio de perspectivas diversas © complexas. Neste livzo confrontamos & apresentamos a perspectiva liberal (hoje neoliberal) nos seus fundamentos (capitulo 1) € seus discursos 7 (capitulo 3), vetomamos a discussiio das necessidades sociais (capitulo 2) © analisamos a questio da politica social na perspectiva marxista € da cidadania (capitulo 4). No capitulo § trabalhamos a relagio da politica social com a sociedade, mostrando que as crises & a correlagao de forgascondicionam profundas mudangas. O interesse pela histéria (capftulos 6, 7.e 8) mostra que as politicas sociais. so um proceso complexo que no pode ser reduzide a um tinico determinismo econdmice do capital nem a iniciativa da burocracia estatal. Substituimos © capftulo 9, sobre a Junta Militar Chilena, que foi a primeira a favorecer o mereado da previdéncia social com 9 modelo da capitalizagao, por um capitulo sobre Neoliberalisma e Previdéncia Social. Os demais capitulos, como explicitamos na primeira edigan, foram resultado de conferéneias © cursos, ¢ © capitulo 3 foi otiginalmente Publitado na Reyne Canadienne d'Edueation en Service Social. Cremos que © livro poder continuar com o propésito definido na primeiza edigiio: “contribuigto ao debate”, Principalmente num momento em que se destaca o contronto entre “politicistas” ¢ “economicistas" na anilise das politicas sociais. O.liveo se situa na articulagio do econdmico © do politico, na visio histérico- estrutural, evitando os reducionismos e privileginndo as andlises coneretas, das situagées concretas, sem a pretensio de estabelecer uma tinica explicagdo para todas as situagdes. Ao contdrie, pensar a realidade implica abrir © pensamento. Reitero os agradecimentos & Cortez Editora, prineipalmente a Joss. Xavier Cortez pelo estimulo a primeira edigéo, © a Margarida Luzzi Pizante F. pela traducgio dos capitulos 1, 2, 5, € 6 do espanhol e 3 ¢ 7 (exceto a item 7.1) do francés. Brasilia, 20/1/2000 PRIMEIRA PARTE Perspectivas Tedricas Capitulo 1 A ECONOMIA LIBERAL DO BEM-ESTAR SOCIAL A problemética da politica social ocupow uma importincia estra- ca fundamental na etapa do capitalisma monopolista do Estado. hustamente esse Iugar estratégico vem do papel que o Estado exerce para proteger, financiar © suportar 0 capitalismo monopolista, tanto 0s pafses hegemdnicos como nos pafses dependentes, ‘Se og monopélios se instalam em paises dependentes, isto no signifiea que © Estado seja um fantoche, mas conserva sun relativa uutonomia e, 0 que é também importante, sua identidade nacional, apresentanda-se como 0 Estado Chileno, Peruano, Uruguaio ete. Do ponto de vista operacional, a polftica social vem interessando varios tipos de profissionais como ‘og econornistas, 0s sacidlogns. os assistentes sociais, os médicos, tendo em vista que com a intervengiic lo Estado encontram-se na perspectiva ou na realidade do trabalho assalariado dependente da fungae piblica. Do ponto de vista tedrico essas politicas sio debatidas dentro dos esquemas mais. variados © contraditérios, Neste capitulo aborda-se o ponto de vista do welfare economics. ‘Trata-se de uma apresentagao erflica de algumas teorias econdmicas, & luz das quais diferentes le6ricos ¢ diferentes governos tém se referido € justificado as politicas coneretas. ‘Na primeira parte colocamos o problema na “etapa!” do capitalismo eoncorrencial, para em seguida colocd-lo. na “etapa” do capitalismo monopolista, Nao se adota uma visio ctapista do capitalismo, mas uma divistio esquemética para fins de anilise a 1.1, © CAPITALISMO CONCORRENCIAL, AS PRATICAS DE CLASSE E AS TEORIAS DO BEM-ESTAR Do ponto de vista das teorias econdmicas liberais € no mercado que 0 inthividuo satisfaz suas exigéncias de bens © servigas, portanto adquire seu bem-estar No modo de produgio feudal’ serve era vinculado 20 senhor Por relages de submissio ¢ protegio (sobretudo militar), enconteando satisfagiio de certas “necessidades' dentro das associngdes comunais ¢ principalmente religiosas. A religiio servia para legitimar a esmola, o asilo ¢ certos culdaddos de satide (cougiio extra econdmica). Nesse modo de produgfe © servo era proprietitio dos meios de produgio. No modo de producto capitalista produz-se uma ruptura entre a posse dos meioe de produgio © 0 trabalhador, Os meios de produgao passam a ser de Propriedade do eapitalista, pela expropriagio, pela reprodugto simples © ampliada, pela acumulagiio, © homem, como disse Marx, se ve livre, sem estar ligado ao senhar, pronto a oferecer sua forga de trabalho como individuo, em troca de saléio. A ordem medieval se desmoronou em sua estrutura social © polities, em conseqtiéneia das modificagdes nas relagées de produgio, iante das novas exigéncias de produgio dos valores e de intercmbio de mercadorias. 0 salério € 0 meio de prover a sun subsisténeia, Mas esse saldrio € oblido na produgio da mais-valia e sob uma submissio total as novas Telagies sociais que as fabricas suscitam. Disto resulta a disciplina coletiva, © “despotismo da fibriea", como diz Marx. Encurralados no campo, com as terras eamunais usurpadas, foram Os camponeses obrigados a vender sua forga de trabatho para subsistir em penosas condigdes de trabalho (longas jornadas, baixos salirios, trabalho de menores © de mulheres). 4Aos que no foram incorporades an mereada de trabalho, temporitia ou permanentemente, se fez toda uma legislagio repressiva, Assim, os considerados vagubundos © mendigos eam agoitades reincidéneia, se Ihes mareava com ferro e os condenava & morte (coagio direta ¢ indireta ao trabalho). Foram proibidas as esmolas aos meniligos no identificados como tis. Por outro lado, os que niio podiam se incorporar a0. trabalho, eram socorridos pelas paréquias, por intermédio das caixas de socorro, ‘mas de acordo com os interesses das classes dominanies, apresentando-se estas caixas como remédios contra o vicio, a vagabundagem © a 12 classe!. E essa a esséncia da lei dos pobres na Inglaterra. E com a eriagdo dos workhouses, na Inglaterra, por volta de 1730, a tec tegibiin’ te “& 4 piosaglo™ Ene Wabalhar 6 Wwabalhar, era preferida a primeira situagio, seins esl desta sr juan 20m po ira um regime de suplemento de saldrio, para compensar a alta 1B | a Para ele, o bem-estar se identificava com a riqueza, num ponto de vista objetivo”. Esta nogao supunha que a riqueza dependia do esforgo individual num sistema de coneoréneia perfeita. Assim, 6 no mercado que se produz o equilibrio entre 0 consumo © a produgio, Como Malthus assinala, a pobreza é um desequilibrio entre a produgio © @ populagao.”O auxilio para a distribuigdo do excesso de. alimentos entre a populagio faria aumentar o. nimero. de pobres, como. faria aumentar 0 custo dos alimentos, algm de reduzir 0 rendimento dos trabathadores independentes. Além disso, a distribuigio 56. favoreceria © preguiga € © vicio. © individuo era julgado culpado de sua situagio, legitimando-se essa ideologia por critérios morais, de uma menal natural. Como se 0 fato.de existir pobres © ricos fosse um fendmeno natural © no o resultado do tipo de produgiio existent Do ponto de vista da produgio supie-se que as unidades de produgio possam otimizar algumas independentes das outras © que no mereado existe uma concorréneia pura e perfeita entre tacos os precos © todas as quantidades’ Assim o individuo deve ser liberiado das amarras da ajuda paca procurar 0 miximo de “beneficio” no mercado (como assalariado © como consumnider). ‘Segundo essa teoria, o fundamental seré que 0 consumidor otimize a sua satisfagfio © a sua utilidade, Teoricamente cada individu deve procurar otimizar sua satisfago e sua uilidade pata retirar 0 valor de uso mais conveniente ao mercado, © importante ¢ considerar que, de acordo com a oferta © a procura, € no mereado que os individuos poderio aleangar @ méximo de satistagin com as mereadorias produsidas, © welfare economics, como assiniln Ross, considera 0 bem-estar como nao definivel, porque leva em conta critérios subjetivos, pois a economia seria uma cigncia positiva. Mas isto nao impede que se considere 9 individuo como o melhor juiz (the best judge) de seu bem-estar’, No fundo, © bem-estar ¢ identifieada com o consumo, que traria para 0 individuo a “felicidade, com a satisfagtio de seus desejos ¢ proferéncins individuais. E pela “livre escolha", num sistema de mercado, que 0 individuo satisfaz suas preferéncias, levando-se em eonsideragio que se esté num sistema de concorréncin, em igualdade de condigées. A iderar também a renda, nao em sua distribuigzo, porém em sua globalidade, Conforme Pigou, um aumento no rendimento nacional aumenta o bem-estar se a participagao 14 teoria do bem-estar” deve car los pobies nto for diminuida: e se a participagio dos pobres_no ee Tee una na0 0 ini, o bemvestor econo, de algume forma é aumentado’, E de acordo com essa teoria mistifieadora que certos economists mnedem a siqdeza de um pals © nfo a de seus habitantes, © eantinuam tlilizando as estaiticas de crescinento do produto (PIB) € dos rendi- mentos, como indices do aumento co bem-esta sinda eegutde Salo welfre economies, tem suns ratzes om Witedo ara ener € ocssiocomprendee aus prespsts, Se Buwideos que a’compdem, © eada individuo € 0 melhor juiz de seu sae et ter uD beressar viper fon demas oe ae a iviut 0 bemventar da coveda crsee, ashe @ presiss Nes Ma economia e sua SE ee igus power enon Tninngo a eae can Ki bap ai a ideclgi edfensn pte Durga hrgsa reform ds qua comico qe se poe aumenar ons de vida des Spetitis som nenhurna dimiouigao de seu Prsprio nivel " Pareto” divide a sociedade em duas classes: uma classe superior, a dos, gvemares ema eae Ini do genera. TEE une Senn eiuTagto env cts diss cases que depede ds uaides eee arcade Gas opostones Diz le, "agueles ene 3 uals cr auindoy corer tem mats imporicin ahs so guides de Stutdndos Ge engenhondate, sort frosts” (@ L215) ee homens siio movidos por suas preferéncias. Os individuos sao: 15 intrinseeos, como a raga, os sentimentos sineeros, as tendéne interesses, a aptidia para o raciocinio e a observagto (§ 1,306). Pareto procura encontrar um equilforio enite’ estes diferentes ele Imentos, seja no espago como no tempo. Para ele a ssociedade, como 68 individuos, se deslocam num campo de forgas, como as forgas de agtio € de reagho, de forma tal que a modifieagio de um elemento quebra 0 equillbrio, que ocasionard uma reagto eontrdria de outros elementos para restabelecer o equilibrio inicial Este equilfbrio definido como win estado, de tal forma que se houver uma modificagio anificial diferente da que existe em realidade, Jogo se produziré uma reagio para yoltar ao estado real, Por isto € neeessirio ver o° estadas succssivos de un inwlivéduy © de uma sociedade (§ 1311). Sao estados-limites, dos quais a sociedade ou o individuc ndo pode se afastar A nogio de urilidade para Pareto esti vineulada a esta concepgio de soviedade. A utilidade € a vantage que se pode obter de uma ago, podendo ser direta ou indireta (como parte da coletividade), como fem ‘relagio a outeos individuos. Esta mesma classilicagio tripartida aplica-se A coletividade. Assim esta utilidade possui um’ indice © hi estados em que esta utilidade € maior © pode aleangar seu grau maximo, Ha momentos em que o individuo pode aleangar o miximo de utilidade Esta utilidade, em economia, eompreende o grau de satisfaeio de um individuo em relagio a uma determinada mercadoria. Se uma coletividade puder modifiear um estado, com vantagem para todos os seus membros, € de utilidade maxima atuar nesta divegio, Mas se niio for possivel agir assim, & necessirio procurar outros critérios de ordem social ou ética para se decidir, de modo que os individuos ‘optenn por wna determinadla decisiia Otimizar, para os economistas, segundo Pareto, consiste na produce de um bem que satisfaga uo mesmo tempo as preferéacias do consumidor ja © criléria de eficiéneia, isto 6, 0 miximo de lucro para 0 empresirio, no sentida em que nto haja outro programa viivel nestas mesmas condigbes. Assim as preferéuctas © 08 pregos se combinariam, © individuo obteria a quantidude que © satisfaga eo empresirio o prego que o satisfaga De acorde com Pareto, dois individuos A e B estio em relagio aos bens X ¢ Y. No ponto de origem O, o individuo A possui 100% de Y. Assim as curyas se deslocam diagonalmente, mostrando ox diferentes momentos de satisfagio de ambos os individuos em relagio 4 distribuigio dos dois bens. As duas curvas X siio tangentes. segundo ‘uma Tinha de contraro entre os dois, em gue eles concordam as suas 16 mdiuas vantagens ao mudar seus bens segundo a utilidade para cada um deles*, Dobb faz a erica desta tooria assinalande: 1) & uma distribuigao rotalmente relativa, que depende da posigiio relativa inigial de ambos os individuos, © que nao é levado em conta Qualguer owe desiocamento sobre o diagrima que implique um duplo deslocamento nfo pode ser eontestado por Pareto. 2) Quando hi um deslocamento supSese que os ontros farores permanegam constantes (N80 $e leva em conta os falores. politicos, Sociais que inlluem nos gostos do individu) 3) Hf um cireulo viciowo no sentido em que a livra consurréncia € 9 live comércio supiem que > individuos que. pesmutam entre defendem seus interesses, o que faz super que procuram suas mdtuts vantagens © procuram melhorar sua sorte, o que presume o livre comércio ©-a fivre coneorséncia. Dobo assinala também, de passagen, a separugio que Pareto. faz enire 0 sistema de produgio ¢ 0 de distribuigdo, 0 que também, ja tinhamos assinalado. [As contigées necessérias. ao timo de Pareto sito: concorrBncia perfeita, liberdade do consumidior, que os custos marginals sejam iguais 08 rendimentos maiginais em toda a economia © que two que for produzida seja consumido. O consume atual define © consume Tutu. © problema do bem-estar econdmico & assim um problema tebrico, ideal, de relago entre os pregos © os gastos ce cada individuo. im dltima instineia, o homem seria um ser que atuaia por suas referencias, por seus sentimentes, E uma redugio do bem-estar ao Erets acento dng otras sells i reat hehe Mesmo que Pareto fale dat lilidade para wna coletividade, esta uiidadle € a utilidade dos individuos (§ 1.347). E uma teoria ideal, normativa, mis que nem como ideal so hé sustentad, Sogundo Godelier, a teorin da concorréncia perfeita fie como uuma norma, um ideal. Godelier se questiona porque sendo um ideal cla desaparecev, E como se. justifica, no sistema de concorréncin, 1 desigualdade da propriedade?” Os postulados que acabamos de expor constitucm alguns dos elementos bésicos da teorin marginalista neoctdssica, Pierre Archard! assinala que os marginalisias confundiran (valor de uso e valor de troea) 0 qite Marx havin distinguido bom, Para os marginalistas 0 prego & a medida da utilidade. E como jf assinalamos, 6 no mereado que se maximizam as satisingGes. 7 © 6timo para 6 consumidor, assim, vai situar-se quando a dltina unidade do que dow, tem a mesma utilidade da dima unidade do que obienko. Para o capitalista a inversio vai se. situar num limite méximo, de tal foriina que a ultima unidade produzida deve ser igual a seu custo de produgdo. No fundo 0 beneficio deve ser maior que o custo, iste & a inversdo deve garantir uma reatabilidade constante, Igualmente, capitalista vai contratar assalarindos até que o Gitimo & ser contatado nio produza mais que o seu préprid:saléro. Esse tipo de “sneionalidade”, éompletamente abstrata, seria mantida pelo mercado de uma forma aulomitica ou quase, porque, nesse modelo A praluygv ufo € produsio de valor, poré: produgao fibica de mercadorias destiniadas a satisfazer certas “necessidades” dos consumidores. Auali ct Guillaume!’ dizem que esta teoria de equilfbrio permite ma simplificngio (extrema) de certas interdependéneias econdmicas, ficando-se em um antvel de abstracio, ante a nio existéncia real da coneorréncia pura © perfeita. Esses autores notam ainda que as preferéneias dos consumidores se referem a diferentes estados individuais possfveis, sem que se leve em conta as preferéncias de outros agentes. Além disso, as preferéncias sio independentes uma das outras, o que no corresponde i realidade. © marginalismo € um meio de justificagzo ideoligica do sistema baseado no otimismo burgués de que a livre concoréncia resolve todos os problemas econdmicos, Keynes se opie de certa forma a esta teorin quando defende cerca intervengio do Estado. Ble afirma que “exceto a necessidade de um controle central para mater em equilibria a propensito para consuanir 6 4 incitagiio pare invastir, 980 hd raz5o agora, socializar a vida econémica” excegao, hhotive antes, para 3 mas a intervengio do Estado seria uma Para Keynes, a incitagio para investir se faz por intermédio da taxa de juro € a incilagio para consumir, por intermédio da politica fiscal ou da politica social de inversoes. publi Nesse modelo ideal © individuo-consumidor € fivre, mas. desvin- culado do individuo produtor, Este € obrigada a vender sua forga de twabalho para poder consumir, nas condig6es impostas pela sua situagio no sistema produtivo, A (ora exposta se baseia nessa separagio radical entre prod consumo, pois 6 a produgio que produz © consumidor, Bla se realiza para o intercdmbio e nao para satisfazer As necessidades ow preferéncias individunis, 18 0 proprio desenvolvimento capitalista, a monopolizagio do mereado foi exiginde modificages nessa teoria do bem-estar como consumo. Com efeito, como pode 0 consumidor escolher livremente, se 0 mereada 6 monopolizado? Além do mais 0 controle da forga de trabalho no mercado nao Foi colocada como questo tedrica, nesse modelo. Essa problem: seré abordada no capitulo 4. © problema da distribuigao da renda também niio foi abordado, io foi tomado em conta como varidvel do modelo, mas considerado tum dado de fato, j4 que o simples crescimento implicaria (teoricamente) um aumento geral do bem estar de todos, esquecendo-se que 0 povo pode ir mal mesmo que a economa va bem. 1.2. © SISTEMA MONOPOLICO E AS TEORIAS DO. BEM-ESTAR SOCIAL © modo de produgio capitalista mercantil € concorrencial trans- Tormou-se para reagir 2 “lei da baixa tendencial da taxa de lucto” Foram profundas as tansformagées nas relages de produgio © nas relagées sociais de produgio. pela utilizagio da “mais-valia” selativa que o capital tenta se bopor & baixa tendeneial da taxa de luero. Com a ulilizagio da tecnalogia avangada, da aceleragiio e do parcelamento do trabalho, do aumento da produtividade, 0 capitalismo busca diminuir 2 méio-de-obra_implicads ha produgdo € ao mesmo tempo aumentar a producio ¢ a produtividade. As sociedades por ages substituem as sociedades individuais, criande se vaston complexon nacionsix ¢ internacionais. Os monopélios necessitam de uma expansio constante para manter seus ucros. Com a crise de 1930 consolida-se modo de produgio eapitalista monopolista, o qual entra em uma fase erinentemente expansionista, depois da Segunda Guerra Mundial, com a Por intermédio dos investimentos diets, do controle do comércio das finangas internacionais, os monopélios americanos controlam de maneira hegemdnica, mas nao sem contcadigSes, a economia ocidental. A teoria coondmica do bem-estar precisou se adaptar a essa siuagao de dominagiio dos monopélios, tomando-2 come um fato, como tum dado positivo, isto 6 sob © ponto de vista das cifncias positivas, do. positivism, Os economistas do welfare economics imaginaram a teosia do second best, isto 6, “da segunda alternativa melhor” hegemonia america! 19 Nesta perspectiva assinalam Lipsey © Lancaster que pelo. menos € admitida uma limitagao adicional a8 que exisiem no Gtimo de Paret da nawureza desta limitagao que ela proveja, pelo menos, a satistagio de ima das condigGes do 6timo da teoria de Pareto. Assim podem existir vas posigdes da “melhor segunda alternativa”. Por exemplo, a protegio advianeisa (considerada indescjivel em um regime de livre coneorréneia) pode ser desejdvel, segundo esses economistas, para au- mentar a eficiéneia da produgio mundial. necessirio advertir que cficiéncia significa aleangar 0 méxinio de utilidade possivel nos pregos, do panto de vista capitalists Mas esta teoria diz que em situagio de monopélio € preciso procurar uma altemnativa methor de bem-estar, por exemplo, na dist Ihuigao do estoque de bens. Se a distribuigto numencar, © bem-estar dos individuos jd € vantajosa. Os autores citados dizem que “o monopslio € assumido como um dado: por uma ou outra raz este monopélio ndo pode ser removide e a tarefa da indistria nacios 6 determinar que a politien de pregos seja, o mais possivel, “de interesse public © postulado da “segunda alternativa melhor” & qualquer poltti fazer certas coisas piores ¢ outras melhores. This is a typical “secand best situation": any policy will make some things worse and some better”. Aceita-se que no se pode melhorar a situagio de todos 0 mesmo tempo. Da mesma maneita se passa no caso das tarifis, das impostos, enfim da intervengao do Estado. Eo timo social em presenga do monopélio ¢ da taxagio da Estado. Os lucros do monopslic $20. vistos como uma transferéncia privada de pagamento e que podem sofrer um taxagtio sem altar a producio. O que se passa € que o consumider vai selecionar a quantidade de mereadorias clo mereado, para maximizar a fungio de acu orgamento, Em outros mos, isla signifies que u consumidor escolhe a qualidade ¢ a quantidade do produto de acordo com as suas possihilidades. Em realidade, nos patses capitalistas, en- a diferenga de qualidade de quantidade das mercadorias, numa escala adequada a todos os orgamentos, isto € desde a mais baixa até a mais alta qualidade. Uma vez que 0 consumidor de baixa renda escolheu a qualidade, ele comega a diminuir a quantidade do que quer comprar, segundo seu orgamento, Assim teri o refrigerador usudo, mévels, utensilios e comida de segunda categoria, ¢ na quantidade Timitada & sua vende, Toda teoria liberal do bem-estar esti baseada no mercado © no consumo, Eno mercado que os individuos, atoms sociais, devem Procurar satisfazer suas preferéncias, seus gostos, segundo uma curva de indiferenga, (Supde-se que as aperirios que produzem um automével 20 tle Iuxo no tenham interesse em possutslo.) Assim, supde-se que todos os bens que “atendam” as “necessidades bisicas” do homem estejam no mereado: alimentagiio, moradia, roupa, lazer, educagao (em parte), satide (em parte), transporte (em parte), Os subsidios do Estado. tem por objetive manter o lucro das empresas que se dedicam em produzir cettos produtos essenciais, como tem sido o caso do leite, do pao, do agiicar, Estas subvengdes tém também por objetivo manter estivel a demanda em caso da infra ou da superprodugtio. A retirada destas subvengées dos Estados capitalistas para deixar “livre” 0 prego. no mercado, depende das conjunturas econdmieas € sociais ¢, portanto, nfo € 0 mercado que conduz a produgio com sua “mio invisivel”. Uma vez que so necite © monopilio c a desigualdade de renda como dados, trata-se de adaptar-se a eles, dizem os economisias em questio, Ora, isto mostra que no siio os monopélios que se adaptam tans consumidores e as suas preferencias, mas que a produgho comanda ‘© consumo, A propria formulagio teérica do second best mostia que © com sumidor jd ndo tem a primeira escolha, Ele esta prisioneiro do monopslio © stua liberdade esté condicionada pelo critérie do interesse pablico, lambém niio escalhide por ele. ‘Mas para manter-se a satisfagdo do consumidor & necessirio que este aeredite na livre escolha. A produgiia de produtos de fungao igual (autos, por exemplo), mas inerementados (pequenas diferengas) de forma diversa manifesta alternativas aparentes de escolha, A escolha porém se torna_menos complexa se a_publicidade “escothe” pelo consumidor. Este jd nem tem o “trabalho” de eleger os meios de comunicagiio Ihe apresentam © que é bom para ele, Eo que & bom para ole seré bom para © produtor Invertem-se os termos, O que € bom para o produtor deve aparecer como bom para © consumider, senclo que o interesse do produtor produzir (mereadorias) € mio © “bem” do consumidor, Mas sem a satisfagao” do consumidor a produgio baixa, Entio se produz também a “satisfacao", pela méigquina publiciticia, © consumidor consome o produto € a alegria vendida de possut-lo. © valor de use é transformade em valor de toca. J4 se compra. por comprar em certos pafses, porque o valor de uso foi vendido como valor de woea, Nao ha second best para 0 consumidor, porque ele esti sujeito A produgao. Fle pode fazer eftculos das vantagens a retirar das alternativas possiveis. Mas “o possivel” é também produzido. Sua escolha & posterior © depende de sua insergio na estrutura. produtiva. 21 A concentragio da riqueza, das decisdes ¢ da produgio e sua centralizagio vo eliminando cada vez mais a liberdade do consumidor. J. K. Galbraith!® diz que se criam poderes compensatsties & agiio dos manopélios, restabelecendo-se © equilibyio entre produc: Para ele as grandes redes de distribuigto, os sindicalos © as organizagées dos consumidores sto “poderes compensatsrios” Esquece Galbraith que as reties de disiribui pelos monopélios, que os sindiedtas tm foreas © regras limitadas © que os consumidores nio tm uma base organizacional estivel © que seus interesses podem ser divergentes. © eguilibrio esta Longe de ser restabelecido pelos meivs propustos por Galbraith. ‘Além do mais, o modelo de sociedade de consumo é um fracasso, Os ricos se tormam mais ricos ¢ os pobres, ainda mais pobres. Onde € que esti a vantage geral? Basta analisar as estatfsticas da ‘América Latina € mesmo dos patses considerados desenvolvidos: para se dar conta disso. O rendimeato per capita, na Am meados de 1961, era de 424 ddlares © em 1970 era de 490 déla Enquanto nos pafses desenvolvidos este rendimento passou de $ 1744 para 3.000 délares. No interior da América Latina 20% da populagiio possuem 3% do rendimento e os restantes 20% possucm 63% do rendimento nacional. Mesmo nos Estados Unidos os pobres stio consi derados 20% da populagio, com uma renda famitiar anual menor que 3,000 dolares. Esta proporstio tem se conservado estes ditimos 30 ‘anos. 1.3. A ANALISE DO CUSTO-BENEFICIO APLICADO AOS PROJETOS SOCIAIS ‘A aplicagiio conereta diteoria do welfare economics no campo. social se faz por intermédio de planos e projetos, por meio dos quais se tena implantar o sistema do custo-beneficio, Segundo Peter Bohom!* “na tcoria econdmica elementar, o eritério, para uma inversio ucrativa implica que o valor descontado (valor presente) de todas os rendimenios (+) e custos (-) que uma companhia de investimentos acumpla seja maior que zero”, Em outras palavras, isto significa que as entradas de dinheiro devem ser maiores que os gastos. Quer dizer, que © valor ocasionade por um projeto em seu perfodo de exploragao deve ser superior 2 wwxa de juros. Isto se chama fie rentabilidade finaneeira de um projeto, isto & seu rendimento bruto 22 (sem contar as amortizagGes) ou seu saldo liquide (descontando as amortizagdes). Ou seja, 0 Inero possivel. Peter Bohom reconhece que esses crilérios no sto totalmente apliciiveis a um investimesto social, porque s6 consideram o lucro individual sem ter em conta os beneficios sociais, € refletem os pregos do mercado. Um investimento social, segundo esta teoria, deveria considerar também seus efeitos sobre a economia, como um todo, e no examinar somente © lucro, além de considerar outros objetivas, os objetivos da politica governamental e seus critérios de eficiéneia, Segundo esta teoria, 6 necessério identificar os efeitos secundirios. ‘Mas na realidade, os efeitos positivos so os beneficios © os efeitos negatives ele ov custos. Em segundo Tugar, oupde se que a atual distribuiggo do rendimento representa a distibuigio desejadals Em telagdo aos pregos, verifica-se que a chamada eficiéneia social também procura equiparar-se aos pregos do mercado, com a f6rmula do excedente do consumidor (consumer's surplus). O excedente do consumidor, segundo Joseph de Salvo'®, 6 “o dinbeiro adicional que Ihe teria sido outorgado para que © utilizasse tio bem (sie), fora come dentro do programa estabelecido pelo governe ponderando que ele deve Baga pregos do, mercado pelos bens que comp © pagar cluguéis pela Assim © critérie para reserva de recursos num projeto. social, omo a construgio de casas, é permitir ao consumidor as mesmas antagens” que o mercado, somente através de um subsfdio que ele deve pagar, & claro. Assim € que se processa com os projelos sociais de construgio de casas a “pregos médicos", os quais seguem as mesmas leis da mercado € que, em geral, s6 atingem uma parcela fnfima da populagio, geralmente a que possui recursos para adquirir o produto no mercado. Criou-se uma espécie de mercado paralelo, seja pela subvengio direta aos vendedores, seja pela subvengio direta aos compradores. 1m relagio ao seguro social 0 mesmo fendmeno se processa, Nos patses desenvalvides © governo quer instaurar uma renda mini garantida, em dinheiro, para permitir a “Livre escolha” no mercado. Essa estratégia vem mistificada pela ideologia da igualdade de oportu- nidades, que encobre, justamente, a desigualdade de condigdes!”, Precisamente o critério do “excedente do consumidor” faz supor gue © consumidor tenha excedente em seu orcamenta e que, se teeita a atual distribuigio do rendimento, supde-se que a satisfagio obtida pela compra feita, exeeda © prego pago, Conelui-se entdo que cle estava disposto & pagar o precn estabelecide. Quer dizer, quando s% disposto a gastar & porque existe o excedente, O que importa “eorrigir as imperfeigdes do mercado”, como se existisse um mercado ideal, Na realidade, wata-se de fazer os ajustes necessirios desde que haja ms- nifestagio do descontentamento dos consumidores 1.4, A ECONOMIA DO BEM-ESTAR E O ESTADO DE BEM-ESTAR ‘Uma das teorias nfo econdmiicas, vinculadas & teoria do welfere economies, & desenvelvida por John Rawls! (em sua idéia “democritiea” de justiga) © resume-se em dois principios basicos 1) Cada pessoa tem igual direito ao mais extensive esquema de liberdades bisicas, compattvel com um esquema similar para todos: 2) Frente &s desigualdades sociais e econdmicas deve-se atender 4 duas condigoes: 4) a0 maior beneficio esperado para os menos favorecid miiximnoy; € b) 08 oficios. prot sob condligies de uma justa igualdade de oportunidades. Assinala Rawls que o primeivo prinefpio tem prioridade sobre 0 segundo © que a medida do beneficia para os menos favorecidos se faz em termos dle um indice dos bens sociais primordiais. A prioridade do primeiro principio sobre o segundo significa que nenhuma melhora ha igualdade podera afetar 0 estatuto de. tiberdade. s (eritério jonais e posigdes devem ser abertos a todos, sles prinefpios supfem uma sociecade “bem organizada”, na qual cada um sabe que as demais pessoas accilam ox masmos prinefpios de Justiga, que acredita na realizagio desses principios pelas instituiges e ‘que todas as pessoas dessn sociedade so e se véem a si mesmas como lives, iguais © morais © este sentido ce justign deve ser inalterdvel. Supée-se também, que existem poucos recursos ¢ diverséncia de inte- esses, mas hii um consenso para a produgio de bens © & necessério concordincia undnime para a distibuigio dos bens (atribuida & fungiio piiblica). sta mesma teoria de justign fot assimilada a teoria do equiltbrio dios pregos no mereado, ao que Rawls eontesta dizendo que esta analogia deve ser usada com discrigio, Mas nfo a repele. Isto demonstra que 4 teorin do welfare state corresponde & teoria do welfare economics, isto 6, 6 uma forma mais rebuscada para apresentar 0 capitalismo ‘monopslice. 24 Que € uma sociedade “bem ordenada” (well ordered society) seniio a sociedade de individuos em equilibrio por um miituo contrato? Para Rawls cada parte da sociedade sabe o que quer (esté totalmente informada), Os bens primérios sto aqueles que as partes da sociedade acham razodvel assumir como necessirios, quaisquer que sejam os objetivos finais. “Assim © objetivo da sociedade € assumir a responsabilidade de manter certas liberdades bisicas € oportunidades basieas @ prover uma igual participagio nos bens prindrios, deixando aos individuos & grupos 4 responsabilidade de formarem e reverem seus objetivas e preferéncias de comum acorde. Supde-se um entendimento entre os membros de tints tal sociedade, da qual como cidadacs eles pressionario, reclamando, somente, por certos tipos de coisas ¢ de acordo com © que for permitido pelos prinefpios de justiga”. Esta concepgao do welfare se baseia nos seguintes postulados fandamentais: 1) De que © Estado & neutro, 2) De que a sociedade representa um consenso entre os homens (consensual) e que o Estado visa objetivos de justiga (isto 6, humanitirios), 3) A igualdade se faz para alguns bens primdrios (excludente). © principio do consenso significa que todos os membros da sociedade querem adotar os mesmos postulados, Este modelo € parcialmente aplicado em alguns paises (por exemplo, nna Pranga) nos quais, num mesmo quadro de negociagbes, se procura um entendimento entre patres, operditios e funcionfrios. O Estado aparece como a terceira parte, Eo modelo consensual que est por detras da politica do welfare state © Estado aplica os mesmos eritérios do mereado, atenvando temporariamente alguns pregos. No caso da. alimentagio hi alguns subsidios para certos produtos (mas outros ficam livres). Em outros setores hd tanbém subsidios, subvengées, eréditos, com © que se pretende harmonizar, conciliar interesses opastos em relagdo a certos dominios bem especilicos. Esses dominios so escolhidos, no porque significam a promogie dda justiga, mas porque ha uma crise no mercado (oferta-procura) e para que este seja mantido no seu eonjunto, No setor do lazer @ intervengiio da Estado abre um nove mereado & empresa privada na construgio de equipamentos © na venda de produtes, aparecendo como promotora da distensio. do. bem-estar 25 A harmonia social puscada nos conselhos téenicos, coloca em posi¢io de minoria os (rabalhadores que possuem também qualificagzo técnica inferior para abordar certas asstintos..em que sio “enrolados” pelos tecnacratas. 0 caso da co-gestio alemi, em que 0s operérios stio obrigatlos a contratar profissionais para defender seus pontos de vista, sendo por isso mesmo afastados da co-gestfo, A harmonizagio pretendida é:vista como neutralidade, ¢ a neu tralidade apresentada como harmonizagiio, mas numa relagio de forgas em que predominam os interessés do capital, a longo € no raro a curto prazo. © prinefpio do consenso oculta e maseara a divergéncia de interesses, a "monopolizagao do bem-estar”, confundido pela publicidade com © consumismo de bens de consumo imediato ou durdveis. A “felicidade” seria comprada com uma TV em cores, um carro, uma casa na praia, ou mesmo slugada como diz uma publicidade canadense da TV Granada: loxez a pew de bonheur (alugue um pouco de felicidad), © consenso € assim fimposto, devendo ser visto como consenso, © que retira pois, seu cariter consensual, servindo como. instrumento de manipulagio para a venda © a reproducao da exploracdo capitalista A suposta neutralidade do Estado € relativizada pelo proprio Rawls, que admite um certo controle por parte do Estado sobre essa mesma sociedade. ‘Como € que as “partes” da sociedade podem negociar um consume, de igualdade se jd Em como condigio uma situagZe desigual? As liberdades basicas supiem igualdade, mas para Rawls € a liberdade a condi¢io fundamental para resolver as desigualdades, “abrindo oportunidades” para a corrida individual. Essa “abertura de oportunidades” aos desiguais significa a aceitagio da desigualdade © nao sua eliminacao. Nesse esquema a politica social compreende: a criagtio de direitos dentro do consenso social, para a manutengio de um minimo razodvel,, para os menos favorecides ¢ a abertura de oportunidades. Esse “minimo para todos" ¢ 0 “méximo para os que tm menos” no podem fesir 0 principio das “liberdades bisicas”, isto &, da prioridade, da livre iniciativa, da livre empresa, do capitalismo, As andlises que posteriormente se far mostram que esta “utopia” de Rawls serve de justifieagio da reprodugio das desigualdades. F as desigualdades sto atribufdas entio aos individues como o faz J. K. Galbraith", Para ele, a pobreza é atibufda & incapacidade 26 de poupar e & acomodagio, realizando-se © que chama de equilibrio da pobreza, Assim o Estado deveria favoreeer 0 consenso quanto ao mfnimo, estimular 0 ascetismo para a poupanga ¢ © trabalho contra a acomodagio, ‘A base das desigualdades, como veremos, nos capitulos seguintes est4 na exploraciio © no no individuo. O Estado, ao aparecer como consensual, vem esvaziar as lutas de classes € controlar os movimentos sociais, concedendo cerios minimos hisidricos exigidos pelas classes subalternas depois de muita pressio por parte destas ultimas, © que mostra seu compromissa com as classes dominantes Esse consenso ideal proposto por Rawls significa aceitar © projeto histérico da burguesia, compartithar 0 mecanismo de exploragio © esforgar-se apenas para corrigit os abusos e os desvios desta hegemonia. Esses desvios podem ser corrigidos por meio de uma reforma administrativa, segundo Offe™, que constata trés modos de operagio: (© Burvcratico, © finalista € 0 reformista. © modo burocritiee, segundo o autor citado, implica numa forte centralizagio das estruturas administrativas, tendo como objetivo “um conjunto mais amplo de subsistemas administratives de tal forma que essis repras direlivas € informagtes sejam aceitas com mais canfianga por um ndmero cada vez maior de atores”. Em segundo lugar, 0 modelo finalista cacional € 9 modelo que inspira todas as sugesiées que procuram um controle mais esttito, por objetivos, resultados, “outputs” ou por técnieas tais como o controle por programas, a anuilise de custo e beneficio © os indicadores sociais. Finalmente, existe uma escola de reformistas de administragio que procura promover a responsabilidade, a eqilidade © a consideragiio de valores democriticos de uma participagdo significativa. O marco, guia dosses propésitos 5, obviamonte, 6 modelo conflito/eonsence, gue signiliea a implantagio de uma maior participagie dos escaldes mais baixos e/ou de uma parte da elieniela dentro da organizagac. A busea de um consenso no modus operandi das politicas socisis significa um maior conteole © uma integragio dos movimentos conles- tatorios. Esses tr8s modelos de Offe implicam o consenso. A centralizagao buroeritica das decisbes por parte do Fstado & resultado da centr Hizagio. monopGlica, que exige do Estado um conjunto de informagoes concentradas ¢ um controle maior da sociedade A teoria de Rawls © as proposigées de Galbraith ainda fazem seferéneia ao individluo como consumidor € elemento de decisiio enquanto molgcula isolada, abstrata. 20 Nos capitulos seguintes vamos situar « politica soeial no proceso produtivo e nas lutas politicas para entio retomar a anilise do Estado, do mercado e da sociedade. NOTAS © |. Sobre a istvin das poldieas sociais a Inglateza ver SCHWEINITZ, Kael — Hugland’s, Read 10 Soviat Seeuriy, Ness York, Perpetua Bok, 1975, p. 281 2, Distiugue a nogio de bem-esar comp Figuera objeivn, das mogbes de satsfugto f uldidade, in ROSS, J. P. — Welfare Theory and Social Policy, Helsinki, Societas Seiontianum Ponies, 1973, p. #2 3. PERROUX, Frangols — Teviiques Quantitative de la Planfiation. Pass, PUR, 1903, p. 8 4 ROS, J.P. — Op. eit, m3. 5. In ROS. J. P. — Op. eit. p. 83 6. Bo esquema do bolo — Quanto maior, msioressordo as partes a setem apropriadas fm cace ano, sem Jevar em conta a propargio de cada uma de pares apropeiadss. 7. PARETO, Wiliredo — Tali de Soctologie Genénate, Geneve, Libstitie Droz, 1968 8. Ver a rspeito DOBB, Mautice — ewneanie de Bien — Bare et Economie Socialite Paris, Calman Lévy, 1974, p. 25 9, GODELIER, M. — Rationalité et travonalsé dens L'Economie, Pais, Maspero, IIL, p. 6. 1D. ARCHARD, Piene et alli — Discours Miulogique et Ondre Sacial, Pai, 1977, p. 195. LI ATTALL, Jucques et GUILLAUME, Mare — Laut éeonamigue. Patis, PUR, 1975, 9. 43 cts 2. KEYNES, 1. — Thdovie Gonérte, Pai, Payot, I9TL, p. 972 (gifade por nds 13, GALBRAITIL, J. K, — Le Cepitlisme Américain. Paris, Genin, 1966, p. 138-167. 4, BOHOM, Peter — Sactal Effeiney, New York, John Wiley & Sons, 1973, ps 9 15, BOHOM, Peter — Op. eit, 9, 95, 1G. SALVO, Joveph A Actodology for Braleating Howting Purstaans, iy HAR BERGER, Ammold et ail, Benefit Cost 17. Ver sobve «@ mesmo tem 0 interessante esinde ce GREPTE, Xavier — La Politique Soviale. Pris, PUF, 1973, p. 252 18. RAWLS, Joha — “Reply to Alexander and Maspsave”, in Quartely Jounal of eonamies, vol. UXXXVM, nov. 78, np. 632. 19, GALBRAITH. J. K. — A Waneva da Pabreca dae Massa. Sio Paulo, Nova Fronteta, (979, 20. In OFFE, Kaos — The theory of the epialst site and the problem of Policy Formation’, in LINDBERG, Leon — Siress end Contradiction. de Mrdere Capitation Toronto, Lexington Books, 1975, p. 142, cuit, 28 Capitulo 2 AS NECESSIDADES SOCIAIS: PERSPECTIVAS DE ANALISE A nogdo de necessidade est presente em quase todos os discursos oficiais sobre 0 bemestar'. As Nagies Unidas eonsideram a satistagio das necessidades como a definigio do nivel de vida de uma populagio”. Mas somente as necessidades suscetiveis de quantificagio entram na composigéo do nivel de vida, tal como & definide pelas Nagies Unidas Na literatura econdmica sociolégica essa pogo ocupa um lugar central, tal como, em seguida, se veri. Dentro do Soguro Social ha uma cortente que afisma que “a pirimide do bem-estar social” (servigns) repousa sobre um sistema de necessidades particulares aos individuos, as replies © aos gsupos? A pirimide de servigos serta estruturada 1 partir de uma foealizagao das necessidades 1 muitos niveis a comunidade, © homem na corm nidacle, © homem na esfera social e a pessoa. A cada nivel d focalizagio corresponde um nivel de imervengio € um servigo de saiide piiblica, de consulta, de psicoterapia, No campo da edueagio procede-se da mesma maneira’, definindo-se necessidades € solugdes. Esse mesmo esquema & utilizado para justificar iniervengées do poder péiblico ¢ profissional e em muitos outros eampos, como a babitagdo, © consumo ete John Macknight fez uma critica rigorosa do profissionalisie, destacando que sio 08 profissionais que necessitam dos problemas, de dizer as pessoas quais. sio estes problemas, de solucioné-los sua mancira € de alirmar que os individuos estio contentes? 29 Nosso objetivo, neste trabalho, ¢ mostrar em primero lugar que a nogio de necessidade, na concepgio funcionalista, resulta de uma visio abstrata do homem. No marxismo h4 correntes que negam © sujeito © a historia para considerar somente as nevessidades do sisterna Ao final, trataremos de demonstear que as: nevessidl social, determinad pela lula de class ss sflo uma prix’ ‘ao mesmo tempo, pelas exigéncias da produgdo e nas diferentes frentes. 2.1, © NATURALISMO DO SUJEITO E O CULTURALISMO As teorias da necessidade que suptem uma natureza humana, seja cel empfrica ou essenclalmente detinids, s20 consideradas por nos Corio vineuladas a uma coneepgdo naturalists do sujeito. Esses pontos de vista se caracteriza © homem considerado como um individuo isolado, come &tomo social, empiricamente definido; ou como a “género humano” dotado de eertas scteristicas essenciais como a conseiéneia ou o espfrito © a sociabi- lidade, o que o distinguird obrigatoriamente do animal, Esse empirismo, esse idealismo do sujeito (que se refere a uma liberdade humana ideal) ou esse idealismo da esséncia (o género humane) j por Althusser? 1m Por um pressuposto comum: foram analisados Scgundo essa concepgio naturalista haveria uma natureza humans, independente da sociedade © em fungio da qual as organizagéies eco nomicas, sociais © politicas estarian esiabelecidas, Este paradigma vai ainda mais longe quando afirma que a sociedade deveria ser resposta as necessidades dessa natureza, que seria o fim Gltimo de toda a organizagiio social’, Iralaese assim de uma concepeio instrumentalist, por meio da qual a sociedade se constiui em um instrumento, um meio a servigo de uma natureza humana abstrats. O homem € considerado fora da pr6pria sociedade. iio negamos a existéncia dos individuos, mas eles existem coneretamente, como membros da sociedade © ocupam um lugar na produgiio da sociedade. Isoliclos torné-los abstratos. Segundo esta concepgio naturalista € a falta que caracteriza a necessidade, Seja ela a necessidade de sobreviver, soja a de desenvol- verse, A “falta de algo” em uma natureza ideal e genérica, As alividades do homem seriam fruto de suas insuliciéneias, de seus limites, de seus efeitos © de suas ausénclas. Poder-se-ia afirmar “no principio era © sujeito”. 30 Essa tese serviu de justificativa & economia clissica, a uma certa sociologia cultuzalista © a muitas correntes psicoldgicas. Em seguida, apresentaremos as concepséies marginalista e a culturalista de Malinowski © psicologista de Maslow. A — A concepgéo marginalista Segundo esta concepeto, a produgio nto € um fim em si mesmo, mas um instrumento de satisfagio das necessidades. Citando Rescher, Ross? diz. que o principio de utilidade pode ser dlvidides em dane 1. O bem maior (the greater good), & 2) O nGimero maior (ehe greater number), quer dizer, uma parte agregativa © outra distributiva, Ross distingue bem, wants de needs, observando que o welfare economics acentua mais as primeiras (aspiragGes) que as segundas (necessidades). Se olharmos rapidamente esta concepeto, podemos fazer tais listing&es, mas na realidade nessa corrente de pensamento, as preferéncias © 8 desejos seriam manifestagbes clas necessidades, © problema que se colocam os marginalistas 6 2 olimizagio do bem-estar nas condigies de uma competigio perfeita, sem levar em conta a disiribuigdo ‘de rendimentos. Supse-se_muitas coisas: que a competi¢ao existe, que os individuos sio informados, que os pregos slo iguais as utilidades, que o bem-estar comuna é 2 soma das satisfagGes individuais. Pierre Salama apresenta assim essa visto: 0 individuo racional Gomoeconomicns) convece por wn lado sins necessilades © por outro tado os pregos © Seu orgamento. De posse dessa informagio o individuo pode escother de mancira stim, Nesessidades. © pregos-orgamento 820, portanto, dados independenres um do ouro. f isto. que permits agar tm primeira lugar 0 mapa de iidferenca (necessidades), © depois a linha direita do orgamento (prego-orgamenta) e encontrar assim © panto de equil Para criticar essa teoria Salama observa que as necessidades nite Slo isoladas dos pregos € do rendimento. Assim, 0 bem maior (the greater good) para 0 individuo mio & independente de sua situngio social. As necessidades € que silo condicionadas pelos pregos © pelo rendimento, a1 © principio do maior nimera se baseia no postulado segunda o qual © todo € a soma das partes, e a sociedade é a soma dos individuos, Arow jd demonstrou que a escolha coletiva ¢ as prioridades aio sto as mesmas que a soma das preferencias individuais. Ele optou pelo exemplo, da escolha de candidates, segundo a gial as preferéncias coletivas podem se mostrar itracionais Sceundo Arrow “para que as.utilidades de diferentes individuos sejam compattveis entre elas, se daz necessario um juizo de valor categérico™! © fundamento da teoria econémica de bem-estar € a redugtio da Utilidade 2 escolha, Assim se alguiém preferir um bem a outro & porque © primeiro Ihe & mais lil. A utilidade c 0 prego esto corelacionados © oy pieyus dependem da randade. O individuo € 0 melhor juiz de sev bem-estar. As (eorias das preferéncias cardeais foram refutadas por ertos economistas que propuseram a teoria das preferéncias ordinais!2, Hd ainda autores que continuam definindo as comparagies interpessoais. Sao disputas de escolas, mas cujo ponto de partida € 0 individuo © no a sociedade. As escalas de comparagio, como se vers com Beaue rillard, dependem de uma relagéo social © no de um escalonamento baseado nas utilidades do indivéduo. Tanto ordinalistas coma cardinalistas, introspectivos ou behavioristas, partem das preferéncias individuais, abserviveis ou ni. Os marginalistas eréem que a sociedade ser melhor se o individuo estiver numa situagio methor, sem que ninguém se encontye numa situagito inferior. B postulado da promogio, do melharamento inclividdat que serve de justificativa para esta woria que considera que todos os individuos sto igualmente informados. A teoria da soberania do consumidor & uma disciplina impotente Cnpotent) © initil (useless), segundo Ross, Ela s6 serve de pano de fundo ¢ de meio para justificar e estimular o consumo. Para que a méiquina econdmica funcione ¢ necessirio que es individuos ou as familias (na tinguagem Keynesiana) consumam. Para consitmir & neces- sirio que cles se sintam satisieitos, Esta teoria separa o consumo da produgio, automatizanda 0 consumo e fazendo dos valores © dos servigos, valores tteis em si mesmas, Segundo essas teorias, 0 bem-estar depende do consumo de bens oF parte dos individuos e da satisfagiio que eles obtenham no mercado. Supde-se também que os fatores de produgio sig alugados e nao Possuidos © que existe uma racionalidade na produgio, de tal sorte que © prego de venda € igual av custo marginal 32 is fi atisfagdo € necessério Finalmente, para gue exisia 0 maximo de satisfaci ° um sistema de competigao perfeito, 0 que nio corresponde absolutamente A realidade. E absurdo supor que 4 produgdo vai se basear em micro-decisées de milhoes ¢ milhdes de ménadas isoladas. Hé alguns autores, como Arrow, que propuseram a instituigao de regras formais para o intercimbio social, que garantissem uma eerta realizagio de justi¢n ou do bem-estar individual! Tnstitucionalizando os contfitos, através do estabelecimento de regras ede limites precisos, as sociedades liberais permitirao mais a manutengio do mercado ou a criagio de novos, do que a igualdade social. Nio € pela institucionalizagio de regras que os individuos se tornam iguais € que as relaghes de forga sto eliminadas. Admitem também certos economistas a consideragio da sociedade como uma soma de individuos isolados, em Tung’ dos quais se estabelecem regras para compenser suas debilidades, numa atitude pa- ternalista a respeito das necessidades dos “mais carentes”. Uma visio geral sobre © paradigma marginalista das necessidades 6 a compensagao, a mostra suas diferentes conotagies (a distribuigio, a compens institucionalizagfio) para melhor fortalecer os individvos perante © mer- ado. A abstragiio do sujeito edo individuo nfo se apresenta somente ha teoria econdmica, mas também em certas tendéneias psicolégicns © socioldgicas. B — A nogGo de necessidade, segundo Maslow: ponto ‘A teoria de Maslow" exerce grande influéneia na classificagio das necessidades, na pritica profissional © politica ‘Maslow representa uma corrente psicoligica que enfatiza, na realizagio de si mesmo, uma atualizagao da personalidade, | is do deve te lo somente as motivagées Essa realizagio deve levar em conta, nfo soment vases do individuo, como também os estiimulos € as desafis da meio, Segundo Goble, Maslow representa um tereciso caminho entre © behavicrismo 2.0 freudisma. Esté muito proximo dos psicdlogos da atualizagio da personalidade, como Nuttin © Zanini tica principal da personalidade realizade 6 uma inte- iva, sun realizagio, motivada pelas deficiéncins da A caracter graglo do. indi 33 prépria natureza humana, quer dizer, por um naturalismo do sujeito, moderado por sua insergio no meio ambiente, Para Maslow, “o ser human é motivado por certo niimero de necessidades fundamentais que sio comuns a espécie, aparentemente imuttvejs. © genética ou instintivas em. sua origem”! As necessidades sdo “intrinsecas & natureza humana”. B a presenga ow ausénein de enfermidades, determinadas pela presenga ou auséncia de certas caracteristicas que faz cfer que a necessidade & fundamental ©u no para a natureza humana. Maslow estabelece uma hicrargiiia de necessidades a partir das hecessidades psicolégicas. Uma vez satisfeita esta necessidade psicolégiea surgem as necessidades de seguranea. Se estas tiltimas forem satisfeitas, encontraremas a emergéncia da necessidade de amor e de pertencer, Em seguida as necessidades de estima, de realizagae pessoal, de descjo de conhecimento, as necessidades estéticas e as de ereseimento pessoal Para se chegar a estas necessidades superiores supde-se um meio ambiente externo estimulante, mum clima de liberdade, justiga © ordertines: Podemos confrontar, facilmente, esta visio com a teoria marginalista ‘As necessidades scriam desenvolvidas partir de “pontos de equilibrio”, que marcariam a passagem de um estado ou de uma situagdo para outra mais “vantajosa para o individue”. A sociedade seria um meio para estimular essa passagem, cujo ponto de partica sao as “defi individu © — © culturalismo sociolégico ‘Tomaremos como refeiéncia o panto de vista de Malinowski!® ¢ 9 de Chombart de Lawwe, © culturalismo de Malinowski focaliza uma determinagko conjunta a natureza © da cultura, uma atuando sobre 9 outra. Afirma ele gue, “o corpo humano € escravo de diferentes necessidades organicas’ Segundo seu ponto de vista, essas necessidades elementares crian o ambiente, num mfnimo de condigdes que levam a um novo nivel de vida, co-determinado pelo nivel cultural da comunidade, trazendo em consequéncia novas necessidades, num movimento continuo. Para Malinowski, a funeao & a satisfagio de uma necessidade por meio de uma atividade. As instituigées sfio, assim, meios para satistizer fas necessidades. Scyundo este autor, 0 diol6gico determina os elementos que atuam em qualquer cultura, mas isto nie explica suficientemente 34 as diferentes formas ¢ fungSes que sio determinadas em conjunto pela tradigao € pelos hébitos. sta concepgio coloca o individua como o centro, © ponto de partida, 0 sujeito ativo de tansformagio do meio. Para Parsons, 0 bem-estar de um individuo esti nitidamente em fungiic daquilo que os soeidlogos esto acostumados a chamar “as experigneias da socializagio” (na familia na qual cresceu, na educagto formal, desde o jardim da inffncia até o nivel que atingiu). B também fungio da rede de relagBes com as quais vive o individuo no ambiente da casa, © da organizagio do wabalho. B fungao de um equilibrio entre © wabalho e a recreagio” Parsons considera que, sustentando 0 sistema de agio, hi um sistema cultural, da pessonalidade do individu € do organismo con portamental (behavioral). Por intermédio da soeializagio do trabalho e tio fazer vealiza-se a satisfagio dos individuos. Eo individuo ou o seu compostamenio que constiui © ponto de partida de uma sociedade instrumental Esta reflexdo sobre © bem-estar conduz Parsons a um exemplo. Sendo & educagao orientada em termos cognitivos, sua fungito cognitiva predomina sobre a econémica. O individuo usnfrui desse servigo. © obiém seu bem-estar “socializando-se”, incocporando papéis © status por exigéncias sociais, que segundo Parsons no tém relagiio direta com a produgio capitalista © bom-estar & parcializado segundo as distintas fungdes.sociais. ‘Ao que parece um individuo pode ter um bem-estar no trabalho, mas niio lo no lazer. Essa visto positivista do bem-estar reduz-se ap individuo © & sua ago, parcializando-s além do mais. sat Separando © trabalho © Inzer, Parsons cai na hierarquizagio. na- turalisia das necessidades, segundo a qual hé necessidades primarias © secundirias, separadas, Pelo trabalho o homem satisfaz. suas necessidades primarias (su subsisténcis) ¢ pelo lazer encontra outras satisfagGes. ‘A sociedade parece parcializada em fungao do homem, havendo organizagées espectficas para cada nivel de necessidade ‘A questio fundamental coloctda a esses autores & a da produgio do homem e das necessidades nas relagdes socioecondmicas. Essa questdo seré abordada na segunda parte deste capitulo © culturalismo de Halbwachs ¢ © de Chombart de Lauwe insere- vem-se numa perspectiva um pouco diferente de Parsons, a partic do 35 estudo da distribuigaio do orgamento-dinheiro © do orgamento-tempo dos operiios, Estudando as teis de Engel sobre o consumo (mais alta renda, menos gastos para as necessidades chamadas inferiores), Halbwachs constata que os empregados gastam mais dinheito- no vestuéria que os operitios com igual rendimento'®, A partir desta constatagiio, Halbwachs demonstra que nao é somente a renda que determina 0 consumo, mis 4 posigiio que © individuc occupa no: proceso de trabalho, Halbwachs Po pretende fazer um estudo das) classes socinis, nem do proceso de produgio, mas se refere ao proceso Ue trabalho e distingue nele certos grupos saciais. Voltamos, aqui. a uma ceria psicologin do grupo. © individuo & situado mum grupo. Portanto, a natureza humana é modelada por essa situagio, Halbwachs afirma: “as necessidades poderiam ser classificadas cm duas categorias: aquelas que tm raiz nas necessidades orginicas ¢ que ascem conosco, mesmo que se satisfagam pela sua exteriorizacio; © aquelas que consistem simplesmente na utilizagio de todos os objetos © dispositivos mecanicos que a inddstria © © comércio nao cessam de nos oferecer!”, Para Chombart de Lauwe, hé “necessidades estaclo” & “necessidades ebrigayo". As primeiras se originam da necessicade vital, como a necessidade (estado) de habitagao, dislinta da necessidade (objeto) por habitagao (besoin en habination), ‘Tal como Maslow, este autor observa as necessidades através das erturbagdes provocadas pela sua insatisfagdo, Para ele, “a nocessidade € uma distincia, um estado provocado por uma distancia, entre 0 que € nevessirio ao sujeito © aquilo que ele possii atualmente”U As necessidades do individuo ou do grupo dependem da relagao com © ambiente. “Se a exigéncia ver da vida social, a necessidade ¢ uma obrigagao", diz Chombart Chombart de Lauwe refute a idgia de uma hierarquizagio de necessidades, falando s6 de primazia de umas sobre outras, do deslo- eamento de umas por outras enfatizou uma idéia de Castells ¢ de Godard que definiram uma “filiére” como “uma modalidade de organizagio dos meios de reprodugio social a partir das exigéncias do capital”. Como fexemplo de seu estudo, Wicviorka cita Baudelot ¢ Establet_quando ostram que na Escola Capitalista existem “corredores” escolares, para diferentes eategorias de alunos, reproduzindo as diferentes classes sociais Esse conceit pode ser aplicado nas situagées do seguro social ha América Latina, e © situamos como “corredores” da reproduglo social, © seguro social é um sistema que iio esté universalizado na América Latina, ¢ se refere exclusivaments aos assalariados, Em seu processo de implantagio esse sistema _absangin somente determinadas categorias de trabalhadores®, No Brasil, em primeiro lugar, foram os ferrovidrios (1923). Em seguida os funcionirios federais (1931), os bancdrios (1934), os comercidrios (1934), os maritimos (1933), 08 tabalhadores de transportes (1938), os industridrios (1936), os portudtios (1938) que foram organizados em Institutos de Pensies e Aposentadoria’ ‘A Constituicio autoritaria de 1937 (Estado Novo) consagra 0 direito ‘aos segures contra a velhice, a invalidez © os acidentes de trabalho (art. 137) Em frances “fiiére”, Para exprimir esse conceito em rape nae senat sede, redone, signa a cond, requis, exigsacinse cas especficas impbons pele Baado € pela aeumulagto de capital porn que, 4 oie opera, ume reese ce na fngdo dessa cass tenia acss0 4 om tipo de bem 00 servico arco eeiside on organizado em ogo dss case, repodrinds-0 como a 125 A Constituigao de 1946 (art. 157) fala da previdéneia contia as conseqtiéncias de enfermidades, da velhice, da invalidez e da morte. Apesar dessas disposighes, a Lei Organica de 1960, exclui do seguro 8 trabalhadores agricolas © as domésticas, A Constituigiio de 1988 imptementay a seguridade social, que abrange providéricia, assisténcia € satide © seu contetido est analisndo no viltimo capitulo, No México a situagdo & a mesma, Em 1947, 0 seguro se aplicava fa todos os assalariados, mas sua aplicagyio sé seria amplinda aos trapalhadores agricolas © as domésticas em data bastante posterior. A lei mexicana de 1957 estabelecia a extensiio do seguro social segundo © desenvolvimento industrial ¢ agricola do pais. Tanto no Brasil como no México essa discriminagao exclufa do seguro social cerca de 859% da populacto® Nesse ‘orredor" do seguro vérios-servigos foram sendo desen- volvidos, especificamente para a classe operdri, Da condigiio de assalariado dependia, em primeiro lugar, 0 acesso ‘aos seguros sociais, exigindo-se ainda a perda da capacidade de trabalho, com provas, ¢ a aceitagio das condiyses impostas pelo capital para conseguir-se uma prestagio ou um beneficio, perfodos de caréncia, exames, hospitais pré-determinados, médicos previamente estabelecidos. Ao lado desses servigos © prestagSes 2 Previdéncia Social criow outros beneficios especiticos como © SAPS (Servigo de Alimentacdo da Previdéncia Social) ¢ © SAMDU (Servigo Armbulancial Domiciliae Urbano) instituindo no Brasil formas de xtendimento do problema alimentar © de atendimento médico domiciliar para a classe operiria urbana. Esses elementos, além de legitimar @ governo, estabeleciam & diferenciavam 0 atendimento opericio como tal. No México o Instituto Mexicano de Seguro Social (IMSS) organizou até bullets © twutros populares para operdrios Sem a condi trabalhadores jo de assalariado, vivendo de trabalho irregular, os ‘marginais” ou subproletétios eram excluides do seguro social, devendo recorrer 2 assisténeia publica mediante prova de indi- géncia, as Santas Casas, aos Hospitais Civicos, onde recebiam os servigos de qualidade especifica para essa camada, em condigées também espe ceificas (enfermarias getais, cuidados ndo prioritirios, alimentagiio red ida), devendo ainda servir de cobaias para aprendizagem, ‘A burguesia, com acesso ans hospitais privados, quartos de luxo, visitas, com servigos de alta tecnologia © os melhores. profissionais, mantinha um canal proprio para seu atendimento. Assim, nas priticas de classe se reproduzem os eanais: 126 | 1) Um para © proletariado assalariado © pequena burguesia com seguros especiticos; 2} Um para os “pobres", excluidos dos seguros: a assisténcia piiblica © os servigos gratvitos a indigentes; 3) Um para a burguesia, com melhores servigos, melhores condigoes, pages no mercado. Por intermédio desses canais, 0s governos desenvolviam suas politicas populistas de concessGes de vantagens que pareciam fevorecer a todos, mas que no seu conjunto, disctiminavam, fragmentavam © reproduziam as situagdes de classe, integrando ou exeluindo. Como apareiho de integragtio da classe operiria, os conseihos administratives ¢ os tribunais de apelacio da Previdéneia comportavam fa presenga dos operitios. Nesses conselhos ¢ tribunais, as decisoes deveriam ser eminente- mente téenieas, esvaziando-se 0 caréier de classe dos problemas espe efficos de doenga, invalidez, acidente, velhice. O que estava em jogo tera a aplicagao da lei, dos regulamentos, das tabelas, amarrando a interferéncia da presenga opentria. Além do mais, essa presenga cooptada pela politica personalista dos dirigentes, mio raro a transformava em cabide de emprego, 6.5. A PREVIDENCIA SOCIAL COMO INSTITUICAO LIBERAL E COMO ESTIMULO A PRODUTIVIDADE E A DEMANDA No inicio do capfulo, destacouse vinculigio ¢ a separa entre Ieratsmo corporavamo. AtG aqui feos aalisado 0 aspecto onoratvstt de prvilecia social devendo-se dstaar ainda” que No so pode nega &lnuéncia Js acorn intraconts e das cogantzagbsintemaconais de tabalhadores pata mplantaco do seaures Tealismo o atid do Versailles, vitos pises comegartn a. pre cepa con seauos soiis & nt reinito da OBA, em 1322, Sa ee emfica or pafses da. América Latina quia most ‘A previdneia social ltnorameccan incorporou os prinepios da protegh' minima, do ised protsiona 68 anise conti dks conti Paigekeprestandes da capializaggy do abitragem dos conltos, da individualizagao dos procedimentos”. 127 Tanto a fegime mexicano como o brasileiro protegiam © protegem uma parte limitada da populaczo © outorgam uma prestago minima. Essa politica de seguro minimo para a sobrevivéncia, ioi formulada muito explicitamente por Lord Beveridge, em seu famoso relatério de 1942", Esse minjmo era inferior ao saldrio, paca manter uma mio-de-obra birata e um estimulo ao trabalho, mantendo de certa forma 0 principio liberal da less eligibility, isto €, da situagao mais desfayersvel para os que ni esto incorporadas ao mercado de trabalho, 0 que ficou analisade no capitulo anterior. Os seguros sociais na América Latina basciam-se no prinefpio do riseo, fundamento do seguro privado. Esse prinefpin justifica «nove direito, que assim se distingue dos direitos efvieos e politicos (por exemiplo, 0 direito de voto) e de outros direitos fundamentais do trabalho, (por exemplo, o direito 4 greve). E um seguro limitado, na cobertura de um deferminado risco, para certa categori Sob a organizagio do Estado esse seguto impse contribuigdes, igualmente aos patroes © aos operdrios, além de uma quantia do Estado, Para os gastos administrativos e outros. Isso varia de aeordo com o als, © de um segura a outro, Em geral, os dcidentes de trabalho so financiados pelos patroes. Os demais 40 financiados pelo operitios ¢ patrdes. A proporgdo da contribuigao do Estado depende de cada pais, A quantia coletada pelas caixas de seguro é, em geral, capitalizada, isto 6, invertida em bens ou agdes, ou em obras publicas para uma Futura prestagio. Esse principio se opée a distribuigdo, isto é& uma prestagio direta ¢ imediata da poupanga recolhida, A capitalizagio um meio de financiar grandes inverséies pitblicas e privadas com a economia. popular O segurd social, atualmente no Brasil, 6 adminisirado pelo Mi- nistério da Previdéncia Social que reuniu nele os institutos anteriores, No México, © IMSS (Instituto Mexicano de Seguro Social) dependia do Ministério da Sade. As respectivas legislagées determinaram uma representagiio tripar ‘ida na administragao dos scguros, mas os delegados foram nomeados. desde cima, segundo a maior ou menor colaboragio destes com os planos do governo. No contexto econdmico do pés-guerra, as economias latino-ame- ricanas foram invadidas pelas multinacionais, de uma maneira voraz © Constante, depois de terem desempenhado durante a guerra um papel de reserva de matérias-primas, como apoio ao esforgo de guerra ame- ricano. 128 Os governos do Brasil ¢ do México estimularam uma certa industrializagio, contando com 4 patticipagio do Estado na formagiio | dde empresas pilblicas, Por exemplo, no México a partir de 1940, 30% das inversées pablicas encaminharam-se para o setor industrial No Brasil, a implantagao da siderirgica de Volta Redonda 6 0 simbolo da nova politica, © mimero de estabelecimentos industriais no Brasil, passou de 336 em 1920, para 49.411 em 1940, para 89.096 em 1950, Bo niimero de opersrins, respectivamente, 275.512 om 1920, para 781.185 em 1940, © para 1.256.807 om 1950, Estes indieadores nos dio uma idéia da orientago da politica dois paises. Esse processo de industtializagao estava vinculado io de um mereado interno que era neseseirio estimular. para desenvolver um minimo de poder aquisitive de novos produtos. ‘A estrutura de distribuigio da tenda, extremamente desigual, nio garantia um mercado minimo para os novos produtos. As medidas de seguro social e 0 saldrio minimo foram meios de uma politica de stimula © estabilizagiio do mercado a partir dos assalariados. Nesse contexto entende-se porque Getilio Vargas afirmou muitas vezes que era necessirio valorizar o trabalhador brasileiro pelas medidas de sade, de educagio de previdéncia social". Essas medidas contribuiram, também, para diminuir os custos da mio-de-obra, j& que os salfrios poderiam ser freados mais facilmente © seus custos’repassados. a0 consumidor Se por um lado a indiistria exigia uma mio-de-cbra_ menos dispendiosa © methor qualificada (lisica e teenicamente), por outro lado, ela exigia um mercado para seus produtos, As medidas de previdéncia social respondem a este duplo objetive de reprodugio de forga de {trabalho © de aumento da produtividade e do consumo. A produtividade refere-se aS condighes de produgio © 0 consumo as concigoes de manutengio da mdo-de-obra No México, 0s “téenicos” encarregados da implantagao do seguro social estavam bem conscientes da, importiocia dessa medida para “o mumento do poder aguisitive © de consume dos trabalhadores © 0 aumento de sua eapacidade produtiva™®, > esse modo, sob o ponto de vista econdmico, na etapa da industtializagzo em que esses dois pafses chegaram, 0 seguro social contribuiu para os objetivos de diminuigio dos custos de reprodugio da forga de tabalho, de estimulo do mercado, de produtividade e de capital Esses objetivos se inscrevem aa estratégia burguesa liberal © si0 mantidos por todos 0s governos Jatino-americanos, que a0 mesmo tempo 129 excluem do seguro social uma fragdo muito grande da populagio que deve recorrer nos servigos puramente assistenciais E no period de 1920 a 1940 que se processou essa transi¢ao, essa passagem do poder predominantemente oligarquico para a hegemonis: burguesa _industrial-imperialista, Houve uma nova rearticulagtio do eco- némico ¢ do politico, de acordo com os interesses predominantes. na burguesia, o que pressupde um novo tralamento da politiea de mao- de-obra, mas sem aletar = economia’ agroexportadora nos aspectos fundamentais. Do ponto de vista politien) a hurguesia continuo mantendo os mecanismos de dominagio corporativista, autoritéria © populista, conforme as conjunturas econémicas e sociais. Fsas madifiengéies sero analisadas no capitulo sepuinte onde #0 analisam is lutas sociais no campo da Previdéncia Social. NOTAS 1. Philippe Sehimiter define o eorporatvismo coma um sistema de repress Jnteresses ov de atiudes, cana um arcnjo institucional mol, panicule ou pura incwar os interesses oxganieadas una asscciagio da soviedade civil oom as fstrutuzas decisérias Jo extido, bh "Still the Century of Corpora". The Review af Politics, v.36, 81, p. 8. ‘Un pouco cals adiante, encontramas a seguinte defiaigan: “O eorporavisme pose ser definido como um sistema de tepresentagia de interestes, oo qual as unidades Constitutes $80 organizadas cm um aimeeo compulsirio ¢ n80 competitive de citegorias Singulares hicrarquizadas, ovdenadas e funcionalmente diferenciades, reconhecias on Peemitidas pelo Estado ¢ que detém um monopdiie deliberate, representative, dentro dessa respective categoria em teeca da observapio de ects controler da selegio. dos lideres © da articulagso de suas demandas ¢ apoio.” ¢p. 94) 2. WIARDA, Howard — °Corporaism io the Iberian world”. The Review of Politics 3, CARDOSO, Fernando Henrique — governo € o Arbitro © 0 regulador da vida social” & “somente 0 Estado possui_um interesse geval, e por esta razio, somente ele tem luma visio de conjunto. A intervengio do Estado deve ser cada dia maior, mais freqlente, mais profunda"®, A. cooptagio do operariado se realiza gragas & estruturagio do “Partido da revolugio” em diferentes setores que pretendem harmonizar imteresses opostos. Esse Partido foi fundado em 1929, reconstituido em 1937 e 1940. Chamado © Partida Revoluciomario (Nacional em 1929, Mexicano em 1937, Institucional em 1946). Ele dé a ilusto de ser um Partido popular, um Partido de massas, eapaz de promover seus interesses. Mas é a despotitizagio, a perda de autonomia da classe operiria e dos setores camponeses que se efetua, Apesar da autorizagio para a realizagio das greves, Céirdenas manteve seu papel de arbitro, enquanto Presidente da Repébliea, & no como um caudilao com poderes pessoais, Em 1940 Cardenas deixa 0 poder. As greves tiveram como efeito sobre 0 campo do 10 social, produzir uma série de contratos coletivos nos quais estavam previstos fs fundos de pensies, as indenizagiies, as servigos médicos, Um téenico afirma que os tabalhadores assegurados pelos Contratos Coletivos nao 163 cchegariam 2 60,000 em 1941%, As lutas se faziam, fbriea por fabriea, apesar do reconhecimento constitucional Cardenas, além de nacionalizar o petréleo, também concedew um regime de aposentadoria, seguro-acidente aos trabalhadores do petisleo, introduzinda:servigos de satide nas convenghes. coletivas. ‘Também com Cérdenas os ferrovisrios obtiverani um seguro-savide © a introdugio de um regime de aposentadoria nos contratos coletivos de trabalho. Esses. grupos eram combativos. Os. ferroviérios fundaram sua associaglio em 1933 e 0 apoio dos trabalhadores do petrileo era importante para se obter a sua nacionalizagio. Em 1941, outro grupo combative, os trabalbadores dos servigos de eleivicidade, obliveram seguros de velhice e acidentes, sendo a satide incluida na convengiio coletiva A organizagio do Cédigo Federal do Trabalho obrigava os patites 4 fornecer servigos médicos ¢ pensdes operérias, favorecendo win ambiente propicio para o paternalismo industrial Essa atitude desenvolveu-se, sobretudo em Monterrey, a0 norte do pais, onde os patroes, até hoje, “previnem” as reivindicagSes operrias instalando clinicas médicas, escolas, transportes, lanchonetes, clubes esportivos € estidios cm cada indéstria ou para um conjunto delas. Esta série de fatores, incluindo a fraca industrializagio antes de 1940, a instabilidade politica, a forga da oligarquia e a manipulagio da burguesia, impediram a implantagio da previdéncia social © govemno Cérdenas criou 0 “Departamento de Assisténcia Salubridade Social” para enfrentar graves problemas de saide, como a tuberculose, © para iniciar um servigo de prevengio, que foi bem visto pelas massas ¢ cuja distribuigio corresponds também a e paternalisias. Esse departamento funciona aiualmente nos bairros populares como recurso Aqueles que niio tém direito ao seguro social © — O Seguto Social de 1943 Em 1943 0 seguro social parece ser o fruto de grande consenso nacional: dos operirios, dos patrOes, das empresas asseguradoras, dos tecnicos, dos médicos. Com efeito, 0 operdrios se pronunciaram, por intermédio do Consejo Obrero Nacional por um apoio a sua implantagio, de maneira uninime, no dia 21 de outubro de 1942. Nesse organismo estavam 164 representadlos a “Confederago dos ‘Trabalhadores do México”, a “Con federagio Regional Opersria Mexicana”, a “Confederagio de. Operérios € Camponeses do México” (Luis Morones), 0 “Sindiesto Industrial dos ‘Trabalhadores Mineiros MetalGrgicos e Similares”, a “Confederagiio de Trabalhadores do México”, a “Confederagio Proletiria Nacional” e 0 indicato Industrial de ‘Tsabalhadores de Fibras Duras". O novo projeto de lei respeitava todos os contratos coletivos assinados até o momento, ‘mesmo se esses contratos compreendessem beneficios superiores a aqueles previstos na lei. Era um compromisso vivel para os trabalhadores, mas que reproduzia as desigualdades cxistentes entre trabalhadores ¢ regives. Essa lei foi claborada pelos deputados operirios no seio do PRM, que também paiticiparam nas conferéncias internacionais sobre seguro social. A conferéncia de 1942, em Santiago, reconheceu a nova lei do seguro social mexicano. O México obteve, assim, uma legitimagao continental, querendo se colocar “A frente das medidas sociais do mundo". (0 projeto foi justificado pela ideologia “revolucionsria” & “nacionalista”. © Ministro do ‘Trabalho da época dizia: “Congruente com 0 esforgo © a tradigio do México, & crenga geral que por esses antecedentes progressistas em matéria de seguro social, aqui se caminha, no mesmo Passo, com as outras nagGes nos aspectos mais avangados das conquistas socitis, Esta impressio das massas (embora iio naturalmente dos especialistas), implica 0 dever inclutivel de continuar a lutar de mancira tetiaz © eficiente pela integragio do programa social do pais, com 0 objetivo de que a inseguranga social no trabalho ndo constitua uma falha que venha a ofuscar e' desprestigiar 0 programa construtivo do México. Revolucionério”®, © ministto faz uma boa distingao entre a erenga das massas. daguela dos especialistas. Estes, como vimos, j& tinham apresentado iniimeros projetos e queriam uma organizago racional, bem fundamentada contabilmente. Com efeito, os tecnocratas mexicanas elaboraram, com os da OT um projeto fundamentado sobre os riscos, os minimos © a capitalizagio, Esse projeto cobria 05 operirios € 0s ejidatérios. Os técnicos consideraram o seguro social como um estimulo a0 consumo interno que deveria seguirse & guerra, Falavam também da diminuigao da mortalidade infantil © da mendicidade dos velhos operirios. “As prestagéies © as quotas seriam escalonadas de acordo com os salérios, no projeto dos tecnocratas.. Para os patrdes, segundo 0 eélculo dos téenieos, os seguros nio epresentavam sendo 1% do custo da producto total®?, Eles deveriam pagar todas as cotizagoes dos seguros para os indenizados por causa 165 de acidentes de trabalho, mas essas nio seriam baseadas sobre o prinefpio da culpabilidade. © pafs se industrializava rapidamente. gragas 2 conjuntura inter nacional, a0 mercado interme e & entrada de capitals estrangeiros. Foi nos anos 5O‘que os investimentos aumentarany de maneira significativa, sobretudo na indistria manufatureira®®, Esse investimento passou de 449.1 mithdes de délares em 1940 para 2.883,3 em 1970. Mas a “economia mista” © 0 protecionismo favoreceram a exisiéncia das indistrias nacionais Em 1940, somente 12,7% da mio-de-obra cram ocupados na ind@stria, em relagio aos 65,4% na agricultura ¢ aos 21,9% nos servigos. A produgio industrial nessa data representava 31% do produto interuy bruto, em relacdo aos 23,2% para a agricultura ¢ 45,8% para os servigas. A partir desse periodo a proporgio da indistria na economia ia crescer em detrimenta da agricultura. Os investimentos do setor piiblico se oriemtavam também para a inddstria, Os seguros privados que atuavam no México, no dominio dos acidentes, nfo pagaram mais do que 12% das indenizaghes recebidas pelos trabalhadores Emilio Alanis Patino. afirma que os projetos das companhias, asseguradoras ameagadas de supressio niio so tio grandes © provém dos servigos prestados para uma parte insigniticante de trabalhadores assegurados!, Mas os prémios a serem exigidos pelas asseguradoras do Estado seriam inferiores aos seguros privados. Em 1943 0s. seguros do Estado exelufam 0 setor profi talvez a clientela mais importante das companhias.privadas. Os trabathadores de empresas industriais foram os que se bene- ficiaram dos seguros sociais, de maneira gradual, pois esses seguros foram implantados por reas’ segundo a concentragio, industrial” Em 1954 0 regime foi aplicado pela primeira vez aos trabalhadores agricolas, ¢ em 1959 foi estendiio aos artesdos, aos pequenos comer- ciantes, 205 profissionais liberais © a outros grupos que exercessem atividades anilogas a0 meio urbano, como os fazendeiros, 08 co-explo- adores, © pessoal das sociedades de crédito agricoln e os pequenas icultores que nto faziam parte dos efidos. A partir de 1960 os ambulantes dos centros urbanos foram cobertos pelo seguro social, Nessa época houve uma crise de financiamento do seguro social porque somente os “pequenos assalariados” contribufam para cle. Em_ 1959 criow-se o Instituto de Seguro e dos Servigos Sociais, para os Trabalhadores do Estado (ISSSTE), que aplicou para esses irabathadores os prineipios do seguro social 166 Os trabathadores © as indéstrias do petwleo mantiveram uma Caixa de Pensoes & parte do IMSS. Creio que cla reserva beneffcios especiais para essa aristocracia operdria que constitui os trabalhadores dos *Petrdleos Mexicanos”, Nessa época foi instalado no IMSS um departamento de medieina preventiva, um departamento de planejamento téenico de servigos médicos © medicina domiciliar, que permitiam aos médicos prestar servigos a lum grupo determinado de assegurados. Até esse momento os médicos assalariados aio tinbam a livre escolha de seu cliente e vice-versa, Os médicos eram filiados (obrigatoriamente) avs sindicatos organizados dos ‘wabalhadores de sadde. Em 1963 mais de 60% dos médicos eram empregados dos Institutos ou da Secretaria de Salubridad. Eles estavam concentrados nas cidades, Em 1963, 36,7% se concentravam no Distrito Federal. Havia 5,9 médicos para 10.000 habitantes, As cifras falam de 20.590 médicos nessa époea, 's estavam divididos em diversos nticleas e nao se podia deixar de observar a divisio de médicos ricos e pobres, numa hierarquia de saldrios € poder, pelo tugar que eles ocupavam na busoeraeia dos Institutos, pelo tipo de clientela e pela reputagia que possufam”, Em_ 1964 os internos dos hospitais reivindicaram melhores saldrios com apoio de outros médicos, por meio de. greve, O governa fox certas coneesses, mas 0 movimento se estendeu ao conjunto de médicos assalariados, apoiades pela Aliana de Médieos Mexicanos (AMM), Os sindicatos oficiais, superados pelos movimentos de base, ini cialmente mostraram-se contra as reivindicagées dos médieos, mas diante clas demissées em massa dos sindicalizados, eles propuseram solugd alternativas. Os médicos denunciaram © sindicalismo oficial © reforgaram a AMM, que acaba por obter melhoria dos sakivius e melhores condigbes de trabalho, com a intervengio © arbitragem direta do Presidente da Repibliea, Esse movimento levou, igualmente, os médicos a formularem algumas reivindicagdes para melhoria dos edificios, dos aparelhos tenicos © condigées de trabalho (roupa, alojamentos, alimentagi). ‘ssa ruplura e essa [uta entre os burocratas sindicais ¢ a admi- nistragao de um lado, © os profissionais do outro, mostram o tipo de alianga que se formou no sein do aparelko do Estado. Ultimamente, durante © governo de Echevertia, algumas medidas foram tomadas para extensiio do seguro social aos camponeses, 0 que esti em vias de ser implantado, Os médicos favorecem os mais altos niveis de tratamento © de agio. A indistria farmacéutica esti contvolada pelas empresas esp 167 estrangeiras. No México, 0 governo subyenciona 0 prego de certos medicamentos. 1E preciso notar que no México, atualimente, nfo hi limites de vagas nas Escolas de Medicina, onde 0 maior niimero de estudantes se prepara éin condigdes muitas veres preeérias, Inicia-se um movimento para sua incorporagiio 20 mereado de trabalho, pela lula por um emprego dentro dos Insitutos. Os médicos “Famosos” jé possuem uma clientela burguesa, Essas anilises mostram que existem pontos comuns no deservol- vimento do seguro social no Brasil ¢ no México, Destacamos. a importancia do movimento camponés e da revolugio popular mexicana, que se diferenciom radicalmente do movimento revolucionario brasileiro dos anos 30, de cariter militar. Tanto no México como no Brasil, a implantaglo dos seguros sociais é 0 resultado de conjunturas complexas em que 0 desenvolvimento da industrializagdo, das Iutas populares & da articulagao politica foi gradualmente condicionando 0 surgimento da previdéncia social, Esse surgimento se situa na estratégia de_manutengiio. da paz social, reproduzindo as desigualdades sociais. No México, em 1970, sé 24.1% da populagiio era assegurada, cobrindo 6,6% dos. trabalhadores rurais e deixando de lado grandes regiées, onde predomina a agricultura. NoTAS 1, Celso Barroso Leite afirma que a previdéneis social brasileira sequin umn itmo evolu, “ow pola iniiativa dos téenieos (ea80 da plano tnieo de beneticies de 1941), fuer san associa com os poliens fassasoria de Abizio ALVES, afi, om 1947, ‘laborow o proto de uniieagio da providdnea", ax A Protece Social no Brasil. S80 Paulo, Bdigdes LTR, 1972, pp. 34-36 Para MALLOY, antes Jo 1930 a "providénsi social nde passava de um conjunto de medidas igolaas ¢ de sespostas eliistas ad hoc 2s. presses populares”. A. seguir “a Concesséo da previdencia social seguit 0 “poder” gral da pogo de grupos: os melhores forganizados «uo ponto de vista da eeonomia, estategicamente slados, recebiam a ‘cancessa0 antes daqleles grupos menos crganizados e situados em pesigbes no estates” ‘Segundo este autor, depois de 1964, consumau-se « dominagio ieenoerlea, in CEBRAP, Janey Jmar., 1916, pp. 120-122, Pea Mesa Lago & 0 podir de um grupo de ressio que dovermins © benefiio, "Umea dias hipStexes fundamentais desso estude € que © poder de vm grupo de pressio esta Positivamente relacionado com a excelénca de seu sstoma de sepuro social: quanto mais Doseroso for 0 grupo, com maior anteroridade ganha proteszo, mais aly € 0 gray de fcoberura, menos tem que pair pata fianciar 0 sistema, maietes s40 05 bencficios Imenos resititivas as condigdes para recebé-los”, in Socal Serurity in Latin. America Patsborgh, University of Pitshareh Mess, 1978, p. 258 168 169 das esradas govemamentais, em 1889 pasa os empregades do. Corio & poodlo de um ano, Café Filho, Cans Lae © Neren Ramos se sucederam na Presidéneia). Com a intervengaio do engecit, 9 goveind eito de Juscelino Kubitschek womens © poder em 1956. Em 1960, Jano Quados fo, cleito, mas renuacion em 1961. Depois uma intervensao militar exjo resuliado fo a insiawasio do parlamentirismo, o vice presidente Joa Govlatt eon no pace ate a solpe dé estado de 13 de abst de 1964, Depois desta dita, cinco generis se sucederam 1a cépult do. governo fer 24, ANDRADE, Regis — Perspectives in the study ef Brazitian populisne. Lara Working Paper, n. 23, Toronto, Brain StwuiesLari, novemnbio, 197 Para Laciana Martins, na zevolugao de 1930. nao ha divergéneias de classe, mas wna renovagio des lites. Diz ele: “0 aargimento das lites e 4 redetinigso ds relagdes das negosiae, Podom reaver, nio somente da presse de vas cawatlt. 4 primus de wat inert voudmica, socal e polis, mas também de fufatva das chases dominant ace a So nccessidade de emproender das taretas, polencialmente contraditrias apeat para a robilizaga0 e garanur a niaqutengdo do sistema de dominagi”. MARTINS. Luckano — Powvoir ct Développement Economie, Pars, Anlbzopas, 1975, 120, 25. KLINGHOFFER, Hans — 0 Penunenio Potiico de Getto Vargas. Rio de Janeiro, Inpronsa Nacional, 1942, p. 63 26, Pars a descriglo dk evolgo hiséren do segura socal no Brasil ver ASSIS, ‘Armano de — O Seguro Social no Bras in Bulla de L'Assacation lnterationale dela Sécurité Sociale, Gonebra, ano IV, m. (2, LEITE, Celso Baaroso ~~ "La SSeurité Sociale au Bresit"= Dues Revwe Inernationale de Séenrité Soriale, sno XXUl, 3, . 30, Genedra, pp. 423-163 & ME Geraldo Bezeria de — A Seguronge Soelat ro Brasit Rio de Jancta, Guilherme Haddad, 1961, p. 295. LENE, Cebo Bh — A Proterde Social up Brasil. Sho Paulo, LTR 1972 © MALLOY, lames — The Potties ‘of Social Security la Brac Pusshargh, University of Psburgh Press, Pit Latin American Series, 1979, 28 p 27. Ver sobre “Populism, Corporativismn © Sogo Social” 0 captala enero: 170 28, Lem 1934 se estendeu 0 seguro-acidente a algunas categories rurts. Em 1955 fai erindo © Servigo Social Reval, 38 a0 governo de J. 29, 0 imposto consiste no desconio de um dit de salrio por ano 30, Getslio declaasa em 1938 que “o programa relativa & provesio das classes ‘operisias, graduatinenteexecutado, os faz paricjpat Oa concia © do beneestar, segunda ‘08 prinepjos da justiga", in KLINGHOFFER, Hans — Op. cit, pe 221 31, Desde 1926 que ji hawia um iastiuto de pensdes peta funciontrios 32. Getilio declaroe que o Estado Novo, "pela necessidade que The impéiem suat insttigbes, exige uma conceneardo exraorliniia de atvicndes parareselyee os robles Fundamentais ue o regime anterior taba, Indefimiamente, posiergado", a KLINGHOPPSR. Hans — Op. it, pt 33. FAORO, Raymunda — Op. cit, .. 306. © governa Vargas criou o DASP (Departamento de Adminstrgio do Serio Pablicc) que selecionou uma boa pate dos Derocmias © que conuituix para a vielonaivagéa do servigo publie. 34. MALLOY, simes — “Previdencia Soot) © Clase Opetsra no Brasil, in Estudos CEDRAP 15, Soo Paulo, Fwots Hrasilen de Ciéncia. 1976. pp. 115-136. 435, Anais do 1" Congtesso de Previdéncia Social, TIC. 1954. 36. KLINGHOFFER, Hans — Op. cit, p. 250, 37, PAUSTO, Boris — "Pequcnos Ensaios de Historia da Repiblica — 1889-1945 in Cadernos CEBRAP 40, Sto Paulo, Faora Braslense, 4, p45 58. CARDOSO, Femanco Henrigue — "Le proletatiat brsilien: situation et compor= leament social". in Socioagie du Travail, A961, pp. 51-65. 59. FAUSTO, Boris — *Pequenos Enssios de Histérin da Repablica — 1889-1945", idee, 9. 22 40. Em 1938 0 governo esmagoa um levantamento do movimento faseista “inepslist” Aigo por Maio Salgado. 41, 0 maiximo era 3 vezes 0 salitio minim, depots passow part $ vexes (1960). 42. A reorganizagio de 1954 foi declarads inconsitucional. Logo apts a morte de Getlio. Ver eapitula soguine 43, Objetivos do SESI e do SESC — Pont 113 © 116, MTIC de 259/1946, 44, Carta da Paz Social — SESC, divisho de documenta, Rio de Janeiro, 1971 48, ERICKSON, P, — Labor inthe Poli Pruvess in Braz Corporation i Modersicing Nasion. Anw Atbor, University Microfiems, 1971, pp. 69 ¢ 142 46. HARDING, Timothy Fox — The polival history af organized labor in Brac Tbicem, 1975, p. 230, 47."Uima majoragio de 1% das quoizagbes para cabrir 08 eustos medicos ¢ cabeados mire 1953 ¢ 1030 fos declan nconsttinnal novembro de 1978 (Lei n® 6-586) os ambulanes ¢nequenoe comercianes de ua) passaram a ser obigados a ioscreverse nm Previdéncia Sovial,exigindo-se para 880 tuna ladainha de documents, 49, VON GERSDORFF, Ralph — “Les problémes financiens de Vassurinee sociale su Bris". Mullern de VAssocietion bnernatiouate de Sécurité Soctale, 1960, b. 12. pp 655-667 "30. Ver os livros: “Multinacionales et les aaillowrs ou Besit, Maspeco, 1977 ARRUDA, Marcas. et alli — aftinatonats ane Brac, Tact, Braiian Studies, 1975; SERRA. José — "EL milagio economico bresileuo: Resid mito?, ie Revista Medicare le Sortologia, XXXIV, 2 (1972), pp. 245-292 31. Wem, Ii 52, De 1824 4 1856 alguns funcionitios do exceutvo, do judietiio, do tesouro € do corpo diplomitico bemsticitamnse de wm tegine limitado de pense. 53, Exeeto pam os “ejidatirios", max Joram apieadis somente no Distito Federal ona instal € no agrcol, 54. Ver sobre o sasunto, por exemple, VERNON, Raymond — Mexique. Paris, Les Bditions Ouvrtees, 1966. 55. Segumido HORCASITAS, Ricardo Pozas — “La evolucién de la politica Hiberal mexicana”, in Revista Mevicana de Sociologia, v. XXXWIN, 8. 1, 1976, p. 89 56. BASURTO, Jorge — “Populisma ¥ mobiizacién de masas en Mexico durante el epimen candenisa", i Revista Mexicana de Sociologia. v. XXXI, n. 4, 1969, p. 858 Basurto afima que neste momento “as condigdes si0 diss par preparae a revolugto Durpuoss 51. REYNA, Manoel, PALOMARES, Lava'e CORTES; Guadalupe control el movimiento obrer como wna necossidid del exadn de Mexiog (1917-1936)". in evista Mexicana de Sociologia, ¥. XXXIV, ny 34, 1972, p. 896. 58, Idem — Op. eit, p. 190. 59. Ver capliulo 6 60 DELARBE, Raul Trajo — “Two Monican Lator Prowveinent (1917-1975). ia Latin American Perspectives, ¥. Ih, New York, 1976, p. 138 (61, Dados eitados por MEDIN, Taxi — Ideolagia y pranis politica de Lazaro Cardenas, México, Siglo XXI, 1974, capfslo VI 62 CORDOBA, Arnaldo — Za fornacidn det pader politico en Mexico. México, Bd. Era, 1977, pa. 63, "Os presidenss do México peranle 8 Nagio. Tomo IV, p, 11. elado por MEDIN, Tayi — Op. ity ps 80, 64, PATINO, Folio Alanis — “EE seguro social ante el seguro Social en Mexien, po 17S 65. In EL seguro Soctal en sexien, p. 395 (65. idem, ibidem. 661, Os salrios pugos sepresentavam, em 1940, 135 do valor da precio, Os eustoe do sezur social representavam 65 desse val, isto & O078% da prods, 68. GUZMAN, Annando Cores — *La invorsién extanjora en Mexico", in Refaciones Intemacionaies, 6. 1H a. 8, 1935, pp. SU-BL (69, PATINO, Alanis — Op. cit, p. 174 70. Somente em 1954 os segues foram estendidoe aos tabalbadores agticoas, nos Estados ds Sinalos, Baixa Calfémnia e Sonora, por umm decreto especial. A. Revista Internacional de Seguin Sovial rniy isim at move medias: "© woguro obeigar, instufdo pela tei de 1942, so extend a "todos aqueles que efetuem, hubitaliente oF Uabathos agscolis, propriamente dios, numa empresa ligada & agiculters, 9 eiaga0 de do, 2 exploragto de Horestas e ens indmeras oultas atividadesy a0 mesmo tempo, que se unte de tubadhadons que estejam ox mao alojados no local de tatalho, dis Cpocas sozonis, de trabaliadores geasionais, de treeiras ox de miembros das socieslaes, locals dle crédito agricola on de erédito para os “ejlatsios” (0 “ejdo” € uma eomunidade pave a qual o Estado atsbui temas a serem cutive). O regime se apliea, enfin, aos assalariados © as pessoas em condigia independents (proprietitios, casciws, etc), Em ‘compensigio, 0 regulamento visa o pesscal das exploragaes aatcolas "que exer tabalhos de escttéio, efeue vansportss oW se coupe de armazenamento «da exposigao. ou da venda de prodates”. Vol Il, 9-10, 1955, p. 270 71. COSIO VILLEGAS, Ismnarl — "Los modioos 9 Ix seguridad social en Mexico”, ‘in Bote de ta Atianza de Medicos Mesicaor, 1 (62D: 46, juin 15, 1965, In CIDOG Los medics y Ia soe ". Decumentes y racciones de Prenst. ‘Cuemavaea, Dossier, n. 18, pp. 4-147, Bele “dossier” & uma fonte importante de infocmagao sobre a greve dos médiens ean 1965 Ditenme dtu cyano psivado”, in BP 172 Capitulo 8 CONTRADICOES DA PREVIDENCIA SOCIAL BRASILEIRA NO CONTEXTO DOs ANOS 70 1. ASPECTOS ESTRUTURAIS A anélise da previdéneia social s6 pode ser realizada na medida ‘em que compreenda 0 canjunto de politicas no contexto sécio-econdmico em que foram surgindo. A aproximagio teériea ao contexto histérico implica a realizaglio do estuclo da correlagio de forgas sociais numa determinada conjuntura, como manifestagdes das relagves estruturais. dinamieas, A previdéncia ou os seguros soviais sio formas de politica social que foram desenvolvides com o process de exaverbagio da contradigtio entre © capital © © trabalho, Os seguros soviais s20 politicas de reprodugio da forga de trabalho, de controle dos movimentes sociais de insubordinagao dos trabathadores & ordem estabelecida, de socializago pelo Estado dos custos de ma. nutengio dos trabalhadores incapacitados ao trabalho, de prevengao das crises econdmicas pelo estimulo 2 demanda © ao consumo. Supem, portanto, um processo de luta e de enfrentamentos, de conflitos vineulados as contradigées mais profundas do processo de produgo da acumulagtto © da legitimidade do bloco no poder , Estes itens serao expostos a seguir, primeiro de um ponto de vista tedrico, © em seguida, com referéneia ao Brasil, dentro dos limites que este trabalho impoe 173 Nao se pretende sbordar 0 caréter humanitévio da. previdencia social que apatece nos discursos oficitis © em tantos manuais sobre 05 seguros socitis, Esse linguajar serve para ocultar os aspectos. mais fundamentais dessas polticas Em relayio & reproduedo tmediata du forca de wabalho, a pre- vidéneia social respond a falta de seldréo por sua interrupgto causada pela perta da capacidade fisica on social de trabalho. Os seguros-velhice invalider (acidentes) compensam com pres- {agdes a perda da capacidade permanente de trabalho: ¢ os seguros-doenga, desemprego, acidentes (em parte) ¢ natalidade, compensam uma perd tempordria dessa capacidade Essa perda € ao mesmo tempo fisica © sucial’puly & exclusao do mereido de trabalho dos velhos & de certos tipos de doentes & eterminada pelo produtividade, pela legislagio, pelas pressdes sociais antes que pela capacidade do individuo. Analisando-se 0 tema mais profundamente, descobre-se que a ‘capacidade de trabalho € a garantia do salério, e portanto da sobrevivéncia do trabalhador e do proceso de scumulagdo do capita © provesso de industralizagio © de proletrizagio, impulsionado pelo desenvolvimento de capitalismo, destruiu as formas de auto-sub- sist@acia, tonnando os individuos dependentes do salério © do consumo de mass para sobreviverom. Considerando que esse salirio direto, proveniente da insereao do trabathador no proceso produtivo, é resultado das relayes sociais de produgao, sua fixagio e limites dependem da eomelagto de forgas entte (03 proprietérios da forga de trabalho © 05. proprietirios dos meios de produgio. Eyxe sulitio comespunde a0 minimo de subsisténcia para ore balhador repor sua forga e reproduzir-se no proceso de trabalho. Nos easas de doenga, invalidez, desemprego, acidente, velhice, 0 trabslhador era jogado nas costas da farnilis, devende reeorter &assisténeia pablica ou privada, antes da implantagio da. previdéncia As lutas geradas pela organizacio & mobilizagio dos trabalhadores buscam a methora dos salérios, das condigdes de trabalho e da legislactio social, aliadas ou nilo a uma perspectiva revolucionaria, Essa perspectiva busca, além disso, a realizaga0 das condigées de possibilidade de uma nova sociedade no sew conjunte, Os movimentos ¢ hutas dos trabalhadores so por sua vez reprimidos pelos patrées ¢ pelo Estado. Para diminuir as tensBes sociais e aumentar sua produtividacle, sua autoridade e seu poder junto aos operstios, varias 174 empresas tém instaurado caixas, servigos médicos, programas habitacio- nais para seu pessoal, descontando-os nermalmente dos salérios. Na pritica de classe das empresas os préprios trabalhadores passaram a seceber um saldrio indireto nos casos de perda de sua forga produtiva, Esse saldrio indireto niio deve interferie na concorréncia capitalista, devendo-se socializar o§ cusios entre os pattSes para que os heneficios concedides nfo venham a sobrecarregar mais uma inddstria que outra Assim nascem os seguros patronais, fundados na teoria do risco profissional. As indenizagdes baseadas na culpa eram pesadas para as finangas das indistrias e insuficientes e demoradas para os trabalhadore Assoxiuntlo-se er compunlitas de seguro, nao raro de sua propriedade, ‘5 pairdes poderiam controlar diretamente as indenizagdies, Consagrava-se assim também # inseguranga fundamental da classe operdria, na pendéncia das decis6es das companhias de seguro, Recebenddo seguras pelos efeitos do processo de explorgito, © proceso mesmo continuava intact, Somente seus efeitos sobre vitimas eram atenuados, E todo © proceso de seguros sociais consiste na atenuagio de cerlos efeitos da exploraglio da forga de trabalho no processo de sua reprodugdo e de sua subordinagio a0 capital Além disso esses efeitos so atribufdos 4 imprevidéneia ou as condigéies pessoais das vitimas, como o veiculow muito tempo a ideologin liberal da incapacidade moral das classes laboriosas. As pequenas empresas porém se opunham a instauragio de seguros, pelo custo adicional a pradugio e cam medo de serem eliminadas pela concorréncia. As grandes empresas podiam oferecer esses. beneficios pelo comirole do mercado © diminuir eas despesne administrando conjuntamente a organizagio de seguros. ‘A resisténcia patronal foi em parte vencida quando se viu que 6 custos da previdéncie seriam ransferidos aos pregos das mescaclorias, sendo portanto financiades indirctamente pelos consumidores. Outro fator que contribitiu para superar essa resisténcia foi a inervengio de Estado que assumiu os custos dos servigns nio imediatamente rentaveis a0 capital 8.2, AS CONJUNTURAS SOCIAIS Entrctanto, foram as crises sociais de superproduedo e agitagiia em que eclodiram fortes movimentos sociais, que, definitivamente, 175 levaram @ uma intervengio orquestrada ¢ esealonada do Fstado no dominio da scguridade social A grande crise de 1930 inspirou o keynesianismo que ainda hoje prope a prevengio das crises do capitalismo pela manutengio de uma demanda efetiva constante, As politicas sociais seriam assim mecanismos ceficazes de sustentagio do poder aquisitive minimo ‘das classes traba- Thadoras!, evitando-se a rupture do proceso pradutvo « da seumula ceapitalisea, Esse mecanismo anticrise, deserjie mo plano Beveridge, durante a Segunda Guerra Mundial, prope a seguranga, social do individuo (nto, da sociedade) do nascimento & morte. Trata-se em realidade da seguranca do sistema capitalista de produciio. Propse-se um segura minimo obri- gatério que mantém as desigualdades sociais, cria novos mercados para 8 produgiio, estimulands © consumo ¢ contribuindo para a “paz social”. Os seguros sociais ou a seguridade social completa de Beveridge hilo so mecanismos de redistribuigio da renda, Eles conservam as desigualdades de salirio, mantém as mesmas porcentagens de contribuigao para as diferentes classes sociais ¢ oferecem prestagdes desiguais segundo © lugar ocupado pelos contribuintes no processo produtivo?. Hoje em dia, os ingressos e gastos com seguros sociais representa luma forte poreentagem do produto interno bruto, variando segundo 0 gtau de crescimento © de lutas soviai No Canadé, em 1971, as despesas com seguros sociais ocupavam 14,7% do produto interno bruto € no Chile, no mesmo periodo, 12,8%: Wis que lembrar agui a combatividale do movimento opersrio ehileno representado pelos partidos socialista ¢ comunista, No Brasil esses gastos com a previdencia representayam 4,7% do PIB em 1964 © 6.2% em 1972, sendo nm dos mais elevados da América Latina, As despesas do INPS representaram, em 1969, 6,1% do consumo, sendo que no Canadé os gastos com Seguros sociais tem uma porcentagem de 16% do consumo, Em 1971, 0 INPS dispendeu 151,30 eruzeivos por habitante contra 13,90 em 1964", A implantagio © a importineia dos seguros sociais no seguiram luma politica linear incrementalista come paderiam deixar transparecer as cifras anteriormente citadas. Os seguros so fruto das contradigtes estruturais © conjunturais em sua relagao dialéticn, Se stio determinados pela contradigdg capital-trabalho, como ficou acime demanstrado, 0 sf também pela corelagio de Forgas em eada conjuntura. Sendo impossivel uma andilise comparativa no Ambito desse trabalho, limitamo-nos a apresentar as grandes linhas da implantagio da previdéncia social no Brasil © suas principais condéncias, 176 Na conjuntura do Estado libera-oligirquico da Republica Velha predominavam os interesses da oligarquia agroexportadora. Para favorecer a produgo © a exportagio dos produtos agropecusrios, a politica social do Estado oligéequico consistia no patemalismo assistencialista € no favorecimento da tmigragdo de bracos para a lavoura do café. De 1902 a 1910 assinala-se a entrada de pelo menos 330.000 europeus pelo porto de Santos! Para atrair, controlar € estimular essa mio-de-obra 0 Estado de ‘Sio Paulo criou em 1911 © Patronato Agricala, de conformidade com fa Iei federal de 1907. A Hospedaria de Imigrantes na capital paulista acolhia, selecionava, albergava nie s6 0s estrangeiros recém-chegados, como também os trabalhadores do campo que vinham buscar recursos médicos na cidade, Eram as sociedades de caridade, as associagbes de beneficéncia, as sociedades de socorro métuo © a Assisténcia Policial que suportayam os custos de reparacio imediata da forga de trabalho, assumidos na maior pare das vezes pelo trabalho familiar. Hé que lembrar que as mulheres e as eriangas formavam a maior parte da mio-de-obra em certos setores industriais como o téxtil eo de vestudtio. S6 pds a greve geral de 1917, precedidla pela crise dos anos doze € que os seguros privados de acidentes de trabalho foram implantados com uma lei federal. As pensées de velhice, anteriormente institufdas para cerlas calegorias de funcionarios, sobretudo Federais, caracterizam-se como formas de manter a lealdade de um grupo especttico de taba Thadores, A lei Eloy Chaves, em 1923, instaurou as eaixas de aposentadosia © pensées pata empresas fervovidrias. sas companhias 2s que transportavam café para a exportagio, sendo continuamente perturbadas por greves, das quais a mais combativa foi a de 1906 na Companti Paulista. Os trabulhadores, nesta yreve, rejeitam a afiliagdo obrigator A sociedade beneficente da empress! A esta greve © aos demais movimentos anarquistas ou reformistas os governos federal ¢ estacuais responderam com a repressfo, invadindo as sedes dos sindicatos, fechando os periédicos opersrios, prendendo lideres ¢ expulsundo trabalhadores estrangeiros. Acumulagiio, repressio € legitimagio se combinam na politica social. A questi social & entio vista como insubordinagzo, subyersa0 qual se responde com a atuagdo violenta da policia. Mas sua importincia nna cena politica se vai acentuando, © niicleos pegueno-burgueses © da burguesia industrial vao tentar legitimar sua posigio pregando novos direitos sociais baseados na teoria do risco profissional 77 A propria eficigneia da industrializagio exigia aowas medidas para atrair, recuperar ¢ manter a mdo-de-obra ¢ Sua produtividade. Os politicos debatem as: 's soeiais no parlamento. Candidatos & presidéncia como Rui Barbosa, trazem esse debate para o émbito cleitoral. Q, Partido Demoeratico ‘de S20 Paulo levarita no seu seio algumas réivindicagSes hd longo tempo exigidas pelos. movimentos operiios. AS revoltas dos tenentes contra)/Bernardes obrigam-no a buscar uma fealdade possfvel do operariado’ respondendo simbolicamente as suas lutas. Em 1923 Bernardes eria @ Conselito Nacional do Trabalho © em 1925 institwi uma lei de fériay remuneradas cheia de falhas ¢ de manobras para ser burlada. O Departamento Nacional do Trabatha hi muito tempo reivindicado por parlamentares ¢ tecnocratas. Nesse interim, as caixas de aposentadoria ¢ pensdes proliferam por empresa, chegando a 183 em 1933 © Estado oligérquico, caracterizado pelo, fechamento de suas instituigdes, pela exclusito do povo de toda ¢ qualquer participag%o no proceso politico © por um liberalismo ideolégico dominante j& apresenta assim certas fissura as concessdes miinimas 2s classes trabae lnadoras, Entretanto, a_maioria dos trabalhadares do campo continuam submetidos & exploragdo dos coronéis e subordinados as migalhas de seu assistencialismo paroquial A revolugio de 1930 traz no seu bojo, ainda que em germe, as hovas exigéncias do processe de industrializagao, constituindo a ditadura de Vargas um periodo de transiczo da hegemonia da oligacquia A hegemonia da burguesia industrial, num mesmo pacte dle deminay ‘As novas exigéneias do proceso de acumulag&o urbano-industvial consolidadas no plano politico. Para isto era necessério uma aceitacio fda nova hegemonia ¢ do nove pacto de dominagio pelas classes trabalhadoras mais diretamente consideradas como suporte desse processo, os operirios urbanos, Pregando o moralismo, a luta contra a corrupgtio, a paz social © nacionalismo, © federalismo, Vargas realiza a centralizagiio politica, impulsiona mecanisimos para favorecer 9 mercado intemmo, sem, no entanto, ferir de morte a oligarquia, o coronelismo e os regionalismos. Os trabathadores do campo sio excluidos dos benefivivs sociais e certos interesses da classe opera sao alendides, ao mesmo tempo que se busca coreé-la pelo controle de cima, ee A politiea social de eriagio dos institutes de previdéncia por categorias (masitimos, 1933); bancarios, comercisirios, 1934; industrigtios, 1936; transportistas, 1938 contribui para a centralizagao do controle do: 178, operariads no fbito federal ao mesmo tempo em que fragmenta divide a classe operdria. Nao estranho que 9 maior instituto — 0 TAP — soja implantado depois da organizagio da Alianga Nacional Liberal, fteate tinica dirigida pelos comunistas e posta em seguida fora da lei Os institutos sociais soo correlative dos institutos econémicos do café, do dleool, do mate, do cacaus (© controle do operariade se di entio por sua integragio nesses aparelhos téenicos do Estado, onde & cooptado pelos’ mecanismos buroerdticas. A burocratizagio das decisdes faz. os institutos aparecerem como organismos técnicos de harmonia de interesses, de pacificagio social. © cerco aos movimentos sociais se faz mais apertado com a implantagio vertical dos sindieates e da Justica do Trabalho. Os sindicatos sio obrigados a cumpri fungdes assisienciais ¢ se forma uma camada de dirigentes operitios pelegos, ligados aos chefes politicos por contatos pessoais. Esses controlam 0s canais de distribuigo da assisténcia, de empregos © favores na Previdéncia Social Essa politica vertical e fragmentadora da Previdéncia Social constitu um canal de alendimento precsrio, limitado, restvite dos problemas gerados pela inseguranga operisia no proceso de industializagio. Sao exeluidos da Previdéncia Social os rabalhadores surais © os domésticos. Os servigos sio concentrados nos grandes centros, A. bu- rocratizagao cresce, Os médicos, os teenocratas e as empresas hospitalares encontram ai am campo para desenvolver seus interesscs. Pagos por distintos sistemas (ervigo, salério ow convénios), os médicos financiados pela Previdéncia Social podiam eombinar facilmente f clinica privada com o servigo piiblico, O equipamento pesado ¢ caro da Previdéncia tem sido utilizido como apoio 3s clinicas.privadas, liberadas do custeio di aparelhagem especializada. Sendo aatoridades © tendo © monopslio profissional os médicos realizam 0 atendimento previdencidrio como medicina “papa-filas” Nilo fornecendo seguro-medicamentos a politica previdencidria eria um efreulo vicioso de doenga-consulta-doenea. 8.3. BUROCRATIZAGAO, PRIVATIZACAO, MEDICALIZACAO Os beneficios da Previdéncia foram também submetidos 4 buro- cratizagio. Depois de 1945, épcea de abertura e de penettagio do capital americano, a racionalizagio burocrdtica foi a dinémica principal da 179 estruturagio da Previdéncia. © modelo burocratica® imposto pelos téenicos contou com a resisténcia de politicos, pelegos e grupos que tiravam privilégios da situagio existente, A unificago dos institutos fazin parte da estratégia teeno-buro- erética, seedo aprovada pelo decreto 35.448, de 1/5/54, Quatro meses aps sua aprovagio © apenas 15 dias depois do suiefdio de Vargas. © decreto citado € revogaddo pela pressio dos politicos ¢-pelegos. A planificagtio vertical e a bofderatizaglo se acentuaram com 0 regime autoritério de 1964, que favoreceu a penetragio do. capital estrangeiro no. pats. Os beneficios, do INPS foram estendidos “aos trabathadores domésticos. Criou-se 0 Ministério da. Previdencia. Social em 1974, 0 que jé estava previsio desde 196% dentro da Hégica “de racionalizagio buroeritica”. © INAMPS responde a esta mesma estratégia com 0 chamado sistema nacional de saide (Lei n® 6,229 de 17/7/75), Associando-se as multinacionais, 0 governo permitiu que 97% da inddstria farmacéutica nacional fosse controlada por capitais estrangeitos. Os medicamentos nao fazem parte dos beneficios da Previdéncia, nem existem laborat6rios estatais que oferegam os remédios fundamentais de uso comum a pregos populares e em quantidade suficiente, A central cie_medicamentos (CEME) 96 contribui com pequena parcela a esta necessidade, © setor hospitalar privado desenvolveu-se sind mais com os recursos da Previdéncia por intermédio dos intimeros convénios, lo suficientemente controlados. Carlos Gentile de Mello salient que a Federagio Brasileira de Hospitais manifestou sua reagio contra a esta- tizagio da Previdéncia a partir do momento em que o sistema de eontas passou a ser feito pelo computador em janeiro de 1977". Bm. 1974 (ortaria n° 78) estipulow-se 0 credenciamento das entidades. privadas pcstaslonss de servigos de assistencia mediet © hospitalar Os hospitais privados constituem talvez © mais pexleroso lobby ou grupo de interesse junto 4 Previdéncia Social, Organtzadlos com 0 fito de fazer Iuero, 08 hospitais privados se expandiram 4 sombra da Previdéneia, sem oferecer melhores servigos clientele, conforme 0 demonstra Gentile de Mello no artigo supracitado, O3 servigos médicos predominam sabre os outros beneficios da Previdéncia. Comparando 0s gastos da Previdéncia com a assisténcia médica do ano 1961 com os do ano L971, verfica-se que houve um aumento de 150% aproximadamente, enquanto que os gastos com restagdes diminuiram de aproximadamente de 500%, A previdencia transformou-se no maior agente de prestagio de servigos de sutide no pais contribuindo, em 1971, com 41% do total 180 das despesas, cabendo aos Estados © munietpios 32%, ao setor privado 8% © a0 Ministério da Sade 5%. Estes dados mostrar a medicalizagio da Previdéncia Social, com predomindneia dos programas curativos. Os dez milhoes de chagésicos, os doze milhges afetados por esquistossomose, os quarenta milhiies de dlesnutridos, os milhdes de acidentados do trabalho tm suas condigies inalteradas, TE. mais ainda, as condigées sociais geradoras desses males sfio mantidas com © arrocho salarial, a industrializagao do campo, a inerementagto dos béias-rias, enfim com o capitalismo selvagem que acentua a coneentragio do poler, da propriedade © da riqueza Para favorecer os empresérins 0 INPS assumiu em novebro de 1974 © pagamento do sildvie matemidade (Lei n® 6.136), a6 entho, a cargo das empresas. Assim elimina as diferengas entre empresas, rea- lizando uma socializagio desse tipo de custo, que chamariamos de perequagtio dos custes 8.4, A INTEGRAGAO DOS CAMPONESES © FUNRURAL veio possibilitar a extensiio de certos beneficios sociais © servigos médicos aos trabalhadores do campo, que representam 44.3% da populagdo economicamente ativa. Comegou com 0 Decreto-Lei nt 564, de 1969, para (rabalhadores da agroindistria canavicira, As dificuldades de arrecadagiio das contribuigdes no meio rural levaram © governo Médiei a ctiar 0 Pré-Rural pela [ct complementar n* IL, cujo ofganismo executor € 0 FUNRURAL. Os empregadores rurais foram inclufdos no regime previdencidrio fem 6 de novembre de 1975 A instituigio do FUNRURAL respondle a capitatizagio da agri- tura € & ascengio dos movimentos camponeses dos anos sessenta. nesse perfodo que surge o Estatuto do Trabalhador Rural, que ver permitir e controlar as organizagGes eamponesas. Acentuam-se as dis- cusses sobre reforma agriria, que nfo passa de uma resposta simbélica e burocritica do IBRA e do INCRA. O FUNRURAL possibilita certa redistribuigo da renda dos tra- bathadores urbanos aos trabathadores rurais, visto que seu financiamento provém de um imposto de 2% sobre a comercializagaio dos produtos agricolas ¢ de 24% sobre a folha dos salirios sujeitos & contribuigio da previdencia nos setores urhanos, Do orgamento do FUNRURAL dois tergos provém das taxas sobre as empresas urbanas (61,3% em 1975) eum tergo da taxa sobre a produgio rural (36,19). 181 fo se trata de uma redisttibuigdo de renda vertical, do capital para o trabalho, mas de uma redistribuigio horizontal da ‘renda, pois os fundos do FUNRURAL provém dos proprios wabalbadores. urbanos enquanto pradutores e consumidores. Essa instituigio favorece muitas empresas. privadas de prestagiio de servigos médicas, embora tenle uma aproximagio com os sindicatos tas casas € municipios. A extensio da cobertura de agidentes de trabalho do trabalhador 6 foi vealizada em dezembro de 1974, pela Lei n® 6,195, Exeluidos desde 1919 do seguro-acidente, os trabalhadores rurais ficavam & merc do patrdo em casos como este, se 0 acidente no fosse provocade por ima “forga inanimada”. Com’ 9 decenvolvimento do. capitalismo no campo, pela introdugio de méquinas e do assalariads, surgiram as condigdes para essa importante modificagao, © FUNRURAL, apesar de integrado no sistema Nacional de Salide, mantém a politica de compariimentalizagio das eategorias be- neficidrias dos seguros sociais. Um trabalhador tural nig. pode transferir seus direitos & pensiio ou outros beneficios do INPS se deixa o trabalho do campo. Somente com a Constituigao de 1988, conforme.o capitulo seguinte, 65 trabalhadores rurais tiveram o pleno avesso aos direitos. sociais, inclusive & aposentadoria com piso de um salitio minimo e limite de idade de 55 anos para a mulher ¢ de 60 anos para o homer, 8.5. COMPARTIMENTALIZAGAO A compartimentalizagdo dos regimes de seguro para outras cate gorias de trabaltiadores ainda niio foj solucionada, alando os traballiadores fans seus servigos se quiscrem um dia ober uma aposentadosia mais ‘ou menos condizente com seu trabalho de toda uma vida, Pela Lei n® 6.226 de 14 de julho de 1975 permite-se na esfera federal a contagem recfproca do tempo de servigo piiblico e privado, ficundo ainda excluidos desses beneficios funcionitios estaduais € mu. nicipais, Para a compartimentalizagio do atendimento contribui a separacao da Previdéncia, do Ministério da Saiide e das Secretarias da Saiide?, O sistema de saiide © o INPS contribuem também para a reprodugio das desigualdades regionais brasiteiras. £ no Norte © Nordeste que se encontra menor nimero de assegurados do INPS, em relasio populagio. Enquanto no Sudeste 182 b§ 14,5 da populagio regional assegurada, no Noste $6 ha 4,9% © no Nordeste 4.2%!" . ‘Outro problema a assinalar no INPS & seu orgamento em equiltbrio ‘bastante instavel. Para cobrir suas despesas tem-se utilizado o aumento de cotizagdes, © que onera ainda mais 0 orgamento dos trabalhadores. AS mullas das empresas devedor iadas © 0§ seus nomes no foram ainda totalmente conhecidos do péblico, segundo promessa do tual ministro da previdéncia, A Unio & sempre culpada por nfo pagar sua divida, mas em outros paises, como no Canad, a contribuigio do Estado se limita ao pagamento das gastos administrativos, ¢ 0s fundos publicos de pensio nio sio deficitirios. Pelo contrério constituem uma fonte de reserva para empréstimos ao Estado, ¢ as contribuigdes sto menores que no Brasil... As fraudes, pela falta de controle, sugam parte do orgamento do INPS"! 8.6. FUNDOS PRIVADOS Para compensar tantas deficiéneias que © modelo teenocritico nao conseguit! sanar, fala-se ¢ legisla-se sobre os fundos privados de pensio (pension funds). Esta politica beneficiard os trabalhadores que podem arcar com cotizagies superiores, isto & aqueles que trabalham para empresas multinacionais ou monopélicas que podem supertar novos Gnus. As empresas monopélicas e/ou multinacionais, controlando 0 mercado, podem repassar 40 consumidor custos adicionais, Os fundos de pensio corresponem a uma exigénein de renovagto dle mao-de-obra © de produtividade das empresas, que necessitam ver Seu pessoal aposentarse para dar hugar agente mais rentivel. 6 a pute sn capa non sc favorse desenvolvimento ina foje em dia, mesmo os altamente remuncrados. temem aposenta-se, porque ix signee empobrecer®. Os fndces de reajuste do INPS 880 ing inflagio ¢ 4 Lei n? 6025 de 29/4/75 criou o “valor de referencia” para efleulo de. prestagGes, inferior 40 salério minimo. J flo se tem em conta 6 minimo, mas um valor inferior ao minim. 8.7, EMPOBRECIMENTO DOS APOSENTADOS © trabalhador idoso, explorido toda a vida, e que foi exclutdo do proceso produtivo, passa a contcibuir de forma indireta ao processo de acumulagio do capital com © consuma que propicia © com 0 barateamento da miio-de-obra que advém das redugGes de suas prestagies. 183, Se um idoso pode viver com menos de um salirio, porque nio o poderia um trabalhador ativo, perguntam os téenicos. Mas estes se esquecem que 6 na economia familiar que os, idosos ainda podem encontrar um apoio aos minguados fundos de pensio do INPS ou suas aposentadocias ménimas. A Lei n° 6.210/75 reduz ainda mais os perceftwais daqueles que se aposentaram depois de 1975. A imensa reagio do povo fez com quc se revogasse a Lei n? 5.890/75, que obrigava os aposentados que voltassem a0 trabalho a reduzir de 50% suas aposentadorias, mesmo aqueles que o fizeram antes da data acima. A nova lei de reajuste salarial (1979) exclut os aposentados dos reajustes. semestrais A. situagiio trégica dos idusus sem previdericla social nao for resolvida. Somente os maiores de 70 anos (2,2% da populagdo) passara gozar de uma ajuda mensal (Lei n° 6.179). Essa renda também foi estendida aos invilidos. A Lei Orginica da Assisténcia Social de 1993 regulamenta o direito 4 assisténcia social, mas.o limite aos idosos & postadores de deficiéncia de famflias com renisa de 1/4 do. sakisio minima per capita, Para os desempregados a situagtio foi s6 parcialmente. considerada com o Fundo de Garantia por Tempo de Servigo. A politica do Fundo © de obrigar a volta ao trabalho n0 tempo mais répido possivel, pelo controle rigeroso de sua utilizagio © pelo tempo limitado em que o trabalhador esté disponivel. O trabalhador deve provar que esti pasando necessidade © a partir do quinto més de desemprego o trabalhador sé recebe 20% do depésito, Alifs, 0 préprio Funda fayorece essa rotatividade, eliminando praticamente a estabilidace no emprepo. Nao se trata de um sepuro, smas de uma aszistGneia deremprego. Seus fundos acuumululos server ais grandes companhias financeiras da habitagio através do BNH. © dinheiro provenieme do PIS/PASEP ja 6 também disiributdo tencia (0 14° salirio) © niio. como’ participagio nos. Iueros, Aqueles melhor remunerados, assalariados da pequena burguesia, que 86 vio retirar esses fundos quando aposentados, podem gozar de juros © comregdes correspondentes, © que nfo acontece com a distibuigio aos trabathadores operirios. © IMI PND" promete o seguro-saiide estatal, a extensiéo dos Seguros a categorias nfo abrangidas, a desburocratizagio da previdéncia Sdo medidas teenocrdticas Tiberalizantes que vaio ae encontro das clas de produtividade de mio-de-obra (nio perder tempo em. is), de sua rotatividads © mobilidade, Para que se possa ao encontro exigi fil 184, Gos imeresses dos trabalhadores & necessério que estes se organizem ¢ se mobilizem pelos direitos sociais, Apresentar aqui uma ladainha de sugestées téenicas seria entrar ‘no jogo tecnoerdtico. A contribuigio que os profissionais vinculados a estas ou outras instituigdes sociais podem oferecer para modifieagao dos seguros sociais se visualiza em vineulagio com as tutas dos trabalhadores. Lutes pela compreensiio dos direitos existentes, por abrir novos direitos e por manter as conquistas j realizadas, AS solugdes técnicas podem ser elaboradas de acordo com as politicas determinadas pela correlagao de forgas sociais. No Capitulo 9 Abordamos as questdcs e contradigdes no contexto dos anos 90. jem mobilizayao © urganizactio dos trabathadores seus direttos ja reconhecidos podem deixar de slo, coma o foi no caso da Lei n° 5890 de 1975, Dividida em tantos e tio dispares programas vertieais a politica previdencidria brasileira mantém a fragmentagio da classe trabalhadora em diversas categorias compartimentalizadas, 4 verticalidade © essa fragmentagio 66 podlerdio ser modificadas Pela discussiio aberta dessa problemética pelas classes trabalhadoras, Essa discussio foi impedida pelo fechamento e pelo autoritarismo dos anos setenta, O arrocho salarial implicou também 0 artocho previdenciirio, pois mais baixos sio os salirios, mais baixos sto os beneficios da previdéncia, B com beneficios mais baixos se influi também para a baixa dos salétios. ‘S6 um clima efetivo de abertura c as mobilizages dos trabathadores poderiio abrir novas avenidas a previdéncia social. No Capitulo 9 abordamos as questies © contradigves no contexto dos anos 90. Notas 1. © Hivro de Celso Barroso Leite © Luis Paranhos Veloso, Previdéncia Social, Rio do Janeivo, Zahac, 1963 6 de ovientagio Keynesiana, Afiroam esses autores gue revidéneia social € om ima andise (le) uma forma de mamutengée ov reforso do sali nos vitios casos em que este dcixa de ser recebido ou se coma ncecrsiie completi-Io mediante pagameaios especias on prestagt dle detenninados servigae” p30), 2. 14 oma ampia demonstragio da manotengho das cesiguacides sociais pelos segos sociais na América Latina em MESA-LAGO, Carmelo — Sovlal Severity in Latin Americ, Putisbusp, University of Pitsbargh Presa, 1928, 3. OI — Le cow de ta séeunité sociale a L978, 4 Amuro Estalistico de S¥o Paulo (1914), 1,108 in DEAN Warten —A indusridizac io ‘de Sao Pauio. S30 Paulo, Dife, sid, 3 esigho, p. 13 185 5. Pain uma andlise dessa greve ver FAUSTO, Boris — Trabali wrhano e confte industria. Sto Paulo, Dilel. 197, pp. 135-146. 6. MALLOY, James — “Previdéncin Soci e Classe Operivis”, in Exalos CEBRAP 15, Sao Paulo, 1975, pp. 115-136. O autor Ga de yn madslo téenio-adminlsrativo, 7, MBLLO, Carlos Gemile — "Trasionalidedo cla privalzagio da medicina previden- iia", in Sole em Debare, 2° 3, abrimaidian,, 97%, pu 8 Regina Maria Gittonniaflima quo “a ovolugio da. previdéncia tem sido faneamente favorivel s0 setor privado” — "Prvatzar ou estaivar", in Side wm Debate, n. 2, janffevsooar, 1977. p. 34 8. OIT — Op. cit, bela 10, Dados basdados nessa tela, 9. A eriagio do SIMPAS (Sistema Nicional de Previdéacia ¢ AssisGacia Social), incluindo o INPS, 0 INAMPS (asssiéncia midis), a LBA e a FUNABEM (assisténcin), © IAPAS © a DATAPREY (administagio) ¢ a CEME.(ntedicamentos), ands mio fol acompanhada de uma real iotegragio om pita 10. Malloy apresenta 0 sequinte quadto: Tstrutura Googréfica dh Coberwa da (NPS — p70 Rosi ‘% da Populagiio | % da Populagig | % da Populagio Nacional | Assegurada sobre a] Regional Assegurada Populagto Total | Norte : 20 49 Nordeste BA 42 Sudeste 66,1 145 Sul 163. ay Contr Oeste é 24 a7. atistico do Brasil 1973, INPS, 1971, in MALLOY, James — The Politics of Social Security én Brasil. Pittsburgh, University fof Piusburgh Press, 1979, p. 168. UL Ver 0 Evtado de S. Paulo de (0 a 122980. 12. Ver MEISNER, Teodoro — “Aposcuta-se um alo de comgem’, Folha de Paulo, 1729, pA 13, © Ewado de 8. Pando, 12901979, n. 12 Capitulo 9 POLITICA SOCIAL, PREVIDENCIA E NEOLIBERALISMO* © propésito deste texio 6 situar o debate sobre as diferentes propostas de mudanga da politica social, especialmente da previdencia social no contexto atual, confrontando experiéncias de varios paises, principalmente da Europa ¢ Amériea Latina, AS mudangas e propost e mudanga, no entanto, implicam wansformagGes na relagio Estad socieddade-mereado, marcadas, hoje, pela perspectiva neoliberal que prop menos Estado © mais mercado. © objetivo & mais o de conttibuir para © debate que o de oferecer solugdes ante 0 processo de reformas neoliberais do Estido que se instalou no Brasil e no mundo globalizado. As reformas neoliberais tém propésitos € mecanismos semelhantes em todo mundo, embora, em cada pais, haja reagGes e atranjos diferentes © propésito é 6 de mudar a estruturagio do sistema de bem-esiar social com a diminuiggo do papel do Estado e, principalmente, da-garantia de direitos sociais, © a insergio dos dispositivos de manutengio da orga de trabalho nos mecanismos luerativos do mercado. No periodo {do pais-guerta, no processo de desenvolvimento industrial © da condigao salarial, criaram-se diferentes fundos pablicos, com contribuigies de patrdes, empregados © de impostos para uma série de beneficios a ‘dosos, deentes, invélidos, acidentadus, vitvas, ex-combatentes, erian gestantes, migrantes com 0 objetivo de garantia de dicetos a uma renda Este cupiuio contém alguns techos de “Previdencia social ¢ ncoliberaismo”. In Universidade e soviedade. IN(O} 87-93 Beas, fevereto de 1994. Traw-se de um nove text. 187 minima aos excluides do mercado. Estado © mercado estabeleceram ‘mediagdes, através da cidadania, para manutencdo de quem niio estivesse no mercado, Uma das definigdes mais legitimadas de politica social era a de Clauss Offs, que a considerava uma forma de tansiormar a forga de trabalho nfo assalarinda em assalariads (1984, p. 24): sendo vista como um “conjunto daquelas relagdes e estratégins politicamente orgenizadas, que produzem: continuamente essa transformagio do proprietério da forga de trabalho em trabalhador assalariads...”, ou seja, a fungiio da politica social, era, atendendo, ao mesmo tempo, as necessidades do trabalhador © as exigéncias do capital, inserever © proprietiria da forga de trabalho rnp assalariamento, Trés formas de financiamento dos fundos foram se constituindo, A coniigao salarial possibilitou a uniformizagio do contrato de trabalho sobre © qual pesavam as contribuigdes. © lucto também passcu a ser foxado quando se viu que a produtividade aumentava sem novos contratos. Os impostos gerais passaram a ser nova fonte importante de financiamento dos fundos, jé que a base salarial estava se tornando inggil diante das profandas mudangas no processo produtivo capitalista A tecnologia, com a tobstica ¢ a informética, a globalizagio do capital industrial © mupdializagao do capital financeiro provocaram uma reestrutura¢do profunda na produgdo, com o creseimento sem novos: ‘empregos, © mudaram o conccito € a estratégia de polities social cestruturada nos anos 30, Nos anos 30, como vimos no capftulo 5, quando o eapitalismo passava por uma de suas maiores crises econdmicas, com queda da produgio, desemprego, quebradeira de baneos ¢ firmas, adotaram-se de icio politicas emergenciais de trabalhos piiblicos para ccupar os desempregados, pagos com bénus alimenticios © de combustivel para aquecimento. Como a crise se aprofundou, e sob a influéncia das idias de Keynes (1883-1946), passou-se a adotar nos Estados Unidos, também sob pressiio de milhdes de idosos sem protegio que saiam As ruas, uma politica de scguranca social para idosos (aposentadoria com un teto fnimo, ficando o restante para o mercado) ¢ desempregadas (seguro- desemprego) com contribuigies dos beneficidrios © patroes, A articulagdo dessas intervengées representa um acordo de classes com participagio do Estado, do patronato © dos trabalhadlores para, ao mesmo tempo, estimular a demanda através de mais dinheito no mercado, que iria influir na produgZo. Esta forma de implementagio dos seguros sociais tinha como base as contribuigdes salariais e participagi do Estado. O pré-pagamento de contribuigdes havin sido instaurado pelo Iss. chanecler Bismarck (1815-1897), na Alemanha desde 1883, para seguro- sade, em [884 para seguro de avidentes do trabalho, © em 1889 para aposentadoria, Esse modclo de protogiio pelo seguro abrigatGrio se define como modelo bismarckiano de segio s0ctal Na Suécis, em 1938, na localidade de Salsjobaden, howve um acordo de classes, feito de forma mais explicita, com a presenga de trabalhadores, paltonaio © Estado, que garantia uma cooperacio de classes para o crescimento econfmico ¢justiga social ou de redistribuigdo dos fritos do crescimento, com énlase na politica de pleno emprego. © seguro-desemprego passa a ser gerido pelos sindicatos. Os servigos de saiide, servigos sociais © de protegtio A seguranga de wn rendimento minimo ¢ de alocagies de doenca, velhice, habitagio e outras necessidades io linanciados por impostos alraves eum iundo publieo destinado & todos os cidadios, configurande-se 0 modelo social-demoerars com finaniamento também de impostos. A Inglaterra, no p6s-guetra, © como resposta preventiva a novas crises, por influéncia de Keynes, © sob elaboragao de Beveridge (1879- 1963), adotou um sistema de protepdo social paca todas as eventualidades de perda de renda: desemprego, doenga, velhice, morte, nascimento, acidente, invalidez, Supunha-se gue as crises econdmicas seriam passa. fsiras eo chamado pleno emprego (pouco desemprego) fundado ‘m0 Contato selarial daria, juntamente com os imposios, condigtes de se financiar o sistema. £9 modeto beveridgiano de seguridade social. O sistema de protest, proposto por William Beveridge em 1943, visava Sn girantia de um fondimento que. substitia os salirios quando. se imerromperem pelo desemprego, por dosnga, ou acidente, que assegure a aposentadoria na velhice, que sdcotra os que. perderam 0. sustento em vimtude da more de outrein © que atenda a certas despesas extraor dinérias, tis como as decorrentes do nascimento, da morte © do casamento. Antes de tudo, soguranga social significa sepuranga de um déncias capazes de fazer cessar, to cedo quanto possivel, a interrupgao dos salirios”.! O plano pressupunha a formagio de um sistema complexo © completo de protest social ma auséncia do salério que devetia ser faite do pleno emprego No Brasil, alguns autores (Weflort, 1980) falam de pacto das elites {para se antecipar as reivindicagbes populares ou evitar 0 povo) nt construgio do modelo brasileiro que nfo foi nem social-democrata, fem de seguro social estlal exienso a todos os trabalhadores. Como vimos no capitulo 6, nem tga se explica pelo pacto das elites, pois Ini uma historia de lulas dos trabalhadotes urbanos manifesta nas greves, Principalmente na de 1917, © a necessidade de articular a economia de 189 exportagio (em especial de café) que levaram o Estado a implementar fa previdéneia social dos ferrovidrios em 1923, com a lei de iniciativa do deputado paulista Eloy Chaves (1875-1964), Em 1919, havia sido aprovads, com 0 apoid da burooracia estatal, tuma lei limitada de seguro de acidentes de trabalho. por segutadoras privadas. Gettlio Vargas, nos anos 30, buscava, a0 mesmo tempo, controlat as greves © os movimentos operities, dando assim uma resposta, a eles, nifo sendo pois apenas um pacto vindo exclusivamente do alto, e também estabelecer um sistema dle Seguro social. O governo falava explicitamente em substimir a Iota ‘de classes pela colaboragio de classes, Na pritica, fez-se 0 controle dos trabalhadores com o atrelamento 40 Bstado dos sindicatos autorizados legalmeme (com 0 controle das eleigies,¢ de suas finslidades, finangas € atividades pelo Ministério do Trabalho). © sistema de seguros foi paulatinamente implementado através de Institutos de Previdéncia Social para categorias de trubalhadores como maritimos, estivadores, bancérios e industridrios. Os trabalhadores rurais, muioria da populagio, sem condiglo salarial, por pressio dos latifun” didrios, © também sem organizagio de seus interesses, fiearam de fora do sistema estatal de previdencia até os anos 70, Esse modelo getulista de protegito social se definia, em comparagiio com o que se passava no mundo, como fragmentado em categorias, limitado © desigual na implementagio dos beneficios, em troca de’ um controle social das classes trabalhadoras. Os ditigentes de instinutos foram cooptados pelo poder numa troca de favores part as eategorias, 0 que fez com que se caructerizasse esse modelo de corparativista, contorme 0 capitulo 6 A crise dos anos 70, © processo de mundializagao do capital © a configuragéo da politica social A crise capitalisia dos anos 70, com 0 aumento do petiéloo, a revolugiio tecnolégica, o fim da guerra fria, com a begemonia americana dos anos 90, a internet, fazem com gue as empresas estruturem estratégi globais buscando vantagens competitivas. Uma delas sto as. grandes fusdes de grupos econdmicos, Os Estados perdem soberania, principal mente os mais periféricos, € os esquemas nacionais de bem-estar social pressionados « mudar pelo processo global de acumulacao de capital € pelas pressées intemas do desemprego, da crise fiseal (déicits), dos grupos de inleresse em abocanhar a luctatividade possivel dos fundos de garantiac A crise de 1930 provocou presses para a consteuciio da seguranga social do uabalhador ¢ do sistema capitalista, a crise dos 190 anos 70 esté provocando pressBes para aumento da inseguranga dos ‘rabalhadores, em beneficio da maior seguranga do sistema. Ou seja, nas crises a” dindmica das ages nfo é meciinica, mas se articula & correlagko de forgas. A crise, no entanto, € diferente na Europa, nos Estados Unidos ¢ nos pafses perifricos. Hoje, predomina a hegemonia mundial dos Bstados Unidos onde hi mais feria de emprego, ainda que precéiios fe mal pages, € menos protegto social, enquanto na Europa ha muito dlesemprego © mais protegio social. Nos paises periféricos, com pouca oferta de emprego e com minima protegio social, a crise se condensa num processo perverse de fabricago da miséria, tanto pela redugdo do Estado como pela recess econémiea imposta para o pagamento de juros da divida e obtengao de superivits nas exportagies. Na correlago de forgas do final das anos 90 hi um claro predominio da hegemonia norie-americana no mundo © uma legitimagao de sua polftica de des- provegto social. ‘A crise, seguindo 0 que definimos no capitulo 4, pode ser considerada como a sobrecapacidade © & superprodugio na indistria, fem escala mundial. Para Brenner (1999), esta superprodugto est na raiz dos problemas econdmicos da globalizacio, com redugio das taxas de luero a partir da crise de estagnagio iniciada nos anos 70. Esta superprodugio tem origem na exaccrbagio da competigio. em nivel internacional, afetando a competitividade no Japio, ne Alemanta, nos Estados Unidos © posteriormente na Asia, Esta superprodugio vem acompantiada de queda do consumo pelo controle dos salirios, a0 mesmo tempo em gue os Estados permitiram o financiamento de empresas com baixa produtividade (linha keynesiana) © posteriormente reduzindo os gastos do Estado (linha monetarista) ‘Ac contririo de Brenner, para o megainvestider George Soros (1999), etise advém tanto do colapso da peviferia, que afeta o sistema cental financeiro capitalista, com 0 “desencorajamento” dos capitais finaneeiros, como da falta de intervengio no mercado des pafses centri © das autoridades monetirias internacionais. Afirma Soros que “os ietcados finaneeitos se ressentem de qualquer tipo de interferéncia governamental, mas, bem no funde, sempre mantém a esperanga de que, se as condigdes se agravarem, as auoridades intervirio" (p. 17), Supde-se que intervieio para salvar o capital financeito. Na Gtica do expeculador financeito, o capitalismo vai bem enquanto os bancos € as aplicagaes estiverem bem Para enfrentar a compettividade internacional’ h formasiio de acordos internacionais (OMC) para circulaglo de mereadorias ¢ também de blacos regionais como Comunidade Econdmica Européia, 0 Acordo 191 do NAFTA (Estados Unidos, México © Canada), 6 do Mercosul, 0 Asidtico, mas o que mais interessa é a circulagao livre de mercadorias, sendo que a caria de direitos sociais vai dando passos lentos. A Carta Social Européia é que estabelece mais garantias contra a exploragio dn forga de trabalho pelo capital, mas ainda se févorecem os arranjos de classe em nivel nacional. Os tabalhadores nfo est80 na cena internacional tio articulados como os capitalistas. © -capital financeizo se tomnon desatado e sem fronteiras, usando os funds privados de previdéncia, para sumeniar os gnnhos através do mercado de capita, movimentos especulativos com @ mooda e as ogSes Os atagues especulativos no México em 1994, na Asia em 1997 © na Ralssia em 1998 (com profundos reflexos ne Ress), mostraramn claramente a nova dinémica de mmundializagio do capital que tem levado a sun concentiasio brutal em poucos paises © poucas empresas, polarizando ainda mais as distancias sociais. O ajuste fiscal, com cortes nos gastos sociais, passou a ser 0 eixo da politiea econdmica, implicande alts taxas de juros (principalmente nos paises periféricos) para "se atrair capitais. E uma transferénein de rendas dos mais pobres para 0s mais rieos. Os juros da divida Cimpagivel) chegaram a 48 Brasil em 199%, e slo os verdadeinos responsveis pelo deficit pablico Nesse contexto, 0 desemprego se tornou a condig@o permanente dle milhies milh’es de pessoas no mundo (atingindo entre 10 © 20% da populagiia eeonomicamente ativa, até mais em alguns, pases), le vando-se a repensar todos 05 dispositivas de poltien social para o' que Robert Castel (1998b) chama de gestéo do no trabalho. A insergio social yem se tomando 0 eonceito-chave de uma articulagia de politicas sociais que podem compreender ou nio a empregabilidade, a focalizageo © © workfare. A insergdo social € wan eoneetla que se opde A exclusio, visando tama nova estruturagdo da eoesio social construféa em torno do Estado dle Bem-Bstar Social da Previdéncia social, © que abrange: inclusive a focalizagio, 1 empregabilidade © o sworkfare em alguns contextos. O Estado de Bem-Estar social, em diferentes expressies, como vimos, & resultado de movimentos de oposicio e de construgio. de consensos «que possibibitaram aliar © progresso tGenico, a industeializagio, a garantia dia propriedade, com condigdes de organizagio © de manitencio. da fo1ga de trabalho, estabelecendo um Eslado de direitos civis, politicos, sociais, ticos, administrativos, ambicntis Os diteitos sociais. foram incorporados @ cidadania formalmente {oas consituigocs © nas les) © em dispositivos e insituigbes governa- rentals, conseguindo-se uma adesio a0 sistema democritico-capitalista- eidadao. Com o solapamento «lo modelo por parte do capitaismo to 192 resteingit a cidadania social em nome da competitividade, 0 discurso da insergao e da solidariedade veio contrabalangar a crise de legitimidade causada pelo agravamento da exclusio social. A preocupagie com a pobreza & objeto do discurso das elites* e de organismos internacionais como 0 BID ¢ 0 FML A poltca de iesergo tem sido opernclonalzada com 0 aeesso a soa ronda mnt condtbnad anise de recursos e rend, capacitagao, Snformagio,tberture de microendio, incorporaglo das pessoas em tuvidades soca e de vablho, Na Fran, cin 1088, fo impiementada f Rena Minima de Insergo par maiors de 25 anos e no valor inca de meio sari Minimo. como um zeto soci, apss andlse. dos Denies at principnis medidas sdotdas no final dos anos 90 (uambémn considera como itsergto social) est a empregsbildade. A Cinprepabldade signifi capacidade individual de encomtar emprego t"tapalno no mercado, pelo esforgo. de capaciayio’ e busca de Competiidade” pessoa. A’ compeiviiade € que esti na base Crmprepablidade, azeno com suc oF trabathadores Se inserevam em prosanas de formagao provisional ot mesmo de “recilagem" everham Peo os bad Jobs ou tabalhos sijon, Os. governas Tem dado Emresiros, como o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) no Brasil arn adap a maerde-obra as condigbes do meroado, sem contuds Trmaformd la em asslvida. Os programas (em 0 efeto de manter & rpecativa de tabatha, fazer cre no esforgo individ, no Seu Fea Ode diminuir ¢ busen do emprego. [A focalizagio vist substituir os programas de acesso universal, garantida pelos furdos pablicos, por programas centrados em grupos Considerados yulneriveis, agindo ee ad hoe em fangio de indiondores 4 ou de critérios emergenciais ¢ de cardter politico. A questio Jade, como nos progsamas (empordrios dos anos 30, passa fa ser vista como temporria, bastando um esforgo adicional, uma 1ask force, para que um grapo possa aleangar certos patamares minimos. O Imais grave & que esse esforgo nao € visto como complementar as politicas universais, mas como substitutivo delas. A focalizagio. na eragio de empregos ¢ renda, na feeililaglo do crédito, aa distribuigio Ge alimentos © medicamentos, de futo, pode contvibuir para que 0 acesso seja mais universal. O governo do socidlogo Cardoso, no Brasil, embutiu na emenda constitucional de reforma da previdéncia, em 1995, a modificagio do direito ao beneficto assistencial pelo auxilio assistencial (mudando a Lei Organica da Assist@ncia Social), ou seja, substituindo politica de direitos universais, ainda que seja limitado a pessons de 193 baixtsima renda, por um auxti a . POF um auxiioaleatirio e foeatizado. Esa py foi rejetaa pelo Congresso, mas 0 governo deseavolvel propos Comunidade Sols om cotioy felis ler, Conta ainda, com distribuigdo de cestas bilsicas “emergentiais, 1 troca de trabalhadores. a ees O workfare, que une as palavras work (trabi lavas work (trabalho) ¢ fare (ealizer, dare), em oposigio’ a welfare (bemesar) © que. tadurimes pot ‘unilio-atividade”, significa a mulanga de uma politica de. acesso a beneficios sem contrapartida de trabalho para uma polities que vincul os beneffeivs sociais & prestagio de aim servgo, remunerda ou, nto. Ba, segundo seus proponent, esimular 4 lieiplina do tabalho e itr @ dependéncia e 0 chamado parasitism dos benefcistios. Bet sre ingen valusto do orgmento socal e's Snsreve na Gea a reforma neoliberal do Estado, Em alguns paises, como 0 Canada 4 poltca de assisténcia social tem uma eseala de bonecios que aurmenta conforme a atividade social do benelicitio, para se estimular 0 trabalfa (atividade) a0 invés da inatividade (chamada de pas i passiva). (chamada de passividade ou cidadania local, definigio de telo), 1m bloqueado o pracesso. a © nacionais, confirmando 0 quadro de andlise que ela See a ise que claborames no As reformas neoliberais A seguir veremos a estratégia neoliberal stralégia neoliberal em geral e, em particular, pata a previdencia socal, analsando-se as expeviénlas curopeian 6 Jacino-americanas, em vistn da privaizasao e reforma de previdencia, para entio se passar ao caso do Brasil ~ 194 As reformas neoliberais se fundam ms perspectiva de privatizagiio fe devem ser distinguidas daquelas que visam a reforma dos ponies de estrangulumento da previdéncia cstatal, pois reptesentam duas estratégias istintas, embora possam ser complementares. Estrangulamentos existem fem fungio do envelhecimento da populagito, da dimimuigo da massa salarial, do desemprego, da precarizagao do trabalho, da forma de financiamento de base salarial, dos modelos de gestio, da relagio entre previdéncia minima e complementar, da idade da aposentadoria, do imero de beneficios, da condigio de servidores puiblicos ¢ de outros problemas, que implicam andlises mais detathadas.? Esses estranguls- imentos podem ser pensados e superados num proceso de negociagio cansparente © democrético, num pacto social pés-industrial, da era informacional e de servigas. OS cupitulisas estio, no cntanto, usando ‘as oportunidades de enfraquecimento dos sindicatos e dos trabalhadores pelo desemprego para impor um modelo (nllo um contrato) de priva- tizagdo, estranhamente chamado de consenso, Consenso de Washington, consenso excludente dos trabalhaclores e articulado & hegemonia norte- americana pelo Fundo Monetirie Internacional (FMD) Nao é mais 0 famasma do comunismo que ronda o mundo, como bem lembrava Marx no século XIX, mas 0 fantasma do neoliberalismo, ‘AS forgas que defendem © neoliberalismo esto capitaneadas pelo Fundo Monctario Internacional. A abordagem da economia latino-americana pelo FMI parte do pressuposto que por um lado exisie um excessive Crescimento do populismo, incapaz de contcolar os gastos plblicos © ide conter 0 conporativismo, conforme o chamado Consenso de Washington (Bresser, 1992), A diminuigao do tmanho do Estado passa a ser, na Gtica neoliberal, 0 foco central das estratégias do FMI para reduzir © papel do setor pliblico no mercado, com o propésita de estimular a Reumulagio de capitel Fesa estratégia representa uma puinada em relacio 4 situagio existente a partir dos anos 30, quando o Estado foi fassumido como apoio © condutor do processo de acumulago. Keynes ontribuin muito para a defesa e implementaglo dessa perspectiva intervencionista, Ao contrario do esquema keynesiano, a estratégia econdmica atual do neoliberalismo baseia-se no mercado (marker oriented), © no mais na intervengio do Estado, para estimular © consolidar a acumulagio de capital. Para isso, a tarefa principal da ago pablica é, paradoxalmente, 1 privatizagdo dos servigos € da produgao controlados pelo poder pablico. (© Estado deve acabar com o Estado. Essa privatizagio dos lucros, jé que com o desenvolvimento tecnoldgico os setores produtivos privados chegaram ag~maximo de sua capacidade de gerar produtos para 6 mercado existente, Dafa necessidade de renovagao constante dos produtos. 195 piiblico, © déficit passou a ser. visto como espantalho- e ao mesmo Pablicos confrontam-se, de um lado, os fobbies das grandes multinaciot © scus aliados e, de outro, as organizacdes com! tivas, os tre dase ane violentamente o Estado produtor, ‘aafendéndo. fin sistema capaciclade do Estado para dirigir 0 peovesso econimieo 5 a P igit 0 processo & ieo (Taylor-Gooby, Neste contexto, »previdéncia social aparece como um dos setores 8 serem desceniralizades ou privatizados a fim de possiblitat« expansto do capital na area de seguros,amplano-se 0 meroado de caprel, & previdéncin privada atua no setor de eapitalizegtordiigindo ox recursoe captados para rads investimentos, om eral con age Je empress mulinacionas ow tins estatas. A previdencia privada pode ser op ricionatzada através do entidades bert. todo 0. publico oo entidades fechadas para grupos espectfcos No Brasil, em 1998, o setor de previdenca complement fechado comtava com 349 enidadespatocinalas por 2021 empresas comma c 2 miles de participants (menos de 5% dos uabalhaores formal), com ativos de aproximatamente 10% do PIB e so os maiores investidores instticionals do pais, movimeniando em médin 30% do. volume dian dhs bolss. © sistena“abeto movimenta menos de 1’ do DIB. Os ancosprivados envaram com fora no sete, cHlando funds prvadee de previdéncia individual (PAPD, com estimilo.govereamental race desconi no imposto de renda da pessoa fisic, Os representantes ang empresas privadas de previdéncia defendem a inervengaa. do, Estado apenas para garanca. de um mfnimo de seguro, © ma, previderca brivada complementar, reyida pelo inerado, para ‘os Nvels saliva 196 mais elevados, Ou seja, ter-se-ia uma dupla previdéncia: uma para os pobres, controlada pelo Estado, ¢ outra para os assalariados de niveis mais elevades, controlada pelo setor privado. risco desse tipo de proposta & 0 aprofundamento da segregagio social entre ticos © pobres, 0 que contraria os fandamentos das primeiras propostas de seguridade social, que defendiam uma solidariedade social fentte grupos e classes para garantia de um minimo condigno para todos, estruturado pelo Estado de direito. O eixo central da previdéncia privada € a capitaligaetlo, ou seja, a atribuigio de uma renda definida pelo valor que os investimentos proporeionariam através do tempo as con- wibuigdes individuais, apds 0 ealeulo das taxas de mortalidade ¢ de expectativa de vida dos contribuintes. A previdéncia estatal se haseia geralmente no regime de reparticao, ou seja, a distribuigio. do beneffcio esti vinculada a entrada das contribuigdes, dependendo do ntimero de stivos que mantém os inativos: A Let 9717 ce 27/11/98 estabelece normas rfgidss para 0 regime piiblico de providéncia social da Unitio, Estados © muniefpios, facul- tando-se ® criagio de fundos estaduais ou municipais que os Estados da Babia e Parand constiuiram. A perspectiva de capitalizagio esta ‘embutida, pois as aplicagées dependerio do Conselito Monetirio Nacional, que estabelecen em setembro de 1999 que devem ser aplicados prefe- reneialmente (90%) em titulos piblicos. No contexto politico de defesa da privatizagio, da redugio do aclo e de valorizagio do mercado, o objetivo estratégico do governo, nna drea previdencidria, foi a sua privatizagio, através do regime de capitalizagio, Este jé foi implementade em alguns pafses da América Latina como no Chile (novembro de 1980), na Bolivia (novembre de 1996), em El Salvador (dezembro de 1996) © no México (dezembro de 1995), conforme mostra Mesa Lago (1997). Em outros paises como, nna Argentina e no Urnguai, 0s modelos so mistos, public e privado, enquanto-na Colémbia e Peru hé modelos paralelos. © modelo chileno de previdéncia social valoriza « capitalizagao © em dez anos contribuiu para que 0 patamar do mercado de capitais se elevasse de 30 para 67 bilhdes de délares, com um volume de capital de 35 bilhdes de ddlares nas mfos das 18 AFPs (administradoras dos fundos de pensiio), em 1997. Nessa época, apenas trés AFPs detém 70% dias inserigdes dos contribuintes. Os chilenos podem escolher uma ABP para administrar sua contribuigio para a aposentadoria (134% do salério, incluindo 3% de administagio}, descontada compulsoriamente, e recebem de 70 a 85% do salirio dos wltimos doze meses. O sistema de sutde € niisto, pois o sistema estatal coexiste com o sistema privado (controlado pelas ISAPRES — Instituigoes de Satide Privadas).” O is? trabalhador pode se associar 2 um dos dois, mas apenas 25% da Populacilo pode pagar as contribuigdes para o sistema privado, ficando (08 outros 75% com o sistema estaial, As ISAPRES nto estéo conseguindo capitalzarse, mesmo havendo uma contribuigio obrigarin de 7% do salério (a0 que vale umbém_ para o sistema padrio estatal (7). © setor privado administra os fundos ¢ o$ ndo inclufdos nele ficam atenclidos pelas politicas piblicas. No Chile dos. anos 90, 55% da forca de trabalho sio contribuintes do sistema, mas ha problemas de perda do incalo com este (0 tabalnador ify sabe de sua situagio), de abandono © do custo da gestio. A: lgngo prazo, qual serd a situaedo dlos fundos quando uma grande massa comegar a retirar 05 beneficios? © valor da conuibuigao é de 13% do salésio, i “ Ovatual presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, tento tower a inplaagio de sm same. sade essa, i gu Torte-americanos nia tém conseguido pagar os altos custos de um Sistem privad. Usa foi uma de suas bandeira de eampanha, © sun implementagio recebeu a oposigdo das companhias de seguro, as prin. Cipais interessadas esse tipo de seguro, e teve que recuar. O tema voltou na campanha presidencial do ano’ 2000. Os acidentes de wabalho também sia administrados por empresas privadis, 0 que j& evista desde longl data no Chile, Aveo Adowou 0 moves de agencinreguladera dos seguro de wed ae trabalho ao passé-los paras empresa pivaia, Ac ayenchs seeuiedons estas, modelo também adoundo no rail pars ay tnews de one telecomunicagbes'e sudde, devem contol hs eniprene ee Cnet servis publicos para «uc fornecam servgor de tnt aren azodveis" 4 todos ot eldadios: Depot de destazer se de monet As agncias regaliadoras, uo menos no Brasil, tém se mesic te em cobie abuses, pesir do diseuso de delesa do consueon ne campo dn pais nvins sagt reads oe mde brevidéneia seca, com 0 cbjetivo de ier dinheins ne mendes So Capitais Part o stoma csatal, os emprosadoren deve coneitan eck 16%, © 06 tabalnadores com 10% do salsa, in eso de onete Sara Sisteme privado, o tablhador descontrd11% de seu els aeeece receber de 70 a 80% das contribuigdes de sua vida ativa, segundo “a Fentabilidade da companhia «ue administou seus rendimenos, Ne pat hi aproximadamente. 7 tribathador tivo part cad apecenans Coe 198 para trabalhadores assalariados © 0,7 para auténomos), 0 que tora onerosa a previdéneia social. O autor acredita que se poderd melhorar 6 valor da aposentadoria média dos atgentinos, em torno de 280 détares mensais, tendo em vista que © saldrio médio € de 600 délares mensais. A média poderé ser elevada, mas seguramente ao prego de um maior distanciamento entre as aposentadorins dos mais ricos e dos mais pobres. ‘A crise do desemprego, da baixa produtividade, a recesstio afetam profundamente o sistema previdenciério. Por exemplo, 42% da populacko era ativa em 1970 © somente 38% em 1988. O saldrio real_médio durante 1989/1991 era inferior uo de 1977-78, A participagio dos empregos de baixa produtividade no emprogo total aumentou de 20 para 323% entre 1960 e. 1990 (Uthoff. 1997). O sistema previdencidria nfo pode acompanhar o custo de vida, deteriorando-se 0s beneficios. Na Europa e no Canadé, € comum a existéncia da previdéncia estatal © de uma previdéncia complementar, com variagbes de pats para pafs (ANFIP, 1998), Na Alemanha, o orgamento social com seguridade social ¢ satide aleangava, em 1990, 23% do PIB, sendo que os beneficios de aposentadoria ¢ pensio (sem os funcionérios} atingemn 9,6% do PIB. ses valores sio de 18,8% no Canadé, 27,8% na Dinamarca, 265% na Franga, 33,1% na Suécia, 22,3% na Inglaterra, 12,2% no Japio, 13,1% @ 5% no Brasil! Segundo o IPEA, o gasto social consolidado no Brasil representava em 1995, 20,9% do PIB, sendo: 54% da previdéncia, 4,7% de beneficios a servidores, 4,3% em educagio © cultura, 3,3% em saiide, 1,19 em habitago, 0,4% em assisténcin social, 0.4% em emprego, 0.4% em transporte urbano de massa, 0.1% em saneamento, 0,1% em organizagao agréria, com ciftas insignificantes (0%) om ciéncia e tecnologia, meio ambiente, alimentagio © eapacitagao, © gasto social federal representava 12,2% do PIB. Na Alemanha hi uma combinacao do regime de repartigiu estacal com 0 regime de capitalizagio privada, Existem varias eaixas controladas por um 6rgao central federal, ¢ a aposentadoria pode ser antecipada, para os homens, 10s 63 anos, se tiver havido contribuigiio durante 35 anos. As empresas, no entanto, podem pagar uma_pré-aposentadoria desde os 58 anos, de acardo com as convengées coletivas. Os beneficios podem chegat a 73% do tltimo salétio Ifquido. A crise de caixa levou 6 Estado a estabelecer maior controle das caixas, aumento das eotizagbes {em toro de 18%), corte dos subsidios As caixas, mas o fundamental 0 proceso de negaciacio enlre of sindicatos ¢ o Estado para estabelecer novos pardmetros para o sistema previdencidrio. As negociagbes tm como horizonte 0 ino 2010, data em que as contribuigdes deverio ter se reduzido-em 3%. A previdéncia complementar é constituida por fandos das empresas para seus funcionérios, predominantes nas grandes 199 empresas. Os fundos sio isentos de impostos. Alguns fundos sao Finaneiados 56 pela empresa, outros témn a contribuigéo dos empregados. © sistema previdencidrio sueco também passou por uma reforma, apis uma longa discussio que comeyou nos meados dos anos 80 (Klingvall, 1999) © se concluiu em 1998, com grupos de trabalho, negociagtes'€ vojacae. A reforma buscon assegurar uum padrao de tends na velhice, na enfermidade e na invalidez, baseado na senda auferida durante toda a vida, para o qual contribui com 18,5% dessa renda, sendo 16% em regime de repartigio 'e 2,5% em regime de capitalizagiio Os beneficios dependem da contribuigla (até 7,3 0 piso estabelecitlo), cortigida por juros, e da expectativa de vida. Hé garantia de aposentadoria ‘minima para quem nio cxerceu atividade laboral, com flexibilidade da ‘slate sufnima para todos. 14 informagdes anuais individuais sobre as contribyigdes e foi estabelocida uma transigéio para 0 novo regime. Os suecos também tiveram de enfrentar a redugito do crescimento © do cmprego, 0 aumento da idade © a existéncia de 100 pessoas economieamente ativas para 30 aposentados, que ipoderto chegar a 41 em 2025, Continua sendo garantido um piso basico de aposentadoria no valor de 96% para os soltcitos © 78% para os casados. Todas sto indexadas uo erescimento da média dos salétios, Os suecos mantiveram © regime de repartigio com uma proporgiio pequena de capitalizagao, forgaram sistema contsibutivo, sem jogar fora 0 fator redistributive para os excludes do mereado de trabillho. No Canad, a seguridade social combina a universalidade com 0 seguro, com co-partieipaeao federal e provincial. Td acesso universal A satide (ederal/provineial), aposentadoria minima estatal (eantributiva), asistencia social de iiltimo recurso (provincialfederal) © seguro-d Preyo federal. As reformas reduziram 0 valor da alocagiio familiar, taxando-a no imposto de renda, reduricam 0 valor © ad eondigocs de fteess0 a0 seguro-desemprego & impuserim condigoes. mais, dristicas para a assisténeia social na perspectiva do workfare (Faleiros, 1999), Na Franca discutiu-se muito 6 “fim das aposentadorias” (Babeau, 1985 ¢ Johanet, 1998), tendo em vista 0 custo dos pagamentos. No governo Rocard (1990) foi aprovada por pequena margem de votos, depois de muito conflito, uma contibuigio social generalizada, para todos os seymentos, destinada a aliviar o caixa da seguridade social, além de aumentar a pareela ticket moderateur que o usuitio pga pelos servigos de safe, Em 1995, Juppé propos uma reforma de teduyao dos Benetivios que foi rejeitada em grande mobilizagio social nas thas, © govemno socialista de Jospin (1998) esté propondo a taxagao das alocagies familiares, que encontsa grande resistencia. Tanto an Suécia como na Franga, os fundos estatais t8m participagio dos. trabalhadores 200 © empresérios? em sua administragio. A opetio politica desses patses é a de gacantir um mfnimo para todos, embora se reconhega que esse minimo nem sempre atende is necessidades bésicas historicamente mutantes, © pagamento de aposentarias complementares € estimulado, numa perspectiva de se fortalecer a desiguatdade social, 0 mercado e a competitividade, sem se perder o consenso social na manutencdo do ‘minimo para todos, ou seja, a tica de fundo € neoliberal. HA na Suécia uma grande contribuigao do tesoure ao financiamento dos gastos sociais (em toro de $6%)}, mas também uma alta taxa de amecadagio de impostos. Nos paises da Comunidade Econémica Européia ha também uma tendéneia & implantagio da aposentidosia parcial, covtespondente & expansao do trabalho em tempo parcial, dada a crise de emprego af existente. B preciso notar que, nesses paises, um conjunto de politicas sociais ajuda a melhorar a condigto de vida do cidadio, como educagio gratuita para todos, avxilio moradia, assisténcia social, formagio profissional, alocagses familiares, servigos para pessoas idosas e deficientes. Denola-se, assim, uma ampla presenga do Estado na vida cotidiana. No entanto, as eaixas de seguro social tém autonomia © participagao da sociedade, © um esquema profissional de gerenciamento independente is interferéneias politicas, Hi, na Europa, uma tendéncia i eliminagio das aposentadorias especiais © ao enquadramento progressive de todos no regime geral, tondéncia essa que se deve principalmente i necessidade de mobilidade de mio-de-obra de um pais para outro na comunidade evondmica, As mudangas geradas pela crise fiscal siio, por sua vez, hegociadas, numa dindmica de “contrato entre geiagies”, como ficou estabelecido nas propostes do primeiro-ministro Rocard (1991). Rocard dizia elaramente que no estan em causa as aposentadorias atuais, mas a necessidade de repensar o sistema para as geragées futuras © a longo prazo, diante das mudangas nas formas de orginizagao do trabalho, da demografia (envelhecimento da popuilagio}, dos custos, das formas de arrecadagio das convibuigées € da tiscalidade, O Livro Branco sobre aposentadorias visava abrir e estimular o debate pablico sobie 0 tema ¢ presenta a questio central levantada pela proposta heoliberal: a passagem do regime de repartigio. para o regime de capitalizagio, O Livro Branco constata também gue uma substituigao total da repartigao pela capitalizagio seria contriria A equidade entre getagdes ¢ intergeneracional, pois haveria um ueréscimo das desigual- dades. Além disso, ndo hi garantias de que a poupanga gerada pela capitalizaeao seja-émportante para a economia a longo prazo, embora posit ser importante a curto prazo. A longo prazo também haverd uma 201 retirada das economias aplicadas, © que poderé acontecer numa idade inferior & das aposentadorias atuais, caso haja, por exemplo, aumento do desemprego. O limite das sposentadorias: por repartigio a um determinado teto feria como consequéncia 0 aumento da iniqiidade, assinala © ‘Livro Branco. ‘Uma sintese das propostas em desenvolvimento na Unio Européia feita por Anne Meyer (1998) destaca: transformar 0 seguro-desemprego em seguro-empregabilidade, conforme a tendéneia canadense; inserir as pessoas ameagadas de exclusto, por exemplo, por meio de um enfoque ativo dos gastos soclais (workfare): yeduzir 2 distancia entre 0 saldrio liquide (pés imposto) ¢ 0 custo salarial total; inverter a tendéncia de cessio precoce da atividads com trabulhos para idozos © aposentadoria flexivel e progressiva; busca de maior eficdcia dos sistemas de satide. ‘Um modelo soeial europen comum, segundo a autora, ainda nfo existe, mas deve ser consteutdo. Em sfatese, a pregagio neoliberal na defesa do regime de capi- talizagéo esté no horizonte € na pritica das reformas, traduzindo-se de forma diferente na comelagito de forgas internas © externas. Contraria, no entanto, 0 projelo fundador da previdéneia social do pés-guerta aseado na solidariedade social, fundando-se na competitividade, na ampliagéio do mereado ¢ fortalecimento da desigualdade. 4, no entanto, 4 preocupacio, principalmente nos paises europeus, de garantia da coesto social em torno de minimos sociais garantidos pelo Estado. Antecedentes das reformas no Brasil Os institutos fragmentados crindos por Vargas, em regime de reparticéo simples!, passaram a ter uma base comum através da Lei Orpinica da Previdéncia Social (LOPS), mas s6 houve um regime énico em 1966 quando foram unificados pelo regime militar de cima para baixo, de acorlo com a politica centralizadora vigente, criando-se 0 INPS' (Instituto Nacional de Previdéneia Social), cuja administragio ficow nas mies da tecnocracia, Foram feitos convénios entre 0 INPS © grandes empresas para que o trabalhador forse atendido no local de tuabatho, usando-se 0 esquema de Satde © Seguranga no Trabalho, que deveria contribuir para o aumento da produtividade. Varios industriais contribufam também para o Bnanciamento dos 6rgdos diretos de repressio. Numa conjuntura de emprego, embora com arrocho salarial, 0 limites estruturais da economia também nao impediram que se ampliasse a previdéncia aos trabalhadores nurais (1971), aos empregados domésticos (1972), jogadores de futebol (1973) ¢ ambulantes (1978). Os trabalhadores ruraig apenas tiveram acesso a uma previdencia de meio tamanho, com, 202 beneficio de meio salirio minimo © sem contribuigdo direta, Uma Pequens parcela do financiamento desse beneiicio vinka da taxagio da comercializagio dos produtos rurais. Nas eleigies consentidas pelos militares, que reduziram a disputa politiea a dois partidos, a Arena (Alianga Renovadora Nacional) 2 0 MDB (Movimento Democritico Brasileizo), a primeira, apoiada pelo zoverno, ganhava as eleigoes nos chamados fundées, ou pequenas cidades do interior controlads por caciques politicos. Nesse contexto, era estra- tégico obter 0 apoio dos trabalhadores do campo ¢ estimular a economia no meio rural com a distribuigio de beneficios em dinheiro para um vyasto. setor excluido do mercado de consumo de bens industrializados © de sorvigas. Os trabalhadores domésticos nio foram incorporados, como os demais trabalhadores, em todos os direitos trabalhistas, como fundo de xarantia por tempo de servigo,'! mas a contribuigio/prestagao previden- Gidria. Os idosos pobres, de mais de 70 anos, foram contemplados com uma tenda mensal vitalicia (1974) de um salieio ménimo Também em 1974 foi criado 0 Ministério da Previdéncia & Assisténeia Social com a ineorporagiio da LBA (Legito Brasileira de Assisténcia), Funabem (Fundagio para o BemEstar do Menor), Ceme (Contral de Medicamentos), Dataprey (nformética). Os militares unificam © sistema em 1977 com criagio do Sinpas (Sistema Nacional de Assisténcia © Previdéncia Social), que compreende, além do INPS, o Inamps (Instituto Nacional de Assisténcia Médica da Previdéncia Social) € 0 Tapas (Instituto Nacional de Administragio da Previdéncia Social} Nesse mesmo ano foi regulamentada a previdéneia privada. Ao mesma tempo, 40 milhdes de brasileiros nio tinham nenhum acesso a servigos médicos, consolidando-se a desigualdade: © setor privado para 0s ricos, 68 planos para grupo seleto de assalariados e elasses médias, os servigos pliblicos para pagantes de previdéncia © a “caridade” para os pobres. A logica repressivo-teenoeritica, 2 crise dos anos 70 e as prioridades do governo para megaprojetos como Transamazénien, Perovin do Ago, nao deixaram de afetar o sistema que fica longe de se constituir como um movimento de cidadania. E um arranjo tecnoeritico-politico do sistema, Esse modelo repressive, centralizado, autoritério © desigual foi sendo implantado como um complexo assistencial-industrial-teenocrdti- co-militar (Faleiros, 1986), controlado pela gestio estatal para dar certa legitimidade ao governo, ¢ nao mudou as bases anteriores de sustentagto, e-nem se articulou como wm projeto de cidadania universal, Era a continuidade de um modelo fragmentado © desigual de incorporagio social em estratds* de acesso, conforme os arranjos do bloca no poder para favorecer grupos, conquistar clientelas, impulsionar certos setores, 203 obter lealdades. Grupos de interesse e poder disputavam os cargos do Estado, que justificava a decisao final com uma linguagem tecnocritica, racionalizadora ¢ de tom economicista. O regime de repartigao simples teve continuidade, mas com o impulso a previdéncia privada e a planos de sade privados que tiveram expansio (ver Faleiras, 1992). A Conslituigéo de 1988: a seguridade social A ruptura com o regime militar foi fenta ¢ gradual, com anistia em 1979 ¢ cleigdes para governadores em 1982. Em 1984, a luta pelas iretas para a Presidéncia da Repablica resultou em eleigées indiretas, fe convocacdo de Assembléin Nacional Constituinte em 1986, com os, mesmios. congressistas eleitos para a legislatura normal. A conjuntura cconémica j4 se demarcava pela inflagiio, divida piblica acentuada, mas a sociedade emergin. com forga inaudita dos pordes da repressio com manifestagies de rua, formagao de comites, articulagao de organismos, estruturagio de abaixo-assinados, organiza de lobbies. Apareceram as vozes de mulheres, indios, negros, além de empresérios, setores especificos de empresas, ruralistas, evangélicos na disputa por seus interesses na Assembléia Nacional Constituinte, Vianna (1998) cita pesquisas sobre a existéncia de 383 grupos ow lobbies laluantes, inclusive com um bloco chamacio Cenirio, da ala conservadora do Congresso. Em linhas gerais, a Constituiglo se coloea como liberal-democré- tica-universalista, expressando as contradigées da sociedade brasileira & fazendo conviver as politicas estatais com as politicas de mercado nas freas da saiide, da previdéncia © da assisténcia social, A Seguridade Social, que integra snide, providéncia e assisténcia social. & consagrada pela primeira vez no texto constitucional. A satide e a assisténcia social passam a ser direitos do cidadio ¢ dever do Estado, c a previdéncia mistura contribuiglo com financiamento estatal, principalmente para servidores pablicos ¢ militares. Os trabalhadores rurais passaram a obter 6 pleno avesso & previdénein, com beneficios nfo inferiores a um salario minimo, aleanganda seis milhoes de benefieidrios, de fato, de uma renda minima, © salévio minimo foi definide como piso bisico de todos os beneficios © os reajusies vinculados a ele. © solapamento dos direitos na ética neoliberal A medida que © Congreso incorporava direitos ¢ definia o coneeito de cidadania, na pritica, © governo Sarney (1985-1989) promovi 204. 6 desmonte das potas, socnis fades rduzindo os programas de habitaga. sueatcando 1 sade, conan as verbas de esusisio e Gistibuindo cargos para se manter no poder po cine e 16 Por Gute anos, como esti previo quo sosumiu apts 2 mente de Pune Neves, Diante da crise do sistema, ja em 1985 Tnamps passa pare €Ministrio da Sa, buscando se negara agbes muniiPale, estate € federais no Ambo di nidde. © sistema de sate devera coniguat © SUS, Sistema Unice de Saude, com consehos partion, coat tesmo ime de repescanesexclios pela siete plo poder asoic. Quase todos munietpos, hap tém conselhon, mas 20 inser de tim modelo. descentaizado © partciaivo, previs na Conslangi, sm tm most pref, eo gnedomnancls do pod doe pees onde no hi resgio dos movimento populares © reli da Comissio Expecial da Clara de Depuades, cao mendagies para = reformat Previdéncin Soe, depois de contr Sue et vivia "sun pir ese” O documento parte de presuposto qe #8 reformas “nfo podem prjudiar dete jé aque”: Resomendo de um ouvir e-de um Conselho de Gesto pelo Congresse Nios Propés a ening da contriuigao provenente dos hurr ator das empresas, com uma possivel implementagiio do IPMF."2 Assinalow gue o govern deveria cra prvidencia comolementar pies, ma, tendo o limite de der sles minus Con tao do fegine gor Recomendou o fin dos ssidis 28 apoventadrias dem servatnes ci Gis, © 2 inplantagto do umn dade minima para posers coms tabla dterencladas segundo o endnento dos sepurados Nao desaren inca em outubro de 1993 que no chegow un tematicas ‘0 proesso. de reformat pero nso sobre as clitoral, mas em jogo na privatizagio da previdéncia.'+ A previdéncia social era afetads, ao mesmo tempo, pelo ciclo vieioso da sonegagao/anistia a devedores e pelo ciclo de vantagens que certas categorias conseguiram com uma dicotomizagio entte prevideneia para servidores e previdéneia para trabathadores da iniciativa privada, Enquanto os trabalhadores do INSS recebiam 1.9 salavio minim de aposentidoria, 08 servidores do Executive recebiam 14 saliios minimos em média, os do Legislative 41,5 salérios, © os do Judiviério 32.8 (Stephanes, 1998), © primeito presidente da Repibliea efeito aps 29 anos da cltima consulta direta as umas de 1960, Fernando Colfor, definiu seu programa 205 nu Gliew neoliberal, a0 defender a redugtio do Estado e ampliagto do mercado, Include mudangas fa propria Constuiglo que acabiva de ser promulzida, com um discuso de apelo pont: combate tos mara (os slamepte remunetados do setor publico),Pelo esquema de corupgto five 1doU58! softeu © Impeachment palo ‘Coagreseg Nacional em 1992 Promoveu uma sbertura eeondmica, acelerou 0 processa de privaizagto gue vinka sendo Teito por Sumey demitiy 65,000 funcionses Com o impeachmens, o vied Itamar Franco assumiu 0 governo readmitiu, apés muita lula, boa parle dos cemitidos, ¢ no final de 1993, fez aprovar a LOAS, Lei Orginical ida Assisténcia Social, que toma & assisténeia social dever do Estado e direito do cidadiio. A politica de Minions soeiais, nela prevista, Foi implementada através de beneficios continuados de um salisio mfnimo para idosos ¢ portadores de deiciéneia muito pobres Genda familiar de 1/4 do salirio minimo per capita). Grande parte dos municipios implementaram os conselhos de assisténcia social ¢ de direitos da crianga e do adolescente. A lei previdencidria hayia cortado a renda vitalicia para os idosos, A LBA, 0 INPS eo Inamps foram extintos no contexto da descenttalizagio © foi criado 0 INSS, Instituto Nacional de Seguro Social. ‘A informatizagao do sistema de cadastto & pagamento dos bene- fieidrios tem possibilitado maior tansparéncia © controle dos dados (28). A mudanga no sistema gerencial (a proposta € de (ransformar 0 INSS cm uma agéncia de seguros!) envolve também o combate ae clientelismo nas nomeagGes, na criagio de postos de atendimento, no mtrole de caigos que, no raramente, si negociados no sistema do dando que se recebe”, isto & em toca de volagdes favordveis a certas matérias. Neste ponto ialvez. io haja consenso, mas a sociedade std despertando para a ética, para 0 fato de que @ coisa pablica no pode set apropriada por um grupo de politicne que a utilizam excl sivamente ¢m proveilo priprio. Em 1994, Itamar Franco conseguiu o controle da inflagio com da adogdo de uma nova moeda, © Real. O entio ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, foi eleito Presidente da Repiblica com a bandeira da estabilizagio da economia € das reformas da Constituigio. Cardoso priorizou quatro eixos no seu primeiro mandato (1995- 1998); aprovagio de sua reeleiglo, ajuste fiscal, privatizagiio e redug! dos diveitos soeitis, com © monitoramento do Fundo Monetério Inter nacional. Visto que a reeleicfo visava a contimuidade do poder, os eixos seguintes se inscrevem na perspectiva neoliberal de redugio do Estado e favorecimento do mercado. O modelo econdmico ¢ politico & 0 de maior favorecimento do mercado € de reduce do Estado, priorizando os que vivem da especulagdo em detrimento’ dos que vivem do teabalho. 206 A iniciativa do Governo de Fernando Henrique Cardoso de pro mover uma reforma constitucional da Previdéncia Social nio esté isolada do proceso politico contemporaneo de mudangas da relagao do Estado com a socicdade © que traduz as exigéncias veiculadas pelo Fundo Monetirio Internacional © pelo chamado Consenso de Washington, Segundo os diagndsticos desses organismos, a crise latino-americana se deve ao excessivo crescimento do Estado e ao populismo, este por sta incapacidade de controlar o déficit pilblico. O déficit publico passou a ser o bode expiatério da faléncia do Estado, sem que, no entanto, sejam explicitadas as suas causas mais profundas. De acordo com 0 diseurso oficial, a Previdéncia Social foi estigmatizada como sorvedoura do. dlinheiro piblico. O préprio presidente Sarney assinalou que, com as conquistas sociais da Constituicao de 1988, 0 pais seria ingovemavel. Os gastos sociais, os gastos com o funcionalismo © @ estigmatizagio da assisténcia social yinculada a corrupgiio serviram de propaganda pelo desmonte da area social. Parte desse projelo esti c extingao do Ministério do Bem-Estar Social, no primeito dia de govern de Fernando Henrique Cardoso. O PIS/Pasep podera ser extinto e seu patriménio ficar em maos da BNDES para financiar empresas (Follia de S,Paula, 5-1-95), Ja no infcio do mandato, em 1995, © governo enviow uma Emenda Constitucional (posteriormente denominada de Emenda niimero 20) de reforma da previdéocia social, incluindo também o fim do diteito assisténcia social com a yolta dos auxilios soviais (0 que foi rejeitade ‘no Parlamento) ¢ cenirada no seguro social € ndo na seguridade social Accmenda levou quatro anos para ser aprovada devido as resisténcias da propria base do governo, dos setores, grupos, sindicatos lobbies, tanto engajados mum projeto de maior’ privatizagio, como daqueles engajados na futa pela garantia dos direitos soviais. Mantiveram-se tés regimes: a previdéneia pablica para tabalhadores do. sctor privado em regime de repartigio,!® até 0 eto de RS 1,200.00 (US$ 600,00 em fevereiro de 1999}; a previdencia dos servidores publicos, sem limite de (eto; @ previdencia dos militares, sem limite de teto € gorantia de penséies, Na estratégia neoliberal surgicam projetos que reduzem o Ambito da previdéncia estatal, transferem para 0 setor privado ativisades con- troladas pelo estado © modificam as fontes de custeio da previdéneia A Fiesp (Pederagao das Indistrias do Estado de Sie Paulo) propde que f previdéncia estatal, limitada a um minimo, seja transformada em capitalizagio, reduzindo-se o tcto da previdencia piblica a trés salérios minimos, abrindo ao mercado a faixa mais Iucrativa dos segurados.!? Esta proposta de seforma retiraria da Previdéneia um dos grupos que Ihe trazem maiores recursos © teria como conseqgneia um aumento 207 tacultati € de 20% sobre o respective saldrio de contribuigo. A idade minima para se tabalhar passou a ser de 16 anos. O salério-familin, Ficou restrito aos que ganham, mensalmente, menos de RS 360,00. Um dos alves centrais da reforma foi 0 regime de aposentadoria dos fungiondtios pUblicos, culpada pelo goyerno dos males ¢ de Piblico:' Em 1998 houve um déficit de’ 18 bilhies de reais no re déficit sultado a providéncia piblica federal e de 13 bilhies das previdencias estaduals Para reduzir © déficit, 0 governo tentou em 1995, 1996, 1998 e 1990 {axar 08 inativos. As teés primeras propostas fori’ rejeitadas no Congresso Nacional, e a ditima, apfovada sob a pressio dos mereados ® do FMI para se fazer 0 ajuste fiscal, foi considerada inconslitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Ha uma nova proposta no Con; 12tess0, com apoio dos governadores, para ser votada no sino 2000, que volte 8 Uxar os inativos, excluindo-se os de menor remuneragdio, Esta medida reduz ainda mais o poder de compra dos funciondrios, com salarios congelacos desde 1995. A aposeniadoria dos servidores, menos militares, passou a exigir a introdugio dos critérios de idade e de de conitibuigio (60 € 3: mulheres). Nio existem m piblico, iS aposentadorias proporcionais no dos tempo anos para homens e 55 e 30 anos para servigo © governo pretende seguir o receituirio monetarista do FMI nos PrGximos quatro anos, implicando atrocho salarial, ajuste fs do Estado, privatizacao © destegulamentagao das leis trabalhi Perspectiva deve-se privilegiar a previdéncia e os servigos priva satide no mercado (inclusive com renincia le edu tas. Nesta idos de iscal), © servigos de aten- dlimento em domicitio, como 0 Saiide da Familia, que desoneram os hospitais, mas com restrigiio de recursos. Milhdes ‘de brasil pagam planos de saiide, ios ja Na rea da assisténcia social devem ser implementados servigos Fecalizados nos mais pobres, en parceria eom organismen iio-yover namentais, reduzindo-se © campo estatal de garantia universal da eidas dania. © modelo prevé que cada individuo vele pelo sen bem-e invés da_garantia do Estado de direito. O programa “Comunidade Solidéria” tem distribufdo cestas bisicas de alimentos em muniei dentro de uma perspectiva focalizada em “emergéncias” © de com conveniéneias polfticas. A politin educacional, apesar do acordo. fundo criado, niio tem conseguido garantit vagas para todos no ensino fun, Camental € melhorar a qualidade do ensino, onde continuam altos indices de cvasio © repeténcia. O setor privado tem cobrado caro pelo ensino. A politica habitacional esta submetida ao setor financeiro. © modelo neoliberal visa estimular as pessoas a se suste ntarem Belo trabalho © no pelos beneticios, mesmo numa conjuntura de desemprego. Os governos federal ¢ estaduais tém recorrido 9 distr ‘NS ato EE igo de cestas bisicas © contratos tempordrios para situagdes de emergéncia Para conter as revoltas © saques e manter sua lepitimidade, Ea btica dlo workfare, ow prestagio de auxtlio temporério, em troca de algum trabalho, A médio prazo, busca-se substituir o modelo de repartigio simples da previdencia e de acesso universal pelo modelo de capitalizayde ¢ de cobranga de servigos. Os fundns piiblicos se reduzein com implantagao de fundos privados que aplicam o dinheiro do contribuinte fos empreendimentos e/ou na especulagio, Na atual correlagio de forgas, © conflito distributive esta sendo resolvido em beneticio dos banqueiros © dos especuladores, Em alguns estados © munictpios, entrctanto, hd muitos projetos de renda mfnima que integram a distribuigio de rendimento aos mais Pobres com obrigagtes de freqiiéneia a escola, como foi feito no Governo Democratico Popular do Distrito Federal, nos anos 90. Ha iniciativas Ge politicas habitacionais a baixo custo, © 0 orgamtento Participative vem articulando @ relagio cidada, em algumas localidades, enlre Estado © sociedade. A questiio que se coloca € se esses ¢ outios brojetos civilizat6rios, em nivel local, poder mudar a barbitie global da mundializagio do capital. 6 também necesséria uma cidadania que garanti os direitos humanos, dos individues © dos grupos em nivel alobal A presenca da previdéncia estatal € condigio essencial para a Barantia dos direitos sociais e © ucesso do cidadao a uma venda m{tima em situages de risco social © de pobreza. Niio se pode conceber a cidadania sem as garantias desses direitos, Para garantit essa cidadania & fundamental que haja transparéneia em relags aos daos da Sepuridade Social brasileira, e uma negociagiio real, envolvendo toda a sociedad, Sobre © futueo de nosso sistema previdencifrio. Se o projeto de piiva, © for levado ao extrem, tera como efeto um aprofundamento ainda maior das desigualdades sociais em nosso pals. A negocingio & © instumento capaz de colocar na mesa a dimensio da cidadania expressa na Constituigio de 1988, os problemas concretos do sistema Previdencidrio, © futuro da Seguridade Social diante da desivualdade Social e das pressties corporativisias de empressios, politicos © grupos de trabalhadores, Ante as estratégias do Fundo Monetirio Internacional de reduzir © Estado 20 minimo, € imprescindivel que se eoloquem estzalgpias de defesa da cidadania social e de manutengio do papel do Estado. na garantia efetiva de uma seguridade social que compreenda, por -um Tado, um seguzo obrigatério para todos, com um teto de dex sal minimos, abrindo-se, 4 previdéncia privada (lucrativa ou no) e pliblica luma faixe complementar sob rigida fiscalizagao do Estado e da sociedade, 21 E preciso rejeitar 0 projeto “trator” de privatizagio, que interessa fundamentalmente ao mercado de capitais para a efetivacae da seguridade social, para que 0 fosso entre uma previdéncia para os integrados ao sisiema de tabalho © os exclufdos econdmica, sovial e culturalmente ‘io se amplic ainda mais nesse pafs. O objetivo deve ser sempre a ceidadania, NoTAS t 1 In "0 plana Beveridge” — Sto Paulo; José Olyzpio Exitos, 1943, p. 189, 2. Woffort (1980) se relore as massas como pareieo-faniasma ou de transl pelo ao C98, 23. NosGtca liberal watase de um proceso natwalizado & competitvidade, O Relatrio do Grupo de Lisboa assinala: “o processo de_globalizagio dossiers financvin, da inddstin, dos meteados de consumo, inia-esruimas e servgos de informagio © comu. nicagio, para nfo falar da sepuranga militar barcuds cia alt tecnologia, acentuen. & teansformapio da competigio que. de um melo e modo expecifica de funeionamento ‘econdiio, se foro nama ideologiae num snodo ayressivo de sobrevivénciae hegemonia (Ser 0 venceder)”(p. 13). +4 acoxdo sulliliteral de seguridade social do Mereasl estabctese que os tabalhadores de vito pats estar sueitos 25 mesmas nortas que os nacionas, Vero texto do Acordo iu MPAS, A segurldade social ¢ a8 proves de tnesvacdo regal. Brass, MPASICES PAL, 1996 5. No Basil, 9 semidor baisno Antinio Carlos Magalhies, cepresentante das elites polhicas, empresirais e militares eonservadoes, props, em 1999, um Tundo de combate | pobreza, ulilizaudo recursos iseis v gerida por polices 6. Estumes na fase final de uma pesquisa sobre previdéncia social brasileira de 1979 44 2000, Ver Vianna (1998), Fleury (1994) e Faleros (1999) 7. Bon pete dos fundos de previdénea jf foram invests fora do Chie. As Isapres ‘nfo cobrem todos os gastes com sade (om geral 70%) e nem todos > evenios Se ‘uma Ieapre filo poverao dé cobertara alé # escalha de un outta, Ver Revista dt ANE 2, 21). 1 in sping: Andersen (1996), No final de janeio de 2000, a associago de empresérios Moet anumeiow a retrain ‘dos patties da estio da previdénefa est mobiizagso. para dimiguit es cislom, em Tinga da produtividade. Ver Fotha de S. Paulo de 25-1-2000, p. 22 1D, O madclo de repactifio simples ¢ 0 sistema de previdéncia social de soidarcdade insorgeneracional e de ativawinauves. segundo © qual 0 pagimenta dos benelicios aos aposentades é feito com 0 montante acrecadado des connate, sem que fia neces sariamente uma reserva. J4 no moxie de capitalizagio, o sistema de" pagamealo de sposentadria se fiz atts de wm fondo individual apicado em imiuighes finanesirs las rewibucm as coutbugoes de acon com a cendimento. das aphengaes aps ut petiodo detrminido de anos combiaado cons a ice, HGS won adcioaal para aalninitiagto Wo fundo. E 9 modelo cheno de apoventadorin 1. Somente-no final de 1999 foi uprovada ei que permite sos domésticos o acesso 0 FGTS, mas de fomna volun, pir iicatva dos empregasors, 12. & Contibuigdo Provisiria sobee Movimentagao. Financeira fai imp hoje € de 035%, devendo servic acs gasos Ue sade smemiada © 212 13, Brasilia, CAmam dos Depatados, 1992. O colar esih publicado também na evista Previdénele em dadot 9(2) Abedjua/1992. A propria Comissdo constata que as ontrituigoes.provenieates da foiba de saliios correspondem 4708% des recursos, tabenclo 40 Fiasacal 20.5%, aos luetas 4.89%, ao PIS/Pasep 988%, « ecwsos cidindtios 7.23% © 10.3% a cubes. A previdéacia Social brasil (em aprexioadamene 0 cequivatente a 6% do PIB em veces 14, Houve também a sugestio criunla da ANFIP, que propés uma combinagio de tempo de servigo e idade, podendo o trbaltador se aposeaar, por exempio, com 60 snot de idade © 35 anos de comibvigio, A chaimda lérmula 95 € complexa © mexe ‘om fateresses © direitos algueidos, I Revista dt ANFIP, 2(20) mio de 1992 15, Ein juno de 1999 foi exiata a Divisio de Servigo Social qe winha atwando na ‘ofesa de direitos co asario (Stv4, 1999), 16, Ostenta por eento das apoventadorias por velbice (webanas)situam-se na fea de At dois sitios minimis, eagnanto apenas (7% dis aposentaderias pee tempa de serve ‘esto nesa fina. As spatentadarias por velhice compreendiam, em 1995, 7.61% do valor ‘0s benetons, por tempo de servo (U.SH, especiIs 2.94%, por iivaldez 14.30%, Dpensoes) 22.83%, ausfios (doeuga © acidente) 7.30%, aposentadoria por velhice'rual 17.64%, TT, Céleales feitos ein 1986 moran que os segurados que contibuem com até tés salitios mnfoimos geraen 26,89% di reeeita de coowrbuigdes. Nesse perfodo, as faixas até ez salitios mioiinos geravan 70% das cootnbuigoes. Ci. DAIN, Salamis, "Dilemas do ‘nanciamento da nova Peeviséncia”, in Prevideneia em dade Yl} 12-18, Rio de laneino, Juluset de 1986, Estudo feito em’ 1992 por José Noves consala que os wabalhadores ‘que ganhim até cinco sairies mtnimos pogam 44% da receita proveniente da folha de falérios © recoberm 71% da despesa de benefiios. In Providéncia em dados 73% 5-6, jliset de 1002, 1. Inciso XXVI do antigo 7. 19. Ver MENDONCA, Antonio Pentendo de, in Fotha de S. Pauly de 27-9-93, pp 22.0 autor & sécio ds APM Seguros, Consoltores © Corretores 720, Ver datos a respeito no relate da CPI das Iizegulasidades na Previdéncia Social ‘Basia, Camara dos Depatades 1992. Ver também ALVES, Mio, Evasdo de contribudes socials: a face perversa da Previdéncta Social, Natal, UPRN, Depio. de Ciéacias Administativas, dsseragio de mestrudo, 1992, Comiskio Especial da. Climara sobre Previdéneia Social ajsnala que o git de evasio de cecursor © da ordem de 41,039 (davis de 1988). A ANFIP destaca, em 1997, que a evasio a drea da reccita previdenciéis slua-se eaue 30 © 40% do seu poteaeial, podendo amevadar mais RB 30 bilides se mio honwvesse Ine, ews om sonyagie in ANPID, Sreguct, sraule « esse feat Vol 1, Dusit, ANGIP, 1997 A existncia de uo “ean 2°'€ axé Denchiea para a empresa, pois nao permite a fiscallzagio e mio € punidn 213 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ANEIE, A Prevdénta ao redor do mando, $ volumes Basia, ANE, 1998 ARRIGH, Giovanni. Atl do desemcvinena.Peiipais, Vows, 1997 BABEAU, Ande. La fin des retates Pai, Hache, 1985, BITAR, Sério, Neliberline vers neesrecuaigno en Amis Latina Tne Revita de Lr Coa, 1°36, Sango Abs de B88 op Gt BRASIL — “Repulamewo de Pievidencin Sov” — Deco #4048 ia” — Deore of 3018 de 6 mio de 93 pica ne Dito Oia de United 1289 BRENNER, Reet. A cconomia da trbulacla alot Iv Prag, (1) ‘Sio Paulo, margo, 1999, eee CASHEL, Rabat. As metamarfoses da quest sc. Pepa, Vor, 9588 Dy teva sci & Ia geton soiled nonsravall. te ips 28-47, Paris, margo-abril. 1998b, i. CHESNAIS, Franois (ore). A mundlisapio fnancira. Sie Paul NaI co fi Sio Paulo, Xam’, 4 mundintcasdo do capital. Sio Paul, Kana, 1996. OWANR, raison, ANN, Octavio © RESEND! de globaizasa, Peréplis, Vozes, 1997 DRA, Sina Ms ples si nos aos (90. Ih: BAUMANN, Reso Pre i Saneio, Camps, 199% po. ESPING-ANDERSEN, Gosta, Wolfie sates in transitions, Lond, Sage Po blications/UNRISD, 1996, eh Paulo-Ldgar (orgs). Desajtos FALEIROS, Vests de Pi As rfomas de segue sci 0 conto ‘mil © 0 sis cane Sr Sti! 3208 ral Ua Mestrado em Politica Social, 1999. ia Bata, socedady pola soils. ts TEIKEIRA, Sonia Fey Estado y politiens sociales en América Latina, Xochimileo, Universidad AutGnoma Metroipolitana, 19922, pp.79-120. -: O que & polttica social, Sto Paulo, Brasiliense, 1986. 24 FALEIROS, Vicente de Paula, O rrabatho da poltica. Saiide ¢ seguranga dos trabathadores, $40 Paulo, Cortez, 1992. FLEURY, Sonia, Estado sem cidadios. Seguridade social na América Latina. Rie de Janeiva, Editora Fioetuz, 1994. GRAY, John. False Dawn, The desilusions of global capitatism. Londres, Granta, Books, 1998, GRUPO DE LISBOA. Limites & compesigto. Lisboa, Publieagdes Buropa-América, 1994, HIRST, Paul © THOMPSON, Grahame, Globalicagde em quesido. Petsépolis, Vozes, 1998. IANNI, Octavio. A politica mudou de lugar. In; DOWBOR, Ladisiau, IANNI, ‘Octavio RESENDE, Paulo-Edgar (orgs: Desajtes da globaitcagao Powsépolie, Vozae, 1997, JOHANET, Gilles, Sécurité soclale: Iéchec et le défi. Paris, Seuil, 1998. KANDIR, Antonio & equips. Biretrizes conceituais ¢ operactonais para a reforma, ‘da prevideneia social. In; MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL, 1A previdéncia social e @ revisdo constitucionad. Pesquisas, ¥. 1, pp-141-221, Brasilia, MPS/CEPAL, 1993, KLINGVALL, Inger, Reforma do sistema provideneiario sueco. In: Confintura Sociat 10(1):129-138, Brasilia, MPAS, 1999, LAURELL, Asa Cristina (org.). Exiado e politicas sociats no neoliberatism. 40 Paulo, Corte/CEDEC, 1995. LEBAUSPIN, Ivo (org). O desmonte da nagdo. Balanco do governo FHC. Petrépalis, Vozes, 1999, LOJKINE, Jean, A revaluedo informacional, $30 Paulo, Cortez, 1995 MELO, Marcos André B,C. de, As veformas constitucionals © » Previdéneia Social. In: DINIZ, Eli e AZEVEDO, Sérgio (orgs.). Reforma do Estado ¢ democracia no Brasil. Brasilia, Bditora du UnB/ENAP, 1997. MERCADANTE, Aloizio (org). O Brasil pér-Real. A politica econdmiea em debate. Campinas, UNICAMP, Instiila de Feonomia, 1998. MESA-LAGO, Catmelo, Andlise compacativa da reforma estratural do sistema previdenciésio realizada em oito paises latino-amerieanos; deserigtio, ava- liagio € ligdes, In: Conjunuura Social 8(4):7-66, Brasthe, MPAS, outinov.ldez. 1997. MEYER, Anne. l'Europe sociale, Paris, La documentation frangaise, 1998, MOTA, Ana Elizabete. Culhunt da crise ¢ seguridade social, S20 Paulo, Cortez, 1995, COFFE, Claus. Problemas estruurais do Ksiado eapitatisea, Rio de Jancico, “tempo Brasileiro, 1984. OLIVEIRA, Catlos Alonso de © MA'TTOSO, Jorge Eduardo Levi (orgs.). Crise @ trabalho wo Brasil, Modernidade ou volia av passado? Sio Paulo, Seritia, 1996. PARUS, Philippe. O gue é wma sociedade justa, Si0 Paulo, Atica, 1997, 21s PEREIRA, Luir Carlos Breer, A crise do Estado, Bustos sobre brasileira, Sio Paulo, 1992. moe eae ae REICH, Robert B. 0 trabalho das nagBes: preparando.nos pare tse 3X1 Sto Paul, Blatant ROCARD, Michel. Demin er reiraies, Un conti entre générations, reso do Livro Branco sobre aposentadorias, Paris, Gallimard-Folio, 1991, SADER, E. e GENTILI, Piorgs). Péxneolieralismo. As poltcas socais ¢ 0 Estado democrdtico, Rig de Janeiro, Paz e Terra, 1995, 7 SANTOS, Boaventura de Sousa, Reinvntar a demoeraet Publiagses/Funcagao Mano Soares, 1998, SILVA, Maria Licia Lopes dt) Servigsocal_no INSS. Lato parm garantir Gincitos e cidadania. In: lnscrta (5): 19:22. Brasilia, CESS, 1999 SOROS, George A eee do cxpttatinne, Kio de Jane, Campus, 1999 SPOSATI, Aldsiza (org), Renda minima e crise mundial — sada mento? Sio Paulo, Cortez, 1997, rane STEPHANES, Reinold. Reforma de Previdéncia sem segredos, Rio de ane, 0a, Gradiva Record, 1998, Poder @ dinhetro, Uma economia potitica da globaticacao. Pelripolis, Voxes, 1997. TAYLOR-GOOBY, Welt, hierar ‘crete Lua Nova (24): 165-187, Sao Paulo, 199) aur UUTHORF, Andis. Reforma dos stings de beneeio na Amica Latin. tn “ Conjuntr Socit 8) 7990, Bras, MPAS, cutfoow ee. 1997 VARIOS. Cahiers de Recherche Socologgne herche Socologgne Q4), LB dans ta tourment Montréal, UQAM, 1995. a ene " VIANNA, Moria Lia “Teich Wetneck. A amerianizagde (pervert) de Segre set no Bret. Re de ane, RevanUCAMAOPER. 98 \WEEFORT, Francisco. Por que demoeracia? Si0 Paulo, Braliense, 1984 © populism ma poltica baseiro. Rio de Janeiro Paz ¢ Ter, 1980 216 Vicente de Paula Taloiroo (1941) 6 autor de varios livros de politica sooial e de servigo social, entre 08 quais Estratégias em Ber- vigo Soota! pela Cortez Editors. ‘pachavel em Servigo Social © Direl- to, com espectalizagao em Tcono- mia, doutorado em Sociologia (Universidade de Montréal, 1984) pos-doutorado om Ciéneia Politi- ca em Paris (1991) na Boole des Hantes Etudes en Sciences Sooiales. J publicou mais de 80 artigos em revistas especializadas. Confe- yencista convidado de varias uni- versidades, ministrou palestras na Suscia, aa Teanga, om Portusal, no Canada, no Chile, na Argentins, no Feru, no México 's om Instituigdes de formagao @ prética de todo 0 ter niterio brasileiro. & consultor e pes- quisador agsociado da Universida- Ge de Brasilia » do Cecria ~ Centro de Referéncias, Ages 0 Estudos sobre Criangas ¢ Adolesoentea, ton- do se aposentado como. Professor Titular da Universidade de Brasilia pos uma carreira untversitaria de dovancia, pesquisa e extenséio. Esté casado desde 1967 e vem dois filhos.

Você também pode gostar