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CERISE VICTOR SANTOS

GIL MORI DE ALMEIDA


LUCIANA BATULI ORTIGA
PURPURINE DA COSTA LIRA

A ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA
NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Trabalho apresentado à Universidade


Estácio de Sá como requisito parcial para
obtenção de grau na PR1 na disciplina
Psicologia Escolar.

ORIENTADORA: Professora Ana Mônica

Palavras-chave: Aprendizagem, Método, Escola, Comportamentalismo.

Rio de Janeiro
2006
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................3

2 ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA .....................................................4

2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS..........................................................................4

2.2 HOMEM.............................................................................................................5

2.3 MUNDO.............................................................................................................5

2.4 SOCIEDADE-CULTURA...................................................................................6

2.5 CONHECIMENTO.............................................................................................6

2.6 EDUCAÇÃO......................................................................................................7

2.7 ESCOLA............................................................................................................8

2.8 ENSINO-APRENDIZAGEM...............................................................................9

2.9 PROFESSOR-ALUNO.....................................................................................10

2.10 METODOLOGIA..............................................................................................10

2.11 AVALIAÇÃO....................................................................................................12

2.12 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................12

3 EXEMPLO.......................................................................................................13

4 CONCLUSÃO..................................................................................................15

REFERÊNCIAS...............................................................................................16

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho resume o capítulo sobre a abordagem comportamentalista da


educação apresentada no livro Ensino: as abordagens do processo, de Maria da
Graça Nicoletti Mizukami.
Para um melhor entendimento desta abordagem, alguns conceitos básicos do
comportamentalismo Skinneriano fazem-se necessários.
Segundo Skinner (1970), a ciência é mais que a mera descrição dos
acontecimentos à medida que ocorrem. É uma tentativa de descobrir ordem, de
mostrar que certos acontecimentos estão ordenadamente relacionados com outros.
A ciência não só descreve, ela prevê e desde que as condições relevantes possam
ser alteradas, ou de algum modo controladas, o futuro pode ser manipulado.
O comportamento como disciplina científica é uma matéria difícil, não porque
seja inacessível, mas por que é extremamente complexo, como processo não pode
ser facilmente imobilizado para observação.
Para usar os métodos da ciência no campo dos assuntos humanos, deve-se
pressupor que o comportamento é ordenado e determinado. O que o homem faz é o
resultado de condições que podem ser especificadas e que, uma vez determinadas,
pode-se antecipar e até certo ponto determinar as ações. As conseqüências do
comportamento podem retroagir sobre o organismo, alterando a probabilidade de o
comportamento ocorrer novamente. Esta é a base do que Skinner denomina de
comportamento operante.
A educação para Skinner inclui preparar o indivíduo para as situações que
ainda não surgiram e os operantes discriminativos devem ser colocados sob o
controle de estímulos que provavelmente ocorrerão nessas situações.
Eventualmente, conseqüências não educacionais determinarão se o indivíduo
continuará a se comportar da mesma maneira. A educação não teria sentido se
outras conseqüências não ocorressem eventualmente, pois o comportamento do
controlado no momento em que está sendo educado não tem importância particular
para ninguém.
“Para o comportamentalismo, a aprendizagem é um tema central. Ao enfatizar
a influência dos fatores externos e ambientais, essa concepção teórica afirma que o
mais importante na determinação do comportamento do indivíduo são as suas

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experiências, aquilo que ele aprende durante a vida”. (Fontana, 1997 apud VILLAS
BOA, Glauco K., 2004)

2 A ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA

2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS

A abordagem Comportamentalista se caracteriza pelo primado do objeto


(empirismo). Nesta abordagem o conhecimento é uma "descoberta” de algo que já
se encontrava presente na realidade exterior, porém novo ao indivíduo que a faz.
Aqui o conhecimento é visto com uma cópia de algo que simplesmente é dado no
mundo externo.
Esta abordagem considera a experiência (ou experimentação planejada)
como a base do conhecimento. O conhecimento seria o resultado direto da
experiência (empirismo).
Para esta abordagem a ciência consiste numa tentativa de descobrir a ordem
na natureza e nos eventos, onde certos acontecimentos se relacionam
sucessivamente. A ciência e o comportamento são uma forma de conhecer os
eventos, utiliza-los e controla-los.
Segundo Skinner, cada parte do comportamento é uma "função" de alguma
condição que é descritível em termos físicos, da mesma forma que o
comportamento.
A partir da análise dos processos, os modelos são desenvolvidos, por meio
dos quais o comportamento humano é modelado e reforçado.
O aluno é considerado como um recipiente de informações e reflexões. A
educação, decorrente disso, se preocupa com aspectos mensuráveis e observáveis.
O ensino é composto por padrões de comportamento, segundo objetivos pré-
fixados. Esses padrões podem ser mudados através de treinamento. O treinamento
toma como objetivo as categorias de comportamento ou habilidades a serem
desenvolvidas.
Na abordagem Comportamentalista, supõe-se que o professor possa
aprender a analisar os elementos específicos de seu comportamento, seus padrões
de interação, possibilitando a conquista de controle sobre eles, podendo modificá-los
em determinadas direções ou mesmo desenvolver outros padrões.

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2.2 HOMEM

O homem é uma conseqüência das influências ou forças existentes no meio


ambiente.
Para se poder aplicar um método científico, no campo das ciências do
comportamento, é absolutamente necessária a hipótese de que o homem não é
livre.
O ideal é transferir-se o controle da situação ambiental para o próprio sujeito
de forma que a pessoa se torne autocontrolável, auto-suficiente. A recusa em aceitar
a responsabilidade de controle tem como conseqüência deixar que este controle
seja exercido por outras pessoas.
Dentro desse referencial, o homem é considerado como o produto de um
processo evolutivo.
Quem se dedica ao trabalho produtivo (por causa do valor reforçador do que
produzem) está sob o controle sensível e poderoso dos produtos.
Já os que aprendem através do ambiente natural estão sob um controle tão
poderoso quanto qualquer tipo de controle exercido por um professor.

2.3 MUNDO

Para Skinner o homem é produto do meio. Ele afirma que a realidade é um


fenômeno objetivo e que o mundo já é construído.
O comportamento pode ser mudado alterando-se os elementos ambientais,
pois o meio pode ser manipulado.
Existem três aspectos que podem definir uma relação entre um organismo e o
meio ambiente adequada, e as relações entre esses três elementos constituem as
contingências de retorço:
1. A ocasião na qual a resposta ocorreu;
2. A própria resposta;
3. As conseqüências reforçadoras.

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2.4 SOCIEDADE-CULTURA

Bastante comentada na obra de Skinner, sua proposta visa uma modificação


social, para ele, o ambiente social é o que chamamos de uma cultura. Dá forma e
preserva o comportamento dos que nela vivem. Cultura usos e costumes
dominantes, pelos comportamentos que se mantêm através dos tempos porque são
reforçados na medida em que servem ao poder.
O indivíduo não é a origem ou uma fonte. Ele não inicia nada. E nem é ele
que sobrevive. O que sobrevive é a espécie e a cultura. Elas estão "além do
indivíduo" no sentido de serem responsáveis por ele e de sobreviverem a ele.
(Skinner, 1980, p. 210 apud MIZUKAMI, Maria G. N., 2005).
A cultura é entendida como espaço experimental utilizado no estudo do
comportamento. É um conjunto de contingências de reforço.
A sociedade ideal, para Skinner, é aquela que implicaria um planejamento
social e cultural, regida pelas leis da engenharia comportamental, caracterizada por
ausência de classes sociais e de propriedade privada. Nela não se encontram
privilégios, violência e tampouco autoridade. As relações sociais são diversificadas,
o trabalho é agradável e o lazer, além de freqüente, é produtivo.
O indivíduo é uma peça numa máquina planejada e controlada, realizando a
função que se espera seja realizada de maneira eficiente.
Relativismo cultural coloca que cada cultura tem seu próprio conjunto de
coisas boas e o que se considera bom numa cultura pode não o ser em outra. Fazer
julgamento de valor, é classificá-lo em termos de seus efeitos reforçadores.

2.5 CONHECIMENTO

A experiência planejada é considerada a base do conhecimento. Fica clara a


orientação empirista dessa abordagem.
O que se pode denominar de ontogênese do comportamento pode ser
atribuído às contingências de reforço. Uma determinada resposta do indivíduo é
fornecida por conseqüências que têm a ver com a sobrevivência do indivíduo e da
espécie.

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Dizer que a inteligência é herdada não é dizer que formas específicas de
comportamentos sejam herdadas. Contingências filogenéticas concebivelmente
responsáveis pela "seleção da inteligência" não especificam respostas. O que foi
selecionado parece ser uma suscetibilidade de contingências ontogenéticas, levando
particularmente a uma maior rapidez de condicionamento e da capacidade de
manter um repertório mais amplo sem confusão. (Skinner, 1980, p. 309 apud
MIZUKAMI, Maria G. N., 2005).
Skinner não se preocupou com processos, com o que hipoteticamente
poderia ocorrer na mente do indivíduo durante o processo de aprendizagem. Esses
processos, para ele, são neurológicos e obedecem a certas leis que podem ser
identificadas. A objeção que Skinner faz ao que denomina de "estados internos" não
é propriamente de que não existam, mas sim ao fato de não serem relevantes para
uma análise funcional.
As variáveis externas, das quais o comportamento é função, dão margem ao
que pode ser chamado de análise causal ou funcional. Tentamos prever e controlar
o comportamento de um organismo individual. Esta é a nossa "variável dependente"
- o efeito para o qual procuramos a causa. Nossas "variáveis independentes" - as
causas do comportamento - são as condições externas das quais o comportamento
é função. Relações entre as duas - as "relações de causa e efeito" no comporta-
mento - as leis de uma ciência. Uma síntese destas leis expressa em termos
quantitativos desenha um esboço inteligente do organismo como um sistema que se
comporta. (Skinner, 1980, p. 45 apud MIZUKAMI, Maria G. N., 2005)
Para Skinner, o comportamento é um desses objetos de estudo que não pede
método hipotético-dedutivo. O conhecimento, portanto, é estruturado indutivamente,
via experiência.

2.6 EDUCAÇÃO

A educação está intimamente ligada à transmissão cultural.


O objetivo da educação é transmitir conhecimentos, comportamentos éticos,
práticas sociais, habilidades consideradas básicas para a manipulação e controle do
mundo/ambiente (cultural, social etc).

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Ao se tomar consciência do poder controlador que a educação assume,
passa-se a se conceber o ensino de maneira diferente. Muitos se negam a admitir tal
poder. Um problema de natureza epistemológica, no entanto, persiste: o de se
saber, exatamente, o que se quer ensinar.
O sistema educacional tem como finalidade básica promover mudanças nos
indivíduos, mudanças essas desejáveis e relativamente permanentes, as quais
implicam tanto a aquisição de novos comportamentos quanto a modificação dos já
existentes.
O objetivo último da educação é que os indivíduos sejam os próprios
dispensadores dos reforços que elicitam seus comportamentos.
O indivíduo, assim, estrutura as contingências de seu próprio ambiente de
modo que seu comportamento leve às conseqüências que deseja. Quanto maior o
controle, maior a responsabilidade. O comportamento é moldado a partir da
estimulação externa.
Referindo-se aos reforços naturais ou primários, Skinner argumenta que a
idéia do homem natural, bom, corrompido pela sociedade, não é o suficiente para os
indivíduos se comportarem de certas maneiras desejáveis.
O organismo humano pagaria muito caro, se ele fosse regulado simplesmente
por acidentes e contingências naturais. É importante - e nisso consiste o processo
da educação ou treinamento social - aumentar as contingências de reforço e sua
freqüência, utilizando-se de sistemas organizados, pragmáticos, que lançam mão de
reforços secundários associados aos naturais, a fim de se obter certos produtos
preestabelecidos, com maior ou menor rigor.

2.7 ESCOLA

A escola tradicional é vista como uma agência educacional que utiliza um


controle aversivo e não só está ligada a outras agências controladoras da
sociedade(governo, política, economia, etc), como é dependente delas, atendendo
portanto a seus objetivos.
Ela é influenciada pela cultura da sociedade na qual está inserida, tendo por
função manter, conservar e em parte modificar os padrões de comportamentos
considerados úteis e aceitos no contexto dessa cultura.

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Na cultura ocidental a educação é voltada para o “saber” e o “conhecimento”.
Esses constructos estão intimamente ligados ao comportamento verbal enfatizado
nas escolas, onde a preocupação maior é a aquisição e não a manutenção do
comportamento.
Skinner critica esse modelo de escola onde o controle aversivo não leva a
uma aprendizagem efetiva, pois está em desacordo com os ideais de democracia,
direitos humanos etc, divulgados por essa sociedade ocidental. Nesse sentido a
escola deixa de ser um espaço de real aprendizagem para ser um agente
direcionador do comportamento humano que tem por finalidade moldar o sujeito
para que este se “encaixe” dentro do contexto sócio-cultural que rege uma
determinada cultura, formando o sujeito social e não um sujeito com idéias próprias
e com competência de desenvolver sua individualidade, suas características
pessoais, transformando o conteúdo pessoal em conteúdo aceito socialmente.

2.8 ENSINO-APRENDIZAGEM

Para os behavioristas, a aprendizagem pode ser definida como “uma


mudança relativamente permanente em uma tendência comportamental e/ou na vida
mental do indivíduo, resultantes de uma prática reforçada.” (Rocha, 1980, p.28)
Segundo essa abordagem não há modelos ou sistemas ideais de instrução.
Deve-se considerar os elementos que fazem parte do sistema institucional: o aluno,
objetivo de aprendizagem e um plano para alcançar esse objetivo.
Para Skinner o ensino pode ser programado tanto quanto o comportamento,
desde que o repertório final possa ser previamente definido.
Nessa abordagem a ênfase da proposta de aprendizagem se encontra na
organização/estruturação dos elementos para as experiências curriculares e que irá
dirigir os alunos pelos caminhos que deverão ser percorridos para que a
aprendizagem seja atingida.

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2.9 PROFESSOR-ALUNO

A responsabilidade do professor no processo de aprendizagem, segundo


essa abordagem, seria planejar e desenvolver o sistema ensino-aprendizagem
considerando fatores como economia de tempo, esforços e custos, visando
maximizar o desempenho do aluno, utilizando para isso critérios que fixam os
comportamentos de entrada e aqueles que deverão ser apresentados ao término
desse processo.
A função básica do professor, consiste em arranjar as contingências de
reforço, de modo a possibilitar ou aumentar a probabilidade de ocorrência de uma
resposta a ser aprendida.

2.10 METODOLOGIA

A metodologia inclui a aplicação da tecnologia educacional com suas


estratégias de ensino e as formas de reforço no relacionamento professor-aluno.

Nas situações de ensino encontramos a elaboração de uma tecnologia com


uma maneira sistemática de planejar, conduzir e avaliar o processo total de ensino e
aprendizagem com objetivos específicos, onde se emprega meios humanos ou não
para produzir uma instrução mais eficiente.

A individualização do ensino é possibilitada com uma adaptação de


procedimentos para que se ajustem as necessidades, ritmo e objetivos de cada
aluno de forma a maximizar sua aprendizagem. Para isso é necessário
especificação de objetivos, envolvimento do aluno, controle de contingências,
feedback constante, apresentação do material em pequenos passos e respeito ao
ritmo individual de cada aluno.

As estratégias desta abordagem visam permitir que um número maior de


alunos atinja altos níveis de desempenho.

O ensino para a competência, é uma estratégia fundamentada no fato de que


a aprendizagem é um fenômeno individual. O aluno deve ter conhecimento dos

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resultados esperados e dos já alcançados. São características deste ensino a
especificação dos objetivos em termos comportamentais, especificação dos meios
para se determinar se o desempenho está de acordo com os níveis indicados de
critérios, fornecimento de uma ou mais formas de ensino pertinentes aos objetivos,
conhecimento público dos objetivos, critérios, formas de atingi-los e atividades
alternativas. A experiência de aprendizagem é considerada em termos de
competência.

O módulo de ensino normalmente é um conjunto de atividades que facilitam a


aquisição dos objetivos.

Segundo o autor, Skinner não se preocupa em justificar por que o aluno


aprende, mas em fornecer uma tecnologia capaz de fazer o estudante estudar e
produzir mudanças comportamentais.

A metodologia tem ênfase na programação incluindo planejamento,


implementação e avaliação do ensino. A Instrução Programada consiste na
apresentação de estímulos para a aprendizagem, fazendo uso efetivo de reforços,
modelagem e manutenção de comportamento.

A matéria a ser aprendida é dividida em pequenos passos a fim de ser


possível reforçar todas as respostas e todos os comportamentos operantes.

Existem três formas para arranjar ou combinar reforços e contingências, sem


recorrer a contingências aversivas no processo de instrução, gerando um alto nível
de aprendizagem: Encadeamento, Modelagem, e Fading ou enfraquecimento do
estímulo ou mudança graduada do estímulo.

Segundo Mager (1971), os objetivos têm importante papel em todo


planejamento do processo instrucional e deve-se considerar o que se quer ensinar,
em que nível se quer que o aluno aprenda e quais as condições (materiais,
procedimentos e estímulos) às quais o aluno deve responder.

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2.11 AVALIAÇÃO

O aluno progride em seu ritmo próprio e a avaliação consiste em verificar se


os objetivos propostos foram atingidos de forma adequada, estando diretamente
ligada aos objetivos estabelecidos.

Ela ocorre em três fases do processo ensino-aprendizagem:

No início, como uma pré-testagem, pois é necessário conhecer os


comportamentos prévios para planejar e executar as etapas seguintes.

No decorrer do processo, com objetivos finais e intermediários já definidos, é


um dos elementos da própria aprendizagem, pois indica o arranjo de contingências
de reforços para os próximos comportamentos a serem modelados.

No final do processo, para verificar se comportamentos finais desejados foram


adquiridos.

2.12 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O homem nessa abordagem é considerado um produto do meio e reativo a


ele, controlando e manipulando o meio e controla-se e manipula-se o homem.
Skinner acredita que compreender esse controle e manipulação é a única forma do
homem ser livre.
Educação, ensino-aprendizagem, instrução, passam a significar arranjo de
contingências para transmissão cultural.
Para Skinner pedagogia, educação e ensino são métodos e tecnologia,
aplicação de conhecimentos científicos à prática pedagógica, um conjunto de
técnicas aplicáveis em situações concretas de sala de aula. O que não é
programado não é desejável. A ênfase está no produto obtido, na transmissão
cultural, na influência do meio, na direção dada pelo centro decisório sobre o que
será aprendido e o que deverá ser transmitido às novas gerações.
A metodologia e os princípios derivam da análise experimental do
comportamento, com grande quantidade de pesquisa básica e aplicada nesse

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campo, permitindo a elaboração de uma tecnologia de ensino que também alimenta
com dados para a própria análise comportamental.
Esta abordagem se baseia em resultados experimentais do planejamento de
contingências de reforço e não em uma prática cristalizada através dos tempos.
As relações com cooperação entre os alunos não são enfatizadas. As
relações duais são mediadas pela programação do ensino, permitindo a
individualização do ensino, que não era possível na abordagem tradicional.

3 EXEMPLO

Skinner propunha a utilização de máquinas de ensinar como forma de


resolver os impasses que surgem em decorrência das dificuldades de atender cada
aluno. O acompanhamento poderia ser feito pela própria máquina, especialmente
nas formas de avaliação, entendidas por ele como parte essencial da aprendizagem.
Avaliação e aprendizagem:
• o papel da avaliação na aprendizagem está no contexto de uma
concepção que supervaloriza o acerto (a incidência de erro deve ser igual
a zero) por parte de Skinner (esta preocupação, diga-se, é indissociável de
uma conhecimento técnico-científico em construção e aplicação no
período de guerra - onde cada erro poderia significar perdas materiais e
humanas elevadas);
• coerente com a teoria do reforço, a aprendizagem não é entendida como o
resultado de penalidade;
• para que haja controle da tríade estímulo - resposta - reforço,
aprendizagem e avaliação devem ser feitas por itens;

Programas lineares (Almeida , p. 68-77):


• apresentação da matéria ou conteúdo em seqüências curtas;
• o aluno responde apenas a uma pergunta de cada vez;
• o aluno dispõe do tempo que desejar para responder;
• o aluno não deve passar para o item seguintes antes de haver respondido
ao anterior;

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• as perguntas são propositadamente muito simples, para que os alunos
cometam poucos erros;
• depois de responder, o aluno comprova (verifica) imediatamente a
correção ou inexatidão de sua resposta, comparando-a com a resposta
correta dado no próprio texto;
• as seqüências são intimamente encadeadas em progressão racional;
O aluno é levado, desse modo, gradual e logicamente, a um domínio cada
vez mais completo do assunto.

Selecionamos como exemplo, o livro do próprio Skinner em co-autoria com


Hooland “A análise do comportamento”. Este livro contém uma instrução
programada que eles dizem funcionar como uma máquina de ensinar.
O livro é composto de várias séries de perguntas a serem respondidas
obedecendo a seqüência e verificada sua correção na página seguinte.
A seqüência e a repetição de itens foi cuidadosamente planejada e eles
indicam que nenhum item deve ser saltado.
Caso o aluno tenha dificuldade em alguma série a mesma deve ser repetida.
Um indicador para realizar a repetição é errar mais de 10% das respostas.
As instruções incluem além dos procedimentos normais de execução,
observações sobre o efeito do cansaço, sendo aconselhável neste caso uma pausa,
até a necessidade de refazer a última série feita se esta pausa for longa demais.

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4 CONCLUSÃO

Segundo Catania (1999) o advento da aprendizagem foi um evento


importante na evolução do comportamento; Além da seleção filogenética, passamos
a ter a seleção ontogenética e a seleção cultural, que torna-se possível quando o
comportamento pode ser passado de um indivíduo para outro.
Para Fontana (1997 apud VILLAS BOA, Glauco K., 2004) uma das marcas
deixadas pelo comportamentalismo na educação escolar foi a valorização do
planejamento do ensino, tendo chamado a atenção para a necessidade de se
definirem, com clareza e operacionalmente os objetivos que se pretende atingir, para
a organização das seqüências de atividades e para a definição dos reforçadores a
serem utilizados.

Numa visão crítica dos diversos modelos de Educação, Paas (2001) levanta
que, na prática, devemos sempre buscar atender as necessidades da sociedade, e
nunca deixar de manter em vista o papel “maior” da educação no desenvolvimento
sustentável e humano.
Segundo Visser (1998 apud PAAS, Leslie, 2001), fundador do programa
Aprendizagem sem Fronteiras da Unesco, qualquer situação de aprendizagem que
queira habilitar pessoas a lidarem de forma adequada com a realidade do mundo,
deve proporcionar interação, colaboração, e conectividade, e deve ser baseado em
problemas e orientada a tarefas. Ele explica que, como a maioria dos problemas na
vida real ultrapassam o nível de análise representado por disciplinas isoladas, a
educação também deve ser transdisciplinária. As mudanças aceleradas da
sociedade exigem a aprendizagem contínua, a educação tem a obrigação de ser
aberta a todos, flexível e adaptável às necessidades de indivíduos e comunidades.

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REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, Nichola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

CATANIA, A. Charles. Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e Cpgnição.


Porto Alegre: Artmed, 1999.

MIZUKAMI, Maria da Graça N. Ensino: As abordagens do Processo. São Paulo:


EPU, 2005.

SKINNER, B. F.; HOLLAND, J. G. A análise do comportamento. São Paulo:


Editora da Universidade de São Paulo, 1969.

SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. Brasília: Editora da


Universidade de Brasília, 1970.

PAAS, Leslie. Design Educacional. Tecnologias em Mídia e Conhecimento.


Disponível em: http://www.eps.ufsc.br/disc/tecmc/designedu.html. acesso em: 22
mar. 2006.

VILLAS BOA, Glauco Keller. A involução da avaliação. Psicopedagogia Online.


Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=219.
acesso em: 22 mar. 2006.

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