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Referências à BE nos Relatórios de Avaliação Externa – Comentário

Crítico

Para elaborar o meu comentário, seleccionei o Relatório de Avaliação


Externa do Agrupamento de Escolas Engenheiro Nuno Mergulhão, Portimão,
que foi o resultado da visita da IGE efectuada entre 7 e 9 de Janeiro de
2009. Pretendi fazer um levantamento das referências à biblioteca escolar
de modo a tirar algumas conclusões.

Referências à BE da Escola E.B. 2,3 Engenheiro Nuno Mergulhão no


Relatório da Avaliação Externa:

II – CARACTERIZAÇÃO DO AGRUPAMENTO

“… dispõe, entre outros espaços, de refeitório, bufete, biblioteca / centro de


recursos BE/CRE e o auditório.”

3. ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR

“De referir, ainda, a pouca abrangência do horário da biblioteca escolar e do


Centro de Recursos e da falta de condições da sala de convívio dos alunos.”

3.3 GESTÃO DOS RECURSOS MATERIAIS E FINANCEIROS

“Os alunos manifestaram o seu desagrado quanto ao horário da BE/CRE,


uma vez que não cobre o período diário das actividades lectivas”

Depois da leitura do relatório, constatei que as referências directas à


biblioteca escolar e ao trabalho ali desenvolvido são muito escassas o que
significa, na minha opinião, o não reconhecimento da seu impacto no
sucesso educativo dos alunos. Não existir uma prática sistematizada de
auto-avaliação nas escolas talvez explique esta ausência de referências. A
biblioteca é mencionada apenas como (mais) um espaço físico que existe na
escola e nem sequer é referida a sua dimensão de “serviço”. É curioso
verificar que a biblioteca aparece ao mesmo nível do refeitório ou do bufete.
Também não é referida a existência de bibliotecas nas escolas do primeiro
ciclo que fazem parte do agrupamento.

Colocam-se algumas questões:

-Porquê tão poucas referências à BE no relatório em causa?

-Por que razão não existe nenhuma referência no tópico “Prestação do


Serviço Educativo”?

-Porque razão não aparecem referências à BE nas considerações finais?


Relativamente à primeira questão, apresento algumas hipóteses de
resposta que vão desde o não reconhecimento da importância da BE,
enquanto suporte das aprendizagens, ou a forma como as actividades de
avaliação são conduzidas pela IGE, talvez pouco sensibilizada para a
existência da BE e que tem tendência a não valorizar a sua participação, ao
nível das entrevistas realizadas com as diferentes estruturas da escola. Por
outro lado, associar a BE a práticas de avaliação, é algo novo que só agora
tende a ser realizado de maneira sistemática.

Quanto à segunda questão, julgo que a maioria das bibliotecas portuguesas


ainda tem um longo caminho a percorrer para serem valorizadas e
reconhecidas ao nível da “prestação de serviço educativo”. As bibliotecas
devem envolver-se na implementação do serviço educativo da escola,
trabalhando com as diferentes estruturas pedagógicas como indica o
Modelo de Auto-Avaliação da BE.

Em relação às “Considerações Finais”, de notar que a BE não é equacionada


como ponto forte ou fraco e nem sequer como uma oportunidade de fazer a
diferença, sobretudo numa escola frequentada por crianças de meios sociais
desfavorecidos e em que os resultados escolares são inferiores à média
nacional.

Penso que a implementação do Modelo de Auto-Avaliação das Bbliotecas


escolares irá trazer outra visibilidade ao trabalho que as BE desenvolvem e
ao seu impacto no sucesso ducativo dos alunos.

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