Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A INDÚSTRIA CULTURAL:
MÍDIA TELEVISIVA E CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO
Resumo: Este artigo pretende investigar e detectar a influência da mídia televisiva e seu alcance
na formação do sujeito adolescente, nos moldes previstos pela indústria cultural. Abordamos os
aspectos e padrões ditados pela televisão, que estandardizando a cultura para a massa, atua no
campo ideológico-cognitivo do indivíduo conformando, desse modo, sua subjetividade.
Abstract: The present article aims at looking into the influence of the television media and to
what extent it interferes with the development of the adolescent within the standards of culture
industry. We will be approaching patterns and aspects dictated by television, which, by
standardising mass culture, operates on the ideological-cognitive field of the subject, thus
formatising its subjectiveness.
*
Aluna do terceiro semestre do curso de Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda no Uni-
Facef Centro Universitário, em 2005.
2
INTRODUÇÃO
[...] Me conta uma história, pra rir ou pra chorar. Pra ver se
ainda sei sentir. Para ver se ainda sei voar.
Sérgio Pererê
1 PERSPECTIVA TEÓRICA
1
“Sempre foi uma das tarefas essenciais da arte a de suscitar determinada indagação num tempo ainda não maduro
para que se recebesse plena resposta” (BENJAMIN, 1983, p. 23). No contexto em que surge a indústria cultural
torna-se impensável a arte executando tal papel, visto que ela se coloca a serviço do sistema, obedecendo à lei da
oferta e da procura e, portanto, privando-se de qualquer conteúdo crítico.
4
espectador pela televisão, parece transferir a aura da obra para o aparelho televisor, baú de
Pandora que expõe todas as maravilhas enquanto esteriliza nossa consciência.
Além disso, o discurso da “alta cultura”, apropriado pela mídia televisiva, é
modificado, aclimatado, homogeneizado e hierarquizado segundo classes sociais2, para ser
consumido, convocando “conteúdos que colocam em xeque o ser humano profundo” (MORIN,
1969, p. 52). E este é o marco divisor entre cultura erudita e cultura de massa: o consumo.
A produção da indústria cultural objetiva o máximo consumo, por isso, destina-se
à massa. E a massa é configurada a partir de um homem médio ideal, que representa todos, e ao
mesmo tempo, ninguém. Eco (2001) relaciona algumas características da construção das
mensagens produzidas para as mídias de massa: as médias de gosto, a homogeneização da cultura
que destrói etnias, o conservadorismo, a alta carga emocional, a infiltração da persuasão
publicitária, o nivelamento e a condensação da cultura superior, a apologia do presente e do
hedonismo e a criação de modelos.
Através destes tópicos, já é possível entrever de que forma a indústria cultural
propagada pela televisão atua como mecanismo de controle das consciências individuais. A massa
se deixa aprisionar por esta lógica porque, individualmente, crê que não cai na armadilha. O
indivíduo crê que está imune porque não se reconhece no conceito de massa, porém absorve
avidamente todo o conteúdo ideológico que seus instrumentos expelem. Mas é no âmbito coletivo
que esta manipulação se configura.
A cultura de massa “favorece as estéticas médias, as poesias médias, os talentos
médios, as inteligências médias, as bobagens médias. É que a cultura de massa é média em sua
inspiração e seu objetivo; porque ela é a cultura do denominador comum entre as idades, os
sexos, as classes, os povos” (MORIN, 1969, p. 54).
Explicitando estes temas e já apresentando o véu que envolve esta indústria,
deparamo-nos com a grande regra contemporânea da qual parece cada vez mais impossível se
abster: o capitalismo despótico a que nossa sociedade se lançou. Cada item que compõe a
indústria cultural está profundamente contaminado pela ideologia do consumo. E ainda, cada
item posiciona-se como álibi desta ideologia.
2
“Distinções enfáticas... servem para classificar e organizar os consumidores a fim de padronizá-los. [...] Cada um
deve-se portar, por assim dizer, espontaneamente, segundo o seu nível, determinado a priori por índices estatísticos,
e dirigir-se à categoria de produtos de massa que foi preparada para o seu tipo” (ADORNO, 1990, p. 162).
5
Cabe relembrar um dos grandes expoentes da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno, que
afirma que: “Do processo de trabalho na fábrica e no escritório só se pode fugir adequando-se a
ele mesmo no ócio” (ADORNO, 1990, p. 175). Ou seja, o ócio do homem é também, do mesmo
modo que o trabalho, meio para sua mecanização. Seu tempo de lazer, tempo do repouso físico e
mental onde poderia se reafirmar enquanto indivíduo privado é ainda um prolongamento do
trabalho, já que inclui a determinação da vida consumidora. Explicitando melhor, no terreno do
lazer em que ilusoriamente o homem se livra da lógica do trabalho mecanizado que o atomiza, é
que ele mesmo mais cinge seus grilhões3.
A cultura e a arte, portanto, tornam-se divertimento4 para as massas. O conteúdo da
televisão opera entorpecendo e distraindo suas fúrias. Suas histórias clivadas divorciam o homem
de seu eu-mesmo, desertificando sua consciência e empobrecendo a comunicação do homem com
o outro.
Tomando-se todo discurso televisivo como publicitário, já que como veremos
adiante, a construção de sentido do discurso ecoa seu contexto ideológico e situando nosso
contexto ideológico no capitalismo neoliberalista, podemos detectar a persuasão clandestina que
se opera na mídia5. Dentro da caixa mágica que é a televisão desdobra-se “a vida que falta em
nossas vidas” (MORIN, 1969, p. 118).
Neste sentido, os signos que compõem as histórias da televisão são
cuidadosamente dispostos, a fim de que o espectador possa passar da realidade ao sonho e do
sonho a ilusão da conquista6, já que o despertar dos desejos e sua insistente repressão
desenrolam-se no plano mesmo da integração da imagem7. A catarse assim digerida no cotidiano
provoca uma identificação muito maior do homem com o universo metafórico que a TV
apresenta do que do homem com o universo real de sua vida cotidiana.
3
“A racionalidade técnica hoje é a racionalidade do próprio domínio, é o caráter repressivo da sociedade que se
auto aliena” (ADORNO, 1990, p. 160).
4
“Amusement” (Id. Ibid.)
5
(HUXLEY, 1959, p. 85 e BAUDRILLARD, 19 , p. 271).
6
(HUXLEY, 1959, p.88).
7
“Aliciada pela imagem, mas enganada e culpabilizada também por ela, a veleidade de desejo é recuperada pela
instância social” (BAUDRILLARD, 1969, p. 276). “A indústria cultural continuamente priva seus consumidores do
que continuamente lhes promete. O assalto ao prazer que ação e apresentação emitem é indefinidamente
prorrogado: a promessa a que na realidade o espetáculo se reduz, malignamente significa que não se chega ao quid,
que o hóspede há de se contentar com a leitura do menu” (ADORNO, 1990, p.177) e nós certamente nos
contentamos.
6
8
“O espectador tipicamente moderno é aquele que se devota à televisão, isto é, aquele que sempre vê tudo em plano
aproximado, como na teleobjetiva, mas, ao mesmo tempo, numa impalpável distância” (MORIN, 1969, p. 74).
9
“Sob o monopólio privado da cultura sucede de fato que ‘a tirania deixa livre o corpo e investe diretamente sobre
a alma’. Aí, o patrão não diz mais: ou pensas como eu ou morres. Mas diz: és livre em não pensares como eu, a tua
vida, os teus bens, tudo te será deixado, mas, a partir deste instante, és um intruso entre nós” (TOCQUEVILLE,
1864 apud ADORNO, 1990, p. 171).
7
10
“Com a fragmentação das tarefas e do conhecimento, a experiência de classe diminui e a dominação torna-se
ainda mais impessoal; as pessoas se transformam em meios para a realização de objetivos que parecem ter
existência própria” (GUIMARÃES, 1988, p. 130).
11
“A indústria cultural por fim absolutiza a imitação” (ADORNO, 1990, p. 169).
8
A análise do processo discursivo, através das formas de produção do sentido, constitui o tema
central de Mikhail Bakhtin, que teorizou a “lingüística social”, uma perspectiva marxista do
processo de significação e sentido da linguagem. Nestes termos, o dialogismo inerente ao
processo lingüístico constitui a forma como o enunciado se imbui da natureza dos meios sócio-
históricos em que são proferidos e, ou recebidos pelo outro12.
Com isto, Bakhtin insere a noção de tema13, querendo dizer que a linguagem não
deve ser compreendida ou estudada como combinação abstrata de signos, já que ela é viva e se
desenvolve no âmbito social. O signo carrega em si o sentido ideológico da relação dialógica
entre o enunciador e o outro; sem, contudo, limar a relação estabelecida entre significante e
significado14. O dialogismo bakhtiano propõe, portanto, que o papel do outro se inclui e implica a
enunciação. Ou seja, a palavra “é determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como
pelo fato de que se dirige para alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do
locutor e do ouvinte” (BAKHTIN, 2002, p. 113).
A teoria bakhtiana instaura, desta forma, pelo menos dois pressupostos ao processo
de comunicação: a natureza ideológica do signo e o dialogismo da relação enunciador-ouvinte.
Ao transferirmos esta estrutura para o discurso televisivo atado às premissas da indústria cultural,
torna-se redundante explicitar o sentido da frase: “Na realidade, não são palavras o que
pronunciamos ou escutamos, mas verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes ou
triviais, agradáveis ou desagradáveis, etc. (...) É assim que compreendemos as palavras e
somente reagimos àquelas que despertam em nós ressonâncias ideológicas ou concernentes à
vida.” (BAKHTIN, 2002, p. 95).
A partir desta perspectiva, vale citar Sodré, em seu Discurso da Neobarbárie, onde
“fica bastante claro que a linguagem cria, mais do que reflete, a realidade” (1997, p. 116). Neste
texto, o autor alerta de que forma uma ideologia aceita pelo corpo social se propaga legitimando
o discurso hegemônico através da linguagem e universalizando valores e pontos de vista
particulares. O discurso da neobarbárie dita e comanda uma “direção cultural” (SODRÉ, 1997,
p. 166), criando uma universalidade ilusória. Mesmo que, neste ensaio, Sodré trate
12
“[...] a linguagem não é falada no vazio, mas numa situação histórica e social concreta no momento e no lugar da
atualização do enunciado” (BRAIT, 1997, p. 97).
13
Tema “é a expressão da situação histórica concreta em que se pronuncia o enunciado” (DIAS, 1997, p. 106).
14
“[...] a descodificação da forma lingüística não é o reconhecimento do sinal, mas a compreensão da palavra no
seu sentido particular, isto é, a apreensão da orientação no sentido da evolução e não do imobilismo” ( BAKHTIN,
2002, p. 94). E ainda, “[...] se concedermos um estatuto separado à forma lingüística vazia de ideologia, só
encontraremos sinais e não mais signos” ( BAKHTIN, 2002, p. 96).
9
15
“No significado da palavra ‘globalização’ está primeiramente implicada a idéia de ‘planetarização’,
etimologicamente advinda do grego plakso, que significa nivelamento ou aplastamento das diferenças” (SODRÉ,
1997, p. 116).
16
“Os sujeitos não ‘adquirem’ sua língua materna, é nela e por meio dela que ocorre a primeiro despertar da
consciência. O processo pelo qual a criança assimila sua língua materna é um processo de integração progressiva
da criança na comunicação verbal. À medida que essa integração se realiza, sua consciência é formada e adquire
seu conteúdo” (BAKHTIN, 2002, p. 108).
10
recursos explorados por esta argumentação constituem-se basicamente de plasmar uma presença20
através da repetição, da superlativização e da comparação. Além disso, também faz largo uso do
imperativo, que muitas vezes é carregado emocionalmente com um “nós”, onde o locutor se
inclui na ordem por ele mesmo proferida, identificando-se com o público.
É claro que o verbal da televisão é plenamente ancorado pelas imagens em
constante movimento. Tanto a imagem como o verbal televisivo exercem ampla autoridade sobre
o auditório através dos recursos elencados acima e por construir argumentos baseados em
situações de prestígio21, cujos efeitos desembocam em mais um padrão da indústria cultural: o
mimetismo.
Como já vimos, o mimetismo está intimamente ligado ao consumo. E na televisão,
torna-se vital que seja criado um estímulo à imitação para forjar o consumidor em série já que “o
sistema televisivo brasileiro foi implementado a partir dos anos 50 seguindo o modelo
americano, e, portanto, construído em íntima relação com a publicidade” (RAMOS, 1995, p.
44).
Ramos (1995) salienta que a seqüência da programação televisiva é
incessantemente interrompida pela publicidade. O espectador processa programas e comerciais ao
mesmo tempo, “trechos de narrativa se fundindo com comerciais e pedaços de filmes
anunciados nos intervalos, num processo confuso e ilógico” (RAMOS, 1995, p. 69). Dessa
maneira, vemos que o comercial contamina a narrativa, determinando os padrões dos produtos
ficcionais, ao mesmo tempo em que fragmenta o raciocínio do espectador.
A esta clivagem associa-se o ritmo acelerado da produção racionalizada da mídia.
As normas publicitárias que alinhavam este processo ditam segmentos curtos, rápidos e
excitantes o suficiente para manter o olhar atento do público. O tempo tecnológico e acelerado
quantifica e desqualifica, não só a produção, mas o cotidiano e, principalmente, a consciência do
espectador. Na auto-estrada da indústria cultural a televisão promove uma inércia em alta
velocidade22.
20
“E esse trabalho de plasmar uma presença se dá, de forma argumentativa, por meio de um uso consciente e
calculado do verbal, onde várias possibilidades evocadoras e mantenedoras da presença são exploradas” (ROCCO,
1989, p.60)
21
“Os atos de uma pessoa que goza de prestígio são amplamente reconhecidos a ponto de serem imitados
socialmente, quando não incorporados pelos auditórios como critério de valor e medida de julgamento” (ROCCO,
1989, p. 69).
22
“[...]progressiva dissociação do homem de seu tempo normal, cronológico, fisiológico, cósmico, e a sua
dependência e adesão – pelo menos parcial – ao tempo tecnológico e mecânico típico dos nossos dias” (RAMOS,
1995, p. 123)
12
2 PESQUISA DE CAMPO
12anos =06
alunos
13anos =27
alunos
14anos =19
alunos
15anos = 03
alunos
16anos =02
alunos
não revelou=01
aluno
23alunas
35alunos
Línguas, informática=07alunos
Teatro=01aluno
Outras =02alunos
Nenhuma =16alunos
Possuem=27
alunos
Nãopossuem
=31alunos
01aparelho=09alunos
02aparelhos =26alunos
03aparelhos =18alunos
04aparelhos =04alunos
05aparelhos =01aluno
Parabólica =17alunos
Cabo =11alunos
15
RedeGlobo=43respostas
23
Ao analisarmos este item em conjunto com o item 06 , percebemos que mesmo os possuidores de TV a cabo
preferem assistir canais abertos e mais especificamente à líder de audiência, rede Globo. Outras redes de televisão
como Record, MTV e SBT estão listadas por ordem de preferência.
16
(Questão 13) Você assiste a algum telejornal? Qual? O que mais chama sua
atenção nele?
Mais uma vez, tenta-se detectar a capacidade crítica dos entrevistados. Um total de
32 alunos assiste a pelo menos um telejornal. Seguem algumas respostas peculiares:
“Sim jornal nacional não me chama a atenção (nada)” (menino, 13 anos).
“Sim. Jornal nacional. A Fátima Bernardes” (menino, 13 anos).
“Sim, bom dia Brasil. A previsão do tempo.” (menino, 13 anos)
“O Ratinho, passa o que acontece no mundo e também vídeo incrivéis [sic]”
(menino, 15 anos).
26 jovens não assistem a nenhum telejornal. As justificativas encontradas são
simples: “não gosto”, “odeio”, “não”.
(Questão 14) Qual a propaganda veiculada na TV mais chama atenção
atualmente? Porquê?
Respostas quase unânimes apontam anúncios de cerveja como as mais chamativas.
Isso demonstra o quanto estes comerciais são acessíveis à faixas etárias “proibidas” de consumir
o produto, devido à linguagem lúdica e imediatamente atrativa que utilizam para construir seus
argumentos persuasivos.
Em segundo lugar, foram indicadas comerciais de automóveis e do desodorante
Axe, que apresenta um forte apelo erótico.
(Questão 15) Dos produtos que você comprou recentemente, ou que deseja
comprar, como soube da existência deles?
Neste item a influência da TV não se mostrou tão eficaz, já que a grande maioria
dos adolescentes alegou ficar sabendo dos produtos que quer consumir por meio dos amigos.
CONCLUSÃO
Parece redundante concluir fatos que falam por si. No entanto, é preciso esclarecer
alguns pontos. Trabalhamos com uma hipótese praticamente confirmada, no entanto esta pesquisa
também oferece a possibilidade de vislumbrar um antídoto que expurgue os efeitos perversos da
mídia televisiva.
18
REFERÊNCIAS
ADORNO, Theodor W. et al. A indústria cultural: o iluminismo como mistificação de massas. In:
LIMA, Luiz Costa (Org.). Teoria da cultura de massa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
BAKTHIN, Mikhail. A interação verbal. In: _______. Marxismo e filosofia da linguagem. São
Paulo: Annablume: Hucitec, 2002.
BAUDRILLARD, Jean. Significação da publicidade. In: LIMA, Luiz Costa (Org.). Teoria da
cultura de massa. Rio de Janeiro: Saga, 1969.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução. In: _______ et al.
Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
19
DIAS, Luiz Francisco. Significação e forma lingüística na visão de Bakhtin. In: BRAIT,
Beth(Org.). Bakhtin, dialogismo e construção de sentido. São Paulo: Unicamp, 1997.
HUXLEY, Aldous. Regresso ao admirável mundo novo. São Paulo: Hemus, 1959.
MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo. Rio de Janeiro: Forense,
1969.
RAMOS, José Mário Ortiz. Televisão, publicidade e cultura de massa. São Paulo: Vozes, 1995.
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Linguagem autoritária: televisão e persuasão. São Paulo:
Brasiliense, 1989.
SODRÉ, Muniz. O discurso da neobarbárie. In: MORAES, Denis de (Org.). Globalização, mídia
e cultura contemporânea. Rio de Janeiro: Letra Livre, 1997.