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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2 a Quinzena de Dezembro de 2009


Ano XXIX - No. 1077 Modesto, California
$1.50 / $40.00 Anual

Central Park, NY by José Ávila

www.portuguesetribune.com www.tribunaportuguesa.com portuguesetribune@sbcglobal.net


2 SEGUNDA PÁGINA 15 de Dezembro de 2009

Crónicas do Perrexil
Trim, trim, trim.... J. B. Castro Avila
EDITORIAL

E
Que ano foi este? u não sei qual é a vossa

O
experiência em relação a AT&T, o que era estranho. Telefonei não víamos há muitos anos.
que é que nos trouxe 2009? comunicar com o nosso e depois de um minuto tinha uma jo- Tivemos talvez uma hora a recordar
No que diz respeito ao Tribuna, foi um ano de Consulado em San Fran- vem técnica a falar comigo. coisas do passado, da nossa comu-
muitas coisas novas e boas - estamos na Inter- cisco via telefónica, desde que ele Em menos de três minutos o meu nidade, do jornal, mas a maioria do
net, no Twitter, no Facebook e fazemos o jornal implementou novas tecnologias de problema ficou resolvido. A isto cha- tempo falámos mais do presente e
num software mais moderno e com capacidades incríveis. ninguém atender os telefones. ma-se competência e respeito pelos do futuro. O João queria saber das
Também milhares de pessoas têm visto os nossos slidesho- clientes. novas tecnologias empregues no
ws de eventos ocorridos na California. Foi mesmo um bom A minha experiência tem sido muito Tribuna, queria saber se as pessoas
ano para nós. O Tribuna fez trinta anos a servir esta nossa má. Espero que isso só aconteça a João Brum tinham aderido a este novo projec-
comunidade que se estende de Arcata a San Diego. Com mim, porque se este mau serviço do
muito orgulho e sentido de responsabilidade. Consulado é para toda a gente, então
qualquer coisa está mal e tem de ser
Em termos de País e do Mundo, foi um ano triste, um ano modificada.
para esquecer. Milhões de pessoas perderam as suas casas, Vou-vos dar o ultimo exemplo que
os seus empregos, na maior crise económica dos nossos aconteceu comigo na Segunda-feira,
dias. Dias melhores virão, mas as dificuldades continua- dia 7 de Dezembro.
rão por algum tempo. Ligo para o Consulado, e depois de
ouvir dizer que linguas é que lá fa-
No lado positivo, tivemos a posse de um novo Presidente, lam, marquei uma extensão conheci-
carismático, inteligente e com uma agenda de mudança da. Recebi uma mensagem dizendo
para este nosso grande País. Também pela primeira vez que a pessoa estava de férias. Até
na história da América tivemos os primeiros passos para aqui tudo muito bem. Liguei outra
uma mais abrangente Reforma da Saude, que irá benef- extensao e ouvi uma voz dizendo
ciar aqueles que não têm seguros privados ou públicos de que estariam de greve no dia tantos
saúde. de tal de Setembro (???). Liguei para
outra pessoa e a voz disse que o Con-
No outro lado do Atlântico, temos Portugal a explodir de sulado estaria fechado no dia 8 de Um dos motivos que me levou ao to. Enfim, milhentas perguntas a que
incompreeensão (política) colectiva com uma partidarite Dezembro (Festa de Nossa Senhora Pico este ano foi ver e falar com o fomos respondendo o melhor que sa-
aguda a governar os eleitos do povo. A Assembleia da Re- da Conceição em Portugal). Decidi João Brum, fundador e primeiro edi- bíamos.
pública nestes últimos dias tem mostrado o pior dos políti- deixar uma mensagem. Até hoje, dia tor desta Tribuna Portuguesa, que na Sempre que vejo a primeira página
cos, que mais não são que “cucarachas falantes” de pouco 11 de Dezembro, não recebi nenhu- altura era mais conhecida pelo Por- deste jornal, tenho sempre na lem-
saber e de muita falta de educação. Entretanto, o povo por- ma mensagem do Consulado. tuguese Tribune. brança todos aqueles que por aqui
tuguês espera que os verdadeiros políticos possam fazer a Se isto não é mau, é péssimo. O Pico não me quiz receber de sol passaram, dando o seu melhor a esta
diferença nestes tempos de grandes dificuldades. aberto e foram dois dias de chuva a comunidade da California que é a
Para vos dar um exemplo do inver- valer, mas valeu a pena a volta à Ilha, nossa, e de que tanto nos orgulha-
Agradecemos aos nossos assinantes, colaboradores e pa- so, posso dizer-vos que ontem à as visitas ao museu da fábrica da ba- mos de pertencer.
trocinadores todo o auxílio prestado ao Tribuna. noite reparei que não tinha recebido leia, às Igrejas e nas Lajes lá encon-
Um bom Natal para todos vós. jose avila mensagens num dos meus emails do tramos o nosso amigo João, que já Boas Festas a todos!

Year XXX, Number 1077, Dec. 15, 2009


3
4 COLABORAÇÃO 15 de Dezembro de 2009

Da Música e dos Sons Do Pacifíco ao Atlântico

Nelson Ponta-Garça Rufino Vargas


npgproductions@gmail.com

Portugal,
País dos ± 3 F’S (X)
Para além da costumária trilogia Fado, Futebol e e reciprocidade de opiniões, trâmites que este jor-
Fátima, hoje incluo outro F respeitante à post mor- nal cumpriu, publicando a opinião da pessoa em
tem polémica autártica da Avoenga Vila das Lajes causa - Sara Santos, logo abaixo do artigo em epí-
do Pico. grafe. Quanto às lições de moral seria aconselhá-
Falatório. vel reflectir sobre o que o Mestre da Cristandade
Aqui no não sempre oceano Pacífico que banha este preconiza «grosso modo», quem não tem culpas no
grande Estado da Califórnia, que constitui parte cartório atire a primeira pedra, excusado será dizer
da décima ilha, alvo de mutações de toda a ordem, que ninguém o fez. As eleições autárquicas foram
particularmente no âmbito tecno-científico em que efectuadas e concluídas de forma democrática. Na
a inovação de hoje é considerada passé (obsoleta) mesma nota a referida Autarca cessante é criticada
no dia seguinte. Quando recebo os vários exempla- por usar a velha máxima “que a melhor defesa é o
res da imprensa escrita de diversa origem, os que ataque”. Este ensinamento que não é prerrogativa
merecem a minha atenção prioritária, são os pro- exclusiva do desporto, que eu pressuponho ser atri-
venientes das Ilhas dos Açores, que representam a buído ao maior estratega Prussiano do século XVIII
minha Pátria. A minha principal preocupação é de - Claus Von Clausewitz, contemporânio de um dos
ler e ponderar sobre a realidade do quotidiano insu- maiores ditadores da história Portuguesa, o “Mar-
lar independentemente do preconceito Ilha, alme- quês de Pombal”. Eu pessoalmente empreguei esta
jando o paradigma homogénico lendário do Con- táctica, sempre que possível, com resultados positi-
tinente Atlântida da antiguidade. A raison d’être vos durante a minha comissão militar em Moçam-
deste artigo é o meu desacordo ao timbre atribuído bique, desencadeando operações à noite, utilizando
ao artigo intitulado “Nota da Redacção” publica- o factor surpresa, método contraposto à estratégia
da na edição de «o Dever» de 5 de Novembro de convencional que era desenvolver toda e qualquer
2009. O articulista afirma. “Não aceitamos que o actividade militar única e exclusivamente durante o
Jornal «O Dever» fique conotado com o PS, nem dia. É tempo de pormos termo às guerrilhas inter-
admitimos lições de moral mas receamos que Sara partidárias e concentrar os nossos esforços em ser-
Santos tenha aberto, de vez, a “Caixa de Pandora”. vir o povo. A nossa Pátria é Os Açores.
Eu acho que a democracia demanda transparência
COLABORAÇÃO 5

Muito Bons Somos Nós


Num Doçe Balanço,
Joel Neto
neto.joel@gmail.com
a Caminho do Mar
C
omo se já não bastas- Não são apenas as mulheres a ra, corresponder às necessidades Rita, Maitê Proença (sim, Maitê leiras foram os nossos anos 60:
sem os gays, agora te- desdenhar do que vem do Bra- do senhor, ajudar na iniciação do Proença), Camila Pitanga, Julia- a nossa revolução sexual, a nossa
mos as brasileiras. To- sil, diga-se. Para muitos de nós, menino – e depois ir parir longe, na Paes. Estas todas e, aliás, uma libertação estética, a nossa de-
das os meses, e esteja o brasileiro é o português que re- a desavergonhada. série de outras que me interessa- mocratização do quotidiano.
eu em Lisboa ou nos Açores, no laxou e saiu para sambar. Pensa- Pois eu, que li o Érico e ouvi o riam sobretudo por razões físicas, Não fossem as novelas brasileiras
Minho ou no Alentejo, ouço uma mo-lo nós, os detentores da mais Chico, que me ri com o Jô e dan- portanto não intelectuais. e, provavelmente, a depilação do
mulher portuguesa, a propósito frágil economia europeia, sobre cei com a bateria do Salgueiro, Casaria eu e casará, com total buço teria demorado ainda mais
de um filho, de um vizinho ou eles, os protagonistas de uma que fiz amigos em Porto Alegre apoio do pai, um filho meu, se a implantar-se entre as portugue-
(sobretudo) de um pretendente das economias mais fulgurantes e me apaixonei em São Paulo – assim o entender. Mesmo sendo sas. De resto, há brasileiras que
involuntário, ter um desabafo do do mundo: o brasileiro é o por- eu sei demasiado do Brasil e dos açoriano, sempre fui muito bem vêm para Portugal trabalhar como
acolhido aqui, neste vosso país – prostitutas? Pois ainda bem. Só
... há brasileiras que vêm para Portugal trabalhar como prostitutas? Pois ainda bem. e nada terei contra um casamen- vieram trazer savoir faire, perfu-
Só vieram trazer savoir faire, perfume e dignidade à profissão. Tanto quanto me pa- to com uma nativa, tentação em me e dignidade à profissão. Tanto
que eu próprio já caí. Mas há algo quanto me parece, não são as bra-
rece, não são as brasileiras que andam pelos semáforos e pelas rotundas deste país, numa brasileira bonita que me sileiras que andam pelos semáfo-
caçando camionistas em troca de uns cobres para a dose seguinte. encanta. Talvez seja apenas o so- ros e pelas rotundas deste país,
taque, mas o mais provável é que caçando camionistas em troca de
género: “Eu não sou nada xenó- tuguês que fracassou na vida. O brasileiros para embarcar nessa seja o facto de quase todas elas uns cobres para a dose seguinte.
foba. Juro. Mas, caramba, ele vai país que construiu, e que nós tão conversa dos manhosos e das ar- parecerem saídas de uma daque- Pelo contrário, e depois de tantos
casar com uma brasileira… Com bem conhecemos durante aquela rivistas. Dizer que todos os bra- las telenovelas que me povoaram anos de neo-realismo, o mercado
uma brasileira!” Para uma certa semana e meia que passámos em sileiros são aldrabões e todas as a adolescência. Más, as novelas está agora novamente bem servi-
categoria de portuguesas, mais Porto de Galinhas, é uma coisa brasileiras levianas é o mesmo brasileiras? Pelo amor de Deus: do de cortesãs, o que não deixa de
valia que os filhos, os vizinhos e sem rei nem roque, manhosa e que dizer que todos os portugue- as novelas brasileiras puseram ser um conforto para muita gente.
os ex-futuros maridos casassem cheia de segundas intenções – e ses emigrados no Brasil são pa- frente a frente os ricos e os po- No mais, e para um jovem portu-
com uma boneca insuflável, uma ele próprio, naturalmente, é as- deiros e se chamam Seu Manoel bres (e depois misturaram-nos); guês em idade de casar encontrar
ovelha ou mesmo uma abóbora, sim também: vigarista e falinhas e que todas as portuguesas emi- puseram frente a frente o homem galdérias fatelas, não é preciso ir
para citar apenas as heroínas ro- mansas, preguiçoso e ladrão de gradas em França são porteiras e a mulher (e depois explicaram- ao Brasil: basta ir às personagens
mânticas de Saramago. Brasilei- bancos. Se for futebolista, claro, e se chamam Madame Silvá. E, lhes que não havia uma forma só de muitas telenovelas portugue-
ras é que não. São todas levianas, pode jogar na selecção portugue- assim de repente, lembro-me de de misturá-los); puseram frente ses – e, provavelmente, bastará,
vêm todas à procura de dinhei- sa. Mas com o mesmo estatuto umas quatro ou cinco brasileiras a frente a obrigação e a diversão dentro de alguns anos, ir às ra-
ro – e, se o casamento der para que, antigamente, tinham as cria- com quem me casaria sem pes- (e depois mostraram-nos que era parigas autorizadas pelos pais a
o torto, de bom grado passarão a das trazidas da província: gente tanejar (se não fosse já casado, possível elas coexistirem sem se assistir diariamente àquelas pa-
dedicar-se à má vida. para lavar os paninhos da senho- isto é): Gisele Bündchen, Maria misturarem). As novelas brasi- radas de maus costumes.

Crónicas Terceirenses

As Titias Victor Rui Dores


victor.dores@sapo.pt

O
pêndulo do relógio de parede chocolates pelo Natal e mais amêndoas doras, optaram conscientemente pela vida meu irmão, subindo para um banquinho,
marca, no seu compassado “tic- pela Páscoa. Como poderia eu resistir à de solteiras. Ficaram para tias, apesar das cantava com uma seriedade que me espan-
tac”, a monotonia da sala… intimidade das tias? Atraía-me o ambiente paixões avassaladoras que ambas, quan- tava:
Estou na velha casa solarenga tépido daquela casa… do jovens, conheceram. Amaram e foram O vos omnes, o vos omnes
que, outrora, pertenceu às minhas tias Ali- As titias sobreviviam de pensões e ren- amadas e viveram momentos de suprema Qui transistis per viam
ce e Leopoldina – referências envolventes das. Alugavam quartos a professoras do felicidade. A tia Alice, com um alferes do Atendite et videte…
no meu imaginário afectivo. ensino primário, fornecendo-lhes cama e exército; a tia Leopoldina, com um caixei- E, assim que chegava ao videte, o meu ir-
As minhas tias viviam, solteiríssimas, roupa lavada. As professoras tornavam- ro viajante… mão, de véu de baeta roxa caída pela cara
nesta casa por onde deambulavam, sus- Quando chegava a Páscoa, as abaixo, desenrolava aquele santo sudário
pensas e remotas. Guardadoras de me- tias faziam questão que eu e o quadradinho e o povo ajoelhava-se, com a
mórias, afagavam gatinhos, cultivavam meu irmão fossemos as Marias gravidade que as circunstâncias exigiam.
ternura e plantas. Desfalecidas no cansaço do Pé da Cruz. Vestiam-me de Eu, de olhos semi-cerrados, respondia
do ócio, passavam as tardes a costurar e a “Maria” e trajavam o meu ir- com um acanhado Domine Salvator nos-
ler romances de Júlio Dinis, Camilo Cas- mão José de “Verónica”. A gen- ter! E prosseguíamos, em cortejo lento e
telo Branco, Alexandre Dumas e Max du te finava-se a rir quando se via lúgubre, pelas ruas da vila.
Veuzit, livros que as transportavam para ao espelho, ante a reprovação Terminada a procissão, eu corria para casa
mundos sonhados, imaginados e pressen- benevolente das tias. Sabíamos das tias que me aguardavam com o sorriso
tidos… À noite rezavam o terço em frente que o Luciano, o Peixe-Rei e de um merecido cartucho de amêndoas…
de um oratório… outros cegões da Barra iam fa-
Foram elas que me ensinaram a ler, a con- zer troça de nós… Mas as tias
tar e a desenhar e foram elas que contri- preparavam-nos para esses e
buíram, decisivamente, para o desenvol- outros incidentes de somenos
vimento da minha líbido… Delas recebi importância. E caprichavam,
sabedoria, afectos, bolos frescos e inespe- durante dias, na costura das
rados afagos… Chamavam-me Menino Je- vestimentas, não dando des-
sus e beijavam-me, com piedosa devoção, canso à velha Singer. Ajuda-
os pezinhos e as rosquinhas das coxas do vam-nos a aprender a melodia
bebé que eu fui. Anos mais tarde, já es- do vos omnes e a decorar o
pigadote, punham elas (com imaginação latinório… E ensaiavam toda a
maliciosa) beijos devotos na minha “bli- movimentação cénica.
quinha”… Na tarde de mormaço da Sex-
Eu partilhava com as minhas tias os seus ta Feira Santa, as titias davam
mundos amarelecidos de pétalas e suspi- os últimos retoques. O meu ir-
ros, de solidão e apelos, de cortinados e mão José e eu, de azul e roxo
pó de arroz. Faziam-me biscoitinhos, tro- vestidos, lá íamos, compene-
cavam segredinhos brejeiros (ao notarem se primas entre si, sobrinhas entre elas; o trados, a fazer o nosso papel, tropeçando,
que a minha voz entretanto engrossara) e jogo cumpria-se até à ambiguidade, até ao de quando em vez, nas nossas saias com-
obrigavam-me a beber copinhos de anis… fingimento ser real; a vida, os sentimentos pridas, apesar de enroladas no cós. Acom-
Perspicazes, prudentes, conselheirais, ze- abriam-se, as doenças de cada uma passa- panhados de homens, mulheres e crianças,
lavam por mim, apaparicavam-me. Meu vam-lhes pelas mãos, as dificuldades, os dispostos em duas alas, caminhávamos em
pai bem que me avisava: desgostos, as emoções faziam-se comuns. fervorosa prece, num silêncio de passos
-Eh, rapazinho, deixa lá as saias das tias! Ah, as minhas titis Alice e Leopoldina, abafados e tosses secas.
Mas eu era o “ai-jesus” delas. Em relação de peles macias que cheiravam a flores e a Nos sítios previamente combinados, nós,
aos meus irmãos, era eu quem recebia mais sabonete Mikado… Libertárias e desafia- as “Marias”, fazíamos uma paragem e o
6 COLABORAÇÃO 15 de Dezembro de 2009

CASAL OFERECE-SE PARA TRABALHAR


em limpesas, quer em casas particulares
ou em escritórios.
Contactar 209-664-0352
COLABORAÇÃO 7

Sapatinho da Paz
Rasgos d’Alma
Luciano Cardoso
lucianoac@comcast.net

C
apaz do melhor e do pior, do ge- der e a apagar. E a esquecer. idolatrar-se. Trazem o rei na barriga e só porque
nial ao abismal, a natureza hu- Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos vêem o bico luzidio do seu umbigo a esti- A paz não se apregoa.
mana surpreende-nos dia a dia. ignorar. car. O juízo que lhes resta não lhes dá para A paz semeia-se…
Fascina-nos ano após ano. Há conflitos a mais neste pestilento plane- mais. Incapazes de reconhecerem as suas não com bocas, punhos e punhaladas,
A história testemunha-nos. O futuro intri- ta que habitamos. próprias limitações, julgam-se deuses. Ou nem com a ponta de línguas afiadas.
ga-nos. Ainda se vivessemos num paradisíaco preferem adular o deus errado. A paz não se negoceia.
A realidade nua e crua da situação actual é mundo de fadas. Deus não erra. A paz conquista-se…
deveras enervante. Não tenhamos ilusões. Sem bombas, metrelhadoras ou canhões,

I
Ninguem pode ignorar a crise. É histórica. Tudo seria bem mais fácil. Nem a destruição de povoados ou
É global. Mas vivemos num paradoxal mundo de ludi-me eu por breves instantes ao populações.
É local. Bate-nos à porta a cada instante. fado, de dor, desilusão, desigualdade. pretender poetizar-vos auspiciosas Em paz não se repousa.
Sensibiliza-nos a todo o momento. A miséria alastra-se. A injustiça impõe-se. boas-festas com votos adornados num Em paz trabalha-se…
Basta olharmos lá para fora. Faz um frio A guerrilha comanda. sapatinho de muita paz. Fui incapaz. a toda a hora, todo o dia, todo o instante,
arrepiante. O agasalho escasseia. O man- A guerra é que manda. Não sou poeta. ou não fosse a paz um esforço constante.
timento diminui. A resposta encolhe-se. A “Paz na terra aos homens de boa vontade” Aqui fica o rascunho. Em paz não se amortalha.
alma condói-se. soa bem mas cheira mal à voraz apetência Em paz liberta-se…
Dá sempre a impressão nitida que muito humana pelo intruso abuso das armas. A paz, mesmo quem cai, se quando cai se
mais se poderia fazer em prol da tão apre- “Amor ao próximo como a nós mesmos” alevanta.
goada harmonia universal angelicamente não passa duma rósea utopia bíblica que o reciclada nos bidões da porca miséria Ou não fosse de paz este esboço
encenada há dois mil e tal anos no interior dócil Menino sugeriu a seu tempo com a que nos rodeia
da mágica gruta de Belém. melhor das intenções mas o vil cinismo da não existe. E persiste poético-natalício
O Natal ajuda. Só por si, todavia, não re- laica humanidade teima em rejeitar como apregoada nos sermões da doce homilia que me atrapalha
solve. O calor humano esmera-se apenas lema libertador. que nos encanta. ao libertar-me o reles nó da garganta.
por uns dias. A magia do presépio não dura A liberdade não existe. Negociada nos círculos podres da politica
mais do que umas horas. Os anos passam. O homem bem que tenta iludir-se mas con- que nos explora,
A história repete-se. A mensagem dilui-se tinua a escravizar-se. é triste. E insiste
por entre luzinhas e mais luzinhas a acen- Pior ainda, há homens demais a quererem em inchar-me o nó que trago na garganta
8 COLABORAÇÃO 15 de Dezembro de 2009

Natal
Sabor Tropical
Elen de Moraes
elendemoraes_rj@globo.com
Imagens, sons, memórias e emoções

A
mente é fabulosa por guardar fumes de infância e do colo de mãe; sa- as lembranças dos Natais passados. Pro- as crianças crescem e vão embora, novas
e catalogar tantas informa- bor de peru recheado com farofa de frutas; curo otimismo e motivos de alegrias nos famílias são formadas, nós envelhecemos,
ções, imagens, sons, memórias gostinho de chocolate, tortas de morango de agora e mesmo que a nostalgia invada a vida segue seu curso e tudo se renova...
e emoções, de uma forma tão com chantilly e rabanadas; farfalhar aba- minhas noites festivas, pelos entes queri- Então me esforço para que meus Natais
bem organizada que fica impossível não fado dos papeis de presentes; cores de fitas dos, amigos e amores que já não estão co- presentes sejam bons, porque daqui a al-
reconhecer Deus em tanta perfeição. verdes, vermelhas e douradas, cheirinho migo, afugento-a e busco novas imagens, guns anos, se tiver a graça de viver até lá,
Quando algo nos vem à lembrança, um de roupa nova e a claridade difusa das pe- fotografo novas situações e pessoas e as quero me sentir feliz em revivê-los, mes-
maravilhoso arquivo se abre e surgem da- queninas luzes coloridas que piscam ao arquivo no banco de dados das minhas mo que as circunstâncias me obriguem vez
dos que desfilam em nossa mente numa ritmo das batidas do coração e do sorriso melhores memórias e emoções, porque ou outra, a estar sozinha.
velocidade incrível e em frações de segun- das crianças. se prestarmos atenção ao tempo, veremos Feliz Natal e um Novo Ano cheio de
dos afloram à nossa consciência todas as Lembranças gostosas de todos os Natais. que, independente da nossa vontade, bênçãos!
sensações que se referem àqueles momen- Nada que o dinheiro possa comprar, por-
tos. Sem que consigamos detê-las, como que não é o luxo dos ambientes, o valor
num filme acelerado, as imagens vão se dos enfeites, dos presentes e das comidas
desenrolando até nos fixarmos naque- que fazem do Natal uma noite de paz, uma
las que se congelam e que, independente noite feliz e, sim, o amor que é trocado,
da nossa vontade, são escolhidas, talvez, o carinho verdadeiro e recíproco e toda
por tocarem mais intensamente as nossas atenção e respeito concedidos às crianças.
emoções, sobre as quais repousam os nos- Sabemos que nem sempre os brinquedos
sos doces ou amargos sentimentos. mais caros são os mais estimados por elas:
E é assim que nesta época de fim de ano aqueles que criam vida e podem ser manu-
meus instantes felizes emergem, trazen- seados, que fazem parte do imaginário do
do-me, com o mês de Dezembro que tanto seu mundo encantado são os mais aprecia-
amo, as suas cores e cheiros e a cidade en- dos, por causa das suas fantasias ingênuas
feitada de luzes, papais-noéis e anjos. e infantis.
Dezembro. Natal. Mês de confraterniza- Fantasias infantis me reportam à minha
ção, de esperanças, de novos projetos, da primeira boneca de tamanho e bem pareci-
maior comemoração Cristã, com gentes da com um bebê. Eu era só felicidade com
mais afetivas, sorridentes e solidárias e até ela no meu colo, na noite de Natal. No dia
quem não aceita Jesus Cristo como o Filho seguinte, hora do banho, tranquei-me no
de Deus, se veste de “boa vontade” e entra banheiro e coloquei-a numa pequena ba-
no clima festivo. cia. Fui lavando, lavando... e assustada vi
Emocionalmente, o Natal é uma festa im- “minha filha” se desmanchar, aos poucos.
portante e o seu significado vai além do Sabia que tinha feito uma “arte”, porque
seu aspecto religioso. Este período nos mamãe me havia dito para não molhá-la.
traz recordações dos tempos marcantes da Como não entendi aquela recomendação,
nossa vida, uns alegres, outros nem tanto, fui em frente, porém, depois do desastre,
mas que continuam no nosso consciente. fiquei de boca fechada e quando ela quis
É, sem dúvida, na nossa infância que fi- saber se eu estava feliz com meu presen-
cam as marcas mais significativas, que nos te, tive que lhe contar a verdade. Chora-
afloram nesta época e influenciam o nosso mos juntas, abraçadas, e ela prometeu que
estado de espírito. escreveria para o papai Noel. Dito, feito!
O último mês do ano chega-me sempre em “Ele” me trouxe outra, igual à primeira,
ritmo de grande contentamento e, junto, os dias depois.
aromas de cravo, canela e baunilha; per- Entretanto, não vivo Dezembro só com

Ao Sabor do Vento
José Raposo
Para os Homems
raposo5@comcast.net de Boa Vontade

A
cabei agora mesmo oferta e a aceitamos. Depois co- à procura de petróleo ou para ver porque poderia ir ao “city hall” e nossos haveres até que compras-
de falar com a minha meçaram as papeladas. “Disclo- se as merdas das galinhas e das num dia ma davam. Diz, em se- semos casa. Eu disse que sim
amiga Elen que me sures” e mais “disclosures”. Te- pombas tinham contaminado o guida, que tenho que mudar 50% mas, que teria de telefonar para
lembrou que eu de- nho de dar muito crédito à minha lençol de água, pois tenho uma das luzes para fluorescentes. Se a cidade, porque talvez fosse
veria escrever meu artigo sobre o mulher que foi quem lidou com a nascente na propriedade. Teve bem que desde que tenho a mi- preciso uma licença para colocar
Natal. Ela por vezes é mais chata agente de vendas e eu só assinei que vir um engenheiro para ver nha cadela de fila, nunca mais li- os contentores na rua. Por sim
do que as coisas chatas... Abor- onde ela me disse para assinar. se não havia perigo de desmono- guei o alarme ao qual está ligado ou por não, telefono para o “city
reci-me logo, porque é um tema Depois da oferta aceite, apresen- ramento. Eu já estava quase a di- um alarme de incêndio, que por hall” e depois de ter falado com
muito difícl para mim e já disse tam-nos uma quantidade de coisas zer que não queria vender a casa. sua vez está ligado a uma central, não sei quantos empregados e
que o espirito de Natal deveria que os compradores queriam que Tive que arrancar uma nespereira o homenzinho me diz que tenho deixado mensagens em secretá-
reinar todos os dias e não só uma eu fizesse: algumas das calhas de- para levar comigo, porque depois que ter um alarme de incêndio rias electrónicas, uma senhora
vez por ano. Portanto, vou-me li- veriam ser amanhadas; o esgosto do contracto assinado tudo o que em cada quarto de cama, espe- de voz muito meiga me chamou
mitar a desejar um Feliz Natal a debaixo da casa, teria que tirar a estiver no solo eu não posso re- cialmente porque as pessoas dor- e disse que eu precisava um “per-

P
todos e que o Ano Novo seja mui- bomba que eu instalei e fazer um tirar. mem com as portas fechadas. Os mit” para os contentores estarem
to próspero. esgoto à francesa, mais conheci- or fim, vem o inspec- portões da propriedade têm que na rua e que seriam 244 dolares.
Durante os últimos 23 anos, a do por “ French drain”; queriam tor da cidade e aí é que ter umas molas especiais para Eu fiquei furioso e disse:
noite de Natal tem sido quase que eu fizesse parede nova na la- a porca torceu o rabo. fecharem automáticamente. A - Tenho que pagar 244 dolares
sempre passada na nossa casa, reira por causa de umas pequenas Há uns 5 anos remode- porta de casa para a garagem tem para você e outros malandros
com a maior parte da família. rachas. Eu disse que coloquei a lamos a cozinha e se bem que que ter o mesmo tipo de mola. como você estarem a dar à perna
Este ano será diferente pois que casa no mercado pelo preço que fizemos tudo de acordo com os ou aquecendo o cú nas cadeiras?
tudo indica que temos a nossa coloquei, porque sabia que tinha regulamentos, haviam-me dito Quando pensava eu que tinha Claro que não tive resposta. No
casa vendida e por bom preço. Se algo que deveria ser arranjado. O que desde que não alterássemos estas coisas todas em ordem, entanto, pensei que para alguns
bem que fizéssemos uma oferta preço é esse e só arranjarei o que paredes, não era preciso licença. chama-me o “real state agente” e políticos e pessoas que fazem leis
noutra para comprar, o contracto eu havia começado e que ainda Tirei licença para instalar jane- pergunta-me:- “Are the toilets dessas, que os leve o diabo e que
ainda não está fechado. não terminei. Concordamos e eu las, para instalar o ar condiciona- on your house low flow?” haja paz na terra para os homens
Então resolvi escrever sobre as pensei que me havia livrado des- do e outras coisas mais. Durante Eu disse: Quais toiletes? Quando de boa vontade.
peripécias de vender uma casa. sa e que não teria mais problema a procura dessa papelada toda me dá a vontade, vou ao fundo
Eu detesto ler papelada e, embo- algum. até encontrei a licença do depar- do quintal, faço como o Bocage e
ra não me considere velho, sou Vêm em seguida as inpecções. tamento da agricultura para que viro a cara para a parede...
ainda do tempo em que se fazia Inspeções de termitas, da pisci- eu pudesse trazer canários legal- Minha mulher, começou a res-
um contracto com a palavra, um na, do terreno, etc. etc.. Imagi- mente de São Miguel. mungar pelo lado, que eu era um
aperto de mão e pronto. nem que fizeram furos no quintal Diz-me o inspector que eu deve- malcriato, etc., etc., e pergunta-
Logo no primeiro dia que a casa para testarem a qualidade do solo ria ter tirado licença para a cozi- me se eu já tinha encomendado
foi para a internet tivemos uma e eu pensei que talvez estivessem nha, mas que não era problema os contentores para colocar os
COLABORAÇÃO 9

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10 COLABORAÇÃO 15 de Dezembro de 2009

Reflexos do Dia–a–Dia
Em 2009 perdemos
Diniz Borges
d.borges@comcast.net
algumas figuras emblemáticas

E
stamos à beira de mais rança duma mudança no mundo. lando os centavos que devem cair dos Representantes, sob a hábil Se é que há professores que ainda
uma viragem no ca- Celebrou-se o fim de oito anos de nas mãos dos trabalhadores. Há direcção da Congressista Nancy lêem além das histórias da ca-
lendário gregoriano. cinismo, de assaltos às liberdades que lutar pela justiça social. Pelosi, aprovou legislação extre- rochinha?! Em Agosto Corazon
Passaremos, em breve, individuais, do empobrecimento No campo da paz, apesar de mamente importante. Estamos, Aquino, presidente das Filipinas
para o ano 2010 da Era Comum, o da classe média, das torturas ile- não ser um pacifista tradicional, como se sabe, com alguns impas- que mudou o rosto a este sofrido
nono ano do terceiro milénio e do gais e das guerras desnecessárias acredito sim no poder da paz, do ses no Senado, onde os milioná- arquipélago do Pacífico; Euni-
século XXI e o décimo e último e imorais. E viver esse momento diálogo, do respeito mútuo e da rios daquele órgão legislativo es- ce Kennedy Shriver, da famosa
ano desta década. No calendário com os meus dois filhotes (que diplomacia, daí que entristeço tão verdadeiramente desgrudados família Kennedy, que fundou os
chinês, celebrou-se o ano do boi. apesar da idade serão sempre nos por termos continuado com duas do resto do mundo. Mas acredito jogos olímpicos para deficientes e
As Nações Unidas, através das meus olhos aqueles meninos pe- guerras. Se é verdade que no Ira- que, apesar de não termos a re- Edward (Ted) Kennedy, o leão do
suas várias agências, decretaram- quenos e desprotegidos) foi uma que estamos com um processo de estruturação que precisamos e Senado, o padrinho do liberalis-
no como o ano Internacional da satisfação dupla. É que apesar de retirada, a verdade é que perma- merecemos, teremos algo signifi- mo americano, o mais influente
Astronomia, das Fibras Naturais, carreiras muito diferentes, am- neceremos neste país por muitos cativo que melhorará um sistema legislador americano da minha
bos escolheram o mais anos. E no Afeganistão, que está quebrado e corrompido geração.
serviço publico. E acabamos de ouvir o Presidente pelos milhões
ambos, graças aos Obama anunciar a colocação de das seguradoras.
deuses, têm um for- mais 30mil soldados america- Basta relembrar
te sentido de justiça nos. Lamento, profundamente, que desde que o
social. E ambos, esta decisão, porque vai roubar processo come-
com o velhote pelo mais vidas americanas e afegãs. çou a ser debatido
meio, viveram ju- Lamento que, para que tenhamos em Washington, a
bilosamente este uma retirada a partir de meados meados do verão
dia. Estarmos em de 2011, tenhamos que matar e de 2009, as com-
Washington, num mandar matar mais gente. Bem panhias de segu-
dia frio, mas cheio sei que desde sempre Barack ro começaram a
de calor humano, Obama disse (na sua campanha) gastar cerca de
e vivermos na sua que era necessário orquestrar-se um milhão de dó-
plenitude este mo- um Afeganistão coerente e pa- lares por dia para
mento ímpar na his- cifico, mas acho que esta é uma derrotar qualquer
tória deste grande decisão que trará ainda mais dis- modificação.
país, foi extrema- sabores para os Estados Unidos.
mente gratificante Penso que no século XXI temos
e só por isso valeu que aprender a utilizar as nossas Ted Kennedy

E
a pena viver este forças armadas de uma forma di-
ano de 2009, parti- ferente. Sou apoiante deste Pre- m 2009 perdemos algu- O ano que termina, foi ainda, in-
Walter Cronkite
cularmente quando sidente, sempre fui, mas isso não mas figuras emblemá- felizmente, minado, em termos
no primeiro dia do seu mandato significa que quando discordar ticas do nosso mundo políticos, por uma clima verda-
da Reconciliação, da Aprendiza- o Presidente deu ordens para co- com ele não serei o seu mais se- pelas quais nutria ( e deiramente vil. Desde os famo-
gem sobre os Direitos Humanos, meçar o processo que fecharia a vero critico. Quem não acreditar sempre nutrirei) grande afinida- sos comícios pelos chazeiros (os
e o ano Internacional do Gorila. vergonha deste país: a prisão de que leia um livro que publiquei de. Em Janeiro o escritor ame- Tea Parties), aos movimentos re-
Estas efemérides são sempre es- Guantanamo. na Salamandra em Lisboa com o ricano John Updike, nascido em accionários promovidos pela Fox
paços privilegiados para a refle- Mas o ano foi também marcado título: Uma Outra América: Tex- 1932 e cujos livros me ensinaram News. Foi ainda o ano em que
xão. Aliás, a comunicação social por uma amalgama a ser mais humano e o actor me- recebi, infelizmente vindos de
aproveita esta viragem anual de outros eventos xicano-americano Ricardo Mon- portugueses e luso-americanos, o
para nos relembrar o que houve que me tocaram. talbán que na minha juventude mais elevado número de e-mails
de bom e de mau ao longo do ano Em termos eco- fez parte das séries e cinemas repugnantes sobre um presidente
que agora termina. Desejo fazer nómicos foi duro que me fizeram companhia. Em americano. É que apesar de Ge-
o mesmo. Utilizarei este espaço ver o índice do Junho Michael Jackson, um can- orge W. Bush ter sido utilizado
para ponderar os acontecimentos desemprego subir. tor da minha geração que apesar como tema de vários e-mails, al-
que mais me marcaram ao longo É que na frieza de não ser dos meus preferidos guns com piada, outros também
de 2009. dos números está marcou a música pop do meu cheios de maleficência, nestes
Bem sabemos que foi um ano a crueldade desta tempo, deste nosso tempo, tendo últimos 10 meses recebi mais e-
cheio de notícias. Aqui nos Es- crise: milhares de ainda hoje no meu ipod alguns mails a denegrirem na imagem
tados Unidos, apesar de conti- homens e mulheres dos seus clássicos. Robert Mc- do Presidente Barack Obama do
nuarmos a viver a pior recessão de se mprega dos. Namara, antigo secretário da de- que ao longo dos 8 anos da presi-
económica desde a grande de- Muitos estão à bei- fesa dos Estados Unidos e o gran- dência de Bush II. E em termos
pressão, o ano começou com uma ra do desespero. de responsável pelas políticas da de atrocidade, não há comparação
verdadeira aura de esperança e Nenhum ser hu- guerra do Vietname, pecado que possível. Tenho pena de terminar
tive a colossal oportunidade de mano deveria ser jamais lhe deveria ser perdoado; 2009, este ano histórico, sabendo
a viver: a cerimónia de tomada reduzido à tristeza Walter Cronkite, a figura das no- que há por aí tanta gente nossa ra-
de posse do Presidente Barack e à pequenez do John Updike tícias da CBS que diariamente vi cista e retrógrada. Como escre-
Obama. Com os meus dois re- desemprego. Na terra mais rica durante quase três décadas. Um veu Miguel Torga, cujos diários
bentos (ambos já homens feitos), do mundo, nenhum ser humano tos do real e do Utópico, em que verdadeiro senhor do jornalismo ando a reler: é uma dor de alma
estive em Washington DC, e ao deveria ser sujeito à impiedade de como apoiante de Bill Clinton fui televisivo. Com Walter Cronkite ver uma terra bonita como esta a
lado de mais de dois milhões de não ter o suficiente para sustentar um dos críticos mais implacáveis vi e comecei a tentar entender o servir de cenário a tanta coisa (ao
americanos vivi este momento a sua família. Esta administração quando ele abandonou as classes mundo. Ainda no mesmo mês de que acrescento gente) feia.
histórico para os Estados Uni- tem que melhorar esta trágica si- mais desfavorecidas. Julho faleceu o escritor Frank Mc-
dos e para o mundo. Foi um dos tuação através de mais oportuni- Em política nacional americana Court, cujo livro Angela’s Ashes
momentos mais significativos do dades para o cidadão em comum foi um ano saliente para a re- devorei em três noites seguidas.
meu pobre e inábil meio século e nunca através de mais benesses estruturação da saúde publica Um clássico que nos conta a po-
de existência. Ao lado de muita para o grande capital. Está mais americana. É verdade que nada breza e o desespero da Irlanda. O
gente, a maioria afro-americana, do que provado que a teoria do ainda está feito, mas tudo indica seu livro Teacher Man, deveria
revivi o sofrimento dum povo, “trickle down economics” ape- que o que se começou em 2009 ser leitura obrigatória para quem
a renascença dum país, a espe- nas beneficia quem está contro- terá fruição em 2010. A Câmara vai para o ensino aqui nos EUA.
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COLABORAÇÃO 13

Impacto da colheita
Temas de Agropecuária
Egídio Almeida
egidioisilda@charter.net de milho super amadurecido

Impacto da colheita do milho su- razão é porque o grão neste ponto está mais pelo seu cabaz de compras no futuro. ragem nos padrões de energias renováveis
per amadurecido na produção do completamente desenvolvido e a perda de “The Congressional Budget Office” cal- devido à evidência que possuiam de que,
leite e na saúde das vacas nutrientes é mais alta em milho ensilado a culou que entre Abril de 2007 e Abril de etanol do milho estava causando mais es-

A
mais altos graus de mistura. Milho colhido 2008, o crescimento do uso de etanol re- tragos do que benefícios ao meio ambiente.
pedido dos produtores do mi- e ensilado a mais baixas pecentagens de sultou num aumento de 10 a 15% no preço Há alguma razão para duvidar do futuro
lho, o “Northern New York mistura tem mais valor nutritivo e em tur- dos bens alimentares. Quer isto dizer que de etanol de cereais? Altos preços pelos
Agricultural Development no vem poupar dinheiro na compra directa os americanos pagaram entre $5.5 e $8.8 alimentos seria uma delas.
Program” está avaliando o de outros cereais, porque o milho grão é milhões mais pelos seus alimentos durante
impacto do milho colhido super maduro considerado a chave guia de preços para o período de 12 meses.
no sistema digestivo das vacas, saude em outros importantes cereais. Mas neste momento e que mais parece um
geral e eficiência na produção de leite. Os Estas são algumas das razões porque mi- paradoxo, a comunidade científica está
altos custos dos cereais, particularmente lhos para ensilagem por todos os Estados completamente dividida, debatendo-se, se
farinhas do milho nos últimos anos, e con- Unidos apresentam uma cor mais madura estamos ou não a ganhar terreno ambien-
dições atmosféricas causando atraso nas e também o processo da comercialização tal. No inverno passado diferentes grupos
colheitas do milho, tem causado inquieta- do mesmo se vai modificando tendo em do meio ambiente recomendaram uma pa-
ção em como conseguir a máxima energia conta o factor mistura.

A
da colheita geral do milho. Alguns conse-
lheiros estão recomendando aos agriculto- mais recente sondagem da
res para que retardem a colheita para ma- USDA conclui que cerca de 4.2
turizar mais “starch” (substância licorosa) biliões de bushels, ou 32% dos
na sua ensilagem. 13 biliões da presente colheita
Em 2009 os agricultores que guiaram uma do milho vão ser transformados em etanol.
pequena concessão monetária no “Nor- Este montante crescerá se a EPA levantar a
thern New York Agricultual Development presente mistura ethanol-gasolina de 10%
Program” ordenaram a investigação que para 13 ou 15%.
está sendo conduzida no “W. H. Miner Além dos produtores de carnes e de leite,
Agricultural Research Institute” em Cha- há outros preocupados com essa possibi-
zy, NY. Estes identificaram na avaliação lidade, em princípio, apenas um pequeno
de que o impacto da maturidade nas co- número dos 240 milhões de carros e ca-
lheitas, tem influência na composição nu- miões dos Estados Unidos estão equipados
tritiva, starch e na digestibilidade de fibras para uma mistura mais alta que os presen-
e proteínas. te 10%. O problema é ainda maior para
Alguns destes consultores sugeriram re- “boats,” “snowmobiles,” “lawnmoers,” e
tardar as colheitas do milho até que toda “chain saws.”
a planta do mesmo esteja 40% seca. A Por outra razão, os consumidores pagarão

Dinis Paiva lançou livro


de Culinária

NATAL
Do Presépio pequenino Mando a todos um abraço
Nasceu um Grande Menino E a quem lê meu espaço
Para nossa salvação; Por terras de mais além;
O ritual é reposto Fiquem na santa harmonia
Sorridente e com gosto Da Festa, a Estrela guia,
Trazendo nova missão. Do Menino de Belém.
Onésimo Teotónio de Almeida, Ondina Medina e Dinis Paiva
Vem aí mais um Natal Viva o Natal de Jesus
Com apelo fraternal Dinis Paiva nasceu em São Miguel e acaba
Que em toda parte reluz asking how to make this and that and began
À paz na humanidade; de lançar um livro de culinária açoriana
E no coração dos crentes; collecting recipes,” said Paiva.
Neste postal por escrito chamado “Comida com Peso e Medida”
Viva a Festa mais querida Today, he is owner of the restaurant O Dinis
Na Amizade também Do exemplo de Vida (Food with Weight and Measurements). in East Providence, where many customers
medito... O lançamento do livro teve lugar no dia 4
E o melhor dos presentes. have asked him to make a culinary book.
É certo que nos invade. de Dezembro na Casa dos Açores, em East Between friends, ladies and gentlemen,
Abraço natalício Providence. Dinis Paiva declarou ao Jornal there are many who eat at the restaurant
que “My old man taught me how to make and ask for a souvenir of his delicious Por-
Rosa Maria octopus, fava beans, caçoilas...” e “I dedi- tuguese food, stated Paiva”.
cated some time to culinary in the navy. Tribuna Portuguesa manda um abraço
Joking around with other sailors, I started de parabéns ao Dinis Paiva.
14 PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2009
PATROCINADORES 15

2009,
Natal
16 COLABORAÇÃO 15 de Dezembro de 2009

Agua Viva Traços do Quotidiano


Filomena Rocha Margarida da Silva
filomenarocha@sbcglobal.net santamarense67@yahoo.com

M
ais um Natal à por- to de não ser o Menino Jesus quem último Natal nas “pedras negras”
ta e a recordação do trazia os presentes, o Natal nunca que me serviram de berço, recordo
meu Natal de criança mais teve aquele sentimento que eu com saudade aquela época em que
a envolver-me numa guardava carinhosamente no meu a guerra, a fome, a droga e as doen-
terna nostalgia. Na minha crença e coração. No entanto, apesar dessa ças epidémicas não me davam muita
inocência infantil, o mais importan- decepção, a quadra natalícia conti- preocupação.
te daquela festa era a vinda do Me- nua a ser muito especial. E, muito embora favoreça e aprecie
nino Jesus descendo pela chaminé e Ao aproximar-se o Natal, começa- a evolução dos nossos dias, por ve-
deixando o presente no sapatinho lá vam a chegar os cartões da América zes pondero sobre o passado quando
colocado com tanta alegria antes da com as “dólas” sempre tão aprecia- a vida era mais simples sem alguns
saída para a missa do galo. das nesse tempo. Gostava imenso de dos problemas que agora causam
Na igreja, as cerimónias religiosas, ir à abertura do correio no botequim tanta ansiedade.
os lindos cânticos, o beija-pé no Me- do Sr. Joaquim Neves, não havia Os Natais americanos com a sua ha-
nino Jesus, tudo me fascinava. Ao carteiro ainda, e, ao ouvir o nome bitual pomposidade e comercialismo
regressar a casa corria logo para a dos meus pais, ficava toda contente e jamais serão como os Natais da mi-
chaminé `a procura do simbólico corria para casa com os cartões que nha meninice quando ainda acredi-
presente que, por mais humilde que depois eram colocados sobre a có- tava no Menino Jesus.
fosse, tinha inefável valor. Depois, o moda com os ramos de laranjas e o Para todos, FELIZ NATAL!
jantar da molha de carne quentinha, trigo verde nos pratinhos a enfeitar
o pão de trigo caseiro, os figos passa- o altar do Menino Jesus. Felizmente

... o que interessa é o dos, os bolos, o confraternizar com


familiares e amigos, o trajo novo,
tudo se congregava para fazer deste
que os nossos familiares ausentes na
América nunca se esqueciam de nós
com as suas generosas lembranças.

significado do Natal dia o mais belo do ano.


Desde o dia que tive conhecimen-
Hoje, volvidas que são mais de qua-
tro décadas desde que passei o meu

J
á fervilham pelas ruas, nas lojas e tudo quanto é lu-
gar de compras e atracção natalícia, adultos e crian-
ças à procura de uma prenda, de um ornamento para
a casa, para a árvore verde e perfumada, desse chei-
ro único nesta quadra única do ano.
Mal acaba o dia de Acção de Graças e já as luzes se acen-
deram para dar Luz ao coração, à Esperança, à Alegria,
talvez para continuar esse espírito de bem-querer conce-
dido há muitos anos ao imigrante, em boa hora uma for-
ma de acolhimento num país que nem sempre realiza os
sonhos de cada um.
Mas é sem dúvida nesta época Natalicia que mais nos
lembramos de histórias passadas durante a infância que
vivemos ou que observámos na vivência de outros, que de
alguma forma marcaram a nossa existência. Não sei por-
quê sempre me vêm à memória essas duas figuras que eu
via passar quase todos os dias pela minha casa. Ele, alto e
magro, porte altivo, sempre direito e dando uma saudação
educada mas com ar distante, como quem apenas cumpre
um dever. Nunca lhe vi um sorriso no rosto, um ar de gra-
ça, uma conversa com os outros homens da aldeia.
Chamava-se Miguel de Alcântara. Como chegou aí, não
sei ao certo, mas eu ouvia de algum modo dizer que ele
viera para a tropa e aí ficou. Talvez o seu nome tivesse tido
origem no lugar de onde veio, do continente português,
como aconteceu a muitos outros viajantes que ficaram na
Ilha. Mais tarde casou com a Maria, mulher alta, forte e
rosada, lenço na cabeça, como era típico de toda mulher
portuguesa, envergando um vestido castanho, como se
fosse um hábito de freira, ou talvez promessa à Senhora
do Monte Carmel, mas que um dia, dizia-se, ficou desi-
quilibrada do seu juízo. Caminhava apressada, nas longas
caminhadas de sua casa à cidade e vice-versa. Já cansa-
da, da árdua tarefa de vendedeira, parecia, porém, nunca
encontrar tempo para descansar e na sua ânsia de chegar
falava sòzinha, motivo para os que a viam passar, falarem
do seu desiquilíbrio. Das razões ninguém sabia ao certo
mas comentava-se que ela tinha tido um filho que mor-
reu e que o parto lhe subira à cabeça. Eu era demasiado
pequena para entender essa doença, ou talvez esse estado
de alma. Agora, as doenças têm outros nomes e haveriam
de chamar-lhe o stress de pós-parto. Naquele tempo a
vida seguia, tinha de seguir como um decreto e os filhos
criavam-se “a penas ou a dores”, um pouco à sorte, e até o
Natal desse tempo que devia ser mágico para toda a gente,
parecia nada ter de interessante, pois se o pinheiro verde
ficava na mata de ano para ano com a promessa de que no
ano seguinte haveria de ter mais sorte de ir à festa daquela
casa e estaria no calor da lareira da Família Alcântara.
Até já estou a imaginar como seriam os adornos para a
árvore sonhada: em vez de bolas reluzentes e coloridas,
teria pinhas de cheiro fresco e saudável, assim como su-
marentas laranjas e tangerinas, e talvez, se bem pensado
para quem vive no campo, não poderiam faltar os mo-
rangos bravos, vermelhos como o carmim, que crescem
todo o ano nas trepadeiras que serpenteiam por entre os
musgos verdes e perfumados da mata...
Afinal de contas, o que interessa é o significado do Natal:
Família, Amor, Paz e essa Luz que tem de morar em nós
como Esperança de um Feliz Ano Novo.
Assim seja para todos com os meus votos de Boas
Festas!* .
ENTREVISTA 17

futebol
Dias Ferreira, Presidente da Assembleia Geral do Sporting

É importante investir no
Não é todos os dias que podemos assistir a um jogo do
Sporting na companhia do seu Presidente da Assembleia Geral
e ver o que ele sofre até ao ultimo minuto.
Passada a euforia de se ter passado a eliminatória, tivemos uma
pequena conversa com Dias Ferreira, conhecido de toda a
gente, como um dos três “mosqueteiros” do programa
desportivo “O Dia Seguinte” da SIC Internacional.

O que é que se passa com o calculados a pensar mais no presente e veitada e tenha o
Sporting? obtiveram-se bons resultados, mas depois desenvolvimento
o clube entrou numa situação que não se normal, seja atra-
Dias Ferreira - Sabe, custa a recuperar, podia prolongar. Houve necessidade de se vés de políticas de
como acabámos agora de ver neste jogo fazer contenção e essa contenção não foi empréstimo, ou
com os holandeses. Conseguimos o apura- compatível com alguma evolução. Houve aquisições de jo-
mento nos momentos finais. É importante muito equilíbrio financeiro nestes últimos gadores que vem
nesta altura em que o Sporting está a ten- quatro anos. O Sporting cimentou de algu- de outros clubes
tar recuperar e dar a volta. Um resultado ma forma uma posição no segundo lugar, e que integram
negativo seria muito mal. Como vamos conseguiu mesmo assim superar o Benfi- aqueles com mais
passar para a fase seguinte da Liga Europa ca, que fez muitos maiores investimentos experiência, mais
é preciso é ir jogando bem, fazendo pon- sem grandes resultados. O Porto, enfim maturidade.
tos. A equipa precisa ganhar auto-confian- fez os investimentos que devia, e quando
ça, auto-estima. Entretanto há muita coisa vende fá-lo muito bem. Mas se pu-
para melhorar. Vamos tentar recuperar al- Eu penso que este ano as pessoas já esta- desse esco-
gum terreno perdido. vam um bocado a pensar que o Sporting lher entre um
teria de dar o salto, depois de quatro anos estrangeiro
Quais são os objectivos desta nova em segundo lugar, e idas à Liga dos Cam- e um portu-
equipa directiva do Sporting? peões. Este ano a situação teve de se al- guês, o que é
terar porque as pessoas exigiam mais. O que faria?
Nós propusemos essencialmente tentar dar Sporting não pode jogar sómente para o para ir ao Núcleo de Sanfins do Douro. Foi
um salto de qualidade no futebol. Já esta- segundo lugar. Eu acho que nestes últimos Se eu tivesse capacidade para escolher a minha primeira visita. Estes convívios
mos a meio da época e isso não foi conse- quatro anos se fez coisas boas, boas classi- qualquer treinador, eu neste momento era nos Núcleos agradou-me imenso. Havia
guido. Fundamentalmente uma das coisas ficações, há-de-se reconhecer. capaz de escolher um treinador de que um trabalho interessante a desenvolver e
que esta direcção se propõe fazer, é tentar O Sporting sabia que este ano teria de dar muito gosto - estou a falar de treinado- mais tarde, já quando eu comecei a par-
uma maior aproximação da massa asso- o salto, sob pena das pessoas estarem um res estrangeiros. Há um treinador que eu ticipar na SIC, talvez tenha ganho maior
ciativa com a direcção e com o clube. Nos pouco cansadas do que tem acontecido. vejo que é adepto da formação e todos os notoriedade e portanto os Núcleos passa-
últimos anos sofremos alguns revezes. O Houve alguma esperança, não houve o in- anos lança jogadores jovens na sua equipa. ram a convidar-me muito. Gabo-me de ter
Sporting estava a fazer um discurso muito vestimento necessário. Chama-se Arsene Wenger. É um treinador convencido o ultimo Presidente do Spor-
ligado aos números, enfim é uma situação O Benfica começou esta temporada muito que eu aprecio bastante, que lança muita ting, Soares Franco, quanto era importante
que nos preocupa e tem de estar sempre forte, o que julgo causou alguma perturba- gente nova no Arsenal, e que forma equi- o Presidente deslocar-se aos Núcleos. Ele
presente no nosso discurso, mas em todo ção psicológica, não só nos jogadores como pas uma atrás das outras. Mas temos que teve possibilidades de constatar que eu ti-
o caso procurou-se avançar mais e ir junto na massa associativa. Ficou desde muito pensar que ele pode ser bom na Inglater- nha razão. As pessoas gostam que os diri-
dos sócios, aumentar a massa associativa, cedo marcado a diferença entre os dois. ra e em Portugal poderia ser considerado gentes máximos dos clubes vão junto dos
fazer uma maior ligação dos sócios ao clu- Não nos preparámos convenientemente um mau treinador ao fim de pouco tempo, Núcleos. Já fui a Rhode Island e ao Núcleo
be. É evidente que nós nos preocupamos para o facto de termos de disputar um pro- porque nós jogamos para resultados ime- da área de Boston em que senti mais de
com o progresso do futebol. Isso não foi va pré-eliminatória, e portanto julgo que diatos e na Inglaterra sete ou oito clubes perto o que era um Núcleo do estrangeiro
até agora conseguido, mas eu penso que fizemos uma preparação relativamente podem ganhar a primeira liga, e portanto e especialmente nos Estados Unidos.
as medidas tem de ser mais de fundo. O reduzida em face dos compromissos que os clubes sabem que pelo facto de não ga- Mais ainda me convenci o muito trabalho
Sporting precisa manifestamente não ce- tínhamos. Jogámos duas pré-eliminatórias nharem todos os anos, são capazes de ter que há para fazer e sobretudo a disponibi-
der em frente aos seus adversários inter- da Liga dos Campeões e penso que a certa mais calma, mais paciência, para realmen- lidade que eu vi nestes Núcleos do Spor-
nos ou estrangeiros, arranjar capacidade altura se apoderou um certo clima depres- te esperar pelos resultados. Um treinador ting, no desejo que tem de contribuir para
para poder manter os seus bons jogado- sivo, digamos assim, na massa associativa desses aqui em Portugal precisava talvez o Clube. Tem sido para mim uma experi-
res que vem da formação e também para e na própria equipa, e isso não ajudou re- de se adaptar ao futebol português, mas ência muito agradável.
adquirir jogadores com outra capacidade almente a começar a época de uma forma não está ao alcance de qualquer clube. Penso que a área dos núcleos deve ser uma
mais condizente com o prestígio e a cate- mais conseguida, como tinha sido nas ul- Será que se deveria apostar num grande responsabilidade do Presidente. Viemos
goria do Sporting. Temos algumas lacunas timas épocas. treinador ou apostar num outro tipo de aqui encontrar um bálsamo de compreen-
que tem de ser ultrapassadas, mudando um Isto tem o seu lado negativo. Pessoalmente treinador e em jogadores? São questões são e de orgulho de ser sportinguista e de
pouco a filosofia da politica de contrata- acho que é reduzido o investimento que se que não têm ciência certa, quer seja esta ou estima e consideração pelos dirigentes do
ções. Há que investir mais no futebol. O fez. aquela a melhor solução. Penso que agora Sporting que infelizmente algumas vezes
futebol é o principal negócio do Sporting, como o Sporting estava, era e foi indis- não vejo em Portugal. Quando ganhamos
e aquilo que nos pode trazer receitas e por- Que tipo de treinador é que pensável escolher um treinador português. há muitas pancadinhas nas costas e muita
tanto há que investir e não nos podemos sonharia para um Sporting de Um treinador que conhecesse bem o nos- gente nos conhece, mas quando se perde
manter nesta situação que ainda temos. futuro? so futebol e que de imediato conseguisse os dirigentes são muitas vezes apelidados
Conseguimos equilibrar as contas, mas melhorar algumas coisas. Não é fácil, mas e rotulados de tudo e isso às vezes magoa,
isso não chega para uma equipa com os É uma questão de filosofia. Eu penso que estou convencido que dentro do mercado desanima, e de uma forma geral e em par-
pergaminhos do Sporting. Há que ir mais um treinador que vá para o Sporting tem português o Sporting escolheu muito bem. ticular nesta época, porque os resultados
além. Eu penso que terá que haver maior de ser uma pessoa que aposte também na A escolha do Carlos Carvalhal foi uma es- não têm sido grande coisa. Há muitas crí-
investimento por parte da SAD e isso só prata da casa, que aposte na formação do colha acertada. Penso que ele poderá fazer ticas destrutivas que são desagradáveis e
se conseguirá com novos accionistas que jogador, seja ele qual for, nacional ou es- um bom trabalho. Agarra a equipa não em no fim de semana uma pessoa quando vai a
realmente invistam o seu dinheiro na SAD trangeiro. Tem de apostar, mas não pode circunstâncias muito fáceis, pois teve um um Núcleo, o ambiente é de festa e não de
o que permitirá ao Sporting ir para outro deixar de pensar que tem de reforçar a treinador de personalidade forte durante derrota. Nos Núcleos nunca há ambientes
patamar que até agora não conseguiu. Ac- equipa sempre com outros valores que vão quatro anos. de tristeza, sempre de alegria e a pensar
tualmente a diferença entre o Sporting e os rodando e que vão dando experiência aos As chicotadas psicológicas podem ou não que amanhã virá um melhor dia. É um au-
seus adversários principais em Portugal e próprios jogadores que vem de formação. dar bons resultados. têntico bálsamo para as agruras do dia-a-
no estrangeiro é muito grande. O João Moutinho tem sido uma excepção, É preciso é abrir um novo ciclo e procu- dia. O Sporting é de todo o mundo não é
porque conseguiu-se mantê-lo. É um jo- rar alguma confiança, mas na realidade o só de Portugal. É preciso é divulgar cada
O que é que correu mal ao Spor- gador que desde o princípio, muito novo, Sporting vai precisar de dois ou três re- vez mais o Sporting, dar aos sócios condi-
ting, depois de terem vencido quando se estreou com a camisola do Spor- forços. Espero que, com mais ou mesmo ções para terem os mesmos direitos iguais
dois campeonatos? Com é que se ting revelou sempre uma certa maturidade sacrifício o Sporting possa fazer isso em aos que vivem na Capital.
perdeu o fio à meada? compatível com a grandeza do clube. Eu Janeiro. Isto é um questão de honra e estamos a tra-
penso que esse trabalho está sendo bem balhar nisso. Vamos ter de alterar os esta-
Nessa altura investiu-se talvez acima das feito, é um trabalho com continuidade, que Qual é o gozo que vos dá as visi- tutos mas será feito em pouco tempo. É um
possibilidades que o clube tinha. Atingi- já vem de trás. O Sporting neste aspecto tas aos Núcleos do Sporting? reconhecimento para todos os sócios que
ram-se objectivos desportivos mas os ob- da formação tem estado á frente de todos vivem fora para poderem ser um activo de
jectivos financeiros ressentiram-se disso. os clubes. Mas há que encontrar a recei- A partir de 1995 na era Roquete, mesmo primeira importância e há que os manter
Fizeram-se investimentos não muito bem ta para que essa formação seja bem apro- sem ter cargo directivo, fui convidado cada vez mais próximos do clube.
sinal aberto
18 COLABORAÇÃO 15 de Dezembro de 2009

Tribuna da Saudade
Papel selado e Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno Ferreira Moreno

F
ernando Feliciano de Melo nas- parte acentuar que, sem esse papel azul quando um casal de meia idade, juntamen- dignidade dos outros.
ceu aos 23 de Fevereiro de 1929 com as quinas da nação, nada se movia te com a filha (moça casadoira), desceu Por fim, a mãe encheu-se de coragem, e
na freguesia da Relva, ilha de S. na consecução de qualquer requerimento à cidade (Ponta Delgada) p’ra tratar das chegando-se ao safardana do funcionário,
Miguel. Residiu em Ponta Delga- ou certificado, p’rà compra e venda duma formalidades legais na compra duma casa segredou-lhe bem encostada ao ouvido: “É
da, onde constituiu família. Exerceu vá- propriedade, sisas e declarações e muitís- p’rà rapariga. verdade, mê rique sinhó. A piquena tam o
rias profissões, entre as quais a de ourives. simas outras “intervenções”, que seria fas- Depois das paragens obrigatórias na Fa- sinal aberto. Eles foram apressados, mas
Emigrou p’ró Canadá em Outubro de 1967, tidioso enumerar. zenda Pública e Registo Predial, tiveram felizmente vão casar”.
trabalhando inicialmente como ourives, Uma vez adquirido (comprado) o papel se- de se deslocar, com uma volumosa quan-
após o que ingressou no serviço do Hos- lado na Fazenda Pública, ou noutro lugar tidade de papel selado, p’rà Secretaria
pital Monte Sinai, em Toronto. Quando se autorizado na venda de valores selados, Notarial, onde um dos tais maquinistas,
aposentou, dedicou-se ao jornalismo com restava ir à Secretaria Notarial p’ra asse- conversando com o parceiro do lado, e
renovado entusiasmo e assiduidade, escre- gurar a validade desse papel e abrir o si- olhando p’ra toda a parte, excepto p’ró
vendo p’ra diversas publicações comunitá- nal, no caso de não haver nos arquivos a papel, iria dactilografar toda a complica-
rias e colaborando em jornais da imprensa ficha com a nossa assinatura. da linguagem envolvida na compra duma
regional. P’ra abrir o sinal, pela primeira vez, exigia- casa, mas deixando um generoso espaço
Foi autor de vários livros, destacando-se se a presença de duas testemunhas, o que ao fundo (como era costume) p’ra assentar
Os Visitantes da América, Nadine a Sereia geralmente não causava grande problema, as tais ajudas de custo que revertiam em
dos Corais e A Ilha do Dolphin. Faleceu pois que como declarou o próprio Felicia- benefício pessoal.
aos 13 de Maio de 2003, contando 74 anos no de Melo, “bastava ir ao café da esqui- Quando o casal e a filha se apresentaram
de idade. Tive a oportunidade de o conhe- na, onde além da cerveja, tabaco, lotaria e ao recepcionista da Secretaria, este inqui-
cer em Toronto e partilhar da sua amizade café, havia sempre um par de indivíduos riu que espécie de transacção os trouxera
na troca de correspondência. Hoje, à sua prontos a autenticar a assinatura pela mó- ali. A mãe, torcendo nervosamente as pon-
memória, vou referir-me (ainda que ligei- dica quantia de sete escudos e meio”. tas do xaile, tentou explicar: “Eh, sinhó, a
ramente) a uma das suas tão numerosas Dest’arte, com a cooperação remunerada gente viemes comprar uma casa qué p’ra
quão preciosas reminiscências intitulada de estranhos, o sinal estava aberto e fica- botar aqui no nome da nossa filha”.
O Papel e o Sinal. O episódio foi origi- va autenticado p’ra futuras transacções, O funcionário, num tom absolutamente
nalmente transcrito no Diário dos Açores sem necessidade de nova fantochada com natural, sem qualquer sombra de rebuço,
(2-Março-91) e está incluído no livro Os testemunhas. No entanto, o que mais pro- perguntou: “A sua menina já tem o sinal
Visitantes da América (1994) ao título vocava engulho ao Feliciano de Melo era aberto?”
“Duas Caiotas Num Pé Só). descobrir como se teria arranjado “abrir o Ora, p’rà gente do campo, humilde e sem
P’ra quem, como eu e o saudoso relvense, sinal” p’ra expressar o acto cívico de qual- malícia, onde a linguagem não tem os
viveu nos tempos antigos da velha ditadu- quer pessoa passar a ter o seu nome nas subterfúgios dos grandes meios, fácil se
ra, ainda agora traz na lembrança a impor- fichas da Secretaria Notarial. torna dar uma interpretação errada a uma
tância descabida associada com o chama- Como escreveu o meu saudoso amigo: pergunta com uma tonalidade algo for-
do papel selado, ou seja, aquela folha de “Onde diabo teriam ido desencantar tal mal. Tanto assim que o casal ficou com o
papel dum azul deslavado, encimada com parvoíce não o poderei dizer. O que sei e sangue a ferver, e sem saber o que dizer
o timbre patriótico do escudo português. vou contar é que esta disparatada expres- perante o atrevimento daquele enfarpela-
Francamente, não é exagero da minha são deu origem a uma anedota das frescas, do idiota sem maneiras de respeito pela
PATROCINADORES 19

Nesta quadra mágica, os Gnomos da Escola Jardim


Infantil Dom Dinis desejam a todos os “pequeninos”
um Natal cheio de luz, encanto e magia.
20 PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2009
PATROCINADORES 21

Deseja a todos os clientes e Comunidade


em geral um Feliz Natal e um
Ano Novo cheio de felicidade
22 PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2009
PATROCINADORES 23
Uma Noite de festa verde
24 COMUNIDADE 15 de Dezembro de 2009

NÚCLEO SPORTINGUISTA DO VALE DE SAN JOAQUIN

Álvaro Aguiar, Sandra Toste e Elisa Martins As irmãs Toste tomaram muito bem conta do Leão e até do Tribuna

O Núcleo Sportinguista do Vale de San Joaquin levou mais uma vez a efeito a sua Festa
de Natal, com a presença de Dias Ferreira, Presidente da Assembleia Geral do Sporting
Clube de Portugal e do antigo internacional do Sporting, Jorge Cadete.
A noite começou com a hora social que deu para pôr a conversa em dia entre muitos
amigos presentes. Seguiu-se a apresentação da Rainha Sporting 2009/10, Makayla
Toste, apresentações dos convidados e homenagens aos mesmos.
Dias Ferreira saudou todos os sportinguistas presentes, bem como os benfiquistas que
também compareceram. Disse do seu orgulho em estar mais uma vez nos Estados
Unidos, realçou a sua experiência positiva nas visitas que tem efectuado aos Núcleos
do Sporting e mais disse que levava no seu coração todo o orgulho que sentia em ver
a portuguesismo que existia na nossa comunidade. Jorge Cadete, de tanto emocionado
que estava, só conseguiu dizer meia dúzia de palavras, que bastaram para pôr a assis-
tência de pé.
Depois do habitual bolo, seguiu-se o espectáculo de variedades com Sara Pacheco -
uma grande actuação, com uma extraordinária Avé-Maria sem suporte musical. Tony
Câmara é um jovem a começar uma carreira musical.

Dias Ferreira oferece uma lembrança do Sporting Clube de Portugal ao Núcleo Sportin-
Dias Ferreira, Presidente da Assembleia Geral do Sporting no uso da palavra
guista na pessoa do seu Presidente António Martins
COMUNIDADE 25

João Toste, Vice-Presidente do Núcleo Sportinguista, oferece uma salva de prata ao antigo João Pires (benfiquista) leiloou a camisola de Jorge Cadete por amor ao Sporting e ao seu
internacional do Sporting, Jorge Cadete brilhante e inigualável passado.

Jorge Cadete teve uma extraordinária recepção depois do seu curto mas emocionado agradeciemtno

Sara Pacheco, vinda do Canadá teve uma excelente actuação

A sorte da rifa estava virada para um benfiquista. João Pires ganhou três vezes.

Em cima: o jovem cantor luso-canadiano Tony Câmara mostrou as suas


potencialidades artísticas durante a sua actuação.
Ao lado: António e Elisa Martis; Dias Ferreira e esposa; Jorge Cadete;
João e Sandra Toste; Makayla Toste
26 PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2009
PATROCINADORES 27
Nova Igreja de Hilmar
28 COMUNIDADE 15 de Dezembro de 2009

A Igreja Católica do Santo Rosário de Hil- çoou o local após a missa e em seguida panha, “Preservando o Nosso Passado... árvores. Outra maquinaria virá para pôr o
mar, CA levou a campanha para a cons- foi apoiado pelo Reverendo Padre Hilary Construindo o Nosso Futuro” foi lançada. terreno a nível antes que os funcionários
trução da sua Igreja nova, um passo mais Silva, Monsenhor Myron Cotta, Vigário A campanha rendeu quase $ 2 milhões de públicos começem o seu trabalho de fazer
adiante. No dia 1 de Novembro de 2009, o Geral da diocese, e o paroquiano João Co- dólares em promessas e já recebeu mais de valas por debaixo do chão. O empreiteiro
Reverendíssimo Bispo John T. Steinbock, elho. Juntos abriram o chão com pás enfei- $1,5 milhões de dólares em pagamentos de geral, Michael P. Miranda, espera que esta
da Diocese de Fresno, celebrou uma missa tadas com flores. A seguir a esta cerimónia promessas até à data. Esta fase presente de fase de construção seja concluída para os
especial ao ar livre, a Bênção do Sítio, e todos os presentes foram convidados a um construção está prevista para custar um fins de Abril de 2010.
a Cerimónia da Abertura do Chão para a almoço oferecido pela YMI # 44 e outros pouco menos de $1 milhão de dólares. A Comissão Executiva convida todas as
construção. paroquianos. A Abertura do Chão celebra a primeira pessoas interessadas em saber mais sobre
Numerosos voluntários trabalharam árdu- A Paróquia do Santo Rosário e Santa Ma- fase da construção, que inclui todo o tra- este projeto para entrarem em contato com
amente para criar uma Igreja ao ar livre no ria começou a planear a sua nova Igreja balho do sítio, com novos parques de es- a Sra. Christy Oliveira, Coordenadora de
sítio e com o perímetro do futuro santu- hà cinco anos. A Igreja nova vai manter tacionamento, entradas para os parques, Campanha de Angariação de Recursos
ário. Mais de 600 pessoas compareceram a arquitetura de estilo espanhol e terá passeios, jardins, sistema de drenagem de para a Igreja Nova do Santo Rosário, atra-
para comemorar este evento. capacidade para aproximadamente 800 águas de tempestades, o sistema eléctrico, vés do número (209) 667-8961 ou e-mail:
O Reverendíssimo Bispo Steinbock aben- pessoas. Na primavera de 2007, a Cam- e outros serviços de utilidade pública que newchurch@hilmarholyrosary.org.
serão instalados durante esta fase.
A fase de demolição para a construção co- Fotos de Antonio Salvador
meçou no dia 2 de Novembro. Maquinaria
Ynot Photography
pesada foi usada para remover a relva e as
PATROCINADORES 29
30 TAUROMAQUIA 15 de Dezembro de 2009

Quarto Tércio
A importância de ferrar e tentar José Ávila
josebavila@gmail.com

A mais impor-
tante notícia
taurina deste
Natal é o regresso
das corridas de toiros
ao Pico dos Padres.
Teremos uma Feira
Taurina nos dias 23
de Abril - corrida de
corda à noite, 24 Abril
Corrida de Praça e a 25 para fechar a Feira nova Corrida
de Toiros na restaurada Praça do Pico dos Padres, orgu-
lho que foi do nosso amigo e saudoso Manuel Sousa, que
lá nos céus deve estar a dar saltos de contente. Para essa
Feira vou estrear um novo chapéu, mais virado para o
futuro. O outro só chegará à Lua lá para Abril 2010.

Como se pode observar nestas fotografias,


quer a ferra de Manuel Correia, quer a tenta de machos e
fêmeas de Joe Rocha (Dennis Borba tentou muito bem),
são duas das mais importantes funções de uma ganada-
ria. Queremos crer que os outros ganaderos dentro em
breve farão o mesmo. Vitalidade não falta aos nossos ga-
Manuel Correia ferra uma bonita vaca da sua ganadaria. Nas outras duas fotos podem-se ver a beleza de uma vaca naderos. Queremos é que as nossas organizações festivas
brava e o salero do aficionado Jesus Sanchez toureando uma bezerra dos Correias. repartam a sorte de tourear por todos. Boas Festas!

Dennis Borba tentando, como muito bem sabe fazer


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Os Sinos da Conceição Santana
32 COLABORAÇÃO 15 de Dezembro de 2009

Adalino Cabral

E
ra noitenight. Feteira Grande- Hesitou. Virou o olhar para a sala. Escu- pooooooooor-ta!...” Cruzes! Ave’ Maria! acorda! Já são horas! Tens que ir!
olá-Pequena! As estrelas brilha- ra como breu. Apenas da janela da pobre Deus nos salve!!” Apronta-te! Anda lá! Tens que ir! Ora, tens
vam jubilosamente. A lua ilumi- casa edificada pelo pai, via-se um raio de que ir connosco à missa! Hoje é dia do
nava a cinzento toda a Natureza. luz destilado em carbuneto pela lua a ilu- Berrou: “Socorro-Help! Socorro-Help!,” Menino. As Crismas...”
Um silêncio tumular envolvia a freguesia. minar o episódio da sua aflição. Olívia — Ninguém o ouviu. Nem os avós Resendes
E os morganhos? Escondidos! A dormir? a mãe? Estava na América, terra do Tio-U. da casa encostada ao lado, nem o avô “Ahhhhhhhhhhhhh...Queridíssima Mamã:
Olhos meios-abertos... ncle-Sam, à espera do Manuel - marido e Amaral da Rua Direita! E a bisavó, Fran- sua bânção!”
Ouvia-se o miar-miar danado do gato lá filhos. cisca Cabral (Rocha) — baixinha e cega Era Natal em New Bedford, e estavam to-
fora. Era a fome... E, que fome! Ye-S-im! do olho esquerdo — lá de cimba da Cruz? dos a caminho da igreja. Frio de rachar.
O rapaz estava em casa sózinho. Que frio Do exterior, as vozes acercavam-se. Os Nada! Nem tampouco os tios, primos, vi- Caía sinó! Lindo! Tudo fofo-branquinho.
lhe corria o corpo! Subitamente, a sensa- seus dentes tocavam castanholas. Os sinos zinhos... Ninguém! Mesmo ninguém!! E
ção que era escuro e estava só. Chamou os tocavam — tocavam alto-aflitos. O Muni- agora, rapaz!? “Ave Maria, cheia de gra- E os sinos do meu pesadelo tocavam na
irmãos: “Olivério! Maria!! Idalino!!! Dor- cípio dormia, dormia... ça... e livrai-nos de todo o mal!!” Igreja de Nossa Senhora da Imaculada
tina!!!! Jeremias!!!!!” Gritou pelos pais, Comecaram a forçar a porta. E em voz Conceição em New Bedford, e na nossa
mas ninguém respondeu. Divisou cinco silhuetas: quatro figuras e morbid-a-ssustador-a-rrepiante, gritavam: Igreja de Santa Ana em Feteira Pequena,
Irremediavelmente só. Aproximou-se da um caixão a aproximarem-se da casa. “Teeens que iiiiir! Teeeeens que iiiiiir! Te- no nosso verde, velho e lindo Nordeste de
janela. As estrelas haviam desaparecido Poisam o caixao no solo a sua vista. Esta- eeeeeeeeeeeens que iiiiiiiiiiiiiiiiiiir!” São Miguel, Açores.
e uma parcela de lua figurava a mancha va vazio! E os sinos repenicam angustio- Jesus, que eu morro!!!

G
tétrica de uma nuvem estranha. Começou sos na solidão da noite gelad-a-rrepiante. O gato? Barriga cheia! Só ouvia-
a tre-tre-tre-mer... Frio p’ra caramba! ritou mais três vezes e três vezes s e:“ p r r r r r r r r r r r r r- p r r r r r- p r r r r r r r r-
o bronze dos sinos ribombou prrrrrrrrrrrrrrrrrr...”
Sentia a casa estre-tre-tre-mecer.... O “Que teriam feito ao defunto?,” pensou. no interior dos seus tímpanos.
mundo estava so’-tão-quiet-o. O silêncio E acercavam-se mais da janela as quatro Teeeeeeeens que iiiiiiiiiiiiiiiiir! E o deslumbrante ruído-do-silêncio-pací-
dominava a escuri-soli-dão. Cobriu a ca- figuras encapotadas. Queria esconder-se, Teeeeeens que iiiiiiiiiiiiiiiiiiir—iiiiiir- fico da neve no dia do Menino? Na cela da
beça com as mãos. Fechou os olhos. Os fugir, mas estava paralisado, petrificado iiiir—iiir-iirr-ir-i... casa em North Front Street, Betefete, —
sinos irromperam a tocar aflitos. O gato aquela janela de má morte. O pobre do logo em frente da casa do “anateca”
miava dolorosamuito... gato mia-miando, e todo esperançado em “Em nome do Pai, do Filho e do Espirito — o querido pai, com o seu [antigo] fogão
empalmar um morganho —que fosse ape- Santo —Amem!!!” de lenha aquecendo toda a família junti-
Ouviu vozes. À distância murmuravam nas um dos pequenitos-mas-gorduchos- Zás-traz!!! O tranco da porta caíu! A porta nha.
uma canção. Mórbida-feia. Tão verdadei- melhor... E, penhoradamente, com um cedeu! Os sinos elevaram ao cubo as bada- Um calor-amor muito, mas mesmo muito
ramente falsa-feia naquela altura fria do muito obrigado ao Senhor Santo dos Ga- ladas! O Pico da Vara rachou! O coração especial....
ano — Dezembro... tos do Céu Felino! parou! E o gato... Doidíssimo às corridas Casa, querida casa-Home sweet home.
Abriu os olhos. Quem cantava? Não via — atrás de uma tropa de morganhos... Ye-s-audade-s-im. Alway-s-empre...
ninguém. A nuvem vagarosamente se le- Não paravam de bater à porta forçosa- Paz ~ ~ ~
vantava da lua. As estrelas não surgem. mente! Não paravam, no-não!!. “Aaabre “Ai, Jesus querido!!! Sant’Ana!! — mãe de
Os sinos tocam-tocam e ecoam pela vizi- a pooooor-ta! Aaabre a pooor-ta!,” grita- Santa Maria — nos ajude!!!
nhança fora. Ninguém acordou, ninguém- vam em coro. “Aaabre a pooor-ta! Aaaaa-
não... abre a pooooooor-ta! Aaaaaaaaaaaaabre a “Acorda! Acorda!! Vamos lá, meu filho,
PATROCINADORES 33
34 ARTES & LETRAS 15 de Dezembro de 2009

Partiu o Apenas
Duas

Mário Barradas
Palavras

Diniz Borges
Artur Goulart d.borges@comcast.net

E
ncontrava-o frequentemente, cos, desde o Conservatório Nacional a Barradas foi um Homem do Teatro em Porque estamos na edição Natal 2009 do Tri-
quando ele vivia em Évora. outras atribuições ligadas ao Ministério toda a sua dimensão de actor, encena- buna vamos ficar com poemas e textos de um
Já há algum tempo, mais ra- da Cultura. E, logo um ano após o 25 de dor, pedagogo e pensador de políticas dos maiores escritores de língua portuguesa
ramente, quando de Lisboa se Abril, veio pôr em prática o seu gran- teatrais.” do século XX, Miguel Torga. São diários e
deslocava para o Teatro, para os ami- de sonho, aquilo por que sempre lutou, Só conheci pessoalmente o Mário Bar- poemas do grande mestre. Assim como uma
gos. Quase sempre encontros fortuitos, a descentralização do Teatro, fundan- radas, depois de me fixar em Évora, há crónica do nosso amigo e distinto colaborador
de rua, sob as arcadas, na Praça do Gi- do com uma pequena equipa o Centro trinta anos. As nossas raízes açoria- Artur Goulart sobre a morte duma grande fi-
raldo ou em outra qualquer, mas que se Cultural de Évora, antecessor do Centro nas depressa nos aproximaram e, por gura nacional em Portugal Mário Barradas.
transformavam de repente em conversa Dramático de Évora (1990), ainda hoje vezes, encontrávamo-nos em casa de É também o momento propício para agrade-
de amigos, sem tempo e sem pressas, uma instituição de relevo na cidade. Fo- amigos comuns em longos e animados cer a todos quantos continuam a colaborar
mesmo que a brevidade nos assaltasse. ram anos de grande entrega na produção serões. Foi num desses que o Mário com esta página de artes e letras. Numa era
Desfiavam nas palavras as andanças do e encenação de muitas peças teatrais, me facilitou uma preciosa gravação em que os suplementos literários têm desapa-
teatro, a lúcida crítica das políticas ou numa escola de formação de actores, en- feita por ele na Fajã de Baixo em 1975, recido, incluindo nos Açores, onde havia uma
não políticas culturais, os amigos co- cenadores, técnicos, de referência nacio- e que guardo ciosamente, da deliciosa grande tradição de suplementarismo, restan-
muns, um discorrer saboroso sobre as nal, na recolha e revitalização de ricas descrição feita por outro micaelense, do apenas o Vento Norte, coordenado pelo
artes, o tudo e o nada da vida da cidade, tradições populares, como os Bonecos Laudalino de Melo Ponte, de uma via- poeta Álamo Oliveira e publicado quinzenal-
os nossos Açores, sem agenda, de cora- de Santo Aleixo, hoje embaixadores das gem à América e da ida a um concerto mente no matutino angrense Diário Insular,
ção aberto. Sempre um gozo acrescido marionetas alentejanas por todo o mun- em Boston, com a quinta sinfonia de ficamos extremamente gratos a todos quantos
encontrar o Mário Barradas. Vou sentir- do. Beethoven. colaboram com esta humilde página e a todos
lhe a falta. Mais um hiato no coração da Excelente actor, encenador, declama- Vê-lo representar era um prazer pela
que a lêem. O nosso agradecimento especial
cidade e no meu. dor, o Mário era o mestre e exemplo de expressiva naturalidade, boa dicção,
ao editor deste jornal José Ávila pela audácia
Faleceu no dia 19 na sua casa em Lisboa uma total dedicação ao teatro. O Cen- acerto e correcta medida nos diálogos,
de publicar em todas as edições do Tribuna
aos 78 anos. Natural de Ponta Delgada, drev num curto comunicado a noticiar o voz funda e cativante nos monólogos.
seu falecimento, afirmava: “Em Évora, Mas, tanto ou mais do que isso, sempre esta Maré Cheia.
S. Miguel, cedo a diáspora o levou. Dei-
fundou o projecto que foi referência da apreciei nele a desassombrada coerên- Para todos, Boas Festas
xou a advocacia em Moçambique para
seguir a grande vocação da sua vida, o descentralização teatral em Portugal, cia no palco da vida.
abraços

O Natal de Miguel Torga


Teatro, começando por frequentar a Es- projecto esse responsável pela formação
cola Nacional de Teatro de Estrasburgo. de várias gerações de actores e germina- Évora, 23 de Novembro de 2009 diniz
Em várias épocas exerceu cargos públi- ção de novas estruturas artísticas. Mário

S. Martinho de Anta, Natal de 1940


O pragmatismo do campon6es é o que nele de tudo mais me
impressiona. A convicção com que se apega a uma semente,
a um costume, a uma crença, ao contrário do que se diz, nada
tem de obcecado. Só dura na medida em que a razão prática
o aconselha.
Natal Natal Fui hoje com o meu Pai à Vila. A páginas tantas, passámos
diante da capela de Santa-Cabeça, advogada da raiva.
Fiel das horas mortas Ninguém o viu nascer. Diz o velho:
Desta noite comprida Mas todos acreditam - Benzeu ali muito pão...
Pergunto a cada sombra recolhida Que nasceu. E eu:
Que sol figura o lume É um menino e é Deus. E porque é que os senhores não continuam? Por que motivo,
que da lareira negra me sorri: Na Páscoa vai morrer, já homem, agora, em vez de broa benta, mandam dar injecções aos da-
O do calor do cristão? Porque entretanto cresceu nados?
O do calor do pagão? E recebeu E ele, que foi ao fundo da minha insinuação:
Ou a fogueira é só combustão A missão singular - Enquanto não se descobria coisa melhor, que remédio tinha
Da lenha que acendi? De carregar a cruz da nossa redenção. a gente senão agarra-se ao que havia!...
Agora, nos cueiros da imaginação,
Presépios, solstícios, divindades... Sorri apenas Aregos, 25 de Dezembro de 1953
A versátil natureza A quem vem,
Do homem, senhor de tudo! Enquanto a Mãe, Coisa estranha: o dia é de Natal, mas a sugestão de nativida-
Cria mitos, de vem-me da paisagem que me rodeia. Ela é que parece ter
Destrói mitos, Também parido e, numa languidez absorta, embalar agora nos braços
Nega os milagres que fez, Imaginada, o fruto sagrado que lhe saiu do ventre. Serras descontraídas
E depois, desesperado, Com ele ao colo, e abandonadas, que ninguém diria de granito, reflectidas num
Procura o mundo sagrado Se enternece rio que quanto mais corre mais permanece, são a própria ima-
Nas cinzas da lucidez. E enternece gem da materna plenitude; e o sol que as doira, tenro como
Os corações, um pâmpano - o sorriso infantil do eterno redentor. todo um
25 de Dezembro de 1967 Cúmplice do milagre, que acontece milagre da natureza, feito com ingredientes simples e tangí-
Todos os anos e em todas as nações. veis, de luz, terra, pedras e água. Infelizmente, o homem não
acredita nos prodígios que vê. E gasta a vida a festejar absur-
25 de Dezembro de 1983 dos lógicos, construídos nas Judeias da imaginação.
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36 DESPORTO 15 de Dezembro de 2009

Liga Portuguesa de Futebol


Um Campeonato renhido como poucos

Sporting de Braga - a grande surpresa deste Campeonato de 2019-2010. Agradecemos à LUSA as excelentes fotos que nos enviaram

Oscar Cardozo - o melhor marcador com 14 golos

Benfica e Porto continuam a perseguir o Sporting de Braga


Sporting - a grande desilusão deste Campeonato

Selecção Nacional - depois de muito sofrer conseguiu qualificar-se para o Campeonato do Mundo na Africa do Sul em 2010
Em pé: Dany, Raul Meireles, R. Carvalho, Bowsingua, M.Veloso, Pepe, Eduardo. Ajoelhados: Liedson, Edinho, Deco e Simão Sabrosa
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38 COLABORAÇÃO 15 de Dezembro de 2009

Perspectivas Conto de Natal


Fernando M. Soares Silva
fmssilva@yahoo.com O Presente do Natal do “Tolinho”
O
Luís Miguel vivia numa mo- Muitas vezes, esmagado naquele meio pre, sentou-se na primeira fila, mesmo misericórdia de Deus com a tua bela voz!
desta cidade aninhada entre que olhava para ele com um desprezo ás diante do lindo presépio que o fascinava; Canta! Canta!”
duas auto-estradas que, como vezes explicito com crueldade, sentia ele que bom seria se tivesse qualquer coisa,
megalossauros de asfalto, se o coração despedaçar-se, e as lágrimas um simples presente, para oferecer ao Me- Sem hesitar, o moço obedeceu e juntou-se
estendiam pelos vales e planícies da bela brotavam-lhe grossas, mas silenciosas... nino Jesus, pensava ele... Mas não tinha aos hinos que ecoavam pelo belo templo;
região agrícola. Sofria no silêncio da prisão que o destino nada, absolutamente nada que pudesse mas, pela primeira vez na vida, ele come-
Nunca lhe fora possível aprender muita e a natureza lhe haviam deparado. Todos dar, e, por isso, sentia-se triste... çou a cantar tão afinado e tão maviosa-
coisa, além dos mínimos conceitos ne- pareciam afastar-se dele, ou, pelo menos, Iniciadas as festivas cerimónias comemo- mente que os que o rodeavam, espantados,
cessários à sobrevivência numa sociedade ignorá-lo; até mesmo os seus ocasionais rativas do nascimento de Cristo, Luís Mi- pouco a pouco se calaram, entreolhando-
que, em última análise, o considerava um companheiros de brincadeiras se distan- guel tentou acompanhar a Missa, quanto se incrédulos. Sentindo-se impelido por
incómodo, às vezes irritante. Sem lhe fal- ciavam dele, espicaçando-o com graçolas lhe permitiam as suas deficiências físicas, uma força invisível, Luís Miguel prosse-
tarem cuidados de familiares que o haviam maldosas... mas, profundamente embevecido, não po- guiu, já com a retumbância dum Luciano
acolhido, ainda em plena infância, após o Nesses momentos de angústia, Luís Mi- dia tirar os olhos da imagem de Jesus Me- Pavarotti, a mestria dum Plácido Domingo
falecimento prematuro dos pais, ele nunca guel tinha o costume de se refugiar na vi- nino. E, pouco a pouco, quase hipnotizado, e a ternura dum José Carreras, extasiando
havia recebido, todavia, a aceitação e a in- zinha igreja paroquial, para aí desanuviar o jovem perdeu a noção do que se passava a todos com a sua magnífica voz, e a todos

D
tegração familiar e comunitária que tanto o seu espírito, mas sem nunca queixar-se, ao seu redor... surpreendendo com a pronúncia impecável
necessitava e desejava, mas se sentia inca- nem desejar mal aos que o atormentavam e repente, ao aproximar-se o das palavras que lhe saíam dos lábios...,dos
paz de solicitar verbalmente: Luís Miguel ou desprezavam... Estava na Casa de Deus momento solene da comunhão lábios dum mudo e quase surdo que o amor
havia nascido mudo e quase surdo... todo-poderoso e bondoso, e isto bastava- geral, pareceu-lhe ouvir uma e a misericórdia do Menino Jesus haviam
Embora dotado de inteligência normal, ele lhe...Deus sabe ler os corações...Aos Do- voz distante a primeiro, depois abençoado naquela inesquecível noite de
via-se forçado a viver enquistado no casu- mingos e Dias Santos, nunca faltava à ce- bem distinta: “Luís Miguel, que presente Natal, restituindo-lhe os dons físicos que
lo estrangulador de um meio que o prefe- lebração da Missa, que ele seguia com a desejas tu receber de mim?” Atordoado, acidentes da Natureza lhe haviam negado
ria marginar, impiedosamente, como um maior atenção e tentava abrilhantar com o o moço respondeu timidamente : “Quem por tantos anos... Apercebendo-se, final-
leproso. seu cantar, não obstante a desagradável ca- és tu ?” Retorquiu-lhe a voz: “Eu estou mente, do ocorrido, todos os fiéis se junta-
Desde criança, Luís Miguel viu-se votado cofonia que lhe saía da boca em altamente mesmo diante de ti; Que presente desejas ram aos cânticos jubilosos de Luís Miguel,
ao ostracismo dos muitos que não o com- desafinados sons guturais, sem qualquer tu receber de mim? “ Fitando a imagem numa comovente exuberância de acção de
preendiam, nem se preocupavam com o cadência ou coerência. Às vezes, certos reclinada no presépio, o jovem balbuciou, graças e homenagem ao Deus Menino...
martírio da sua vida diária, e daqueles que, adultos entreolhavam-se com um sorriso mentalmente: “Senhor, eu não sou digno...
com arrogante compaixão, se julgavam su- incerto; outros irritavam-se, e havia, tam- Sou eu quem deveria ter um presente para A história do milagre do Natal de Luís Mi-
periores, quiçá melhores seres humanos. bém, aqueles que de soslaio resmungavam ti, Jesus Menino, neste dia da tua festa; guel correu célere pela região e por todo o
Numa terra egoísta, absorta na mesqui- “é tolinho”, mal reprimindo galhofas. Mas mas, como sabes, eu sou pobre e nada te- país, enternecendo até os mais duros
nhez do seu próprio materialismo, e onde Luís Miguel não se perturbava perante os nho, nem mesmo o uso da fala ou voz para corações.
reinava a vanglória desmedida de pavões risinhos que ele via nas caras cínicas que o te louvar !” Mais distintamente, o Menino
sociais, a fanfarronice idiótica de imagi- rodeavam no templo. Ele cantava a Deus, insistiu, com carinho: “Luís Miguel, que
nários magnatas, e o ridículo de bacharéis com a voz e com o coração que Deus presente desejas tu receber de mim neste
doutores que se apregoavam, falsamente, lhe dera... dia da minha festa?” Disse-lhe então Luís
peritos convidados por nações longínquas, Miguel: “Deus Menino, o teu amor será
todas as vezes que lá surgiam conflitos ou Naquela noite fria de Natal, Luís Miguel bastante; o teu amor e a tua misericórdia!”
problemas maiores, Luís Miguel não con- não faltou à tradicional Missa do Galo, de Disse-lhe então o Menino Jesus: “Ouve,
tava para nada; só servia de estorvo... grande beleza e simbolismo. Como sem- Luís Miguel! Canta! Louva o meu amor e a
PATROCINADORES 39
40 COMUNIDADE 15 de Dezembro de 2009

Joe Matos Cheese Factory, Santa Rosa

California
O melhor queijo da

permanência constante de pesso- o curral.


as. Joe tem sete empregados que “Bons tempos aqueles na Ilha Terceira”,
se dividem entre o trabalho com diz Joe Matos.
as vacas e a fábrica.

A sua produção é pequena em ter- Há clientes que pedem ao Joe para enve-
mos industriais. Fazem por dia 15 lhecer o queijo por mais tempo que o nor-
queijos que variam entre as quin- mal, porque gostam dele daquela maneira.
ze e as vinte libras de peso. Cada cabeça a sua sentença.
Todos os anos há exposições de
queijo de varios países e o Matos “Porque é que o seu queijo é tao bom”, per-
Cheese tem sido sempre muito gunto eu.
bem classificado. “É bom porque tudo é feito manualmente,
Em 2002 ficou em segundo lugar. com muito cuidado, e também porque as
O Joe nem sabia que o seu queijo nossas vacas comem do melhor, são muito
tinha ido para esta exposição e só bem tratadas”. diz-nos o Joe Matos.
soube através das revistas da es-
Joe Matos começou desde muito novo a inoxidável, mas o Joe com a experiência pecialidade.
ajudar o pai que tinha uma pequena fábri- toda que tinha, sabia que as de madeira O queijo tinha sido levado por uma senho- Matos Cheese Factory
ra francesa representante de queijos.
ca de queijo na Urzelina, Ilha de São Jorge. eram muito melhores para o curamento do
Ela desculpou-se por não o ter informado,
3669 Llano Road
Naquela tempo esta pequena freguesia ti- queijo, porque “chupavam” a humidade. Santa Rosa, CA 95407
nha sete fábricas artesanais de queijo. Hoje Foi vencida esta luta, com a compreeensão porque tinha medo que o Joe pudesse re-
não tem nenhuma. do chefe dos inspectores que era italiano e cusar o seu pedido. 707-584-5283
Já o seu avô fazia queijo nas Manadas, por compreendia as razões invocadas.
isso corre nas veias do Joe Matos toda esta Joe Matos ainda se lembra do seu tempo Experimente este queijo e não se
sabedoria caseira de fazer bom queijo. Fazer bom queijo de tropa na Ilha Terceira. Na Serreta, em arrependará. Compre um queijo oval que
Quando chegou a esta terra primeiro tra- casa de amigos, até lhe pediam para fazer tem uma medida ideal para o consumo de
balhou numa leitaria e depois para uma No começo o leite não era arrefecido tal queijo à moda de São Jorge, mas ele dizia uma família.
companhia, tinha os fins de semana fora, como o seu pai fazia em São Jorge, por que só o fazia se eles deixassem as vacas
ia pescar e divertia-se. Depois de comecar isso custou ao Joe ter de aprender novas no pasto durante dois dias sem virem para
o seu negócio, acabaram-se os fins de se- tecnologias exigidas por lei.
mana e a pesca nem vê-la. Hoje o seu leite é todo pasteurizado a 160
“É uma amarração para mim e para a mi- graus, mas para isso tem de o curar por
nha família” diz-nos o Joe. sessenta dias como é de lei.
Há trinta anos que fabrica queijo, mas foi O leite usado para o queijo é todo das suas
nestes ultimos dez/doze anos que o Matos vacas - cerca de 40 - que muito embora
Cheese começou a ter fama no mercado não sejam orgânicas, pastam todo o dia
americano. Até foram os americanos que nos terrenos adjacentes à fabrica de queijo
o descobriram. Os seus produtos são ven- e comem do melhor que há. As suas vacas
didos em lojas especializadas e o preço do só comem alfalfa, milhos e outros bons
seu queijo atinge altos valores. Joe Matos produtos, mas não algodão, que fazia o
até se queixa hoje de não ter pedido di- queijo amargo.
nheiro emprestado para construir naquele Joe Matos não gosta que o seu queijo seja
tempo uma fábrica maior e ter feito mais vendido como queijo de São Jorge, até por-
propaganda dos seus produtos. que este queijo de Santa Rosa embora com
Além de vender os seus produtos a várias muitas semelhanças ao da Ilha tem um
lojas espalhadas na California, através de sabor especial que é muito apreciado quer
agências, tambêm vende queijo a qualquer por americanos quer por portugueses.
pessoa que lhe telefone a encomendar. Há poucos anos o Joe teve um grave aci-
“Foi difícil começar este negócio, porque dente e só se salvou porque vive na Ame-
as inspecções eram muito rígidas” diz-nos rica, onde existem grandes possibilidades
Joe, com um sorriso nos lábios. tecnológicas que o salvaram.
Uma das maiores “lutas” foi em relação Depois do acidente, a sua filha mais ve-
às prateleiras onde se mantem o queijo a lha começou a ajudá-lo mais, porque todo
curar. Os inspectores queriam-nas em aço o trabalho na fabrica é manual e requer a

Mary e Joe Matos - um casal de sucesso no fabrico do melhor queijo da California Vista parcial do tanque de 300 galões, vendo-se ao fundo a pasteurizadora
PATROCINADORES 41
42 COLABORAÇÃO 15 de Dezembro de 2009

Lufada de Ar Fresco
Paul Mello
pjmello87@yahoo.com
Família? O que é isso?
M
eus amigos, estamos de novo vidas de tal modo que todos pareciam ter mos utilizar aquele filme como um alerta dominó” e a consequente perda do concei-
com a época natalícia à por- sido hipnotizados pela bruxa da tecnolo- para o que se está a passar presentemente to de família até ao ponto de seus futuros
ta. Para além de possuir um gia. Cada elemento da família tinha o seu na nossa sociedade e para aquilo que ainda netos os virem a tratar como trapos ou me-
enorme simbolismo religio- próprio televisor assim como o seu compu- está pr’a vir. ros desconhecidos como já acontece nos
so, esta altura do ano também é caracte- tador pessoal. Por vezes, encontravam-se Por mais ridículo que pareça ao caro leitor, seios de muitas famílias presentemente.
rizada por actos de caridade, por períodos tão agarrados ao seu televisor ou compu- a verdade é que existem “famílias” muito Claro que existe um elevado número de
de reflexão e de convivência com aqueles tador que podiam passar o dia inteiro sem semelhantes àquela descrita no filme men- pais que já conseguiram implementar este
que mais amamos. Para muitos, o Natal é nunca se cruzarem uns com os outros, nem cionado anteriormente; “famílias” onde a conceito de família na mente dos filhos.
mesmo a única altura do ano em que todos mesmo para jantar! Aliás, quando o jantar tecnologia hipnotizou tudo e todos e onde Estes estão de parabéns pois nos dias de
(ou quase todos) os membros da família se estava pronto, a mãe costumava mandar a ausência de autoridade, convívio, e de hoje esta tarefa torna-se cada vez mais
conseguem juntar para conviver uns com uma mensagem electrónica aos restantes respeito mútuo prevalece, fazendo com complicada, mas se alguns conseguem,
os outros. Só que, com a evoluir dos tem- elementos da família que se encontravam que os membros que compõem estas famí- não pode haver desculpa para outros não
pos, este conceito de “família” começa a simultaneamente na mesma casa a dizer “o lias não conheçam o verdadeiro/tradicio- conseguirem.

C
mostrar uma tendência para se perder aos jantar está pronto, venham buscar!”. Cada nal significado da palavra família. Portanto, neste período natalício, aprovei-
poucos. um descia à cozinha individualmente para abe aos pais fazerem o seu papel te para reforçar a união da sua família e
Há poucos meses lembro-me de ver cenas fazer o seu prato e prontamente regressa- e explicar aos filhos, através de explicar a importância deste conceito aos
de um filme Americano que dificilmente vam aos seus postos para continuar o que actos no dia-a-dia, o verdadeiro mais novos para que um dia estes possam
me fugirão da memória. O filme era base- estavam a fazer. significado da palavra “família” fazer o mesmo aos seus filhos.
ado numa família Americana “moderna” É verdade que estas cenas se passaram e lutar contra algumas tendências da nossa Espero que todos tenham um Bom Natal e

Nascimentos
composta por um casal e os seus filhos num filme onde o exagero da realidade sociedade tecnológica e materialista. Se os desejo a todos um Feliz Ano Novo!
(um rapaz e uma rapariga) onde as novas por vezes é nota dominante, mas não creio pais não lutarem contra algumas tendên-
tecnologias tinham tomado conta das suas que seja este o caso. Se calhar até pode- cias, arriscamo-nos a ter o famoso “efeito

Luke Franklin Deoliveira Luis Manuel Miranda Pimentel Fernando Bryant Zapiain Jr.

Nasceu no dia 16 de Setembro de 2009 Nasceu a 15 de Setembro de 2009 Nasceu a 31 de Agosto de 2009 as 4:20am.
em Carmel, Ca. Pesava 7 libras e 13 onças Pesava 7 libras e 15 omas e media 21 inchas.
Pesava 9,6 libras e media 21 1/2 inchas
Pais: Luis e Susan Pimentel of Galt, CA Pais: Fernando e Sandra Zapiain from
Pais: Miguel Manuel Deoliveira e Traci Snyder Modesto
Avós: Manuel and Maria Miranda of Escalon,
Avós paternos: Jose and Francesca Pimentel of Elk Grove Avós: Madalena Avila, Hilmar- Fernando and
Mr. & Mrs. Franklin Deoliveira e Mary Madolyn Maty Zapiain, Modesto & Felicitas & William
Deoliveira Harrison, Long Beach, CA

Avós maternos:
Mr. & Mrs. Stevan e Kathie Snyder
ENGLISH SECTION 43

serving the portuguese–american communities since 1979 • ENG L ISH SECTION

Ideiafix
portuguese
Miguel Valle Ávila
miguelvalleavila@tribunaportuguesa.com

Natal dos Simples Threads of Thoughs

E
very holiday season, a Christmas tree goes up at work as
Lucia Soares
part of the Family Giving Tree campaign. My co-workers luciasoares@yahoo.com
and I select cards from needy little boys and girls with
their Christmas wish lists (between $15 and $30). Usu-

Stop and have a little faith


ally, these are very specific — a brown haired Bratz doll with her
pony, a Barbie doll, a Lego set, an Elmo learning set, a videogame,
clothes for school size x, shoes size y, a Raiders t-shirt size z.

I
This year, I approached the Christmas tree in the wide hallway of
our modern building and looked around the wish list cards. The n August, I gave birth to our nature of family, community, hu- preparing dinner. ‘Mom, guess
first girl wanted a Bratz doll. The second girl wanted a Bar- second daughter, Sofia Isa- manity and that Something that what?’ she squealed, waving the
bie doll. The third was a boy and he wanted a videogame. And bel and since then I’ve been all humans seek, but can’t always drawing. Her mom never looked
fourth, I came across a five-year-old girl who just wished to have at home caring for my 2 dau- find. It is especially a book for up. ‘What?’ she said, tending to
“anything” for Christmas. I could not resist and ripped the card ghters until my planned return to anyone who thinks that church- the pots. ‘Guess what?’ the child
from the Christmas tree. I had just selected girl number 174, age work in April. I have spent 14 ye- repeated, waving the drawing.
going people are hypocrites or
5, who would be happy with “anything” for Christmas. Whatever ars in the corporate world, clim- ‘What?’ the mother said, tending
pretend to be better-than-others,
Santa Claus and our beloved Menino Jesus would bring her. bing the proverbial ladder with to the plates. ‘Mom, you’re not
because it truly shows that at the
increasing responsibilities and end of the day, church-going pe- listening.’ ‘Sweetie, yes I am.’
My eyes watered. I cried. There alone in front of the Christmas ironically sometimes decreasing
tree. I just could not resist to the thought of a needy little five-ye- my quality of life. It hasn’t been
ar-old girl who may not have much to celebrate this year and will always the case, but somehow in
simply be happy with “anything” for Christmas. How her parents the last year at work, life became
may not be able to provide for her. Whose parents may have lost work almost 24/7, starting with
their jobs in this economy. Whose house may have been lost to 6am conference calls, I was tied
foreclosure. Who world may have turned upside down. to my Blackberry with the inces-

I
sant ringing of urgent messages
prayed. There in the middle of the hallway. To our beloved and new requests. A brief break
Menino Jesus. That He may assist this little girl and her fa- at dinner with my husband and
mily. That He may bring her a little happiness and joy this 3-year-old daughter was a wel-
Christmas. That He may bless her for teaching a grown man come, but short break only to be
the meaning of Christmas. followed by more email and Po-
werPoint presentations.
Being home, although hectic and
When I got home, my daughter was singing an old Christmas more challenging in other ways
song by José Afonso, “Natal dos Simples” (Christmas of the (such as comes with the intensity
Simple People): of sleep deprivation), has allowed
me to re-center and re-focus on
Vira o vento e muda a sorte what is important, family and fai-
Turn the wind and change the luck th. And, just in time for Christ-
Vira o vento e muda a sorte mas I feel renewed and awakened
Turn the wind and change the luck again to the vocation of being a
Por aqueles olivais perdidos mother and a Christian in our
Among those lost olive groves evermore demanding world. It
Foi-se embora o vento norte was during a brief bookstore visit
The Northern wind has gone away that I came across a book perfect
Quem tem a candeia acesa for this season and moment in
Whoever has a candle lit my life, Mitch Albom’s “Have a
Quem tem a candeia acesa Little Faith.” It is the true story
Whoever has a candle lit of a traditional but modern Rab-
Rabanadas pão e vinho novo bi who dedicated 60 years of his
Rabanadas bread and young wine life to ministry and of a man who
Matava a fome à pobreza after a life of drugs and misery, ople are really no more perfect ‘Mom,’ the child said, ‘you’re not
Killed the hunger of the poor became a Protestant pastor to than anyone else... they are just listening with your eyes.’”
help those in need. It is the most seeking to be heard and helped
May Girl 174 have a Feliz Natal full of blessings and that the wind inspirational book I have read in by God. During this Christmas and in the
may turn and bring her and her family much love, happiness, and years, and is a must-read for this One short sermon by the Rabbit year to come, remember to stop
better luck in 2010 Christmas season. especially made me contemplate and listen with your ears and eyes

W
my own behavior in our action- to the things that are truly impor-
hether you are a driven world. It is a story about tant in life. Merry Christmas.
Jew, Christian or listening. “A little girl came home Have a Little Faith available on
an atheist, this from school with a drawing she’d Amazon.com for $11. Ten per-
book promises made in class. She danced into the cent of the book’s profits go to
to make you reflect on the very kitchen, where her mother was charity.

Partial view of the “Presepio do Padre M. Pereira em La Salette Shrine, USA


44 ENGLISH SECTION 15 de Dezembro de 2009

Joe Mattos Eça & Machado revisited


passed away The University of Massachusetts
Dartmouth Department of Portu-
guese and Center for Portuguese
Eça de Queirós. He is the author
of fifteen books published in Por-
tugal, Brazil, Spain, the United
of several books, including Lite-
ratura e cordialidade: o público
e o privado na cultura brasileira,
Joe A. Mattos was born on Studies and Culture announce a States, and Germany, and has that was awarded the Mário de
December 14, 1929 in Mo- symposium, “Eça and Machado taught at various universities in Andrade Award from the Natio-
desto, CA. He passed away Revisited: A Seminar with Car- the United States and Brazil. Pro- nal Library of Brazil. He is also
unexpectedly from a heart los Reis and João Cezar de Castro fessor Reis is the coordinator of the co-author of Evolution and
aneurysm on November 4, Rocha,” to be held on Friday, De- Edição Crítica das Obras de Eça Conversion (Continuum, 2008),
2009. cember 11, 2009, 2:00 – 4:00 PM de Queirós as well as História with René Girard and Pierpaolo
His early childhood was on in LARTS 374 (parking available Crítica da Literatura Portuguesa. Antonello, which was awarded
a ranch in Escalon, CA, but in Lot 1). Between 1998 and 2002 he was the prestigious Prix Aujourd’hui
most of his youth he spent Director of the National Library for 2004. He is the editor of more
in Rodeo, CA. He was an The event, dedicated to the two of Portugal. He has also served as than 20 books, including two pu-
accomplished baseball and leading novelists of the Portu- the President of the International blished by the UMD Center for
football player at John Swett guese language—Eça de Quei- Association of Lusitanists (1999- Portuguese Studies and Culture.
High School in Crockett, rós (1845-1900), of Portugal, and 2002) and President of the Natio- He has been the recipient of nu-
CA. He went on to play ba- Machado de Assis (1839-1908), nal Commission to Commemo- merous fellowships, including
seball at Vallejo Junior Col- of Brazil)—is free and open to rate the Centennial of the Death the Alexander von Humboldt
lege. He came to SJSU to the public. of Eça de Queirós (2000-2001). Foundation Fellowship at the
major in Business and Economics; additionally he took philosophy Carlos Reis, of the Universidade In 2005, he held the Hélio and University of Berlin; the Tinker
courses he claimed “blew his mind open”! He graduated from San Aberta of Portugal and the Uni- Amélia Pedroso/Luso-American Visiting Professor at the Univer-
Jose State University in 1952. He was eternally grateful to the scho- versity of Coimbra, will present Foundation Endowed Chair in sity of Wisconsin, the “Minis-
ol because it taught him that education was the key to opportunity. a lecture entitled “O cânone da Portuguese Studies at the Univer- try of Culture Visiting Fellow”
While attending SJSU in 1951, he was married to his wife, Beverly literatura queirosiana: A Corres- sity of Massachusetts Dartmouth, at the University of Oxford; the
Paxton, for 58 years. pondência de Fradique Mendes.” which allows for the yearly hire “Overseas Visiting Scholar,” at
Preceding Army induction, he was commissioned as a 2nd Lieu- of a distinguished scholar and the Cambridge University; and
tenant. After training in Texas and Virginia, Joe was deployed to Professor João Cezar de Castro professor, specializing in the vast the John D. and Rose H. Jackson
Pusan, Korea where he was the head administrator, overseeing Rocha, of Manchester Universi- and varied Portuguese-speaking Fellowship, at the Yale Universi-
150 troops and indigenous personnel, in the Medical Service Core ty and Visiting Endowed Chair world comprised of over 220 ty. He presently holds the Hélio
(1953) for 19 months. Professor in Portuguese Studies million people in eight countries and Amélia Pedroso/Luso-Ame-
In the years after discharge, Joe attended UC Hastings College of at the University of Massachuset- on four continents. rican Foundation Endowed Chair
Law and Golden Gate School of Law. ts Dartmouth, will give a lecture João Cezar de Castro Rocha is in Portuguese Studies.
Joe successfully maintained a general practice of law for 48 years on “Machado de Assis & Eça de Professor of Comparative Tran-
in San Jose. Queirós: Paradigmas de apro- satlantic Studies at the University For further information on this
Joe was proud of his Portuguese heritage. This pride carried into priação.” of Manchester, where he has also and other activities of the Center
his philanthropy for the Portuguese community which included ex- Carlos Reis is Chancellor of Uni- been Director of the Institute for for Portuguese Studies and Cul-
tensive pro bono work to ensure establishment and recognition of versidade Aberta and Professor Transnational Studies and Direc- ture, please call 508-999-8255) or
the Portuguese and Azorean heritage and non-profit businesses in at Universidade de Coimbra. He tor of the MA in Latin American visit its website at:
the valley and State of California. is a renowned scholar in 19th and Cultural Studies. He is a renow-
One of Joe’s passions was his support of San Jose State Athletics 20th Century Portuguese Litera- ned scholar on Brazilian literatu- www.portstudies.umassd.edu.
especially Spartan Football. He attended games home and away for ture, especially in the works of re and culture, being the author
over 50 years. Another passion was world travel. His travels inclu-
ded all 50 states, over 85 countries spanning all 7 continents. He
loved to make conversation and found pleasure in finding common

Macau: uma história de sucesso


ground with people from different backgrounds. He had a playful
sense of humor, he loved to learn, he was a thinking man, a phi-
losopher of sorts. He will be dearly missed. He is survived by his
wife, Beverly; son, Brett Mattos, and his wife, Tami; daughter, Kim
Mattos, her husband, Kye Andersen, granddaughter, Piper; Sister,
Rosalina George, her husband Mel George and sister, Marie Whe-
eler and numerous nephews and nieces.
Funeral took place on Friday, November 13, 2009 at the Five Woun-
ds Portuguese National Church with interment at Los Gatos Me-
morial Park. Donations can be made to: Spartan Foundation, One
Washington Square, San Jose, CA 95192-0062

As Associações Macaenses da Califórnia em co- da existência da RAEM sob a liderança do Chefe


operaçâo com o Instituto Internacional de Macau Executivo Edmundo Ho How Wah e realçando o
organizaram uma exposiçâo de pinturas, alusiva ao Grande Milagre Económico de Macau, o Turismo,
Décimo Aniversário da Região Administrativa Es- os Casinos, a CEPA, o Ensino, o Desporto, a Cotai
pecial de Macau, que foi inaugurada no dia 4 de e o Princípio “Um País, Dois Sistemas”, consagrado
Dezembro no The California Modern Art Gallery, na Lei Básica da RAEM.
em San Francisco, perante uma numerosa assistên- E para dar animação à festa foi convidado o grupo
cia, calculada para cima de cem pessoas incluindo de Dança do Leão de Yee’s Martial arts da cidade
pessoal da Rádio chinesa das cidades de San José, de Hercules que fez uma bela exibição muito aplau-
Fremont e Hayward e das estações de televisão ca- dida pela assistência.
nais 36 e 44 de San Francisco. O Jornal Sing Tao
de Brisbane enviou um jornalista.Os Diários San Henrique Manhão
Francisco Chronicle e Examiner deram notícias para Tribuna Portuguesa
deste evento.
Estavam presentes o Consul Geral de Portugal em
Sâo Francisco, António Costa Moura, os consules
da República Popular da China também daquela
cidade Zhan Yan e Qing Li e Lauren Riggs que en-
tregou uma mensagem de Bárbara Lee, membro do
congresso americano, ao Instituto Internacional de
Macau.
Vinte e três lindos painéis de multicores de quase
dois metros de altura estavam patentes ao público,
representando uma história de sucesso de dez anos
PATROCINADORES 45

Arrendam-se
2 Quartos
Arrendam-se dois quartos de cama numa boa casa
situada em San José, com serventia de cozinha e casa
de banho. Também podem usar as máquinas de lavar e
secar roupa, situadas na garagem.

Para mais mais informações, por favor contactar:

Nelia Martins 408-272-7173

Tribuna agora já
no twitter:
www.twitter.com/
porttribune
46 PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2009
CRUZEIRO as Caraíbas 2009
COMUNIDADE 47

Confirma-se mais uma vez que o Tribuna Portuguesa é o jornal maís lido nas praias das Caraíbas!

Mais uma vez a America Travel proporcionou aos seus clientes um cruzeiro de muito
interesse com saída de New Jersey e paragens ns Bermuda, St. Martin, St. Thomas e
Puerto Rico. Foram nove dias de encanto acompanhados pela bonita música do Chico
Avila que obrigou todos os viajantes a dançarem horas a fio, sem descanso.
A Bermuda foi mesmo uma surpresa para todos. Uma Ilha mais pequena que a Graciosa,
situada a 1100 milhas de Miami, Florida. O território da Bermuda é composto de 138
ilhas (incluindo muitas a que nós chamamos Ilhéus), com uma superficie total de 53,3
quilómetros quadrados (20.6 milhas quadradas). Tem uma população de 67 mil pessoas
(22 mil são de São Miguel). A Capital é Hamilton na ilha maior e é de uma limpeza in-
crível, com baías lindas e águas a condizer e com um Clube Português - Vasco da Gama
- e um Café Açoriano, que foi visitado por alguns dos viajantes.
St. Martin é uma ilha dividida entre dois países - França e Holanda. Tem uma superficie
de 53 km2 na parte francesa e 34 km2 na parte holandesa. A população total é de 73 mil
pessoas.
St. Thomas faz parte da United States Virgin Islands, tem uma superficie de 81 km2,
com uma população de 52,000. A sua capital chama-se Charlotte Amalie. Esta ilha foi
comprada em 1917 pelos Estados Unidos por $25 milhões de dólares.
Puerto Rico, oficialmente chamada Commonwealth of Puerto Rico, tem uma superficie
de 9104 km2 e uma população de 4 milhões. Old San Juan á a maior jóia arquitectural
das Caraíbas e Cidade Património Mundial. Um encanto total.

Slideshow do Cruzeiro (1 hora) = $22.00 - Solicite-o ao Tribuna Portuguesa


48 PATROCINADORES 15 de Dezembro de 2009

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