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O Magnetismo nas Relações Sociais

A Submissão do Ser Humano através de suas Fraquezas


Por Nessahan Alita
(Inspi rado em um livro de Eliphas Lévi)

Dados para cit ação :

ALIT A, Nes sa h an (2002). O Ma gn et i sm o n a s Rel a ções S oci a i s: A Subm i ssã o do S er


Hum a n o a tr a vés de sua s Fr a quez a s . E di çã o vi r t ua l in depen den t e de 2008.

Palav ras- chave:

m a gn et i sm o - a tr a çã o - en can ta m ent o - pa i xões - von t a de

1
O Magnetismo nas Relações Sociais
In tr oduçã o

1. As a t ra ções e r epul s õe s

2. As ca dei a s m a gn ét i ca s

3. A r esi st ên ci a e a m ani pul a çã o da s cor r en t es

4. A m an i pula çã o e a in str um ent a l iz a çã o da s cr en ça s

5. As t en dên ci a s de in st a la çã o da cr en ça

6. A na t ur ez a da pai xã o h um an a

7. A a poder a çã o da von t a de a lh ei a

8. O ca r á t er a ut o-dom i n a t ór i o da m an i pul a çã o

9. A si n gular i da de com por t a m en ta l do el em en t o pa ssi vo

10. O uso da si m pa t ia da m ai or i a dos el os de um a ca dei a por h om en s vi s

11. O m a gn et i sm o na s pol êm i ca s

12. A di nâ m i ca psi col ógi ca d o en ca n ta m ent o e da fei t i ça r i a

13. E m an ci pa çã o do c om p or t a m en t o na con duçã o da s c or r en t es m a gn ét i ca s

Con cl us õe s

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Int rodução

Nest e pequeno ensaio t enho por met a demo nst rar a necessidade de
superar mo s nossas fraquezas passio nais: os dese jos e os medos.

Por meio das fr aquezas, est amos expost os à maldade e à manipulação.


Somos vít imas de vár ias circunst âncias pela debilidade de nossa vont ade.

O ho mem nasce da vit ór ia sobr e o animal, sobre o inst int o. Vencer o


inst int o não é enfraquecê- lo ou supr imí- lo, mas do miná-lo, t ranscendê-lo,
dir igi- lo e usá- lo em nosso favor. E m uma palavra: assimilá-lo.

A do mínio sobr e os inst int os requer a mort e dos egos, element ár ios,
agregados psíquicos, eus, va lores, co mplexo s ou como queir amo s chamá-
lo s: os nossos defeit os. Nos confer e um poder inigua lável. E nt ret ant o,
aquele que fizer uso errado ou egoíst a do poder será um cr iminoso e t erá
que respo nder por isso.

Apenas co m a finalidade de dar orient ação e per mit ir às pessoas que


se prot ejam das ma lignas influências hipnót icas da vida é que forneço esses
import ant es conheciment os sobre a manipulação do homem.

Esclareço que os conheciment os cont idos nest e livro não apresent am


nenhuma relação co m as t écnicas hipnót icas e/ou manipulat ór ias mas, ao
cont rár io, result am de reflexões filo só ficas diamet ralment e opost as. A
int enção dest e t rabalho é auxiliar as pessoas a resist irem a múlt iplas
influências hipnót icas, sugest ões subliminares, influências ps íquicas,
manipulações ment ais e fascinações, co mbat endo as nefast as influências de
quaisquer t écnicas e processos de ludibr iação manipulat ória que
int ensifiquem o adormeciment o da consciência. Posicio no-me
co mplet ament e a favor do despert ar da consciência e radica lment e cont ra o
seu ador meciment o.

Desejo- lhe a vit ór ia.

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1. As atrações e repu lsões

E m 29 de dezembro de 2002.

As relações sociais o bedecem a pr incíp ios magnét icos co mo o fazem


os corpos inanimados.

Os seres humano s inst alam ent re si e co m o mundo relações de


at ração e repulsão: são at raídos pelo que gost am e repelidos pelo que
det est am. Quando são irresist ivelment e at raídos ou repelidos, at ua o
magnet ismo univer sal.

Por trás das influências magnét icas est ão as fascinações. A qualidade


das mesmas det er minam o que será at raent e ou repelent e. Quant o mais
expost os à fascinação est iver mos, mais vit imados pelas c ir cunst âncias
seremo s.

Os fluxo s magnét icos for mam est rut uras sociais que vão dos pares de
casais, famílias ou parcer ias de amigos at é a humanidade int eira.

A força psíquica pro move agregações sociais por afinidade simpát ica
e desagregações por efeit os ant ipát icos. A simpat ia se or igina da
convergência de desejo s e a ant ipat ia da divergência.

O sent ido assumido pelo desejo é o fluxo da libido. Uma mesma


pessoa possui mú lt iplo s e conflit ant es fluxos libid inais. Sua linha
psico lógica pr incipal será det er minada pelos fluxos libid inais
predo minant es, os quais a expõem ao per igo da manipulação por um inimigo
ast uto, que t enha exper iência na do minação dos sent iment os alheio s.

Os manipuladores int ensificam a simpat ia ou a ant ipat ia por meio da


excit ação dos desejo s conscient es e, pr incipalment e, inconscient es de sua
vít ima, levando-a à dependência, à ent rega e à submissão comp let as. O
segredo de seu per ver so poder é a engenhosa est rat égia de ident ificar as

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paixões da vít ima que lhe serão út eis, est imu lá-las e acent uá-las. A vít ima
dest e modo é induzida, inconscient ement e, a adorá-lo, t emê-lo ou odiá-lo.

A força magnét ica é muit o per igosa. Seu poder de at ração pode ser
muit o int enso e nos fulminar. Para mo viment á-la pr ecisamo s de um pont o
de fixidez, o auto-cent rament o, o qual é obt ido por meio da disso lução dos
co mplexos que nos confer e liberdade co mport ament al e o poder de resist ir
às at rações e repulsões fat ais do magnet ismo universal.

É sempre convenient e, na medida do possível, evit ar ant ipat ias mas


para t ant o é necessár io disso lver os egos. A ant ipat ia não nos é em geral
favorável a não ser que disponhamo s de int ensa dose de simpat ia para lhe
fazer frent e de maneira muit o segura. Deve mos evit ar ao máximo a
const elação de ant ipat ias.

Quando mexemo s na corrent e magnét ica, ist o é, no fluxo libidina l


int erpessoal ou int rapessoal, desencadeamos reações. A presciência das
mesmas é fundament al para não ser mos fulminados.

O meio para det er minar simpat ias e ant ipat ias é a obser vação. Por
meio da obser vação o manipulador descobr e quais são os objet os de amor e
de ódio. A afinidade simpát ica se est abelece pela correspondência de
at it udes, pela convergência de co mport ament os. Se at uar mos cont rar iament e
ao que alguém det est a e favoravelment e ao que algué m ama, ent raremos em
afinidade simpát ica.

Para se superar uma grande ant ipat ia é prec iso uma dose super ior de
simpat ia. A supressão de um ódio ou mágoa imensos requer a aplicação
exaust iva do magnet ismo em sent ido cont rár io e proporcio nal à host ilidade
sent ida.

Somos seres alt ament e mecânicos. Reagimos aos acont eciment os


aut omat icament e e dent ro de padrões det ect áveis. Para ser mos induzidos a

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ações ou est ados de ment e e sent iment o, bast a que o manipulador conheça a
for ma de provocá- lo s.

Por exemplo, induzimo s alguém que sent e prazer na oposição grat uit a
a defender nossas idéias quando fingimos defender idéias opost as às que em
realidade são as nossas. I nduzimos um fo foqueiro a propagar uma not ícia
quando lhe pedimo s para ocult á- la so b a alegação de ser um grande segr edo.
Assim age o manipulador.

O pr imeiro passo na manipulação é a ident ificação dos


condicio nament os do out ro. O segundo passo é desco bert a do agent e
desencadeador da ação mecânica. O t erceiro passo é a inst rument alização
desse condicio nament o, a descobert a de sit uações em que o mesmo é út il
aos nossos propósit os. Ent ão bast a “apert ar os botões” e as reações se
desencadeiam.

O manipulador faz um levant ament o dos condicio nament os


co mport ament ais e dos objet os que exercem at ração e repulsão em sua
vít ima. E nt ão os ut iliza confor me as circunst âncias.

Quando as reais int enções do manipulador são percebidas, sua


imagem so fre um desgast e perant e a vít ima. Para recuperá-la, est e precisará
agir co mo se o objet o de seu desejo fosse a lt ament e desint er essant e e, em
seguida, dar cont inuidade aos at os encant adores.

Na manipulação opera-se por alt ernância. Não se opõe força cont ra a


força mas, ao cont rário, se int ensifica e inst rument aliza os fluxos de força
exist ent es. A ins ist ência em uma única direção produz um fluxo de força
resist ent e na dir eção cont rár ia. A liso nja e o car inho cont ínuos e excessivos
conduzem à irr it ação e ao fast io. A indiferença e o desprezo cont ínuos
conso lidam a fr ieza e afast ament o.

O manipulador co mbina dia let icament e os opostos: toma at it udes


encant adoras ao mesmo t empo em que simula est ar des int eressado. Ent ão

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vai aco mpanhando a evo lução do processo de enlouqueciment o de sua
vít ima.

Pode-se induzir no out ro est ados int ernos por simpat ia ou ant ipat ia.
Todas as nossas at it udes desencadeiam no out ro reações mecânicas co nt ra
as quais se é indefeso. Para inst rument alizá-las, bast a obser var os efeit os de
cada at it ude e desco br ir sit uações em que ser iam desejáveis.

As pessoas reagem aut o mat icament e ant e as circunst âncias, de modo


padronizado. São abso lut ament e manipuláve is at ravés de um jogo de at ração
e repulsão que corresponde ao fluxo do magnet ismo univer sal.

A voz e o olhar são poderosas ferrament as de encant ament o. Induzem


a at it udes de modo facilment e ver ificável.

Encarar ou ofender ver balment e um ho mem de nat ureza exalt ada é


induzí- lo, sem chances de defesa, a cr iar um conflit o e cair em est ados
psico lógicos negat ivos.

A simpat ia se est reit a e int ensifica quando alguém t oma as idéias do


out ro e a desenvo lve e amplifica co mo se fo ssem suas at ravés da palavr a.
Ao endossar as fr ases do próximo, est ará cumpr indo sua vont ade.

O cont ato cont ínuo mas não desgast ant e por insist ências unilat erais é
essenc ial no inst alação da simpat ia ou ant ipat ia. A dist ância pro lo ngada
induz ao esfr ia ment o, à neut ralidade.

E m t orno de um objet o de desejo ou de ódio, pode-se cr iar toda uma


cadeia magnét ica envo lvendo um número infinit o de pessoas.

Obviament e, o desejo est á cont ido no ódio sob for ma de int ensos
impulso s de buscar a dist ância ou de ocasio nar danos ao objet o det est ado.
Querer afast ar-se de uma sit uação é quase o mesmo que querer aproximar-se
da sit uação opost a.

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Nos níve is inco nscient es da psique, o magnet is mo apresent a liberdade
de dir ecio nament o e int ensidade em seu fluxo. Cont inua ment e nos
influencia mos reciprocament e sem o perceber. E is o per igo do manipulador
hábil.

O manipulador hábil consegue enxergar a part e ocult a da psique


alheia. Ident ifica e inst rument aliza fr aquezas que a vít ima desconhece
possuir para t ransfor má- la em um fant oche excit ando suas debilidades e
induzindo crenças.

Os padrões de at ração e repulsão de cada pessoa apresent am um


est rato ind ividual, exclusivo dela, e um est rato colet ivo, compart ilhado co m
out ras pessoas ou at é mesmo co m a humanidade int eira.

A simpat ia se inst ala quando uma pessoa considera que out ra a


auxiliará a realizar seus desejo s. Ant ipat ia se inst ala na sit uação opost a:
quando a sat isfação do desejo é ameaçada.

Opor-se à sat isfação do outro é t orná- lo nosso inimigo e favorecê-la é


torná- lo nosso amigo. Dar livre cur so aos desejo s alhe ios é t ornar a si
mesmo de algum modo út il e necessár io ao out ro.

Cont ra os próprios desejo s, a resist ência dos seres humano s co muns é


nula por não t erem disso lvido o ego. Não se t em not ícia da exist ência de
alguém que se t orne inimigo de uma pessoa por t er sido auxiliado pela
mesma na sat isfação de seus desejo s, sonhos, anelo s et c. Depreende-se,
assim, que est e é um po nt o fraco que nunca se fecha. Tal abert ura à
manipulação é ut ilizada pelo s malfe it ores expert os mas pode t ambém ser
aproveit ada em casos just os nos quais precisamo s nos defender ou ajudar
alguém.

Uma vez excit ada a paixão ou desejo, seu port ador se mo biliza para
sat isfazê- las, at irando-se em dir eção ao objet o cobiçado como uma bala de
revó lver em direção ao alvo. É algo abso lut ament e mecânico e irresist íve l.

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O cont role dest e processo exige do manipu lador a capacidade de influenciar
sem ser influenciado, de enco nt rar nos impu lsos alhe ios ut ilidades, de
aceit á- los t al co mo se manifest am e de conhecer as palavras e ações que os
int ensificam.

São part icular ment e int eressant es os casos em que o ele ment o
manipulado acredit a est ar enganando o manipulador ao t er os seus desejos
sat isfeit os. As pessoas mais propícias a est e t ipo de enganação são as pouco
evo luídas, muit o pr imit ivas e que querem sempre levar vant agem às cust as
do próximo. Obviament e, é exigida imensa fr ieza e indifer ença por part e do
element o at ivo para que r idicular izações, escár nio et c. sejam suport ados
co m t ranquilidade.

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2. As cadeias magnéticas

Quando as vont ades se unem, for mam cadeias magnét icas (egrégoras).
Por afinidade simpát ica, for mam- se e propagam-se socialment e espont âneas
cadeias de sent iment os co mandadas desde o cent ro por indivíduos
manipuladores. As cadeias podem ser de t eor polít ico, comercial, art íst ico,
religioso et c. A abrangência t emporal e espacial que possuem é var iável.

As guerras são exemplos de cadeias magnét icas alt ament e dest rut ivas
e se devem ao choque de cadeias ant agônicas.

No at ual mundo glo balizado, for mam-se cadeias simpát icas de


abrangência geográfica int er nacio nal que podem t er como núcleo uma
empresa, um gover no, uma not ícia, uma grande produção do cinema ou da
art e.

Quant o mais ext ensa for uma cadeia simpát ica, maior será sua força.
A força simpát ica se propaga pela co municação ent usias mada co nt ínua e se
desencadeia por prát icas só lidas.

Os seres humano s co muns necessit am de liderança. Um ho mem de


gênio for ma sua própria cadeia para at ingir seus objet ivo s. Adquire um
pont o de fixidez, a imo bilidade psíquica, e desencadeia em seguida uma
ação circular persever ant e de inic iat ivas. Possui grande força de ação e
direção. Se for um gênio do bem, ut ilizar á sua força para ajudar seus
semelhant es. Se for um gênio do mal, os levará à desgraça e t erá que
responder por isso. Hit ler fo i um gênio do mal. Ho je há muit os gênio s do
mal at ivo s.

O moviment o do agent e magnét ico é duplo e se mult iplica em sent ido


cont rár io pois a cada ação corresponde uma reação equivalent e (por
exemplo: o pr ivilégio concedido a alguém desencadeará a simpat ia do
beneficiado por quem o concedeu mas, ao mesmo t empo, provocará a

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ant ipat ia dos inimigos do beneficiado ao benfe it or). O segredo consist e em
calcular as reações ant ecipadament e e evit ar agir por impulso. Aquele que
não se iso la das corrent es magnét icas é fulminado por não resist ir à
t ent ação de sat isfazer seu desejo a despeit o das reações co nt rár ias e
per igosas que sua sat isfação possa desencadear. Cada at o cria uma
sequência encadeada de efeit os em rede.

As opiniõ es cir culant es influencia m dir et ament e a força do agent e


magnét ico for mador da cadeia, mot ivo pelo qual é preciso avaliar
cuidadosament e a abr angência e a pro fundidade das predisposições
exist ent es, sob o risco de se desencadear uma cat ást rofe cont ra nós mesmo s
ou cont ra o mundo.

O amor é super ior ao ódio por ser int r insecament e simpát ico. Cr ist o
fo i crucificado por est ar influenciando a mult idão progressivament e e em
um sent ido cont rár io aos int eresses dos cent ros das cadeias mais fort es de
sua época.

As cadeias est ão submet idas a um mo viment o pendular, evo luem e


invo luem. Uma cadeia fina lizant e é sucedida por uma cadeia opost a.

At ualment e (ano 2003), a cadeia simpát ica mundia l que t em os EUA


co mo cent ro ent rou em lent o moviment o regress ivo. Os demo crat as
ret ardam esse processo hist ór ico at ravés de sua maleabilidade e os
republicanos, seus ant agonist as, o apressam at ravés de at it udes unilat erais.
George Bush aceler a a difusão do ant i-amer icanis mo no mundo sem o
querer e apressa, port ant o, a derrocada do impér io dent ro da escala
t emporal das idades das nações.

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3. A resist ência e a manipu lação das correntes 1

Uma chave ut ilizada pelo s manipuladores par a o encant ament o e o


enfeit içament o é a capacidade de esperar os result ados de ant emão e
aco mpanhá- lo s lent ament e, com paciência e sem ansiedade por at ingir a
met a. O pret enso encant ador que est eja t omado de paixão fr acassará por não
suport ar a espera. O mesmo necessit a ir cont ra si mesmo, cont er-se, para
aco mpanhar a evo lução do processo.

É impossíve l que alguém se ja escravo e senhor ao mesmo t empo, com


relação a um mesmo fluxo magnét ico. Se uma pessoa est iver imune à
at ração, será senhor do objet o; se for vit imada pela paixão, será escrava. É
por isso que aqueles que t ent am manipular as forças magnét icas para fins
pessoais são fulminados mais cedo ou mais t arde.

Res ist ir às at rações e repulsões é resist ir às t ent ações. Os agregados


psíquicos são os fat ores de debilidade. Quando mort os, est amos imunes à
manipulação pois as fraquezas est arão eliminadas. Aqueles que não
suport am as t ent ações co locam a sat isfação dos desejos à frent e dos efeit os
co lat erais das ações e se que imam ao t ent ar cr iar cadeias simpát icas que
at endam aos seus desejo s e concupiscências po is não possuem presc iência
das reações sociais que serão liberadas. A pessoa tomada por um dse jo est á
louca, sendo incapaz de julgar e discer nir.

Quant o mais débil, propensa à hist er ia, ner vosa, impressio nável,
fascinável e menos resist ent e psiquicament e aos acont eciment os for uma
pessoa, maior será seu poder inco nscient e de concent ração e propagação da
força magnét ica e sua at uação co mo element o propulsor da cadeia. O
ent usiasmo é alt ament e cont agio so.

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Existem manipulações sadias, utilizadas em legítima defesa, que não violentam o livre-arbítrio alheio e não
atendem a fins egoístas. Seria melhor definí-las como “contra-manipulações”. Existem também manipulações
egoístas e prejudiciais. Estas são ilegítimas e eu as combato.

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At ravés de at it udes, o char lat ão exalt a a paixão alheia. Ent ret ant o, a
paixão concent rada é alt ament e cont agiosa e pode fulminar o pret enso
manipulador em um mo viment o ret rógrado caso est eja t omado por desejo
passio na l e não se iso le da corrent e magnét ica que co ncent rou e começou a
mo viment ar. O iso lament o se consegue pela r ecordação de si e pela mort e
dos egos.

Quant o mais mort os est iver mos psiquicament e, t ant o menos


condicio nados est aremos e t ant o maior será nossa capacidade de nos
co mport armos de maneir a a simpat izar ou ant ipat izar co m o out ro.

A disso lução dos egos erradica os condic ionament os


co mport ament ais, nos proporcio nando liberdade int er na para agir mo s t ant o
de uma maneir a co mo da maneira opost a, de acordo com as necessidades
cir cunst anc iais. Ao invés de vít imas, nos convert emos em senhores das
cir cunst ânc ias.

Para do minar o fluxo dos acont eciment os é necessár io, ant es de t udo,
não possuir mo s condic io nament os co mport ament ais. Os condicio nament os
co mport ament ais são fraquezas por onde so mos manipulados pelas
cir cunst ânc ias.

Aquele que se ent rega a uma paixão não pode dominá-la po is est á
dominado. O simples apareciment o de um ve lhaco que o tome at ravés dest a
paixão o convert erá em escr avo.

Aquele que est iver imune ao magnet ismo, ou seja, à fascinação e,


consequent ement e, sem o condicio nament o comport ament al correspo ndent e,
pode influenciar algumas pa ixões do próximo por meio de out ras paixões
que o mesmo possua po is os fluxos libidina is de cada pessoa são múlt iplos
e conflit ant es. Dest e modo, podemos fazer co m que uma pessoa que nos
odeia passe a nos amar ou decepcio nar alguém que nos admira. Toda ação,

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at it ude ou comport ament o exerce em efeit o sobre os sent iment os de quem a
so fre ou presencia.

Enquant o t enhamo s os egos vivo s, seremos manipuláveis. Se, em u m


dado inst ant e, alguém for incapaz de nos manipular, ist o se deverá
unicament e ao fat o de não est ar emit indo os comandos corretos. Somos
robôs vivent es, de car ne e osso, autômat os que at uam mecanicament e de
acordo com as circunst âncias. Bast a que seja m apert ados alguns bot ões para
que t enhamos cert os sent iment os, det er minados pensament os e execut emos
aut omat icament e as ações correspondent es. O que impede nossa t ot al
manipulação é unicament e o desconheciment o dos corretos comandos por
part e do manipulador e não nossa resist ência ao fat al poder do magnet ismo
universal. Est e é o ponto cent ral a ser compreendido.

O desco nheciment o é a causa das t ent at ivas de enfeit içament o e


encant ament o que surt em efeit os cont rár ios aos almejados. Explica, por
exemplo, porque um ho mem que ent rega flores de joelho s a uma mulher não
conquist a seu coração ao passo que out ro que a ignora ou rejeit a por
considerá- la feia t orna-se objet o de sua obsessão. O que ocorre aqui é um
desco nheciment o da mecânica do magnet is mo: aquele que ent rega flores não
co mpreende que seu at o surt e um efeit o oposto ao esperado.

São fat os int eressant es de se obser var as provocações irr it ant es que
visam enfur ecer ou as agressões que visam fer ir o próximo. O
agressor/provocador necessit a do sofr iment o de sua vít ima e at ua de modo a
alcançar est a met a, t endo por mot ivação a crença de que seu at o surt irá o
efeit o imaginado. Quando o efeit o obt ido co m t ais at it udes host is é oposto
ao esperado pelo manipulador, est e sofre as consequências do processo que
cr iou. Isso se chama "efeit o especular do feit iço". O ve lhaco, ao t ent ar
fer ir, est á mo vido pelo desejo de causar so fr iment o e, port anto, submet ido a
uma paixão. Se a psiquis mo da vít ima, por sua peculiar idade nat ural ou
t reinament o espir it ual, repele a força magnét ica, ist o é, não aceit a a
influência, a paixão do agent e não é sat isfeit a e o mesmo so frerá na

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proporção dos seus desejos de causar o ma l, os quais se co nvert erão em
verdadeiros parasit as int er ior es que o t ragarão vivo. Por isso se diz que o
feit iço repelido ret orna àquele que o lançou. Exemplo s: se um ho mem t ent a
me r idicular izar ou irr it ar e desco bre que seu at o provocador me faz bem ao
invés de mal, por eu considerar sua at it ude r idiculament e engr açada ou
agradável, sent ir á em si mesmo os est ados emocio nais negat ivos que havia
dest inado a mim; ent ão se enfurecer á co m a int enção de me amedront ar para
que eu so fra co m o medo mas, se descobr ir que co nsidero suas ameaças vãs
por serem vis ivelment e ino fensivas, so frerá ma is ainda. Seu so fr iment o será
diret ament e proporcional à sua impot ência em me fazer mal. Seu so fr iment o
so ment e ir á abandoná- lo quando conseguir me causar algum dano. O
fracassado manipulador insist irá dia e no it e na t ent at iva de t ransfer ir sua
dor para mim. Sua sit uação será ainda pior se eu não lhe houver dado
nenhum mot ivo para me odiar. Ent ão, nest e caso, eu t erei repelido t odos os
seus fluxos magnét icos, todos os seus feit iço s e t ent at ivas de hipnot ização.
Apesar de eu est ar aparent ement e pass ivo, minha ausência de reação e meu
silêncio ser ão sent idos co mo atos provocadores de múlt iplo s sent iment os e
pensament os result ant es do t rabalho invo lunt ár io da ment e do inimigo, a
qual ent ão irá corroê- lo 2. A mort e do ego nos t ransfor ma em um espelho que
refrat a os feit iços. Exemplo: um vendedor que fracassa em encant ar o
client e, um sedut or que se apaixo na miseravelment e por uma mulher que
t ent ou encant ar et c.

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Vale a pena inserir mais um exemplo hipotético. Se A age de modo a tentar provocar a fúria de B, A comete
um ato de vontade. Se B se enfurece, B submeteu-se pela paixão à vontade de A. Se B, porém, se determina a
não aceitar a provocação, B contrapõe sua vontade à vontade de A. Se a vontade de B for mais forte que a
vontade de A, será A o submetido e B poderá comandá-lo. Ao resistir à provocação, B poderá, se tiver uma
vontade poderosa e livre das influências provocativas, chegar até mesmo a cometer atos de benevolência em
relação a A e “viciá-lo” em tal.

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É import ant e emancipar mo s a vont ade, torná-la livre das influências
das circunst âncias, o que se consegue por meio da mort e dos egos.

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4. A manipulação e a inst rumentali zação das crenças

Um dos requis it os para provocar a paixão é ocult ar est a int enção para
que o ego da vít ima não reaja à manipulação de sua ment e. Caso est a
chegue a to mar consciência das reais int enções do cr imino so, reagirá co m
indignação ao fat o de est ar sendo manipulada e usada, co mpreenderá que os
at os falsos e fingidos do manipulador t êm co mo único objet ivo o cont role
do seu comport ament o.

O char lat ão hábil faz a vít ima crer que domina a sit uação e que o est á
enganando. A crença da vít ima em sua aut ono mia é fundament al para evit ar
reações cont rár ias.

Os padrões individuais ou colet ivos de reações mecânicas obedecem


às crenças. Manipu lar crenças é manipular significados at ribuídos e, por
ext ensão inequívo ca, as reações correspondent es. Os significados se faze m
e alt eram at ravés de at it udes. O manipulador será t ant o mais per igoso
quant o maior for sua liberdade int er na, ou seja, sua capacidade de t omar
at it udes ant agônicas dent ro de uma mesma s it uação.

Por ser capaz de assumir o comport ament o que quiser, o espert alhão
induz crenças a seu bel pr azer. At ua co mo sant o para que creiam que é
honest o ou como cafajest e para que creiam que é desonest o. At ua como
t ímido para que creia m que é co varde ou como arrogant e para que creia m
que é poderoso.

A força magnét ica habilment e inst rument alizada em manipulações da


ment e alhe ia é hipnót ica. Um est ado hipnót ico induzido é um est ado de
crença. Se o hipnot izado for levado a crer que é um cão, lat ir á. Se for
levado a crer que seu amigo vai mat á- lo, t ent ará se defender t ravando uma
lut a de vida ou mort e.

17
As crenças possuem int ensidade var iáve l, na proporção diret a da qual
influencia m a condut a. Acredit amos fac ilment e naquilo que desejamo s ou
t ememo s int ensament e.

Induzir crenças é operar sobre a imaginação. Se est ou convict o que


fulano é um ladrão, é porque assim o imagino.

Os co mbat es ideo lógicos, ver bais ou corporais são definidos pelo


poder de indução de crenças. Aquele que for induzido a crer que é infer ior
ao adver sár io será derrot ado.

As crenças e imaginações define m, port ant o, o sent ido fluxio nal do


magnet ismo univer sal.

Aquele que odeia at ua de acordo com o que acredit a poder fer ir o


inimigo, fís ica ou emocio nalment e, porque sua int enção é prejudicar.
Aquele que ama at ua de acordo com o que acredit a poder ajudar ou prot eger
a pessoa amada. O manipu lador pondera previament e a respeit o das reações
de sua vít ima co m a int enção de prevê- las e desencadeá-las. Pergunt a-se,
diant e do inimigo: de que maneiras est a pessoa t ent ará me prejudicar caso
eu provoque o seu ódio ? E m seguida busca benefíc io s ocult os ent re as
possíveis t ent at ivas de danificação. Se o ident ifica, calcula as
probabilidades de que a vít ima reaja exat ament e da for ma previst a. E m
seguida apert a os botões. As cr enças do odiant e condiciona m suas ações em
relação ao odiado. As ações do odiado são como botões psico lógicos que
at ivam de for ma exat a certos comport ament os ao serem apert ados. Tudo se
resume em encont rar os botões corretos de acordo com os benefícios que
busca o manipulador. Um erro de cálculo pode ser fat al. O ódio é um dos
impuls io nadores mais fort es do comport ament o. Aqueles que eliminam o
ego, eliminam os bot ões.

18
5. As tendências de instalação da cren ça

Os ho mens são t ão inocent es que acredit am rapidament e em qualquer


co mport ament o que os pilant ras simu lem. Também t endem a crer, sem
duvidar, no que dize m pessoas que admiram ou amam.

Quando algo é dit o para alguém at ravés de palavras diret as, a pessoa
t ende mais facilment e a desco nfiar do que quando é dit o indiret ament e,
at ravés de palavr as que t enham o desdo brament o desejado pelo manipulador
ou at ravés de co mport ament os simu lados. Est e é o mecanis mo da
propaganda subliminar ut ilizada por muit as empresas e desenvo lvidos por
cert os especialist as na art e de ludibr iar os t rouxas.

Parece- me sobremaneira difíc il aos ho mens duvidarem dos


co mport ament os simulados. Bast a que alguém simule desafiar um ho mem,
r idicular izá- lo ou est ar int eressado em sua esposa para desviar rapidament e
sua at enção de alvo s que não t enham relação co m esses pont os. Ent ão o
mesmo se convert erá em vít ima indefesa.

Uma mulher é incapaz de crer que um home m est á fingindo quando


est e simula o lhar para seus decot es ou para suas per nas. Um ind ivíduo
arrogant e não consegue desconfiar da aut ent ic idade do comport ament o
daquele que simu la ser submisso ou se envergonhar diant e de seus at aques.

Conduz-se fac ilment e a crença alheia quando se t ent a dir ecio ná-las no
rumo de suas t endências nat urais: seus desejo s e medos. As pessoas
acredit am facilment e no que t emem e no que deseja m 3. Dest e modo, suas
paixões são excit adas.

Para do mar sua vít ima, é fundament al ao char lat ão enganá-la,


fazendo-a crer at ravés de at it udes manipulat ór ias. Mas o manipulador

3
Nossa credulidade é menor em relação àquilo que nos deixa indiferentes porque neste caso não há paixão
mas sim sóbria imparcialidade.

19
t ambém pode se valer da fala indiret a ou da fala diret a a um t erceiro que
seja caro à vít ima.

Um dos segredos da manipulação consist e em conseguir ident ificar as


possibilidades de indução de crença no outro e inst rument alizá-las. O
manipulador necessit a saber em que campo aplicá-las e pr incipalment e,
diant e da necess idade, saber qual é a melhor crença que poderá ser
induzida. Se o manipulador falhar nesse cá lculo, cair á no descrédit o e seu
poder magnét ico ficará reduzido.

A reação ant ipát ica do manipulador à forma peculiar de expr essão do


out ro dificult a a manipulação. Ao invés de opor força cont ra força, t ent ando
forçar a vít ima a deixar de t er a at it ude ant ipát ica, os mais ast ut os
consideram est rat égico receber e aceit ar a pessoa t al co mo é e lhes chega,
dir igindo suas crenças dent ro das possibilidades for necidas por suas
t endências passio nais nat urais. Não é possíve l cr iar paixõ es novas mas é
possível at içar e excit ar paixõ es lat ent es previa ment e exist ent es. A
dificuldade est á em enco nt rar as t endências espo nt âneas do out ro que sejam
út eis aos propósit os manipulat ór ios.

Na manipulação, import a mais a capacidade de enco nt rar sent ido nas


fraquezas passio nais previament e exist ent es da vít ima do que a capacidade
de forçar sua vont ade. Mas par a t ant o, faz-se necessár io ant ecipar os
result ados que a excit ação das paixões provocará e esco lher a paixão
corret a que result ará no result ado almejado. Trat a-se de um cálculo em que
um pequeno erro pode ser fat al.

A miopia em det ect ar os efeit os de uma paixão excit ada pode fazer
co m que os mesmo s sejam revert idos co nt ra quem t ent ou desencadeá-los.
Daí a import ância, nos casos de legít ima defesa em que devo lvemo s os
feit iços e desart icula mos manipulações, de t er mos uma consciência
penet rant e e envo lvent e, que consiga capt ar os fat os com abrangência e
profundidade para minimizar o risco dos efeit os co lat erais e, ao mesmo

20
t empo, ser mos alt ament e resist ent es ao cont ra-impact o magnét ico do
manipulador que est iver so frendo os efe it os do retorno especular.

O cont ra- impact o magnét ico é o efeit o co lat eral da t ent at iva de
fascinação e pode surgir co mo reação conscient e de defesa legít ima por
part e daquele que est á recebendo o cont ra-feit iço. So ment e a fort ificação da
vont ade por meio da mort e dos egos confere res ist ência cont ra o mesmo.

Quando o manipulador se depara co m uma pessoa resist ent e ao seu


magnet ismo, sent e-se impot ent e e é at ingido pela ant ipat ia. O caminho para
não t er mos nossas crenças manipuladas é iso lar o manipulador em suas
t ent at ivas de manipulação, para que ele perca o seu t empo com vãs
t ent at ivas so lit ár ias.

21
6. A natureza da paixão

A essência da paixão é a necessidade. Aque le que est á apaixo nado


necess it a do objet o de paixão e não suport a a sua falt a.

O objet o de paixão sempre é vist o como super ior pelo apaixo nado e
jama is co mo infer ior ou igual. Daí sucede que o repúdio int ens ifica o desejo
do repudiado.

Desejamo s aquilo que acredit amo s necessit ar, mesmo que seja apenas
para o nosso bem est ar. Não há desejo sem necessidade, ainda que apenas
psíquica. Quando não desejamos algo, não precisamo s daquilo. E se t emos
aversão, precisamo s é do afast ament o.

As mulher es ama m alucinadament e os homens r icos, famo sos e


poderosos porque eles não necessit am delas. Os ho mens desejam
ardent ement e as mulheres lindas porque elas não necessit am deles.

Sabendo disso, há pessoas que manipulam as paixões alheias e


submet em o próximo a t ort uras emocio nais. At ravés das at it udes,
co municam subliminar ment e ao out ro que est ão em posições vant ajosas e
não necessit am de ninguém, inclusive no sent ido afet ivo-erót ico. As
pessoas que exercem sobre o sexo oposto at rações poderosas co mport am-se
co mo se t ivessem à sua disposição, a qualquer mo ment o, os seres mais
int eressant es e desejáveis do mundo. Dest e modo, sugerem sut ilment e, de
maneira quase invisíve l: “Não preciso de você porque disponho do amor e
do desejo de pessoas muit o melhores”. O inco nscient e das vít imas, ent ão,
acredit a que est as pessoas alt ament e at raent es sejam quase sobr e-humanas e
esco ndam algum segr edo maravilhoso, prazeres inimagináveis e amores
inefáveis. Est e é o mot ivo pelo qual as mulheres se lançam co m t ant a
det er minação na co nquist a de um ho mem quando sabem que ele dispõe de
uma co mpanheira maravilho sa, que t odos gost ariam de t er.

22
O processo de apaixo na ment o é o processo de inst alação de uma
crença at ravés da imaginação exalt ada: a crença de que o out ro é
infinit ament e super ior a nós e um caminho para a realização de todos os
nossos sonhos.

Port ant o, no jogo da paixão vence aquele que possui ma is força


int er na e não se deixa fascinar.

A oscilação int encio nal ent re at it udes opost as é uma art imanha do
element o at ivo, apaixo nador, para est imular a paixão da vít ima at é a
loucura; é aplicada por meio de est rat égias prát icas que var ia m
infinit ament e.

As est rat égias co nsist em, muit as vezes, em enviar sina is opostos ao
inco nscient e do element o pass ivo de modo a confundí-lo e submet ê-lo.
Vejamo s alguns exemplo s:

1. Marcar um encont ro, aparecer e t rat ar bem a pessoa de


modo a encant á- la. No dia seguint e falt ar e apresent ar uma desculpa a
t empo, ant es que o element o pass ivo se polar ize na aver são.

2. Malt rat ar levement e o apaixo nant e e agradá-lo após


algum t empo, ant es que se po lar ize na aversão.

Aquele que t ent a encant ar sem t er a força int er na necessár ia para


resist ir aos efeit os co lat erais do encant ament o é fulminado pelas forças que
desencadeou. Se um ho mem quer fazer-se not ar por uma mulher que o
despreza, bast a fazer algo que a desagr ada. Será imediat ament e not ado e
mar cará a sua imaginação na proporção da ousadia do at o desagradável. O
excesso na ousadia de t al at o ou um erro qualit at ivo na direção do mesmo,
porém, será dest rut ivo a esse ho mem. Se, além de fazer-se not ar, ele quiser
aproximar-se dela, t erá que cont rabalançar o ato desagradável co m at os
favoráveis à mulher. A dosagem e a for ma co mo os atos cont rários se
co mbinam so ment e pode ser det er minada pe la exper iência, pelo

23
conheciment o específico da personalidade so bre a qual se opera e pelas
cir cunst ânc ias específicas em que se dá a operação magnét ica.

Mulher es e ho mens exper ient es ou que so freram muit as vezes co m o


apaixo nament o, desenvo lvem grande resist ência ao encant ament o.
Administ ram os opostos à vont ade porque não t emem perder o parceiro.
Dific ilment e caem nas garras de ele ment os apaixo nant es porque est ão
prot egidos pelo cet icis mo e duvidam do co mport ament o simulado do
manipulador.

A superação da barreir a manipu lat ória impost a pelos jogos de at it udes


cont rast ant es é alcançada quando o fluxo hipnót ico é devo lvido ao emissor.
A devo lução requer:

1. que a vít ima apaixo nant e perceba a int enção das est rat égias do
out ro;

2. comport e-se co mo se não t ivesse ciência do que se passa;

3. conquist e a independência int er na (conseguindo ser indifer ent e


t ant o às manifest ações de amor co mo de desprezo);

4. administ re os sent iment os do apaixo nador com suas própr ias


est rat égias.

A vít ima apaixo nant e é mant ida const ant ement e na dúvida at ravés das
at it udes cont radit ór ias do apaixo nador. Um mist ér io é cr iado e mant ido a
todo cust o por meio de at it udes incoerent es e co nt rast ant es.

As at it udes de afast ament o, geradoras de repulsão, nunca são


ext remas. São sempr e t ênues po is as at it udes ext remas eliminam a dúvida na
vít ima e a t ornam capaz de se decidir, opt ando pelo afast ament o definit ivo.
O apaixo nador lut a por não se polar izar em nenhum lado.

24
O mais desapaixo nado é o mais apt o a jogar com suas própr ias
at it udes cont rast ant es de modo a confundir o out ro a respeit o de suas
int enções e mant er o mist ér io. Ent ão a vít ima será incapaz de t ir ar uma
conclusão definit iva a respeit o do que o out ro sent e e do valor que confere
à relação por não t er parâmet ros coerent es para julgar.

As at it udes são tomadas em função do que acredit amo s e se os dados


forem co nt radit órios, não conseguir emo s acredit ar se a out ra pessoa nos
ama ou nos despreza.

Não obst ant e, o manipu lador sugere à vít ima, sem lhe dar cert eza, que
a ama e não de que a odeia. E xcit a sua imaginação ao suger ir-lhe que seu
anelo de ser amado pode ser sat isfeit o.

A ment ir a, sagrada lei regent e das relações sociais nest e mundo


t enebroso, se mescla const ant ement e à verdade na fala e no comport ament o
geral do per igoso apaixo nador.

A prot eção é conseguida preser vando-se a ciência de que as at it udes


do apaixonador for mam um conjunt o de ment iras mist uradas co m verdades
no qual não se pode acredit ar e nem t ampouco passar ao ext remo oposto: o
da descrença abso lut a.

Há uma grande vant agem em ser mos desapaixo nados porque, dest e
modo, nos t ornamos resist ent es às t ent at ivas de encant ament o por part e de
pessoas desonest as.

25
7. A apoderação da vontade alheia

26 de março de 2003
Todo o comport ament o humano apresent a reflexos ou reações no
out ro. Tudo o que alguém faz possui a int enção de provocar sent iment os,
pensament os e ações nas out ras pessoas. Quando cumpr iment amos a lguém,
t emos a int enção de fazê- lo cr er que so mos amigáveis e de sent ir simpat ia
ou, pelo menos, evit ar que sint a ant ipat ia. Aquele que escar nece de uma
pessoa, quer induzí- la a se enfurecer ou a se sent ir diminuída. O bandido
que apont a um revó lver para sua vít ima, quer induzí-la a sent ir medo.
Queremo s ost ent ar luxo para que os demais sint am admiração ou inveja. A
mulher que exibe seu corpo quer provocar desejo. Todos esses
co mport ament os, e quaisquer out ros comport ament os sociais, são
int encio nais e manipulat ór ios po is visam forçar o próximo a ca ir em est ados
emocio nais específicos. O ser humano, ainda inco nscient ement e, não age
sem segundas int enções. Isso não é, em si, mau, desde que não sir va co mo
meio para prejudicar o próximo ou at ingir fins ego íst as. As habilidades
humanas devem ser empregadas para defesa legít ima ou para benefício do
próximo.

A ident ificação dos rumos assumidos pelos fluxos libid inais de


alguém per mit e est reit ament o da afinidade simpát ica 4. Os fluxos libidinais
são as fraquezas: amores, ódios, anelo s e t errores. Uma vez ident ificadas, as
fraquezas podem ser inst rument alizadas par a do minação.

A inst rument alização acont ece pr inc ipalment e pela fa la, mas t ambém
pela expressão facia l e pelas at it udes.

Para roubar a vo nt ade alheia, o manipulador precisa falar mal daqu ilo
que a vít ima det est a, elogiar aquilo que ela ama e dar-lhe segurança co nt ra

4
Atos de benevolência, por exemplo, costumam despertar gratidão em pessoas de boa índole e abuso em
pessoas más. Enquanto o bom retribui, o malvado se aproveita do benfeitor e abusa dos benefícios.

26
aquilo que t eme. Dest e modo, o fluxo libid inal é int ensificado pela junção
de fluxos libidinais equidirecio nados e cr ia-se uma cadeia magnét ica.

A eficácia do poder magnét ico é diret ament e proporcional à vont ade


impressa no ato. Se o manipulador agir com vacilação, o element o passivo
não será magnet izado suficient ement e.

Ao falar- se co m int enso sent iment o e concent ração, impr ime-se força
à corrent e magnét ica e est a aborve os fluxos da vont ade alhia.

E m geral, aquele que quer se apoderar da vo nt ade de alguém, cost uma


pr imeir ament e est reit ar sua afinidade simpát ica co m esse alguém, co mo
fazem alguns vendedores. Para obt er t al est reit ament o, as paixões
necess it am ser ident ificadas. E m seguida, o espert alhão bendiz aquilo que a
pessoa ama e maldiz o que a mesma det est a a fim de se encaixar
per fe it ament e na est rut ura de suas paixõ es. Assim a afinidade simpát ica se
est reit a e se aprofunda at é um po nt o per igoso.

Uma vez que a cade ia est eja at iva, ou seja, que a simpat ia t enha se
aprofundado o manipulador se defront a com a dificuldade em co nt rolá-la.

O cont role é obt ido ao se fazer o outro crer que realizará se us desejos
ao adot ar os comport ament os desejados pelo velhaco. A palavra joga um
grande peso nest a et apa.

Uma vez que a vít ima est eja abert a, em guarda baixa, é induzida a
acredit ar, at ravés do diálogo, nas vant agens das at it udes que o manipulador
quer que a mesma t ome.

Mas nada disso será possível se a vít ima est iver fechada à influência.
O iso lament o simpát ico at rapalha t ot alment e est e t rabalho e é, port anto,
uma maneira de nos defender mo s cont ra os char lat ães.

O desejo mais int enso e profundo da alma de um ho mem, por mais


sublime, alt ruíst a e mar avilho so que seja, é seu pont o fraco pr incipal, a

27
chave para sua perdição. Se um inimigo acenar co m a possibilidade de
sat isfazê- lo, incendiar á sua paixão e poderá levá-lo aonde quiser,
enlouquecido. Por est e mot ivo, as pessoas que nos agradam podem ser t ão
per igosas quant o as que nos desagradam. Pergunt e-se: "Quais são os desejo s
mais int ensos que possuo?". A respost a irá revelar os meio s pelo s quais sua
vont ade pode ser capt urada e manipulada por um inimigo, tornando-o
escravo.

28
8. O caráter auto-dominatório da manipu lação

O processo dominat ór io é auto-propulsor. Na verdade, não é, em


últ ima inst ância, o manipulador que do mina o out ro: o element o passivo é
dominado por seus próprios co mplexos (defeit os ou egos). Ao at ivar suas
fraquezas passio nais, o cr iminoso apenas at ua co mo simp les agent e
facilit ador e int ensificador de um processo que já exist ia.

Na manipulação, o char lat ão não impõe seus capr ichos, ane los e
met as co nt ra a vont ade da vít ima mas, ao cont rár io, confere às suas
vont ades, já exist ent es, uma ut ilidade. Não a força a ir cont ra si mesma: a
joga de cabeça em seus própr ios desejo s, sonhos e loucur as. Ist o é sempre
um cr ime cont ra a alma e cont ra o livre-arbít r io que apenas em casos
especiais de legít ima defesa se just ifica 5.

Para encont rar sent ido nas t endências alheias é preciso imensa
exper iência co m o t rato humano e conheciment o da singular idade do
element o passivo. O manipulador desco bre, nas t endênc ias alheias,
convergências co m suas met as e não t ent a impor, a part ir de suas met as, a
t endência a ser excit ada. Ent ret ant o, t udo depender á do objet ivo. Se for sua
int enção dest ruir ou abusar do próximo, o que é infe lizment e o mais
co mum, a lgumas paixõ es específicas t erão que ser at ivadas. Nos casos em
que a int enção é ajudar, out ras serão as paixõ es excit adas. At ivar o gosto
pela vida em um candidat o a suicida é uma boa ação.

A part ir de cert os comandos específico s, as emo ções impelem


necessar iament e as pessoas em cert as dir eções. Para conduzí-las
inco nscient ement e nessa mesma dir eção, bast a que se conheça os co mandos
corretos e os aplique. A manipulação depende da apt idão de ident ificar as
t endências que, inversament e à apar ência, levem o element o passivo ao
encont ro dos objet ivos. Est e é o pont o mais difícil. Uma vez ident ificada a

5
Por l egí t i ma defe sa en t en da -se: o a t o de de sa r t i cul ar a s man i pula ções de um a pess oa
m a l in t en ci on a da .

29
t endência corret a, t udo flui facilment e mas o t rabalho de ident ificação nem
sempre é fácil, requer grande exper iência co m o t rato humano e
conheciment o da nat ureza específica da pessoa a ser manipulada.

Os pr incipais paixões det er minant es de um processo manipulat ório


são as aver sões e os desejos. As aver sões corresponde m a medos e ódios; os
dese jos correspo ndem às cobiças, aos anelos e aos sonhos. Obviament e,
todos os element os psíquicos se ent remeiam. As aver sões pro movem
ant ipat ia e os desejo s pro movem simpat ia. A vít ima sempre t ende a crer
mais facilment e naquilo que t eme ou deseja.

Cont ra as forças int er nas, o homem é indefeso. Não é necessár io,


port ant o, manipulá- lo de fora quando se sabe at ivar os element os int ernos
que o levarão à met a almejada.

Respeit ar o livre-ar bít r io do outro é per mit ir-lhe o direit o à aut o-


det er minação, deixá- lo ser o que é e fazer o que quer. É respeit ar os seus
dese jos ao invés de t ent ar fazê- los fluir ao cont rár io. Cur iosament e, quando
t al se ver ifica, a pessoa abre a oport unidade de ser do minada at ravés de si
mesma, infeliz ment e. Vemos ent ão que os seres humano s est ão
per manent ement e vulner áveis e expost os a menos que descubr am e
co mbat am suas fr aquezas.

Pode-se corromper as pessoas por meio de suas más inc linações


previament e exist ent es. Para t ant o, bast a que o manipulador as acenda por
meio de palavr as e gest os. Felizment e, pela mesma via podemos regenerá-
las. Ent rar em sint onia co m aquele que se pret ende do minar é ser capaz das
mesmas at it udes e falas às quais o mesmo est á inclinado. A maleabilidade
exigida se consegue apenas por me io da mort e dos egos. Aquele que não
t em paixões não t em expect at ivas fixas, r ígidas e previament e est abelecidas
co m relação ao próximo e por ist o pode inst rument alizar para seus fins as
t endências co mport ament ais alhe ias. Obviament e, se o ego est iver morto os
fins não serão egoíst as e nem passio nais.

30
Por desgraça, é muit o mais fácil excit ar a paixão alheia para o mal do
que para o bem po is o mal corresponde às t endências repr imidas. O mal
corresponde aos desejo s pro ibidos, os quais possuem enor me carga libidinal
cont ida. O conheciment o da disposição do outro é indispensável e é obt ido
por meio da obser vação.

O r igoroso cuidado posto sobre a nossa mort e psicológica nos t orna


imunes aos efeit os hipnót icos e cont ra-hipnót icos que as operações
desencadeiam, nos per mit indo fazer frent e aos char lat ães e velhacos
manipuladores, devo lvendo- lhes influênc ias. Sem a mort e dos desejo s
so mos vit imados pelas forças fascinat órias que at ivamos ou que t ent am
at ivar em nós.

Ao lidar mos co m pessoas ext remament e per igosas, co mplicadas ou


difíceis, t emos que aprender a nos mo ver ent re suas paixõ es. "Colocar-se na
mesma corrente de pensamentos que um espí rito" , co mo escr eveu E liphas
Lévi (1855/ 2001), é ser capaz de simular semelhança e convergênc ia de
propósit os. "Manter-se moral ment e acima do mesmo" , é est ar iso lado da
mesma influência e não ser at raído pelo mesmo objet o. Em out ras palavr as:
simular um co mport ament o com o cuidado de não ser absor vido e dominado
por est e comport ament o, reforçar as idéias do outro sem ser magnet izado
por elas.

Tudo se resume em est ar int er ior ment e livre para per mit ir o curso das
paixões alhe ias sem ser afet ado e nem arrast ado pela corrent e que se cr ia
mas, ao cont rário, arrast ando-a.

Os maus necessit am do so fr iment o dos bons para se sat isfazerem.


E mpreendem imensos sacr ifício s para prejudicá-lo s e at é mesmo se expoem
a r iscos. Quando não conseguem at ingir est e int ent o, sofrem
emocio nalment e po is a energia maligna que cr iaram dent ro de si não
encont ra recept áculo fora e ret orna ao seu pont o de part ida, podendo
inc lusive provocar- lhes doenças. É dest e modo que os bons at orment am os

31
maus. Logo, é uma grande vant agem ser mos super iores aos malvados e o
conseguimo s quando somos impenet ráveis ao medo, ao ódio, aos afet os, aos
apegos e a t odas as paixões. Quando disso lvemo s os egos, nos t ornamo s
imunes a t odo fe it iço e encant ament o por não ser mos mais o pólo reat ivo
cont rár io recept or do magnet ismo mas sim e missor. Seremos um espe lho
que reflet irá e devo lverá exat ament e aquilo que nos for lançado. Se nos
lançare m feit iços de dor (insult os, ameaças, impropér io s, ódio et c.), não
so freremo s e est a dor retornará ao seu pont o de part ida. Se nos lançarem
encant ament os de prazer (t ent at ivas mal int encio nadas de sedução por meio
de elogio s, manipulações amigáveis, ins inuações sexua is et c.), não nos
envo lver emos e nem sere mos encant ados, fazendo co m que o manipulador
caia na frust ração e so fra por não alcançar seu propósit o. Nossa aura
repelirá as pessoas malvadas.

Do pont o de vist a moral, o cont ra-feit iço e o cont ra-encant ament o são
just os porque são legít imas defesas. Não há nada de errado em defender-se
das invest idas de um manipulador para devo lver-lhe as exat as
consequências int er nas de suas própr ias at it udes e os decorrent es venenos
que haviam sido dest ilados e dest inados para nós. O erro est á em t omar a
inic iat iva de enfeit içar ou encant ar, ato que sempre se deverá à cobiça e aos
dese jos ego íst as. E is porque devemo s perdoar, resist ir int er nament e às
influências hipnót icas e não reagir às provocações, insult os, humilhações,
ameaças, per seguições et c. Ent ret ant o, resist ir às influências hipnót icas nem
sempre significa ausência de ação 6 pois há casos em que é impensável
mant er-se de braços cruzados e co mpact uar com a injust iça e co m o
massacr e dos inocent es e indefesos.

Se você for capaz de ir co nt ra si mesmo (suas r ígidas est rut uras de


pensament o e sent iment o), aceit ando as met as, pont os de vist a e ações
absurdas de seu manipulador sem, ent ret ant o, com elas se ident ificar,

6
Mas significa exatamente isso muitas vezes. O caminho é o ensinado por Gandhi, Budha e Cristo: a não-
ação e o boicote à maldade.

32
poderá excit ar suas paixões e levá- lo a se aut o-dest ruir, como uma pessoa
que é at ingida na cabeça pelo própr io bumerangue que lançou.

33
9. A singularidade comportamental do elemento passivo

E m 16 de maio de 2003

O manipulador toma o cuidado de int eragir de acordo com o


t emperament o part icular de cada pessoa po is a t endência à generalização
pode levá- lo a erros fat ais.

Obser vador at ent o, acompanha os nossos passos e vai co mpr eendendo


co mo sent imos, pensa mos e ag ir mos par a nos t omar por nossas loucuras.
Cont emp la nossas peculiar idades psíquicas na t ent at iva de co mpreender
nossos padrões co mport ament ais de ação e reação ant e os fat os.

A preocupação co m a singular idade co mport ament al do element o a ser


manipulável se deve a uma necessidade de o manipulador não at rair cont ra
si um fluxo impr evist o da corrent e magnét ica que pret ende desencadear. O
desco nheciment o da singular idade, efeit o nefast o da t endência à
generalização, impede a presciência da t ot alidade das reações a
desencadear.

Quant o mais pro funda e abr angent e for a presciência das reações a
serem desencadeadas a part ir de ações do manipu lador, mais exat ament e ao
encont ro dos seus int eresses ir ão os result ados. O poder de manipulação do
out ro ocorre na proporção diret a da profundidade-abrangência do
conheciment o de suas reações mecânicas aos aco nt eciment os. Quant o mais o
manipulador conhecer sua vít ima, mais poder sobr e ela possuir á.

Mas o conheciment o concret o e seguro é singular izant e, daí o cuida do


co m as generalizações. O manipulador hábil não at ua na incert eza a respeit o
de co mo o out ro reagirá.

Para despot enciar e confundir um manipulador hábil e dest e modo nos


defender mo s, t emos que disso lver os egos. Ao fazê-lo, elimina mo s as
reações mecânicas e padronizadas, induzindo o obser vador ao erro. Ao nos

34
est udar, o usurpador de vont ades t irará conclusões errôneas a respeit o dos
nossos padrões de ação e reação. Ent ão ficará surpr eso ao perceber que não
reagimo s co mo ele havia previst o. Tent ará repet í-lo out ras vezes mas
sempre ficará desconcert ado com a ausência de padrões reat ivos.

Dest e modo, ou seja, pela mort e dos egos, impedimos o manipulador


de penet rar em nossa individualidade.

A obser vação e a int eração com a vít ima per mit e a ident ificação seus
t emores e desejos específicos e gerais, pr inc ipa is e secundár io s. Uma vez
ident ificadas t ais fraquezas, o manipulador as excit ará at é níveis
insuport áveis para que suas nefast as consequências se façam sent ir.

35
10. O uso da simpatia da maioria dos elos d e uma cad eia por homen s vis

As corrent es magnét icas são inst rument alizadas habilment e por uma
cat egoria especia l de ho mens vis: os covardes que fogem de t odo confront o
individual so lit ár io co m um r iva l e t ravam embat es so ment e diant e da vist a
de vár ias pessoas. Os t enho enco nt rado em vár ios ambient es.

A presença de um grupo expect ador previa ment e e inconscient ement e


coopt ado fornece refúgio e nut r ição energét ica ao covarde. O significado
que sua figur a possui para a co let ividade funcio na co mo uma ar ma que pode
ser inst rument alizada para endossar seus at aques cont ra uma infeliz vít ima
desco nhecida ent re a mult idão. Sua posição privilegiada (por ser um líder
ou uma aut oridade, ainda que de modo não assumido) lhe per mit e dispor do
fluxo energét ico da maior ia dos present es par a endossar a força de seus
golpes.

Esse reforço é conseguido pela simpat ia. O covarde especialist a em


co mbat er sob obser vação dos out ros sugere à mult idão, de modo
impercept ível, que as idéias que ele defende convergem per feit ament e com
as idéias da co let ividade present e. Dest e modo, há um r eforço no subst rat o
energét ico emocio nal da fala pela ident ificação inco nscient e das pessoas
present es co m o que o velhaco defende. Uma rápida obser vação per mit e
flagr á- lo no at o de dar a ent ender aos ignorant es que suas idé ias e as dest es
últ imos são exat ament e as mesmas. Assim advém um increment o art ificia l
da energia.

Alé m disso, se valem da preocupação da vít ima so lit ár ia co m sua


própria aut o-imagem. Jogam co m est a fraqueza t odo o t empo e a dominam
desviando sua at enção para a preser vação da aut o-imagem ao fazê-la a
sent ir que a mesma est á sendo arranhada ou dest ruída. Podem se valer de
vár ias ferrament as para induzir seus oponent es à t imidez e ao medo
(erudição, menção a no mes de obras lit erár ias ou aut ores consagrados pelo
grupo present e, menção a t ít ulos, a cargos, a no mes de alguma família

36
import ant e à qual pert ença, amizades que possua co m figuras import ant es
da sociedade et c. et c. et c.) e no consenso colet ivo de que as mesmas são
sinais de super ior idade, sabedor ia e co nhec iment o verdadeiros.

E m geral, essa c lasse de eunucos do ent endiment o foge at errorizada


de embat es individuais. Sozinho s, são raquít icos e indefesos. Quando os
desafia mo s, t ent am a t odo custo t razer a lut a para a esfera co let iva, seu
t erreno, pois não possuem força própr ia, se valendo apenas das forças
alheias para int eragirem co m r iva is.

Um modo de despont enciá- lo s é ser mos mais simpát icos do que eles
co m a massa de pessoas hipnot izadas. Além disso, podemos forçá-los a cair
em descrédit o at raindo-os, at ravés de suas paixões, para alguma at it ude que
quebre a simpat ia da imagem sobre a qual seus poderes repousa m ( induzi-
lo s a perder o cont role e a nos at acar fur iosament e, por exemplo).

Um modo de at orment á- los a níve is insuport áveis é ser mos super iores
a eles em pro fundidade e nobreza de espírit o, fluxo de idéias e so fist icação
da palavra. Se agir mo s assim e t ais at r ibut os forem simpát icos à
co munidade que lhes dá sust ent ação, os forçaremo s a cair em desespero
devido à perda de um po nt o de apoio e font e de aliment ação. Eles ent ão
co meçam a at ingir a si mesmo s.

E m qualquer cadeia magnét ica os encont ramo s. São sempre aqueles


que conseguem se apoderar rapidament e da vont ade dos demais sem serem
det ect ados. Os fant oches, manipulados, acredit am que possuem vont ade e
at it udes própr ias mas, na verdade, simplesment e at endem aos int eresses do
manipulador.

37
11. O magnetismo nas polêmicas

24 de no vembro de 2002

Nos vár io s diálo gos que t ive co m cert os t ipos de int elect uais 7
obser vei que o poder dos mes mos se encont rava mais na indução de
insegurança, ira e confusão no outro do que na coerência das idéias que
defendiam. Obser vei t ambém que t endem a relut ar em ir para o confront o
diret o, incisivo e concent rado, prefer indo desconcert ar o int er locut or com
indir et as que o deixem na dúvida a respeit o de est ar ou não sendo at acado.

As ar mas mais proeminent es que ver ifiquei foram o sorriso cínico


associado à calma e à fala debochada não assumida. São element os que
parecem sust ent ar-se na sensação auto-induzida de se est ar no cont role da
sit uação e que possuem grande poder magnét ico de indução e grande
impact o emocio nal em pessoas abert as e indefesas.

Ao ser o int er locut or forçado a cair em est ados emocio nais


desfavoráveis, seu fluxo de idéias so fre uma int errupção, o que o leva a
girar em cír culo s à procura da melhor reação, das melhor es frases a serem
dit as e das melhores idéias a serem expressas.

Para nos prot eger mos e refrat ar mos esse fluxo de força é
imprescindível mant er mo s a calma ao máximo, relaxando enquant o
aplicamos uma sobreposição concent rada de nossa idéia co m descart e tot al
das ludibr iadoras idéias e falas alhe ias. Assim rapt amos ao int elect ual a
sensação de cont role e fir meza que induziu a si mesmo co mo pont o de
apo io.

O fundament o da sobreposição concent rada da idéia é a co locação do


nosso ponto de vist a durant e as pausas no mo nó logo que o int elect ual
pret ende inst alar aliada à manut enção de uma ausência t ot al de reação

7
Refiro-me a velhacos sofistas e não aos estudiosos sinceros.

38
int er na às suas t ent at ivas indut órias e hipnót icas. A grande dificuldade é
mant er a ment e quiet a e sem int errupção do nosso fluxo de idéias.

O melhor mo ment o para desfer ir os at aques é dur ant e as pausas que o


oponent e realiza para respir ar ou para organizar as idéias. Ent ret ant o, se o
velhaco do int elect o for muit o louco, daqueles que gr it am sem pausas,
t alvez t enhamo s que cort ar sua fala ao me io, falando simu lt aneament e.

Segundo a compreensão média, co mum e corrent e, aquele ma is at aca


durant e uma discussão é o vencedor. Os leigos pressupõem que aquele que
fala mu it o sabe mais e possui mais infor mações do que o oponent e, ainda
que fale apenas best eiras. Ent ret ant o, a prát ica de muit o falar é desgast ant e.
O melhor é deixar que o oponent e fale bast ant e para se cansar e, de t empos
em t empos, at acá- lo fulminant ement e em suas pausas. Use um t om de voz
imperat ivo, dominant e. Não corra at rás dos erros e enganos de seu oponent e
e nem t ampouco aliment e a ilusão de poder levá-lo a reco nhecer seu erro.
Não perca t empo na defensiva. Se qu iser exp licar suas razões faça-o de
for ma diret a, sem per seguir a fala de seu inimigo.

Devemo s desenvo lver a capacidade de encont rar as respost as a serem


dit as sem preparo prévio, co mo se faz no Jeet Kune Do co m os moviment os
do corpo, no Jazz e no Fla menco com as frases musicais.

A par ada psíquica result a da t endência em ficar mo s procurando a


melhor respost a ou reação ao mo ment o. O caminho da superação é o de
inic iar mo s emit indo respost as errôneas ao mesmo t empo em que as vamo s
corrigindo progressivament e. Para t ant o, convém enco nt rar sit uações de
t reino alt ament e realist as nas quais os erros possam ser co met idos
ilimit adament e mas sem r isco real para nossa int egr idade (para o boxeador
ser ia o sparr ing, para o músico ser ia m os ensaio s).

39
As respost as corret as exist em previament e em nossa ps ique
inco nscient e. A dificuldade reside em ext raí-las po is, durant e as discussões,
nos paralisamos ao t ent ar cr iá- las.

Nas discussões há um fort e subst rato emocio nal que é preponderant e


na definição de seus desfechos. Ao cont rár io das aparências em que t odos
acredit am, o que det er mina quem as vence é a convicção de est ar co m a
razão e a capacidade de ser mais fr io, diret o e objet ivo do que o out ro.
Preocupe-se em ser super ior ao seu oponent e em calma e fr ieza. Deixe que
ele enlouqueça. Est eja prescient e cont ra reações vio lent as e as receba co m
nat uralidade. Não se deixe ser at ing ido por grit os ou t ent at ivas de
humilhações.

As discussões são jogos: cada uma das part es t ent a at ingir a out ra ao
máximo e ser at ingida ao mínimo.

Há vár ios egos que nos tornam vulneráveis: a preocupação com o que
o out ro pode est ar pensando, o desejo de fazê-lo reconhecer seus erros, o
medo de ser mos expost os ao ridículo, a impaciência ant e suas rajadas de
palavras et c. et c. et c. Todos nos vulnerabilizam e conduze m à parada
psíquica.

Os defensores de idéias absurdas, velhacos que odeiam a verdade e


amam a ment ira, t rabalham co m a desco ncent ração: impedem que o
pensament o do int er locut or oponent e se co ncent re. Ao impedir a
concent ração do pensament o, desart iculam a análise concent rada,
fragment ando-a. Para induzir a desco ncent ração fragment adora da aná lise,
abordam muit os assunt os simult aneament e sem nenhu ma pro fundidade. É
por isso que mu it as vezes a pessoa que defende a idéia ma is coerent e é a
que perde a discussão.

O poder magnét ico da fala do char lat ão at rai a at enção do int er locut or
oponent e e arrast a seu pensament o para múlt iplo s t emas que nenhuma

40
import ância possuem para a co mpreensão do ponto específico levant ado mas
que são efic ient es para confundir a análise e cr iar no out ro a necessidade de
se explicar, de t ent ar corrigir erros, desfazer mal-ent endidos et c. Ao "correr
at rás" das bo bagens dit as pe lo espert alhão, o oponent e sincero cai em uma
ar madilha: é at raído para a análise fr agment ada e super ficia l que aborda
simult aneament e muit os pont os sem penet rar em nenhum. É ass im que as
falhas lógicas, incoerências, falácias e so fis mas se preser vam. É ass im que
pergunt as desaparecem sem t erem sido respondidas. É o caos dialógico, o
pandemô nio de idéias, a confusão que favorece a ment ira, o engano.

Co mbat emos est a art imanha co m a concent ração da at enção e do


pensament o na análise que est amos realizando, sem nos deixar desviar u
dist rair, a despeit o de todas as provocações, desafio s et c. Cost uma dar
result ado o procediment o de ignorar tot alment e as asneir as que o oponent e
diz e ir co locando nossa idéia aos poucos, como se fôssemo s abso lut ament e
surdos às t ent at ivas de indução de desconcent ração, desvios e dist rações.
Jamais corra at rás do que lhe for dit o, na vã esper ança de que erros do
velhaco possam ser reconhecidos. Quando as rajadas de palavr as forem
dispar adas, deixe-as sair, aguent e e aguarde calmament e. Não perca seu
t empo correndo atrás delas po is é isso o que seu oponent e deseja para
confundí- lo. Obviament e, ele t erá que parar par a respirar e, nest e mo ment o,
você faz suas co locações, as quais devem ser incis ivas, sint ét icas, dir et as,
curt as e fulminant es. Nos casos ext remos em que o manipulador fala e gr it a
co mo uma cachoeir a, sem int errupções, podemos falar simult aneament e. E m
algumas sit uações, podemos calá- lo so ment e o lhando fixament e em seus
olhos de for ma det er minada, quase ameaçadora, se conseguir mos inst alar o
est ado int er no corret o. O olhar e a voz possue m enor me peso na emissão e
na devo lução dos feit iços e encant ament os por serem hipnót icos e ant i-
hipnót icos ao mesmo t empo.

41
Algumas poucas ( muit o poucas!) vezes, você pode ext rair do lixo dit o
por seu adversár io a lguma idéia para t ecer um co ment ár io dest rut ivo e
confundí- lo.

O que import a, aqui, não é fazê- lo co mpreender nada mas sim cumpr ir
nossa part e, esclar ecendo nosso pont o de vist a (at o que pode t er o efeit o de
confundí- lo), po is so ment e podemos fazer co mpreender erros àqueles que
dese jam co mpr eendê- los e não àqueles que desejam defender suas idéias. É
perda de t empo t ent ar fazer um po lemizador compreender algo. Divirt a-se
em vê- lo perdido e est ont eado.

Para resist ir à rajada de palavras, é import ant e não se ident ificar co m


as mesmas. Resist a ao magnet ismo fat al da voz humana.

Ant es de t udo, é necessár io um est ado int er no correto que se


caract er iza por fr ieza, incis ibilidade, objet ividade, imp iedosidade,
adapt abilidade, flexibilidade e calma. O est ado int er no corret o vem ant es
mesmo dos argument os.

E m po lêmicas, os int elect uais sempre cost uma m impedir a exposição


das idéias opost as às suas por meio de segu idas int er venções que afast am o
pensament o do núcleo da análise, evit ando seguir o curso do raciocínio que
expo mos, nos int erro mpendo a todo mo ment o com obser vações e pergunt as
que embaralham as idéias et c. Est a prát ica t em co mo efeit o confundir.
Fala m e pensam rápido, para confundir. Reje it am t ot alment e a análise calma
e imparcial. Temem se exporem ao confront o sozinhos e necessit am da
segurança proporcionada pelas cadeias magnét icas que cr iam e co mandam.
A est rat égia que ut ilizam par a vencer as discussões é levar o oponent e a se
perder na confusão de sent iment os caót icos, induzindo-o a ficar possesso
por emoções co mo ira, medo, vergonha et c. Para vencê-lo s, sempr e t ive que
fazê- lo psico logicament e, do minando- me, ou seja, vencendo a mim mes mo
para em seguida vencê- lo s por ext ensão.

42
Podemos sint et izar os mecanis mo s sabot adores de análise nas
polêmicas do seguint e modo:

 int er venções que afast am a at enção e o pensament o da quest ão


pr incipal em discussão;

 int er venções que t em o efeit o de at ingir o sent iment o,


confundindo ;

 int er venções mú lt iplas, cont ínuas e rápidas que não per mit em que
o pensa ment o do int er locut or seja expost o e acompanhado ;

 ut ilização de voz alt a para provocar medo;

 alusões a aspect os delicados da vida pessoal do int er locut or;

 t ent at ivas de diminuir e envergo nhar o int elo cut or mediant e o


apelo a t it ulações e fat os econô micos.

Precisamos ser abso lut ament e impenet ráveis a t odas as for mas de
feit iço apont adas cima. Nenhuma deve ser capaz de afet ar nosso ânimo. Se
nos mant iver mos fir mes e inacessíve is como uma rocha enquant o expo mos
nossas idéias, ignorando tot alment e as falas inút eis do manipulador, seu
feit iço ser á lançado de vo lt a, pela lei do mo viment o especu lar, at ingindo-o.
Ent ão o veremos surt ar loucament e at ingido pelo ódio, pela vergonha, pelo
medo e por outros est ados int ernos malé ficos que havia m sido dest inados a
nós mas que repelimos.

Uma conjunctio de fúr ia e ca lma se faz indispensável. A


dest rut ividade do espír it o de co mbat e necessit a t er seu lugar na alma, do
mesmo modo que a amabilidade e a doçura. Todas são funções psíquicas
que não podem ser dispensadas. E m po lêmicas graves, um dos segr edos é
uma espécie de raiva int ensa porém cont rolada e direcio nada. Olhe seu
oponent e nos o lhos co m fúr ia, sem medo, como em um co mbat e. Porém

43
sempre avalie as consequências post eriores que t al confront o possa t er.
Nunca é saudável t er inimigos porque, se os vencemos, eles não nos
esquecem e prosseguem nos pert urbando, reunindo forças co nt ra nós et c.

Cert os char lat ães mat er ialist as dogmát icos, cét icos unilat erais,
ortodoxos conser vadores, fanát icos relig iosos e out ros sofist as inimigos da
verdade 8 rejeit am o est udo met ódico por inquir ição em est ilo socrát ico.
Tent am convencer co nfundindo ao invés de buscarem co nvencer
esclarecendo porque vencer as discussões é sua met a única e maior, pela
qual est ão apaixo nados. Não almejam est udar e co mpreender em co munhão
co m o int er locut or. Rechaçam o est udo sincero imparcial e a co mpreensão
dos t emas so b o pont o de vist a alheio. Quando os pontos nevrálg icos de
suas t eorias são t ocados por pergunt as incis ivas, lançam mão de est rat égias
ludibr iadoras para dist rair o inquir idor: fala m muit o ou lançam vár ios
quest io nament os recheados por t ermos provocat ivos co m o int uit o de
desviar a at enção dos pontos fracos de suas hipót eses par a assim mant ê-los
ocult os. Quando encurralados, se enfurecem para amedront ar (caract er íst ica
animal). E m últ ima inst ância, est ão compro met idos em defender as própr ias
idéias e não se int eressam em est udar.

A disposição que os so fist as possuem par a o est udo verdadeiro é


apenas parcia l, relat iva, po is a sust ent am so ment e at é o mo ment o em que as
falhas lógicas nos pont os nevrálgicos de suas t eorias são expost as. A part ir
daí a disposição para o est udo t ermina. Não possuem preparo psico lógico
para os desco nfort os da análise e car ecem de uma capacidade fundament al
em qualquer analist a: a de t rocar de ponto de vist a cont inuament e.

Infeliz ment e, no meio acadêmico de mu it os países eles ainda são


maior ia. Acredit am- se do nos da ciênc ia e rejeit am a filo so fia e a relig ião,
ignorando que filo so fia, ciência e religião se t ornam desvio s aberrant es
quando divorciados. Co mo domina m os aparat os oficiais de elaboração de

44
conheciment o e cont am co m a legit imação do poder, desde t al posição
difundem a ignorância sob disfar ce de sabedor ia na sociedade. Aliás, a
pr ior ização de seus co mpro missos po lít icos e eco nô micos em det r iment o da
verdade provém dest a posição.

Podemos concluir, assim, que os so fist as char lat ães defendem suas
ment ir as por serem est upidament e ignorant es ou t alvez, na pior das
hipót eses, por serem t err ivelment e mal- int encio nados. Assim opera neles o
magnet ismo.

Obser vemo s co mo se discut e com char lat ães em geral. Devemos nos
at er ao ponto nevr álgico que dá or igem à discussão e resist ir a t oda
invest ida fascinat ória que possa nos dist rair e desviar o rumo da análise.

Os char lat ães necessit am, pela própr ia nat ureza de seus objet ivos
desonest os, impedir a análise esclarecedora e inst alar a confusão, já que é
so ment e assim que ment iras e hipót eses mal elaboradas podem resist ir. Para
t ant o, cost umam pr incipiar a discussão em t orno de um pont o e em seguida
inserem, proposit alment e, muit os out ros pontos na discussão para t orná-la
caót ica. Est es pont os inser idos ast uciosament e aparent am t er ligação com o
t ema est udado mas na verdade apenas se dest inam a dist rair e confund ir o
pensament o, gerando o que chamo de caos dialógico. Est e caos dialógico
ent ão camufla as incoerências e falhas lógicas dos raciocínio s falaciosos
fazendo as ment ir as parecerem verdades e as verdades parecer em ment iras.

É por est a razão que os juízes não per mit em discussões em t r ibunais,
mas apenas inquir ições, po is sabem muit o bem que as piores pessoas
cost umam ser as melhor es na art e de ludibr iar. É pela mesma razão que os
filó so fos ant igos decid iam ant ecipadament e quem ir ia pergunt ar e quem ir ia
responder.

8
Refiro-me a fanáticos extremistas e não aos representantes sensatos e lúcidos das várias correntes de
pensamento materialista ou espiritualista existentes. Em ambos os lados há pessoas conscientes e insensatas.

45
Co mbat e-se facilment e t ais art imanhas por meio da co ncent ração e da
recordação de si mesmo. Pr imeiro: deve-se capt urar o ponto nevrálgico da
discussão e não largá- lo de maneira alguma. Segundo: deve-se resist ir a
todas as t ent at ivas de indução de fascinação e dist ração. É indispensável
jama is correr atrás dos equívocos manifest ados pelo oposit or na t ent at iva de
fazê- lo co mpreender e admit ir seu erro pois é exat ament e isso o que ele
quer. Ao perder o t empo t ent ando convencê-lo, você se dist rai e deixa de
aprofundar o ponto que o espert inho quer mant er ocult o.

Os char lat ães so fist icam-se na art e de fascinar e dist rair. Enquant o
est ão conseguindo fascinar, est ão no comando, manipulando as crenças,
sent iment os e pensament os do oposit or. Se, ent ret ant o, est e se torna
refrat ár io às fascinações, ist o é, se passa a ignorá-las t ot alment e e cont inua
em seu pensament o, a t ent at iva de indução de sent iment os fracassa
tot alment e. Ent ão acont ece algo cur ioso: o velhaco é at ingido pelo fluxo de
energia fascinat ór ia que cr io u na mesma proporção de seus esforços para
nos fascinar. Quant o maiores os esforços para manipular nossos
sent iment os, maior a frust ração ao não conseguí-lo. Ent ão vár ios
sent iment os negat ivos o invadem, do mesmo modo que ser íamo s invadidos
caso não houvéssemo s fechado a passagem ao fluxo magnét ico.

46
12. A dinâmica psi cológi ca do encantamento e da feitiçaria

E m 25/ 07/ 00, 31/ 07/ 00 e 09/ 11/ 00

O que os superst icio sos chama m de enf eitiçamento corresponde,


psico logicament e, à fascinação da consciênc ia. Ambo s ser ão consider ados
aqui co mo uma só coisa e não co mo duas co isas análogas.

O enfe it iça ment o é uma for ma de fascinação ext remada, exar cebada.
Por isso os feit iceiros necessit a m da crença de suas vít imas em seu poder de
mat ar ou fazer adoecer.

Uma pessoa abso lut ament e cét ica é imune ao poder de um feit iceiro.
Se um cét ico for enfeit içado, isso indica que seu cet icis mo não fo i abso lut o,
que houve uma vacilação inconscient e.

O mesmo processo se ver ifica na sedução. Uma mulher é invulner ável


ao poder de um sedut or quando não crê que ele t enha algo que lhe int eresse
e, por ext ensão, o poder de at raí- la.

Ent ret ant o, algumas vezes cremo s est ar invu lneráveis ao poder de
alguém em um pr imeiro mo ment o e, em outra sit uação, o surgiment o de
algo novo e ainda não conhecido por nós faz a co nvicção ant er ior ruir.
Ent ão ficamo s vulneráveis.

O encant ament o requer o conheciment o prévio das debilidades de


quem vai ser encant ado. Não é possível que alguém seja encant ado em uma
direção cont rár ia à de suas fraquezas.

O encant ament o apenas ocorre na dir eção das fraquezas previa ment e
exist ent es, seja m elas conscient es ou inconscient es. Trat a-se, port anto, da
inst rument alização ou aproveit ament o de impulsos que já exist iam: uma
for ma per versa de se aproveit ar das fr aquezas do próximo e vio lent ar seu
livre ar bít r io.

47
O encant ador ident ifica e excit a os impulsos e inst int os em sua vít ima
at é levá- la a um est ado alt erado de consciência. A pro fundidade da
alt eração dependerá da nat ureza de cada um e do grau de exposição.

Todos t emos fraquezas. Essas fraquezas correspo ndem à nossa


fascinação louca por algumas co isas em det r iment o de outras. Os objet os
dessa fascinação são os inst rument os de submissão a um inimigo ast ut o.

Os cr imes e as mat anças que asso lam o mundo se devem à fascinação


da consciência por um objet o, um alvo, uma met a. É o maior per igo
psíquico que pode nos aco met er porque é a debilit ação da vont ade levada ao
ext remo.

O poder do feit iceiro consist e em fazer com que sua vít ima ent re em
um est ado alt erado de consciência at ravés do medo 9. Seus r it os visam
aument ar o poder de impr essio nis mo e impact ar psiquicament e o inimigo 10.
O poder é int ensificado quando o bruxo se ent rega a uma possessão por
co mplexos aut ôno mos alt ament e densos.

Após inúmer as crueldades e torment os infling idos a si própr io e a


out ras pessoas ou animais, o bruxo realiza dent ro de si o ma l. E nt ão,
possesso, comunica a sua vít ima o que fez por canais co nscient es ou
inco nscient es. Sua expressão, ent onação vocal, gest os corporais e at it udes
horr íveis impact am a vít ima emocio nalment e e debilit am sua razão e
vont ade. A mesma se abre a suas influências "diabó licas" e so fre
igualment e uma possessão por element os psíquicos inumanos que jazia m em
seu inco nscient e. Ocorre um choque psicosso mát ico. A pessoa so mat iza
vio lent ament e o medo e morre ou adoece.

9
Temores que tenhamos são aberturas por onde nossa imaginação pode ser ferida.
10
Nos casos em que a vítima está distante, o cerimonial do feitiço atua de forma direta somente sobre a
vontade do operador. Este, por meio da concentração e da vontade, cria formas mentais e em seguida as envia,
através do espaço, até os inimigos distantes. É um processo por meio do qual o feiticeiro se auto-envenena
para ferir e matar. Caso a força destrutiva gerada seja repelida pelo alvo, retornará para quem as enviou.

48
A pr imeir a so lução para não ser vulnerável à bruxar ia é não t emê-la.
Por isso os relig iosos devot os são invulneráveis. E nt ret ant o, se esse os
mesmo s forem fanát icos, serão vulner áveis aos encant os e maldições de sua
religião, podendo ser por eles encant ados, manipulados e at ing idos.

A fascinação brut al da consciência corresponde aos peri sh of soul


est udados por Jung. A pessoa perde sua "alma" habit ual e é possuída por
out ra "alma" demo níaca, ou melhor, um pedaço fragment ado e aut ônomo de
alma que aguardava nas profundidades de sua própr ia psique para se
manifest ar. A co nsciênc ia é vio lent ada por um pr imit ivo e grot esco
agregado psíquico do inconsc ient e.

Não há nisso nada de míst ico, fant ást ico ou mágico. São fenô menos
empir icament e co nst at áve is.

E m pequena esca la, o encant ament o est á present e em nosso cot idiano
a todo mo ment o.

As palavr as que emit imo s, as roupas que usamo s e t udo o que


fazemo s possue m o poder de provocar nos demais det er minados sent iment os
dos quais não podem fugir. A palavra, os assunt os abordados e conver sas, a
ent onação vocal, as at it udes e os olhares são meio s de inst alação de
afinidade simpát ica co m e lement os psíquicos que habit am o int er ior da
psique e aguardam por uma oport unidade de expressão.

Todos somos, de um modo ou de out ro, vít imas das circunst âncias.
E las definem o que iremos sent ir e pensar e at é fazer. Isso prova que so mos
enfeit içados a todo inst ant e.

Quando alguém nos ofende, não t emos norma lment e o poder de não
nos sent ir mo s ofendidos: est amos enfeit içados.

49
A fascinação ocorre sempre co m a co laboração inco nscient e da
vít ima. E la a so fr e por não saber co mo se iso lar das forças hipnót icas do
out ro.

Quando duas pessoas co m desejo s do mesmo t ipo se unem, a de maior


vont ade absorve e manipula a vont ade da ma is fraca e a do mina. O mesmo
fenô meno se ver ifica em cír culo s sociais de vár io s t ipos. Sempre há uma
hier arquia de poder na absorção da vont ade alheia. Esses são out ros modos
de encant ament o.

Todo ato é fascinador e hipnót ico porque provoca efe it os na psique


do próximo. O poder das caras feias e palavras host is em causar desconfort o
é uma prova disso.

Há uma dinâmica hipnót ica nas relações sociais. Os ho mens t endem a


reagir mecanicament e uns aos out ros. Não são poucas as vezes em que
so mos forçosament e induzidos a t er emoções indesejáveis. Cont ra a nossa
vont ade, so mos lançados, a part ir de at it udes alheias, a cert os est ados de
sent iment o.

A loucura e a exalt ação passio nal são formas de embr iaguês


fascinat ór ia.

Obser vando uma pessoa podemos saber em que direção flui sua
libido. É nessa dir eção que se dá a queda da pessoa em uma loucur a.

Ent ret ant o, nem t odo encant ament o é mau. Há casos em que ele é
benéfico. Ex: conversão relig iosa de malfeit ores.

Quando t rabalhamo s a nossa psique, o efeit o fascinat ório das imagens


ext ernas e int er nas diminu i pouco a pouco sua influênc ia. Ent ão a força

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vampir izada 11 nesse processo, desperdiçada em co isas inút eis ou at é
per igosas, pode nos ser vir para aut o-curas e aut o-regeneração int erna.

Encant ament o, enfeit içament o, fascinação e hipno se são vár io s no mes


dados a uma só coisa e não a coisas dist int as e análogas.

Quando det est amos algo ou alguém est amos, sem o saber,
negat ivament e fasc inados ou hipnot izados por imagens ligadas a t ais
element os.

Exist e uma relação analógica ent re os procediment os mágicos e os


seus result ados. Os r it os de feit içar ia e seus impact os sobre as vít imas
possuem uma similar idade simbó lica demonst rável pela análise cuidadosa.
Isso apont a para a relação psíquica que há ent re ambos. E la se dá, em sua
maior part e, em níveis inconscient es. Muit as vezes, o enfeit içador e o
enfeit içado não se dão cont a da complexa rede energét ica que os envo lve
at ravés de palavr as, sent iment os, pensament os e at it udes. E é just ament e
isso que dá à magia u ma apar ência sobrenat ural e míst ica po is aqu ilo que o
ho mem não percebe objet ivament e se t orna alt ament e at raent e para a
imaginação fant asio sa. Mas, na verdade, a magia é uma manipulação de
forças nat urais iner ent es ao ho mem.

11
Os seres humanos são vampiros inconscientes. Os fortes atraem a força dos fracos, levando-os a se sentirem
ainda mais fracos em sua presença; os inteligentes absorvem a inteligência dos ignorantes, levando-os a se
sentirem estúpidos; as mulheres lindas fazem como que as demais se sintam inferiores. A culpa não é somente
de uma das partes envolvidas no processo, mas de ambas, já que a pessoa vampirizada também colabora ao se
deixar fascinar. O caminho para resistir a esta vampirização é não se deixar fascinar pela superioridade,
paralisando a mente, mantendo-se a consciência focada em si mesmo e não se identificando com a presença
do outro. Quebra-se, assim, a dinâmica da rivalidade e escapa-se da cadeia.

51
13. Emancipação do comport amento na condução das correntes
magnéti cas

Aquele que se co loca acima dos puer is sent iment alismos bons e maus
escapa do alcance do ent endiment o e se torna inco mpreensível e
imprevisíve l. Ao ser invulnerável à ir a, será capaz de beneficiar e prot eger
quem o malt rat a. Ao ser invulnerável ao medo, será capaz de afront ar quem
o ameaça. Ao ser invulner ável ao desejo, será capaz de rejeit ar as t ent ações
que lhe forem o ferecidas. E t udo isso será realizado soment e quando a razão
o det er minar co mo convenient e. Est ará no cont role de si e de sua condut a.
Não será manipulável, apesar de muit as vezes assim par ecer. Não t erá
amigos ou inimigos: est ará além dos pares de opostos. Terá a capacidade de
fazerapenas o que lhe parecer acert ado e não se deixará levar pelo s
impulso s.

Esses são os at ribut os da vo nt ade livr e: a capacidade de aut o-


domínio, de co mandar a si própr io e de não ser co mandado int er ior ment e
pelas sit uações ext er iores. Se a liberdade da vo nt ade for exer cit ada at é
ext remos, a pessoa ult rapassa os limit es humanos nor mais e é capaz de
at it udes inimaginadas e singulares, que ninguém poder ia nem mesmo imit ar.

Uma pessoa assim não t eme o sexo opost o, não o ido lat ra e nem o
odeia. Seus sent iment os não podem ser manipulados por out ras pessoas e,
dest a maneira, chega mesmo a co mandá- las sem que elas per cebam. Se for
um ho mem, poderá, por exemplo, ralhar ou repreender uma mulher, po is não
t emerá o seu ju lgament o desfavorável, e simu lt anea ment e será capaz de
cuidar dela e de auxiliá- la, po is não se deixará t omar pela ir a e nem ser á
afet ado pelas suas at it udes desagradáveis e pro vocat ivas, vingat ivas ou não.
Será desconcert ant e e, port ant o, mist er io so.

Não se polar izar á na relação como bonzinho, malvado, autorit ár io,


democrát ico, dominador, submisso, fr io, ro mânt ico et c. Est ará além dos

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pólos e dos jogos de opostos. Surpreenderá co m frequência, já que quebra
os próprios padrões.

Essas capacidades so ment e conseguimo s co m a disso lução do eu e a


consequent e liberação da vo nt ade, ant es co ndicio nada sob a for ma de
dese jos.

A co ndução da força magnét ica depende dir et ament e de do is fat ores:

Do conheciment o das ações corret as e das reações que lhes seja m


correspondent es co nsoant e os objet ivos que se t enha;

Da capacidade de se levar a t er mo t ais ações, a despeit o das


influências magnét icas emanadas que t ent em nos arrast ar para out ros
padrões co mport ament ais. E m out ras palavras: a condução consist e em fazer
o que se deve e não o que se sent e impelido a fazer.

O poder de auto-domínio nos confere poder sobre as corrent es


magnét icas que sat uram o sist ema ner voso das pessoas e provocam fort es
co mpulsões passio nais. Ao não per mit ir mos que as corrent es nos dominem,
so mos capazes de t omar at it udes que as cont rar iam e m sit uações nas quais,
nor malment e, ser íamo s obr igados a ag ir de for ma opost a. Ent ão é quando
conseguimo s provocar no outro sent iment os que em sit uações nor mais nos
ser iam impossíveis. Mas isso requer ant es de t udo emancipação da vo nt ade
e t al poder so ment e pode ser exercido na proporção diret a dest a últ ima.
Quant o mais condic io nada for a vo nt ade, mais condicio nado será o
co mport ament o. Quant o ma is condicio nado for o comport ament o, mais
condicio nada será a indução de sent iment os no próximo. Uma pessoa
condicio nada a t rapacear os out ros est á condicio nada a at rair o ódio sobre
si. Uma pessoa condic io nada a so ment e fazer o bem est á condic io nada a
at rair abusos e exploração sobre si, já que não é capaz de sa ir dest e
condicio nament o. Uma pessoa livr e de ambo s condicio nament os será capaz

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de agir t ant o de uma for ma co mo de out ra, confor me as necessidades que se
apresent arem.

Se a condução não for legít ma e just a, o operador será fulminado


cedo ou t arde.

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Conclusões

As paixõ es t ornam o ser humano vulnerável. Os desejos são paixões e


nos arrast am.

A ment e do apaixo nado est á obsediada por element ár io s ( larvas ou


for mas-pensament o).

O apaixo nado não é dono de si mesmo, suas ações não lhe pert encem.

Não é lícit o tomar a inic iat iva de manipu lar o próximo. É lícit o
manipulá- lo em legít ima defesa, ou seja, cont ra-manipulá-lo.

A co nt ra- manipulação é uma for ma de manipulação devo lvida e,


port ant o, just a. É líc it o desart icular t ent at ivas de manipu lação de nosso
psiquis mo por part e de out ras pessoas.

Convém super ar os medos e fraquezas para nos prot eger mos de


t ent at ivas de manipulação.

Nem sempr e as pessoas simpát icas querem o nosso bem e ne m sempr e


querem o nosso mal.

Nem sempr e as pessoas ant ipát icas quer em o nosso mal e nem sempre
querem o nosso bem.

A força manipulat ór ia flu i no cot idiano.

O livre- ar bít r io alheio deve ser respeit ado.

O livre- ar bít r io alheio é desrespeit ado pelo manipulador.

A ação especular (ação refr at ár ia) devo lve as conseqüências dos


feit iços ao manipulador.

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Evit amos que nossas crenças sejam manipuladas por meio do correto
cet icis mo.

A t emperança, o equilíbr io, a ser enidade e a so br iedade são mu it o


mais reco mendáveis do que a exalt ação passio nal.

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Referência:

LÉVI, E liphas (2001). Dogma e Rit ual de Alt a Mag ia (Edson Bini, t rad.).
São Paulo: Madras. (Or igina lment e publicado em 1855). 5 ª edição.

57
Sobre o autor

O aut or dest e livro NÃO É MESTRE de ninguém e NÃO ACEITA


DISCÍPULOS. E le NÃO É LÍDER DE NENHUMA RELIGI ÃO.

Est e autor é t ão soment e um LIVRE-PENSADOR independent e, que


não possui nenhum co mpro misso co m quaisquer grupos polít ico s, sect ár ios,
religiosos, part idár io s ou econô micos. Suas idéias são PROVISÓRI AS e
foram publicadas apenas para serem discut idas e apr imoradas. Não exist e
nenhum grupo, em lugar algum da Terra, que represent e as idéias dest e
aut or. Obviament e, exist em grupos de pessoas int eligent es co m linhas de
pensament o seme lhant es à de le mas t ais grupos, definit iva ment e, não o
represent am.

Est e autor NÃO QUER FÃS E NEM ADMIRADORES, quer so ment e


leit ores cr ít icos e reflexivo s.

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