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O argumento de Berkeley para o

idealismo (o argumento mestre)


Ccero Antnio Cavalcante Barroso
Universidade Federal do Cear
e-mail: cicero@lia.ufc.br
Blog: www.nefa-ufc.blogspot.com
O argumento nas palavras de
Berkeley
Mas voc diz, com certeza no h nada mais fcil do que imaginar rvores, por exemplo,
em um parque, ou livros existindo em um armrio, e ningum para perceb-los. Eu
respondo, voc pode faz-lo, no h dificuldade nisso: mas o que tudo isso, eu vos
pergunto, seno que sua mente forma certas ideias que voc chama de livros e rvores,
ao mesmo tempo em que se omite de formar a ideia de algum que possa perceb-las?
Mas no verdade que seu eu percebe ou pensa nelas durante todo o tempo? Isso,
portanto, no serve ao seu propsito: s mostra que voc tem o poder de imaginar ou
formar ideias em sua mente, mas no mostra que voc pode conceber que seja possvel
que os objetos de seu pensamento possam existir sem a mente: para fazer isso,
necessrio que voc os conceba existindo no concebidos ou impensados, o que um
absurdo manifesto. Quando ns nos esforamos para conceber a existncia de corpos
externos, estamos todo o tempo apenas contemplando nossas prprias ideias. Mas a
mente, sem tomar cincia de si, ilude-se a pensar que pode e realmente concebe corpos
existindo impensados ou sem a mente; embora eles sejam ao mesmo tempo
apreendidos pela mente e existam nela. (George Berkeley, Princpios do Conhecimento
Humano)
O argumento na forma cannica
P1. Se objetos materiais existem, ento eles existem independentemente de
pensarmos neles
P2. Se objetos materiais existem independentemente de pensarmos neles,
ento podemos conceb-los existindo impensados
P3. No podemos conceber objetos materiais existindo impensados
C1. No verdade que objetos materiais existem independentemente de
pensarmos neles (modus tollens, P2 e P3)
C2. Objetos materiais no existem (modus tollens, P1 e C1)

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