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Posses

Minhas palavras so pacatas


S abalam a mim mesmo
Pois sou Narciso
De vestes nuas e frgeis
Como concreto

Minhas lgrimas so sensatas
No caem a mais
Nem ao menos caem
Escorrem de um rio
Cuja fonte
lmpida e clara

Minha loucura s minha
S o que reparto o poema
Porto do meu ser
Para o universo

Entre o ter e o no ter
Minha nica chance
ser poeta
Pois no minha
A loucura
As palavras
As lgrimas...
At a caneta que escrevo
Peguei emprestado
Cultismo Inverso

Pelas vias
Que se jazem permutadas
Com contrastes descabidos no penar
Vago em ondas
Perfilando meu querer
Que hoje sinto
Dentro e fundo
A toda falta

Pelas rotas
De um delrio furioso
Por vontades descabidas de amar
Pago o preo
Camuflado do prazer
Que hoje minto
Reto e puro
hora morta

Apelos ricos
Que desfazem a negao
Dos tenazes murmurinhos do chorar
Trago contos
Desafios do poder
Que hoje pode
De conluio
Me matar

Permisso

Permita-me queu seja sincero
Permita-me mais
Queu diga que lhe quero
Que lhe quero no menos que tanto
Que lhe quero um pouco mais que devo

Permita-se ser descoberta
Sinceramente
Permita-se mais
Que digas que me queres
Que me queres no s um pouco

Mais tanto quanto lhe permitido

Permita-me explor-la
Permita-me mais
Queu lhe mapeie toda
Cada caverna
Cada fonte
Cada desejo escondido
E mais

Permita-me!

A dvida

Como me achar
Nesse palheiro
Sendo
Me perder
A maior vontade

Como me banhar
Nesse aguaceiro
Sendo
Me afogar
A maior verdade

Como me esfriar
Nesse braseiro
Sendo
Me arder
A melhor parte

Como me esgueirar
Nesse espinheiro
Sendo
Me arrastar
A pior saudade

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