Alguns historiadores do final da Antiguidade, entre eles, Amiano, Marcelino,
Procpio e Prisco, por terem tido contato direto e prolongado com os povos brbaros que invadiram o Imprio Romano, perceberam que havia diferenas entre a tradio herdada da etnografia clssica e a realidade. A maioria dos etngrafos da poca, no possua contato com os povos estudados, e os classificavam de modo abrangente e arbitrrio. Entretanto, a realidade desordenada se chocava com a nitidez do que era pregado. Amiano descreveu os alamanos como uma confederao complexa, Procpio se referiu aos godos como uma nao viva at hoje, Prisco fala dos hunos como uma combinao de povos que falam lngua huna, gtico e latim. Contudo, o peso da tradio recaia at mesmo sobre esses historiadores. Amiano ainda se referia a eles como germani ou barbari, apesar do termo ter significado geogrfico e Procpio igualou todos os godos nos nveis de aparncia, lei e religio. Alm do preconceito contra os que no eram romanos, a perspectiva que os imperialistas tinham dos povos brbaros era tambm relacionada a uma praticidade em lidar com os outros quando eles so homogneos. At mesmo os judeus e cristos, povos ainda mais complexos, no se salvavam dessa classificao igualitria dada pelos romanos. Os povos brbaros, na verdade, eram unidades politicas constitucionais assim como o imprio romano. Eles eram formados por diferentes grupos com diversas lnguas, costumes e tradies, que se identificavam por um chefe guerreiro nobre comum e apareciam e desapareciam rapidamente, apesar de adotarem nomes de povos antigos. Somente quanto se inseriram no imprio romano que sua estrutura foi drasticamente alterada, moldando-se aos padres das civilizaes romanas.