DITADURA E VIOLNCIA EM ZERO DE IGNCIO LOYOLA BRANDO: A
LITERATURA COMO RESISTNCIA AO SILENCIAMENTO
Carla Lavorati (Doutoranda em Letras bolsista capes/CNPq) Prof. Dra Rosani Ketzer Umbach (PPG-Letras/UFSM orientadora)
O processo de construo do romance Zero (2001) de Igncio Loyola Brando est intimamente relacionado com um perodo truculento do regime militar brasileiro e com o trabalho jornalstico desempenhado pelo autor, no jornal ltima Hora, numa poca de censura e controle de informao. Zero uma espcie de resposta censura e ao volume crescente de material jornalstico proibido de publicao, posteriormente usados no processo de elaborao e escritura do romance. Igncio Loyola Brando constri, portanto, a partir de registros factuais, um romance de estrutura pouco convencional, com inovaes textuais e formais, onde a subverso da narrativa linear, da composio fragmentada e do jogo arbitrrio da linguagem metaforiza a prpria situao de coero poltica, alienao e subdesenvolvimento do pas. Recortes de jornais, frases de banheiros, desenhos, rabiscos, letras de msica, poemas, grficos que combinados contam a histria do personagem central do romance, Jos, mas tambm, na expresso do narrador, de toda a Amrica Latndia, assolada por muitos atrasos de ordem poltica, econmica e cultural. O objetivo dessa pesquisa, nesse sentido, observar como tanto o aspecto formal de organizao do romance como o seu contedo contribuem para a representao de facetas de perodos violentos e coercitivos, contribuindo para o que consideramos uma atitude de resistncia e uma postura tica do autor frente ao silenciamento imposto. Palavras-chave: Ditadura. Censura. Resistncia. Romance