Você está na página 1de 5

ANÁLISE CRÍTICA DO MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO

DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES


O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria. Conceitos
implicados.

As Bibliotecas Escolares têm, cada vez mais, um papel de extrema importância no


desenvolvimento pleno e no sucesso educativo dos alunos. Ciente disso, a Rede de
Bibliotecas Escolares tem investido muito na reestruturação e na inovação destes
espaços. A Biblioteca deixou de ser um espaço estático, cheio de estantes fechadas e de
acesso restrito e passou a ser um local agradável, onde os alunos podem manusear e
sentir os livros e revistas sem medos e receios, e usufruir de inúmeros recursos que
contribuem de forma inequívoca para o seu processo de aprendizagem. Deixaram de ser
agentes passivos e são agora agentes activos, construtores do seu próprio conhecimento.

O rápido desenvolvimento das novas tecnologias arrebatou de forma assustadora os


nossos alunos e a sociedade em geral, e a Biblioteca Escolar teve de se modernizar
através da introdução de novos computadores, novos programas informáticos e
equipamentos electrónicos de última geração. Novas formas de disponibilização de
informação e o desenvolvimento de novas literacias são agora um desafio que as
Bibliotecas têm de enfrentar. “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Há novos
utilizadores que anseiam por aprendizagens mais dinâmicas e a Biblioteca deve estar
preparada para prestar serviço a esta nova geração.

Todas estas melhorias visam desenvolver as competências de aprendizagem dos


alunos e a sua autonomia. Como saber com precisão se a Biblioteca consegue ou não
cumprir estes objectivos?

O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares veio dar resposta à esta


questão. Este instrumento pedagógico quer avaliar a qualidade do trabalho feito na e
pela Biblioteca e o seu impacto nas aprendizagens dos alunos. Identifica pontos fortes e
pontos fracos. Propõe uma reflexão cuidada através do questionamento e inquirição
contínuas (Inquiry Based Learning) e da busca permanente de evidências (Evidence-
Based Practice). Propões ainda acções de melhoria para aqueles domínios que
apresentam falhas ou imperfeições.

A noção de valor, a auto-avaliação como processo pedagógico e regulador e a


referência às áreas nucleares como elementos determinantes no processo de ensino
aprendizagem são algumas das ideias chave que estiveram na génese deste Modelo
(Modelo de Auto-Avaliação – 2008. Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares) que
iremos agora pôr em prática.
Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as
Bibliotecas Escolares.

Tendo em conta os pressupostos referidos anteriormente a existência de um Modelo


de Auto Avaliação das Bibliotecas Escolares é mais do que pertinente. É inevitável. O
Professor Bibliotecário e a sua equipa necessitam de um documento de referência
orientador das práticas que implementam e que os conduza à inovação e à mudança.
Devem ter em mente que, sendo a avaliação um processo contínuo, é importante
fazerem-no de forma criteriosa, objectiva e gradual. Identificar os pontos fracos,
recolher evidências e avaliá-las, e extrair conhecimento que oriente práticas futuras.
(Markless, Streffield - 2006)
A colaboração da Direcção e do Conselho Pedagógico são também fundamentais para
a consolidação da auto-avaliação da Biblioteca. É através deles que a divulgação deste
Modelo à Escola/Agrupamento e a recolha de muitas evidências serão possíveis. Os
benefícios que a avaliação poderá trazer irão certamente reflectir-se num melhor
desempenho escolar dos alunos. E é isso que afinal todos queremos!

Organização estrutural e funcional. Adequação e


constrangimentos

Considero que este Modelo de Auto-Avaliação está bem estruturado. Como


documento orientador das práticas da Biblioteca está organizado em quatro domínios
(Apoio ao desenvolvimento curricular; Leitura e literacias; Projectos, parcerias e
actividades livres e de abertura à comunidade e Gestão da BE) e alguns subdomínios,
sendo que a cada um deles corresponde um conjunto de indicadores temáticos que se
concretizam em diversos factores críticos de sucesso. O Modelo define também perfis
de desempenho através de descritores que retratam o padrão de execução da BE em
cada um dos níveis propostos. Sugere exemplos de acções de melhoria e instrumentos
de recolha de evidências. Avalia ainda alguns aspectos essenciais: a Integração da BE
na escola e no processo de ensino-aprendizagem; o desenvolvimento de competências
de leitura e de um programa de Literacia da Informação, integrado no desenvolvimento
curricular; estratégias de gestão e de integração da BE na escola e no desenvolvimento
curricular.

Há no entanto alguns constrangimentos inerentes à aplicação do Modelo: a sua


integração à realidade das Escolas; recolha de evidências nem sempre possível devido à
sobrecarga de trabalho da equipa da Biblioteca; ausência de um processo sistemático de
avaliação limitado também pela tal sobrecarga de trabalho.
Integração / Aplicação à realidade da escola

Neste ano irei aplicar o Modelo de Auto-avaliação pela primeira vez. Estou ciente de
que há muitas etapas que ainda não consegui cumprir mas espero fazê-lo em breve.
Algum trabalho a nível da recolha de evidência e de dinamização e divulgação de
práticas da Biblioteca já está a ser desenvolvido:

- Solicitação de sugestões de documentos a adquirir, tendo em vista os programas


curriculares e o tema de Área de Projecto “Expressarte”;
- Aquisição de fundo documental direccionado ao desenvolvimento do currículo e das
Áreas Curriculares Não Disciplinares
- Distribuição de obras a trabalhar no 1º Ciclo e no Pré-escolar (PNL);
- Recolha de evidências das actividades desenvolvidas;
- Registo das presenças dos utentes;
- Dinamização de actividades de promoção da leitura: “Autor do Mês”, “Enigma do
Mês”, “Hora do Conto”; Leitura acompanhada no âmbito da disciplina de Estudo
Acompanhado;

-Inscrição de alunos para Concurso Nacional de Leitura e escolha das obras a analisar.

- Análise e escolha do Domínio B, Leitura e Literacia para o processo de auto-avaliação


da Biblioteca.

Apesar do enorme esforço que implica, a aplicação deste Modelo trará certamente
melhorias significativas à gestão e organização da Biblioteca.

Competências do professor bibliotecário e estratégias


implicadas na sua aplicação.

O Professor Bibliotecário tem conquistado um papel cada vez mais relevante dentro
da Escola. A ele cabe não somente gerir o espaço da Biblioteca e o trabalho que lá se
desenvolve, mas deve, acima de tudo, ser um agente de intervenção e acção no universo
escolar. Deve então possuir uma série de características inerentes a qualquer gestor:

- liderar de forma estratégica, colaborativa, criativa e sustentável (Ross Todd, 2002);

- capacidade de comunicação;

- capacidade de persuasão;
-possuir uma atitute construtiva e positiva, gerando sempre consensos e não
divergências;
- ser proactivo;

- manter bom relacionamento com todos à sua volta, numa perspectiva de diálogo
franco e aberto.

A formanda: Glória Sousa

BIBLIOGRAFIA

Eisenberg, Michael & Miller, Danielle (2002) “This Man Wants to Change Your Job”, School
Library Journal. 9/1/2002
<http://www.schoollibraryjournal.com/article/CA240047.html> [13/10/2009].
Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares. Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas
Escolares (2009). <
http://forumbibliotecas.rbe.min-edu.pt/mod/resource/view.php?
inpopup=true&id=10018>[10/11/2009]

Todd, Ross (2002) “School librarian as teachers: learning outcomes and evidence-based
practice”. 68th IFLA Council and GeneralConference August. <
http://www.ifla.org/IV/ifla68/papers/084-119e.pdf > [13/10/2009].

Você também pode gostar