INISTERIO PUBLICO
DEPARTAMENTO DE INVESTIGACAO E ACCAO PENAL,
DISTRITO JUDICIAL DE COIMBRA S¥
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injustificado e evitavel, nao restando duvidas de que conduta que a arguida escolheu tinha
em si inscrita uma grande probabilidade de, no minimo, causar uma ofensa no corpo ou na
satide do doente (traduzida no agravamento do seu estado de satide), mas podendo, no
limite, também afectar a propria vida do paciente”.
Compaginando tal quadro factico a luz da teoria da causalidade adequada
(perspectivando-se a pratica do crime de homicidio negligente em que se exige o resultado
morte), parece poder concluir-se estar suficiente indicado o exigido nexo de imputacao
objectiva que deve ligara conduta do agente ao evento.
Na verdade, mesmo que considerada “apenas” esta teoria na sua formulacdo
tradicional feita entre nds pelo Professor Eduardo Correia”', deve estabelecer-se 0 nexo de
causalidade entre a conduta do agente o resultado verificado quando este surja como
consequéncia normal, tipica, previsivel daquela, devendo fazer-se uso, para este juizo, das
regras de experiéncia normal e de circunstancias concretas em geral conhecidas, sem abstrair
daquelas regras ou circunstancias que o agente (ainda que ele e sé ele) efectivamente
conhecia.
O nexo de causalidade deve excluir-se quando o resultado for imprevisivel, ou
previs(vel mas de verificagéo anormal; deve estabelecer-se quando for previsivel e de
verificagao normal.
Ora, atendendo a ja grave situagdo (pré-existente) de sadde do doente e ao facto de
ser ordenada a sua transferéncia para um hospital como muito menos recursos (de onde tinha
sido enviado exactamente por essa mesma falta de recursos), estamos em crer que a
degradacao significativa desse estado e mesmo a sua morte deve ser tida como uma
® Cfr. resposta ao quesito n° 3 (complementar).
21 Cff. Direito Criminal, I, 1971, Reimpressdo, pag. 252 € ss.