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Papai tosse, dando aviso de si,

vem examinar as tramelas,


uma a uma.
A cumeeira da casa de peroba do campo,
posso dormir sossegada. Mame vem me cobrir,
tomo a bno e fujo atrs dos homens,
me contendo por usura, fazendo render o bom.
Se me tocar, desencadeio as chusmas,
os peixinhos cardumes.
Os topzios me ardem onde mame sabe,
por isso ela me diz com cimes:
dorme logo, que tarde.
Sim, mame, j vou:
passear na praa em ningum me ralhar.
Adeus, que me cuido, vou campear nos becos,
moa de moos no bar, violo e olhos
difceis de sair de mim.
Quando esta nossa cidade ressonar em neblina,
os moos marianos vo me esperar na matriz.
O cu aqui, mame.
Que bom no ser livro inspirado
o catecismo da doutrina crist,
posso adiar meus escrpulos
e cavalgar no topor
dos monsenhores podados.
Posso sofrer amanh
a linda ndoa de vinho
das flores murchas no cho.
As fbricas tm os seus ptios,
os muros tem seu atrs.
No quartel so gentis comigo.
No quero ch, minha me,
quero a mo do frei Crisstomo
me ungindo com leo santo.
Da vida quero a paixo.
E quero escravos, sou lassa.
Com amor de zanga e momo
quero minha cama de catre,
o santo anjo do Senhor,
meu zeloso guardador.
Mas descansa, que ele eunuco, mame.

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