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Poema para depois de amanh (ou sobre a mquina do mundo informacional)

Passando agora pelo caminho


Que de pedra s resta o que h na pausa
Tento entender a tal sequncia
Imagino e envio mensagens
Enquanto permaneo pairando
Num nico e fixo ponto de frequncia
Como espectadores do derradeiro final
Alguns de ns gastamos mais,
Outros menos tempo com os ritos
E de mito e de mistrio
Chocamo-nos, deleitamo-nos
Mas tambm sofremos das epifanias
Aprendi que poeta cria entendimentos
Porm o tempo de onde fala o poeta
diferente daquele de onde ele experimenta
Sempre advm a censura, a cisura, o problema da traduo
Pois cada um permanece ou se pe imediatamente num ponto outro, contingente
E se amanh no entende porque estar noutro para assimilar qualquer codificao
A mquina o prximo estgio
No qual at mesmo a censura virar sequncia
E restar performance lembrar de fugir e saltar da sequncia
A busca de cincia: menos risos, menos animal, menos origem
E surgem livros segredos chaves senhas criptografias
Frutos do tempo e do silncio
Da angstia entre comunicar ou deixar sentir
Assumir um lugar, mas somente mais um lugar
Porque amanh outro
O poema serve tambm para criar um lugar
Um territrio, um palco
Para situar os espectadores e fazer vislumbrar o momento final
Repito: as mensagens que envio destinam-se apenas a mim
A todo instante, mas noutros momentos no tempo
Tento conjugar a sorte e entender meu feito
Pelo caminho, fao poltica e um pouco de poesia
A mquina ainda tenta escolher minha sada, minha senha
A mquina meu problema de traduo

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