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Senzala

Negro
Havia gemidos na ala escura da fazenda.
Atravs da fenda mais obscura via-se a dor
E, para aqueles que ali ficavam
S restava o clamor.
No tinham renda,
Muito menos direito ao amor.
No pensavam que tinha alma
O negro do tambor
Pois muitos acreditavam ser maldio a sua cor.
No pelourinho, deitado na palha sobre o duro cho
Dormia o escravo naquele pesadelo sem compaixo.
Sentia no madeiro seu holocausto.
Exausto, apenas servia ao seu senhor.
Um dia, homens de bem,
Outrora comovidos por verem tamanha aberrao
Na escravido, um ato to maldito
Lutaram com afinco at o fim desta cruel situao.
Disseram bno o homem da pele escura
E a senzala no se valeu,
Doeu! Mas como na vida tudo passa
Chegou ao fim a escravido.
O mundo estava errado,
O negro tem valor...
Carrega no sangue, sua alma
Que pulsa firme no corao,
E esta vida que nos carrega
Com liberdade aponta uma boa direo.
Deixemos para trs a senzala:
Aquela foi a histria em outra dimenso.

Csar Moura

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