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Debaixo das principais avenidas de Sao Paulo, passam rios. Sob a 23 de Maio, corre o Itororé. Na 9 de Julho,flui o Saracura. Na avenida dos Bandei- rantes, esconde-seo corrego da Traicao. E, na aveni- da Pacaembu, claro,o Pacaembu. Na capital paulista, existem mais de 300 cursos de agua encobertos. Pouco a pouco, alguns moradores da cidade depositam um olhar mais atento para esses leitos ocultos. Grupos de ativistas, artistas, gedgrafos e arquitetos tém colocado os rios na mira de suas atividades. Vale escrever uma frase no asfalto com o dizer “aqui passa um rio”, criar um bloco de Carnaval que percorra o curso de um cérrego, encenar uma peca de teatro a partir das memérias de uma enchente ou inventar um site com o mapa hidrico da cidade e suas historias. “Agua nao falta, o que falta é a percepc¢ao dela”, afirma o urbanista José Bueno, que criou a iniciativa Rios e Ruas ao lado do geégrafo Luiz Campos Jr.. Eles organizam expedicées pela cidade atras de nascentes e de corregos escondidos. Bueno estava interessado em criar experiéncias vivas de aprendizagem na capital paulista. “Fui apresentado ao Luiz e perguntei: ‘Vocé diz que Sao Paulo tem um monte de rios, a gente pode experimentar isso?’. Ai ele disse uma frase que me fisgou: ‘Nao existe nenhum lugar da cidade em que vocé esteja a mais de 200 metros de um curso d’agua’. Isso é brutal”, recorda o urbanista. > siopaulo + * + 23 em que vocé esteja a mais de yA 200 metros de um curso d’agua < ARE [HUME CAMPOS MR. geeraf inerrante da nciativa Rose Russ + + apsud Reigho pre: | : , 66 Nao existe nenhum lugar da cidade a : ee 3 ay CAPA Os dois fizeram a primeira explo- agao de bicicleta ao redor dacasacde Bueno (na Vila Indiana, proxima ao Butanta) e, a cem metros, acharam anascente do rio Iquiririm. “Passavaali todo dia. Era um bre- jo, uma area de despejo de entulho. Voltamos 14, abrimos a nascente fizemos dois lagos”, afirma Bueno. Para a dupla, os rios devem ser impos e abertos primeiramente na cabeca das pessoas. “Quando fize- ram a retificacao do rio Pinheiros, a palavra mais usada nos relat6rios da Light era ‘recuperacao’. Hoje a gente usa a mesma palavra com 0 significado de abrir o rio, replantar as margens, fazer um parque linear. Eacultura que esté mudando”, afir- mao gedgrafo Campos Ir. Também interessadas em recu- perar a hist6ria dos cursos d’agua quea cidade sufocou, as jornalistas Stephanie Kim Abe ¢ Iana Chan e a designer Pamela Bassi criaram 0 projeto Rios (In)visiveis, mapeamen- to colaborativo dos rios da cidade, No mapa estéio marcados locais onde o grupo garimpou historias, como as de moradores antigos que témmemérias dequandoos riosain- dando estavam soterrados. “Agente vive em uma cidade que tem milha- res de quilOmetros derios ec6rregos enterrados vivos. A idela é trazer tu- do isso a tona”, diz Iana Chan. Amaiordificuldade foi encontrar_§} dados —comoarelacao entrea rede fluvial e a rede de esgoto, ou infor- ‘magGes sobre quando os rios foram enterrados. 0 grupo usou principal: mente informacées do Plano Dire- tor de Drenagem e Manejo de Aguas Pluviaisno Municipio de Sao Paulo, disponibilizadas pela prefeitura. © mapeamento comecou a ser feito em maio deste ano, durante 0 EcoHack World, um evento realiza: do ao mesmo tempo em Sao Paulo, ‘BHAA ia, 2362911, 3615s 2 ‘saci ind CP ee ooo ‘iegestoweeptasacne Nova York, Sao Francisco e Madi para constrttir bancos de dados rela Gionadoso temaambiental. 0 mapa eas hist6rias podem ser encontrados em www.riosdesaopaulo.org. Ilhas de frescor Os arquitetos Tania Regina Parma e Newton Massafumi Yamato tém um projeto para abrir anascente do rio Saracura e revelar seu curso, no Bexiga. A ideia foi selecionada em um concurso promovido pelo IAB (instituto dos Arquitetos do Brasil) de Sao Paulo em conjuntocomapre- feitura, no inicio de 2014. O Bexiga foi escolhido porser um dos pontos criticos da ilha de calor na cidade. Nesses locais, aumidade relativa do ar diminui bruscamente. “A ideia é destampar o Saracura com a proposicao de um parque li- near curativo, que transforme lugar num elementode reverséodesse pro- cesso climatico”, diz Yamato, A arquiteta Tania explica que o projeto faz parte deum plano maior, que prevé a criacdo de microareas Siopaulo * * * 25 Obra da artista Carla Caffé, que esta na Mostra Rios e Ruas Int ‘exposicio também conta com obras de Eduard “0 século 20 desenou a ciate em favor do carro. Este modelo se mostrou inviavel. Precisamos repensar isso” Victor Civita (lela na pig 65). de protecao ambiental espalhadas pelo espigao central da cidade, onde ficam as “avenidas de topo”, como a Paulista e a Heitor Penteado. “Es- se espigdo abriga varias nascentes. Mapeamosalgumas. OestudodoSa- racura pode ser aplicado em varios outros lugares”, diza arquiteta. Adupla defende que Lei de Z neamento preveja essas microareas de protecao em tomo das nascentes urbanas, jé que muitas delas esto dentro de areas de adensamento previstas pelo Plano Diretor —que permite levantar prédios mais altos a 200 metros de grandes avenidas. Cacador de nascentes Ha cerca de trés meses, 0 corre: tordeseguros Adriano Sampaio, 43, 26 & % % 23a29denovembro de 2014 revelou-se um indOmito “cagadorde nascentes”. Sobrepondo um mapa dacidadede 1930 com umatual, ele jaencontrou dezenas delas: aleumas em propriedades privadas, outras em lugares ermos da periferia. Ele registra suas descobertas em fotos e videos no Facebook, na pé- gina “Existe Agua em SP”. Ointeresse do corretor pelos tios {oj intensificado quando ele part pou da revitalizacao da praca Home- 10 Silva, na Pompeia (zona oeste). O lugar estava abandonado e ti: nha um histérico de violéncia. Ha cerca de um ano e meio, o grupo Ocupee Abrace, formado por mora- dores do bairro, comegou alimpara pracaedescobriu ali duas nascentes do rio Agua Preta, “Tiramos 0 lixo Ly 4 ‘com curadoria de Marcello Dantas, na praca Paulo Von Poser, Zeza0 e! anilo Zamboni. diz Caffe e fizemos um lago”, diz Sampaio. 0 local foi rebatizado de praca da Nascente, que hoje recebe festivais deartee cultura. ‘Mesmo enterrado sob as ruas da Pompeia, o rio que nasce na praca inspirou outras iniciativas culturais. Ocasal de artistas Anahi Santos, 36, Lincoln Antonio, 44, engajadonas questdes ambientais e sociais do bairro, criou o Bloco do Agua Preta, que segue 0 percurso do tio depois do Carnaval. “f uma forma alegre e convidativa de tocar numa questao séria e angustiante”, diz Anahi. Alguns integrantes do bloco for- maram mais um grupo, que, com ‘mesmo espirito performatico, faz grafites indicando os cérregos 50 terrados com uma mensagem clara econtundente: “Aqui passa um rio”. No Camaval deste ano, outro cor- tejo chamou a atengéo para um rio oculto: 0 Bloco Fluvial do Peixe Se- co fluiu pela avenida 9 de Julho, no Bexiga, onde passa o rio Saracura, A ideia surgiu a partir de inter- vencdes do coletivo Mapa Xilogra- fico, que jé havia trabalhado com a tematica dos riosno Jardim Pantanal (nazona leste) eno proprio Bexiga. Onomedoblocoé uma homena- gem ao rio Piratininga (atual Taman- duatef), quenallingua tupi quer dizer rio do peixe seco. Em 2015, 0 bloco vai passar pelovaledo Anhangabat. Ha mais de dez anos, Cesar Pego- raro est envolvido no movimento dos moradores do Butanta (regiao este) pela criagio de um parque linear no cérrego Agua Podre. 0 projeto esté longe de ser concluido, mas pode viraser um exemplo pela forma que esté envolvendo a comu- nidade e diversos érgaos pablicos. Em 2006, a Subprefeitura do Bu- tanta apresentou um projeto para criarum parque linear em um trecho do Agua Podre. A comunidade pro- testou e conseguit incluir toda aex- tensio do cérrego no planejamento. ‘Mas como fazer um parque linear com 0 rio cheio de lixo e ratos? A Sabesp foi acionada eincluiu o curso d’4gua no programa Corrego Limpo. As obras passariam por uma co- munidade que vivia em palafitas sobre cérrego. A Secretaria de Ha bitagdo entrou em campo para criar na regido um conjunto habitacional. Por fim, orisco de desabamento das margens colocou em acao a Secreta- ria de Infraestrutura Urbana. Em 2008, os moradores, junto Secretaria do Verde, conseguiram impedir a construgo de prédios e, em 2011, a érea foi desapropriada e fard parte do parque. “Serd o primei roparque linear comintervencdes da nascente até a foz e esse monte de secretarias trabalhando ao lado da Cee enoateg egoraro faz parte do movimento de Pett eet oy pparque linear no corrego Agua Podre comunidade”, diz Pegoraro, bidlogo. e especialista em gestdo ambiental da Fundagao SOS Mata Atlantica. A luta dos moradores do Morro do Querosene pela criacdo de um parque na Chacara da Fonte também soma mais de dez anos. Em terreno particular de 39 mil metros quadra: dos, perto da avenida Corifeu de Aze- vedo Marques, fica uma fonte com duas bicas, cercada por arvores. Ea nascente do rio Pirajussara-Mirim. Pe ho ode uma Cee ee eat neem ee esd Protegendo a fonte, dois arcos feitos de pedras soltas remontam © tempo dos tropeiros. 0 lugar era um ponto de parada de um antigo ‘caminho indigena (“peabiru”), Em 2011, adrea ganhou um Decre- to de Utilidade Paiblica para a cria- cdo do parque e, no ano seguinte, a fonte foi tombada pelo Conpresp (conselho municipal de preserva- G40). 0 proceso agora esta na fase de desapropriagao do terreno. “Nao dé para ficar calado. Esse lugar deveria ser transformado numa area de protecéo ambiental”, diz 0 miisico eativista cultural Dinho Nas- cimento, 63, que mora ha mais de 30 ‘anos no baitro, Ele lembra da 6poca ‘em que as pessoas podiam acessar livremente a bica pela rua da Fonte. Hoje, um muro impede a passagem dos moradores, mas a agua cont nua escorrendo ininterruptamente até atingir a boca de lobo. Aleijados de suas curvas, alguns rios retomam suas varzeas em época de cheia. £0 caso do Trés Pontes, um afluente do Tieté. No verao de 2009/2010, ele deixou as casas do bairro Jardim Romano, no extremo leste, debaixo d’agua. Napeca “A Cidade dos Rios Invi veis”, da companhia Estopé Balaio, a memoria dessa enchente é evo- cada pelos atores e pelos proprios moradores. Oespetaculo comeca na estacao Bris da CPTM. 0 piiblico acompanha a trupe dentro do trem até chegar ao Jardim Romano. “Orionao émais omesmo, entao eu sou outro homem”, diz um per- sonagem do espetaculo. A fala da peca faz.coro com o pensamento do gedgrafo Campos Jr., doRios e Ruas. “A gente quer achar um culpado, oplanejadorfilho da mae, o prefeito, mas,naverdade, oqueaconteceu com os1nossos rios foialgo quenés fizemos, nésdesejamos. Fazia sentido num da- do momento. Agorango faz mais.” * {coussonou erica non sdopaulo * x * 27 18 & * * 23a29denovembro de 2014 SUE AZ Faz dias que no chove. Osol cas- tiga oasfalto no bairro da Liberdade e eis que surge um riacho veloz na sarjeta da rua Dr. Tomaz de Lima (regio central). 0 nivel do reser. vatério Cantareira registra apenas 10% de sua capacidade, contandoo volume morto. Entao, de onde vem tanta agua em plena crise hidrica? A corredeira chega a fazer baru Iho, arrastando as folhas secas e bi tucas de cigarroa beira do meio-fio. Sera algum desavisado limpando a calcada com oesguicho? Ninguéma. vista naquele trecho da via. O mistério € resolvido ao dobrar a esquina na rua Conde de Sarzeda, no alto da ladeira. aguacal vem de um cano na caleada em frente ao Tribunal de Justica de Sao Paulo, 1no Edificio 9 de Julho, ntimero 100. “Com essa agua dava para lavar a nossa frota de carros”, diz um motorista que trabalha no tribunal. Segundo ele, a agua jorra de meia ‘emmeia hora. Todos os dias sao des. pejados milhares de litros nasarjeta, que ja ganhou uma camadia de limo. Devido a profundidade da fun- dagdo do prédio, a agua do lencol freditico é desviada para um reser. vatério para ndo causar alagamento nas garagens dos subsolos. De quan doem quando, a bomba éacionada, lancando o excesso de liquido para a rede pluvial na rua, Deacordo como Tribunal de jus tica, “foram feitas diversas tentativas de reutilizacao da gua, mas o forte cheiro de esgoto inviabiliza 0 uso”. Esse tipo de situacao se repete em centenas de prédios na cidade, porém, nao existe umlevantamento oficial que contabilize todos os ca- sos de edificacdes que fazem brotar gua do lengol fredttico por contada profundidade da fundacao. » sdopaulo + * 19 > CAPA, Dependencio da regido da cidade, esses reservat6rios superficiais sub- terréneos, abastecidos pelas chuvas e vazamentos da rede pitblica, po- dem ser atingidos a menos de cinco metros de profundidade. Armazenamento Narua Estevao Barbosa, nos fun- dos do edificio residencial Spazio di Vivere, na Vila Anglo (regiao oeste), um ano lancaéguanarua. Segundo ozelador Miguel Ramos da Costa, 55, aconstrucao atingiu olencol freatico e precisa bombear a gua para nao inundar o segundo subsolo. Parte da agua drenada ¢armaze- nada em um poco em um reserva~ trio de 5.000 littos e é usada para lavar o patio e regar as plantas. “Nao é Agua potavel, mas fizemos uma anélise no Instituto Adolfo Lutz ela foi considerada satisfat6ria pa- ra esse uso”, diz 0 zelador. Logo em frente fica um depésito de material reciclavel. Indignado com 0 desperdicio, o proprietério Roberto Barriento, 46, criow um sis- tema de captaco com um pedaco de canoe uma mangueira. ‘do necessérios apenas tr6s minu- tos para encher um tonel de 200 litros, tamanha a pressdo. Ele trabalha ha 28 anos no mesmo local e aproveita ‘agua para lavar os cartos eo patio. “Liguel para a Sabesp varias ve- zes, mandei e-mail, mas ninguém ver”, diz Barriento. A empresa nao 6 responsavel pelos casos de rebai- xamento do lencol freatico —apenas sea gua for direcionada paraa rede de esgoto, cuidada pela estatal, é preciso pagar taxa mensal. AAs 4guas subterréneas saoassun- todoDaee (Departamento de Aguas Energia Elétrica). Por meio de sua 20 * * * 23a29denovembro de 2014 ey rere oan preteen ert eee cere i assessoria cle comunicagao, o Daee afirma que “o processodelancamen- to dessa agua [dos lenc6is freaticos] na sarjeta é uma pratica regular, pois, dessa maneira, ela cumpre 0 seu ciclo hidrico. O nao descarte desse recurso pode ser prejudicial Aestrutura do imével”. Segundo o Daee, para o descar- te em via pitblica, nao é necessaria nenhuma formalizacao. Opedido de outorgaoucadastra- ‘mento 56 énecessério quando se faz a utilizacdo da agua. Em setembro, 0 6rgao publicou uma portaria que permite 0 uso de recursos hidricos decorrentes de rebaixamento de len- colfreético. Quandoa captacao atin ge uma quantidade igual ou superior a 5.000 litros por dia, esta sujeita 66 Existe uma oferta e 16 mil litros a jgua por segunt Nos aquiferos de Sao Paulo ERTOLD, ‘REGINALDO Bt Dieter do centre de Pesquisa dd Aguas Subterraneas 3 USP a0 cadastramento e a outorga. Se for inferior, € necessario apenas 0 cadastramento. De acordo com a Cetesb (com- panhia ambiental de SP), a agua proveniente do rebaixamento do engol nao pode ser ingerida e deve ser armazenada separadamente da gua potavel da rede piblica. “Estamos jogando fora uma coi- sa que agora tem valor, mas antes no se dava bola”, afirma Reginaldo Bertolo, diretor do Cepas (Centro de Pesquisa de Aguas Subterraneas), da USP, sobre os recursos do lencol freético. Ele explica que essas aguas tendem a ter uma qualidade ruim. “Toda sorte de atividades que acontecem na superficie geram po- Iuentes que migram solo adentro até aleancar o aquifero freatico.” s vazamentos da rede piiblica de esgoto, de postos de gasolina ede fossas so apontados como os prin- cipais causadores de contaminagao. Osresiduosindustriais podem gerar uma polui¢ao ainda mais téxica. ‘Mesmo sem potabilidade, esse recurso hidrico poderia ser utilizado para lavagem de calcadas, patios e carros, rega de jardins e até como descarga sanitaria. “Prédios que drenam continuamente a agua do freatico devem investit num reser- vatorio para que a agua seja usada para fins nao nobres”, diz Bertolo. O professor de engenharia hidri- ca Ivanildo Hespanhol, diretor do Centro Internacional de Referéncia em Reuso de Agua, cita 0 exemplo do Sesc Pinheitos, na zona oeste. Durante a construcao, brotow gua comalta concentracao de ferro em dois pontos da garagem. Depois de tratada, a agua pode ser usada nas bacias sanitarias e na limpeza 1.200 Drie) eer) captagao de agua do lencol freatico de um POLO ee Reh Porn tea nao é potavel 24h, 28.800 litros = do lencol fedtico, quantidade (que pode abastecer um prédio de 36 spramnes durante um dia*™ ‘AReciclagem FR. cenche tonéis de 200 litras para lavar opiso eos Leva em tomo de 3 minutos para encher cada tonel carros da empresa 3 tonéis e 3/4 ia BUS = titi (750 ltrs) Quantidede suf 5 pessoas durante 1 dia’ * Célculo de consumo diério por pessoa segundo a ABNT (Associagio Brasileira de Normas Técnicas) do piso. Mensalmente, so captados e utilizados 600 mil litros. Aguas profundas Um estudo do Cepas mostra que ha hoje uma oferta de 16 millitrosde gua por segundo nos aquiferos da regiao metropolitana. £ uma vazao compativel com uma Guarapiranga inteira, que abastece 4,9 milhdes de pessoas. Dez mil litros de égua por segundo ja sao uilizados por pocas privados, inclusive os clandestinos. Deacordocom odiretordo Cepas, 6 preciso diferenciar a Agua encon: trada no aquifero superficial —que pode parecer nas garagens dos pré- dios—daquela dospocos profundos, chamados de artesianos. Esses pogos chegam a ter entre 150 e 200 metros de profundidade ecaptam uma agua de boa qualida- de, A vazao € alta e permite atender demandas de hospitais, creches, escolas, indiistrias e condominios. ‘A maior parte deles, no entanto, é ilegal. © mesmo estudo do Cepas mostra que, dos 12 mil pocos 60% sfoclandestinos. Além disso, existe reas superexplorads. “Algumasz0- nas estao secando”,alerta. O diretor do Cepas explica que a quantidade de pocos profundos utilizada para o abastecimento pi- blico éirriséria, Esse recurso deveria ser considerado nas épocas de seca. ““€ uma agua privatizada. Talvez chegue o momento em que alguma autoridade piblica decrete estado de calamidade ou emergéncia e esses ocos particulares sejam requeridos. ‘A agua subterrénea pode desempe- nhar um papel muito importante para a seguranca hidrica da popu- Jaco, principalmente em momentos de escassez”, afirma Bertolo. > sdopaulo * * * 21 Mais mostas no “Guia Folha” (publica toda sexta) een guaflha.can.br MUSES eas oe ESTAGAO PINACOTECA GRAVURA E MODERNIDADE Objeto de crescente interesse por parte de curadores e galeristas, a gravura ganha uma retrospectiva de porte. S40 201 tra- balhos de 54 artistas, como Ademir Mar- tins, Fayga Ostrower, Lasar Segall, Marcelo Grassmann e Regina Silveira, que perpas- sam destaques produzidos neste suporte 0b os ecos do modernismo no Brasil. ys Gen Oi, 66, tae ro cv ta 2095409 Tea dom i 1790 peru = 10) AE Baba we ig so toners Sots gat perro loco Soto sor os) Bsc 1013 8am, Yate mods dds Inno! 326050 131 Bidar lal ‘MUSEU DA DIVERSIDADE ‘TODOS PODEM SER FRIDA Com modelos masculinos caracterizados ‘como Frida Kahlo (1907-1954), a fot6gra {fa Camila Fontenele de Miranda captura conexdes entre ate, identidade de genero e comportamento social. A mostra se co- necta a trajet6ria pessoai e crativa da ar- tista mexicana, conhecida por questionar limites de género, e inclui uma instalacao fotografica que permite aos visitantes re tratarem-se também como Frida. mere cu errmea iste GRATIS | Blea PINACOTECADO ESTADO CCOLEGDES EM DIALOGOS ‘Apresenta 50 pintuas, esenhos e escal turas de nomes fortes da arte brasileira de vilas epocas, pertencentes ao acervo do museu mineito Mariano Procbpo, te chado para reformas ha ses anos, Desta- ue para a tela “Tiredentes Supliciado” (1893), de Pedro Américo (1843-1905). Fea 2 2; oat pce 328 Teta tet on tn se peas Sita BE apart at Erte te ng Ce Pa a ss pa teers iether ee seminal tae oat wh nie Motel anano Riba ler ALBERTO LEZACA colombiano usa imagens documentais, ‘publicadas em revista jomais ou internet, ‘em montagens em pretoe branco. A partir de originais ~como um retrato de 1927 do esttidio de Marcel Duchamp, ele questio- nao conceito de veracidade eatrbui novos significados a instantes marcantes. Sta em, 3 ana, 15h te 0/2015. ire GRATIS ie 4 fe BERNA REALE ‘A mostra “Vapor” exibe seis videos que 1e- gistram performances da paraense, além de uma série de fotos. Os trabaliios de Reale, que além de artista 6 peta crimi- nal, tém forte conteido politico. Como em “Cantando na Chuva”, video no qual veste

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