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TOMO a oF cnr suc | FUNDADO No RIO DE JANEIRO ; DEBAIXO DA TMMEDIATA PROPRCGAO DE §. i. 1, \ ae 0 SENHOR D. PEDRO II i \ F RIO DE JANEIRO IMPRENSA NACIONAL 1980, ALMANAC HISTORICO A CIDADE DE S, SEBASTIALO DO RIO DE JANEIRO. comPosTo Por Antonio Duarte Nunes TENENTE DE BOMDEIROS DO REGIMENTO DE ARTILTARIA DESTA PRAGA’ ANNO DE 1799 OFFEREGIDO 40 INSTITUTO HIsToRIc PELO SR. José Pedro Werneck Ribeiro de Aguilar Dias do Anno que nor ordem sdo de Gola nesta Cidade Rio de Janeiro JANEIRO. Dia de Anno Bom. . Dia de Reis...» « Dia de 8. Sebastiao. MARCO, Dia do nascimento do Serenissimo Sr. D, An~ tonio, Principe da Beira. . Quinta-feira maior. Primeira Oitava da Paschoa. . ABRIL. Dia do naseimento da Serenissima Snr*, D. Car- lota Joaquina, Princeza do Brasil. * Dia do naseimento da Serenissima Snr‘. D, Maria Teresa, Princeza da Beira, .. 2... ++ + + 13 13 18 24 29 25 a 2 17 26 31 Dia do nascimento do Snr, D. Joao, Ries do SSE OMES Tove 0° 60d Ve wot (= Sep ae ToT Dia do naseimenta aa Serenissima Snr", D. Ma- ria Isabel, Infanta. . 6 es es es Spa Dia de Corpo do Deus. 2-1 pest y st JUNHO Dia de Santo Antonio... . + Dia do nascimento do Serenissimo Sar. D. Pedro Carlos, Infante d'Espanha. . . - wy Dia de 8 Jofio Baplisia.. ..- +e eet ees Pia de 8. Pedtor + sereasie si nhs % JULHO Dia do nascimento da Serenissima Senr*. D. Ma- ria Benedicta, Princeza do Brasil, viuva. . . « OUTUBRO Dia do nascimento da Serenissima Senr*. D. Ma- rianna, Infanta. . . Dia do Serenissimo Snr. D. Pedro los, Titania DEZEMBRO Dia de N. Senhora da Gonceig&o, Padroeira do Reino. . « Ba Dia do naseimento da Rainha 'N. Senhora. iia Dia do nascimento de Nosso Senhor J. Christo. . Primeira Oitava do Natal. . . 2. 2 6 6 ee Dia do 8. Silvestre. «4.4 46 6 Fe eee DIAS DAS AUDIENCIAS 2a aan a aa anbawa O Im’, @ Exm’. Sr, Vice-Rei, 4 ¢ Sabbados, % ma- @ 4 naite. Relagdo, 3°. ¢ Sabbados, de manha. Junta da Fazenda, de manhi, no Erario. Dain do Crime, 2" e 6", de tarde, na Relagiio. Civel, 3. @ 5 ee ares e tard, na dita. ~ Ouvidor da Comaroa, 2". 0 SM de manha, na Gasa da “a. , Juin de Fora, 3% ¢ 6", de manhd, na dita, , Tntendente da Marinha, 4°. e Sabbados de manha, nos Juiz dos Orfads, i, © Sabbados, de manha, na sua casa. Juiz da Alfandega, 4". © Sabbados, de manba, na Al- fandega. Intendente do Ouro, e mesa da TaspeccHo, 4** e Sabbados de manhi, em sua casa. Provedor dos ausentes, Capellas e Residuos, 3. e 6", de manha, na Casa da Camara. Senado da Gamara, 4°" ¢ Sabbados, de manha, na Casa da Camara. Provedor da Moeda, todos os dias, de manha e de tarde, na Casa da Moeda. Almotaceis, 4" 9 Sabbados, de manha, na Casa da Ca- mara, EQCLESIASTICAS . @ Sabbados, de manha, O Ex. Rev™, Sr. Bispo, em seu Palacio. © Provisor e Vig. geral do Bispado, 3" e 6", de tarde, na sua casa. MEMORIAS f DO DESCOBRIMENTO E FUNDAGKO fi DA CIDADE DE §, SEBASTIAO DO RIO DE JANEIRO ] As confusas noticias e diminutos conhecimentos com que * ainda estava a nossa Corte no anno de 1530 a respeito de mares, ¢ contineates que seguem da Bahia de todas os Santos 7 para o Sul até o Rio da Prata, dou bastante motivo para que © Sr. Rei D. Joao 32, desejoso de conhecer este resto ainda ny explorado dizesse aprontar huma armada, e a mandasse examinar a Costa do Sul de todo este continente até o famoso Rio da Prata, nomeando para Commandante daquella expe- dicao a Martim Affonso de Sousa seu Gonselheiro a quem or- aS denou, que estabelecesse huma Colonia no Lugar, aue pare- ; cesse mais commodo para isso, Com prospera viagem chegou a esta allura de 23 gréos avistando logo terra, e¢ mandando aproximar as embareagdes & Costa, divisou no dia 4° de Ja~ neiro de 1531 hum boqueirio defendido de allos penhaxeos, por uma e outra parte e com wna grande Lage no centro, que divindo as aguas offerecia duas barras para o interior es de um dilatada bahia com muitas Mhas de differentes gran— deza: Os naturaes do Pa Martim Affonso de Sous ter deseoberto neste mez. Por ordem sua fundearfo todas as embareagdes fora da 1 barra, e procurando a terra em huma pequena lancha que 0 | conduzia, desembarcou junto ao Pao de Assucar na praia, 4p 4 que por isso chamarao até certo tempo, Porto de Martim Af- fonso de Sousa, ¢ depois Praia Vermelha. ‘Tendo explorado o terreno, se retirou a seu bordo des- prezando todas as commodidades deste bellissimo Paiz, por nao expr como se suppée, a sua Tropa, © Golonos és con- tingenoias de uma guerra perigosa com os Tndios de todo este : continente, do qual se ausentou, continuando a diligencia : de explorar a Costa, em econsequencia das ordens de que * viera encarregado. A Capital desta Provincia & a cidade de Sio Sebastigo do Rio de Janeiro, ¢ nella como Gorte do Brasil reside o Iilm*, e Exm*. Sr, Vice-Rey do Estado eo Exm*. ¢ Rm'. Bispo Diocesan. £ ‘Todo este Continente estava possuido e habitado de in. culla gentilidade, dividido em muites Nacdes, algumas me- chamayao a este silio Nileroy, e 9 denominow Kio de Janeiro, pelo ; nos feras, mas todas barbaras: no tinhao culto de Religiio, jdolatravio & Gula, serviaio ao appetite, sem regimen de ley, ‘on de razio, repugnantes 4 doutrina Evangelica, que thes pre- gou o Apostolo S. Thomé (*), a quem nfo quizerio ouvir, ¢ affugentarao de todos os seus Paizes, dos quaes ausentan- dose o Sagrado Apostolo, deixou em muitos lugares para prova dos seus prodigios, impressos, e retratados em laminas de pedra, os signaes do seu cajado, 6 los seus pés. Neste infeliz estado os achardo os primeiras povoadores do Brasil, quando por z6lo da Religiéo e servico de S. Ma~ gestade procurio domestica-los, ¢ instrui-los nos dogmas do Chirstianismo: porém, nao sendo possivel conseguir a ver- dadeira amizade, o segura allianca, que_pretendifio destes homens, a quem com liberalidade satisfaziao em tudo quanto appeleciao, foi-Ihes preciso usar das armas e de todo 0 rigor, para castigar os barbaros insultos, ¢ aleivosias com que por muitas vezes Lentaro invadir as nossas povoagées. A este tempo ja toda a Europa estava cerlificada de que 0 Estado do Brasil néo era menos dilatade om dominio, que optlento em commerio, ¢ por isso incilou a cubiga de muilas Nagdes estranhas para que buseassem nos seus portos ps interesses mais importantes a sua negociagio. Entre todas se distinguiu com mais desvelo a Nagao Franceza expedindo ontra as principaes Capilanias deste Hstado diversas mos disporsas para colherem as eonveniencias, que Ihes se 0 seu valor, e lhes prometia a sua ambigao; introdu: com os Gentios Pilaguares nas Provineias da Parahiba, ¢ de Iamaraed; com os Gahelés, na de Pernambuco, e Rio de Sao Franeisco; na de Sergippe com os Tupinambis; ¢ em Cabo Frio, @ nesta enseada do Rio de Janeiro, com os Tamoios; ‘ainda que receberdo nesias exepdigdes nfo pequeno estrago dos nossos eapitées Pedro Lopes de Sousa, Luiz de Mello da Silva, ¢ Christovao Jaques; metenido-Ihe muitas Embareacbes a pique @ apresionando oulras; nunca desistirao de continuar em uma empresa, a que os estimulavao a gloria da fama, o augmento do Gommercio. Incitado com estes dous vehe- mentes estimulos, se animou, no anno de 1556, Nicokio Du- rand de Villegagnon, natural de Provis na Provincia de Brie, a armar a sua custa alguns Nayios com os quaes va- “gando polos mares do Brasil surgi em Cabo frio onde des~ fembareando com alguns companheiros, foi henevolamertte 7) America Portuewesn, pagina (8, 0 Vassoncelion, Livro 6, —10— *rocebido pelos Tadios e Tamoios habitadores daquelle Porto, ‘os aunes como tivessem, violado a £6 prometida aos Portu- Qquezes, que habitavéo a Villa Santos, ¢ Capitania de 8, Vi- Gente, qué neste tempo tinhto © dominio de todas as wossas povoagées do Sul, com o {alsa protexto de. term rocebido Welles alguns aggravos. cstimariio 9 soceorta, que. liberal ‘a fortuna thes offerecia para sua conservagio © ruing dos seus contrarios. Em signal da firme allianca que em odio dos Porlugue~ zea ostabeleciio com os novos hospedos, thes carregario as {mbarcagies dos diversos generos que produzia a terra, prin. cipaimenta de pao brazil Lio appetecide om toda a Europa. Villegagnon, come era muilo astute valendo-se da opportuni dade do tempo, Ihes prometew para mais-Ihes conciliar os animos, concorrer eom maiares forgas que igualmente vin- assem as suas affensas © oprimissem sos seus inimigos. Recolhido Villogagnon & sua Patria, prepare com sum~ ma brevidade maior apparato Militar, na confianga de conse= intoresses, a que o incitava a cubica @ lisonjeava guir aquelle a esperanga. ‘Tornou segunda ver, ¢ entrou nesta enseata com igual fortuna, promotondo aos Indios mais util, ¢ segura amizado, que q dos Portuguezes, de cujas armas os defenderia com todo o poder da Nacho Francesa. Forio ouvidas pelos Gontios om odio nosso as suas pro- moasas, e sendo por elles recebido em firme allianga ¢ com~ panhia, eomegario a fortificar a Tha, a quem ficou o appel~ lido de Villegagnon, @ todos os lugares em torno desta on- soada com singular conceito, e exnectagio do valor @ bonda do seu novo alliado; ce cuja disciplina, ¢ amizade fiavlo a expulsio dos Portuguezes do toda a repartigao do Sul. Quatro annps havise, que os Francezes dominavio esta porgdo de terra, confederados com os Indios Tamoios, que, sendo natuvalmente indomitos, a3 tinha domesticado 0 poli- tivo tracto daquella Nagao, De tal férma infectavam uns 9 outros estes mares, ¢ toda a costa, que foi preciso applicar malores forcus para embaragar-lhes 08 progressos com que procuravao dilatar o seu dominio nesta provincia: até quo, finalmente, pelos avisos do Gavernador de 8. Vivente ao Go- ‘vernador Geral do Estado, foi sciente a nossa Corte, que os Brancezes desde o anno de 1556 oecupavao a enseada do Rio dy Janeiro; apossando-se cavilosamente deste sitio, drogas do paiz, 0 commercio dos Indios, € que estes, auxiliados dos mesmos Francezes, discorrigio por toda a costa, a tan¢ a suas hostilidades contra os Porluguezes. z es : - at — stas noticias deréo grande culdado ao nosso Ministerio ¢ sendo logo participado as Altezas a Sorenissima Senhora “D. Catharina dAustria, quo, pela novidade de seu Neto @ Senhor Rey D, Sebastifo, regia o Reino, fox expedir vine Ar- > Fada, dirigindo-n ao Governador Goral Mendo de Si, para que com todas ax forges procurasse langar {6ra aquella igno- . minia do. nome Portuses. Tim censequencin d'esta ordom, marcbou o Governador f Geral Menda de $4 com a sua Armada, que se eompunha de duns néos, ¢ oil ow nove navios, @ avistando prosperamente sla barra expedio um aviso para _a Capitania de 8. ‘Vicente, aie om breve tempo the veio um bergantim guarnooido de Jalitheria, © Tropa, e unindo estas forgas ds que trazia na qua Armada, proourou a barra, onde felizmente entrov 1) fia 21 de Fevereiro de 1960, Tondo esto Governsdor distri- buido as ordens competentes para atacar os Inimigos, se rigio 4 Tha do Villegagnon, a qual estava fortifieada a pro- t foito pelo chete dos Francezes. Nicoldo Durand de Villesn- fgnon, de quem ainda conserva 0 appellide, mais para gloria aeera, do que, applauso do fundadar, sem embargo do ex- ossivo fog0, que faziio da Tha sobre as nossas embaroagties tonseguio 0 Governador Mendo de 84 com a sta constancia genhar terra, @ collocar nella grossa artilharia, com a qual fombateu a fortaleza por espago de dous dias, e duas noites; porém, vendo o pouco effeiio da sua bateria por causs dos eoehedos, que, seryindo de muralha, amparayio a Fortaleza, fanimou a sua ‘Tropa, e, marchando com ella a peilo desco- herto, ganhou o monie chamado das Palmeiras. Animados os soldados com tio feliz. successo, proseguiraio o combate, no Gual de ambas ‘as partes se obravao valentissimas aogies filhas do esforgo, da arte, e da porfia, empenbados uns em conquislar as lerras, outros em defender as vidas; até que desenganados os inimigos de prevalecorem contra o valor , dos Portuguores fugirio precipitadamente protegidos da som. bra da noite; salvando-se em candas aquelles, que tinhio escapado da violencia do ferro, ¢ tambem do fogo, em que 0u por descuido seu, ou diligensia dos nossos perererdo trinta abragados no incendio que se aleou na casa da polvora. OS que restavito desta derrota se ocoultaro no interior do ser- to; deixando aos portuguezes lugar ‘is palmas de uma glo-~ riosa victoria, em cujo seeuimento passarfo a terra firme, dostruindo-thes quantas fabricas tinhio, @ todas as lavon- as, como que prelendio conseryar-se isentos do dominio {Fo Ganada a Tha de Villegagnon, © desalojado o inimigo de toda esta grande enseada, se fizerdio acces de gracas com solemne Missa, a primeira que naquelle sitio se celebrou ao verdadeiro Author das victorias, ¢ Deus das batalhas. ‘Tratava o Governador Geral de povoar e guarnecer de Portuguezes todos aquelles lugares; mas foi dissuadido deste intento com a maxima politica, e militar de nao enfraquecer 0 Estado, dividindo-lhe as forgas; consetho que sahio prejudi- cial, como logo veremos. Emfim, demolida a Fortaleza, ¢ fa~ zendo vecolher as embarcagdes todas, armas, ¢ artilheria dos inimigos, como despojos ganhados com tanta gloria, salio @ Armada para a Captania de S. Vicente, de cujo lugar, depois de visitadas as povoagdes do Sul, voltou para a Bahia, sendo recehido nella 0 Governador Geral Mendo de Sé em triumpho, ¢ 05 soldados © mais pessoas daquella expedicio com geraes acclamagées do Povo. De S. Vicente expedio um aviso para Lisboa, partici- pando @ Serenissima Senhora D. Catharina a feliz victoria, que aleancara do orgulho dos Francezes, ¢ Tamoios do Rio de Janeivo; narrando-lhe todo o successo nesta carta, fielmente extrahida do Original, que esti na Torre do Tombo, gayeta 2% Mago 10. “Senhora: A armada que V. A, mandow para o Rio de Janeiro chegou & Bahia no derradeiro dia de Novembro; tanto que meu Capilio-mér Bartholomeu de Vaseoncellos dea 2s eartas de V. A., a todos pareceu, que o melhor era hir com- metter a Fortaleza, porque v andar pela costa era gastar o tempo, e mone&o em cousa muito incerta. “Eu me fiz logo prestes a melhor, que pude, que foi o peior que um Governador podia hiv, e parti a 16 dias de Janeiro da Bahia, e cheguei ao Rio de Janeiro aos 24 dias de Fevereico e, em chegando, soube que estaya uma Néio pelo Rio dentro do proprio Monsieur de Villegagnon, que the mandei tomar pela galéra Exoura, que V. A. cé tem, Quando o Capitao-mér, ¢ os mais da Armada virio a Fortaleza, a sua fortaleza, aspereza do sitio, a muita Artilheria e gente que tinha, a todos pareceu que todo o trabalho era debalde, como prudentes arreceiavao de commetter cousa tao forte com tao pouca gente: requererfo-me que Ihes eserevesse primeira uma carta, ¢ os admoestasse que deixassem a tecra, pois era de V. A.; ett Ihes escrevi, ¢ me responderao soberbamente. “pronye a N. Senhor que nos determinamos de a com- hater, ¢ a combatemos por mar, e por todas as partes em uma. Sexta-feira 15 de Marco, e naquelle dia entramos a Tha onde a Fortaleza estava posta, e todo aquelle dia, e o outro, pe- — 3 Jojamos sem deseancar de dia, nem de noite, até que N. Se- nhot foi servido de entrarmos com muita vietoria, & morle dos coutrarios @ dos nossos, poucos, @ Se esta victoria me ‘nao tocara tanto, podera affirmar a VY. A. que a muitos an- nos nao fez outra tal entre Christaos. “Porque, posto que vi muito, e li menos, a mim me pa= rece que, send vio oulra Fortaleza tan forte ne mundo, 'a- Tin nella setenta ¢ qualro Franeezes ao tempo que eheguel © iguns eseravos; depois cntrardo mais de 40 dos da XA aetiteos, que andaydo em terra, e havia muito mais de mil omens do Gentio da evra, tudo gente escolhida, © tio pons espingerdeiros como os Francezes, 0 nés soriamos cento ¢ vinte homens Porluguezes, ¢ cento e quarenta dos do Gen- tio, 03 mais desarmados, ¢ com pouea yontade de pelejar; ‘Armada tratia dezoile Soldados mogos que muito vir pe- lejar. “A obra foi de N. Senhor, que nfo quiz que nesta terra prantasse gente de lio mio zelos e pensamentos; erie Lu- theros, ¢ Galvinos, 0 seu exe! cio era fazer guerra aos Chri Ios, ¢ du-los a camer aos Genlios, como tinhdo feito poucos tempos havia em S. Vieente. O Monsieur de Villegagnon havia oily on nove mezes que se parlira para a Franes com determinagio ie trazer gente e N&os para hir esperar as de Y. A., que vem da India, ¢ destruir, ow tomar todas estas Gapitanias, ¢ fazer-se um grande Senhor. “pelo que parece muito servigo de V. A. manidar po- yoar este Rio de Janeiro para seguranga de todo o Brasil, de todos os méos pensamentos, por que se os Francezes 0 tornio a povoar, hey medo que seja verdade o que Ville gagnon dizia que todo o poder da Hespanha nem do Grao Tureo 0 poderi tomar. “Wile leva mui diferente orden Jeyamos, 6 liberal em extremos com elles, ¢ faz-lhes muita justia, ¢ firea os Francezes por culpas sem procesaos, com jato & muilo temido dos seus, ¢ amado do Gontio, manda-os ensinar a todo o genero de officios, @ de armas, ajuda as mesmas guerras; 0 Gentio 6 muito ¢ dos mais valentes da eosta, em pouco tempo se pode fazer muito forte. “por outea via esoreyi a V. A. do estado da terra, ¢ do que foy no Peruassu o que peco agora a V. A. é que me mande ir porque sou velbo, e Sei que nao sou para esta terra. “Devo muito porque guerras nfo se querem com mi~ goria, © perder-mé-hei se mais ci ¢stiver; N. 8% a vida, ¢ Estado real de V. A. acrescente: de $. Vicente a 16 dias no mez dy Junho de 1560; Mendo de 84.” : eo Gentio do que nds =—a— Passados quatro annos lomario os Francezs a apossar-se as mesma enseada, continuando com repetidas hostilidades fhtestar os noseos porios: @ adiantar quanto era possivel o wet estabeteciemnto pela boa unio, © amizado que tinhio ‘coin os Indios. Para evitar este damno, que ada dia se aus gmentava. com falores excossos, ordenou a Serenissina Se". D. Catharina a Estacio de $4, sobrinko do governador Mondo do Si, que sem demora partisse para a Bahia com dous galedes guarneeides de tropa, ¢ todos 08 aprestos militares, @ qua da gua parle signifioasse a Mendo de 83, que com 9 maior poder, que fogse possivel ajuntar-se ma Bahia, o en ‘aste a expulsar de novo nos Francezes da enseada do Rio de Janeiro, povoando a terra com gente portugueza. Chegou Kstacio de Si & Bahia, ¢ apresentando ao gover ‘nador seu tio as ordens que trazia para 0 enviar équella em- presa; logo lhe fez apromplar as emburcagdes, que 8 Tohavito no porto, guarnecendo-as de artilheira e topas; © fornecida s armada de todos os pelrechos, © mantimentos, que com a maior diligencia se poderfio conduzic para esta expedigio, nomeou para commandante geral da acgio @ seu sobrinhd ‘Estacio de Sf; ordenando-the que demandasso 9 parra do Rio de Janoiro, © que da sun enseada fizesse desa~ Jojar os Francezes que ali existido, povoando a terra com 4 gente porluguera, que 0 acompanhava, ¢ previnindo-o dos solidos vonselhos, e sabias instrucgdes, de que se devia apro- veitar para o bom exilo desta importante commissdo, 0 fea parlir para o Rio de Janeiro. ‘Tendo chogado Kstacio de SA a esta barra, expedio umn avito para a capitania do S Vicente, e, entretanto, foi exa~ minando a costa, na qual tendo mandado uma lancha a tomar agoa, enconirou um francez, que, sendo condutido 4 pre- senga do commandante, disse estado e forga com que se achavao os francezes, © os indios, com toda a ensenda da barca para denteo, Coneluida a diligeneia de explorar a costa, so ditigin a este porto, onde entrou com toda a sua armada em @ moz do Abril, no dia Sabbado d’Alleluia, ancorando junto 4 ila de Villegagnon, na qual cetebrardio missa sole- mne em acgio de gragas no dia seguinte, Domingo de Pas~ choa. Informado Eslacio de $4, de que o poder do inimigo era superior ds nossas forgas, @ considerando, que para o desalo- jar dos sitios, ein que estaya fortificada, The era negessario maior numero de combatentes, © maiores preparos, resolveo como Genotal, no empenhar com tio desigual partido 0 ere~ dito do Estado, ¢ @ gloria do seu nome, sem hir primetra~ mente 4 Capilania de $. Vicente prover-se de embareagoens Sep as do Reino, @ outros preparatorios de tanta nevessidade para aquella Expedigao. ~ azendo-se & vela, lomou em poucds’ dias o porto de $40 Vieonte, onde se armario contra a sua resolugdo graves dif- ficuldades, movidas pelo zelo de uns, e pelo temor de outros, com que 0 persuadiio desistisse da empresa, que intentava, dilalando a sua exceugio para tempo mais Gportuno. Fun- davlo os seus discursos na grande desproporgiio que havia ‘énire o nosso poder, ¢ 0 do inimigo; além disto as fortifi- (Ges com que se achavao defendidos nos lugares onde pre= cisamente devitio ser atacados, ¢ desalojados; a abundancia que tinhio de candas, © a destreza com que as movido, sendo impossivel aos nossos praticarem o mesmo nas Ianchas, @ Spnrcos das embareagSes; finalmente tudo erdo duvidas, diffi- euldades ¢ obstaculos: porém estes inconvenientes, que P diio dissuadir a outro Capito que niio fosse Estacio de © estimularao a proseguir a empresa, intentada, pois jul- gava por acofo indecorosa, Lanto para o Estado, como para a sua opiniio, fiear sem abater o orgulho daquelles barbaros, fe assim desprezindo os obstaculos propostos, se resolyeo a aceommettel-os; guarnecendo a armada com maior numero de Porluguezes, e Indios, que da Capitania do Espirito Santo tinhao chegado, além dos que pode ajuntar nas villas de San— tos © 8. Vicente, onde os moradores dellas por zelo do Teal Servico, @ empenho do commandante concorrerado com 08 mantimentos necessarios para a armada. 4566. Com estes soccorros satio 0 Commandante ‘Estacio de S4 em procura do inimigo, eatrou a barra, e tomando terra na enseada (que chamarao depois de Villa Vella) entre Pio de Assucar e 0 Morro de 8. Joao, ordenou que logo desembareasse a Tropa o levantasse trincheiras. N&o con- tavio muitos dias de estadia, neste sitio quando nelle forao alucados pelos inimigos, no dia 6 de Margo de 1566, mas achando valor, ¢ resistencia qual ndo esperavaa, se relirardo ‘rebatidos das nossas armas; perdendo a maior parte das ¢a- nas em que tinhio vindo, pela desconcertada fuga que fi- zerfio. A 12 do dilo mez tiverdo os nossos outra victoria, dando-lhes repeatinamente nos portos, ondo em cilada es- peravéo a passagem das nossas candae © lanchas, Doste modo se hia passando o resto do anno quando Estacio de $a oheio de valor, e arrdjo fol atacar os Franceses a seu hhordo, © com tanta felioidade que tudo figou destrocado da parle do inimigo pela muita geate, que Ihe matou, sendo muito diminuto 0 numero de mortos © fetidos dos nossos., 46) — Depois: desta aocdo ‘expedio o Capilio Commandant , rnuitos piquetes dos sokiados aventureitos, que dividides per diversas aldeias forio severamente castigando a insolencia ZA Giverwae moradores ¢ reduzindo @ nossa obediencia todos faquelias, que esquecidos da {6 promettida yepugnayao su~ jeilar-se ao dominio Portuguca. Oe aureeseo desta guorra forko varios no decurso deste i anno, porém de ordinariy venturosos da nossa parte pelo ; Acerto eo que o Capitéo Commandante se propunha a todas J as acgoens, que o tempo e a occasido The offereciio. (Os grandes cuidados de que actualmente se via comba- P tido, e o desvello com que descorria no acerto da honrosa Sa : tisfagio que devia dur aquella importante diligencia de que estava encarregado, Lalver fosse o motivo de demorar a parte : to Governador Geral Mem de Si, do estado © civeunslan- las, em que se achava a suid commissio; porque empenbado | festa empresa, cuidava mais em a concluir do que em dar q hotieias della. Esta demora produzia no Governador Geral a maior affliegao, ¢ 0 maior cuidado que podia ter: nesta con- fusdo igualmente valoroso, como impaciente se resolveo a ) com i sua pessoa; @ ajuntando suffi- ; ‘eagdis, soldadas, @ pessoas, que eS lio paca esta Gi- Janeiro de 1567, osforgar o emp ciente numero de ema pontancamente 0 qui dade, em cuja barra entrou no ¢ anto-vespera do Marlyr 8 Sebaslizio, a quem tomou loge por Padeoeiro da Cidade que pretendia edifiear, ¢ todos por Tur tolar Gapitao naquella empresa. 4567. Com todos os signaes de maior gloria foi re- eebido 0 Governador Geral Men de 84, por seu sobrinho Es- tacio de Si, igualmente por todos os sus subordinadoss e, pasando logo a informar-se do estado de guerra, € dos pro- feressos que tinhio feito, resolvea accommelter aos inimi- gos no proprio dia do Santo, dispondo com 0 Gapttto Bsta- cio de Sa a forma de os investir. Distribidas as Ordens, @ animados os soldados com a pratica do General, ea Benedo do Prelate D. Pedro Leitao, que em companhia do Governador Geral linha vindo @ visitar as Igrejas do Sul, sahirdo a baler o inimigo na prin pipal fortificagdo, que era a de Urasti-mery, ¢ mais diffieul~ tosa pela situagao, e numero dos Francezes, ¢ Indios com que’ estava guarnecida. “Accommettide 0 inimigo, era sua residencia proporcio- nada ao nosso furor, e a sua disciplina aprendida com: Franoezes, ¢ muitas vezes praticada, fazia nesta oecasi@o io Wifficil o seu rendimento, como constante a porfia dos nossos — > —1t— Soldados, os quaes, avancando por diferentes partes, mon= taro a (rincheira, matando innumeraveis Gentios, ¢ muitos ‘Francezes, excepto cinco, que assim mesmo vivos foro pen- durados em altos postes, para exemplo o terror dos mais. Logo senhioreardio os nossos (oda a Enseada ¢ om perse- cugiio da vittoria penetrarao o continente matando uo aleance a muitos Gentios, que formando varios corpos da sua gente intentavao impedir-nos 0 passo. ‘As lerras conquistadas se repelirio por moradores rises, capaues de as cullivar e defender, de cuja visinhanga se davao os inimigos por to mal seguros que nao ousarao mais opparecer, retirando-se para os sitios mai: distantes, e re- inotos do Paiz. Poueas vidas custou aos nossos esta vietoria, pordm sahindo ferido de uma setta uo rosto o Capitao Esta- cio de Sa, passou a melhor vida, um mez depois do conflicto; deixando todos no mais profunde desgosto, quando o appete- cigio vivo para gozar o feucto dos grandes trabalhos com quo ‘se interessou nesta conquista, por cujo augmento deu @ vida, comegando desde entfio a viver com gloria na posteridade. Goneluidas estas empresas, @ posto em socézo todo o Continente, delerminou o Governador Geval Men de Sa lan- gar os primeiros fundamentos para a nova Cidade, que pre- tendia edifiear, e fazendo abandonar o sitio da primeira Po- Yoacsio (chamado depois Villa Velha) veio estabelecer-se em distancia dg uma Jegoa no lugar em que hoje yemos os quar- teios do Regimento d'Artilharia, Santa Casa da Misericordia © outras mais, onde oxistem ainda monumentos, que fazem Verdadeira esta noticia. Intitulou-se a Gidado de 8. Sebas- tito do Rio de Jonoiro pela victoria, que conseguiu no dia Santo, ou por obsequio ao Soberano, que naquella época oc- eupava o Throno de Portugal, ¢ tambem por ter sido des- coberta em o mez de Janeiro - 1568. Tendo dado principio ad fundagaa © fabrica da nova Gidade, dispdz a sua retirada para a Bahia, nomeando para este Governo a seu Sobrinho Salvador Coreia de Sa, no qual delegou todos os poderes que 8. Magestade Ihe havia conferido por concorrerem na sua pessoa todas as circunstan- vias nevessarias para exercer aquelle emprego, e pelos cre- dilos, com que se distinguio em toda a guerra desta con- quista, sendo hum dos Officiaes, que tiverio maior parte na Victoria. Delle descende a nobilissima famila dos Correa e _ Siis desta Cidade, que por muiles annos tiverdo 0 governo della, assim como occuparao grandes lugares em a Africa, Asia e Portugal, em cuja Corte existe a sua Baronia, e pri- “Mogenitura com o titulo de Visconde «’Asseca.. ae 7 : —t— dim Margo de 1568 saliio desta Gidade o Governador Ge= pal Men de 84, dirigindo a sia yiagem ds Villas © Povoagies tte Sul para agradecer aquelles moradores o muito que tinbfo concorrido com as suas fazendas © possoas para osla BuarTS. Foi recebido de todos como fundudor da liberdade que Heavy fogrando a Regifo do Sul, na extinocdo dos inimigos. = 1568, Dispo.ndo nas Village Povoagdes daquella Reparlts e@o ludo que era mais conducente ao Servigo d'iIRey @ 40 erm commum, vollou para a Bahia a .continuar © 801 89- yerno, eujas Tedens moveo quajorze annos; feehando ali no We 1572 0 cirenlo da sua preeiosa vida cheio de vintudes 0 {eiunfos pelo zélo da Religido, e do servigo de 8. Magestade. ; Em perpetua silencio, ¢ terna saudade se conservilo as sus vespoilaveis cinzas junto ao cruzeiro da Teroja dos Padres TacJesuitas, exislinds viva a sua memoria nos. faustos do ‘ Brasil, onds deixou deseendoncia, a qual, pelas inconstancias da fortuna apenas conserva de 1Ao illustre progenitor a me- moria ¢ o appellido. Na edificagio e augmento da nova cidade se empregiva com muito desvelo o governador Salvador Correia de Sa, quando a fortuna Ihe offereceo a melhor motive para mostrar de novo 0 scu valor, e disposi¢do porque, tendo chegado 20 - porto de Cabo Frio quatro embarcaga: francezas a carregar . pio brasil, foro os seus commandantes persuadidos dos T= Hlios Goilacazes, de cuja amizade pendifo as utilidades do suas navegagdes esta costa, para que os ajudassem contra Martim Affonso de Sousa, chomado antes do batismo Are- rigboya, indio notavel om esforgo © amizade com os portu= guezes, a quem tinha dado na capitania do Espirito Santo 6 ha conquista desta provincia as mais evidentes provas da ‘sua fidelidade; par cujo motivo the derdo terras, onde com os seus Indios formou a aldéa de S. Lourengo,que ainda hoje existe, eS. Magestade em remuneragio dos servigos, que The tinha feito o premion com a mercd de cavalleira da ordem do Christo ¢ 0 posto de Capilao-mér da sua aldéa, recebendo da fazonda veal as gralifieagdes que Ihe. forao conferidas, como consta dos livros antigos da provedoria da Fazenda. 4568. Cheguraio as ditas embareagées a esta barra, aonde nao havido ainda fortalezas para Ihes fazer opposicao; o» enirando livremente com oito lanchas, © grande numero de canons, publicario que vino prendar a Marlim Affonso para o eniregarem ao Gentio de Cabo Frio, a quem assistifio com 0 seu poder como seus confederadas. Ui: Com esta certeza mandow logo o governador ‘Corréa de 84 soovorrer Martim Affonso com armas, © ; —9— partieipando-Ihe o fim a que vinhio 03 franoedes @ os indios Goilacazes, © receiando alguina inyasio sobre a cidade, ainda imposibilitada para resistir a tao imopinado suceesso, mandou pedir soocorro de gente, o candas ds villas de Santos, e Sio Vicente, para virem ajudar a defender a cidade, a qual ap- pligott as defensas, que periniltifio o tempo, ¢ a necessidade. Tra quasi noite, quando desembarearao muitos fran- cuzes @ grande quantidade de indios, a vista, ou defronte da falda de Martim Affonsto, tendo disposto 0 alaque para o dia seguints, © passar aquella noite com sacégo, antepondo 0 leseanso ao empenho; porém, no maior silencio, ¢ escuridade della, sendo accommettidos pelo indio Martim Affonso, com a sua gente @ com os nossos soldados, que pousas horas anted Ihe Linhio chegado, forio destrogados os inimigos, © postos na maior desordem, e confusao; ficando Lum grande numero de mortos e varios despojos. Os francezes ¢ 08 indios, que escapardo deste conflicto, ganhando as lanchas, e candas, que estavéo na praia, relira~ rito-se para as embareagdes, sobre as quaes fizerio os nossos soldados excessivo fogo, com uma pequena pega, que tinhao levado. No dia seguinte sahirao os inimigos pela barra fora, e vagando pelos nossos mares, fordo ter ao Recife de Per- nambueo, deixando-nos o continente em socego, ¢ a Martim Affonso cheio de gloria © triumpho. Poucos dias depois do conflicto, ehegou o soocorro de Santos, @ S. Vivente, achando ja retirados os inimigos, com generoso senlimento de nao terem parte na victoria, © re- solverio ir hostilizar aos gentios de Cabo Frio, e louvando- thes o governador aquelle impulso sahiréo mais animados com a sua approvagao. e Chegando a Cabo Frio acharao huma embaroagio quo tinha vindo de Franca carregada de varias mereadorias, © vendo que as suas forgds rio inferiores as dos francezes voltarfo logo para esta cidade, participando aquella noticia ao governador que se alegrou bastante, pelo dasejo que tinha de dar exereicio ao seu valor, ¢ aprontando com muita brevidade um sufficiente numero de soldados bem armados, indios ¢ candas partio com elles para Gabo Frio, onde chegou com toda a cautella ¢ segredo; 0 sendo cogitady na Tormalidade, @ acerto com que devia dar o repentino assalto ao inimigo, deu as ordens, e dispoz a. sua gente para a ma~ drugada do ¢ em exeeugo 0 seu projecto acainmettou a embareagdo por um, € outro bordo, souaigto 08 francezes; oppondo-se Va~ seguinte, na qual 4 hora determinada, pondo — ee ee ee eer elas com affectadas vazdes se queixavao de Portugal nao a = lorosamente i subida dos nossos soldados que {res vezes a emprehenderdo, sendo em todas rebatidos; alé que final- mente morrendo 0 capitio france de uma flexada, conse- guirdo os nossos a subida e por consequencia a embarcagaa. Neslo laborioso conflicto, tres vezes foi ao mar 0 go- Yornador Salvador Correia de Si, ¢ em todas 0 salvario os indios que levava na sua canda. Tendo coneluido uma aceao de tanto empenho, se re- tirou na mesma embarcagio para esta cidade, onde liberal- mente deu o saque aos que 0 acompanharde, reservando para si a gloria daquelle trinmpho. Applicou para defensa da nova cidade todas as muni- c6es de guerra e artilheria, da qual, néo ha muitos annos existio algumas pecas na fortaleza de Santa Cruz, © com uma circunstanciada relacto. Deste successo mandou a em- barcagao para a Bahia a seu tio o governador geval Mendo de Sa, em signal dos eredites com que procurava desem- penhar a eleigio e escolha, que da sua pessoa fizera, para governador desta nova cidade. Cheio de fadigas e trabathos continuava este governador no augmento da povoarde, acudindo com as diminutas forgas, que haviio, 4s obras de maior necessidade, nas quaes em- pregou todo o seu desvela; tendo a satisfacio de ver em seguro recato tudo aquillo que pertencia 4 fazenda real, quando a Christovio de Barros entregou por ordem de $M. 0 governo desta cidade. Com 0 mesmo empenbo conseguiu o mesmo governador (@ assim os mais, que fordo succedendo) o adiantamento da cidade, a qual com © decurso dos annos se foi esten- dendo, e 0 commertio engrossando, nio 36 com as merea- dorias, que conduzito os navios de Lisbda, Porlo e mais partes, como lambem com os efeitos do proprio paiz, onde os moradores levantario muitas fabricas para factura do assuear e aguardente, ete. collendo com agradavel socego © suspirado fructo das fadigas passadas, pela tranquillidade, em que se achaya todo o Brasil. Ja se fazia muito visivel em loda a Europa a opu- leneia do Rio de Janeiro, pelo seu commereio, e sobre tudo a grande quantidade de ouro, diamantes, e outras pedras de muito valor, que se (ransporlaviig para Lisbéa, deo motivo para os habilantes desta cidade terem novas inquietacdes suseitadas pelo odio da Franca no anno de 1710, quando querer a sua unifio naquelle tempo com que tinha poderosos motives para rejeitar, declarando-se a favor de Carlos 3° E — =a contra Filippe 5’, que entio emprehendia a conquista da monarchia eastelhana. Deste sentimento resultou permittir el-rei de Franca, que os sous yassallos se animassem a invadir 0 Rio de Ja- neiro, que pela sua grande riqueza promettia um saque do muito preco. Aprontario sete nios, das quaes cinco erfio de linha, © sahirdo conduzindo novecentos, e mais homens de guerra, trazendo por general a um cavalleiro francez, chamado Joao Franeisco Duclere; no fim do mez de Agosto do dito anno, sendo vistas as nos, pelos moradores de Cabo Frio, fizerio ogo aviso ao governador desta cidade Francisco de Castro de Moraes, 0 qual mandou preparar as fortalezas, e a ma~ rinha; prevenindo as milicias para qualquer accidente de combate. Poucos dias depois se repetio o mesmo aviso da Tiha Grande, otide tendo desembarcado alguns francezes pa- garfo com as vidas os insullos e ronbos, que procuravio fazer em varias casas daquelles moradores. Da Wha Grande voltarao para Guaraliba, e ali desembarcarao mais de nove- centos homens, os quacs marchario para esta cidade cheios de fome e trabalhos, por fazerem maior parte das jornadas : pelo interior dos matos, desprezando a estrada geval; de ¢ tudo tinha avisos o governador, que podera naquelles es- treitos transitos, tfo pratieados pelos naturaes, como ineo- gnitos aos estrangeiros, cortar-Ihes 0 passo, com tal ruina dos inimigos; porém alguns destacamentos, que mandou ao caminho por onde elles marchavio, mais servirao de tga- temunhar a sua jornada, que de tha impedirem, poié” em sete dias de marcha, se lhes nfo deu um tiro. O gover- nador mandando tocar repelidos rebates se formou no campo da cidade, dizendo que ali o esperava para os combater, sem que as instancias, que the faziao os officiaes © moradores, 2 © obrigassem a dar mais um passo, e sé entendendo que 4 os francezes tomarifo a fortaleza da Praia Vermelha. Or- y denou ao mestre de camp Joo de Paiva, que a fosse soc~ i eorrer; ¢ mandando-lhe perguntar o dito mestre de campo se havia pelejar com os francezes, respondeo que mandaya defender a fortaleza, mas que fizesse 0 que a oceaziio lhe permittisse. ‘Aos 18 do mez de Setembro teve ayiso, que os inimigos _tintdo chegado ao Engenho Velho, e que ali repousavao aquella noite. No dia seguinte ao amanhecer, caminhavio para a cidade, iis sete horas; do campo onde estaya for- _ ‘mado 0 governador se comegario a ver as bandeiras do ini- _ migo; e avistando tambem os francezes 0 corpo do nosso exercila, (oreerio a caminho para o Desterro, de oujo sitio o padre Me, Francisco de Menezes rotipiogn trino, @ varios omens, que convorata para hostilisar aos franoezes no les cida daquolie morro, Thes deo uma boa descarga de mos~ quetarin, matando-thes muitos soldados, ¢ a maior parle dos voluntarios, que marehaviio na vanguarda, dinnfe da aval, ia 0 seu governador Duclere sem outras armas, que uma rodella, © 0 seu bastio. Esto accidente, que podera embaragar aos francezes, Ihes fo aprossarem os passos para a cidade, mas cheganto i igroja de N. Sr da Ajuda (que neste tempo estava de= fronte das easas do tenente-coronel Mascarenhas) receberiy outra descarga no Castello, com a qual perderfio muila gente; porém assim mesmo continuario a marcha, sem os detor nenhum perigo, disparando tambem incessantes liros da sun mosquetaria, © passando muito perio do nosso exercito, auc ainda estava no campo sem que o governador 9 ahalasse, nom the mandasse dar um Liro se introduzirio na rua do Parlo,. forto parr & marinha, fazendo alto defronte do 4 Carmo, © dall querendo seguir para diante, foi tio granie a desordem, vendo-se feridos ¢ mortes com as amiudadas | doseargas, que das boas das ruas Ihe daviio, que fixerio allo defronte do trapiehe de Luiz da Motta (chamado haje da cidade) - Nesta perplexidade aconteceu um desastre, que podera facililar ao inimigo a victoria; porque tendo-se reeolhido a polyora casa da Alfandega para se distribuir, pegou o fogo do um morrio em um eartucho, e sallando a chama a muitos harris, passon ao palacio o incendio com ruina notavel do grande edlificio, » morte de tres valorosos estu~ dantes, owja companhia guardayio com louvavel disposigie fe alento. Ao estrondo, que fox 0 incendio destacou do nove exercito, com o seu terga o mesbre de campo Gregorio de Casiro do Moraes, irmao do governador, » chegando dquelle lugar, so bateo yalorosamente com os franceses, impedindo- Thos tomassem o palacio; mas alli mesmo cahia morto de hhuma bala inimiga, acabando com elle o valor que a natu= rea Ihe dera em recompensagdo do que negara a : jrmio. Com este sucesso nio esmoreceriio os seus soldados; porque com dobrado esforgo vingaviio nos inimigos a morte — do seu mestre de campo. aa Picava a nossa gente por varias partes a do inimigo, fazendo-Iho pelas esquinas gravissimas hostilidades o a fallavio mais de quatro centos homens mortos a nosso a troco de trinta, que tinhamos perdido. Ve si — 2a — ‘monte 0 general Duclere accommettica do muitos pork guozes, que do novo i&o consorrendo fo combate, §¢ reco~ Hino ao Trapiche, querendo nell fazer-se forte com a st infanterin, da qual um: toes do cer Tomens, ‘por No si- herom, ou nig atinarem, se molten por uma rua, onde pa- teoendo jd rendidas, foro todos motos pelos mossds, sacri ficando i sua vinganga aquellas vidas que podito servir ft sua gloria, a nig ser nidquella oeoasiio tio cego 0 furor, que Ihes fex anteporem o rigor 4 commiseracio. ‘ALG este lempo estava o governador Francisco ae Castro Moraes, feito estafermo no campo; mas chegando-Ihe A no- ticia de que os francezos ostaviio dentro do ‘Trapiche & postos om cerca, entron com o resto do exereito na Cidade que achon desoccupada de inimigos por se haverem voluntaria- monte metiide no clausura do ‘Trapiehe, onde mandou governador dizer ao general Duclere, que pois nfo tina jit partido algum, se rendesse n arbitrio do vencerlor; ¢ vendo Duclore comecarem. a vepicar as sinos de torlas as tevejns, ém signal de Iniumpho, dizia quo era sua_a vietoria, @ nlo queria convir em que fosst nossa. Duron esta porfia, © reritencia desde as onze horas da manh@ até as dons da tardy, o que vendo 9 governadas, mandon ir muitos ba! de polvora, para fazer voat 0 ‘Tra- piche, sem ombargo da gente parlugneza, que o habitavn. Nesta resolugio servirin os maravilhosos effellos do amor da patria, superiores ds poderosns forcas do sangte, parque am natural desta cidade alferes da ordenanga, que linha muita parte na heranca daquelle trapiche onde se achaviio sun mai, irmfos, muther, ¢ filhos, era o que mais sapressaya a exeoucho do ineendio, querendo ser o primeine que Ihe pozesse 0 fogo, fazendo-se por tio brilhante accion, muita digno, © mececedor da Fama Ihe erigir allares nu femplo da Memoria; porque nao se mostrario mais con- stantes Junio Bruto, em tirar a vida aos filhos; © Horaclo om malar a irma pela conservacéo da patria, Fnlendendo o general francez que nfo tardiaritia muite ‘ ‘as chamas que se dispumhfio para abrazarem aquelle sei -receptaculo, por salvar a vida, ¢ a (los seus soldados, se en- tregou com elles & prisio. ‘Ao general pozerfio primeira no collegio dos padres da companhia, depois o passaria para o Castello, @ ultima~ “mente Ihe concederdo faculdadé, para tomar huma casa, onde 9 assascinario na noite de 18 de Marga de 1711, sem eriguar quem fora, nem o saberem os saldados, que Foi sepullado na igvaja da Candelaria, e os + ah mais francezes forao diyidides em prisao pela casa da moeda, © conventos eom sontinelas 4 vista; depois forfio mettidos na cadeia, e nas mais prisdes da cidade, exterminando-se a maior parte delles para a Bahia e Pernambuco. Ao quinto dia depois de conseguida a victoria, chegaray a esta barra, as nos francezas vindas da Guaratiba, onde linhfio desembarcado os inimigos: langarao de noite uns fo- Suetes, que erfio as suas senhas, mas nfo sendo respondidos, vollardo para a Franga com a certeza da ruina, e perda da sua gente Socegada ja a cidade, se fizerio grandes festas em acoso de grapas, que rematarao com solenne proeissio, levando 0 governador em todos estes actos os vivas, ¢ applausos da violoria, em que nfo soubo ter parte. Recebeo com assis impaciencia esta noticia, a nagiio franceza, sempre diligente no despique dos seus aggravos, sontindo menos o prejuizo da despesa, do que ver abatido 0 credito; © na recuperacdo de uma ¢ outra perda empenhou maiores cabedaes, ¢ forgas mais poderosas; pondo breve- mente no mar wna armada, que se compunha de sete nos, @ oilo fragatas, © duas travessina, que conduzifio cinco mil {resentas e noventa e seis pracas, com o general Renalo Du Guai-Trouin o qual vinha a emendar os erros de Duclere com outra nio menos temeraria empreza, se tivera quel Iha disputasse por differente mado do que praticariio 0 go~ vernador, e 9 commandante das néos, que se achavao neste Dorio para a mesma defensa. Diyulgou-se em Lishda a noticia do apresto, e poder desta armada, @ que se dirigia ao Rio de Janeiro, onde ifio os francezes a recuperar o credito, e os presos que tinhio deixado naquella praca. Sendo de tudo informado o serenissimo senhor rei D. Jofo 5°, fez aviso ao governador della, e mandou com toda a brevidade sahir a fvota, que naquelle anno Ihe havia ir; dobrando as niéios do comhdi, a gente, © os petrechus militares, ordenando, que as ombareacbes mereantes, que fossem mais forles devifio ser armadas para concorrerem: com as suas compelentes forcas em caso de peleja, e no- meou para chefe desta esquadra a Garpar da Costa de Atahide, que exercia o posto de mesire de campo do mar. Partio de Lisb0a a frota com grande presteza, com a mesma chegou a esta cidade, composta de quatro poderosas nos de sessenta © setenta, ¢ bons navios com todo o pre~ ciso para a defensa da praca; e havendo jf alguns dias, que se achava nella, teve parte o governadar a 20 de Agosto. @e 1741 que da Bahia Formosa se tinhio avistado muilas vélas tomando o rumo desta barra, Togou-se a rebate, guar- neverfio-se as fortalezas, e fortificou-se a marinha, Bem eonhecia 9 povo desta cidade o que tinha no seu governador, mas fiaviio muito da disposigao ¢ talento de Gaspar da Costa, 9 qual se embarcou logo pondo em linha na defensa das pragas, as quatro néos e os navios mereantes de mais forer: porém estando nesta forma cinco dias, dando por falso 0 aviso, lornou a desembarear; comegando por este facto a perder o conceito que se faxia da sua vigilancia, como de- pois perdeo, 0 que se formava da sua experiencia; mos- Urando-se perplexo no segundo aviso, que de Cabo Frio chegou a 10 de Setembro do mesmo anno de terem passado desesete embarcagdes, demandando a barra desta cidade. No dia seguinte que se contavio 11 do dito mez a uma hora da tarde, entrario as néos inimigas debaixo de uma_cer- racio {fio densa, que no deu lugar, para as verem, senio quando enfrentariio com as fortalezas da barra, e com repe- tidas descargas sobre ellas, forfio entrando até a Armagito das baleias, fieando surtas naquelle sitio em distancia de um tiro de pega da cidade. Neste conflicto appareeeu Gaspar da Costa de Atahide, que deyendo metter-se a bordo das nios, ¢ po-las em ordem para defender a marinha, como tinha praticado no ensaio do rebate, as mandou marear para livra-las do inimigo, porém aehanio mais prompt o perigo no baixo da Prainha, © na ponta da Misericordia, ordenou logo que fossem abra- zadas mandando por-lhes fogo, em que arderao intempestiva © lastimosamente, Na desordem destas disposicdes descobriu este official a falta, que ja experimentava no entendimento, @ crescendo mais em tanta desgraca ficou padecendo este de- feito em todo o tempo, que Ihe restou de vida. Naquella tarde, @ nos tres seguintes dias, foro tio excessivas az descargas de artilheria das naos inimigas, ¢ das nossas for- talezas, aue em reciproco estrondo parecia arruinar-se 6 mundo, causando maior ruido o incendio da casa da polvora na fortaleza do Villegagnon, em que acabarao desastrada- mente {res capilfies alentados, e muitos soldades valoroso=, além de sessenta feridos, e maltratados. Todo este horvor niio bastou, para entibiar o animo ardente dos naturaes desta cidade, antes thes serviu de esti- mulo; porque vendo, que os francezes assentavin a arti= Theria no morro de S. Diogo, accudiu a elle o capitdo Felix Madeira, ¢ matando alguns, fez prisioneiros a outros, e Bento do Amaral indo defender a fortaleza de 8. JoRo, perdeu =o — vida, tirando-a primairo a muitos inimigos; porém a fata- lidade, que estava destinada a esta cidade, superon 0 valor dos seus moradores, que vendo, desanimados a Gaspar da Gosia, © que o governador Francisco de Gastro mandara abandonar, eeneravar a artilheria da fortaleza da tha das Cobras, ficarao conhecendo, que por falla de quem os go- Yernasse, era irremediayel a sua perdigto. ‘Tendo os francexes noticia pelos seus espias que es- tava abandonada a fortaleza da Uba das Cobras, e sem gente que Thes fizesse resistencia, a tomerao logo para dalli bom- hearem a cidade, na qual lancarfio {antos artificios de foro, que peganio em palacio, @ outros edificios, infundirao nos moradores uin panico terror tao interno, que na noite do quinto dia da chegada dos inimigus, em que o governador, © Gaspar da Gosla linhio asseniado relirarem=se com 9 fropa, e deixarem a pracn, o fizerfio elles primeiro, aban- donando as suas casas e os melhores havéres que possuiio, sem Ihes deter a fuga umn granie tempestade do venta © ehuya, que houye pm foda aquelli noite. Rendidas jf muilas fortalezas, o desamparada a cidade, A occuparao os francezes fieando senhores della, e do saqu: em que achario um despojo mais rico do que suppunhis porque importon em muitos milhGes; ¢ Vendo qne_ nao tinhiio mais que recolher, capitulaciu com p governador F cisco de Castro Moraes deixarem a cidade sem a demo- lirem, por uma grande porcio de ouro, que depois vein a ficar em 600 mil eruzndos; 100 caixas do asstiear @ 200 hois, que fez 6 imporle de 616 mil eruzados © 1008464 réis, para os quaes concorrerio a Fazenda Real, os moradores da cidade © seus reconcavos, © algumas Religides 4 pro- porefio dos cabedaes de cada ima: emquanto se ajuntava a quantia para a qual se volerfio dos cofres que antecipa- damente os seus Ministros mandarfio por em salvo férn da cidade, se detivério nella os inimigos abstendo-se de obrar mais estragos @ hostilidades. Na mesma tarde em gue entrava a armada francesa 89 expedin um aviso ao governador da capitania de Sip Paulo Antonio d’Albuqucrque Goelho, que nesta occasifo se achava em Minas, 0 qual pondo-so em marcha com trex mil homens hem e mal armados, chegou a esta cidade a tempo que j4 estava vencida ¢ capilulada, e nao achando remedio em desmanchar a feira conveio nella Entregue a referida quantia aos {rancexes sahirfio desta porto a 28 do mez de outubro havendo um anno, um max ¢ oito dias que tinhfo sido yencidos pelos Portuguezes nesta — 7 — oldada, cujos moradores desprezando 0 dominio de Franciseo de Gastro Moraes, obrigirio a Antonio d’Albuquerque Goolto a ehearregar-se do goverto até a decisio de 8. Magestade sem liaver em Francisco de Castro impulso de se consecvar no cargo de que 0 depunhio. ‘Tendo chegado a Lisboa a infausta noticin da desgraca desta cidade mandou o Serenissimo Sr. Rei D, Joao 5° pot Governadov della ao Mestre de Campo General Francisco Xavier de Tayora com ordem para prender 9 Francisco dw Gastro ¢ a outros officiaes, em ouja execucio os pox em asperas prisdes, nas quaes se achavio, quando por ordem de S. Magestade passou o Chanceller da Bahia Lulz de Mollo com dous Desembargadores a esta cidade para com 6 Ouvidor daqui, e das Comareas de Minas ¢ So Vicente formar uma algada de sete Ministros para sentenciarent ‘os culpados na entrega da praca. Juntos os Ministros procedon o Chanceller em tirar dovassa do caso, ¢ nao faltario opinides que infamavfo de traidor a Francisco de Castro, mas nao havendo indicios para ge Ihe formar culpa de infidelidade so The provardo fallas de valor, © de disposigdes, que foro causa de mio polojar na defensa da praca, ¢ de @ desamparar, crime pelo qual foi sentenciado a degredo, e prisio perpelua em ums fortaleza da India, Um Mestre de Campo seu sobrinho, filho de Gregorio de Castro de Moraes, que succedeu a seu pai no emprego, e nfo no alent foi privado do posto com de- gredo perpetuo. Um Capito da Fortaleza de S. Jofo, que por fraco a eniregara logo aos francezes foi enforcado em pstalua por andar ausente. Outros presos forfio livres ¢ sollos por mostrarem que nio concorrerdo mais que aa obediencia das ordens do seu Governador © com esta cer- toza se desfez o tribunal mandado formar nesta cidade para castigar os complices na sua perda. Relagito das pessdas, ¢ das quantias com que contribuirdo para o resgate desta cidade, rendida pelos francezes em 4 de Setembro de W7it 6720979344 4110 :077$600 O Cofre da Bulla.. 324848660 © Cofre dos Orfios.. 9:7338220 © Gofre dos Ausentes » 6 :728880 Franeiseo de Castro Moraes «10288739820 Lourenco Antunes Viana. + 67848920 Franeiseo de Seixas da Fonsee: + 1026168440 Rodrigo de Freitas 4 :1068980 Braz Fernandes Rolla 6 :062$080 Paulo Pinto..........+ 930318040 © Prior de S$. Bento 45758680 Francisco da Rocha 4:950$000 Christovio Rodrigues. 1 :643$200 Antonio Francisco Lustosa 8599600 ‘Thomé Teixeira de Carvalho. 7853600 Os Padres da Companhia 4:8668000 Somma 246 :5008464 Em virlude da ordem de S. Mageslade de 31 de Marco de 1713, em que mandou que a sua Real Fazenda entrasse na contribuicio do resgate, se tirarfo do computo acima com que concorreu a Casa da Moeda, 84 :000$000 de réis, © yeio a ficar liquida a divida, que satisfizerao os mora- doves da cidade e seus reconeaves em 162:500$464 réis por euja satisfaco se langou aos moradores da cidade e seus reconcavos sobre o principal valor das easas seis por eento; sobre 0 maneio de eada um, quatro por cento, e sobre o3 engenhos e mais fabricas tres por cento; que tuno faz a somma de 616 mil eruzados a 100$464 réis, © Autor da Historia Militar da Franca expondo as acgdes, que Mr, Du Guai-Trouin obrou na Europa, e as que praticara nesta praca, diz que depois de rendida a cidade @ saqueada, the derfo por ella 600 mil eruzados om dinheiro de contribuicdo, que ajuntara 0 Governador Fran- ciseo de Castro Moraes, e que este Ihe dera da sua bolga mais {0 mil cruzados e um presente de 100 caixas de = 2 assucar, ¢ carne (*) quanta quizesse para subsislencia da sua Armada, Esla noticia da liberalidade e srandeza do Goyernador praticada com o General frances nio mereea evedito algum por duas razdes: a primeira ¢ o total da contribuigdo, a qual nos faz ver que o resgate importou 6416 mil cruzados a 100$464 réis, e que toda esla quantia sendo rateada foi indubilavelmente paga pela Fazenda Rea! © 0s moradores desta cidade; a segunda ¢ que os moradores por principio nenhum quereriae fazer a despesa de 100 caixas de assuear, ¢ 200 bois para o Governador ler a sa- Lisfagdo de obsequiar ao General frances, como cousa sui © muito principalmente naquella occasiie, em que geral- mente 0 aborreciao, e o tinhfo deposto do emprego e de todo v dominio que sobre elles tina. E sem queatan, que os francezes veceberao em dinheira 600 mil cruzados, em generes ou effeitos do paiz, cem caixas de assucar, e 200 ois como se ve no mappa, que apresento no fim desta obra, o qual foi formado das noticias fielmente extrahidas da Historia Millar da Franca, ¢ sem embargo de na con- tribuigdo se tratar sémente de dinheito e nio de genevos, com tudo tambem nao consla que os francezes os vom- prassem aos moradores ou que das suas fazendas os tirassem com violencia: como tambem nao consta que 9 Governador Francisco de Castro Moraes presenteasse aos francezes on désse mais algum dinheiro so nfo aquelle, que pelo rateio The tocou 4 proporgio dos seus haveres. De tudo isto venho a inferir, que os moradores desta cidade e seu reconcavo, a resgalardo por 610 mil crusdoy @ 1008461 réis, como consia da contribuigao dando aos fran- cezes em dinheiro corrente 600 mil eruzados, © em assucar e carne 46 mil eruzados e 1008404 réis, CATALOGO Dox Capitdes Mores, Gencraes, ¢ Vice-Reis, que tem gover- nado esta capitania do Rio de Janeiro desde 0 anno de 1565 até 0 presente de 1799 BSTACLO DE SA’ Governou no Arvaial pov elle mesmo fundado entre 6 Pio de Assucar © o morro de 8, Joao, tendo chegado a este continente no principio do mes de Margo de 1565. Esteve sempre em guerra com os francezes, e os indios Tamoios, aos quaes derrotou muilas vezes, assim por mar, como por fore io de gloria, © de virludes terminou a carreira da sun vida em Fevereiro de 1567 de uma frechada, que reoe= pera no rosto quando acabava de conseguir uma das suas imaivres vielorias. Sou corpo foi sepultado na Igreja, que havia {undado no mesmo Acraial, fazendo-se-lhe todas as honras funebres que erdo devidas ao seu emprego, e 80 seu distincto merevimento. Passados varios annos, fordo 08 seus ossos trasladades por ordem de seu primo Salvador Gorreia de Sa, sendo Goveraador desta cidade, para a Igraja de S. Sebastifio, onde se 1é sobre a pedra sepulehral do seu jazigo, o epitafio seguinte: — Aqui jaz Estacio de Sa, capitio e conquistador desta terra e cidade, e a campa mandon fazer Salvador Correia de Sf seu primo segundo (apitio © Governador com suas armas; e essa capella acabou em o anno de 1583. Depois da sua morte até a ereagio do 2° Goyernador, no teve a nossa cidade capiléo mor particular, ¢ comman- dava sémente 0 Governador geral do Estado Mendo de 84, que nella assistio até 27 de Maio de 1508, dia em que ainda asignou uma Carla de Sesmaria. SALVADOR CORREIA DE SA’ Governou com jurisdicgao amplissima conferida por seu tio o Governador Geral do Estado Mendo de Si, o qual de~ Iegou neste sobrinho todos os poderes, que S- Mageslade the hayia dado. Tomou posse (diz D. Marcos) a 4 de Margo de 1568, segundo consta do Archivo da Camara desta cidade de S. Sebastifo, (Livro 2* das Ordens Reaes.) CHRISTOVKO DE BARROS El Rei D. Sebastide logo depois que o Cardeal D. Hen- rique sou tio Ihe entregou as redeas da Monarchia des- ZI pachou para esta cidade a Christovio de Barros provido no posto de capita mor ¢ governador della (segundo es~ orevem Mariz, e Jaboalam). Por esta conta entrou a go- Yernar no mesmo anno em que Salvador Correia de 84 havia tomado posse, ou no seguinle de 1569, Governava em 1573, @ islo se prova com a Sesmaria do lerreno, onde hoje existe o Mosteiro de 8. Bento, o qual terreno deu elt a Manoel de Brito por carta passada no anno de 41573, D. Marcos omittiu este Governador e 0 successor que as- signa a Salvador Correia de Si é Manoel Telles Barreto, do qual esereye que tomara posse em Junho de 1583. © difo Manoel Tetles Barroto sim tomou posse a 11 de ; Junho de 1583, porém foi na Bahia de Governador Geral do Estado do Brasil, @ foi o primeiro que a elle mandou, ¢omio Rei de Portugal © prudente Filippe Rei Gatholico, © vein succeder a Lourengo da Veiga, que achou morto, Go- yvernou quatro annos e no fim delles falleceu no de 1587. Z ANTONIO SALEMA Por ordem de El-Rei D, Sebastifio diyidio-se em dous (0 governo geral do Brasil, um do Norte, cuja capital ficou sendo a cidade da Bahia, o outro do Sul, com a residencia dos governadores nesta cidade. Pura este governo nomeon ‘ag (lesembargador Antonio Salema, que se achava em Per= nambueo com algada. Nem Mariz, que d& esta noticia, nem algum outro portuguez assignfio o anno, em que se fez a divisio; supre porém esta falla o padre Sachino, historiador da extincta sociedade de Jesus (Hist. Soviet, prt. 4*, livre 1, pag. 93) relatando, que a tal divisto se fizera em 1574. No archivo da provedoria que foi de Santos, hoje existente em S. Paulo, esti regisirada uma sesmaria, que Antonio Salem passou nesta cidade sendo nella governador geral no anno de 1577, Tambem se acha no mesmo archivo uma provisao do provedor mér Christovio de Barros, da qual consta que © referido Salema tinha sido, © jf nio era governador ee como se praticara antes delle fazer a mencionada divisio, © que para subsliluir a Salema creara capitio-mér desta cidade, a Salvador Correia do S4. Nada diz © author em ordem ao tempo da sua eleigéo; povém o ebronista da prox Vincia de Santo Antonio do Brasil (Preamb, Digres. 4%, eslane. 2, n. 60, pag. 43) affirma, que fora nomendo por aguelle principe no ultimo anno da sua partida, ¢ perda na Aftica em 1578. Nio se parece esta noticia com 0 d= cumento seguinte: — No livro da provedoria de Santos, onde Se registavio as sesmarias (Tit. 1562, pag. 134) estd lan fada uta procuragio geral em que os donatarios da cay tania de Santo Amaro conferiio seus poderes a Lourenco da Veiga, quando veio governar o estado do Brasil. Esta Procuragio substabeleceu 0 dito governador em Salvador Correia de Si do modo seguinte: Substabeleco como pro= curador desta procuragéo de F... no St. Salvador Correia de Sd, capitio-mor da cidade de S. Sebastiio do Rio de Janeiro. Bahia, 30 de Janciro de<1578, Lourenco da Veiga. Demonstra este lilulo, que Salvador Correia de Sé j4 go- yernava esta cidade em 30 de Janeiro de 1578; © assim nfo & ‘erivel que el-rei D. Sebastiio o tivesse nomeado pata este governo no proprio anno de 1578 porque trinta dias era espago muito limitado para o rei fazer a eleigio na corte, ¢ de 14 vir a patente a Salvador Correia de $4, tomar elle posse nesta cidade, e daqui ir a noticia & Bahia. Dex Vemos pois assentar que foi cleito. © tomow posse no anno precedente de 157 No de 1583 ainda governava Porque Resse anno se lavrou nesta cidade o auto d'Avenga, que elle Come xovernader © provedor da Fazenda Real, fex com Joao Gulerres Valerio, obrigando-se este a pagar cera quantia Por cada eseravo, que de Africa conduzisse no seu navio. Acha-se este auto no cartorio da provedoria da Fazenda Real de Santos nos fragmentos de um livro, onde se regis- tavio as provities na era de 1583. Neste anno nio se pode duvidar que governava esta cidade porque assim o confirma © epitatio, que mandou gravar sobre a campa de seu primo Estacio de 84. Existia no mesmo emprego pelos annos de 1589, ‘segundo declarario as memorias relativas & fundagto dos Monges Benedictinos nesta cidade, ambus anonimas, Porém antigas, © 8 mais velba eserita por author coevo. Assim a primeira, como a segunda explicio, que os Padres fundadores chegério em Outubro de 1589, sendo ‘bovernador Salvador Correia de Sd, 0 velho. Nio se veri- fica o wnno em que demittio a eapitania, julga-se que @ entregou a Francisco de Mendonca por varias razbes, que =3— se offerecerao. Ao menos & innegavel que o seu governo foi muito extenso. FRANCISCO DE MENDONCA. D, Francisco de Sousa, sendo governador geral do estado flo Brasil, veio a ostas partes do Sul a promover descobri mentos de minas. Sahio da Bahia em Outubro de 1598, © quando chegon a esla cidade, era eapilio-mér governado: Francisco de Mendonca, segundo escreve o P. Fr. Vicente do Salvador (apud S. Mari, fom. 10, liv. 3°, introductt.$ pag. 447). Nem D, Mareos, nem o catalogo benedietino fazem meneao deste governador, porém nfo obstante isso, devemos assentar a relacio do padre Fr. Vicente, teste- munha maior de toda a excepgio, porque aléin de ser religioso grave, douto, ¢ virtuoso, assistio nesta cidade corm D. Fran de Sousa, em cuja companhia v MARTIM DE SA. Governou duas vezes, e.deste seu. primeivo governo se descobre vestigio alaum nos documentos citados, porém @ noticia, que elles nfo dao se acha no archivo da camara de S. Vicente (cad. de reg. ¢ vereanca, que prineipia em 4600, ¢ chega a 1610 a Tl. 14), em um requerimento que 6 Ouvidor Antonio Pedroso fez aos vereadores. O lermo diz — Disse que tinha chegado 4 sua noticia ter Martin capitao-governador do Rio de Janeiro mandado tres iS tt resgatar na jurisdiccao, e partes de suas capitanias de S Vicente © Santo Amaro, ¢ que por isso ser contra a doacio do donalario, pedia que ajudassem ao eapitao-mér fiestas capitanias Pedro Vaz de Barros, no caso delle querer ir com gente desta capitania impedir aquelle resgate com paz, © quielagio; pois tendo o capitio dessa capitania es- crito a0 do Rio de Janeiro que nao mandasse os dilos navios a vesgatar, elle nenhum caso fizera da sua representacao. Este requerimento propuzerdio os camaristas ao povo em 24 de Fevereiro de 1605. Estando a villa de 8, Vicente tio proxima a esta cidade, e sendo Martim de Sa to conheside nesta capitania, nem 6 Ouvidor Ihe daria o titulo de governador do Rio de Ja- neiro se o nao fora, nem o eapitio-mér de S. Vicente Ihe escreyeria como governador, nem os camaristas serio tio fatuos, que nelle fallassem como governador, quando ao povo inlimaraio o requerimento, em que Martim de Sa era no~ 3 = Ghee meado com o catacter de governador: nestes termos, ¢ innegavel que elle o era em 24 de Fevereiro de 1605. Em um dos antigos livros da fregueria de S. Sebastian desta cidade se acha o assento de um baptizado do qual fot elle ser padrinho, governando esta cidade no anno de 1603. Em 1607 nfo ha davida que ainda governava osta dade, porque a elle requareu o padre custodio Fr. Leonardo de Jesus outro sitio melhor do que aquelle de 8. Luzla para fundar 0 seu conveito de S. Antonio, ¢ Ihe foi doado por escritura publica de 9 de Abril de 1607. AFFONSO DE ALBUQUERQUE. Em 7 de Junho de 4611 coneedeu aos monges de Sio Bento desta cidade uma data‘de terras no Tguasstt, segundo consta da carta de sesmaria, qua ee conserva no archivo do mosteiro. O eatalogo benedictino diz, que elle governava em 4644. A 4 de Junho de 1608 langou a primeira pedra para a fond Jo conveito de Santo Antonio desta cidade, sendo governador del ‘ANTINO DE MENELAO, con No archivo da camara de 8. Vicente (cadern. de vereat que comeca em Junho de 1598, pag. 24) vern uma proviso datada na Bahia aos 20 de Margo de 1615, na qual 0 gover- nador geral do estado Gaspar do Sousa ordena a Constantino de Menelio capitio-mdr do Rin de Janeiro, que em segredo, © por pessoa de confianga mande prender a Paulo da Rocha de Siqueira, eapitio-mér e ouvidor da capitania de 8. Vi- vente (D. Marcos). Tambem se acha outta provisio, que Meneléo passou a D. Joa da Costa Tobarso, a 29 de De- zembro do mesmo anno de 1615. No archive da camara de Cabo Frio se acha uma memoria da qual se vé quo o refe~ rido Constantino de Meneldo, sondo governador desta cidade em 4615, passara por ordem do governador goral Gaspar de Sousa 4 barra de Cabo Frio com tropa e 400 indios & expulsar daquelle porto cinco embarcagdes francezas on hollandezas, que estavio negociando com os Indios Goita- ecazes a troco de pio brasil; e tendo feito retirar as ditas embareagdes, ¢ demolido um forte, que os mesmos francezes em outro tempo tinhiip eonstruido junto 4 barra com arti- theria montada, © uma casa de ahobada de pedra © cal, povoou Cabo Frio no mesmo lugar em que ainda hoje existe, nomeando a Estevdo Gomes para capilio-mér e governador = = ‘da dita povoaeao, que desde este tempo se intitwlou cidade ‘por ger este titulo permittide a todas as novas povoagdes que se faziao, em tempo dos Filippes, reis de Castella. RUY VAS PINTO. — ‘Tomou posse a 49 dé Junho do 1617. Consta do livro &* 1 das ordéns reaes do archivo da camara desta cidade (Dom i Marcos) e tamberm na provisio passada por el-rei Filippe 3, 1 em Lishda'a 3 de Julho de 1616. FRANCISCO FAJARDO. Tomou posse a 20 de Junho de 1620. Livro 8° das ordens reaes (D. Marcos) . MARTIM DE SA‘, Neste segundo governo lomou posse a 41 de Junho de 4 41629, @ por outra provisfio passada em 27 de Junho da 1626, mindou $. Magestade que continuasse no governo (D. Marcos). Em 1630 ainda governava, porque no dito « @mno fundou a Aldeia de 8. Pedro de Cabo Frio. RODRIGO DE MIRANDA HENRIQUES. Foi provido pelo governsdor geral do Estado Diogo Luiz de Oliveira, e tomou posse a 13 de Junho de 1633 3 (D. Marcos). Em 43 de Outubro concedeo terras em Maried 4 f aos padres de 8. Bento. SALVADOR CORREIA DE SA’ E BENAVIDES Tomo posse a 3 de Abril de 1637. A sua patente fol confirmada por El-Rey D. Joio 4°, na qual ordenaya Fi- lippe 4°, que além dos primeiros tres annos governasse mais outros tres, se no primeiro triennio procedesse como devia. A confirmagio 6 datada em LishOa a 45 de Agosto de 1641. _ Gonseguio uma proviso, que o fazia independente do go- = 96 = dade interinamente a Duarte Corréa Vasquianes, que tomow posse a 19 de Marco de 1642 (segundo esereve D. Marcos). LUIZ BARBALHO BEZERRA, Sebasliio da Rocha Pita, no fim da sua historia “Ame~ rica Portugueza”, pas. 660, (raz uma lista dos naturaes Jo Brasil, que exercerao dignidades, ¢ na classe dos que forte governadores desta cidade, vem Luiz Barbalho Bezevra. D. Marcos escreve que fora governador interino; enganou-se a respeito desta eireumsiancia, porque foi nomeado por tres annos, e se os nfo coneluiu, a isso deu causa a sua mortey segundo consta de uma provisio regia, ainda existenle no Archivo da Camara da villa de N. Senhora da Coneeicio |e Ttanhaen (caderno rubricado por Fontes, que principia em 24 de Janeiro de 1654). Na tal provisio conferia El-Rey 0 cargo de administrador geral das minas a Agostinho Bar- halho Bezerra, filho do meneionado Luiz Barbalho Bezerra, © nella fallando do pai, diz S. Magestade: — Até que ulli- mamente veio a fallecer, estando servindo de governador do Rio de Janeirs, sem acaba os tres annos, porque foi provide. Na historia manuseripta da expulsio dos Jesuitas no lempo em que as camaras os langardo fora destas capi- tanias de §. Vicente, © 8. Amaro, trasladou o seu Autor 0 Sargento Maior Pedro ‘Taques de Almeida Paes Leme uma carta regia feita em ja a 3 de Outubro de 1643, com sobre-escripto do thedr seguinte: — Para Luiz Barbalho Bezerva, governador do Rio de Janeiro. Na provedoria da Fazenda Real desta cidade se achio os fragmentos de um livro de registo, no qual foi regis~ trada a sua patente de governador desta cidade, e 4 margem da patente um assento do thedr seguinte: — Falleceo a 15 de Abril de 1644, e seu filho Agostinho Barbalho Bezerra, recebeo o& soldos que se Ihe devido até o dia antecedente do sou fallecimento. FRANCISCO DE SOUTO MAIOR. Tomou posse a 7 de Maio de 1644 (D, Marcos), @ g0- vernon pouto tempo, por ser mandado para Angola a fundar un presidio em Quicombo, depois que os hollandezes nos: {omario eavilosamente a cidade de Loanda (Vas. vida da ‘padre Joao de Almeida, liyro 6°, capitulo 1%, n, 3, pag. 220). ~ —3T DUARTE CORREIA VASQUEANES. Entrou a governar por carta de S. Magestade dada em Lisbba com o cargo de governador desta cidade em 21 de Dezembro de 1644. Tomou posse a 22 de Marco de 1645 {D. Marcos), © ainda governava em 1647, conforme o cata~ logo benedictino. SALVADOR CORREIA DE SVE BENAVIDES. Sahio de Lisba com os cargos de governador desta cidade © Capitio General do Reino de Angola, (Conde de riceira, “Portugal Restaurado”, livro 10, pags. 643 ¢ 675.) Em Janeiro de 1648 chegou a esta cidade, e a 12 de Maio do dito anno partio para Angola, onde, depois de ex~ pulsar os hollandezes, ¢ reconquistar as terras, que elles nos finho usurpado, ficou governando o Reino, de que era ge~ neral. (Vasconcelos, citado livro 6, cap. 2", n. 4, pag. 223.) DUARTE CORREIA VASQUIANES. Noelle recahio o governo no mesmo dia 12 de Maio, em que’ o governador seu sobrinho sahio pela barra fora. Fal- Ieceo a 23 de Maio de 1650, e foi sepultado na Igreja do Collegio. SALVADOR DE BRITO PERETRA. ‘Fe registar a sua patente na camara de 8. Vicente, onde existe copiada. Foi dalada em Lisboa a 30 de Outubr de 1648, ¢ nesta cidade mandar&o os yereadores em 25 de Janeiro de 1649, que se cumprisse. Exereia o seu emprego ‘em 1651, conforme o eatalogo benedictino que o cita nesta era. Teve successor, mas D. Marcos no o cita, ignora-se a razao. Falleceu a 20 de Julho de 1654, nesta cidade. ANTONIO GALYAO. : porém delle faz mengio depois de Salvador de Brito fe = B= 8. Magestade, eserila a Podro de Sonsa Pereira, provedor da Fazenda Real desta cidade, e administrador das minas, a qual comega desta sorte: — Pedro de Souza Pereira — Eu el-rei vos envio muito saudar; Antonio Galvio, gover~ nando essa capitania me enviou algumas amostras das minas que 0 Theodosio de Ebanos teve noticia haver junto da villa de Paranagua etc. Bisaqui el-rei fallando de Galvao como de governador da eapitania do Rio de Janeiro. Tambem na Camara de §, Vicente (live. de reg. que pringipia em Maio de 1643, a fl. 44) se acha uma provisio do conde de Castello Melhor governador geral do Estado do Brasil, em que delega seus poderes a Antonio Galvio governador do Rio de Janeiro em certos casos. Os vereadores de $, Vie cenle mandarfo, que se cumprisse por despacho seu, la~ vrado a 24 de Fevereiro de 1652. Daqui se infere quo Galvao ainda governava nesse tempo. D, LUIZ DE ALMEIDA, Jé governava a 46 de Abvil de 1652 porque nesse dia confirmou ao capitio-mér e ouvidor de Tanhaen Jorge Fer- nandes da Fonseca em virtude dos poderes que lhe havia delegado o governador geral do Estado Joio Rodrigues de Vasconcelos, conde de Gastello Melhor. A 20 de Outubro de 1654 proven no lugar de eapitao-mér da referida capi- tania de Itanhaen a Simfo Dias de Moura, e na provisio se denominou capitao-mér governador do Rio de Janeiro. Pez este provimento com faculdade que the hayia commet- tido 0 donatario Conde da Tha do Principe em uma pro- visio sua, escrita em Lisbda no ultimo de Abril de 1652. © catalogo benedictino aponta 0 seu goyerno na era de 4656; ¢ a 20 de Junho de 1657 ginda assignou a carta de Sesmaria concedida a Jorge Ferrei THOME’ CORREIA ALVARENGA. Tgnora-se o dia em que tomou posse; mas ¢ sem du- vida, que governava a 17 de Setembro de 1658, porque nessa dia assignou S. Magestade, a patente de Salvador Correia de Si © Benevides, na qual yem as palavras seguintes: Ordeno a Thomé Gorreia Alvarenga, a onjo cargo esta 9 governo do Rio de Janeiro, ¢ em sua falta aos officiaes da a da dita capitania the deem posse do dito governo. D, Marcos, que no cartorio dos padres da companhia desta do Rio de Janeiro se acha uma escriptura de venda umas casas, que fez o capitio Gongalo de Muros a Thomé Correia de Alvarenga sendo governador desta cidade a 24 de Maio de 1659. Creio que governava nesse anno, porque ‘A mesma era o colloca o catalogo benedictino. N. B.—Da mencionada patente de Salvador Correta de S4 © Ronavides, consta que Jomo de Mello Feio estava pro- ido. no governo desta cidade, mas como 8. Magestade de- ferminaya que o dilo, Salvador Correia de Sé 6 Benevides no governasse essa capitanin, se nella estivesse 0 dilo Joho de Mello Feio, e Benevides tomou posse som contradigio lguma; demonstra a sua posse, que Mello se achava ausente © por isso 0 exclu deste catalogo. SALVADOR CORREIA DE SA‘ E BENAVIDI A Serenissima Snr. D, Luiza, como regente de Portugal na menoridade de seu filbo o Sr. D. Affonso 6° conferio a Salvador Correia de 84 © Benavides no governo desta cidade, com o caracter de governador geral da repartigho do Bul sem subordinacio slguma ao governador geral do Estado do Brasil. Por este motivo Ihe ordenow, que Invantasse a0 gover- nador da Bahia a homenagem, que havin feito pela repar- tiglo do Sul. Na patente declarava 8. Magestade que no aso de estar governando Jolo de Mello o Rio do Janciro devin elle continuar no governo desta capitania, © Salvador Correia encarregar-se sdmente das outras. Em Lisboa se embarcou o novo governador para a cidade da Bahia onde Jevantou 4 dita homenagem de que se fez termo lavrado na mesma cidade aos dous de Setembro dy 1659. No archivo da camara de 8. Vicente, se acha o registo assim da pa- fente como do termo citado (livro quo servio de registo annoy de 1660 a fs. 40 ¢ 41). Da Bahis so dirigio » esta cidade, onde tomou posse © quando, mas ¢ certo que ji governava a & 1659, porque nesse dia conferio 0 posto de de 8. Vicente a Antonio Ribeiro citados, pag. 47). Com os acertos -H= , t por governador desta cidade durante a sua ausencia a Thomé Correia Alvarenga, que em outro tempo tinha govetnado esta capitania com geval satisfacio. : Ainda nao contava muitos dias de bospedagem na villa de Santos, quando the chegou aviso de que logo depois da sua retirada insurgira nesta cidade um motim execrando a3 qual haviio dado principio alguns moradores da freguezia de 8. Goncalo, instigados por malevolos que invejavio a gloria do governador geral do Sul, © nao podide soffrer que : * 03 Correias de Sa se achassem exercitando os cargos prin- cipaes da republica para que haviio sido nomeados po 5. Magestade. Nao se lembrou mais o povo que esta familia a quem elle era devedar do tantos e tfo grandes beneficios tinha conquistado, fundado, augmentado, defendido e gover- nado muitas vezes a capitania do Rio de Janeiro, sempre com approvagéo dos soberanos, ¢ notoria conveniencia dos subditos. Sublevou-se a gentalha, e desenfreado este monstro hor- rivel, abortou excessos dignos de pena exemplar, Clamao os levantados contra Salvador Correia de S& @ seus eon sanguineos, requerem que todos sejfio depostos dos seus em= pregos, e prendem ao sargento-maior do tergo, ao provedor da Fazenda Real, ao governador substitalo Thomé Correia . de Alvarenga, e outros muitos. Determindo que Agostinho i Barbalho Bezerra com os officiaes da camara governem a capitania, e ordenao, que ninguem obedeca a Salvador Cor- . rein de $4 e Benevides. A Barbalho tirario por forea do convento de Santo Antonio, para onde havin fugido na sup- posigfio de que no sagrado deste convento acharia seguro Latibulo, ¢ com ameacas de morte o constrangerfio a acceitar © governo. Aos camaristas, nfo seria necessarin violentar; porque em uma carta, que 03 desse anno escreverfio aos de S. Paulo, e essa de falsidades, aceusando a Salvador Correia de Si e Benevides, derio provas innegaveis da sua ma vontade ¢ perversa intencio. Na propria villa de Santos rerebeu Salvador Correia segundo aviso, nfo menos sensivel, que o primeiro, de es- tarem os moradores de 8. Paulo resolvidos a nao lhe darem obediencia, com o fundamento de nao terem jurisdigio . alsuma, sobre a eapitania de 8. Vicente, os goyernadores do Rio de Janeiro, por se achar disposta a materia, para i The imprimirem a f6rma que quizessem. Os paulistas, ge- ralmente fallando, ero desaffeigoados a Salvador Correia de ‘S4 e Benevides, pelas ravdes seguintes: ibe Hisle governador zelava a liberdade dos indios, e dese- java execular as leis, que probibifio cativa-los- Elle, ¢ seus parentes defenderio aos extinelos jesuitas na oveasido em que, amotinado 0 povo desta cidade accommetteo com mis armada o seu colegio, por haverem publicado na sua igreja uma bulla em que o pontifice fulminava a pena de ex« comunhio eontra os plagiarios do gentio americano, Elle tinha eastigado ao mestre de um barco, que vindo de Santos, nesse tempo, entrou por esta barra com signaes capazes de amotinarem 0 povo, e indicat idade interessante 20 publico, por levar a noticia de que os moradores da capitania de S, Vicente, & Itanhaen, induzidos pelos pau- istas, havido expulsado todos os jesuitas, pela dita causa de tamhem publicarem, nas suas igrejas, a mencionada bulla, Elle finalmente solicitou, © conseguio a restituicse dos mesmos padres aos seus collegios de Santos, e 8. Paulo, como the prdenara o Sr, D. Joao 4°, em uma carta recom= mendando-Ihe muito aquella restituicto. Desta displicencia erao scientes os levantados desta ci- Jade, os quacs tambem sabidio, que Salvador Correia de Sit Renevides nao fizera register a sua patente na camara la capital de S. Vicente, sendo que nesse tempo nfo se daya comprimento a provisio alguma, sem que precedesse ‘a sta solemnidade, assim por costume antiquissimo, que trazia a sua origem do principio da povoacao, como por ordens que para isso havido dos governadores geraes do Estado. Desta omissio, e daquelie desagrado, se servirio os levantados, para attrahirem os paulistas ao seu abom!- navel partido. Tante que se amotinarao, logo escreverao a seus amigos, e correspondentes em 8, Paulo, que se acau- {elassem, @ por nenhum modo acceitassem o governo senio queriao yer-se reduzidos a pobreza total, pois a sua riqueza consistia no dominio dos indios, e 0 governador vinha em- penbado a liberta-los. Ponderavio que Salvador Correia fallava com perfeicio ‘a lingua do paiz, e era muito amado dos indios, 05 quaesi se unirifo a elle se chegasse a subir a serra, e tendo da sua parte tantos mil frecheiros, poderia subjugar os bran- cos, como Ihe parecesse; coneluirio affirmando que 0 dito Salvador Correia pela razio de governador desta cidade nfio {inha jurisdigéo alguma sobre as outras capitanias do Sul, qué a Magestade sémente [ha daya nos casos respectivos as ‘minas, ¢ que olle a ampliava interpretando a patente regia, como Ihe dictaya a sua ambieio. Assim enganados alguns dos correspondentes @ quem se esereveriio as cartas, entrarfio a amotinar 0 povo, @ con- seguirio que cincoenta ou sessenta individuos quasi todos Pobres, ou forasteiros (segundo confessa o proprio gover- nador em um dos seus bandos) fossem 4 casa do concelho, @ obrigassem aos senadoves a deoretarem que se prohibisse a entrada a Salvador Correia de Si ¢ Benevides; mandando atrancar o eaminho, @ nelle gento armada, que Ihe vedasse © transito. Isto relata 0 mesmo Salvador Correia aos ca- maristas de 8. Vicente em uma carta que Ihes esereveo, a qual s0 eonservava ha poucos annos no archivo da ca- mara. Quem noticiou ao governador o levante, tambem the disse que o Juiz dos Orfaos D. Simio de Toledo Piza, fidalgo muito illustre natural da Ilha Tereeira, ¢ Antonio Lopes de Medeiros ouvidor actual da capitania de S. Vicente forio cabecas do tumulto. Por este motive mandou. 9 governador deitar um bando na yilla de Santos a 15 do Novembro do 1660, em que sus- pendia do exercicio dos seus cargos os ditos Juiz,e Ouvidor, ordenando-lhes que no termo de um mez compareeessem diante delle, Mandou registar a sua patente na camara de Vicente, 6 de li remetteo uma copia aos vereadores de S. Paulo, copia que a imitapio de 8. Telmo sersnou feliz mente a bortasca porque vendo os paulistas que 8. Mages= {ade havia confirmado a Salvador Correia no governo gorat da reparticfo do Sul, conhecerdo a fallacia dos levantados desta cidade, © sem contradiceao alguma Ihe derao prompta obediencia. Os dous ministros suspensos, confiados na sua inno- ceneis, caminhario logo para Santos, onde nio achardo o governador, por se hayer ausentado pata as minas do sul. Vollando das taes minas foi dar providencias respectivas fis outras de serra acima, Na villa de S. Paulo, indagando as causas da sedicio, € 08 motores della, achou que os dous ministeos suspensos no tinhio faltado ds obrigacdes de fieis vassalos, @ que os incursos no crime de revolta, e amotinagio, erfio seduzidos pelos escriptores das cartas desta cidade. Com pleno conhecimento da causa mandou langar um bando pelas ruas de 8. Paulo, ao som de caixas corridas, u 2 do Janeiro de 1664, © nolle declarou sem culpa alguma, ‘assim ao Juiz de Orffos, como ao Ouvidor; ordenando, que ambos continuassem a exercitar seus magistrados, » junta- mente concedeu perdéo de qualquer acgio, palavra, e obra, a ene ce meneasorss me oeeee 03h multo. =i havia langado outro bando, respeetivo ao levante desta ci- dade, no qual perdoaya a {odes os aiotinados, com a con- dicio porém, de se mostrarem arrependidos; ¢ ao mesmo tempo comminava justas penas a varios sujeitos, se perse- verassem na rebellido. Ordenava mais, que Agostinho Bar- balho Bezevra, proseguisse no governo, porém com a elaa~ sula de o fazer com jurisdiegao delegada por elle governador geral da reparticao do Sul, © nio com a que Ihe havia conferido 9 povo. Determinava finalmente, que a camara feria yoto em certos casos. Antes da publicagio destes bandos, tinhio os vereadores de $. Paulo recebido uma carta digna do fogo, que thes dirigirlio os desta cidade, com data de 16 de Novembro de 1660. Nella, depois de e: erarem seus autores (como é costume ordinario dos eriminosos, quando busc&o pretextos, com que desoulpdo seus insultos) 0 méo governo de Saly vador Correia de S4, ¢ 0 lastimoso estado a que a prepo-! tencia de seus consanguineos, tinha reduzido a capitania fluminense; pedem informagdes 4 camara de 8. Paulo, sobre © alroz homieidio de um mineiro, » varias acgdes erimi navs, que diziio commettera nestas capitapias de 8. Vi eente, e Ttanhaen, 0 provedor da Fazenda Real Pedro de Sousa Pereira. A esta carta responderio os yereadores pau- listas em 48 do mex de Dezembro de 4660, dizendo, que o mineiro, casualmente se arrojara na profunda caverna de uma cata, indo a sallar de um lado para outro, na parte superior, sem que pessoa alguma concorressa para a sua morte. Em ordem a outros factos sobre que forio inquitidos, responderio que nada sabifio, nem tinhio ouyido; e depois de plogiarem as virtudes, © merecimentos de Salvador Cor- reia, derio fim 4 resposta; lembrando aos senadores desta cidade, a obrigago, que tinhfo de pacificar 0 povo, ¢ re- duzi-lo 4 obodiencia dovida ao lugar-tenente do seu Augusta Soberano. Aquelles mesmos paulistas que antes de eonhecerem a Salvador Correia de 84 ¢ Benevides, no lhe erdo affei- coados, pelas ravGes ji ponderadas, forio os seus maiores veneradores, depois de testemunharem o seu zelo pelo au- gmento da Fazenda Real, ¢ 0 seu desvelo pelas conveniencias dos subditos residentes nestas capitanias. Em i ue plas nos rios, que nio fossem vadeaveis, e a todos fez jus tiga com docura. ‘As suas altenges, mais que tudo, ¢ @ sua innate affabi~ lidade, transportarao os paulistas de maneira, que desejavaa perpeluar a existencia do governador naquella capitania 70 S. Vicente. Constando-Ihes pois, que o dito governador es~ tava determinado a retirar-se para a villa da Tha Grande, com o designio de atcelerar a conelusio de uma Néto, que no estaleiro daquelle porto se estava construindo por ordem de S. Magestade, concorrerio ao pago do coneelho todas a3 pessoas mais distinetas da villa, assim ecclesiastieas, como seculares, para se tomar aecdrdo relative 4 sua vingem. © resultado desta consulta, foi esereverem uma carta ao governador, pedindo-Ihe com forte instancia, que sahisse de S. Paulo, nem fosse para a Tha Grande, a qual nao obstante pertencer nesse tempo a eapitania de Tlanhaen, fieava muito proxima ao Rio de Janeiro, e por isso nfo es- lava ali segura a pessoa de sua senhoria. Finalizow a carta com estas formaes palavras: — Todas os movadores desta Villa em seu nome, e de todos os desta capitania, pedimos a VY. S. nos declare, se leva intenedo de passar siquella cidade do Rio de Janeiron, sem esperar nova ordem de S. Magestade, porque nds, como seus vassalos leas, estamos apparelhados com pessoas, vidas, © fazendas, para acompn— nhar a V. ., assim em razdo do servieo de 8. Magestade, como da obrigaedo, em que V. 8. nos tem posto com a sua affabilidade, e bom governo de justiga. —Assignarao-se o paroeha da villa, o D. Abbade de Bento, o guardiio de 8. Francisco, 0 prior do Carmo, o capitéo-mér, e ouvidor da capitania de 8. Vicente, os vereadores actuaes, e todos 08 nobres, que se achavio na villa: as firmas chegario a sessenta. A esta carla respondew Salvador Correia de Sé em 2 de Marco de 1661, e depois de agradecer a offerta, e dar as razdes urgentes, que o constrangiio a retirar-se, diz:— Considero, que os moradores do Rio de Janeiro, 4 vista do bando que mandei lancar, em que Ihes perdoava 0 excesso, que nio tivesse parte, the dava modo de bom governo, acommodando-me ‘is suas deseonfiangas; espero obrem, como leaes vassallos de S, Magestade, conhecende, que a minha tencio nao @ mais, que conservar a jurisdi¢io real, que supposto com ajuda destas eapitanias, e zelo dos moradores dellas, no servigo real, podia eu tratar do castigo, como as oceasioes 0 perissem; me conformo antes em obrar em ma- terias de pdvo, com toda a prudencia; esperando a reso- =i lugio de S. Magestade, para com ella fazer o que me or- denar. Espero que naquella, e em todas as mais, que ee offerecerem do servico de S. Magestade, ¢ de me fazerem mereé, os ache com a mesma vontade, que nesta occasiaio experimento. Por este modo, conseguio a prudencia do governador a desejada pacificacio; ¢ como os sets inimigos erfo poucos nesta eapitania do Rio de Janeiro, nao sé a maior parte da nobreza, mas tambem os homens de probidade, eon- demnaviio a sedicdo, ¢ os furores da gentalha, que conke- tendo a gravidade da sua culpa, logo se transforma em medo continuo do bem merecido castigo, Muito se ale- Erarfo os levantados com a noticia do perdio, © cuidarao sémente em cumprir a condicao com que Ihes fora con~ cedido, de se mostrarem arrependidos. Muito concorren pare isso a noticia de se terem offerecido ao governador, ¢ es- farem dispostos para marcharem os paulistas, formidaveis nesse tempo, assim pelo exereicio, que tinhao de pelejarem, creando-se quasi todos na guerra contra os harbaros, como pela circunstancia de Ihes ser muito facil por em campo, com sets indios, um exetcito nameroso de soldados vete~ ranos, No dile mez de Margo deseto Salvador Correia de Séo Panlo para Santos, ¢ desta villa partio para a da Tha Grande, ondo the foi participada a noticia, e certeza do estar tudo socegado, nesta cidade, para onde, finalmente, Yollou, governando em paz, até a chegada de sett successor. ‘Nao se pode assignar o mez em que se restiluio a esti cidade, porém é certo que nella se achavya no 1" de Julho Ge 1661, porque no archivo da camara de 8. Vicente (livro do reg. messe anno, pag. 47) existe registada uma provisio, que elle nesse din assignou nesta cidade. Durante a sua ausencia houverao os seguintes governadores interinos, nesta capital do Rio de Janeiro: THOME’ CORRELA DE ALVARENGA, AGOSTINHO BARBALHO BEZERKA. A CAMARA, JOKO CORRELA DE SX’. © calalogo bencdiclino diz assim: —Agostinho Barbalho foi deposto em 8 de Fevereiro de 1661, ¢ ficou o © governo até 11 de Abril do dite anno. Depois jeia, aponta ao mesmo anno a Jofo Correia =i = de Sa, por onde se vem a conhecer, de que entrou a go- yernir no dia mencionado 41 d2 Abril, ou no seguinte. A respeito de suspenderem a Barbalho aos 8 de Feves teiro, @ ficar governando a camara até 41 de Abril, @ de- pois entrar J Correia de Sa, filho de Salvador Correia de Si, mestre de campo do Tereo do Presidio, discorre-s9 do modo seguinte: — Ghegando a esta cidade, no prineipio de Fevereiro, a noticia do bando, que 0 governador mandara langar em S. Paulo, no 1° de Janeiro, declararia Parhatho A098 Vereadores, que sé continuaria no governo, se fosse com dnrisdicéo delegada pelo governador, e nao consentindo os taes vereadores (nesse tempo ainda rebeldes) que gover- masse com jurisdicaio diversa daquella que The havia con- ferido 0 povo, o suspenderifio. Que assim obraria Barbalho, infere-se da sua comportagio no tempo do levante, 4 qual refere S$. Magestade na patente, que depois Ihe mandou Passar de administrador das minas de Paranagud, dizendo: — E voltando ao Rio de Janeiro, achando-se no reconeavo daquella capitania a tempo que os moradores della depo- zero do cargo do governo a Thomé Correia de Alvarenga, © obrigarfio com ameacas a aceitar o mesmo. governo, ti rando-o, para esse effeito do convento de Santo Antonio, Para onde se lavia refugiado, constrangendo-o, com pena de morte a aceitar o governo, no qual se houve com tanta prudencia, © acordo, que aquietou motins eom grande riseo da sua vida. (Arch. da Cam. de Ttanhaen, cadern. rubricado por Font., que prineipia em 24 de Janeiro de 1654, pag. 5.) Depois de assim deposto Barbalho, ficou governando a camara por niio estar ainda em socego total a cidade, 0 que Se conseguio em Abril. Entéo os vereadores entregarifio o governo ao mestre de campo Joao Correia de 84, ou pela razfo de militar de maior Patente, ou para demonstrarem a sinceridade oom que pro- Mmeltiio obedecer ao sovernador, pois que, sujeitando-se ao filho, davao prova evidonte de que o mesmo farifo ao pai. Este ainda governava a 17 de Janeiro de 1662, porquo nesse Gia assignou uma provisio, que se conserva registada no arehivo da camara de 8. Vicente, em que conferio a Manoe! de Lemos Conde, 0 posto de capitio que vagara por accesso de Cypriano Tavares Cabral ao posto de gapitio-mér da capitania de 8. Vicente. (Live. de reg. do seu tempo, pag. 50.) =i = PEDRO DE MELLO. A este governador ontregou Salvador Correia de Si e Benevides, a capitania do Rio de Janeiro, por ordem de 8. Magestade, dateda em Lisboa a 20 do Novembro de 1664, que se acha registada no Conselho do Ulttamar (live. das cartas geraes das conquistas, fit. 1.644, pag. 314), segundo esereve Taques, na sua Historia das Minas. D. Marcos o sponta mas sem declarar o tempo do seu governo: supre esta falta o eatalogo benedictino, collocando-o na mestna era de 4662, depois de ter apontado no mesmo anno, a Salvador Correia, segue-se daqui que tomou posse em 41662. De um liveo em que se faziio os assontos de baptismos na fra- kuezia de 8. Sebastilo desta cidade, consta que em 1663 fora padrinho de um baptizado sendo governadgr desta praga. Do auto da medicdo das terras da camara desta ci- dade, tambem consta que tinha governado « ji niio existia no governo a 7 de Junho de 1067, porque vem no tal auty as palayras seguintes: — ao outro dia 7 de Junho fomos 4 dita ponte... passando pelo Partido de Pedro de Mello, governador que foi desta praga. D. PEDRO MASCARENHAS. Sem assignagfo de tempo tambem aponta D. Marcos a este governador, porm o catalogo henedictino o colloca na era de 1667, em que certamente governava, porque a 25 de Maio do dito anno concedeu por sesmaria 4 camara desta sidade, as torras de que ella eslava de posse pela parte da terra firme. A 28 de Agosto de 1669, passou outra ses- maria aos padres Carmolitas desta cidade a qual se acha registada na Provedoria que foi de Santos. (Reg. de sesm., liv. 12, pag. 113.) Em 5 de Maio, sendo governador, foi padrinho de um baptizado, officiando o prelado Francisco da Silveira Dias, na freguezia de N. 8. da Candelaria desta cidade. JOAO DA SILVA DE SOUSA. Deste governador tambem teve noticia D. Marcos, porém nio do tempo do seu governo: conforme o catalogo hene- ‘dietino governou em 4670. Em 27 de Novembro de 1673 mandou eumprir a provisio em que o Sr, Rei D. Pedro -eonferio o cargo de provedor das minas de 8. Paulo a Pas- choal Affonso, © no {* de Dezembro do mesmo anno lhe deu a posse. Na camara de 8. Paulo trasladou o escrivio bei = 48 — Lopo Rodrigues, em 28 de Janeiro de 4674, no livro dos yogistos, pags. 17 ¢ 18, assim a dita proviséo como varios despachos que estio nas costas della, entre os quaes ern dous que dizem: — Cumpra-se ¢ registe-se como 8. Alteza manda. Rio de Janeiro, 27 de Novembro de 1673. — Joao da Silva de Sousa. 1 MATHIAS DA GUNILA Governaya em 1678 como se mostra no livro do tombo do convento de Santo Antonio. Pitta (Amer. Portug., live. 7, n. 50, pag. 436), D, Mar= cos, € 0 catalogo benediclino dizem que Mathias da Cunba fora governador desta cidade do Rio de Janeiro, porém s6- mente 0 referide catalogo mostra a era do sea governo em 4678. Deve-se dar assenso a esta noticia, porque a 20 de ‘Abril da dita era mandou cumprir uma provisdo que o Sr. Rei D. Pedro havia dirigido ao desembargador sindicante Joao da Rocha Pitta (archivo da camara de Ttanbaen, rubrieado por Fone., em Dezembro de 1676, pag. 28.) Um antigo ma- nuseripto, que se acha no archivo do Cabido da Sé¢ desta cidade, tambem assigna o seu governo na mesma era de 1678. Este mesmo governador, no anno de 1687, succedeo ao Marquez das Minas no cargo de governador e capitéo ge- noral da Bahia. Adoecendo do mal da Bicha, falleceo aos 24 de Outubro de 1688, ¢ foi sepultado no mosteiro de S. Bento, ‘em cuja eapella-indr Ihe deréo aguelles religiosos jasigo. Um dia antes de seu fallecimento, convocou o senado da ca- mara, nobreza, e officiaes de patente, e thes ordenou ele- gessem a pe ne por sua morte havia de ficar substi- {uindo 0 seu lugar. Houve variedade nos votos; mas todos vierdo a conformar-se, elegendo para o goyerno militar, © politico ao arcebispo D. Fr. Manoel da Resurreigao, ¢ para ‘o das justigas ao chanceller da relagdo Manoel Carneiro de Si. No mesmo dia se amotinarao os soldados dos dous Ter- cos (menos 0s officiaes) por nove meses de soldos, que se Ihes estavao devendo, se ajuntarao no canfpo do Desterro, rodeando a casa da polvora, Pedi os soldados se Thes man- dasse satisfazer no termo peremplorio de um dia os seus soldos, com comminagio de entrarem na cidade, ¢ a sa- quearem, ameacando com especialidade as casas dos officiaes da camara, por cuja ordem corria entio a paga da infan- feria. A esta desordem acudio o arcebispo, e os officiaes, para os moderarem nos excessos que fazifio em todas as pes~ soas, que com cargas das fazendas vizinhas passavilo por == quella estrada. Foi levado wo campo o dinheiro, com que se Thes pagariio nove mezes, e depois de satisfeitos insistirao em se nfo desarmarem, sem se hes mandar um perdio geral daquelle facto, assignado pelo governador, que ainda vivia, @ pelo areebispo, que the havia succeder, o qual Thes foi concedido, e ainda o chegou a assignar, o goyernador e o ar- cebispo. Meangade 9 indulto, © expirando logo o governa- dor, entrardo os soldados na cidade, ¢ assistirdo militarmente a0 seu funeral. D. MANOEL LOBO Foi cloito para governar esta cidade, antes de 19 de Dezembyo de 1677, segundo consta de uma carla eseripta por EL-Rei ao lenente-general Jorge Soares de Macedo, na qual diz 8. Magestade: — E do que mais achardes me dareis conta, © @ mesmo fareis ao governador do Rio de Janeiro D, Manoel Lobo (Archivo da camara de 8. Paulo, live. de reg., m. 1.075, pag. 26). Por um deereto passado em Lisboa aos 12 de Novem- bro de 1678, sujeitou S. Mleca a este governador, as ca- pilunias do sul, com fundamento de que sem ter jurisdigéo nellas, nio pederia execular as ordens que trazia, (Archivo dx camara de Tanhaben, quad. rubric. por Fonecea, no 4° ‘le Devembro dle 1676, pag 41). Tomou posse a 9 de Maio de 1679 (D. Marcos). Em Outubro deste mesmo anno, sahio desta cidade para Santos, onde chegou a 30 do dito mez, segundo elle diz em uma carla eserijpa aos camaristas de Tanhaen, no dia seguinte ao da sua arvibada, que esld re- gistuda no archivo da camara. De Santos se fez & vela para ‘o ttio da Prata a fundar a nova colonia junto a itha de S. Gabriel ; ¢ sendo alli atacado pelos hespanhoes de Buenos~ Ayres, foi prisioneiro, e li morren. JOO TAVARES ROLDON PEDRO GOMES Diz D. Marcos que este mestre de campo tomara conta do govern a 28 de Janeiro de 1854 por uma carta de 8. Alteza, para governar no impedimento de D. Manoel Lobo, porsm, como o dito D. Manoel sahio desta cidade em Outubro de 579, ¢ Pedra Gomes tomou posse em Janeiro do 1681 algun governar nos dous meces e um anno que correrdo do Outubro de 1679 até Janeiro de 1681; assento que ficou commandando Joao Tavares Roldon, 4 = OP calalogo bencdictino que governava em 1680, do qual diz o na ausencia de D, Manoel Lobo, ¢ 0 mesmo consta dos livros da camara da itha Grande. DUARTE TEIXEIRA CHAVES Mestre de earmpo, tomou poste a 3 de Junho de 1682 por carta de 8. Altezt, datada a 6 de Setembro de 1681, em que The encarregiu o governo desta praca, o sua reparticto 1D, Marcos}, ¢ nesse mesmo anno o aponta o catalogo be- nedietino. ‘A 6 de Janeiro de 1683 passou a tomar enteega da Co- lonia depois que os castelhanos 3 tomaréo a D, Manool Lobo. OFFICIAES DA CAMARA diz D, Marcos, esta cidade por uma carta ida de Lisboa a 17 de Janeiro de 1682, pols qual os encarregou deste governo na ausencia do #o- vernador Duarte Tefxeira Chaves. 0 catalogo benadicting explica, que em 1683 commandavio of senadores na ausen- cia do gover para a Colonia; porém esta ciroumstan- cia who & conypativel com sabermos que a primeira Colo. nia JA nko existia om 1693, pela larem domotido os caste Thanos no fim de 1680, ou no principio de 1681, ¢ no dilo anno de 1683 no vstarem ainda abertos o# alicerees da s0- funda, que reedifieou D. Francisco Naper, depois de s0~ Yernar ctta cidade. Ha toda a certesa, que Duarte Toixeira. eslava susenie, por achar-se na capitania de S, Vicente, culdando nas Minas, das quaes ria administradores os g0- vernadores desta cidade Gover: de 8. Alteza, ex; JOAO FURTADO DE MBNDONGA ‘A wis patente fol dalada a 25 de Agoslo de 1685, ¢ o arta 4 camara pars the dar powe, Tomou posse a 22 dé Abril de 1086 (D. Marcos). Eate ¢ 0 anno om que o tras o eatalogo benedictino. D, FRANCISCO NAPER DE LANGASTRO Esereve o aulir da America Portuguesa (live. 7, paw Sait i'M ee = 6h nador da colonia dy 8. Sueramento, ¢ que Dor elle a mandira roodifiear, ordenando-the, que ficasse goyernando o Rio de Janviro, até chegar a esla praca o governador que para ella nomeasse. D. Mareos dir que tomou posse a 24 de Junho de 1689, e com elle concorda o catalogo benedictino a respeilo do anno em que governou D. Francisco Naper de Lan- castro. Por carta de 8. Magestade, de 24 de Fevereiro de 1389, © enearregou do governo desta praga em quanto nig rhe- gusse 0 novo governador Luiz Cesar. LUIZ CESAR DE MENEZES ‘Tomou posse a 17 do Abril de 1690 (D. Mareos). Mste governador, pela oxactidio do seu governo, © desinteresse costumava dizer: — ou Cesar, ou nada. A’ sua patente foi datada em Lisboa, 2 do Janeiro de 1690. Em 1691 proveu o posto de coronel de infanteria das ordenancas desta cidade, passando patente a Manoel de Bar- ros de Araujo, a qual se acha em meu poder. ANTONIO PAES DE SANDE A sua patente foi datada em Lisboa, a 27 de Dezembro de 1692. Diz o catalogo benediclino, que era governador em 1693, © que por sua morlo governdra o senado até chegar da Bahia © mestre de campo André Cuzaco. D. Marcos relata que Sando founira posse a 25 de Marco de 1693, e outro sim, que D. Joao de Lancastro, governador geral do Estado, conferira ao men- cionado André Cuzaco, 0 governo do Rio de Janeiro na falta de Antonio Paes de Sande, sendo fallecido, ou achan- do-se incapaz do governd, por seus achaques; e que, em Virlude desta proviso desistira Sande, a quem suas moles- lias linhio inhabilitado para governar. A civcumstancia de preceder 0 Catalogo benedictino muitos annos ao de D, Mar- 008, @ ser composlo em tempo mais proximo ao successo, 0 faz digno de maior eredito; ¢ por esta razio se poe aqui o senado da camara, na classe dos governadores. Antonio Paes de Sande, governando esta cidade, falleceu a 22 de Fovereiro de 1695, © foi sepultado no Collegio. —h— tit. 18, pag. 44)."O governador geral o proveu, ¢ elle to- mou posse a 7 de Outubro de 1694 (D. Mareos) . SEBASTIAO DE CASTRO CALDAS Tomou posse a 19 de Abril de 1695, por carla de 8. Ma- gestade, datada a { de Fevereiro de 1695, em que The fagia mere? do governo desta capitania, na ausencia de Antonio Paes de Sande, para as minas de $. Paulo, ow sendo fallecido (D. Mareos) . ARTHUR DE 8\’ E MENEZES Tomou posse a2 de Abril de 1697, com patente de gover- nador © capi Beneral, sendo que seus antecessores havidio governady com patentes de capities méres governadores (D. Mare: que Ihe dera 8. Magestade em Lisboa, para ir pe fis minas de S. Paulo, embar~ cou-se para Santos, a 15 de Outubro do dito anno, deixando emg seu lugar nesta cidade ao mesire de campo, como The chama D. Marcos, ou sargento maior, como se vé no catalogo benedictino, Martim Correia Vasques. Arthur de Sé foi o que erigio a villa de Macacd, mu- dando @ denominagio daquelle districto o da freguezia, que era Santo Antonio de Casserabi, em Santo Antonio de Sé MARTIM CORREIA VASQUES Tomou posse a 15 de Outubro de 1697, por carta que ti- Verlio de $. Magestade os officines da camara para esse of- feito escrita em Lisboa a 27 de Dezembro de 1696, em quanto Arthur de 84 se uchava ausente nas minas do aul, além de outra firmada pela real mio no mesmo dia 6 anno, encarre- Bando do governo a Martim Correia (D, Marcos). A 3 de Maio de 1699 achava-se j& do volta nesta eldade o capitéo general, segundo demonste&o uma provisio © o cumpra-se do outra. que existem no archivo da camara de Itanhaen, as= signadas por elle nesta cidade em o dito dia. Segunda vez xe auseniou para as minas geraes por ordem regia, ¢ fleou wovernando o mestre de cainpo. PRANCISCO DE CASTRO MORAES Em carta de 5 de Dezombyo de 1699 ordenow 8, Mages- fade que se desse posse do governy desta praca na ausen- ela do governador Arthur de Si @ Menezes, ao mestre de : . oes “i a eae — 5 — campo, Francisco de Casiro Moraes, sem mais soldo que 0 le mestre de campo, e se peatique 9 mesmo quando succeder ouire caso simithante, —* ‘Toman posse a 15 de Marco de 1700 por carta de 8. Ma~ gestade (1D. Mareos). Este conde regulou-se pelo assento da posse, que achou no arehivo da camara desta cidade: se elle nfo eM errado, por engano de quem o escreveu, ou trasla~ dow, entrou a governar Francisco de Castro, ao menos um mez depois do general se ler ausentado, pois elle se achava na villa dé S Paulo a 10 de Fevereiro do 1700, onde, nesse dig, assignou a provisto em que mandava para as minas dos Galaguazes a Manoel Lopes de Medeiros, com o emprego que consta da mesma provisio, que existe registada na camara de S. Paulo, Nas minas se demorou este general, até chegar @ esta cidade 0 set successor. D, ALVARO DA SILVEIRA E ALBUQUERQUE A sua patente foi datada a 5 de Abril de 1702. Tomou posse a 45 de Julho de 1702 (D. Marcos). No seu tempo se edificou a casa da Alfandega, D, FERNANDO MARTINS MASCARENHAS DE LANCASTRO ‘A sua patente foi datada a 14 de Maio de 1704. ‘Tomou posse no 1° de Agosto de 1705. Ausentou ‘ax minas, deixando o governo ao Bispo D. Francisco de Sio Jeronymo, junto com o mestre de campo Gregorio de Castro Moraes, ¢ 0 sargento maior Martim Correia Vasques (ec Jogo benedictino). Em carta de 5 da Abril de 1707, Ihe or- dena S. Mageslade que faca administrar boa justica. Marlim Correia falleceu a 25 de Junho de 1710, ¢ foi sepullado na igreja da ordem 9 de $. Francisco. se pal ANTONIO DE ALBUQUERQUE COELHO DE CARVALHO ‘A sua patente foi datada a 7 de Margo de 1709. ‘Tomou posse a 11 de Junho de 1709 (D. Mareos), Pouco tempo depois de receber 0 Bastia, poz-se a caminho para as ‘minas geraes, tendo por certo que commetteu a alguma pes soa que governasse durante a sua ausencia; (1) mas nem oh D. Marcos, nem o calalogo henedictino, ou alguns dos Au tores que fallio nesta sua vingem, dizem quem ficon substi tuindo. ‘Yollou das minas para esta cidade, onde ponco se de- morou, porque, resolyendo o Sr. Rei D. Joio V crear em §. Paulo novo governador independente do desta cidade, no- meéou ag dito Albuquerque, o qual se ausentou daqui no ‘anno de 1710, e foi Lomar posse em S. Paulo, com patente de capilio general da capitania de 8, Paulo, ¢ Minas Ge~ raes. FRANCISCO DE CASTRO MORAES - A sua patente foi lavrada em Lisboa a 27 de Novembro de 1709. Pitta esoreve (Americ. Port., live. 9, pag. 567, n. 7) que 8. Magestade o promovera do goyerno de Pernambuco, para o desta cidade. © conde D. Mareas dix n seu vespeito estas formaes palayr — tornou a entrar a governar 203 30 de Abril de 1710, por tima patente, e carta de 8. Mage: fade. Este governador foi o que em 1711 entregou aos Fran- ilo de $. Sebastito do Rio de Janeiro, como consti cores a cit da conta que a camara deu a S. Magestade, em 2 de No-~ yernbro de 1711, pedindo o mandasse recolher, ¢ a todos os seus parentes; ¢ 0 povo nfo The quiz mais obedecer; ficando governando Antonio de Albuquerque Coetha de Carvalho, que tinha vindo de Minas, com tres mil homens de soccorro a esia cidade, como fica dito. ANTONIO DE ALBUQUERQUE COELHO DE CARVALHO No mesmo dia 41 de Setembro de 1711, em que os fran- cezes se introduzirdo pela barra desta cidade, na segunda in- vasio, se expediu um aviso ao eapilio general de S. Paulo Antonio de Albuquerque Coetho de Carvalho, que so achava tm Minas Gerars. Esto apromplou com inerivel presteza Ines mil homens armados, com 08 quaes se poz a caminho para esta capitania porém no obstante viajar com marcha ligeira de sol a sol, ackiou yendida a cidade, pela ter desamparado ‘0 seu governador, fugindo sem causa para isso, na noile em que finalisou o dia quinto da entrada dos inimigos. Gom el- Jes capitulou Francisco de Castro, ausentarem-se da praca sem a demolirem, por seis centos e dezeseis mil crusados, com mil quatro centos e secenta reis, que a maior parte — ‘Pagardo 05 moradores, os quaes, nfo salisfeitos com dar ao —s— governador o apellido ignominioso de Vacea, por causa da sti vil comportagdo; ¢ inferindo, della, que era traidor, sem sider, negirfio-the a obedieneia, ¢ submelterio-se 20 aito ‘Albuquerque, o qual aceilou o governo, por conhecer 0 pe- igo a que deixaria: exposta a cidade, no caso de continuar hho governo, em tempo de guerra, um chefe ane além de ser covarde, tint contra si a presumpedo le set infiel. FRANCISCO DE TAVORA Das maos de Antonio de Albuquerque Golo reeebou ° gaverno desta capitania, Lomando posse a 7 de Junho de 4713 (Conde D. Mareos) - Na gun ausencia para Sanlos, ¢ depois para a oortey) Eo vernou o mesire de campo Manoet do Almeida, pos ordem He ELtel por ser egea a patente maior e mals ange (cala- tego benodiotino) . A sua patente foi dalada em Lishon 2ae Tulho do 1712. MANOEL DE ALMEIDA CASTELLO BRANCO Nos livros da camara (dit TD. Mareos) se nao acha o dia Qi sua posse (1), a6 sim @ noticia de que entregow © g04 yerno & ANTONIO DE puro DE MENEZES: Governailor’€ capitio general. A sua patente fo datada em Lishon x29 de Abril de 1716, Tomo posse n 27 de Junho: de 4717 {eatalogo benedictino). 4 20 de Margo de 1749 ‘assignot a patente de capittio das ordenanens & Bartholomew de Lima, desta cidade, Morreu antes de conclulr 6 seu g0- Yerno; ¢ foi sepultndo no Cotlegio, em A719. MANOEL DE ALMEIDA GASTELLO BRANCO Poucos dins goyernou segundo mostra @ posse de Ayres: de Saldanha. : Dir D, Marcos que entrara a governar por fallecimento de Antonio de Brito, ¢ que nao sabendo o dia da sua posse, constava sémente, que entregou o governo a ee AYRES DE SALDANHA E ALBUQUERQUE -Womou poste a 18 de Maio do 1749 (D. Marcos): So que {01 4 Villa do Santos; nota, porém, noticia. de “snterffinmenta em 1716, ¢ etm J quem ficou governando em sua ausencia. Com 0 seu labo- rioso cuidado fez conduair as agoas da Carioca para o inte rior da cidade, com mais grandeza, @ utilidade do povo. LUIZ VAHIA MONTERO Tomou posse a 10 de Maio de 1725 (D. Marcos). No tempo de seu governo se construio « fortificagio da Tha das Cobras. Ainda governava em 1728, como consta do bando que mandou lancar nesta eidade, para que, em conformidads das ordens de S. Magestade de 15 de Dezembro de 1695, e 7 de Fevereiro de 1721, as caixas de assucar nfo excedio a0 mais de 38 arrobas. MANOEL DE FREITAS DA FONSECA Este mestre de campo governow interinamente por falle= cimento de Luiz Vahia; porém nao se acha assento do dia em que entrou a governar, © unicamente se descobre, que da sua mio passou o governo (eomo diz D, Mareos) a GOMES FREIRE DE ANDRADA Tomou posse a 26 de Julho de 1733, com patente da fovernader ¢ capitio general (D, Marcos). Governou tam- bem as capitanias de Minas Geracs, e 8. Paulo. De Lisboa mandou 8. Magestade ao brigadeiro José da Silva Paes, para Bovernar, na ausencia do capitio general. Navegando para 4 colonia do ramento o dito José da Silva Paes, com as Néos que foro soccorrer aquella praca, entio cereada Delos castelbanos, e relirando-se depois para Lisboa, go- Yernou muitas vezes mestre de campo Mathias Coelho de Sousa, em varias occasidvs, que ao eapitio general the foi preciso hir a Minas, e uma vex aS. Paulo. Embarcando-se para o continente do sul em 4759, com patente de mestre de campo general, ¢ a mereé de commen- datario da Ordem de Christo, para dar execugio ao teatado de limites, como commissario, @ plenipolenciacio de $. Ma. weslade Pidelissima, entrou a Bovernar seu irmao José An. tonio Freire de Andrade, em consequencia de um decreto do Sr, D. José I, 20 qual mandava S. Magestade, que governas- se 0 Tio de Janeiro interinamente debaixo da mesma home- Ragem, que havia dado ao dito seu irmio, quando 0 enear- regou do governo das Minas. De I mandou uma carta & car mara desta cidade, com a e6pin do decreto: 6 sem mais outea a7 — ceremonia entron a governar esta capilania, a qual regia, na sua auseneia, o brigadeiro Mathias Goelho de Sousa, Com doenca mortal enfermou este substituto, ¢ na vespera do seu falleeimento 22 de eo de 1753, entregau o govern, a0 tenente-coronel Pal io Manoel de Figueiredo, por ser 0 official de maior patente, que entio se achava nesta praca. Gom a certeza desta morte, desceu das minas José Antonio Freire de Andrade, e ficou governando até voltar das Mis- ‘sdes 0 mestre de campo general Gomes: Freire de Andrada, a quem S, Magestade j4 hhavia feilo a mereé de Conde de Bo- badella. Governadores interinos: JOSE DA SILVA PAES MATHIAS COELHO DE SOUSA JOSE’ ANTONIO FREIRE DE ANDRADA PATRICIO MANOEL DE FIGUEIREDO Nesta cidade de 8. Sebastiao do Rio de Janeiro terminou © curso da sua preciosa vida o general Gomes Freire de An- drada, Conde de Bobadella, enjo nome sera indelevel nos fas- tos desta capitania pela seu grande talento, ¢ muitas vir~ tudes, entre as quaes forlio predominantes o desinter castidade, 0 zelo do -o de 8. Magestade, a justic ‘amor cor que regia os povos; fazeudo-se por estas quali- dades muito digno de todas as honras com que S. Magestade © distinguin nesta cidade, onde, por seu real decreto, fez con- tervar na casa do senado da camara. o retrato deste grande herde, do qual, com justificadas razdes, se disse muito nestas resumitdas palavras, que se Iéem no mesmo retrato. Arte regit pérntlos, bello proveepta miimistrint. Mavortem cernis mitite, pace Numan, Fallecen no primeiro din do anno de 1763, Lendo gover- nado esta capitania 29 annos, 5 mezes, e 4 dias com geral satisfacho. Seu corpo foi levado a igraja das freiras de 8. Teresa, pm cujo presbiterio Ihe derio jazigo aquellas re- ligiosas, que Ihe erdo Lio obrigadas pelos benefieins, que thes havia feito desde a fundagio, daquelle convento. ‘Na vespera da sua morte declarou, que no conyento de Nowsn Senhora do Carmo xo guardava a via da suceessiin, que elle mesmo trouxera quando velo de Lisbon. 3 \-se esta via, ¢ conforme a ordem, que nella daya — he 0 EXMO. BISPO D, FR. ANTONIO DO DESTERRO © BRIGADEIRO JOSE FERNANDES PINTO ALPOIM. © CHANGELLER JOAO ALBERTO DE CASTELEO BRANCO , m3 A. estes governadores sticcederio Vice-Heis, dos quaes fol o primeiro. 4 D. ANTONIO ALVARES DA CUNHA, CONDE DA GUNAA Tomou posse a 16 de Outubro de 1763, Reedificou as forlalesas da defensa da barra, pondo-lhes maiar numero de tiros, © a da Praia Vermelha a for quasi toda de novo. Na Tha tas Pombas mandou construir duas grandes casas, onde se recolhe a polvora de El-Rei, © a dos negociantos, os qnaes pagi trezentos e vinte por cada barril.. Com esta estirmavel evilon o perigo a que estava exposta toda a cidade, por armazens em que se estarem muito proximos a ella os guardavio as dilas polvoras. Na fortaleza da Gonceigho estabeleceu a fabrida das are mas, ¢ uma grande casa, onde, em seguro necato, se conser vio as avmamentos de sobresalente, para as lopas. No tempo do seu governo se regulardo os tres regimentos da guarni praca, e se construiu por ordem de $. Ma- goatade & Sebastiio, em cuja obra assistin effectiva~ mente com ineansayel zelo, ¢ laborioso cuidado, alé a sua conelusio. Nunca precisou de estimulos para obrar aevoes proprias do seu animo, e de sua obrigagae. Foi liberal com a tropa, @ choio do caridado, para os pobres. No desinterssse niio conheceu vantagem no mais independente, @ no servic do El-Rei se nio deixou proferir do mais zeleso. D, ANTONIO ROLIM DE MOURA (Conde de Azambuja) Bm cujo tompo nada houve digno de memoria ‘Tomon posse do governo a 17 de Novembro de 1707, ¢ no fim de dou annos incompletos o entregou a sou suc. ‘wossor. D. LUIZ DE ALMEIDA PORTUGAL SOARES ALARCAM EGA MELLO SILVA E MASCARENTAS (Marquez do Lavradio) — net STN ee cen (carte rcenconteneLceanasionD eo 0 wilimos annos do seu governo forfio apensionados, ¢ chains de granites culdados, por causa da guerra do Sut com 6s castelhanos, em que perdemos a itha de Santa Catharina, én praca da Colonia do Sacramento, depois de The tomarmos dima grande parte do terreno de que ostavio de posse no con- tinente do Rio Grande. Gom o seu vigilante cuidado se pozorio os regimentos ‘desta praca no melhor estado de perfeicfio em diseiplina ¢ asseio. Forton os quatro Tercos Auxiliares da cidade (hoje togimentos de milicias), Uo luzidos e disciplinados que pouco se differensavio da tropa paga, servindo-se delles para Lodo © servigo de praca, em fodo o tempo que os regimentos esti- yerfo na campanha do Sul. Adiantou em muito a fortaleza de Villegagnon, assim como tambhem 4 do Pico e Praia de Férn, igualmente o Trem, para mellior accommodagio & Keguranca dos pelrechos de guerra. Por sua ordem se eri- gio a villa de 8. José W'El-Rei. ‘Ao cou arden{e zelo © 20 lahorioso desvelo com que se intonessou na cultura do café, anil, arror, cle., se deve o Gugmento em que hoje se achfo estas generos, que, i ex- copeio do assucar, so 0s que fazom uta granda parte das fargas dos navios que desta cidade os conduzem para Tis hon, Porto, ell. A este fidalgo deve o Rio de Janairo o me- Thoramento dos seus edificios, ¢ 0 asseio das ruas com as eal¢adas © Ingedos de que as mandon guarnecer, deslerrando antigo aystema em que existiao os moradores desta cidade, Tin construcgio das suas casas, e ornato interno dellas. LUIZ DE VASCONCELLOS E SOUSA Tomou posse deste governo a 6 de Abril de 1779, conser- yando-o sempre com a mesma igualdade o respeito. Com a sua vinda pararfio todas ns obras das fortalezas que estavilo por acabar, pelo empenho em que ficou a Fazenda Real por eansa da guerra. Deu principio 4 grande obra do cies, dei xanilo acabada toda a face que formoseia a frente do pala- cio. Fez tirar o antigo chafariz que existia no centro da Pa- yada Geral, mandando construir outro Junto ao mar, para ‘as embarescfes com melhor commodidade fazorem as suas ‘aguadas. Formou 0 Passcio Publico, em cuja obra fez e- “nhecer a sua conslancia, apezar dos grandes obstaculos, que ‘poremultas vezos se oppozertio aos seus intentos. Fez edt- Fone sea ae es sea ee pores i= em que fez classifiear uma grande colieccao de plantas deste paiz, além de outras muitas ainda nfo conhecidas na ordem ‘tus classes do Reino Vegetal, fazendo-as copiar com toda a propriedade ¢ nafureza a que deu o titulo de Flora Flumi- nense, com © qual foi, por ordem dw Rainlia N. 5. entregue Academia, onde leve todo o lonvor ¢ acceitico para se fazer imprimir, Outras muilas cousas fer em servigo de S. Magestade, ¢ desta: capitania, conseguindo yé-las exe- eutadas com suecessos tao felizes, quanto erfio acertadas as suas resolugées. Por sua ondem se erigio a Villa de N. 8. da Piedade de Magépi, que vulgarmente chamio Magé, e no continente do Rio Grande mandou fazer avultadas plantagoes qe Linho Canhamo. Depois de onze annds dous mezes & quatro dias de excellentissimo governo (deixando eteraas Memorias e saudades nesta capital) o entregou ao seu suc cessor. O TLLMO. E EXMO. SR. D. JOSE’ DE CASTRO CONDE DE REZENDE. (Actual Viee-Rei deste Estado do Brasil) ._ Tofu posse deste governo a 9 de Junho de 1790, 6 ainda governa no prezente anno de 1799. Principiou a go- vernar, mandando a hem do publico, eobrir ds eanos da Ca= rioca, para evitar os embai © fallas de agua, que experi- mentova o povo nas oceasides de chuvas, por eausa das barreiras, que cahido sobre os mesmos canos, e de outras im- mundicies, eomo folhas de arvores, # biehos que alli mor~ rida; concorrendo tudo para corrupelo das aguas, Fox continuar 9 ces pela praia chamada de D. Manoel, e mais adiante, na praia dos Quarteis de Moura mandou cons~ truir um chafariz, para ulilidade, nao st dos regimentos que por ali se dchiio aquarteladas, ¢ grande numero de mo- radores qué ha naquelle sitio, como tambem. para evitar a actual despesa, que fazia a Real-Pazenda com a conducgio de aguas para as ditos regimentos. i Em utiliddde publica, fez estabelocer nas rias desta ef ‘dade uma interessante, iuminacio; eaneorrendo para a Tmesma com lampedes, ferros, e os homens: preeisos> para cuidarem no accio delles, » na conservagiio das luzes; evi~ tando com esta acertada providencia, os insultos, ¢ dezor- dens protegidas das sombras da noite. ‘Tem reedificado todas as fortalerws da defensa desia, barra, ¢ por motivo da guerra dos francezes mandou Jevantar Narids fortes em toda a marialta da cidade, para difficul- far qualquer desembarque, que o inimigo intente fazer. (*) Teceu. unui conferencia militar nas tar~ es do tereas, quintus © sabbados de cada semana, onde se trata e expliva a tactica elementar de infdnteria, assim como tambem o inethade de dein consteuir toda a qualidade de veduetos fortes de campanda, @ outras abras desta natu- Feza, sem 0 auxilio de engenheiro, nem maior dépendencia de instrumentos, ¢ prineipios Mathematicos. Por muitas ve- zes se tom visto os regimentas desta praga na execucdo de Mifferentes ovolucdes, com as quacs lem procurado o mesmo Senhor instruir a tropa, para qualquer oecesife, que se of- Tereca; exercitando-n umas vezes na methor forma de ata~ bar 0 inimigy, assim como vm outras a You ordem, ¢ regula~ Fidade na defensa dos postos que se thes conftarem. Em differentes oocasides (em feito abarracar a tropa nos lugares mais proprics que nos offerecem os arrabaldes desta cidade, hor assistide, dando. a is acerladissimas determinacies, us plenos conhecimentos, « instrucedes, coin que devem fiewr, para as tis, que se offeregio. Para a baa disci- Plina, © conservacio dos regimentos de sili¢ing, tom ap- Plicado todos-os meins, para que possao ser utvis oa defensa deste estado, quando a occasion exigir o seu auxilio. No’ quarto anno do seu governo mandow consteuir a fragata Princeza do Brasil; minorando cour as seves arbitrias, a ores= cide despesa que Wevera fazer a Real Fazenda, na construc- fo du dita fragaia, « qual, aggreganto-ve 4 esquadra que se acha neste porto, «aio a comboiar os navios mercantes para Com a maior perfvigio, ¢ aceio, reedificou ,a igreja de 8, Sebasti#o, primeira 5é, ¢ mais antigo momumento da fun- ‘dagho desta cidade, institindo tuma irmandade, para cor Yoda a dewencia ¢ grande so tributarem os devidos cultos ‘no gloridso martir S. Sebasti#o, padrowiro desta eapital. as muity cousts tem promvvide a benetieky do Estado; ao bens publico » particular de que The resultio creditos, 7 =a Finalmente, s6 no seu goyerno é que se vitéo os cofres de S. Magestade docupados de grosso cabedal existente; ex- coptuando o emprestimo, que proximamente fizerio a 8. Ma~ gestade ps movfadores desta cidads ¢ seus edntornos, deven- do-se toda esta grandeza ao cuidado e empenho com que S. Ex. se tem interessado na boa administragio, ¢ arre- eadacdo da Fazenda Real. Com o seu respeito, ¢ agrado se conserviio a obediencia, © amor dos subuilos, a quem deseja felicilar com 0 seu go- verno, no qual, com o.anesnvo curso de avertos, ¢ felicidades, fica continuando neste presente anno de 1799, nono do seu viee-remado, (*) oy. 4 3 Pessoas que occupdo os empregns ¢ offictos de maiyr consi racdo ¢ depondencia nas varias repartigoes da admi- nistrardo publica desta cidade. Vice-Rei do Estado do Brasil, 0 Im’. ¢ Exm*. Sr. D. José de Castro, conde de Rezende. No seu palacio AJUDANTE DAS ONDENS DE 8, EX, © Him’. . D, Luiz Benedicto de Gastro, conde de Regende. Em palavio, O Briguleiro de cavalleria Gaspar José de Mablos © Lucena. Rua da Ajuda. © Mim’, Sr. D. Monoet Benedicto de Casto, Cuipitiio. OFPICIARS EMPREGADOS NA EXECUGAO DAS ORDENS DA SALA © cupilao Francisco Manoel da Silva Mello, Rua da Mise- rigordia. O segundo tenente José Lopes da Costa. Junto ao Carmo. (4) Concivid 6 Melt viow-Toinsdy no dia 14 de Outubro do 1804, tundo governade 11 antine, 4 mesed, © & dine, Sequlu-ve D. Fernando Jou de Portugal, filho do 3° Marques de Valenas: flleceu no Ho do Janeiro em Marguex do Aguiar, @ Dele ‘meio Ministro de Wxtado. 3 ‘Dopols delte regutu-ne 1D. Marcon de Noronha © Brito, §* condo eset ears OFFIGIAES EMPREGADOS NA SECRETAIUA PARTICULAR DE 8. BX. © fenente-coronel José de Oliveira Barbosa, Rug Direita. O tenente-eoronel José Constantino Lobo Botelho, Rua do Pialhio. yi SHORETANIA DE ESTADO Secretario, 0 coronel de milicias, Sebastiéo da Cunha Aze- vedo. A’ Misericordia, Official maior, José Pereira Leao. Praia de D. Manoel. ¥seriturarios, Jo%o Baptista Alvarenga. Rua do Ouvidor; Manoel José de Azevedo. Rua de Mata Cavallos. Domingos José Rosa. A’ Carioca. CORPO MILITAR HSQUADRAN DA GUARDA DE S. EX. Sargento-mér Commandante, José Botetho de Lacerda. Rua ilo Ouvidor- 4* COMPANHIA Capitio, 6 Mim’, Sr. D. José Benedicto de Casita. Palieio. Tenente, Jodo Fernando da Silva. Nua do Colovel Alferes. 2* COMPANHIA Capito. Tenente, Custodio da Silva Leite. Rua da Misericordia, Alferes, José Fernandes de Moura. Rua dos Ourives Cirurgifo-mér, André da Costa. Rua dos Peseatlores. Gupellio, o Reverendo Nanoel da Silva. Campello. Defronte de 8. Joss. Picador, Luiz Antonio. Lampaiosa. _ Fertadores, Antonio Marques. Ao quartol. Franwisco Pereira Correia. O mesmo. OFFICIAES: inceReGAD DS, A’ PLANA DA CORTH: 0 Brigedsivo supenie José ide Veloseo Molina, Com aut = REGIMENTOS DE LINHA POR SUAS ANTIGUIDADES NA ORDEM DE SERVIGO 1° REGIMENTO DO RIO Coronel, 0 lenert 1 iio Navier da Veiga Ga- Iyeal, da Cam; fovernador do Rio Grande. Venente-Coronel, Joao de Barros Pereira do Lago Soares de igueiredo Sarmento. Santa Rita. Sarenlo-mdr, José Joaquim de Lima v Silva, Rua do aquar= lelamento. 1* COMPANHIA DE GRANADEIROS Capitio, Antonio Gaetano de Castro. ‘Tenente, Francisco da Cosla Vianna. Alferes, Joiu Manoel da Fonseca Silva. 2 Gompannia Capito, F Xavier Tgnavio. ‘Tenente, Manoel de Mello. Alferes, José Pedro da Silva, COMPANHIA pO COLONEL, 1 De PUZILAEINOS Tenente, Jodo Manoel dos Santes, Alferes, Joaquim Antonio de Sousa. 2* DO TENENTE-cORONKE ‘Tenente, Franciseo de Mello da Gama, Alferes, Antonio Luiz Pereira. 2 po MAgOR Tenente, José Francisco da Costa Padviio. Alferes, Francisco de Lima da Silva. — 6 — o* Capitio, 6 Tm". Sr. D. Manoel Benedicto de Castro. ‘Tenente, José Antonio da Silva Guimaraes. Alferes, Luiz Gomes Anjos. o Gapilio, Francisco Xavier do Rego. ‘Penente, Franciseo Antonio da Silva, Alferes, Domingos Esteves dos Reis. 7 Capilio, Albino dos Santos Pereira. Tenente, José Pedro de Magalhaes. Alferes, Manoel de Sousa Pires. 8 apilio, Luiz Carlos da Costa. ‘Tenente, Joio Antonio Villas Bods. Alferes, Franciseo José Lisboa. PEQUENO ESTADO-MAION Ajudante, Manoel Antonio da Fonseca Costa. Quartel-mestre, Paulo Rodrigues Mongio. Capello, 0 Reverendo Anaclelo Pinto Gomes. Cirurgiao-mér, Antonio Januario Passos. Ajudantes do dito, Antonio José de Arauj Felizardo José de Araujo. Pedro dos Santos Ventura, ‘Tambor-mér, Joao Chrisostimo de Almeida. OPFICIAES AGGREGADOS \ ESTE nEGIMENTO 0 Tenente-corone!, Joaquim Xavier Curado. Sargento-mér, 0 Exm*. Sr, D. Luiz Benedicto de Castro. " Capittio, D, José Pedro da Camara. < Capito, Simao Lopes Velado de Larre. re, ‘Thome Bernardo da Veiga. 2° REOIMENTO DO RIO Coronel, Antonio Joaquim de Velasco © Molina. ‘Tenentescoronel, José Thomaz Brum. Sargento-mir, Joi0 Pedro Duarte. 1* COMPANILIA DE GnANADEIOS Capitio, Sebastifio José do Atnaral. Tenente, José Alvaro Marques. Alferes, Antonio de Amorim Lima. 2* COMPANHIA DE GRANADEIROB, Capitio, Claudio José da Silva. ‘Tenente, Theodoro Lazaro de Sa. Alferes, Silvestre Mangel de Vargas. COMPANITIA bo ConoNmt, 1° DE PUZILEIROS Tenente, Joss Leite Telles. Alferes, Francisco de Paula Freire, 2 DO TRNENTE-CORONEL Tenente, Felix Teixeira da.Silva. Alferes, Igniio José Gomes, 3* po Mason ‘Tenente, Marcello Maximo Teles. Alferes, José da Cunha Maciel. ou Capitio, Miguel da Silva Ramos. Tenente, Joaquim Guedes Quinhones. Alferes, Jofio Nunes Cordeiro, (Alia : , Gapilke, Antono Joes Castelolsy/., sens no egal be. Teneale, 40nd Miguel Gorevin de Castros mwa Alferes,, de Araujo Freitas. eo feces 6 €apitao, Antonio Lopes de Barros. ‘Tenente, Luiz de Seixas Sotto Maior. Alferes, José Diogo de Oliveira. 7 Gapitéo, José Antonio de Mendonga. Tenente, Felix de ‘Seixas Solto Maior. Alferes, Jeronimo Braz de Sampaio. i Capitio, aa ‘Tenente, Alferes, Antonio Carlos Correia de Lemos. PEQUENO ESTADO-MAIOR Ajnilante, Manoel dos Santos de Carvalho. Quartel-mestre, o Capitio Francisco Rodrigues Correia. Capello, o Reverendo José Vieira Lima. Cirurgiaio-mér, Luiz Caetano da Costa. Ajudantes do dito, Manoel Joaquim. Joaquim Sardinha. Manoel Ricardo. Joie Manoel, Tambor-mér, José Felix. OFFICIAES AGGREGADOS A ESTE REGIMENTO O tenente-voronel, Manoel Alves do Couto Reis. Ajudante, Reginaldo José da Costa. © tenente, Joaquim José Burien. Dito, Antonio de Morass. _ Dito, Caetano Leite Pereira de Mello. © alferes, Simplicio Alves Coutinho. _ Dito, Franciseo José Silvino, . =e — COMPANHIA DE BOMBEIROS Capilao, 4° tonente, Antonio Duarte Nunes. 2 tenente, José Gomes da Fonseca. COMPANTIA DR MINEIOS. * Capito, Manoel Francisco dos Santos. 4° (enente, Bernardo Henriques de Miranda. 2 tenente, Tosé Custodio de Almeida Bessa. COMPANHIA DE ARTIFICES Capilio, Lurenco Cactano da Silva. 4° Tenente, Joao Cosme Damiao, 2 Tenente, Francisco de Paula Cardoso. 2* QO TENENTE-CORONEL 4° Tenente, Joaquim do Valle Silva, 2 Tenente, Manoel Borges lo Nascimento. 3 bo Mason Tenente, Elesbio José da Silva. 2 Tenente. a Capilaio, José dos Reis ¢ Oliveira. 4° Tenente, Francisco de Macedo. 2 Tenenle, José Lopes da Costa. oo Capilao, Antonio de Sousa Sepulveda. 4° Tenente, Joao Pacheco Lourengo de Gastro. 2 Tenente, Miguel de Oliveira. - 6 Capilao, Anastacio Correia Ys 1" Teente, Anton Jove Pinto da Cunt 2 Tenente, Miguel dos Santos Maia. =o i ” Capitio, Francisco Manoel da Silva © Mello. 1° Tenente, Francisco Rodrigues da Silva. 2 Tenente. PEQUENO EM Ajudante, 6 Capito Joio José Nunes Carneiro. Quartel-mestre, Manoel Coelho Saldanha. Capello, 0 Reverendo Antonio Ferreira de Andrade. Girurgifio-mér, Thomaz Gomes de Gouyta. Ajudantes do dito, Joaquim José da Costa. Francisco Bonifacio da Fonseca, Joao José da Silva Xarem. Manoel Luiz de Santa Anna. Tambor-mér, Francisco, Borges. OFFIGIAES AGGREGADOS A ESTE REGIMENTO O Tenente, Francisco de Oliveira Cunha. O # Tenente, José Vieira Xavier Lopes. 3° REGIMENTO pO M10 Coronel, Camillo Maria Tonnelet. ‘Tenente-Coronel, Joao Alberto de Miranda. Sargento-mér, Vicente Ferreira Portugal de Vasconcelos. 4° COMPANITIA DE GRANADEIROS Capitie, Francisco da Gama Lobo Coelho. Tenente, Joao Bernardo Coimbra. Alferes, Ildefonso Rodrigues do Prado. 2 COMPANTIA DE GRANADEIOS Capito, Miguel José Barradas. Tenente, Silverio Dias de Campos. Alferes, José Rodrigues Janeiro. COMPANHIA DO ConoNEI, 1* DE PUZILEINOS =o 2* po TENENTE-CORONEL Tenente, Antonio José da Silva, Alferes, 8* po MAgon Tenente, Francisco Pereira de Castro © Mello. Alferes, Luiz Manoel da Silva Paes. 4° COMPANTIIA Capito, Aureliano de Sousa e Oliveira. Tenente, Javintho de Mello. a Alferes, José Joaquim da Cunha Azeredo. 5° COMPANHIA, Gapitao, Antonio Joao Torres. s Tenente, = Alferes, 6" conrpanatta, Capito, Silvestre Correia de Mesquita. ‘Tenente, Alferes, Bartholomeu Rodrigues Gareia. ‘7* COMPANHIA Capit&o, José Joaquim Wa Silva. Tenente, Manoel da Costa Freitas Freire, Alferes, Luiz Gomes da Cruz. 8 CoMPANTIIA Capito, Henrique de Mello. ‘Yenente, Antonio da Costa Barros. Alferes, Joio Gomes Correia. Ajudante, Joo Ferreira da Rocha. tf Quartel-mestre, Joaquim Gomes Atahide. o Reverendo Manoel sifiemar® imo isa Arma, Say rat —-u— Franciseo José de Araujo. Manoel de Oliveira Candelaria. _ Agostinho Francisco Barbosa. ‘Tambor-mér, Bartholomeu José Marques. ~ OFFICIARS AGGREGADOS A ESTE REGIMENTO © Sargento-mér, Luiz Sotero da Costa. © Gapitao, José Nunes Ferreira. O Tenente, Miguel Pires de Sousa. OFPIGIAES REFORMADOS, © Brigadeiro, José da Silva Santos. © Coronel, Paulo Martins. ESQUADRAO, REFORMADOS Os Tenentes, Antonio Joao Martins Britto. José Manoel de Sousa. Franeiseo Xayier Gomes. 41° REGIMENTO © Alferes, Jofio Diegues. © Girurgiao-Mér, Jos¢ Gonsalves. 2° REGIMENTO Os Tenentes, Francisco Ferreita do Amaral, Manoel de Santa Anna. Leonardo Antonio. \ José Cardoso Penedo. ‘Tomaz Correia Barreto. son José Bernardes de Abreu, alferes, Francisco da Costa Moura, Bi hes aot = ges S° neisnENTO © Quarlel-Mestre, Manoel José Gomes de Mabide. © Tenente, Francisco Rodrigues Simando. © Capitio, Henrique Vicente Lousada, © Tenente, Francisco Paes Sardinha. REGIMENT EXTINGTO © Tenente, Sebastiao de Cruz Pombo. il © Quartel-Mestre, Bento José Alves. ‘ 0 Tenente, Salvador da Silva Brando, © Alferes, Domingos Rodrigues de Q. © Capitia, Joaquim Vieente dos Reis. ESTREMOZ © tenente, Francisco Godinho Barradas. © Girurgiao-Mér, José Joaquim de Almeida. COLONIA, © Capitao, Euzebio da Silva Gomes. © Tenente, Gregorio Nunes Cordeiro. DRAGHES DO RIO GRANDE © Alferes, José Joaquim Proenga. en SANTA CATHARINA O Tenente, José da Silva Gularte. x O Tenente, Luiz Manoel Feijé. ACADEMEA MILITAR, No anno de 1699 mandou 8. Magestade estabelecer nesta cidade huma aula de fortifieagao, ordenando que se dessem 5D rs. por dia aos aulistas, ¢ sendo soldados se Ihes dessem 03 mesmos 50 rs., aléin dos soldos, e que se n&o admittissem Pessoas de menos de 18 annos, ¢ fossem excluidos aquelles ae pelos exames anaes dessem a conhecer a sua incapa- cidade. , > _ Ignora-se 9 nome do primeiro Lente ao qual se soguiu— José Fernandes Pinto Alpoim, vindo de Lisboa em Sargento —B— \ Mor de artilteria e lente. A este por sua morte, succedeu vo eapitde Euzebio Antonio Ribeiras, e depois delle o coronel do regimento de artilheria Antonio\Joaquim de Oliveira, & presentemente existe 0 tenente coronel de mesmo regimento, José de Oliveira Barbosa. Lente, 0 Tenente-Coronel José de Oliveira Barbosa. Substituto, o Capito Anastacio Correia Vasques Seeretario, o Capitao Joao José Nunes Carne! Em Novembro de 1793 estabelecea o Exm. Sr. Conde Vice-Rey uma aula para insirucgdo da mocidade que tem a honra de servir a Sua Magestade nos regimentos de linha ¢ imilicias desta capital. Inspector, o Tenente-Coronel Joaquim Xavier Curado, LENTES De fortificacao, de Mr. de Bitond, o Capitao Antonio Lopes de Barros. De geometria pratica, de Mr. Belidor, 0 Capitdo Albino dos Santos Pereira. De arithmetiea, de Bezout, 0 Tenente Francisco Antonio da Silva. De desenho, de Buehett, 9 Tenente Aureliano de Sousa, De idioma francez, 0 Tenente-Coronel José Caetano de Araujo. Das primeiras letras, 9 Tenente José Alvaro Marques. Sefretario, o sargento-mér de Milieias, Domingos Francisco Ramos Filho. CORPO DE ENGENEMOS Sargento-mér, Joaquim Corréa da Serra. Dito, José Gorréa Rangel de Bulhoens. Ajudante, Antonio de Sousa Coelho. Partidistas, Francisco José Trancoso. José Anicelo Viegas. f= Camillo José dos Reis. art Francisco Carlos de Moraes. Aureliano José da Costa,» Francisco Manoel Dormundo. FORTALEZAS casrELLo. conceigio Governador, Francisco dos Santos Xavier, Ajudante com exercicio de almoxarife, Manoel Travassos da Costa. FORTE DO LEME Commandante, 0 Sargento-Mér Luiz Sotero da Costa. FORTE DE 8. CLEMENTE Commandante, 0 mesmo. PONTE DE MANOEL VELHO Commandante, o Ajudante Engenheiro Antonio de Sousa Coelho. PORTE DA GLORIA Commandante, 0 mesmo, FORTE DO TREN = Commandante, 0 Gapitio Francisco Manoel da Silva Mello. FORTE DO MoURA Commandante, o Capitio Anastacio Corréa Vasques, FORTE DA PRATNEA Commandante. BATERTAS DE MORTEIROS ARSENAL Commandante, o Tenente-Coronel José de Oliveira Barbosa. ae SANTO IGNACIO Commandante, o Tenente Antonio Duarte Nunes. Aife Aasiet trends. os 50 : 4 é ae ee Eyre teak —m— . FORTALEZAS DA BARRA SANTA GRUZ Governador, 0 Tenente-Coronel José Joaquim da Cunha ‘Pontes. Ajudante, José Lopes Pola. ‘Almoxarife, Manoel José. Gapellao, uin Religioso de Santo Antonio, por alternativa, 8. ToKo. Governador interino, 0 Coronel Joio Rodrigues Gago- Ajudante, Franvisco José da Silva. 9° ‘Almoxarife, Antonio Vieira. Capello, o Reyerendo Antonio Peres. LAGE Commandante, 0 Sargento-mér Gaetano Pimentel de Vabo. Almoxarife, Domingos de Sequeira. Capellao, 0 Reverendo Joaquim José de Bastos, FORTALEZAS DA PRAIA DE FORA, E PICO Commandante, o Capilio Francisco Duarte Malha. ‘Almoxarife, serve hum ‘abo de esquadra. PRAIA VERMELHA Governador, 0 Capitao Francisco José de Mello. Ajudante, Thomaz Alves da Cunha, Almoxarife, José Vieira. Capelli, um Religioso de Santo Antonio por alternativa. BOA VIAGEM. Governador. CARAGUATA * Commandante, o Capitio Miguel José Corréa de Castro. =—% — Almoxarife, Antonio José de Sa. Capella, © Reverends Gervasio Machado. ILMA DAS GORRAS Governador, 6 Tenente-Coronel José Monteiro de Macedo, Ajudante, José de Oliveira. Almoxarife, Francisco Antonio. Capellao, o Reverendo Conego José Felippe da Silva, CORPO DE MILICIAS REGIMENTO DE CAVALLARIA Coronel, José Antonio de Veras Souto Maior, ‘Tenente-Coronel, José Constantino Lobo Botelho, ‘Sargento-Mér, Miguel Nunes Vidigal. 1* COMPANHIA Capitio, ‘Tenente, Manoel Antonio Alferes, Eloy dos Santos Simbes. 3 costmagatia Capitéo, Miguel Antonio de Oliveira. Tenente, Joio Braulio Pimentel. Alferes, Claudio José de Vargas. 3° compaxnia Capilio, Joao Ferreira de Lemos. ‘Tenente, Joao Carvalho de Oliveira. Alferes, José Barbosa da Silva, A* coMPANTTIA — 5* compannia “ Capitdo, Bento de Oliveira Braga. Tenente, Bento de Araujo Barreiros. Alferes, Ailtonia José de Abreu. G* CoMPANEIA Capitao, Manool Frazio de Souza Rendon, Tenente, Francisco Perel¢a de Oliveira. Alferes, Manoel Joaquim de Moraes, 7 copanmia Capitae, Paulino José Pinto Carneiro. Tenente, Joaquim José Pereira de Magalhaes, Alferes, Luiz José Poveiva Magalhies, 1° REGIMENTO DE MILIGIAS DE INFANTARIA, DA FHEGUEZA DA CANDELAMIA Coronel, o Exm’. Viee-Rei conde de Rezende. ‘Tenente-Coronel, Pedro Carvalho de Moraes. Sargento-mér, Jojo Mariano de Deos. COMPANHIA DE GRANADEINOS Capita, Antonio Correia da Costa. Tenente, José da Silva Vieira. Alferes, José Antonio da Costa, COMPANHIA DE CACADORES eS 2 Capildo, Antonio Fernandes Vas. ‘Tenente, José da Costa de Araujo Barros. Alferes, José Antonio Gomes. ot Gapiléo, Lourengo de Sousa Meirelles. Tenente, Fernando Pereira de Carvalho. Alferes, Braz Carneiro Leao Sobrinho. re Capitio, Antonio José Ferreira de Abreu. Tenente, Antonio José Joaquim Jacobina. Alferes, José Lourenco de Magalhaes. 5s Capito, Diogo de Castro Guimardes. ‘Tenente, Narciso Luiz Alves Ferreira. Alferes, Gaspar Coelho Leal. 6 Gapiléo, Braz Carneiro Leao. Tenente, José Teixeira de Mello. Alferes, Bernardo Ferreira Braga. A i ae Gapitio, José da Costa Pinheiro. Tenente, Manoel da Silva Regadas. Alferes, Gonstancio José da Motta. ea PREQUENO ESTADO-MAIOR Ajudantes, José Anastacio Machado. Francisco Xayier da Cunha. Quartel-Mestre, Nuno José. Cirurgifio-Mér, Fraucisoo Mendes Ribeiro. ‘Tambor-mér. OFFIGIARS AGGREGADOS A ESTE REGIMENTO Capities, Joao Alves Guimaraes. Domingos Alves Ribeiro. Luiz Antonio Lopes. Francisco Baptista de Sousa Cabral. Tenentes, Vicente José Gomes. Joaquim Ribeiro de Almeida, Damaso Antonio da Rocha. Custodio José Coelho. Alferes, Jeronimo José Lopes. Marliniano de Sousa, 2° REGIMENTO, DA PREGUEAIA DE SANTA RITA Goronel, Manoel Alyes da Fonseca Costa. ‘Tenente-Coronel, Manoel Ribeiro Guimardes. Sargento-Mér, Manoel Feliciano. COMPANTIIA DB ORANADEIROS Capito, Domingos José Ferreira. ‘Tenente, Antonio Ramos da Silva. Alferes, Domingos Xavier de Castro. COMPANHIA DE CAGADORES Capito. Tenente, José Alves Guimaraes. Alferes, Antonio Francisca Ferraz. 4* COMPANHIA DE FUZILEMOS “Capitan, Claudio José Pereira da Silva. ; ‘Tertuliano Manoel da Silva Regadas. fe dha Neue Capildo, José Maria da Fonseca Costa. ‘Tenente, José de Sousa Reis. ‘Alferes, Manoel Francisco Navier. ED Gapitao, Manoel José da Costa. Tenente, Antonio Ferreita Pinto. ‘Alferes, Luiz Antonio Ferreira da Costa. Capito, Bernardo José Ferreira Rabello. ‘Tenente, Manoel Joaquim Ferrio. Alferes, Manoel Gonsalves, ot Capitao, Francisco José Rodrigues. Tenente, Manoel de Oliveira Costa. Alferes, Antonio Ribeiro da Silva Queiroz. ot Gapitao, Joaquim de Sousa Meirelles. ‘Tenente, Anacleto Rodrigues da Silva. Alferes, Francisco José das Neves. ra Capildo, José Pereira de Sousa Caldas, ‘Tenente, Custodio Moreira Lirio. Alferes, Francisco Jos¢ Guimaries. s Capilao, Manoel Francisco Ribeiro. ‘Tenente, Manoel José de Carvalho. Alferes, Manoel Tavares Bastos, PEQUENO ESTADO-MATOR i“ eet 3 Quartel-Mestre, Antonio Pereira Dias. Cirurgiio-Mér, Manoel Dias Serra Cavalleiro. ‘Tambor-M6r. ’ OFFICIAES/AGGREGADOS A ESTE REGIMENTO Capilao, Antonio Cosme Damifo. 3° REGIMENTO, DA PREGUEZIA DE S. JuSE’ Coronel, Fernando Dias Paes Leme. ‘Tenente-Coronel, Antonio Nascentes Pinto. Sargento-mér, Manoel de Moraes Antas. COMPANHIA DE GRANADEINDS : ’ Capitao, Joo Pinto da Silva Guimaraes. Tenente, Manoel Gomes Pereira, Alferes, Manoel Gonsalves Vianna. ; COMPANHIA DE GAGADORES Capitao José André Guimarie Tenente, Manoel Antonio Claro. Alferes, Claudio Mariano Antunes. ; 1* COMPANHIA. DE PLZILAEIHOS Gapilao, Jeronimo de Barros Moreira. ‘Tenente, Antonio Ferriandes da Costa. Alferes, Demingos dos Santos Raptista. 2 Capita, José Coelho Kolim Vandeck. Tenenle, Antonio José Teixeira Guimaraes. - Alferes, Agostinho Alves Villela, as Capilao, Manoel Mendes Salgado. ‘Tenente, Jaime Mendes de Vasconcellos. Alferes, Manoel Lopes da Silva. 5 Gapitio, José de Sousa Meirelles. ‘enente, Antonio Luiz dos Passos. Alferes, Manoel Antonio da Costa. 6 Capitio, José Caetano Moreira. ‘Tenente, Manoel Ferreira da Silva Crus. Alferes, Joaquim José de Oliveir: r Capitio, José da Costa Barros. Tenente, Joio da Costa Silva. Alferes, Francisco do Valle Rodrigues. 8* Capitio, José Manoel Gonsalves Villela. Tenente, Sebastiio Luiz Vianna. Alferes, Gaspar Alves Lima. PEQUENO BSTADO-MAIOR Ajudantes, Antonio Francisco Alves. Franciseo de Mattos. Quartel-mestre, Domingos Luiz de Azevedo. Cirurgiae-mér, José Joaquim de Pina. ‘Tambor-mér. OFPICIAES AGOREGAD®S A ESTE REGIMENTO as 4° REGIMENTO, DOS HOMPNS PARDOS LIBERTOS: Coronel, José Bento da Silva. Tenente-Coronel, José de Frias. Sargento-mér, Albino dos Santos Pera. COMPANHIA DH GRANADEIROS Gapitao, Martinho Pereira de Brito. Tenente, Manoel Alves da Silva. Alferes, Antonio Correia Tavares. COMPANHIA DE CAGADORES Capitio, José Ignacio da Silva Costa. Tenente, Manoel Barbosa Coutinho. Alferes, Manoel de Moura Brito. 4* COMPANHIA DE PUZILEIROS Capilio, Alexandre Dias Rezende. Tenente, Joaquim Francisco da Cruz. Alferes, Bernardino de Senna. Capita, Gaetano Pereira Durdo. Tenente, Luiz Correia Ximenes. Alferes, Manoel José Ferreira. * Capitiio, José Ignacio Correia. Tenente, Manoel de Faria Vianna. Alferes, José Ferreira da Silva. = tt s Capitdo, José Pereira dos Santos Brito. Tenente, Joaquim Ribeiro de Santa Anna. Alferes, Caetano José de Oliveira. o Capito, Theodoro Ferreira de Aguiar. Tenente, Ignacio Ribeiro Guerra Alferes, Eugenio José da Fonseca. v Capiliv, José Borges de Aguiar. ‘Tenente, José Correia. Alferes, Joao da Lapa. s Capitio, Antonio de Navaes Campos. ‘ Tenente, Manoel dos Santos Sousa. Alferes, Valentim José de Almeida. PEQUENO ESTADO MAIOR Ajudantes, José Sebastiio de Sa, Manoel Francisco. Quartel-Mestre, MiguelJosé Ramos, Girurgido-mér, Luiz de Santa Anna Gomes. Tambor-mér. CORPO DAS ORDENANCAS: Capitio-mér, Domingos Vianna de Castro. Sargento-mér, Anacleto Elias da Fonseca. Ajudantes, Manoel Francisco Peixoto. Domingos José Martins Vianna. a Joao Moniz. R Manoel Dias de Lima. Capitio de campanba, Antonio de Oliveira Pinto, 1° coMpaNata pa rneaurata pa sé Capito, Juliéo Marlins da Gosta. ‘Lenente, Joss Julifo Alves da Costa. : - Aifores, Dionisio Antonio Netto. y = 2 Capitio, Filippe da Cunha Valle. ‘Tenente, Joao Alyes Vianna, ‘Alferes, José da Costa Dias. s Capitio, José Pinto Dias. ‘Tenente, Manoel Bento Lopes. Alferes, Joao Fernandes Lopes. {* COMPANITIA DA PREGURZIA DA GANDEDARTA Capitiio, José Dias de Castro. ‘Tenente, Joao Alberto de Almeida Vidal. Alferes, Manoel Correia Codecn. Capitao, Eugenio Gonsalves de Almeida. ‘Tenente, Manoel Gonsalves de Carvalho. Alferes, Jofo Ignacio da Costa. rs r Capiliio, Manoel Luiz Ferreira. ‘Tenente, Joio da Silva Monteiro. ‘Alferes, Luiz Antonio Martins de Araujo. {* COMPANHIA DA FREGUEZIA DE BANTA RITA Capito, José Pereira Gpimaraes. ‘Tenente, Francisco Pereira de Mesquita, Aferes, Franciseo Martins. 4* COMPANHIA DA FREGUEZIA DE §. JOSE Capita, Joao Gomes Yalle. ‘Tenente, Jofio Carneiro de Almeida. Alferes, Antonio Julio de Almeida. Capitio, Luiz José Vianna, Tenente, Custodio Cardoso Fontes. Alferes, Franciseo Duarte Monteiro. * Capitfo, Jomo da Costa Barros. ‘Tenente, Jo%o Marciano de Azeyedo. Alferes, Bento José de Magalhaes. 1* COMPANHTA DE CHACARETROS Capilao. Tenente, Domingos Gonsalves Lima, Alferes, Antonio José Alves. o Capitan. Tenento, Francisco José Tinoco, Alferes, Manoel José Rocha. 3 Capit&o, Antonio dos Santos. ‘Tenente, Antonio da Cunha. Alferes, José de Oliveira do Pilar. COMPANHIA DOS FORASTEIROS Capito, Manoel Alves da Costa Passos. Tenente, José Rodrigues Pereira. Alferes, Joio Francisco Pereira da Fonseca, OFPICIARS DE FORTALEZAS Capitées: Manoel Guedes Pinto. Vicente José de Araujo Gomes. Manoel Rodrigues de Barros. Luiz Antonio Ferreira. Toko Alves de Azevedo. José Gonsalves Fontes. Joo Fernandes da Costa. Joio Pereira Ribeiro. Antonio de Jesus Evangelho. Joao Ignacio da Silveira. Join Pereira Lemos. Manoel José de Azevedo Sousa. José Marvellino Gonsalves. Joaquim Gesteira Passos. Domingos Pinto de Miranda, Joaquim Antonio Lopes da Costa. Aleixo Paes Sardinha. Manoel Alves Machado. José Joaquim Ferreira Barbosa. Domingos Gonsalves de Sousa. Antonio Rodrigues da Silva. José Joaquim Mendes Pimenta Lourengo Antonio Ferreira Manoel José Pereira. José Antonio Barbost José Barbosa. Antonio José de Mello © Cunha. Joio Baptista Carneiro da Silva. Joao Rite de Araujo. Luiz Duarte Monteiro. Luiz Bandeira Martins. Manoel Fornandes ‘Tavares. Antonio Nodrigues de Carvalho. Joio de Siqueira. Manoel Velho da Silva. Joio Alves Ribeiro. Tenentes: Antonio Barhosa Passos, Francisco de Faria Salgado. Amaro Velho da Silva. Antonio Fernandes da Torre. Caetano Lopes da Costa, Antonio de Sousa Rabello. Joao de Sousa Valle. Viveate José de Queiroz. Antonio de Sousa Silva. Manoel Moreira da Silva eronimo Miguel Antunes. Antonio Joaquim de Azevedo. José Fernandes Sardinha. Antonio José Rodrigues da Fonseca. Franciseo Antonio Matheiros, Carlos José Moreira. Joo Baplisia Alvarenga. Justine Fernandes Machado. Antonio Machado Nunes. Antonin Caetano da Assumpeio. Manoel Caetano de Moura. Sebastiao da Costa Maia. José Rodrigues de Carvalho, Bento José da Gosta. José Antonio da Costa Guimaraes, Joaquim Moreira Garcez. Francisco José Leite Guimaries, José Antonio Pinheiro. Manoel Caetano Pinto, Antonio José Lopes de Araujo. Franeiseo José da Cunha. José Francisco Rodrigues Gastro. losé Antonio de Oliveira Guimaries, Matheus de Sousa Lopes. Manoel José Mendes Guimaries. Domingos Antunes Guimaraes, Manoel Coelho da Silva Filho. José Rodrigues da Silva. Antonio José de Carvalho. Francisco Antonio Guimaraes. Joi da Costa e Silva, Francisco José Ferreira ¢ Pena, . Jolin Damasceno. = (insite = José Gonsalves dos Santos e Sa. Manoel Francisco da Rosa. Jofio Ribeiro da Silva. Antonio Fernandes Perei Manoel Gomes de Oliveira. Custodio Rodrigues Velloso, Camillo Caetano dos Reis. Alferes: Manoel Gomes Souto. Joao da Silva Pinto. José Severino Gesteira. Custodio José Fernandes Silva. Joaquim Correia dos Santos. Manoel Pinto Monteiro Dins. Manoel José Antonio. José Gomes Pupo Correia. Joao Pedro Braza. Lourenca Campeaio da Silveira. Jofio de Sousa Motta. Francisco Ribeiro. José da Silva Bari Bernardo José de Fi Antonio Dias Carneiro. José Francisca Moreira, Francisco da Costa Marques. José Paulo da Rosa. Joo Lopes dos Santo: Manoel José de Mesquita. Francisco Xavier de Moraes. Manoel de Mello Braga. Manoel Antunes Lopes. José Pereira de Azevedo. Brancisco Antonio. Joaquim José de Sousa. Joaquim Fernandes de Castro. Alexandre Pereira. Bernardo José Pereira, Thomaz Pereira Lima. Antonio da Silva Guilherme. Bernardo Lourenco Vianna. Filippe Vidal. Miguel Alves Chaves. = 90 José Caetano Cihrio. Luiz Antonio da Silva Fidalgo. Caetano Manoel da Motta, Claudio Nunes Rosa. Francisco Pavao. José de Abreu Pimentel, Antonio Joaquim de Marin. Domingos Marques da Costa. José Manoel Menezes Coutinho. José Antonio Fernandes. Joo Pereira de Andrade. Manoel Botelho de Mello. Luiz Fernandes de Sousa Domingos Lopes do Espirito Santo. Aleixo José Antunes. José Pinto Teixeira. Pedro Antonio da Silva. Antonio Teixeira Britto, Antonio Luiz da Motta. Manoel José da Cunha Bastos Ignacio Botelho de Sequeira Antonio Gonsalves Chaves, Bento Antonio de Carvalho. Antonio Gonsalves Dias, Salvador de Carvalho. Anlonio Pinto da Costa. Lulz Correia da Silva. Manoel José de Faria. Joaquim José Teixeira. Manoel Ferreira de Fraga Joaquim José de Sequeina Brandéo. Antonio José Ferreira de Oliveira. José Nunes Martins. José Antonio de Mattos José Francisco de Sous, OFFICIAES DAS ORDENANCAS DE MALTA. | Gapitio-mér, José da Motta Pereira, Sargento-mdr, Thomaz Gonsalves, "I 7 Mv Capitdes: Manoel Jorge da Silva. Antonio de Oliveira Guimaraes. José Gonsalves dos Santos. Francisco da Cunha Pinheiro. Manoel José de Sampaio. José Coelho de Lemos. Jofio Barbosa Loureiro. Alferes, José das Caldas. ‘HOSPITAL, MEAT, Administrador, 0 Sargento-mér Antonio Rodrigues do Espirito-Santo. Escrivao, Francisco Xavier Souto Faria. Mordomo, José Pereira Sarmento. Comprador, Jofio Baptista de Faria. Medicos, Antonio Francisco Leal. José Carlos de Moraes. Cirurgiao-mér, Joo Antonio Damasceno. Dito do banco, Manoel de Oliveira Candelaria. Boticario, Raimundo Pereira Xavier. Enfermeiros: Thomaz de Araujo. Joio Affonso. Antonio Ricardo, Francisco Sudré. Franojseo do Amaral, Enfermeiros: Franciseo Antonio. Ignacio Lourengo, Manoel da Vera-Cruz. Francisco de Paula. Floriano Marques. Antonio Martins. \ Manoel José Correia. Capellies, dous Religinsos de Santo Antonio por alter nativa. REAL TREM == Fiel do dito, 0 Cabo Nazario Vaz de Barcellos. Eserivao, Francisco de Paula. Carpinteiro, Simao da Costa. ARSENAL Patrao-mér, Manoel Quaresma. Dito do Bergantim de 8. Ext, Francisco José Gonsalves, Dito do Intendente da Marinha, Manoel Francisco, Dito das Ordens, Manoel José. Dito, Joaquim José. Dito da Intendencia do Ouro, Franciseo Lopes. PISSOAS EMPREGADAS NA MEAL FABRICA DA CGAS\ DAS ARMAS DA CoNcEIGRO Inspector, © Governador Francisco Xavier dos Santoz. Eserivao, Antonio Luiz da Fonseca. Mestre da fabrica, Pedro Tavares F Contra-mestre, Domingos Pereira Cardoso. Mestre cozinheiro, Antonio Manoel Almoxarife, 9 Ajudante Manoel Trayassos da Costa. TRIBUNAL DA RELAGRO Teve principio nesta cidade em 1752 por ordem de Sua Magestade o Sr. D. José I, que 9 mandou erear pelo Chan- eeller da Bahia Joo Pacheco Pereira, com sete Desembar- gadores, Agostinho Felix dos Santos Capello, Manoel da Fonseca Brando, Mathias Pinheiro da Silveira Botelho. Joo Cardoso de Azevedo, Miguel José Vieira, Pedro Mon- teiro Furtado de Mendonca, Ignacio da Cunha; ficando o dito Joao Pacheco Pereira por chanceller governador desta Relacfo, na qual tomarao todos posse em 15 de Julho de 1752. Governador, o Il". e Ex™*. Viee-Rei do Estado, Chanceller, o conselheiro Luiz Beltrao de Gouveia de Almeida. DESEMBAROADORES AGRARIETAS 4* Casa, Francisco Alves de Andrade. 2 Dita, Jofio de Figueiredo. Dita, Franeiseo Luiz Alves da Rocha. A* Dita, Antonio Rodrigues Gaioso. — 99 5* Dita, José Feliciano da Rocha Gameiro, 6* Dita, José Antonio Valente. 7 Dita, Ouvidor geral do crime, Luiz José de Carvalho & Mello. Dito do civel, o mesmo. Juiz da corda, Francisea Alves de Andrade. Procurador da dita, José Soares Barbosa Guarda-mér, Perro Henriques da Cunha. Ezequiel de Aquino f Dito, José dos Santos Rodrigues de Araujo. Guardas menores, Francisco Xavier da Dito, Manoel Alves de § Meirinho, Braz Gomes. - Escrivao do dito, Ignacio José de Barros. Medico, Luiz Caetano da Costa. Gapellio, o Hv". José Vieira Lima. Portwiros das audieneias, servem dous guardas menores, Escrivio da ouvidoria do crime, Pedro Henriques da Sunha. Dito do civel, Juaw Luiz Alves Machado. Dito da corda, Romas Pedro Cotr' Sollicilador da justipa, Manoel Rodrigues de Si. INQUIRIDORES DA RELAQKO Do crime, Joaquim José Monteiro Diniz, Do civel, Manoel Lui i Contador, Aleixo Paes ADVYOGADOS DA RELAGAO José Velho Pereira. Joo Gomes de Campos, Joaquim José Suzano da Silva. José de Oliveira Fagundes. Manoel do Quintal. Domingos de Freitas Rangel. Manoel Ignacio da Silva Alvarenga. © Rvs Francisco Correia Vidigal. José Mariano de Azeredo Coutinho. Domingos Sree da Assumpcio, Francisco Xavier Fagundes. © Rvs José Lopes Ferreira. Francisco Xavier de Lima. Francisco Nunes Pereira Joio Gonsalves Portugal, Agostinho José da Cunha. José de Franca de Miranda. José Nunes, Pereiras Bernardo Pinto Carneiro. Francisco Carneiro Pinto de Almeida. SOLLICHTAPORES DE NUMERO Jesé Manoel de Andrade. José Francisco Chaves. José Prancisoo Panquinhas. Manoel Luiz Alves. David Peixoto. Antonio Marcelino. da Mata. Joaquim José Ferreira, André Lope José Narciso de Oliveira: José Joaquim de Sousa. Caetano Xavier, Joaquim de Moraes, Clemente José Ribeiro. Antonio Ferreira Raposo. Manoel da Fonseca Fernandes. Carcereiro, Antonio Franviseo da Conceigio. Meirinho, 0 mesmo carcereiro, Eserivio do dito, Francisco Ribeiro. Campos. OUVIDORIA DA COMMARCA Ignora-se o anno da sua ereago pela falta de noticias & das muitas folhas com que se acha de menos o livre mais antigo do cartorio desta ouvidoria, jf No eatalogo dos reverendos prelados adinis tradores: eceleintios desta capa! achel que em 1637 $6 ; que no dito anno Dresos e remettidos Lisboa Tuna! do Santo Officio — Rocha Pilla na sua historia da America Portugueza a fls. 488 diz que no anno de 1696 na cidade de Olinda capital de Pernambuco, ¢ nesta de 8. Sebastitio do Rio de Janeiro introduzira o Sr. Rey D. Pedro II o lugar de Juizes de Fora aos Ouvidores lilerarios que jé nelles baviio, divi- dindo por ambos a Provedoria dos defuutos ¢ ausentes, ¢ que desde entao se fivaraio fazendo as eleigdes dos officiaes da ca mara na forma dos da Babia, porém que pela distancia que ha desta dquella cidade fora concedida por Provisio do mes- mo Sr, poderem os Governadores dellas em cada uma, com 0 Ouvidor e Juiz de Fora limpar as pautas cada anno, @ esco- Ther os offieiaes que nella hao de servir, pelo detrimento & mora, que havido experimentar em se enviarem ao Desem~ Dargo do Pago da Bahia. Alé 6 mesmo anno de 1796 havia em lodas as camaras do Brasil hum Juiz ordinario da vara vermelba, 03 quaes foriio abolides a requerimento da Relagio da Bahia, e ereio que estes primeiros, que oecuparGo os lugares de Ou- (0 Lempo em que Sua Magestade mandou para os imesmos empregos siijeilos litterarios; pois inda hoje vemos que nog impedimentos do Juiz de Fora, serve o Vereador mais velho, e que em todas as Villas do reconcavo desta cidade ha dous Juizes ordinarios que governio sels mezes cada um. Ouvidor, serve interinamente o Juiz de Fora. Eserivao, Juliao Ignacio da Silva. Dito das execuydes, Esteviio da Silva Monteiro. Meirinho geral, Salvador Rodrigues Estimado. Eserivao do dito, Antonia Barbosa de Mattos « Meirinho do campo, Izidoro Manoel Rodrigues. Escrivao do dito, José Martiniano. Juis de Fora, Em hum dos antigos livros de registro das ordens Reaes que ha na Provedoria ou Tntendencia da Marinha desta cidade, ‘se acha registada @ ordem de Sua Magestade de 28 de Feve~ reiro dé 1703 para se darem 200$000 de ordanado ao Juiz de Fora Francisco Leit&io de Carvalho e outra de 2 de Marco do dito anno para 508000 de ajuda de custo. Daqui se infere que até este tempo nfo houve Juiz de Fora, e fazia as suas funogdes o Ouvidor da commarea como fica dito. Joxé Bernardo de Castro. Faustino Soares de Araujo. atthe, Ignacio Miguel Pinto Campello. José Antonio Toixeira. Antonio Teixeira de Carvalho. Eserivéio das execugées, Estevao da Silva Monteiro. Inquiridor e distribuidor, Luiz Meirelles Pereira, serve por elle Roberto José de Mello. Porteiro geral, Verissimo José do Nascimento. Meirinho da cidade, Ignacio Pereira Sarmento, Escrivao de dito, Manoel Antonio de Moraes, Provedovia da Camara dos defunios e ausentes. Provedor, Serve o juiz de fora. Escvivao, Pauly José Guedes, serve por elle Antonio Luiz Ferreira de Menezes. ‘Thesoureiro, Joao Furtado de Mesquita, _ Solicitador, José Joaquim da Costa. Provedoria dos defuntox ¢ ausentes, Capelas e Residuos. Provedor, 0 Dr. juiz de fora José Bernardes. Eserivao, Paulo’ José Guedes, 0s mais como acima. Juizo das Despesas. Juiz, 0 Desembargador Luiz José de Carvalho. Esprivio, Felix José Morato, serve Ezequiel de Aquino Cesar de Azevedo. ‘Thesoureiro, o guarda mor Pedro Henrique da Cunha, Solieitador, 0 guarda menor Manoel Alves de Si, Intendencin da Policia, Intendente, 0 Desembargador Luiz José de Carvalho. Eserivao, Pedvo Henriques da Cunha. Juizo das Degredados. Juiz, 0 eps aeeadte Taiz, José de Carvalho, ‘Eserivao, ‘Henriques da Cunha, ‘Solicitador, Manoel Martins de Si, — i Chancetlaria. Chanceller @ Juiz, 0 consellisiro Luiz Beltrio de Gouveia de Almeida. Escrivao, José Teixeira de Mello. Cobrador da Dizima, Antonio José Lopes de Araujo. Porteiro, Thomaz Pedro Cotrim de Almeida. Juizo das Justificagdes India ¢ Mina. Juiz, o Desembargador Luiz José de Carvalho. Eserivio, Jofio Luiz Alves Machado. Conservatoria dos Medeiros. Juiz conservador, 0 Ouvidor da Commarea, serve 0 juiz de Fora. ¥serivéo, Joao Anastacio Rangel Coutinho, Meirinho, Antonio Pereira Chaves. Juizo de Orfios. Nao foi possivel encontrar documento algum para co- nhever 0 anno da sua creacio, porém achei que em 1609 ja existia; porque no cartorio deste juizo se acha o auto de in- ventario feito por fallecimento de Antonio Leia e de sua mulher Maria das Candeias, aos 10 dias do mez de Agosto de 1609, sendo juiz Luiz Cabral de Tavora. ¥sta vara existe na Casa do Juiz actual ha 46 annos. O primeiro que a obleve com carta de propriedade foi o ca- pitdo de infanteria Diogo Telles de Menezes a quem Sua Ma- igestade em remuneragio dos sous servicos, faz esta mered no anno de 1639 passando desde esse tempo de pais a filhos, © presentemiente ja se achava o Dr. Antonio elles de Me- neres fitho do actual com a mesma Mereé conferida por Sua ‘Magestade no anno de 1797 que nao eve effeito por fallecer quando vinha a exercer 0 dito emprego, = b= Thesoureira do eofre, Pedro Barbosa Passos. Meirinho, Franeiseo Xavier Goelho. Feerivio do dito, Thomar de Franca. Senate da Camara. © ineeniio de 20 de Jutho de 1790 om que so abrasou ¢ arehivo deste senado, tem dado inotive para a ineerteza do anno de sua ereacio, e por esi eausa me vali dos documentos que you mostrar por achar neiles que no anno de 1567, em que o governador geral Mendo de Si, fez mudar a povoacio fa Villa Velha para o sitio onde estabeleceu os primeiros fundamentos da nova cidade, eva eserivae da camara Diogo de Oliveira, sendo certo que este ou outro qualquer sujeito no exerceria o dito emprego sem que houvesse corpo de ca mara com alguma formalidade, — Porlaria do juiz pela lei — 0 escrivio da camara logo que receber esta minha por: labia, pessard por eertidéo a carla de sesmaria do Rocio ¢ termo desta cidade do Rio de Janeiro. Rio, 10 de Margo de 1790. — Guimaraes. — Filippe Cordovil de Sequeira e Mello, cavalleiro professo na Ordem de Christo e eser da camara desta cidade de S. Sebastiio do Rio de Janeiro, ete. Gerlifieo que vendo ¢ examinando o livro das escri~ pluras do senado, nelle a fls. quarenta e duas se vé a ses- maria do leor seguinte. — Carta de sesmaria das terras do Rocio e termo desta cidade do Rio de Janeiro. Saibao quan- tos este instrumento de confirmagao da carta de sesmaria das torras do Rocio do conselho e termo desta cidade, dado © confirmady a requerimento dos povoadores e situadores della virem, que no anno do nascitnente de Nosso Senhor Je~ sus Christo de 1567 annos aos 10 dias do mez de Outubro do dilo anno, © nesta cidade de 8. Sebastiao do Rio de Ja- neiro, terra desta costa do Brasil em as pousadas de mim escriviu abaixo nomeado, appareceu um escrayinho de Diogo de Oliveira escrivao da Camara desta cidade, e pelo dito eseravo me foi apresentado um auto de presentago de uma peticao que os moradoves e povoadores desta cidade fizerfo ao St. governador Mondo de Si, pelo qual escravi- no me foi dito que o dito Diogo de Oliveira seu senbor. ime pedia e vequeria que Ihe fizesse este instrumento de carta de Sesmaria em férma, por quanto de presente n&o havia procurador do conselho, ¢ no qual auto e peticio vi- nha um despacho nella do Sr. Mendo de Sé do conselho @'El-Rei Nosso Senhor ¢ capitéo da cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos ¢ governador geval de todas as Ca- = 10) pitanias @ terras de toda esta Costa do Brasil, pelo dite senhor, do qual auto, petiefin, despachos e mais papeis, ¢ fraslado de tado de verbo ad verbum 6 0 segninte. — Anno do naseimento de Nosso Senhor Jesus Christo de 4567 a0% 48 do mez de Agosto e em esta cidade de 8, Sebastiio. ‘Eu eserivio abaixo nomeado fui as pousadas onde ora pousa © Sr, Mendo de 84 governador geral, e Ihe dei uma petigao que aqui adiante vai, a qual os moradores & poyoadores desta cidade me der’in que desse a sua senhoria, a qual € assignada por elle para dar rocio a esta dita cidade, 0 qua} eu The dei por ao presente nao haver procurador do con- selhio, Eu sobredilo Dingo de Oliveira, eserivag du Ca mara desta cidade que 0 escrevi, — Traslado da peticao. — Sr. governador, Dizem © povo e moradores desta cidade de S. Sebastido, que ora V. S. novamente situou, que em todas as partes do reino de Portugal, as cidades tem gran- dies recios av redor para pastos de gados, como seja cousa muito necessaria e por que esta cidade de S. Sebastiio até © presente nao tem rocio limilado, e se espera com ajuda de Devs ser muito povoada, ¢ aléim dos moradores que ova ten, virem muitos do reino ¢ de outras partes viver a esta terra. pelo que tem necessidade de grandes pastos para os gados, para tambem ao redor fazerem rossas de mantimentos, que ao presente senio podem farer, em as terras que sho dadas de sesmaria por a terra nao estar ainda segura para se nellas estenderem a cultivar fazer mantimentos, pelo que pedem a The lin ra desta cidade até o Ingar da Piraqua, em que podem ser tres legoas poueo mais ou menos, as quaes pedem tenha para todas as parts em redondo sem tribulo nentum, que sendo menos senis pédem postar os gados por a mér parte desta terra estar fem matos bravios © ser necessarin derrubarem-os para da~ rem eryagens para os gados, que ao presente aqui ao redor nfo tem: ny que receberdo mereé. A qual petigio vinha as- signada pelos ditos moradores, Manoel de Britto, Antonia Fernandes, Simio Barriga, e outros mais, ete. — De tude venho a inferir que esta camara teve principio com a fun- dagio da nova cidade pelo mesmo fundador Mendo de Sé, no anno de 1567. No de 1642 por alvard do Sr. Rei D. Joio TV, the forfio concedidos os privilegios e regalias da camara da cidade do Porto ¢ Tnfangoens, os quaes até o presente tem sido confirmados pelos soberanos que se tem seguido; e no anno de 1647 teve do mesmo senhor o decreto seguinte.— — Hayendo respeito ao grande amor e lealdade com que os _Moradores da stdnds de 8. Sebastifiondo Tio de Janeiro, ms — 100 — tem servido, e servem em tudo o que se offerece de meu servigo, bem commum, conservayéo © defensa do estado do Brasil, desejando fazer-lhes mereé muito conforme 4 boa vontade que Ihes tenho e ao que merevem por as razdes re- feridas: Houve por bem fazer-Iha que em ausencia do es- crivio ou aleaide mdr da quella praga, faga a camara da dila cidade 0 officio de capitio mér, e tenba as chaves della; @ outro sim Ibe fago mereé do titulo de Leal. O desem- hargado do pag Ihe faga passar nesta conformidade as doa- gdes @ mais despachos necessarios. — Em Alcantara, a 6 de Junho de 1547. — Rey. Presidente, o Dr. juiz de f6ra José Bernardo de Castro, Vereadores, o tenente coronel Manoel Ribeiro Guimaraes. © coronel Ignacio Manoel de Lemos. © capitio Antonio Gomes Barroso. Procurador, 0 capitio Roque da Costa Franco. Fstrivio, Antonio Martins Britto, serve Joaquim José Freire. Thesoureiro, Antonio Fernandes Vaz. Sindico, 9 Dr. Francisco Xavier Lima. Porteiro @ guarda liveos, Antonio José Coelho. Aleaide, Antonio de Sousa Mendes, Juizo de Almotaceria. Almotaceis, 0 capitio José Pereira Guimaraes. Jofio Fernandes Vianna, Eserivio, Antonio Moreiré Rendairo, Bento José Ribeiro, Juizo da Administrardo dos E:xmos. Viscondes de Assecd. Por deereto de Sua Magestade, de 23 de Julho de 1777, passou esta administractio para os chaneelleres do Reino que ficarfio sendo administradores e juizes privativos de todas as causas pertencentes aos Exmos. viscondes. Atites de passar aos chancelleres andava esta adminis traedo no Rv. conego penitenciario Franeiseo Fernandes Si- moens, @ era juiz privativo das causas della um desembar- gador desta Relanio. Presentemente foi abolido éste Juizo por ordem de Sua ‘Magestade, para serem es na Relagio ~—¢omo pulead = 101 — Intendencia gerat do oure. Teye principio no anno de 1750, no qual foi Sua Mages- tade servido (abolindo 0 methodo com que se cobrava o quinto do ouro em Minas) erear duas intendencias uma para a Bahia, e outra para esta cidade do Rio de Janeiro, nomeando para intendente desta o Bacharel Joao Alves Si- mées com a mere de béea por carta do 10 de Dezembro de 1750. Intendente, José Feliciano da Rocha Gameiro. Eserivio, Rodrigo José do Valle. Dito da confecencia das harras, Joaquim José Gonsalves Cadote. Moirinho, Manoel Antonio das Neves. Mesa da Inspeccio. Prinipion a ter exercicio no 1* de Janeiro de 1754+ compie-se de um presidente que sempre ¢ o intendente ge- ral do otro; dous‘deputados, um por parte da lavoura, ¢ outro por parte do commercio, e um eserivao que serve de secretario, Os officiaes da intendencia geral do ouro sic dbrigados pelo regimento da inspeccio a servirem na mesma inspecefio quando, ¢ preciso. Presidente, José Feliciano da Rocha Gameiro. Deputado por parte da lavoura, Jeronimo Vieira de Abreu. Deputado por parte do commercio, Francisco José Leite. Hserivao e secretario, Felisberto José de Almeida. Meirinho, Mangel Antonio .das Neves. Real Erario, Prineipiou no anno de 1767 por ordem de Sua Magestade ‘em carta datada de 18 de Mareo do dito anno; mandando jun- tamente um guarda-liyros e dous eseripturarios com as ins- trucedes necessarias para creagao ¢ eslabelecimento do novo methodo que devia haver na administragiio ¢ arrecadagio da Real Fazenda. Presidente, 0 Tlmo, e Exmo, Viee-Rei. ‘Thesoureire, Joaquim Francisco de Seixas. Eserivao, Joo Carlos Gorreia Lemos. Fiel de thesoureiro, Francisco Duarte Nunes. s -arios contadores, José Pinto de Miranda. n = ibe — Eseripturarios, Antonio Marianng de Azevedo. Francisco de Paula Cabral. Franeiseo Lopes da Silva. Bonifacio José Sergio. José Joaquim da Silva Galvio, Felix Ferreira de Andrade. Manoel Joaquim Freire. Joan Rodrigues Vareiro. Franciseo Lino de Sequeira Antonio José de Moraes Brando. Franeisco Castano da Silva, Marianno Pinto Lobato. Joao Carlos Correia Lemos Filho. Antonio Gaetano da Costa, Continuos, Ignacio Caetano Costa, Ignacio José Lins. Porteiro, José Antonio Barbosa, Thesouraria das despesas. ‘Thesoureivo, Joio Carneiro de Almeida. Fiel do dito, Nateiso Ferreira de Sousa, Eseriviio, Sebasliao José Sande Nabo, serve José Maria da Fonseca (i Junta do Real Erario. Presidente, o Imo, e Exmo. Vice-Rei. Depulados, 0 chanceller Luiz Beltrao de Gouveia. © intendente da marinha José Caetano de Lima. © procurador da corda, José Soares Barbosa, © thesoureiro geral Joaquim Francisco de Seixas. 0 eserivao do Erario Joio Carlos Correia Lemos. Officiaes pertencentes d Secretaria da Junta, Seerelario, Franciseo Dias Carneiro, Ajudante do dito, Antonio Homem do Amaral, Guarda livros e porteiro, José Ferreira de Amorim. Administracdo do emprestima Real que fizerdo os moradores desta capital em A797. ‘Thesoureiro, Joio Carneiro de Almeida, Contador e escriviio, Franeiseo Lopes da Silva, Keorivilo, Antonio Caetano da Silva, = 403 — Administracdo do Correio. Foi estabelecido em 24 de Abril de 1798, por ordem de Sun Magestade, ¢ administrado pela Fazenda Real. Administrador, Antonio Rodrigues da Silva. Rerivao, Caetmo Luiz de Araujo. Ajudante, Manoel Theodoro, Fiel da balanga, Manoel Nunes de Montes. Continue, Lourenco Valadares. Intendencia Geral da Marinke Este tribunal foi o primeiro e unico que se estabelecen nesta cidade com o titulo de provedoria da Fazenda Reat para a administragio © arrécadacio da mesma, ¢ nelle se conservou a dita administracio até o anno de 1767, em que o Sr, Rei D. José T mandou rear a Junta Real Erario para onde passou a maior parte desta administracio. ‘A sua antiguidade difficulta a certeza de époea em que prineipiou a ter exercicio, e sémente acho que ja existin em 41583, @ que era provedor Salvador Correia de 84. So anno proximo passado foi abolido o titulo de Prove- doria, tomando o de Intendencia Geral da Marinha, por or dem de Sua Magestade, que nomeou para intendente o chefe de divisio graduado chefe de esquadra José Caetano do Tima, o qual tomon posse no dia 30 de Agosto de Tntendente geral, José Caetano de Lima. serivio, Manoel da Camara Cesar. Dito da 1* ¢ 5 classe, Francisco da Costa Cordeiro Escripturario do dito, Francisco de Azevedo Santos. Esevivio da 2, 3 ¢ 4* classe, Manoel Carlos de Abreu Lima, Escripturario do dito, Manoel Muniz de Noronha Escrivio da receita ¢ despesa do dito, Valentim Antonio Villela. Eseripturario do dito, Francisco Monteiro. Almoxarife, José Ramos de Araujo. Fiel do armazem, José Pinto Gardoso. Dito das madeiras, Antonio Nunes. Dito da ribeira, Manoel Ignacio Pena de Mesquita. Continuo, Antonio José de Sousa Vilarino. Apontador das ferias, Manoel José Duarte. Guarda do arsenal, José Antonio Fernandes. Dito da vepartigfio da ribeira, Antonio Luiz Peixoto. da intendencia, Carlos Francisco. Juiso da Corda Juiz, o desembargador Francisco Alyes de Andrade. Eserivéo, Thomaz Pedro Cotrim de Almeida. Solicitador da Fazenda, José de Britto. Esorivio dos feitos da mesma, Joaquim José de Novaes. Meirinho, José Antonio de Castilho. Eseriviio do dito, Joio Marques Ribeiro. Thesouraria Geral das Tropas Principiou a ler exercieio em 1776 por ordem de Sua Magestade o Sr. 1D. José 1, que a mandou crear por Manoel Joaquim de Azevedo e Joaquim Manoel Angelo, vindos dé Lisboa para este fim, dando dquelle o cargo de thesoureiro geral das tropas da America, e a este 0 de commissario as- sentista. ‘Thesoureiro geral, Manoel da Silya Menezes. Commissario pagador, Sebastisio Pereira Barbosa, Commissarios assentistas, Domingos de Sonsa Caldas. Manoel da Silveira Peixoto. Continue, Antonio Xavier Henriques. Juizo da Alfandega. Ignora-se 2 sua creago por nio haverem documentos quo decisivamente mostrem 9 sen primeivo estabelecimento. No anno de 1625 4 existia, porque em Abril do dita anno, ordenou El-Rei Filippe IV que nesta Alfandega se dessem livres de-direitos os generos que pertencessem qos padres da companhia. Juiz, 0 desembargador José Antonio Freire Ribeiro. ~ Hscrivdo da mesa grande, Miguel Joio Meyer. Thesoureciro, Domingos Antonio Pereira. Fiel do dito. Administrador, Conferente dos bilhetes do consulado, José Antonio Freire de Andrade. Mesa de Abertura. Feitor 1", Mareos Antunes Marcello. Dito 2°, Guilherme José, Eserivio, Hermoginio José Pereira. — 105 — Dito dos bilhetes, José de Sousa Mello. Conferente, José Cactano Lopes de Oliveira. Mesa da Bolanca. Juiz, Manoel da Fonseca Costa. Eserivdo, José Antonio de Miranda. Feitor, Joio de Almeira Lima. Gonferente, Francisco Antonio Henriques. Porta Principal. Porteiro, 9 wesembargador Toaio Antonio Salter de Men- donga, serye por elle Luiz Manoel da Costa Prates. Conferentes, Manoel Gomes dos Santos. Manoel Alexandre Alves. Guardas, Clemente Pereira da Cunha. Antonio Vidal. Porta do Mar. Recrivio, Antonio Ribeiro Freire. Dito da guarda costa, Manoel Cactano da Silva. Guarda da porta, Manoel Rodrigues Frade. Ponte da Alfandega. Guarda mér, Franeisoo de Macedo Vasc., serve Aleixa Paes. Feitor da marinha, Antonio José Henriques. Guarda de mar, Ricardo José Francisco Galyao, Guardas da ponte, José de Sousa Vieira. José Pereira da Silva. ‘Dom 24 guardas, 12 do numero da repartigao do Guarda mér, ¢ 42 da administracio. Tribunal da Moeda. _ Representando a Sua Magestade os moradores desta ci- de Pernambuco a necessidade que havia nestas duas " 106 — - os 4 Bahia para se reduzirem em moeda corrente, foi ser= vido mandar que fechada a casa da moeda da Bahia, pas- sassem as suas fabricas a esta cidade ¢ depois a Pernambuea, ordenando ao chancellor superintendente que mandasse as instruecdes e ordens necessarias para se governarem os mi- nistros que havitio de ser juizes conservadores da moeda ndstas duas provineias, 0 que executou depois de reduzido em nova moeda provincial o dinheiro antigo, a prata e ouro, que houve para se desfazer na Bahia, fechando a casa no anno de 1698 (endo laborado quatro. Passou José Ribeiro Rangel, juiz da moeda com todos os officines © instrumentos da fabrica della para esta ci- dale, onde chegou, comecando a ter exereicio em Feve- reiro de 1699, vindo por juiz conservador o desembargador daquella cidade Miguel de Siqueira Castello Branco, © la- vrado 0 dinheiro antigo prata e ouro que nesta provineia havia para se reduzir a nova forma, se transportirio os officiaes com a fabrica para Pernambuco. Cone)nido ne Brasil este ta se fechariio nelle as casas de moeda, até que com os novos descobrimentos das minas de ouro do sul, se mandarao outravez abrir na Bahia e nesta cidade, no anno de 1703, sendo nomeado por sua Magestad: para superintendente della o Dr. Ouvidor desta capital José de Siqueira, e provedor Manoel de Sousa que vein de Per nambuco com os mais officiaes. Juiz conservador, 0 Dr. Ouvidor da eomarea, serve o juiz da fora. Provedor, José da Costa Mattos Thesoureiro Custodio Alves Guimaraes. Fiel do dito, Manoel Bento Lopes. Eserivao da receita © despesa, José Alberto da Silva Leitéo. Eserivio da conferencia e registro, José Antonio Radmak. Juizes da balanca, Joao da Costa Mattos. José de Sousa Santos. Eserivio das ligas,,José Maria da Silva Bravo. Dito dag entradas do ouro, Joko Marciano de Azevedo. Porteiro e guarda livros, Camillo Caetano os Reis. Continuo, Luiz José dos Santos Marques, Meirinho, José Tavares Vieira. Pundicdo. = > Mestre, Bento Marques Fortuna, Pundidores, Antonio Joaquim de Azevedo. = ior Manoel José Gonsalyes Villela. Pacundo Pires. José Antonio da Costa. Ajudantes, Salvador Sobral Coutinho. José Joaquim da Costa. Franeisco da Silva Carvalho. Antonio Pereira. Ensnios. Enzaiadores, Antonio Delfim Silva. ; José de Oliveira Quaresma. Antonio Cardoso Ramalho, Ajudantes,.Luiz Gularte de Oliveira. José Rodrigues Souto. Francisco da Costa Chagas. Abricio. Mestre 1°, Joaquim Monteiro de Faria. ‘Mestre 2", José Alves Pinto. Ajudantes, Felix Xavier Pinto. ‘Thomé Joaquim da Silva Leitho. Cunho. Cunhadores, Luiz José do Amaral. Joiio Antonio da Silva Leitio. Fiel das fieirss, Viclorino Estacio de Oliveira. Guarda cunhos, José Domingos Monteiro. Ferraria. Mestre, Anionio Martins Bastos. José Joaquim Ferreira. José da Silva Bordal. Franeiseo José de Si. = 408: — Mappa dos niviog de guerra,cda gente da guarnt eldade do Rio de Janeiro, sendo commandante bro de 1711 (Noticta extrahida da Historia GUARNIGAO DOS NAvIOS Nomes DAS EMBARCAGOES Brigadeitos ‘Ajutante do Mator Guartas marishas, ‘Ajudante de artiheria ‘Achilles. torte ‘Amazon. Estrea, Argonauta lelelelelelalelelelslelel z B z B 8 z < Z z z a g 3 Walt lel [eb lellelslelels| 11 de Setem- soawa70$ we oe Brancezes rendérao = ‘weqyurdieg ‘coup vop eavuepaly wovlew ypuono) #9 1.900. ‘00209 maTALHONs cu se FORMADAG dos mesmos com : i i i i i : i cho REVISTA v0 INSTITUTO HISTORICO B GEOGRAPHIC BRASILEIRO TOMO XXI — 2° TRIMESTRE DE 1858 ALMANAC HISTORICO DA CIDADE DE 8, SEBASTIAO bo RIO DE JANEIRO COMPOSTO: POR Antonio Duarte Nunes TENENTE DE ROMBEIROS DO REGINENTO DE ARTILMERIA DESTA PRAGA ANNO DE 1799 rEREGIDO AQ INSTITUTO WISTORIGO PELO SA. José Pedro Wemeck Ribeiro de Aguilar Memorias da fundasio da Yreia de S. Sebastito, primeira matele que hove nesta cidade, com © cathalogo dos prelados admi- nintradores que houverao até o tempo em que foi elevada w dignidade de S€ Episeopal, ¢ os bispos quo tem havido até v presente, A igreja de 8. Sebastido foi a primeira e unica mate que houve nesta cidade até o anno de 1628, com pouca di ferenga, em que foi erecta freguezia a igreja de N. 8. da Candelaria, © nfo sendo possivel descabrir-se -monumente algum por onde consle da epoca da eriagao desta primeira freguecia do Rio de Janeiro, fico por isso sujeito 4 inter prelacio critica, valendo-me dos signaes,.que indicko a pro- do Lempo analisando as noticias, que pela histor pude adquirir desde a fundagdo desta cidade. = 12 ‘$6 formal, mas material, no lugar onde se Chamou até certo tempo Villa Velha; nao consistindo por entio a igreja ma- lerial senfio em uma casa coberta de palhas, segundo per mittiio as circunstancias do lempo. Mudada a poyoucdo para o lugar em qué hoje existe, © muito principalmente para o terreno, em que se vd fundads a casa da Misericordia, e outras mais, foi de necessidade que tambem se mudasse a igreja, e com effeito se fundou no alto monte de 8. Januario. Quando se principiou esta obra, nio me foi possivel saber; mas 0 tempo em que se finalisou 6 certo ser no anno de 1583, como se 1é no epitafio gravado sobre a pedra se- pulehral do Capitao-mér Governador Kstacio de Sa, man- dado fazer por Salvador Correia de Si seu primo, e sea suc- vessor no governo. E' bem prayayel que s6 0s Missionarios da companhin estivessem trabalhando no curativo das almas, nfo s6 Indias, mas tambem dos primeiros povoadores deste Continente até que cultivados ji, e reduzidos a melhor estado, Ihes fosse dado particular Sacerdate, para os curar e parochiar, pelo Diocesano da Bahia: mas, quem, e em que tempo princi~ piara a existir, ignora-se tolalménte, porém he certo qus pelo mesmo Diocesano correu o cuidado desta capitania até o anno de 1576, Neste referi¢o anno a instancias do Sr. Rei D. Sebas- tio foi obtido do SS. Padre Gregorio 13 em data de 19 de Julho 6 Breve pelo qual se desmembrou ‘esta eapitania eceelesiastica da Diocese da Bahia, a que estava sujeila, 0 fem consequencia foi instituido um Reverendo Administra dor, a quem concedeo 8. Santidade toda a jurisdicgao, e go- vorno espiritual da dita capitania com o poder e faculdades quasi episcopaes; dando, ¢ concedendo ao dito St, Rei, @ seus sempre augustos successores 0 poder e faculdade de pro- ‘Yer, o deputar a pessoa, que houvesse de servir o dito cargo, e que em virlude da provisio que se Ihe passasse podess exereita-lo, e usar da dita jurisdiegdo, sem outra confic- magi, approvagaio ou licenga. Por effeito do dito Breve, nomeario os Snrs. Reis deste Reino as pessoas dignas para virem occupar a Prelatura, e serem Administradores da jurisdicgio evclesiastica di eapi- tania, @ lugares da governanga da cidade de 8. Sebastitio do ‘Rio do Janeiro. ‘Em tempo ja da Prelatura 6 es tree Pace eta Ie dite Dt — 113 — Vaptismos, que conserva na camara ecelesiastica deste Bis- Pado. Seu nome era Martim Fernandes, o qual 6 certo qus estaya Vigario desta igreja de S. Sebastiao no anno de 1601, como se vé de uma certidao de baptismo feita por elle, que se acha nos autos de Genere de Diogo Gomes Moco (M. 4! numero 20). » Foi esta Igreja de S$. Sebastiio de nalureza collativa, como se aleanca de um documento que se conserva no Ar- chive do Cabido, e por elle se vé que o Reverendo Adminis- trador Ecelesiastico pedio ao Governador geral em 45 de Setembro de 1628, que visto ter nomeado ao Reverendo Joao Pimentel para vigario da Igreja Matriz de 8. Sebastio, 0 propozesse em nome de 8. Magestade em virtude do Alvara de 21 de Setembro de 1625, para confirmar na igreja da qual foi ultimo e immedialo possuidor 0 Reverendo Martim Fer- nandes , Continuou collada até a creacdo da Sé de cujo tempo por diante ficou sendo 0 Curato de natureza amovivel; ultims- mente se creou de novo de natureza collativa pelo Alvara de 30 de Maio de 1753, © Decreto de Sua Mageslade da mesma data, tendo servido desde a creagao da Sé os seus Parochos com o titulo de Curas; e nesta epoca se creou tambem na mesma Sé a nova cadeira de Conegos Guras, @ della tomou posse seu primeiry conego cura o Reyerendo Antonio José Malheiros no dia 19 de Agosto desse mesmo anno daa Prelatura nesta cidade pelo Breve do SS. Padve Gregorio 13, como fica dito foi o 1." cleito. O Keverendo Dr. Bortholomen Simdes Pereira, Presbytero do habito de 8. Pedro Os odios eeclesiasticos do pove, que nfo soffria repre hensio de seus yieios, nem se sujeitaya i obediencia da igreja e ao temor de Deos, foro os motives de se retirar este Prelado para a capital do Espirito Santo pertencente & sua jurisdigao, onde acabou a vida com suspeitas de envene- nado. © dia da sua posse, ¢ fallecimento nao consta por falta- rem os documentos; porém é certo que em o 1° dia de Julho de 1594, ainda existia, porque no dito dia passou uma pro- cissio a favor do Provedor, e mais Irmaos da Misericordia para que o Vigario da Parochia se nao intrometesse nas suax ‘leigdes (Archivo da Santa Casa) . ama 8 — 14a O Reverendo Dr. Jota da Costa, Presbytero do habito de S. Pedro. Succedeo ao 4." nao 86 na Dignidade, mas na fortuna, Es- tando em 8. Paulo, depois de duplicados desgostos, com que ‘© maliratavao, de correrem até delle para o injuriarem, dew fim 4 carreira da sua justificada e innocente vida, O Reverendo Dr, Matheus da Costa Aborim, Presbytero do habito de S. Pedro. Foi nomeado por provisio d'El-Rei D. Filipe 9.* de 20 de Julho de 1605. Tomou posse deste cargo em o dia 2 de Ou- tubro de 1607. Falleceo em Fevereiro de 1629, e foi sepul- tado na Gupellinta do Santissimo Sacramento da Igreja de Sfio Sebastiao na mesma Sepultura em que jazia seu grande & verdadeiro amigo o Reverendo Vigario que foi da mesmy igreja, Martim Fernandes. © Reverendo Dr. Fr. Maxime Pereira, Monge Benedictino. Bra nesse tempo 8° ou 9° Abbade do Mosteiro desta ci- dade. Por provistio dos Governadores do Bispado da Babi, em nome do Ill. ¢ Reverendissimo Bispo D. Miguel Pereira, passada aos 13 de Julho de 1629, tomou posse aos 13 de Belgmbro do mesmo anno. Desistindo do lugar pelas mo- lestias com que se via opprimido, recolheu-se a Portugal em 24 de Setembro de 1630. O Reverendo Dr. Pedyo Homem Albernaz, Presbytero do havito de S, Pedro. Por desistencia do seu antecessor oceupando entiio os lu- gares de Provisor © Vigario geal desta cidade, ficou tambem exorcendo a Jurisdi¢io Prelaticia, até que por nomeagao do Gloro desta Cidade foi-lhe conferido logitimamente a Prela~ tura no dia 23 de Janeiro de 1630, ¢ a servio até Setembro de 1633 por nao poder por mais tempo tolerar as ignominias © desattengdes com que actualmente a tratava o povo, porque niio quecia nomear para Vigario a hum tal clerigo chamado por alcunha o Arreyessa~toucinhos. Q Reverendo Dr, Lourengo de Mendonca, Presbytera P do habito de 8, Pedro. ; nomeado por El-Kei D. Filipe 4" no anno de 1632. ‘posse a 9 de Setembro de 1633, ¢ com este lugar as afrontas com que o tratou 0 poyo desde os pri- — 115 — meiros dias da sua residencia, até que por malignidade e aleivosia 0 fizerao embarcar em hum desapparelhado barco, deixando 0 seu ultimo destino 4 providencia: mas por ultimo foi como preso, e remettido ao tribunal do Santo Officio por crimes, que nfo podia commetter; ¢ ali mostrando-se inno- cente, foi mandado consultar por S, Magestade para o cargo de D. Prior do Convento de Aviz. Antes que se ausentasse (segundo parece no anno de 1637) nomeiou para the succeder e@ eacher o seu lugar ao Reverendo Dr. Pedro Homem Albernoz. Segunda vez servio a Prelatura, na qual foi confirmado, & apresentado por El-Re! D. Filipe 4.*, em quanto a nio pro- yesse de propriedade, ou nao mandasse © contrario, pela pro- visio de 2 de Setembro de 1639, na qual Ihe concedeo a fa~ culdade de poder substituir o mesmo cargo na pessoa, que The parecesse poder servir em sua ausencia, e impedimento que tivesse niio podendo elle servir. Exerceo este cargo até sueceder-Ihe © Reverendo Dr. Antonio de Marins Loureiro, Pre bytero do habito de 8. Pedro. Por nomeagio de 8 de Outubro de 1643, 0 ellegeo o Sr. Rei D. Jofio 4° para vir succeder assim na Prelatura como nos infortunios, que parece andavéo annexos a este cargo, porque tomando posse a 28 de Juuho de 4644, © pas sando-se a Visilur os lugares da sua jurisdi¢io em 8. Paulo, Ihe negaréo a obediencia os seus moradores, unindo-se conspirando-se contra a sua vida. E porque este malevolo intento Ihe foi participado, procurando 0 refugio do convento de &. Francisco (apezar de o terem cereado com sentinellas) felizmente escapou do perigo, restituindo-se a esta cidade. Daqui proseguindo o seu destino em visita @ capitania do Hspirito Santo, o odio que em toda a parte o perseguia Ihe ‘administrou veneno na comida com o qual perdeo logo o Juizo. Neste deploravel estado s¢ embarcou para Portugal ‘onde terminou os sous dias sem o menor remedio. 0 Reverendo Dr, Manoel de Sousa ¢ Almeida, Presby- tero do habito de 8. Pedro. — 1 © gosto de abrandar a rebeldia de homens facinorosos e ma~ levolos, que o perseguirao na mesma casa da sua residencia, ‘onde no thaior silencio na noite de 5 de Marco de 1668 0 ata eario embocando-lhe uma peca de artilharia carregada com bala, e para que esta fizesse o seu devido effeito, quando elles Jd estivessem em seguranca fora da cidade (para onde logo se relirario a fim de evitarem a suspeita, que detles poderia haver) pozeriio uma pequena porco de corda acesa com a extremidade unida a escorva, ¢ tendo-se consumido a dita corda ou murrao disparou a peca, empregando-se @ bala na parede da casa do mesmo prelado, onde por muito tempo se conservou o signal sem com tudo receber 9 Prelado prejuizo mais notavel. Por este facto detorminou retirar-se para Por- tugal onde morreo, virtuosamente tendo nomeado apcupar ¢ eneber o seu lugar, antes da sua retirada ao Reverendo Dr. Francisco da Silveira Dias, Presbytero do habito de S. Pedro. Parecia que depois de tantos annos estaria 0 povo desta cidade menos malevolo para nio molestar os seus Prelados in perseguigées Ao alheias da razdo, © da justiga, mas 0 coragho de Farad ainda se achaya endurecido para desistir das afrontas, que faziio o timbre das suas diabolicas heroici- dades. Nesta critica situacio tomou conta desta Prelazia o benemerito, © charitativo Vigario entéo da igceja de 8. Se- bastiiio; © apexar de seus honrados procedimentos nfo deixou de ser maculado por simoniaco, faxendo-o ter adquiride por dinheito « occupagio da thesouraria no lugar de Adminis- trador, © Preiado que ja servin no anno de 1674, foi con~ firmado por 8. Magestade, mandando em seu alvard de 13 do Janeiro de 1681 que se the pagasse o que tinka vencido da (erga parte do ordenado de Administrador como se the tina feito meret, © concedido pelo ‘Tribunal da mesa da Gonseciencia » Ordens, © que dahi em diante fosse vencendo alé que Ibe chegasse successor; este esperavaese que fosse © Ulustrissimo Bispo Dr. Fr. Manoel Pereira, nomeado & confirmado para primeito Bispo desta Diocese novamente erecta; mas succedeo-Ihe o Ulustrissimo Bispo D. José de Barros © Alareso, Greado e instituido 0 Cabido foi nomeado primeiro DeSo, de cuja dignidade tomou posse no dia 29 de Abril de 1687. ‘Seguindo os exemplos dos seus maiores 0 Sr. Rot D. Pedro 2° sendo Regente do Reino por seu trmio o Sr. D, Affonso 6, ¢ dosejoso do que a fé Catholica cada vez mais se firmasse, — ui © augmentasse nas regides ultramarinas, que os Portuguezes f custa de muitos trabalhos haviao livrado das escuridades da idolatria, meditou estabelecer no Brasil varias cadeiras Episcopacs. © Bispo da Bahia s6 nfo era sufficiente para euidar e provideniciar a mui dilatada regiao do Brasil, ¢ coahecendo 0 flito Senhor a necessidade de melhor administragao espiritual, cuidou pelos seus embaixadores em fazer dividir aquella dila- {ada Diocese, postulando ao Santissimo Padre Innocencio 1 a graca de erigir nesta cidade em Sé Episcopal a igreja maitriz de §. Sebastiio que the foi concedida em Bulla de 16 de Novembro de 1676. O primeiro que occupou esta ca- deira foi O Mlustrissimo D. Fr. Manoel Pereira. Era este da esclarecida Religiio dos pregadores; e pela nomeatio do Serenissimo Principe Regente o Sr. D. Pedro alcancou a confirmacao do Santissimo Padre Tnnocencio 11 datada aos 16 de Novembro de 1676. Depois de sagrado, voluntariamente renunciou o Bispado, fieando na mesma cdrte, onde occupou os lugares de Secre- tario de estado, e de Deptitado da junta dos tres estados. Fal- Jeceo aos 6 de Janeiro do anno de 1678, tends de idade 63. O Illustrissimo D. José de Barros Alareao. Por nomeagéo do mesmo Principe, foi confirmado pelo mesmo Santissimo Padre aos 19 de Agosto de 1680, 6 fomou posse da sua Diocese aos 13 de Julho de 1682. Tendo sido chamado 4 cérte no anno de 1689, seguio a sua derrota nesse ‘anno ou no seguinte; @ ali se demoron até recolher-se a esta cidade, onde chegou no dia 28 de Marco de 1700. Falleceo ‘as 6 de Abril do mesmo anno, tendo de idade 66 annos, 4 mezes ¢ 9 dias. Foi sepultado no Presbiterio do Mosteiro de S. Bento desta cidade como dispozera no seu testamento. Seus ‘ossos forio trasindados no dia 31 de Agosto de 1702 para a igreja de Santa Iria de Sacayem, termo de Lishoa. 0 Mlustrissimo D. Francisco de 8. Jeronimo. Gonego regular da congregacio de 8. Joio Evangelista, foi nomeado pelo mesmo Se. D. Pedro 2." em 19 de Dezembro 4700, ¢ eonfirmado pelo Santissimo Padre Clemente 14 “te Agesto de 1701, tendo sido antes nomendo Bispo — 18— para Macdo om 7 do Tutho de 1685, que nfio arcitou. Depois de Sagrado em 27 de Dezembro do mesmo anno de 1704 no seu convento de Santo Eloy de Lisbon, chegou a esta cidade no dia 8 de Junho, tomou posse no dia 14 do mesmo mez e anno de 1702. Entro 08 seus primeitos cuidados na sua Diocese fol a demareacho deste Bispado pola patte do Serio com 0 do Arcebispo da Bahia servindo-se para este fim da diligenéia © abtividade do Reverendo Gaspar Ribeiro Pereira, quo exe- eutot esta commissio no anno de 1703, e passando por seu Visitador a Minas Geraes, ahi creou quarenta freguezias. Nesta cidade, © no monte chamado da Conevie&o, edificon a custa (por nio bastarem oito mil eruzades, que 8. Ma- gestade Ihe havia mandado dar) 0 Palacio em que residem os Excellentissimos Bispos. A’ sua virlude se deveo o socego em que se conservou, @ convertes a excessiva desenvoltura dos facinorosos desta cidade, quando por auseneia do governador D. Fernando Marlins Mascarenhas ficou a seu cargo 6 gove:no, felicidade, tadores della. todos os bons successos, como por uma caldeira de aleatrio que aleando as enxarcias, © mais eordonlba: éo navio, oia que elle vinha de Lisboa, nfo muito distante desta eldado, por sua in io instantaneamente torminou todo o incendio ¢ livrou nfo 86 a Niio, mas os individuos da sua tripulacio de se redazivem 4 ultima aniquillagio. Outro foi o monumento da virlude deste Prolado, quando pelas suas rogativas a Deos, livrou do ultimo paroxismo no seu palasio, a um enfermo, 6 qual depois dé padecer por dilntado tempo, e nity podendo achar remedio @ sua enfermidade se nao por meio da sepa Fugho de ima porna, para ouja operacio estava Ja Aisposto, & munido com 03 remedios da alma inteiramente so restitaio, Ao precisando de outta medivina, que nho fosse o — Surge et ambula. Em memoria da victoria aloancada dos francezes em 19 de Sotembro de 4710, pelo edital de 19 de Novembro do mesmo anno, instituio, fex ser dia Santo © de gvarda pata todos 0% moradores, que vivem nosta cidade sémente o dia de S. Januari. A elle se deve a fundacdo do convento de N, Senhora da Conceigho da Ajuda, rogando juntamente com ‘A cumara desta cidade a 8. Magestade o seu consentimento, que the fol prestado a 19 de Foverviro de 1705. _ Muitas siio as argbes de virtude, charidade + pio zelo, com que este exemplar heroe da igreja se fez recommendavel = 119 — 4 posteridade, © por isso a sta memoria seré sempre eterna nos fastos dé igreja Fluminense. ‘Na idade de 83 annos, munido com os Santos Sacra- mentos, 0 tendo feito a protestagio da Fs entre as lageimas de 8@us saudosos subditos, que por ditalado tempo havito conhecido @ Sita sabedoria, © prutienieia politica, amor da par, amizade dos doutos, e paternal agasalho com que tratava & pobreza, enfrou no suave somno da morte mundana, para dar principio 4 mais preciosa vida no din 7 de Margo de 1721, Ofienot. o seu jazigo na capella de N. Senhora da Conceigfio do seu palacio Episcopal desta cidade, sobre cuja campa s¢ 14 0 epitafio — Sub tuum provsidium, O Illustrissimo D. Fr, Antonio de Guadalupe, Religioso Observant de S. Franeiseo da Provincia de Portugal. Depois dp formado na faculdade de direito Canonieo, foi servir o lugar na villa de Trancaso, que the foi destinado pola jadieatura; maz tocado de superior impulso abdisou o lugar, e 0 {rocon pela religiao dos Menores, onde viveo 22 aannos, empregados quasi em continua Missio. Neste exercicio o achou a nomeagio do sempre niemo: rayel, augusto ¢ sabio Rei o Sr. D. Jofio 3° em 25 de No- yembro de 1723. Contirmada a nomeacdo pelo Santissimo Padre Benedicto 43 aos 9 dias das Calendas de Marco (21 de Fevereiro) de 1725, foi sagrado em 43 de Maio do mesmo emno; e saindo de Lisboa no dia 2 de Junho, chegou a esta cidade no dia 2 de Agvsto, © nesse mesmo dia tomou posse do Bispado por seu procurador o Reverenio Dedo desta cidade Gaspar Gon- salves de Araujo. ‘A sua yigilancia na escola dos sujeitos habeis para ‘occupatem os Iugares do estado cleriéal, se fez yer pelo con= eoito que merecero todos os provides, bastando s6 para serem repulados merecedores, 0 seem ordenados, ou admit~ tidos om sou tempo. Desia rectissimo procedimoto nascin conservar-se independente a authoridade da igreja, e de serem rospeitadas com mais prompta observancia as suas de~ terminagies pastoraes nos lugares mais retotos do seu Bis~ pado; por que a vara da sua jurisdig¢io tanto feris ao perto como ao longe. Pelos Parochios das freguezias do reconcayo procurou ter ‘a mais importante noticia de pessoas orfis, viuvas ¢ necessi- tadas do seu Bispado, para thes assistir com avultadas @s- ‘molas, que por mio dos mesmos Parochos corria, para Ihas — 120 — distribuir diariamente. Com igual profusio olhou para os ‘Templos, como se vio nos preciosos donativos, que fez A sua Cathedral, na fundagiio da igreja de 8. Pedro desta cidade, langando-Ihe a primeira pedra no anno de 1732; na obra do Aljube, que tambem fundeu; no util edifieio do seminario do 8. José, que estabeleceo; na proveitosa fabriea do Collegio dos Meninos Orfaos, que levantou; e finalmente n’outras muitas acgdes, que a outras mnitas partes 0 lovava o seu incansavel o vigilante zelo. Esquecido da aspereza dos caminhos, e dos graves in- commodes, que erdo inseparaveis da jornada, que se deliberou fazer, passou pesscalmente a visitar as Minas Goraes. Por Bulla do Santissimo Padre Clemente 12, em data de 8 de Margo de 1738, foi nomeado visitador Apostolico, e reformador desta provincia da Conceigio dos religiosos de 8. Francisco. A sua reforma foi de tal quatidade, que ainda hoje se conserva no seu primeiro estado, © he observada sem a menor mudanca essencial, Por elle foraio dados os estatulos 4 S86 Cathedral desta cidade em execucfo a carta de 8. Nagestade de 20 de Ou- tubro de 1733 ¢ aco de 21 de Selembro de 1736. Quando mais apreciava a residencia do sex Bispado, entao o destinou o Fidelissimo Rei o Sr. D, Joao 5. para 0 de Vizeu, aos 12 de Fevereiro do 1740; © saimdo desta cidade aos 25-de Maio, chegou a Lisboa a de Agosto do mesmo anno; mas ac uel, @ continua saudade que pa- decia, pela forcada separagio da sua esposa, além das mo- lestias que o opprimiio, tio vivamente Ihe penatrario 0 o0- Paco, que por isso se Ihe conhecerdo evidentissimos signaes da pouca duragio da sua vida. Chegado 4 edrte, em poucos dias armado com os Sacra~ mentos da igreja para @ batalba da morte, na companhia dos Seus amados e religiosos irmaos do Convento de S. Ffanciseo de Lisboa, na idade de 68 annos, ¢ de governo deste Bispado 45 ¢ 29 dias entregou nas mios do seu Creador a sua preciosa vida no dia 31 de Agosto do mesmo anno de 4740, Seu corpo ficando flexivel aquellas horas, que fordo necessarias pata o exame das suas eselarecidas virtudes, e com demons tragdes de predestinado, foi entregue 4 sepullura claustral do Seu Convento como havia disposto em seu testamento, onde Jax em sterno © sandoso silencio, Foi vigilante, laborioso, ¢ resoluto nas suas determina 00s, desinteressado » muito cuidadoso em satistazer a todas as obrigagdes do seu cargo. agi O Mim. D. Fr. Jot da Cruz, Carmelite descalco da Provincia de Lisboa. Sendo eleito para succeder ao Mim. D. Fr. Antonio de Guadalupe, chegou a esta cidade no dia 3 de maio do anno de 1744, © tomou posse do Bispado no dia 4 immediato por seu procurador 0 Rev, Deo Gaspar Gonsalves de Araujo. Levado das obrigagdes pastoraes passou 4s Minas para 8 visitar e abi nao sendo bem agasalhado pelo povo, a instruegdes do corregedor ou ouvidor, que ent&o vccupava o lugar da judicatura naquella eapitania, nao deixou este pre- lado de soffrer notaveis desgostos; mas pondo na Real pro- senca de Sua Magestade as ignominias, ¢ poucs respeito com que fora tratado ¢ a causa primaria ordida pelo desarrazoado © infrigante ministro, teve a satisfagio que Ihe dev o mesmo. ver conduzide em prisio até cOrte, 0 instru= ignominias, qu tao soffreu. Nomeado oecupar a cadeira episcopal de Miranda, retirou-se desta cidade no fim do anno de 1745 ou principio de 1746, ¢ passando-se para o sen novo bispado, ahi finalizou seus dias, parece que no anno de 1756, 0 Erm. ¢ Tem. D. Fr. Antonio do Desterro, Monge Benedictino. Nomeado para oceupar a eadeira episcopal do Reino de Angola, e confirmada a nomeagio pelo Santo Padre Cle- mente 42 se sagron na Basilica Patriachal em 25 de Janeiro de 1739. Embareado para Angola, veio a esta cidade no mez de Margo de 1740, © seguindo a sua derrota, chegou & cidade de 8. Paulo de Loanda a 10 de Agosto, e a 15 tomou posse do seu bispado, sendo o decimo setimo prelado daquella diocese. ‘Tendo governado ali com edifficagko, e exemplo pelo ‘espaco de seis annos um mez ¢ tantos dias, fol nomeado por Sua Magestade para suceeder ao Mim, D, Fr. Jo&o da Cruz, © confirmada 1 nomencio pela santidade de Benedicto 14, fos 15 de Dezembro de 1745, se trasiadou para esta cidade ‘onde chegou no dia 1° de Dezembro de 1746; ¢ felta a da {6 no dia 5, aos 11 do dito mez mandou posse do bispado pelo reverendo conego doutoral, o Stas Dr. Henrique Moreira de Carvalho; fazendo a sua publica entrada no dia 1* de Janeio do seguinte anno de 4747. Summamente vigilante sobre o bem espiritual, e tem- poral dos seus subditos, procurou providenciar quanto foi Dossivel umas e outras necessidades, amigo » conservador di pas, nada omittio para obstar a toda a desordem, fazendo quo as suas devisdes fossem respeitadas. Quanto pode procurow preservar, © defender os Tngares dedicados & Deos para o seu culte, @ de qualquer irreve- renoia © profanidade. Attendendo ao bem commum da tepubliva, @ zelo do cnimprimento das brignedes de cada um dos seus subditos, Procuroy pelos meios competentes, que estes sntisfizessem 68 seus officios, nio sé para comsigo, mas para cada um dos outros. Querendo desterrar abusos, ritos gentilicos ¢ supersti~ introduzidos nas aegdes pias o santas. © obstar igual as demonstragies de inhumanidade com qua ung tra~ favo aos outros seus semelhante procurou pelas suas repotidas providencias pastoracs vedar procedimentos inju- riosos 4 mesma religiio. No zelo do culta divino foi singular, fazendo erescer e multiplicar, instituindo em todas as quaresmas o Laus- perenne por todas as igrejas da cidade, concorrendo elle com avultadas esmolas de cera para as que ero pobres e neces~ sitadas. As casas de familias a quem soccorria com lberalidade, as donzelas a quem sustentava © vestia, as viuvas que expe- fimentavito a diminuiglo das suns necessidades pelo beneficio que recebiio da sua vigilante mao, fizerio ser elle o modela dh waridade, 6 pai dos pobres, ¢ o redemptor da pobreza. Na priidéneia foi notavel: com gencrosidado sabia pro- miar os bonemeritos: no castigar os delinquontes sempre pareceo que era pai oe nfo Juiz. Finalisou com universal contentamento a obra do con- vento de Nosta Senliora da Conevigfo ’Ajuda, intentada j4 desde 0 anno de 1704, © dew principio ao exereicio da clau- sure. _ Or seminarios, 06 recolhimentos, as capellas @ igrojas ‘multiplicario com @ seu desyélo em : igiig © melhor padeéo para sua memoria; consti- fuindaine © palrimonio de tres mil eruzndos em ites tn vatag, Cases com a pequena pensio do uma missa pola Sua alii, @ do uma esmola # tr0s pobros no, dia do Desterro da Senhora, ’ A. va cathedral para a qual sempre othou com piedosa allengio, for varias doagdes 6 applicagdes de dinkeiros; por ultimo! ropartia com ella, por sia torio os seus bens insti- ‘uindo-a por sua universal herdcira © a fabriea dolla. Svernou esta cidade par fallecimento da general Gonde de Kobadella, @ neste tempo forao 8 suas providencias tao BiPriadas ainda a respeilo da guerra que eontinuava, que Se) houve este povo com total satisfacdo dellas, Logo que se despojou do governo desta capitania, entre- 9-0 &0 novo Vice-Rei deste estado, principiou a tratar fom; malor fervor da salvacio da sua alma; © conhecendo ! a pvopinquidade da sua morte depois de recebidos os ultimos Saatamentos, resignado © conforme & vontade de Deos renden & Vida entregando nas mios do mesmo Senhor o seu ospic Filo, aos 8 do Devembro de 1778, tendo de idade 79 annos 5 mezos ¢ 22 dias, e de bispe 35, Seu. sagrado corpo foi levado 4 sepultura claustral da Sua roligifo Benedictina (como havia pedido em seu testa. mento), o ali jaz com eterna saudade de toda esta cidade, A todas as honras funeraes assistio o Iiim. e Exm. Marquez do Lavradio, Vice-Rei desto Kalado com todos ag munisttos, militares da sua cérte, pessoas nobres desta ci dade, © 0 Exm. Conde de Valadares entéo ehegado do seu Governo de Minas Geracs. © Kam. ¢ Rum. D. Vicente da Gama Leal, Bisho elelto eoaijutor, e futtivo suecessor deste bispindlo presbltero do habito de S. Pedro. Por motivo das molestins peso de Anos, que padecia 6 Wxin. o Rvm, Dz Antonic do Desterto, requerendo ao St. Rei D. José T a neeossidade ao um coailjutor que 0 alliviasse do peso do regimen desta (lig. eke, fol nomeade este prolade no anno de 1755 ® confir= Mmado aos 14 das Kalendas de Agosto (19 de Julho) ds 4755 vom 0 titulo de bispo de Hetalonia. __ N&o chegou a vir para este bis} ado por se Sia Magrs= ) setvido conferir-Ihe o luge le Delo da Reab Gapolia f due ficou oceupando até a sua motte, eujo — 124 — | 0 Bem. © Rom. Sr. D. José Joaquim Justiniano Masen- renhus Castello Branco. } Nomeado para coadjutor © fuburo successor deste bis= pado, no dia 15 de Janeiro de 1773, tendo de idade 42 atmos, foi confirmado pelo Santissimo Padre Clemente 14 ahs 23 de Dezembro do mesmo anno de 1773, e sagrado en Lisboa ‘aos 30 de Janeiro de 1774, com o titulo da Tereja ipassi- tanense, ou Tipassa, conservando por especial graga (le Sua Santidade o lugar de Dedo desta Sé¢ que antes occupava, emquanto durasse a sua coadjutoria. Embareado no dia 21 de Fevereiro de 1774, nese a esta cidade no dia 16 de Abril do mesmo anno. No did\29 do dito mez feita a protestacio da fé, tomou posse ante Dispado como legitimo Bispo delle, por ter ji entiio ne seu Exm. antecessor, por ser procurador'o reverendo Con Doutoral Paulo Mascarenhas Coutinho, e fez a sia solemmi entrada no dia 28 do mea de Maio. \ Entrando no exereicio do seu ministerio, @ desejoso de \ apascentar saudavelmente, ou ministrar o pasto sio e livre de toda a sisania, pela sua pastoral de 11 de Marco de 1779, chamou a todo o clero secular © regular, para os exames de Si theologia Moral, e para que nesta sciencia ficassem instruidos = \_ 08 que se destinio a seguir o estado ecclesiastico, instituio ‘ conferencias, que por ultimo estabeleceo no Seminario de &. José, debaixo de providencias dadas pela sua pastoral de 24 de Marco de 1781, estabelecendo depois no mesmo seminario aos 24 de Julho de 1788 os estudos de filosofia, fe de rhetorica, geographia, cosmologia ¢ Historia Eeclesins— tica. ‘Deu clausura ao novo convento de Santa Teresa no dia 45 de Junho de 1780 e no dia 16 seguinte presidio ao res~ peitavel acto da publica entrada das novas candidates, que professario as mais velhas, no dia 23 de Janeiro de 1781. Por Breve do Nuneio Apostolico dos Reinos de Portugal Vicente Ranuzzi, expedido em Lisboa no dia 27 de Julho de 4784, foi nomeado Visitador Geral e reformador Apostolico dos religiosos do Carmo desta provincia, de eujo lugar tomou posse aos 16 de Fevereiro de 1785, e ainda existe no mesmo emprego. Conserva-se neste presente anno regendo o seu Bispado, que © conserva por notorios annos. A Tgreja Matriz de S. Sebastido, depois de elevada 4 dignidade de Sé Cathedral ‘6 creados os Gapitularos de que se devia compor 0 Romano Cabido della, fora creadas pelo Sr. Rey D, Jofo 5° (como — 15 — Se vé do sets Alvardé de 19 d'Outubro d'4733) mais tres Gonezias de Prebenda inteira, qyalifieadas com os titulos de Doutoral, Magistral, ¢ Penitenciario; @ assim mais duas Co- nezias de meia prebenda, ¢ quatro Capellanias. No anno de 1738 por Alvard de 30 de Maio foi creado o Curalo da Sé de natureza collativa, como fica dilo; & finalmente rio anno de 1750 por Alvara de 9 de Dezembro, foi S. Magestade servido crear mais uma Conezia Parochial, @ qual andaria sempre annexa ao Curalo da Sé; mas sé com a Congrua, que ja estava a este concedida, na qual Gonezia, por carta de apresentacio de 11 do dito mez e anno houve por bem apresentar ao Reverendo Antonio José Malheiros, que ja era Cura Collado da mesma Sé; @ @ dila Conezia se deu a nalureza de Prebenda inteira, com assento no Iugar, como as mais Prebendas inte’ pela Carta do Exm. e Rvin. Bispo D. Fr. Antonio do Desterro dirigida ao Romano Gabido na data de 19 de Novembro de 1759. Primeiros providos nos Candnicatos: Deio, o Reverendo Dr. Francisco da Silveira Dias. Chantre, Dr, Joao Pimenta de Carvalho. Thesoureiro-mér, Dr, Clemente Martins de Mattos. Mestre-Escola, Filippe de Barros Neves. Avcediago, Dr, Manoel Lourengo da Fonseca. Primeiros Conegos de Prebenda inteira; Os Reverendos: Amaro Pinheiro. Antonio Dias. Manoel da Costa Escobar. Gaspar Ribeiro Pereira. Joao da Veiga Coutinho, Gregorio Galdeira de Mello. Doutoral, Dr. Henrique Moreira de Carvalho, Magistral, Manoel de Pinho Cardido. Penitenciavio, Domingos Lopes Antunes. Gonego Gura, Antonio José Malheiros. Gonogos de Meia Prebenda: 0s Reverendos: Jorge Lourengo da Silva. — 126 — Os primeiros Conegos que comegarao a residir ¢ derao principio a louyar a Doos na Santa $6 deste Bispado, cumprindo com as obrigagSes do Goro, forio 0 Reverendo Chantre Dr, Jofio Pimenta de Carvalho, 0 Reverendo Mestre Escola Filippe de Barros Neves; 0 Reyerendo Arcediago Manoel Lourengo de Carvalho, a os Reverendos Conegos de Probenda inteira, Amayo Pinheiro, Antonio Dias, Manoel da Cosla Escobar, e Gaspar Ribeiro Pereira, em 15 de Setembro de 1688, © todos conlinuarao indefectivelmente a sua resi- dencia amara de seis mezes alé 15 de Margo de 4687, em que a concluirao. Os mais Capitulares fordo successiva- mente dando principio a residir, cumprindo igualmente com as obrigagbes do Coro. Conservou-se 0 Reverendo Cabido na $6 Cathedral de §. Sebastido alé o anno do 1734, no qual, a 23 de Fevereiro em virtude do Alvaré do Sr. Rey D. Joio 5* de 30 de Se- tembro de 1733, se mudou para a Igreja da Crus. Parece que esta mudanea, ou trasladaciy do Cabido da Tgreja te S. Sebastido para ada Cruz, foi por duvidas que se offere= eorio entre os Capitulares, @ 08 officiaes do Senado da Ca- mara, @ nao se praticon com muita decencia, mas accelera- damente, levando-se a Imagem de §. Sebastifio de uma para outra Igreja de noite, e como furtivamente, de sorte que chegou o Governador desta Capitania a dar conta a S. Ma~ gestade do facto e tambem o Senado da Camara, de que resultou a Provisdo Regia de 14 de Dezembro de 1734, na qual mandou $. Magestade estranhar aos Capitulares, que coneorrerio para a extracedio da Imagem do Santo, fazer-se por semelhante modo. Com a dita mudanga para que se nio perdesse de todo a memoria daquella antiga Cathedral do S. Sebastiio, mandou $. Magestade pelo dito Alvaré de 30 de Setembro de 1733, que se conservasse sempre nella um Capello, o qual seria obrigado a celebrar missa no altar imér, fodos os dias por si, ow por outrem, tendo qualquer impedimento ainda de doenga, pelas almas dos Srs. Reis de Portugal, dando-lhe para esse fim a congrua, que 0 mesmo St. fosse servido consiguar, como tambem para a fabrica da dita Igreja, e no dia 27 de Jansiro do cada um ‘anno, em que se celebra o oitavario do mesmo Santo, seria obrigado todo 0 Cabido, Clero, assim Seculares como Regu- lares a fazer uma procisséo solemne 4 dita antiga igreja ¢ cantar nella missa depois de se haver cantado a conventual, fe mais officios divinos na nova Gathedral com a devida so- lemnidade, sem que esta se diminuisse por se haver de cantar oulra missa na igreja antiga, fieando nesta forma transfo- aes es 0 dia 27 de Janeiro a provissio, que ja era cos- tume fazer-se no dia de 8. Sebastiiio; havendo S, Magestade por muito recommendado ao Excéllentissimo ¢ Reverendis~ simo Prelado, e Cabido que a manha ou dia todo da pro~ cissiio fosse de guarda. Até 0 anno de {757 inclusive se praticou esta acgio de Matha conforme a ordem de 8. Magestade, mas no seguinte anno de 4758, considerando-se os grandes incomrnodos, que 8@ seguifio de faser-se a procissio de manhi por ser 0 mez de Janeiro o de maior rigor do verfio neste paiz, e as horas das 14 para o meio dia em que ¢ praticava, serem as de maior intensio de calor, vinda por esta razio a fazer-se este acto com menos decencia; pareceo ao Reverendissimo Cabido que seria melhor fazer-se a provissio de tarde, no mesmo dia assignalado, dirigida 4 mesma antiga Cathedral, cantando-se nesta de manhi missa solemne com assistencin da parte dos Gapitulares, que fizessem corpo do Cabido, e dos mais Ministros necessarios, e do Senado da Camara, sem se fallar, comtudo, aos officios divinos e missa conventual na noya Qathedral, como recommendou 8. Magestade, e pro- pondo-se esta materia ao Exvellentissimo e Reverendissimo Prelado D. Fr. Antonio do Desterro, © a9 Senado da Camara, convierio de boa vontade, e assim se entrou a praticar até © presente. Na referida igreja da Cruz existio 0 Revmo. Cabido até © anno de 1737, no qual, na tarde do dia 1° de Agosto com livenga, © approvagio do Excollontissimo » Reverendissima Prelado D, Fr, Antonio de Guadalupe, se passou processio~ nalmente para a igreja de N. 8. do Rosario dos pretos; fu- gindo 4 ruina que ameacaya aquelle Templo, a qual nao deu lugar a poder recorrer-se antes a 8. Magestade, 0 que logo depois fez o mesmo Excellentissimo Prelado, dando-lhe conta de todo este facto; e nao obstante queixar-se a Irmandade dos pretos, sempre S. Magestade pela sua proviso de 3 de Outubro de 1739 houve por bem que em enquanto se nfio fazia nova Sé, se conservasse 0 Cabido na igreja de N. 8. do Rosario; ordenando e recommendande novamente ag Ex- imo Prelado fizesse elei¢ko do sitio capaz para nelle se edificar nova Cathedral, sem ser na dita igreja dos ‘pretos, para a qual se inclinaviio os mesmos Prelados, 0 General Gomes Freite de Andrada, ¢ 0 Brigadeiro Joaé da e8 na goatorsisls que em execuciio et reaes ordens — 128 — Nesta igreja de N. Senhora existe ainda hoje o Revo, Cabido, @ existird, em quanto se nfo acabar a igreja cha- mada Sé nova, a qual por ordem do Senhor Rey D. Joio 5', de 9 de Maio de 1747 se deu principio no anno de 1749, Jangando-Ihe a primeira pedra o Excollentissimo e Reverea- Uissimo D. Fr. Antonio do Desterro em 20 de Janeiro, dis dedicado pela Santa Igreja 4 solemnidade do invicto Martyr S. Sebastifio. De facto continuou a obra até por-se na altura de 20 covados mais ou menos; porém a urgente necessidade da divisio de limites da nossa Corda com a de Castella pela parte do Sul (a que se encaminhou o General Gomes Freire de Andrada) fez converter a despesa da obra para aquella expedicao, ficando por este modo sem continuagao, © sem esperanca de a ter tio eédo. Pelas discordias que tem havido entre a Irmandade do Rosario © os Conegos, se propozerao estes proximamente a factura de uma pequena obra sobre as pedras da dita Sé nova, onde com decencia podessem celebrar os Officios Di- vinos, © as mais funcgdes do seu Ministerio. De facto derao principio 4 dita obra para a qual contribuirao todos os ca- pitulares, e capellies & proporcéo das suas congruas, além fas esmolas que pedirio, « das applicacdes, que The mandou fazer 0 Excellentissimo e Reverendissimo Bispo, porém tendo-se-Ihes acabado 0 dinheiro parou a obra, e fieéo na diligencia dos meios para a sua conelusio. (*) Estado presente da Sé Cathedral: Prelado, 9 Exmo. e Rmo. Sr. Bispo D. José Joaquim Justinianno Mascarenhas Gastelbranco, No seu Palacio. Provisor e Vigario Geral, o Reverendo Dr. Franeiseo Gomes Villasboas. Ao aljube. Promotor e procurador da Mitra, 0 Reverendo Dr. José Rotirigues de Carvalho. Rua do Senhor dos Passos. Compoe-se o Heverendissimo Cabido da Sé Cathedral desta cidade de 19 Conegos a saber: 5 Dignidades, 10 Go- negos de prebenda inteira entrandy o Gura, e 4 de meia prebenda, os quaes pelos estalutos tém voto em Cabido, como os mais capitulares. — 129 — Dignidades Deio, aljube. Chantre, vago. Thesoureiro-mér, o Reverendo Dr. Manoel Henriques Mayrink. Rua da Prainha. Mestre Escola, 0 Reverendo José Coclho Peres. Rua dos . Perradores, Avcediago, 0 Neyerendo Miguel José de Azeredo Couti- nho. Sueusarard. Reverendo Dr. Francisco Gomes Villasboas, Ao Gonegos de prebenda inteira: O Reverendo Dr. José de Sousa Azevedo Pizarro ¢ Araujo. Mua de S$. Pedro. O Reverendo Filippe Pinto da Cunha, rua do Ouvyidos. © Reverendo Manoel Bruno de Pina, na mesma. Magistral, 0 Reverew@™"Dr. Joaquim Moroira Mascare- nhas, no Seminario de 8. José. *Doutoral, 0 Reverendo Dr. José Rodrigues de Carvalho, rua do Senhor dos Passos. Gura, o Reverendo Dr. Antonio Rodrigues de Miranda, rua do Rozario. Cura, o Reverendo Roque da Silva Moreira, rua do Ale- crim, Ponilenviario, o Reverendo Dr. Jodo Gonsalves, rua do Rosario. Cadeiras vagas, 2 Conegos de meia prebenda: © Reverondo Joo de Figueiredo Xavier Coimbra, rua i da Candelaria: O Reverendo Joaquim José da Silva Ferreira, rua Mata Cayallos. © Reverendo José Pilippe da Silva, Arcenal. Cadeira vaga, 1. Benefiviados: Sub-chantre, 0 Reverendo Antonio Marinho, rua ao Aljube. i Mestre de ceremonins, 0 Reverendo Francisco da Cruz es, Pui cs Alfandega. — 480 =, Capellies de Coro: © Reverendo Francisco da Gruz Soares, rua da Alfan- dega. 4 ; © Reverendo André Lopes de Carvalho, rua dos La- toeiros. © Reverendo Manoel Gomes dos Santos, na Mha-Secca. © Reverendo Thomaz Rodrigues Fortes, rua dos Ferra- dores. © Reverendo Antonio Pedro Monteiro de Drumond, rua de 8. José. O Reverendo José Luiz de Oliveira, rua das Violas. © Reverendo José Caetano, rua dos. Ferradores. © Reverendo Joao Rodrigues de Aguiar, Santa Rita. © Reverendo Sebastifo dos Reis Saraiva, Seminario de 8. José. © Reverendo Felix José, Seminario de $, Joaquim. © Reverendo José Gomes Sardinha, rua da Alfandega. © Reverendo Antonio Marinho, rua do Aljube. Quatro meninos por turno do Seminario de 8. Joaquitn. Mestre da Capella, 0 Reverendo José Mauricio Nunes Garcia, rua das Bellas Noites. (*) Organista, 0 Reverendo José de Oliveira Amaral, detraz do Hospicio. Porteiro da massa, Jacintho Peres, na Conceigao. Sineiro, Mathias Nunes da Silveira, na torre da Sé, ‘-. Mestres de ceremonias do Exmo. e Rym. Bispo Dio- | | cesano: © Reverendo Manoel dos Santos e Sousa, no palacio do Sr. Bispo. © Reverendo Manoel da Graga e Sousa, no mesmo. \ t © Reverendo Jodo Francisco Braga, rua Direila. CAMARA ECCLESIASTICS Provisor e Juiz dos easamentos e Genere, o Reverendo Dr, Francisco Gomes Villasboas, no Aljube. Promotor e procurador da Mitra, 0 Reverendo: Dr. José Rodrigues de Carvalho, rua do Senhor dos Passos. Escrivio, o Reverendo Manoel dos Santos ¢ Sousa, Bscrivdo do Registro, Estevdo José Coimbra, rua do i Cano. “i i ae ; (#) Marrecas © hoje Bario, do Tadario (1900). (V- Fasenda.)” — 131 — Escripturario, Jacintho Ferreira da Silva, 8. Joaquim. Hseripturario, Joaquim José Vianna, rua de S, Berto. Eseriplurario, Luiz Mendes Gonzaga, rua Direita Contador, 0 Reverendo Manoel da Graga e Sousa. TUIZO DO RESIDUO E CONTENGIOSO Juiz, 0 Reverendo Dr. Francisco Gomes Villasboas, no Aljube. Escrivio, Luiz de Abreu Frées, rua dos Pescadores. Solicitador, Luiz José de Abreu, na mesma. Porteiro dos auditorios, Vicente de Pinna, rua da Prainha. Contador, inquiridor e distribuidor, Luiz José de Vas- eoneellos, rua dos Pescadores. Meirinho geral do Bispado, Antonio José da Cosla Silva, rua de S. Pedro, Escrivio do dito, Joio Manoel de Sousa Araujo, rua dos Ferradores. Carcereiro, Jofo da Costa Freitas, no Aljube. FREGUEZIAS DA CIDADE, MOSTZIROS, CONVENTOS, RE- COLHIMENTOS, SEMINARIOS E IGREJAS PREGUEZIAS Sé Cathedrat (Existe na Igreja de Nossa Seahora do Rosario dos Pretos por ordem do Sr. Rei D. Joao V desde 0 1” de Agosto de 1737.) i Conego cura, 0 Reverendo Dr. Antonio Rodrigues de Miranda, rua do Rosario. Condjutor, 0 Reverend Manoel Affonso Costa, rua do Dito pago pelo Cura, 9 Reverendo Antonio ‘Teixeira de — 132 — proxsimo a uma restinga de pedras, ¢ neste conflicto, im- plorando 0 soccorro da Senhora da Candelaria, prometteo erigir-lhe uma Igreja na primeira terra povoada onde apor— lasse. Livre daquelle perigo, continuava a sua derrota; porém o mao estado em que a tormenta tinha deixado a embareaciio, Ihe fez tomar o prudente accdrdo de arribar a esta Cidade, na qual se deixou ficar, estabolecondo-se com o cabedal que trazia, e cumprindo logo a promessa que havia feito. No anno de 1639, com beneplacito de sua mulher Leonor Gonsalves, doou a dita Igreja a Santa Casa da Misericordia, com varias condigdes de suffragios por si, e a dita sua mulher, Aos 12 dias do mez de Setembro do dito anno, sendo Provedor da Misericordia Salvador Correia de Sa e Benevides, com unanime consenso dos Irmios de mesa, eedeo a referida Tgreja ao vigario Joao Manoel de Mello, o qual se obrigou a guardar e cumprir as condigdes declaradas na publica escriptura, que se lavrou na presenca do dilo vi- gario, ¢ de toda a Mesa. Passados muitos annos foro abo- lidas as ditas condigdes, e s6 existe hoje a da casa que deve ter o Vigario para nella se guardarem as tumbas da Misericordia. Por faltarem os principaes documentos, nfo posso fixar ‘fa épooa da ereagao desta Igreja em matriz, porém vendo-se ros de baptismo da freguezia de $. Sebastiio desta os | cidade, abi se acharaé argumento pari descobrir a appro- Ximacko da sua ereacio; porque no livro segundo da dila freguezia, se achio alguns assentos de baptismo feitos pelo vigario Joio Pimentel, quando ao certo nao consta que elle fosse Vigario da freguezia de S. Sebastidio, antes, pelo tempo em que se acho feitos aquelles baptismos, 6 muito certo servitio de Vigarios outros sujeitos. Em 30 de Setembro de 1628, em que foi feito o pri- meiro agsento, era Vigario o Reverendo Francisco Gomes da Rocha; e este servio até os principios de 1629, e em todo o anno de 1629 servio o Reverendo Manoel Alves € daht por diante o Reverendo Manoel da Nobrega. Logo nio podia servir de Vigario o Reverendo Joio Pimentel por esses mesmos tempos nesta Tgreja, e se elle era entéo Vigario nfo podia ser em outra Igreja que nao fosse a da Cande~ laria; nehhuma havia nesse tempo além destas duas. t — 133 — Em consequencia desta exposicéo assignaldmos a época. fda creagio desta freguezia antes do anno de 4628, e della fe deverd considefar primeiro Parocho o mesmo Reverendo Jo%o Pimentel, que parece nfo excedeo ao dito anno. © Vigario collado, o Reverendo Joaquim José da Franga, rua do Sabéo. Coadjutor, o Reverendo D. Alexandre Fidelis, rua de 8. Pedro. S. José ‘A Igreja de 8. José foi fundada por Egas Monit, 0 qual néo a podendo conservar com a decencia precisa, convocntt a doze devotos deste Santo para principiarem uma con fraria, doando-Ihes @ dita Tgreja na qual erigifo a irman- dade que existe hoje, augmentando o templo, © todas aquelias cousas conducentes para a conservacio delle, & da mesnia sonfraria, Em 30 de Janeiro de 1751 fot esta Tereja erecta con freguezia por provimento de S. Magestade, de 9 do Ja- neiro de 1749. Vigario collado, 0 Reyerendo Ignacio Pinto, junto A free guezia. Coadjutor, 0 Reverendo Antonio Rodrigues Estimado, rua da Gadeia. Santa Rita © fundador desta Igreja foi Manoel Nacentes Pinto, para fa qual coneorrerio com esmolas varios moradores des © Male. Por provimento de 8. Magestade de @ de Janeiro de $749, foi erecta em freguezia a 30 de Janeiro de 1751~ ‘Vigario collado, 0 Reyerendo Dr. Antonio José Corseia. Coadjutor, o Reverendo Manoel Antunes. MOSTEIROS, CONVENTOS, RECOLHIMENTOS Memoria da fundacdo do Mosteiro de S. Bento nesta cidaie, ‘extrakida do seu archivo — 14 O', que nesse tempo. estava onde hoje existe o vonvento do Carmo. Al se detiverfio pouco tempo os fundadores; porque om 25 do Marco de 1590, Diogo de Brito de Lacerda thes doou o terreno, que occupa o Mosteiro, cerca, horta, rua da Prainha alé 0 morro da Conceic&o, ¢ Aleixo Manoel 0 velho, aue com beneplacito do dito Diogo de Brilo de Lacerda, havia edificado em terras suas (no morro em que existe © Mosteiro) uma capella da Nossa Senhora da Conceicao, a loou aos ditos Padres fundadores; ¢ em 13 de Maio de 1596 6 eonfirmou com sua mulher por escriptura com data 4 Fabrica, e mais bens, ¢ como legado que se cumpre. Para @ dita capella se mudaréo os Padres @ nella assistirio, dando principio & fundacdo do seu mosteiro. Pelos annos de 1602 a instaneias de D. Francisco de Sousa, passando por esta cidade a promover 0 descobrimento de Minas, mudarko os Religiosos o titulo da Padroeira que era da Concei¢do, em Monserrate; collocando a Imagem da Senhora da Conooi¢ty em Altar collateral, onde se the dedicéo os devidos cultos, em perpelua lembranea dos seus prineipios ¢ eabal cumpri- mento da devoo%o dos primeiros doadores. Prelados: Provineial, Fr. Vicente de $. José. D. Abbade, Fr. Luciano do Pilar, Prior, Fr. Joio da Madre de Deus Franca. Memoria da Fundacio do convento de Nossa Senhora do Carmo desta cidade, extrahida do seu archivo Em virtude das reaes ordens do Sr. Rei e Cardeal D. Henrique, expedio o Reverendissimo Padre Mestre Fr. Simao Coelho commissario geral na provincia do Carmo do Reino de Portugal, © 0 Reverendo Padra Fr. Pedro Vianna, fom outros Religiosos para missionarem nestas conquistas do Brasil, concedendo-lhes juntamente por uma patente la- vrada na cidade de Beja em 28 de Novembro de 1587, 0 poder fundar eonventos, ¢ estender a roligiio do Carmo por estas mesmas conquistas. De facto o dito Padre commis- sario Fr. Pedro Vianna, depois de ter fundado o convento do Carmo da villa de Santos, passou para esta cidade, © ho anno de 1590 fundou este convento do Carmo em terras doadas, com uma capella de Nossa Senhora ee ale ca- mara. Fez-se esta fundagio no reinado de Filippe 2° de Castella, quando injustamente empunbava o Sceptro Portu- — 135 — fguez. Presentemente se acha esta religifo sem os Prelados competentes, por existir ainda a reférma. Prelados: Reformador, o Exmo. e Reymo. Sr. Bispo Dioresano. Presidente, o Reverendo Padre Mestre Dr. Fr. Joao de Santa Teresa. x Memoria da fundapio do convento de Santo Antonio, extra- hida do seu archivo ‘A instancias dos Governadores © Camara desta cidade, mandou o Padre Custodio, Fr. Leonardo de Jesus que se achaya no convento de Pernambuco, aos Padres Wr. Antonio dos Martires ¢ Fr. Antonio das Chagas em 22 de Outubro de 4606, em quanto elle néo vinha para dar principio a esta fundacio. Ghegados estes dous religiosos, Ihes destinario para sua moradia o sitio de Santa Luzia, ¢ ali estiverdo até a che- gadh do Padre Custodio, que foi a 20 de Fevereiro de 1607, trazendo em sua companhia aos Padres Fr. Vicente do Sal- vador, Fr. Estevio dos Anjos, Fr. Francisco de 8. Braz, © Fr, Francisco da Cruz, que se hospedario na Santa Casa da Misericordia, onde se demorario até o dia dos Prazeres, em que se passaréo para a ermida de Santo Antonio nas casas de Fernando Affonso, ‘Nai achando a proposita o Padre Custodio aquelle sitio de Santa Tuzia, para fundacdo do novo convento, repre- sentou os inconvenientes que havido ao Governador, que era entio Martim de Si, ¢ aos officiaes da Camara, os quaes de unanime consenso doario aos Religiosos o monte em que existem, de cuja doagio se passou uma escriptura pu- bliva, aos 9 dins do mez de Abril de 1607. Concluida © yatificada esta doagio, euidou logo o Padre Custodio com os seus Frades em por mios 4 obra do novo convento, para * 9 que fizerio primeiramente uma pequena Igreja com com- modos para sua interina habitagdo ao pé da ladeira, @ nella com toda a solemnidade se disse a primeira Missa no dia 4 do Outubro de 1607. A 4 de Junho do soguinte anno de 1608, vespera de : ‘ primeira pedra para a Igreja do pelo administrador eccle- ° Mér Gover de 84 = 156 — @ o Padre Martins Fernandes, Vigario da Teveja matria de 8. Sebastitio. Aos 7 de Fevereiro de 1615, se passario os Religiosos para o seu novo convento, e logo no dia seguinte 8 Jo dito mez se disse a primeira Missa na Igreja nova, que ainda estava por acabar; @ no dia de Nossa Senhora da Conceigho 8 de Dezembro de 1616 so disse a primeira Missa na Capella mér da dila Igreja. Prelados Provincial, Fr. Joaquim de Jesus Maria Brados. Guardiao, Fr. José Carlos de Josus Maria do Desterro, Memoria dos primeiros Religiosos Capuchinhos que vierao a esta cidade, ¢ dos acontecimentos que houverdo a sen respeito até a fundagio do hospicio em que hoje existe, extrahida do sen archivo A instaneias do Se. Rei D, Jofio 4 vierGo alguns Beli- giosos Capuchinhos Francezes para varias partes do Brasil enearregados da conversio dos Indios. Destes Religiogos passaréo dous para esta cidade no anno de 1659, aos quacs se destinou a capella da cio hoje pertencente ao pa- lacio dos Exms. Prelados, para sua residencia. Passados alguns annos chegarao mais cinco Religiosos tambem Fran- e768, 08 quaes com os que j% existiao se forio empregando por estes serties na reduccéo dos Gentios, por cujo motivo no anno de 1681 se Ihes deu por ordem de Sua Magestada, 808000 rs. para adiantamento das aldeias que tinhao for- mado para 0s Indios j4 cathequisados. Neste e em outros semelhantes exercicios se occupavao, quando Sua Magestade prohibio a vinda de Religiosos es- trangeiros para as conquistas do Brasil, permittindo tam- bem a retirada diquelles que quizessem hir para a Europa. Com este motivo se retirario uns a tempo que outros jé erio mortos, de férma que em 1701 sé existia Fr. Matheus que no mesmo anno se reeolleo a sua provincia. Em 1720 sahirio de Lisboa dous Religiosos desta mesma Ordem para a Ilha de 8. Thomé, e, nio podendo a embar- cago tomar aquelle porto, vierfo a esta cidade sendo entio Governador della Ayres de Saldanha, que os fez hospedar na antiga Coneeigan, persuadindo-os que ficassem nesta ci- dade como ficarao. Naquelle sitio existirio até o anno de 1725 por ordem de Sua Magestade, porém tendo chegado 0 Illmo. Bispo — 137 — D. Fr. Antonio de Guadalupe, © recolhendo-se ao sou pa~ lacio da Conceigho, se retirardo os ditos Religiosos para © Hospicio (hoje dos homens pardos libertos) que nesse tempo era uma pequena Igreja, fundada pelos Terceiros de 8. Francisco, quando por justos motivos se separario dos Frades do Santy Antonio. Pouco tempo se demorario neste lugar por causa da : mé accommoragio que havia, © representando isto. mesmo a0 Governador e ao Prelado, os mandarao recolher a Tgreja de Nossa Senhora do Desterro, alé que finalmente mando Sua Magestade o Sr. Rei D. Joao 5° que 4 custa da sua Real Fazenda se fundasse um hospicio com os commodos precisos, ¢ sc entregasse aos Missionarios Capuchinhos para sua residencia. Coneluido o hospicio fordo chamados 0 Prefeilo ¢ mais Religiosos, ¢ na presenca do General e governadow Gomes Froire de Andrada, @ das pessoas mais condecoradas desta cidade thes foi dada a posse pelo Provedor da Fazenda Real no anno de 1742. Prelados: Prefeito, Pr. Victorio Campiasque. Memoria da fundacdo do Hospicio de Jerusalem, extrahiia do archivo do mesmo Hospicio Por ordem do Sr. Rei D. Joho 5° dirigida 20 General Gomes Freire de Andrada, se fundou o Hospieio de Jeru- salem no dia 48 de Junho de 1735 para nelle se recolherem ‘os Religiosos Leigos que se empregio nas esmolas Santos Lugares de Jerusalem, tanto os desta capilania como os de Minas Geraes, Goyaz, Cuyabé e Matto Grosso, quando * * so mandados de Portugal para as ditas capitanias @ voltao dellas para o Reino. © Religioso que assistio a esta fundacio foi o Leigo Fr, Manoel de Santo Antonio. ‘Vice-Commissario actual, Pr. José Passos de Aréas. Memoria da fundacio do Convento das Freiras de Nossa Senhora da Concei¢do da Ajuda, extrahida do seu Sr asaneeeerat oe — Alé o tempo da fundagio deste convento se conservor a vse dv Nowa Senha Ay i 0 — 18a primeicas que se erigicfio nesta cidade, ignora-se o seu fundador, @ 0 anno em que se den principio a este pequeno edificio, Tambem consta que na éra de 1600 fora reedifi- cada, © que até certo tempo fra a Santissima Virgem bem servida daquelles moradores, destinguindo-se entre elles 03 Christies novos com os religiosos cultos que tributavao 4 Senhora, @ com um solemne Jubileu que aleangaréo de Roma, oom o qual chamavio & sua celebridade os povos ciroumvizinhos; porém, conheeendo-se depois a sua maldade, © que todos aquelles obsequios, erdo dedi wtieular- mente a uma certa Maria de Judd, se diminuio aquelle antigo © frequente conourso. © Imo. D, Fr. Joio da Cruz, Bispo desta cidade na- quelle tempo deu principio 4 fundarao deste Convento da Ajuda para o qual ji havia licenga oblida pelo Illmo. Bispo D, Francisco de $. Jeronimo e Camara desta cidade. Com a vinda do Exmo. ¢ Revm. Bispo D. Fr. Antonio do Desterro se demolio a referida Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, continuando a factura do conyento, ao qual deu o titulo de Nossa Senhora da Conceicéo da Ajuda e juntamente as Imagens, com toda a fabrica da mesma Igreja, Tambem applicou para este convento um legado que José Manoel do Rosario havifo deixado a Nossa Senhora da Ajuda em terras onde hoje tem engenho de fazer assucar nos Campos de Goitacazes as mesmas Religiosas com a obrigacio de se Ihe mandar dizer uma Missa todos os Domingos e dias Santos no Altar de Nossa Senhora da Ajuda, e assim mais cincoenta e duas Missas por anno. Coneluida a obra do convento, vierdo da Bahia quatro Religiosas de Santa Clara para insinuarem a férma da observancia da regra, que prineipiou no dia 3 de Maio de 41750, e em que tiverao clausura e noviciado as novas can= didatas, Aos 28 de Maio de 1754 forfo cloitas as Madres, que tinhfio vindo da Bahia, Abbadega a Madre Maria Leoncr do Nascimento, Vigaria a Madre Catharina dos Anjos, Porteira mér a Madre Francisca Custodia das Chagas. Preladas: Abbadega, a Madre Anna dos Querubins. Vigaria, a Madre Helena Maria da Cruz. — 139 — Memoria da fundacdo da tyreja da Nossa Senhora do Desterro, na qual. se fundou o convento das Freiras de Santa Teresa No proprio lugar em que hoje vemos a fundacio deste convent etigio Antonio Gomes fo Desterro uma Igreja a Nossa Senhora do Desterro, doando-Ihe as terras e escravos, que possuia naquelle monte para ser seu patrimonio. Nilo se descabre o anno da sua fundagio, ¢ s6 acho que J exislia no de 1029 pelo Iezado de 16§000 que the deixou por sua morte o Reverendo Dr. Matheus da Costa Aborim, Prelado Administrador Eeclesiastico desta capitania, tendo fallecido em Fevereiro do dito anno. Hm o dia 24 de Jurho do 1750 tove principio nesta Tgreja a fundagio da convento de Santa Teresa pela forma segninte. Jacintha de S. José, e sua irma Francisea de Jesus, naturaes desta cidade, tendo oblido as licengas necessarias, fundarao 4 sua eusta no anno de 1742 a capella do Menino Deos, que ainda existe na rua de Mata-Cavallos, e uma casa na qual vivito com férma regular. A estas duas mulheres se forfio aggregando outras até o numero de doze; ¢ como este genero de vida era o seu maior empenho e desejo, ro- garfio ao General ¢ Governador desta capitania Gomes Froire de Andrada, as quizesse ajudar na fundagéo de um Con- vento em cuja clausura desejavao observar a regra de Santa Teresa. Nio duvidou a esta supplica o animo pio do Ge+ neral, ¢ tomando asi a factura do convento, o mandon erigir no proprio lugar, onde existia a antiga Igreja da Serbora do Desterro. No dia 24 de Junho de 1750, se henzeo @ lancou a pri- meira pedra para o novo edificio, assistindo a esta primeira ago as futuras Religiosas por particular obsequio ao seu : hemfeitor que estava presente. A 24 de Junho do soguinte anno de 4751 se recolherao as futuras Religiosas ao novo 2 convento, onde ja havia sufficiente accommodagio, » nelle i foro regularmente vivendo até que chegou o Breve @ reara de Santa Clara como as da Madre de Deas do Convento de Lisboa. Com o motivo de nio vir o dito Breve com a regra de Sante Toresa conforme descjavio ¢ tinhiio rogado, 2m- bareou-se a Madre Jaointha ocoullamente para Lisboa, ¢, ao Sr. Rei D. José a sua pretengio, mandou b mesmo Senbor em Alvard de 27 de Setembro de 1755 expostular o Breve para Santa Teresa. — 140 — Com esta nova graca se recolheo a Madre Jacintha a esta cidade, trazendo o Breve expostulade, por como. todas as duvidas, ¢ embaragos emanario de quem devia cumprir: Yeio por isso a nfo ter execugdo, A este desgosto sezuio-se passados alguns annos outro maior, que foi a morte do seu protector, acontecendo o-mesmo 4 Madre Jacintha, no dia 2 de Outubro de 1768, sem conseguir o deseiado fructo do seu trabalho. Nesta inaego so conservario as futuras Religiosas muitos annos, até que finalmente concluida a vida do Ex- cellentissimo Prelado principiarao a viver como appeteciaa Por especial graca da Augusta Rainha N, Senhora, confir- mando-Ihes a licenca qua El-Rei seu Pai Ihes havia eon- cedido, © juntamente do patrimonio que tem por Deereto do 41 de Outubro de 1777, Tendo sahido as novas eandidatas do Convento da Ajuda acompanhadas do Ilm. © Rvm. Sr. Bispo, em forma pro- cissional, se recolherio ao seti convento ¢ nelle se lhes dew clausura no dia 15 de Junho de 1780, © no dia 16 vestiraio canonicamente os habitos. No dia 23 de Janeiro de 1781 professaro as que tino 20 annos de recolhimento. Ratificariio estas as suas pro- fissdee; © no dia 19 de Julho do dito anno professarfio as outras. No dia 20 tomario o véo, ¢ nomeario Priora a Madre Maria da Encarnacio, que até aquelle tempo as tinha regido desde o fallecimento da Madre Jacintha de 8. José, Preladas : Priora, a Madre Maria de S, José. Sub-Priora, a Madre Ignacia Catharina. Memoria da fundacio da Iyreja e recothimento de N. Senhora do Parto, extrahida do Sanctuario Mariano, Tom. 10, Liv. 1°, pag. 20 A Tereja de N. Senhora do Parto foi fundsda na éra de 1653 por Jo&io Fernandes Mulato, natural da ilha da Madeira, © depois reedificada pelos elerigos quando nella existia a irmandade de 8. Pedro. ‘ No anno de 1752 deu principio 4 fundacdo do recolhi- mento o Exm. e Rym. Bispo D. Fr. Antonio do Desterro, no qual logo que houverao cre Ciantndatiest ae ue algumas convertidas, conservando-se com vida: 4 © anno de 1788, em que o Mim, e Exm. Sr. Luiz de Vas- — 14 ; concellos e Sousa, Vice-Rei deste Estado, cheio de fervorosa : devorao, se empenhou na grande obra da reedificagiio, e augmento deste edificio, 0 qual ainda nfo estava totalmente eoneluido, quando desgracadamente foi reduzide 2 cinzas : pelo incendio em que se abrazou no principio do dia 29 ! de Agosto de 1789, salvando-se a Imagem de N. Senhora © parle do novo Recolhimento. Na oreasiao daquelle con= flieto se virdo as illustres qualidades deste herde, ¢ as Singulares virtudes de que era ornado 0 seu espirito nas promptas ¢ acertadas providencias, que deu para a cautella e recato das recolhidas, que fez conduzir com toda a de- cencia para 0 hospital dos Tereeiros de 8. Francisco, cui dando ao mesmo tempo com incessante disvello, em atalhar, € extinguir o incendio, do qual ainda havifo restos quando elle ja distribuia as competentes ordens para a segunda © nova reedificacao, a qual se propoz com duplicado empenho, coneluindo-a no curto espaco de tres mezes ¢ desesete dias k que se completarao a 8 de Dezembro do mesmo anno de 1789. Na tarde do mesmo dia foi o Exm. Sr. ao dito hospital, onde se achaya com toda a decencia a Santissima Tmagem da Senhora do Parto com as Rerothidas, e acompanbado das pessoas mais condecoradas desta cidade em férma pro- cissional conduzio a Imagem da Senhora e as Recolltidas para a sua antiga morada, na qual 50 celebrarfio no seguinte dia com muita grandeza os divinos cullos e religiosos fes- tejos em acc&o de gragas. Regente, D. Joana Isabel. Porteira, Justina Maria de Jesus. Memoria da fundacdo do recolhimento instituide ne casa du Misericordia para Meninas Orfas pobres e Porcionistas Em 15 de Outubro de 1739, se lancou a primeira pedra para a fundagio deste recolhimento que estabelecerio os primeiros fundadores Margal de Magalhies Lima, e 0 pitio Franeiseo dos Santos, concorrendo para esta obra pia com 52.000 cruzados, a saber 20 para a obra do recolhi- 32 para patrimonio de 15 orfig de numero e sua rendimento se deverifio sustentar. — 142 — Thesoureiro, Jeronimo Teixeira Lobo. Procurador, Joo Alves da Cunha. SEMINARIOS PARA INSTRUOGAO DA MOCIDADE QUE SE DEDICA Ao ESTUDO : EOOLESIASTICO ce j S. José ; + Foi instituido em 3 de Fevereiro de 1739 pelo Tm. i Bispo desta Diocese D, Fr. Antonio de Guadalupe; eo Senhor Rei D. Joio 5', por ordem de 27 de Outubro de 1735 Ihe fez doagio para seu patrimonio dos bens da ca~ pella de N, Senhora do Desterro, que por serem de capella vaga tinhio cahido na Corda, dando-Ihe mais os reditos que tivessem produzido os ditos bens desde que estaviio na Corda, para construcgio do mesmo seminario, ficundo este obrigado ® mandar celebrar uma Missa todos os Subbados de N. Senhora. Superiores actuaes: Reitor, 0 Conego Magistral Joaquim Maria Mascarenhas. Vice-Reilor, 0 Reyerendo Bento Cortez de Toledo. } Mestre de Filosofia, 0 Reverendo Fr. Antonio de Santa 5 Ursula Rodovatho. Mestre de Moral, o Reverendo Jodo Francisco Braga. Mestre de Grammatica, 0 Ordenando Florencio Alves de Macedo. S. Joaquim Foi instituido pelo Tim. D. Fr. Antonio de Guadalupe Bispo desta Diocese para instrucgio de meninos orfios, e pobres. Formou institulos @ imitacéo do collegio de Orfios do Porto com a clausula de gue serifio aqui admiitidos por elles e seus successores, feitas as diligencias de genera para que sé se admittéo os de limpo sangue e geraciv, tendo mestres de grammatica latina, musica e cantochdo para de- pois seguirem o estudo que thes pedir a sua vocacio. Para isto mandou 9 mesmo instituidor comprar um terreno con- tiguo 4 Igreja de S. Pedro, onde existirio os seminaristas : por alguns annos, porém como pela sua vivifio Die, comprou-se este em que achio, annexos 4 Igreja de S. Joaquim principiada aos 8 = ti dias do mez de Agosto de 1758 por Manoel de Campos Dias com esmolas que adquirio. Superiores actuaes: Reitor, 0 Reverendo Bernardo Leite Pereira. Vice-Reitor, 0 Reverendo Antonio Duarte Carneiro. Mestre de Musica, o Reverend José de Oliveira. Mestre de Gantochio, 0 mesmo Reitor. .-M. Senhora da Lapa © fundador deste seminario foi o Reverendo Missie- nario Angelo de Siqueira. No anno de 1754 se langou a primeira pedra para fundagio da igreja e seminario no terreno que Ihe doou o Capitio Antonio Rabello, @ os de- yotos de N. Senhora concorrerao com esmolas para a fa- ctura de toda esia obra que se fez sem onus ou condicio. alguma. Superiores actuaes: Reitor, o Reverendo Henrique Joao Leite. ‘Vice-Reitor. Mestre de Grammatieca, Joao Baptista. IGREJAS COM RENDIMENTOS CEATOS PARA NELLAS Sf RESAREM AS HORAS CANONICAS Candelaria Manoel Pinto Duarte e sua mulher Antonia de Abrou, forio os instituidores deste cdro no anno de 4724, doando 40.000 cruzados 4 irmandade do Santissimo Sacramento da fregueria da Candelaria para na dita Igreja e capella do Santissimo se rezarern com mais solemaidade as horas ca~ nonieas de manhi e de tarde ficando ao arbitrio da dita irmandade 2 escola e nomeagio dos Sacerdotes Capellies para este exercicio; assim como tambem o ordenado que deverifio ter conforme os seus empregos no dito edro; com obrigapdo porém de rezarem os ditos Capellies todos os dias de manha e de tarde no mesmo ero um Memento cantado pelas almas delles doadores e de Antonio Duarte ‘Velho primeiro marido da doadora, no dia de todos os Santos uma Missa cantada pelas almas dos mesmos doa- dores e do dito Antonio Duarte Velho. A estes instituidores ‘seguirio outros devolos, augmentando ‘9 numero dos Sa- = 14 cerdoles para o mesmo exereicio que até hoje se contio 15 Copeliaes. Presidente, o Reverendo Vigario Joaquim José de Franca. Vigario do céro, 0 Reverendo Jeronimo Pereira Pina. Sacristiio mor, 0 Reverendo Joao Maciel de Araujo. Mestre de ceremonias e Prioste, Reverendos: Gervasio Machado, Joao Correia da Silva. Manoel Gonsalves de Carvalho. Francisco Feliciano fla Rocha. Pedro Luiz de Mendonga, Manoel Antonio de Sousa Netto, Francisca Nascentes. isberto Coelho da Silva. Franciseo Antonia de Oliveira. Manoel Fernandes Leal. Bernardino de Atahide. 1 dito vago. S. Pedro dos Clerigos © Coro de S. Pedro foi instituido por Manoel Vieira dos Santos assistente em Minas Geraes, dando 40.000 cru- zados de que se lavrou eseriptura aos 2 de Agosto de 1764, por ella se determinou que fossem chamados seis Sacer~ dotes para dar principio e estabelecer o cro, e neste estado se conservou até o tempo em que o Conego Manoel Freire augmentou mais uma cadeira, com esmola que deu para isso em 4770, e Melchior Soares de Aguiar augmentou mais oulra por sua morte em 1790 que todos fazemi 0 numero de 8. Capellies: Presidente, 0 Reverendo Dr. Ignacio Rodrigues Portella. Vigario do coro, 0 Reverendo Manoel de Barecellos. Prioste, 0 Reverendo Placido Mendes Carneiro. Mestre de cevemonias, os Reverendos: Mathias Barbosa Ferreira, Manoel Pinto. Simao Sudré. — 145 — Misericordia © COro da Misereordia foi instituido em 22 de Feve- reiro de 1704 por Ignacio de Andrade Souto Maior ¢ Ma- : noel Pinto dos Santos, os quaes derio em dinheira e bens t de raiz a quantia de 11:737$545 réis. A estes bemfeitores Se seguirfo mais sete, dando para 9 mesmo fim 3:208$330 réis, com a condicfio de haverem capellies; regulando-se o dito coro com a mesma férma e regimento que se observa no cOro da Sé desta cidade. No fim de Completas sio obrigados a cantar um Me= mento pela alma do instituidor Manoel Pinto dos Santos e @ oragio Deus veni@ largitor pelos mais instituidores, além das missas annuaes. Presentemente se diminuirao dous ca- pelldes, e existem onze. Capellies: Presidente, 6 Reverendo Manoel da Silva Campello. Vigario do céro, 0 Reverendo Francisco de S$. Anna Barros. ‘Mestre de ceremonias, 0 mesmo. Prioste, 0 Reverendo José da Fonseca Escobar. Os Reverendos: Christovio Martins Pinheiro. Anastacio Ferreira da Cruz. Joio Antonio Campello. Francisco de Paula Ferreira. Francisco de Paula Bernardes, Elias da Silva de Carvalho. Joio Simdes da Fonseca. Mogos do ebro: Domiciano Joaquim Ribeiro. Rogerio Antonio. Antonio do Bom Sucvesso. * Joaquim Lopes Carneiro. Porteiro da massa, José Ayrao. Noticia da fundapéo da 8. Casa da Misericordia, extrahida de algumas memorias do seu archivo * : Og NE ie Sege gentirter re n decisivamente a época da sua fundagio, ) que o Provedor, “mais irmios — 6 — Sua Magestade, e juntamente o Alvara pelo qual hes forao concedidos os privilegios, e regalias da Casa da Misericordia de Lisboa, que sem embargo de no corresponder a data do dito Alyaré ao do cumpra-se que teve: nesta cidade, com tudo devo suppor engano de quem o lavrou porque compu- tando a era da fundaoSo da cidade em 1567 com a do cum- pra-se do Alvargé em 1630, vern-se a conhecer que sio (com pouca differenca) os 60 annos da posse que allegio no re- querimento, e daqui infiro que a criagho desta casa prin cipiou logo depois da fundagio da cidade em 1568 ou em 1569, porque a differenca que ha seria demora que teve © requerimento em ir a Lisbia e voltar. “Dizem o Provedor e Irmios da Santa Casa da Mise- ricordia da cidade de S. Sebastiiio do Rio de Janeiro, par- tide do Brasil, que ha sessenta annos tem feito casa com seu hospital para enfermos, sachristia, palratorio, e é uma tins boas da costa ¢ a algumas faz vantagem notavel com sempre ter sua irmandade, guardando o compromisso, fa- zendo muitas esmolas, casando orfiis, e dando suas ordi- narias todos os sabados, conforme a possibilidade da terra; © por quanto até agora nfo tem provisio para ser Miserl- cordia. Pede a V. Magesiade the mande passar provisiio para que aquella casa possa gozar de todos os privilegios @ gragas, honras @ liberdades que tem e gorfio as casas desta cidade de Lisboa, ¢ a da villa de Setubal, e as mais deste reino, e receberé mercé.” El-Roi Fago saber aos que este Alvaré virem, quo vendo respsito ao que ma petigio atrés escripta dizem o Provedor e Irmfos da Santa Misericordin da cidade de Sto Sebastifio do Rio de Janciro partes do Brasil, e vistas as causas que allegio, hei por bem e me praz que elles possia gozar e usar de todas as provisdes e privilegios concedidos 4 Casa da Misericordia desta cidade de Lisbon, @ isto na- quellas cousas em que se thes poderem applicar: ¢ mando fis justi¢ns a quem este alvaré for mostrado, e 0 conheci- Mento pertencer 0 cumprio como nelle se contém, o qual hei por bem que valha como carta feita em mou nome por mim assignada sem embargo da ordenacio do 2 L. tt. 40 em contrario, Joio Feyo o fez em Lisboa a 8 de Ou- tubro de 1605. Duarte Correa o fez escrever. — Rei, Alvard porque V. Magestade ha por bem que o Provedor « Irmios 17 a; aquellas cousas em que se Ihes podem applicar. Para V. ‘Magestade ver: Cumpra-se esta provisio de S. Magestade assim como nella se contém. André Gauzio Menezes, Juiz dos Orfios.— . Gumpra-se como nella s¢ contém. Rio de Janeiro, 13 de Agosto de 1630, Pedro Homem Albernaz, — Cumpri Administrador. — Cumpra-se, 0 Provedor Duarte Correia y ‘Vasqueanes.” Estado presente da Irmandade da Misericordia Provedor, o Tim. ¢ Exm, Sr, Conde Vice-Reir Escrivao, 0 Tenente-Coronel José Caetano de Araujo. Thesoureiro, Joho de Siqueira Costa Saoristfio mér da casa, o Reverendo Pedro Luiz da Silva. Mordomo nobre dos presos, o Brigadeiro José da Silva Santos. Companheiro do dito, Francisco Xavier de Mattos. IGREJAS QUE HA NESTA GIDADE Santo Antonio, Convento de frades. N. Senhora da Ajuda, Convento de freiras. Santa Anna. Bom Jesus do Calvario. S. Bento, Mosteiro. Carmo, Convento de trades. Concsi¢io do Bispo. Conceicaio do Aljube. Conceigao do Conego, rua do Sabio. Carmo, Ordem terceira. Santa Cruz dos Militares. Candelaria, Freguezia. “Collegio de Santo Ignacio, Castello. §. Domingos, dos’ Protos. — 148 — 8. Joaquim, Seminario. N. Senhora dos Maseates, Lapa. N. Senhora da Lampados: N. Senhora do Livramento. N. Senhora da Lapa do Desterro, Semina Santa Luzia. Mai dos Homens. Menino Deos. Misericordia. Senhor dos Passos. 8. Pedro, clerigos. N. Senhora do Parto, Recothimento. Santa Rita, Freguezia. Rosario © $6, Fromuczia, S. Sebastido, $¢ velha. N. Senhora da Saude. Santa Teresa, Convento de freiras. CONTRACTOS REAES PONTRAMTO Dos DIZIMOS Antigamente todos os contractos, e impostos erfo esta- belecidos nesta cidade pela Camara, e por ella se fizeraio as cobrangas e administragdes dos mesmos contractos até © anno de 1731, que por ordem de Sua Magestade passou esta administraeao para a Provedoria da Fazenda Real. Nio se descobre documento algum por onde conste os annos em que os ditos contractos tiverto principio, e delles qual foi © primeiro que se estabeleceo, porém & sem duvida, que na era de 1592 ja existifio; porque por ordem de 10 de Abril do dito anno mandou Sua Magestade estabelecer nesta cidade a arrecadacdo e remessa de um por cento para a obra pia, tirado dos contractos dos rendimentos reaes desta ca- pitania, L, 12 do Reg. geval da Provedoria a fl. 134, No anno de 1640 foi executado o capitfio Clemente No- gueira, pelo contractador Antonio Dias Gareia, para pagar os dizimos, que por ser professo na ordem de Christo du- ~ vidaya satisfaze-los. Administradores: Antonio dos Santos. Manoel Caetano Pinto, a CONTRAGTO Do SAL No anno de 1658 j4 oxistia, porque em carta de 19 de Janeiro do dito anno mandou Sua Magestade que se re- matasse 0 dito contracto a Luiz de Pina de Caldas, por seis annos. Administrador e caixa, Luiz Antonio Ferreira, Eseripturario e guarda-livros, José Pereira de Araujo. Gaixeiro, José Antonio Pinto da Motta. Mestre da barca, Antonio de Sousa Resende. CONTRAGTO DA PESCA DAS BALEIAS Ja existia em 1681, porque por provisio de 18 de No- vembro do dito anno mandou Sua Magestade que do ren- dimento deste contracto se pagassem as congruas do Bispo, e da Sé novamente erecta nesta cidade. Administrador geval, 0 Capitio mér, Joao Marcos Vieira. Guarda livros, Joio Antonio de Mira. Caixeiros : Jo&o Rodrigues da Costa. Antonio José Pinto. Manoel dos Santos de Oliveira Pinto. Vendedores do estanque: Francisco Manoel de Sousa. d Gaetano José Rodrigues. AULAS REGIAS, MEDICOS, CIRURGIOES, ORDENS MILITARES: AULAS REGIAS Por ordem de 12 de Novembro de 1772, mandon Sua Magestade estabelecer diferentes aulas nesta capital, © em todas as villas subordinadas a ella para instrucgao da mo- cidade, e em carta régia datada em 17 de Outubro de 1773, dirigida ao Exm. Marquez do Lavradio (entéo Vice-Rei deste estado) @ ordem para a arrecadagio do Subsidio Litterario, “com o qual silo pagos os mestres que vem nomesdos da corte. Mestres: De Filosofia, 0 Bacharel Agostino Correia da Silva, serve ‘por elle o Reverendo Luiz Gonsalves dos Santos. 0% Manoel Ignacio da Silva Alvarenga. ae pak ewniek — 150 — De Grammatica, 0 Reverendo Luiz Antonio de Sousa. oy Jofio Manso Pereira, serve Manoel Felicio zh da Rocha. M Vago. De primeiras leltras, Manoel Ignacio Borges, Manoel Ferreira, ‘MEDICOS : Antonio Francisco Leal. Estacio Galarte. José Carlos de Moraes. Manoel Joaquim: Marrocos, Vicente Gomes, Julio Cesar Muzs José Aidoado Estruque, Jacintho José da Silva Medeiros. CARURGIORS APPROVADOS : 4 José Joaquim de Almeida. 2 Bernardo José Tavares. 3 Ignacio Viegas Tourinho. 4 Luiz Alberto do Amaral. 5 Francisco de Sousa. 6 Jacintho Manoel de Sousa. 7 José Vicente da Silva. 8 Elias Correia de Mendonga, 9 Francisco Gomes. 40 Patricio Joaquim de Almeida. 411 Joio de Almeida. 42 Luiz de Santa Anna. 413 José Pastrano, 44 Antonio Rodrigues Lage. 45 José Fidelis. 46 Simao José de Araujo. 47 Eugenio Gonsalves de Almeida. 18 José Gonsalves. 49 Francisco Manoel Ferrio, 20 José Joaquim de Pinna. — ii — ORDENS MILITARES Ordem de Christo. F ¥sta ordem foi instituida em Portugal reinando El-Rei f D, Diniz no anno de 1313, depois de extincta a dos Tem— plarios, cujas rendas Ihe forfio applicadas: ‘Tem 24 villas e Tugares ¢ 454 commendas além de todos os dizimos das con- quistas que pertencem ao Grio Mestre, dignidade que El-Ret D. Joio 3° univ 4 coroa, e se nao verificou mais desde esse tempo em nenhum vassallo, 0 mesmo se deve entender das outras duas ordens, cuja administragio ¢ governo 6 igual ynente reservado aos Soberanos do Reino de Portugal, que hoje trazem juntamente as insignias de todas as 9 ordens com fita de tres cdres, e do mesmo modo o Principe do Bra- sil, como commendador das 3 ordens militares. Militares professos: © Capito, D, José Pedro da Camara, Ministros: O Chanceler, Luiz Beltrao de Gouveia, © Desembargador, José Soares Barbosa. © Desembargador, José Antonio Freire. O Juiz de Orfaos, Francisco Telles Barreto. . Officiaes Milicianos: » Qs Coroneis: Fernando Dias Paes Leme. Manoel Alves da Fonseca Costa, Joaquim José Ribeiro. Bartholomen José Bahia. André Alves Pereira Vianna. Os Tenentes Coroneis: Antonio Nascentes Pinto. a Manoel Ribeiro Guimaraes. Pedro de Carvalho de Moraes. — 152 — Joaquim Luiz Furtado. Vicente José de Queiroz Coimbra. Os Tenentes: Francisco Antonio de Carvalho, Bento Antonio Pereira, Olficiaes de Ordenanca: Os Sargentos méres: Anacleto Elias da Fonseca. José da Motta Pereira, © Capitio: Manoel Gomes Cardoso, Os Capities: José Pereira Guimaraes. Luiz José Vianna Gorgel do Amaral, ows Antonio Lisboa. Manoe! Martins dos Santos Viann: Antonio dos Santos, Joaquin José da Cruz Leitho. Particulares: 0 Dr. Francisco Carneiro Pinto de Almeida, Manoel Carlos.de Abreu Lima. © Dr. Filipe Gordovil de Siqueira @ Mello, Manoel José Mendes Brandio, Francisco Pinheiro Guimaries. Sebastiio Leite. José Antonio Radamaque, Ordem de 3. Bento de Avis, Esta ordem 6 cosva da fundagdo da Monarchia, © @ mais antiga de toda a Hespanha, mas nfo principion a sor conhe- Gida por este nome, seniio deste que os cavalleiros della ‘por determinagio de El-Rei D, Affonso 2# passariio de Evora ‘Ocoupar © Castello de Avix; teve primeiramente 18 villas € 49 commendas. 2 " | Os Coroneis: Paulo Martins. Camillo Maia Tonnelet. Os Tenentes Coroneis: José Thomaz Brum. Joaquim Xavier Curado. Os Sargentos mores: José Botetho de Lacerda. ‘Vicente Ferreira Portugal. Gaetano Pimentel do Vabo. © Capitio, Antonio José Castridto. Ministros : © Conselheiro, Antonio Diniz da Cruz e Silva. Ordem de S. Thiago da Espada Esta ordem comegou em Portugal, no reinado de D, Af fonso 4°, ¢ foi separada de Castella por El-Rei D. Diniz em 4290. Tem hoje em Portugal 47 villas e lugares, e 150 com- mendas. Officiaes de Milicias e Ordenangas professos: Os Capitaes: noel Luiz Ferreira. Antonio Gorreia da Costa. Particulares : Pedro Henriques da Cunha. © Dr. Bernardo Carneiro Pinto. Jacintho Gomes Leio. José Pinto da Silva. Leandro. Negociantes, lojas, embarcagses, importacio, engenhos 4 Amaro Velho da Silva e G* 2 D. Anna Maria de Sousa e C.* 3 Antonio Gomes Barroso. & Antonio Botelho da Cunha, Antonio dos Santos. 6 Antonio José Lopes de Araujo. ‘Luiz Fernandes. core ener 10 Antonio José Ferreira. 44 Antonio de Sousa Ribeiro. 42 Antonio Teixeira Pinto da Cruz. 413 Bento Antonio Moreira. 14 Bento Leite Bastos, 15 Bernardo Francisco de Brito. 46 Bernardo José Ferreira Rabello. 17 Bernardo Lourenco Vianna. 48 Bernardo Gomes Souto. 19 Braz Carneiro Leio. 20 Custodio Alves Guimardes. 24 Custodio Gardoso Fontes, 22 Custodio Moreira Maia. 23 Custodio Moreira Lirio. 24 Carlos José Moreira, 25 Gaetano José de Almeida. 26 Constantino José da Motta. 27 Domingos José Ferreira. 28 Domingos Antonio Pereira. 29 Domingos Alves Ribeiro Guimarkes. 30 Diogo de Castro. 31 Elias Antonio Lopes. 32 Felippe da Cunha Valle. 83 Francisco Alves de Britto. 34 Francisco Antonio de Carvalho. 35 Franeisco d'Araujo Pereira. 86 Francisco da Cunha Pinheiro. 37 Francisco José Leite Guimaraes. 38 Francisco Pinheiro Guimariies. 39 Francisco Xavier Pires. 40 Francisco Antonio da Costa. 41 Francisco Pereira de Mesquita. 42 Fernando de Oliveira Guimaraes. 43 José Gonsalves Fontes. 44 Joio Lopes Buptista. 45 Jeronimo Teixeira Lobo. 46 Jofio Alves da Cunha. 47 Joho Baptista Jacobina e O* 48 Jo&o de Siqueira da Costa. 49 Joiio Francisco da Silva Sousa. 50 Jofio Gomes Barroso. 1 Jollo José Coelho. ? José Caetano Alves. — 155 — 54 José Dias de Castro, 55 José Dias da Cruz e CG." 56 José Gonsalves dos Santos. 57 José da Motta Pereira. 58 José Pereira Guimaraes. 59 José Pereira de Sousa Caldas. 60 José Pinto Dias. 64 Joo Fernandes Vianna. 62 José Rodrigues Fragoso. 63 José da Silva Vieira. 64 Julifio Martins da Costa, 65 Joo Teixeira de Carvalho e C* 66 Joao Francisco Pereira da Fonseca. 67 José da Cunha Barbosa. 68 Joaquim José Pereira do Faro. 69 Joaquim de Sousa Meirelles. 70 Joao Rodrigues Pereira de Almeida, 71 Joao Gomes Valle. 72 Luiz Antonio Ferreira. 73 Lourenco de Sousa Meirelles. 74 Luiz Monteiro da Silva. 75 D. Maria Cassimira. 76 Manoel Ferreira Codeco. 77 Manoel Bento Lope: 78 Manoel Francisco Peixoto. 79 Manoel Gomes Cardoso. 80 Manoel Martins da Costa Passos. 81 Manoel de Oliveira Costa. 82 Manoel Rodrigues Bastos. 83 Manoe! de Sousa Meirelles. 84 Manoel Mendes Salgado. 85 Manoel Gomes Pinto. 86 Manoel Caetano Pinto. 87 Manoel Francisco Pereira de Sd. 88 Manoel José da Gosta Rego. 89 Manoel Jorge. 90 Narciso Luiz Alves Pereira. — 156 — LOJAS DE VAREJO E OFFIGINAS QUE HA NESTA CIDADE Lojas: varejo. . 6. vidros ¢ louca fina ouro lavrado prata . ferragens relojoeiros . . alfaiates . . sapateiros funileiros @ Iatoeiros entalhadores . mareineiros ferreiros serralheiros . caldeireiros . segeiros cabelleireiros selleiros . serigueiros correviros livreiros . tanoviros . . ferradores penteciros lapidarios formeiros e salteiros batefolhas violeiros . . . tintureiros de pintores de cravadores de torneiros, . . . . , de torneiros de prata . . de barbeiros. . — 17 — 2 NUMERO DAS EMBARGAGORS QUE ENTRARKO NESTE PORTO NO ANNO PROXIMO PASSADO DE 1798 Portuguesas: BUD Bras corey 2 oes ER 4 REGRESS ngeyn a slece Sis 2 Brigue. - 2 eee ee ee 1 Navios Mo Uiebon ‘se 4 do Porto... .. 16 da Figueira... 3 de Vianna. . 3 do Fayals 2... 2 de Mocambique de Angola... 6s. 2 ss os 40 de Benguella.....--... 42 de Pernambuco... ...- ff da Bahia. . - four do Rio Grande de S, Pedro. . 79 dos Campos Goitacazes .... Ff Pageaeitey = ile +n os eran 1S de Santos . . 2B de Santa Catharina... 16 da Capitania . . . Mh Sommio todas... ..... 346 Estrangeiras: Suceas . . . Seat Dinamarquezas. sss ss Hespanholas..... + ee ee ‘Entrarao nesta cidade, vindos de barra fora no anno aie passado, além dos que se nio podem ayeriguar vit firme, © em barcos das rogas para as differentes TAA. 589, ae Pipas de vinlo. 2... . Barricas de dito... . 2... Pipas de agua ardente do Reino Barris de dita . i ws Pipas de agua ardente da terra. . Barricas de dita. . aes. Barris de dita. Pipas de azite . . Barris de dito... . Ancoretas de dito . Pipas de Vinagre. .. Barris de dito... . 9. Alqueires de arroz em casca Saceas de dito descaseado . . . Alqueires de trigo do Rio Grande Ditos de feijio . Ditos de milho , Pinas de mellaco . . Barris de dito - Govos de comer... Arrobas de toucinho Ditas de carne do Rio Grande Dilas de Café. . Sacos de dito . Alqueires de amendoim Arrobas de peixe salgado . Barricas de bacalhao Barris de wantelga do Reino . Que Arrobas de farinha de trigo. . |. Dilas de seto.... . Anvorelas de azeitona . . . Dilas de sardinha Barris de paios Duzias de ditos . Presuntos . Barricas de ditos i Dilas ie salpicdes . Secon as) ache Feats que se malas no io ammo de 1708 « Bec oes ave peodonithe Pee ee ee reeret nee 3.600 ero ee 3.822 FR TEE cc ilo hoy sy 239 < Pipas de azeite que produzirao. . . . . . - 3.202 . Quitandas de barbatana . 2. 2... 1.012 Gouros em, cabello do Rio Grande... . 170.886 Barras de ouro que se manifestarao na In- tendencia desta cidade... Bes 42.105 que importaréo em... . ses + 1.917 :00581t0 FABRIGAS DE ASSUGAR E AGUA ARDENTE Das que exislem em cada um dos @Mtrictos desta a- Pilania: Districtos Engenhos de Engenhos de Assucar — agua ardente BEARER eos urs 4 is cs j 4 Marapich. 2 2... 57 it iba Grande 32 55 Peat rast 7 400 Inhomerim .. ... ~ 8 3 6 0 1 9 4 Tobe iat AGES Fo- 5 616 253 EXPOSTOS DA SANTA CASA, HOSPITAES DE MISERI- CORDIA E DE EL-RED ADMINISTRAGAO DOB EXPOSTOS NA SANTA CASA DA ‘MISERICORDIA Teve principio esta administrago em 14 de Janeiro de 00 Pessoas empregadas nesta administragio: Eserivio, Francisco de Paula Cabral. ‘Thesoureiro, Manoel José de Sampaio. Procurador, o Tenente Coronel Manoel Ribeiro Guima- ries, HOSPITAES Hospital @ElL-Rei Numero dos doentes que se recolherdo e dos que fal- Jecerao no mesmo anno: Doentes . . . . Fallecidos Hospital da Misericordia Doentes pobres de ambos os sexos Fallecidos Recebeo a Santa Casa para a despesa annual de Julho de 1797 até Junho de 1798 a quan- fin de SB cs BS + + + 2827189518 Despendeo . Medicos da Santa Casa: Dr, Antonio Francisco Leal. Dr. José Carlos de Moraes. Cirurgidio-mér, Joao Antonio Damasceno. Dito do Banco, José Antonio Pereira de Godoy. Boticario, Joaquim Custodio. Capelies da agonia, dous Religiosos de Santo Antonio vor alternativa. FREGUEZIAS, NASCIMENTOS, OBITOS Subordinadas a este bispado Dentro da capitania Na capitania da Bahia . Na capitania de Goyaz . . . Na capitania de Matto Grosso |: Sommfo- 2. 1. eee ‘Villas subordinadas a esta capital, 41. — 161 — Nascimentos Pessoas livres nascidas neste anno . PORSPAU OB Sg) ce) oye es ee eh Total. . Pessoas livres fallecidas no dito anno Ditas fallecidas no hospital de El-Rei Ditas fallecidas no hospital da Miser Enjeilados sepultados na Misi Escravos fallecidos , % Totas dos mortos Fim do Almanac — 162 — Chronologia do pessoal que nos diversos tempos compoz 0 - ‘Tribunal do Conselho da Fazenda {Offerecido ao Instituto Historico pelo Sr. Conselheiro José Paulo Figueiroa Nabuco de Araujo) 0 Tribunal do Conselho da Fasenda foi creado no Brasil pelo Tit, 6 do Alv. de 28 de Junho de 1808, e foi extircto em virtude da C. de Lei de 4 de Setempro de 1834, tendo com tudo funccionado até 20 de Maio de 1892. O seu Pessoal compoz-se dos seguintes membros, tendo come- ‘ado © exercicio aos 14 de Novembro de 1808 e por vir- tude do Decreto seguinte: “Sendo necessario, ¢ muito conveniente ao meu Real “Servigo, que comece desde ja 0 expediente do Conselho da * Fazenda; Sou Servido que todas as pessoas que Eu Haja “por bem nomear para os empregos, ¢ officios da referida “Mesa principiem a servi-los sem dependencia da Carta, que “serio obrigados a apreseitar no espaco de dous mezos, “0 mesmo Consetho assim o tenha entendido e faga :xe- “cutar, etc.” Antes desta leu o presidente j4 empossado, 0 de 28 de Junho, e passou a dar posse aos Consetheiros togados Luiz Beltrio de Gouveia Sousa e Almeida, » Franciseo de Sousa Guerra Araujo Godinho, ¢ aos de capa e espada, D. Diogo do Sousa Coutinho (depois conde do Rio Pardo), José Ngidio Alvares de Almeida (depois Bardo, Visconde, © Marquez de S. Amaro), Leonardo Pinheiro de Vasconeellos, sendo escri- viio da Mesa Joaquim José de Sousa Lobato. © conselheiro togado Antonio Luiz’ Pereira da Cunha tomou posse para ter exercivio, findo o logar de Chanceller da Relagho da Bahia, aos 13 de Janeiro de 1809, Findo este lugar, pelo tempo maior de 5 annos exercido, teve exervicio até que substituin 0 Conselheiro Paulo For- nandes Vianna, na Intendencia da Policia, tendo depois pas sado para o Desembargo do Pago, em que foi aposenindo no anno de 1828, tendo sido Visconde, _ de cima. Pedro Maria Chaves de = 163 = Gaclano Pinto de Miranda Montenegro, depois Viscoade @ Marquez da Praia Grande, teve posse por procurador do Tugar de Conselheiro de capa e espada aos 5 de Maio de 1809. 7 © escrivado da Mesa Joaquim José de Sousa Lobato, con- tinuando no mesmo exercicio, passou a Conselheiro de copa e espada tendo exercivio aos 21 de Maio de 1810. Diogo de Toledo Lara Ordenhas, teve como Conselheiro togado exercicio aos 28 de Maio de 1810. Antonio de Saldanha da Gama 0 teve como de capa e espada a 17 de Setembro de 1810. D. Manoel Franciseo Zacarias de Portugal e Castro, como de capa e espada, o teve a 17 de Julho de 1811. « Antonio Gomes Pereira da Silva como chanceller da Re- laglio de Goa teve posse por procurador como togado a 23 de Agosto de 1811. Antonio José da Franea e Horta, como d capa ¢ espudla, taye exercitio a 47 de Janeiro de 1812. Como togado o teve Francisco Lopes da Silva Faria Le- mos a 22 de Junho de 1812. Como togado e para exercer na volta de Goa como Chan- seller, teve Manoel José Gomes Loureiro posse a 14 de De- zembro de 1812, Como de capa e espada, tomot D. Manoel de Portugal como procurador do Gonde de Palma, depois Marquez de 8. Jo&o da Palma, posse a 18 de Janeiro de 1813. Como de capa © espada, e por procurador a teve Joao Carlos Augusto de Oyenhausen, depois Visconde e Marquez de Aracaty, a 11 de Janeiro de 1815, Como togado teve Francisco Baptista Rodrig a1 de Feverviro de 1815. 5 Kem, Antonio Saraiva de 8. Puio Coutinho a 10 de Fe- | vereiro de 1815, bo exereicio Gomo de capa ¢ cspada, Luiz Barba Alardo de Menezes, feve exercicio a 25 de Setembro de 1816, ‘Como togado Luiz Thoma: Navarro de Andrade, teve ‘ exercicio a 9 de Margo de 1818. Do capa e espada, ¢ por procurador teve 0 Conde dé Paraty posse a 44 do Margo de 1918, -* Gomo togado Francisco Xavier da Silva Cabral, teve exercicio a 11 de Margo de 1818. Gomo de capa e espana, teve D. Antonio Coutinho do ire exerciolo n 21 de Julho do 1819. ies oe Conde da Lous D. Diogo, como Presidente, id. id. id. Entrou como escrivao serventuario, Joaquim José de Ma~ galhes Coutinho a 9 de Abril de 1824. ‘Item, como escrivao serventuario na Mesa do Registro Geral das Mereés, Joio Maria da Gama Freitas Berquo, de- pois Bardo, Visconde e Marquez de Cantagallo, a 4 de Maio de 1824. Manoel Jacintho Nogueira da Gama, depois Visconde @ Marquez de Baependy, exerceo como de capa ¢ espada, a 11 de Maio de 1621. Como togado teve José Fortunato de Brito Abreu Sousa Metiezes exercicio a 18 de Maio de 1824. Como de capa ¢ espada, José Joaquim Carneiro de Cam- pos, depois Visconde e Marquez de Caravellas, teve exercioio a 27 de Junho de 1824. Como de capa e espada, teve Jodo Vieira de Carvalho, de- pois Bar&o, Conde e Marquez de Lages, exercicio a 19 de Dezembro de 1823. Como eserivia da Mesa o leve Joi Sabino de Mello u- thoes de Lacerda Castello Branco, a 4 de Julho de 1825. Como de capa e espada, o teve Joao Prestes de Mello, a 14 de Julho de 1826. mo togado Agostinho Petra de Bitencourt, teve exer- cicio a 12 de Margo de 1827. A 49 de Outubro de 1828, passou no Supremo Tripunat de Justiga. Como togado o teve Jo&o José da Veixa a 30 de Marco de 1827, Como togado, Luiz Joaquim Duque-Estrada Furtado de Mendonga o teve a 14 de Dezembro de 1827. ‘Tanto este como o antecedente passartig a 19 de Outu- bro de 1828 para o Supremo Tribunal do Justiga. Miguel Calmon Du Pin ¢ Almeida, depois Visoonde 6 Marquez de Abrantes, teve posse da Presidencis « 49 de De- zembro de 1827. Manos! José de Sousa Franca, como escrivfo supranu- merario a teve a 14 de Margo de 1828. Como de capa ¢ espada, JoSo da Roeha Pinto, teve 0°40 de Outubro de 1828. my dont Ceetinaie Andrade Pia ae eae de 5 : Item, Jofio Sabino de Mello Bulhdes de Lacerda Castello Branco, © teve a 10 de Novembro de 4828. ay aby — 165 — Manoel José de Sousa Franga, como escrivao ordinario com voto o teve a 19 de Novembro de 1828. Como escrivio supranumerario Manoel do Nascimento Monteiro, teve exercicio a 3 de Dezemb.o de 1828. Como Conselheiro de capa e espada, Luiz Moutinho Lita Alvares da Silva, o teve a 9 de Outubro de 1829. Item, Ernesto Frederico de Werna Magalhies Coutinho, © teve a 18 de Dezembro de 1829. Item, Joo Antonio Pereira da Gunha, a 7 de Maio de 1830. Tem, por procurador Joio José Lopes Mendes Ribeiro, teve posse a 14 de Maio de 1890, ee ‘Quadro das forgas de mar ¢ terra existentes nas capitanias do (Manuscripto offerecido ao Instituto pelo Sr. Libanio An- gusto da Cunha Mattos.) FORCAS DE TERRA No Rio de Janeiro, como consta da Relaglo n. 1, trpas pages ¢ auxiliares Em Santa Catharina, como con Relagio n. 2 No Rio Grande, como consta da Relagio n. 3, effe- otivas, 5.601; que poderfo chegar a . Na Colonia, como consia da Relagho n. 4 . Forgas de terra, pagas e ausiliares FORCAS DE MAR Em Senta Catharina, tres ndos © duas fragatas como consta da Relaglon 2... 2... No Rio Grande, tres fragatinhas, duas corvetas, quatro sumacas © tres bergantins, por todos doxe, como conta da Relacho n. 3. . . Na Colonia, uma fragats, duas corvetas ¢ um hia- te, por todos 7 sacs Embareaghes de guerra grandes ¢ pequenas. . RELAGKO 1 Forcas com que ve achava o Marques de Lavradio'no Rio de dancire, ¢ com que péde ver soccorride de Minas Geraes: Tropas pagas no Rio de Janeiro: Effectivas Uma das duas companhias de cavalleria da Viece-fet — 67 — ‘Auxilisres tio bem exercitados como a tropa ‘paga: Primoivo tergo, do Rio de Janeiro, de que ¢ Mes- tre de Campo o Vice-Rel . . --- -- 726 Segundo terco. de que ¢ Mestre de Campo o Te- nente General Bohm...) -+.+ 718 ‘Perceiro tergo, de que ¢ Mestre de Campo Pe dro Dias . Sc ae Auxiliares 2.169 5.774 ‘Tropas pagas ¢ auxilinres Ha mais um tergo de homens pardos, muito mais forte quo os precedontes, ¢ igualmente bem disciplinado; além de outros de que o Marquez de Lavradio faz meng&o, mas winda nio mandou relagdes circunstanciadas delles. Tropas pagas ¢ auziliares de Minas Geraes, que se achdo promptas a passarem ao Rio de Janeiro, logo que forem requeridas pelo Marquez do Lavradio: Pagas: ‘Um Regimento de Cavalleria, de que ¢ Coro~ nel o Governador, ¢ Capitio General D, Antonio de Noronha, com pragas . - - - wa Auxiliaves de Cavalleria da Comarca de Villa-Rica Primeiro regimento, de que ¢ Coronel Af- fonso Dias Pereira, com pragas . .. . 317 Segundo regimento, de que @ Coronel Joao de Sousa Lisboa, com pragas . - ay Da cidade de Marianna ~ Primeiro regimento, de que é Coronel An- - tonio Gonsalves Torres, com pracas . - wT de que é Coronel Fran- — 168 — Comarca do Rio das Mortes Primeiro regimento, de que é Coronel José Ferreira Villa~Nova, com pracas . . . . Segundo regimento, de que ¢ Coronel Fran- cisco de Mendonca, com pracas Cavalleria auxiliar . . Cavalleria paga e auxiliar . . . . Auxiliares de pé, e companhias francas na comarca de Villa-Rica: Um tergo de homens pardos, de que é Mestre de Campo Francisco Alexandrino, com- posto de treze companhias, pracas. . . Dez companhias francas de homens pardos de sessenta pracas cada uma Sete companhias francas de homens pretos, de sessenta pragas cada uma - Comarea do Rio das Mortes Dez companhias francas de homens pardos da Villa de $. Joao d'El-Rei, de sessenta pragas cada uma Seis companhias franeas de homens pardos da Vifla de S. José, de sessenta pracas cada uma . pole Seis companhias francas de homens pretos das Villas de S. Joo de Bl-Rei, e de S. José, de sessenta pragas cada uma . . Auxiliares de py Tropa paga e auxiliares de cavallo, ¢ de pé Promptos . we RESUMO: ‘Tropa pags e auxiliares do Rio de Janeiro, Tropa paga e auxiliares de Minas Gernes, — prompta a marhar. . eee — 169 — Esta capitania necessila: Para a tropa paga della, armas completa: . - 2.000 Para se yenderem aos auxiliares do Rio de Janeiro e Minas Geraes, ou se empresta- Bibs rem os que no tiverem meios de as : coJaprar, armas completas Serer pre 4.000. Polyora, arrobas ....- +. + + 4,000 Atarracamento para os cinco Regimentos do tropa paga; e para o de cavalleria de Minas Geraes Para o mesmo Regimento de cavalleria, cla- vinas . Pistolas Espades . RELAGAO N. 2 Forgas de terra ¢ de mar com que se acha o Marechal de Campo Antonio Carlos Furtado de Mendonca, para de- fensa da Itha de Santa Catharina: Forgas de terra Um regimento de infanteria da guarnigéo da mesma Wha conr pragas . . . 173 Gm regimento da cepitania do Pernambuco . com pragas Tropa paga . 4 . Dous lergos de auxitiares pertencentes 4 mes- ma Ilha, cada um de pragas 726, ambos ‘Um destacamento de artilheria, de que se nio Rihie orga a Agios tea? 2) os Infanteria e auxiliaves . “Forgas de mar: Néo Santo Antonio, com pragas effectivas . 476 Mio Made. ss. cere. 479 ‘Néo Belém... - ss aay oi 10 — RELAGAO N. 3 Forgas de terra, e de mar com que se acha o Tenente Ge- neral Joao Henrique de Bohm no Rio Pardo ¢ Rio Gran~ de de 8. Pedro: Forgas de terra: ‘Tropa effectiva Uma das duas companhias da guarda do Vi- ce-Rei a: : © regimento de Moura . © regimento de Estremoz . © regimento de Braganca . 7 © primeiro Tegimento do Rio de Janeiro . © regimento de Dragdes do Rio Grande . . Um destacamento de artilheria do Rio de Janeiro Uma companhia de infanteria de Santa Cae tharina . . . Quatro companhias novas do Rio Grande. | 305 Quatro companhias de tropa ligeira de in- fanteria e cavalleria do Rio Grande. . 192 3.867 Transporte . © vegimento de infanteria de $. Paulo que a0 fim do anno proximo precedente de 1775 ja tinha embareado no porto de Sanlos para o Rio Pardo, composto o dito regimento de pragas A legiao de voluntarios Reaes de 5. Paulo, que no fim do mesmo anno proximo pre- vedente tinha marechado para Viamao e Rio Pardo, composta a dita legiio de seis companhias de infanteria, com seiscentas e nove pracas, e de quatro companhias de cavalleria com quatrocentas e tres pra- eas; fazendo todas . Forgas de terra effectivas, no Rio Pardo e Rio Grande . . . rg Deveese observar em primeiro lugar; | que nesta conta nfo entra um Regimento de cavalleria auxiliary por se nfo saber 0 es- fade stoeio Je aia iesianethe iiss -— 1m — ‘Deve-se observar, em segundo lugar; que para se completarem os Regimentos de r Moura, Estremoz, Braganca, e primeiro do Rio de Janeiro, thes faltavio quinhen- tos e vinle e seis pragas, as quaes se de~ ver preencher com as reerutas que se mandao das ilhas dos Acores, e estas com as do Regimento de cavalleria auxiliar ‘acima indieado, no caso de estar tambem completo, faréo montar as forgas de ter- ra do Rio Pardo e Rio Grande em com- Patera our tot neei se fone vette 6.717 Forgas de Mar: Existem no Rio Grande as embarcagdes seguintes: Graga, contendo corpo de marinha, infan- teria e marinliagem .. . .. . 1+ + © 245 Gloria, idem, idem . . a ene mops ee 115 Rieter ees Wee Jn ke noel 30 Pam GEAR NS, ate e a a 96 } Tnvendivel .. 0-0-2 ee et ee ee 4108 PONNn geen nit Bene te Sacramento . . Cee oe nee IBIAS Ry ser cat oe os foe oi 72 Nossa Senhora do Monte. .... . 70 Bragantino . . . ey ne ee ORR ee tsi so tae 39 2 Bom Successo | Say ce aes al 34 RELACAO N. 4 se acha na praca da Colonia o Gover- la Francisco José da Rocha: Effectivos 542 —1R2— Além da dita tropa, todos os habitantes da Praga em caso de silio, servem como ella, ¢ atS as mesmas mulheres animao os maridos € os filhos, com incriyel eonstancia, a se defenderem, No porto da mesina Colonia se achdo as embarea- oes seguintes: A fragata Nazareth, com pracas A corveta Gloria... . . A eorvela Conceigio . © hiate Conecicdo . . Todas as pracas effectivas A artilheria destas embareagdes dos calibres de 12, 5, 3 e 4, sio, pecas — 173 — NOTICIA SOBRE OS SELVAGENS DO MUCURY EM UMA CARTA DIRIGIDA PELO 1. Theophilo Benedicto Ottoni AO SENIOR Dr, Joaquim Manuel de Macedo Timo. Snr. Philadelphia 31 de Margo de 4858. Vou aproveitar alguns momentos Vagos para cumprir como puder a promessa que fiz, de fornecer noticias para a _ — Memoria — que V. S. tom de offerecer ao Instituto His- torico e Geographico 4 cerca dos selvagens do Mucury. Desde que em 1847 comecei a estudar os meios de abrir pelo valle do Mucury novas vias de communicagio, que li- gassem 0 norte da provincia de Minas com o littoral adja cente do lado de leste, muito me preoccupavao os selvagens habitadores destas brenhas. Guidei sériamente de conhecel-os, ¢ para saber 0 que delles havia a esperar ou temer, consultei a historia e as tradigdes antigas e recentes, tanto do lado de Minas Geraes como do Indo da Costa, Na historia pouco achei que aprender. Qualquer prin= cipiante de geographia nos dir: Que Pedro Alvares Cabral achou em Porto Seguro os ‘Pupiniquins, selvagens de costumes brandos, os quaes acei~ tando francamente a eivilisacio portugueza, e alliando-se em s com os Europeos, fizer&o prosperar nos pri- _ merros annos a eapitania de Porto Seguro a ponto de come- — i garem logo os colonos a exportar para a metropole grandes porgdes de assucar: Que os Tupiniquins tendo guerra com os Papanaus, © achando-se estes fracos se concentrarao para as matizs no tempo da descoberta sem mais darem novas suas: Que poucos annos durou a prosperidade da capitania porque os Aymorés, Abatires « Pataxds descend das serras que habitayfio exterminario Portuguezes e Tapiniquins a tal ponto que em 1587 <6 restava um Engenho em toda a eapitania, continuando por dous seculos em completa deca dencia, pois que ainda no reinado de D. José 1.%, diz Fer- nando Diniz, constar a velha capilania de duas aldéas, sendo certo que foi de 1740 a 1780 que forao erigidas em villas as aldéas de S. Mathens, Mucury, Vigosa e outras: ‘Que por estes tempos recomecando-se a povoar a Gosta, ahi encontrario por toda a parte desde 0 rio Doce até 0 de Belmonte, Botooudos, que os historiadores foro sem exame declarando que ervio os deseendentes dos Aymorés sem se da- rém ao incommodo de explicar que fim tinhio levado os Abatires, Pataxds, Papanaus, Machacalis, e outros cujos no- mes figuraviio no tempo da descoberta como habitantes d'a- quella redondeza. Além destes detalhes nada mais conhego dos historia dores sobre os selvagens do Mucury, e sobre o mesmo valle do Mucury, sendo phrases laconicas soltadas como qua de pas— sagem — exemplo — os Diccionarios de Milliet de Saint- Adolphe e de Saturnino. © Mucury, dizem elles, ¢ um rio que ver de Minas, Suas eabeceiras, e as do seu confluente — Todos os Santos, sta occupadas por eabildas de Indios ferozes ¢ anthropophagos. E acabou-se a historia. Fui_mais feliz esmerilhando as tradigdes antigas » re~ centes. De factos coevos fiz basta colheita, Natural do Serro do Frio ouvia desde os primeiros an- nos conlinuadas narragdes 4 cerca de indios, caboclos, ¢ ta= piios, nomes que indislinctamente se dé aos aborigenes. Acossados pela populacio christia que se hia estabele— vendo pela cordilheira central, os Macunis, Malalis, Macha- calis, Nacknenukes, Aranaus, Bahués, Bituruaas, Gyporocks, te. que pela mér parte sio da nagio dos Botocudos, se vi- ee idos a concentrar-se na zona onde correm as aguas Mucury, estendendo-se ao N. E. ¢ N. O. até Gequitinhonha ou algum dos seus confluentes a leste até o litoral, ao sul até o Suassuhy Grande e Rio Doce. ae sey a — 15 — F’ tradicdo constante que antes da introduceio da es- ovavaiura africana, o trafico dos indigentes se fazia em Minas de um modo atroz quanto é possivel. ‘08 trafieantes davAo caga aos indigenas como a ani- maes ferozes. Diz-se mesmo, que para adestvar os caens nesta cagada, dava-se-Ihes a comer carne dos selvagens as~ sassinados, ¢ que foi em reprosalia destes horrorosos ation- tados, que os selvagens se derao 4 anthropophagia, devorando as vietimas que Thes cahifio nas maos. Eu conheci unr official das Divisdes do Rio Doce, alias pessoa de boas qualidades, e excellente militar, que nfo era mais homem quando se the fallaya em Botoctidos. Ouvi-lhe a medonha declaragio de que quando os seus caens davao no rasto de algum destes infelizes sentia elle as mesmas emog6es que os outros cagadores quando os raens d&o na patida do veddo. Estreitados entre o litoral, o Rio Doce, 9 Gequitinhonha atacados por forcas regulares, 0s selvagens tiverio de sub- metter-se, e a guerra propriamente tal das flechas com as espingardas cessou ha muitos annos E se de tempos a tempos occorria algum attentado dos selvagens, era este as mais das yezes filo, ou de sugesties eriminosas dos chamados christios, on do desespero que re- agia contra a brulalidade e tyrania. Muitos annos os Indios que fazi&o depredagdes nas vi- sinhangas dos poveados ero acompanhados por linguas, que ora impunhfio contribnigées de guerra aos moradores, ou 0° roubavao em nome e com o braco dos selvagens. A’ medida que se foi estreitando a zona que oceupayao, a fome activou a guerra fratricida que 6 eterna entre as diversas tribus. Matdo-se por um pequeno terreno onde ca- cem, 6 apanhem algumas raizes tuberasas. Os mais fracos sahirdo das matlas; e inermes vierdo no- dir farinha, & proleceio contra os seus proprios irmos. Foréo as primeiras tribus aldéadas. Tal ¢ a historia dos Mucunis, que para resistir sos Botuondos fizerio confe~ deracao com outras tribus, ¢ nem assim podendo resistir aos invasores tiverio de recorrer 4 proteccdo dos christaos. Os Malalis om 4787 perseguidos pelos Nacknenuckes apre- sentarfio-se no Allo dos Bois, 9 legoas dislante de Minas _ Novas, ¢ ahi ficario aldeados junto ao quartel das divisies. _ Diz-se que alguns commandantes das divisSes mostra- fo edilecefo pelos soldados indigenas. Rac pati — 176 — Nao s6 erao mais conhecedores das mattas, como tam- bem nfo sabendo exprimir-se nem conhecendo o valor do di- nheiro, erio menos exigentes nas contas do soldo. No Alto dos Bois os Malalis voluntarios, ou reerutado: sentarfio praca nas divisées. ‘Tendo alguns desertado softrerdo castigos severos, bem como pessoas de suas familias acensadas de haverem acon- tado os desertores. A proteccio dos christaos, assim exercida, comegou a parecer-lhes mais intoleravel do que a guerra com os seus irmaos das florestas. E uma bella manh’a 0 commandante do Quartel do Alto des Bois achou a aldéa completamente abandonada. Os Malalis (inhio hido tentar fortuna nas suas florestas, Infelizes! Erao muito fracos para medir-se com os terriveis Botocudos. Vencidos, e dizimados acolhorao-se novamente 4 protecgie dos christios. Recebeo-o8 como pai Antonio Gomes Leal, euja nume- rosa descendencia tem vivido sempre em paz com os selva~ gens, © tem tirado bom partido da sua amisade, Resto ainda, ¢ vivom sob a proteegio de um digno fitho de Antonio Gomes Leal o Sr. Casimiro Gomes, uma vintena de Malalis dados ao trabalho & a0 negocio, intelligentes e des confiados. Ha 30 ou 40 annos que se passarao os ultimos aconteci- mentos expostos. Havendo cessado 0s assallos dos selvagens contra os co~ lonos da borda da matta, estes cobrarfio animo, e comegarao as exploracdes das bandeiras. O Mucury era para todos um paiz encantado, uma especie de El-Dorado. Muitas caravanas penctrardo entéo nas suas cabereiras. Para o norte higo procurar as apregoadas riquezas de ouro da famosa Lagoa Dourada, e os diamantes da Serra do Chifre. Ao Sul demandavaio-se os fallados campos do Tambacury. 9 proprio Governo Provincial de Minas sob a presidon= cia do Exm. Sr. Barfo do Pontal deixou-se enlevar polos roteiros antigos, e mandou fazer uma exploragio mineralo- Sica nas margens do Todos os Santos. ‘A expodigio, partindo do quartel do Ramalhete, no Suas suhy Grande, regressou sem ter chegado ao termo da sua ‘Antes ¢ depois desta expedi¢fo. diversas. bandefvas de faventureinos 4 procura de pedras preciosas ousarfo intor- } | ii — a nar-se até a Serra das Esmeraldas, que outra nfio 6 sento a mesma Cordilheira dos Aymorés, hoje conhecida no Mu- cury sob © nome do Map-map-krak, que significa — pedra Porém nenhuma caravana, por mais numerosa que foste, tinkia podido sustentar-se na ‘matta em frente dos seus has Biladores; nenhuma se rotirou sem pagar fs flechas 0 seu tributo de sangue. Citarei, por exemplo, com a authoridade da Camara Mu- nieipal de Minas Novas em officio dirigido ao Governo Prow Nineial no anno de 1834, a bandeira eapitancada por Franc tise Teixeira Guedes. Alravessando Guedes 0 Todos os Santos com 90 pessoas em 4829, apenas comecava a sua mineracéo na Serra das Esmoraidas, foi atacado pelos selvagens, © tove de retirar-se deixando morto no campo de batalha o interprete que levava. A viagem do Coronel Bento Lourenco Vaz de Abicu ¢ Lima feita em 1944 no espirito da minha empreza, sob as inspiragdes do fallecido Conde da Bares, nfo éra mais ani madora em relagio us disposicdes bellicosas dos selvagens. ‘mesmo digo 4 cerea da expedicdo do engenheiro Rey- naut mandado em 1837 pelo entio Presidente de Minas, 9 Sr. Desembargador Costa Pinto, © que na sua passagem foi lam. bem atacado pelos selvagens, Evo as consequencias do tratamento barbaro que tinbfo recebido os selyagens desde o tempo da wonquista. Erdo as Gonsequencias dessa carta Régia do triste recordag&o declae Fando guerra de exterminio aos Botocudos. Erdo especial. mente as consequencias do trafico dos kuruvas, Do 1837 a 1847 nfo cessardo as reclamagies das autho- Tidades © moradores de Minas Novas, pedindo providenctas Contra as excursdes dos selvagens do allo Mucury © Goqui. tinbonha, As providencias que se pediio, ¢ que o governo dava, re sumnem-se no Iseonismo dostas duas palayras — polvora ¢ bala: Os resultados, em 1830 por exemplo, furio deploraveis. De documentos officiaes existentes na secretaria de Mi- == NV A paixio nfo sabe raciocinar, e o sangue derramado pede Os visinhios dos atsassinados so reuninio; 6 géverno dea as providencias, isto 6, mandou polvora e bala, e tambem sol- dados. Formou-se um pequeno pé de exereito alterado de pai- xo 6 de vinganga. Os chefes aculayéo a multidao. Estes bem sabifio 0 que faziio. Querifio descartar-se dos selvagens, porque Ihes comifo nas fazendas algumas cabogas de gado. Assim preparada a expedic&o marchou para a — Capi- vara — como quem hia a uma eagada de antas ou de porcos do matto. Os Indios Gré © Orahy, soldados das divisdes, erio os guias e directores. ‘Tomardo de noite todas as avenidas da aldéa; assaltarfio-na de madrugada. As forcas erio incommensuravelmente desiguaes; a re- sistencia impossivel. A aldéa foi um agougue, nfo um lugar de combate. © desespero fee com que os selvagens disparassam al- gumas flechas mas nio morreo um s6 dos assaltantes. Nos da aldéa fez-se mio baixa em velhos, mulheres @ meninos, sendo reservados destes os que servido para o tra~ fieo, ¢ alguns dos adultos para carregarem as bagagens ¢ a matolotagem dos assassinos. E em caminho apenas se podia dispensar uma destas estas de carga, mettia-se-Ihe uma bala na testa, Crahy para justificar sua fidelidade & bandeira, 6 9 prin- cipio de que o renegado é o peor dos inimigos, assassinou ao entrar na aldda, por suas proprias mAs, sua sogra — a mai de sua mulher! Cré e Crahy derio baixa ha muitos annos, e vivem para a3 partes de S. Miguel na maior obsouridade, Mas quando se trata de matar uma aldéa, faganba que tempos a tempos se repete, esto certos os dous rene- =179 — Corea-se a Aldea do noite — dé-se o assalto de madru- Bada. E do regra que 9 primeiro bote seja — apoderarom- tan eesalatites dos arcos e flechas dos sitiados que estio amontoadias no fogo que faz cada familia, As mais das vezes neste primoing lango Gré e Grahy desiring completamente og sitiados, Progede-se 4 matanga, Separados os kurucas, » alguma India moga mais bonita, ue formfo os despojos, sem miscricardia tas se mio baixa Sobre 0s outros, € 08 matadores nfo sentem outra emoctio MUe niko seja a do earrasco quando corre lao no pescogo das enforeados, 0 Sr. Cré, és vezes toma por matalote Para as suas fa. sanhas, em vez do Sr. Graby, o Sr, Lidoro, outro indigena que tambem foi soldado das divisdes. Pelos annos de 1834 4 1838 havia desertado um terveiro indigena de nome Joss, José fez-se capitio de uma triby numerosa na Serta do Chifre, onde se diz haverem riquezas de ouro @ diamantes. Resolveo-se matar 0 capitio © a aldéa, mas como o ca- Pilfo era Valente © acautelado, foi preeiso destacal-0 dos seus. Lidoro foi visital-o, convidou-0 para um Passeio lon- ginguo, © depois de o assassinar foi teunir-se a Crahy, » com numerosa escolla passario a matar a aldéa do Ohifre. Matavio-se aldéas no Gequitinhonha, no Mueury, ¢ no Rio Doce, em Minas, ¢ no Espirito Santa, Nesta ullima provincia, na Comarea de 8, Matheus, re- ferio-me pessoa do lugar uma das ultimas tragedias ocvor- vidas, Foi prolagonista um militar commandant do destaca- anento, pessoa estimavel e outros Fespeitos, cujo nome omitto €m razio dos seus cabellos brancos, 2 om atlengéo & sua nu merosa familia, _ Em represalia de um acolhimento dos Indios este mi- Fete tothe na rales, exaclamente pelo methodo ore e __ O& resultados foro como she aconteeer, e para que se P por em duvida a faganha, © Command: — 180 — xe para 8. Matheus o asqueroso despojo de 300 orelhas, que mandou amputar acs selvagens assassinados. Querendo porém cireumserever-me a uma noticia & cerca dos Selvagens do Mucury, notarei que nas referencias anteriores eu comprehendo os Indios que habitéo as cabe- ceiras do Mucury do lado do norte, e os do Todos os Santos da Serra das Esmeraldas para baixo. Porém nas cabeceiras do Todos os Santos e Mucury do Poté existia a populosa confederagao dos Nacknenukes. Os Nacknenukes do Polé j& appareciéo no decennio de 1837 a 4847, mas sé procurayao o8 christios quando erfo acossados pelos Gyporocks que residiio no interior. ‘Destes as unicas noticias erdio as que reportavao as ban= deiras que de tempos a tempos se arriscavio a entrar na matla, e que, como ja disse, ero sempre repellidas a fle- chadas. Bis o que se observava do lade da provincia de Minas Geraes. Do lado da Costa no mesmo decennio de 1837 a 1847 as tribus mais proximas acossadas tambem pelas do interior comecavio a apresentar-se acs moradores de S. José de Porto Alegre pedindo soccorro contra os tapuios brabos, co- mo elles chamavao aos outros, e pedindo paz aos christios. Em 1844 tres tribus capetaneadas por Gyporock, Mec- Mek, e Potik, que se dizifio irmads, além da tribu do Capitio Urufa trabalharZo puchando madeiras para a matriz de 8. José. Gada roceiro de S. José teve o seu kuruea, de que uns se servifio como eseravos, e que outros vendifo, Este maldito trafico dos Selvagens, mais infame que o dos pretos da Africa, tem sido a causa de calamidades sem numero. A’s veres a guerra entre diversas tribus tem por fim unico a conquista dos kurueas, que s&o levados ao mereado. - José de Porto. Alegre era em 1847 uma aldéa mise- xayel, povoada em maxima parte pelos descendentes dos Tu- piniquins; municipio pobrissimo, sem agrieultura ¢ sem ou- tro commercio senio o dos kurucas. Cada um custava cem mil réis. E vinh&io ao mercado nio a0 os prisioneiros de guerra feitos pelas tribus que alli com- mereiavio, como tambem os meninos desias mesmas tribus, gue Ihe erfo arraneados de mil modos, Em 18i8 0 Secretario da Camara Municipal de S. José de Porto Alegre, que fallava bem a lingua dos Selvagens, — 181 — inlernou-se pelas maltas acompanhando a tribu do Capitéo Uruf, na inteng&o de fazer uma boa provisdo de kurucas. Nunca mais apparecéo, ¢ suppde-se que tendo-se apropriado de alguns kurueas, os pais para rehaye-lo 0 assassinarao. Em Santa Clara procurando-se desviar a gente de — Po- rohum — de fazer a guerra dos Bakués, elles replicavao ter muita ptocisio de espingardas, e que em 8. Mathens ven- dirfo um kuruea por uma espingarda. Em {844 © 1845 um lingua dominava sobre as 4 tribus. Infelizinente, eva um malvado coberto de crimes © condem~ hado 4 morte em S. Matheus. © lingua impunha arbitrariamente fintas aos que rece- bifio kurucas. E porque a familia dos Violas recusou sub- metter-se ao pagamento de uma tal imposigfo, foi extermi- nada pelos selvagens. 0 facto passou-se assim. Gyporock reclamou dous filhos (kurucas) que hayito dado aos Violas. Os Violas desprezarao a exigencia e nfio entre- garfio os kurucas. ‘A fazenda foi cercada e assaltada; oito pessoas da Zami- Jia morrerdio em combate, e o Indio reconquistou seus filhos. © attentado contra os Violas, alids justificado pela atten- divel cireunstancia da injusta detencdo dos filhos de Gypo- rock, desafiou horriveis represalias. No sitio do Marianno, duas legoas acima de S. José, os christios tendo attrahido os selvagens a uma emboscada, at- tacardo-os 4 falsa fé, @ fizerfo larga carnificina. Dezeseis craneos forso entio vendidos ( doria) a um Francer que disse fazer esta acquisi do Muséo do Paris. Foi isto em 1846. Qs selvagens novamente internarfo-se pelas suas bre~ nhas. Em 4847 foi a minha primeira viagem de reconhect= mento ao Mucury. Eu tinha adquirido a conviecio de que os selvagens nas Suas aggressbes contra os christios erao quasi sempre inci- tados por violencias e provocacdes destes. ‘Em consequencia aereditava que um systema de genero- sidade, moderagio © brandura nio podia deixar de eaplar- Ihes a beneyolencia. A principal difficuldade para a execugio, ou ao menos ensaio deste systema, estava em chamar 4 pratica © convi- ‘vencia 08 filhos das selvas, e em convence-los de que havia effeito um novo processo de cathequese que nfo empre- -gava a polvora ¢ bala, nem tinha por fim roubar-Ihes os . iste merea- 10 por conta ‘Mandando organisar em Minas Novas uma bandeira, que devia vir encontrar-me em Santa Clara, dei instrucgSes para que a minha gente nfo fizesse uso das espingardas sendo que procurando todos os meios de fonferenria com os selvagens, se esforcassem por conven= sel-os com presentes @ disourses, que os Poriuguezes (como elles ‘chamio a todos os christis) hido mudar de vida, 6 que todos estavamos effectivamente mansos—Jak-jemenuk, A bandeira que veio ao meu encontro era composta de Senta da melhor de Minas Novas, que a tudo se prestaya Para mostrar-me o enthusiasmo com que a minha emprez; era alli avothida. Um dos expedicionarios era um rico proprietario ¢ meu falleside @ saudoso amigo Feliciano Lopes da Silva, o qual aveeitando as minhas instruccdes, escreveo-me antes de cn- trav para a matta promettendo que a nossa bandeira ainda que fosse atacada pelos selvagens nfo faria uso das armas de fogo; que porém, lancando-se a m&o sobre elles haviao de prender a alguns, e obrigal-os a tomar conhecimento do nosso novo theor de cathequese. Cumprio-se © pactuado. Eu sahi do Rio de Janeiro a hordo do vapor Princesa Imperial no dia 4 de Setembro, © os meus amigos do Quartel de Santa Cruz no dia 7 do Mmesmo mez @ anno de 1847. Eneontramo-nos no dia 27 na Goroa dos Muris e fomos todos pernoitar na colonia da Ardara Os meus amigns tinhio sido os primeiros a avistar-se com os selyagens nas visinhangas da Cachoeira de Sania Clara, i Dirigirfio-lhes palavras de amisade, ¢ para 03 nio inti- tmidar esconderio as armas de fogo que trazifio, Mas os selvagens recusarao parlamentar, ¢ apenas virso Soldados entre os da bandsira correrfo para’o lado da costa espavoridos. Gedo Liverfio de reconhecer outra bandeira mais nume= rosa que subja o rio comigo. E em vista dos antecedentes ninguem estranbard que os Iniseros pensassem ser a caca dos Kurucas 0 alvo do ambas a8 expedigoes. sIntimidaya-os ospeciaimente a expedioto de Minas, F atlerrados entre o apparato de tamanha forga asson- taro de capitular. : i Para esse fim se encaminhario & casa do Luis Ferreira da Gama, ultimo morador das margens do Mucury, homem = 15 — human, que sempre Ihes fizera bem, © que por. iss0 vivia tranquil, ‘po centro das mattas com sua familia PedirSo-Ihe que os apadrinhasse com os Portugweres que ‘querifio matar a todos os selvagens, e offerecerio os filhos ‘ap eaptiveiro com a condicio de ficarem perto, ¢ onde elles alguma vez 08 podessem ver. . Deixario logo em refens alguns kurveas, e um do Ca- pitiio Potik declarando-se que era um presente para o Ca pitio Grande, como entio me chamario. Um outro, novo Agamenon, trouxe para o sacrificio o sua pobre Iphigenia, ¢ mandou-ma por intermedio da fa- milia Gama, dizendo que fazia aquelle donativo para oa fiear ‘manso. Despediu-se da menina choroso, mas a0 mesmo tempo ‘a consolava dizendo-the que ella hia ganhar muitas cousas bonitas. Felizmente @ em acto successive a minha canda aportou 4 casa de Gama a tempo de poder eu restituir Iphigenia & Agamenon, tranquilisando-o sobre as actuaes disposigdes dos christios, E foi a Iphigenia dos Gyporoks mais feliz que a dos Gregos, porque nio teve que submettor-se a0 onus de Sa- eordotiza de Diann para eseapar & erueldade de Calchas. Annos depois o bom Gama a encontrou mii de familia, acom- panbando seu marido e filbos. Nfo foi ella s6 que livret do captiveiro. Nio consenti que nenhum outro kuruca fosse recebido pelos meus com= panheiros de viager, © quiz tambem dovolver a Potik o filho que me deixara, Mas o kuruca me estava tio affeicoado 4 vista da ge- nerosidade com que eu presenteava a sua gente, que nfo houve meio de separal-o de mim. Trouxe-o para o Rio de Janeiro phuntasiando que o ‘poderia pela educaco transformar em instrumento da civi- lisagho dos seus patricios parentes. Infelizmente admittido Mates bs eovendioes do Areeval de Cerra fallooes om pouco Sere (0 commandante do vapor Princesa Imperial fer outea trazendo um kurvea cujo destino ignoro, ghee Os ymapraped ue anteriores tinhio hin mrs em 8B hr i y — 184 — * Tinha vindo do Rio preparado com presentes de ferra- mentas, missangas, espelhos, efe., e de S. José subi com 5 candas carregadas de mantimentos. Pude portanto obsequial-os camo os coitados munea o tinhio sido. A mér parte dos presentes distribui pelas mi+ nhas mios, mas deixei em casa de Gama proyisio que foi Tepartida nesse mesmo dia pelo meu excelente amigo © companheiro de viagem o Ry."* Vigario Geral de Caravellas Norberto da Costa e Sousa, que ficara um pouco atrazado benzendo 0 Gemiterio da colonia da Avara. Conquistei naquelle dia a amisade dos Cyporoks quo Posleriormente resguardou-me a vida, e tornou possiveis os estudos do terreno entre Santa Clara e Philadelphia como depois contarei. 0 Capitao Gyporok era o mais notavel dos Caciques, @ 0 que mais pareceo entrar nas minhas visitas de pacifi- eacfio. Este nome de “Gyporok” que muitas tribus lancao alternativamente umas contra as outras parece um nome injurioso cuja verdadeira significagio ignoro. Mas o Ca- eique de que fallo o tomava com orgulho, mesmo quando mais pacifico estava. Era um Indio bravo, ¢ intelligente, quanto elles o podem ser. Quando eu Ihe recommendei que nao fizesse mal aos christs © que ficasse manso, respondeo-me com empha: — Fiquem mansos vocés que nés estamos mansos como kagados. E dizia a verdade, Foi Gyporok e sua tribu que com mais confianga acceitou os meus conselhos, @ eomecou a aprosentar-se aos christios da Costa. Caro pagon o infeliz a {6 que deu ds minhas palavras. Um anno nio se havia ainda passado depols do nosso encontro e tractado de par, quando no sitio das Ttatinas termo de 8. Matheus sob o pretexto mais frivolo, e do- minado de uma das mais hediondas paixoes um intitulado christéo de nome Salles assassinou treigosiramente 0 bom Cacique, e mais 44 de sua tribu, ‘Uma filha que eseapou 4 matanga acolheu-so em casa do bom Gama, na boa e na mé fortuna constante amigo e protector dos selvagens. Tambem elles respeitayao-Ihes as plantaySes e¢ a fa- milia, mesmo, quando em sua colera procuravio exterminar 08 Portuguezes. Perseguidos © fracos nao temifo apparecer-lhe. Quando cheguéi ao Mucury em 1847, Gama dera-me um aviso utilissimo, e vem a ser que 4 sombra da minha comi- — 185 — ; tiva ia um parente dos assassinados Violas na inteneaio de retaliar contra os selvagens. Expelli da flotilha tal com- panheiro, e deelarei que eu era o defensor, e nunca seria . © verdugo desta infeliz gente. No Relatorio de 1859, eu disse; — “Trahidos ¢ decimados os infelizes se concentraréo no- vamente pelas brenhas para fugirem 4 escravidio, ao ba- camarte © ao veneno; por que, para vergonha da civilizacéo, 5 © veneno tem sido tambem empregado contra os selyagens nas immediagdes do Mueury. “Conta-se até o horroroso paso de uma tribu inteira vi- ctima dos sarampos, que com o fim de exterminal-a the fortio perfidamente innoculados, dando-se-Ihes roupas de doentes atacados daquelle mal. “Assim pois nio deve admirar que uma das grandes diffieuldades que tem encontrado a Companhia do Mucury has immediagdes de Santa Glara seja chamar 4 convivencia fis tribus que por alli vagio. “Os empregados da Companhia tem ordem de dar fa- rinha e ferramenta a quantos selvagens encontrarem, mas s6 em Agosto de 1852 pela primeira vex foi possivel fallar- Thes ¢ dar-lhes farina algumas legoas abaixo de Santa Clara. “Deve-se, porém, notar que esses mesmos que fogem espayoridos dos homens de espingarda em Minas, no Mu- cury, e em 8. Matheus, vio muilas vezes como amigos é Colonia Leopoldina, porque alli nunca se Ihes fez mal. “Poucos dias depois da minha chegada a Santa Clara em 1852, uma expedigzio mandada do Todos os Santos pelos meus amigos de Minas Novas, conseguio 4 forea de bradar “JaeJemenuck” chegasse 4 falla uma tribu que ecagava a 2 legoas para cima-de Santa Clara. e Os cagadores derfio noticia da minha chegada, con- fessario ser os que dias antes haviie vecebido farinha, pro- metlerio vir @ Santa Clara, onde sé apparecerfio em nu- mero de 12 no mez de Novembro. Tiverao hospedagem franca por duas semanas, mas n&o foi possivel detel-os & regressario aos bosques. “Na minha viagem desse anno, de Santa Clara para o ‘Todos os Santos, muitas vezes pizei os vestizios frescos dos selvagens, mandava chamal-os pelos linguas que me acom- © como nfio apparecessem Ihes deixava ferramenta TBR No mou officio de 27 de Janeiro de 1853 a0 Exm. Pre- sidente de Minas, accrescentava eu; — “Tenho confianga de que com este systema de nao in- terrompida obsequiosidade, ha de a Companhia do Mucury captar a benevolencia ¢ amisade dos selyagens, e que se 03 nao civilisar, como espero, ao menos os nao terd como ini- migos. : “Tratar com hondade aos selvagens 0 meio infallivel de conguistar-lhes a amisade. Entre outtos exemplos temos uum de poucos annos, nao longe do Mucury. “Os selvagens do municipio do Prado fazifio-se notavels Pelas suas oorrerias © depredagdes em 1845 ou 1846, “Os habituntes prenderfo alguns homens ¢ kurucas (me- ninos), © a authoridade da Villa fez remessa de todos ao Sr. General Andréa, Presidente da Bahia. “O Sr. Andréa em yee de os mandar, como ge usa, distribuir por alguns amigos em perpetua domesticidade, déo-Ihes vestuarios, presentes, ferramentas, © os reeaviou Dara as mattas do Prado. Foi agua na fervura, Desde 1846 néo se menciona wm s6 attentado dos selvagens do Prado,” Em 4852 soube de Gama que depois da matanca do S. Mathous os restos das tribus desconfindos da palavra © promessas dos Portugueses se haviio embrenhado, @ delles nio havia a minima nolicia. Suppoz-se a principio que hayiao subido o Mucury, mas esta ides desvanoceo-se, porque em Santa Clara appareciio duas tribus numerosas, ¢ inimigas, que occupavio as mar- gens do Rio, uma ao norte e outra ao Sul — Bakués e Porokuns; dizia-se que ambas tinhio estado em guerra com os Gyporacks. Em eonsequencia passou como certo que estes se ha- Yio inernado para o norte nas mattas do Prado e de Alco- baca, onde por aquelles tempos haviio os selvagens feito sua apparigao ds centenas, Vollemos 4s eabeceiras do Mucury do norte em 4847. Nesse anno as doutrinas humanitarias encontraydo um po- deroso apostolo no Presidente de Minas o Exm. Sr. Quin- Uliano José da Silva. Este distincto Mineiro mandou fundar o Quartel de Santa Crnz na margem do Rio Preto para ponto de apoio @ de soccorro aos exploradores da Companhia do Mucury, euijas estradas entio se suppunha que terifo de subir margem esquerda do Mucury, e ao mesmo tempo dalli se vemprehender urna cathequese mais christai. eden No quartel de Santa Cruz apresentarfo-se pavificas di- wae " tribus, e entre ellas uma dirigida pelo Capitio Ga- simiro. Formario alli um numeroso aldeamento. Erfo as mesmas que annos antes tinhdo sida vietimas da carnificina da Capivara em que ja fallei. © quartel teve guarnicho até 1849. Mas os Indios que alli s¢ foro aldeando, cedo tiverto queixas serias do Com- mandante do destaeamento, sob cuja unica direceio estayao. Erfo elles obrigados a fazer todo o servigo de raga em quanto os soldados estavio em criminosa oviosidade, ‘Ao depois offensas mais dolorosas excitardo a colera dos selvagens. O sentimento da familia nio ¢ um producto de civilisncio, nem um simples preceito religioso — é um sentimento innato na coragio do homem, Os selvagens do Rio Preto punirfo no Sargento Coelho sua deploravel devassidao. Assussinardo-no c tamhem a tres soldgdos do destaca- mento. E desde 1849 até hoje toda a vasta regifio das cabe~ ceiras do Mucury do norte tem estado sob 0 dominio exclu- sivo dos assassinos do Sargento Coelho. Note-se porém, que no attentado commettida em {849 polos selvagens do Rio Preto ha simplesmente uma vinganga pessoal, que elles calculadamente procurario limitar 4s pes- soas dos que julgaréo criminosos. Ouyi a mais de um dos soldados que 14 estavio com o sargento, que o Capitiio Casimiro tendo mais de cem arcus e hayendo alli sémente seis soldados, avisira a aquelles de quem nfo tinha offensa que se retirassem, e nao tomassem ‘© partido de Coelho de quem elle ia vingar-se. Effectivamente quatro desertario em vista do aviso sem communical-o ao commandante. Descendo pela margem esquerda do Mucury, da barra do Rio Preto alé Santa Clara, se encontrao diversas tribus, & na situra de Santa Clara os Bakués que esto em guerra con- finua com a gente de Batata e Porohum residentes da parte da) sal. Conhego poucas particularidades da vida intima e cos- tumes dostas tribus, mas de nenhuma tenho noticia que niio Conheco melhor ¢ por propria observagio os habitantes qu direits do Mucury ‘Santa Clara até as suas. otas eabeceiras, You referir pelo miudo como fiz com elles conheci- mento, ¢ V. 8. poderé estudar os homens nas suas relacdes comigo. Em 1852, como em 1847, organizei duas expediedes, uma que partio do Alto dos Bois em demanda do rio Todos os Santos, @ descia com uma pieada até a sua barra no Mucury. Era dirigida pelos meus amigos Dr. Manoel Esteves Ottoni, Augusto Benedicto Ottoni, Silverio José da Costa, ¢ seus filhos, Casimiro Gomes Leal, ¢ outros. Eu © meu cunhado o Sr. Joaquim José de Araujo Maia Penetramos na matta, partindo de Santa Clara com o rumo de 0. N. O. cortos de que iriamos cortar, como de facto cortamos, a 16 legoas de distancid’ a picada de Todos os Santos. Os amigos que vinhfio de Minas ao meu encontro, dei- xaro no Poté, sete legoas para dentro do ultimo morador de Minas, os ultimos Nacknenukes de que havia noticia, mas a cada passo do Poté para baixo, presentiio moradores mysteriosos que caprichavao em occultar-se. E cu desde Santa Clara vinjando em paiz completa- mente desconhecido, via tambem a cada momento as pegadas, € ds vezes 0 bulicio dos habitantes, chamava-os incessan- temente pelos linguas, mas recusavao-se tenazmente a appa- recer. Quem erio elles ? Erfo Botocudos todos os selvagens de que tenho dado noticia no Alto Mucury. Os que os nfo erfio tinhio sido por elles expellidos das mattas. Do lado da Costa nem mais se ouvia fallar em os nomes dos Aymorés, Abatiras, Patax6s, Mouds, Cumanachos, ¢ Frechas. E todas as tribus de que havia noticia erfio de Botocudos. Os historiadores dizifio que 0s Botocudos ero 03 des- cendentes dos Aymorés, ¢ seus confederados, Fra pois de erer que Botocudos fossem esses habitantes mysteriosoz que teimavio em nio manifestar-se. ‘Mas tal conelusio eu nfo tirava, porque nfio admittia essa filiagéo dos Botocudos nos Aymorés. ‘Nas feicdes caracteristicas: dos Bolocudos eu encontro quanto de mal dizem os historiadores dos Aymorés. Mas essa barbaridade, essa estupidez, essa inaptidio para civilisar-se que admitio no Botocudo nfo a posso admittir nos J 0 fa — 189 — £0 haviio apodertdo da costa, a intelligeneia varonil com Que soubero os Aymorés sustentar a guerra por tantos annos, os resultados dessa guerra, que despovoou Porto Se- gure, e Ike deu baixa de capitania — tudo me fazia acre~ Gitar que esses famosos Aymorés tinhio uma civilisacéo mais avantajada do que a dos Botocudos, © que esse mA fama que se thes deo na historia provinha dos chronistas Suspoitos de Porto Seguro, ¢ eréo desabafos de yeneidos. Quando pois ou perguntava a mim mesmo quem erao esses excentrieos moradores que ndo queria apparecer, estava longe de suppor que fossem Botocudos. Acreditava antes que ero os descendentes desses va- Tentes Aymorés © Abatiras aos quaes tem a historia tratado com uma severidade, a meu ver immerecida. A pg, Cmpre porém confessar que um terror natural nos fazia palpitar de emogio a cada novo trilho que encontra- vamos. Reconhecendo que era habilado o paiz que atravessa- vamos, eu continuei a ter fé no programma humanitario de moderagdo ¢ generosidade, que desde 1847 eu apregoava como a melhor das cathequeses. Logo que deseobria uma batida de selvagens, mandava dependurar nas arvores, em lugar bem visivel para quem Passasse, diversos presentes, ora uma fouce, ora um ma- chado. E colloeaya no olho do jmachado, ou alvado da fouee © meu carlaéo de visita, esperando captar a benevolencia com o presente, e com o cartéo que certo nao decifrariao, desafiar o sentimento do maravilhoso. Um grupo de trabalhadores administrados pelo Sr. José Silverio da Costa, presentiu os selvagens a0 passar pelo Uruet; chamou-os, seguio-os, offereceo-lhes presentes, mas obstinadamente recusario parlamentar, e como se teimasse em chegar 4 falla, internarfo-se pelo mato protestando em fom ameagador, que nio queriio fallar com Portuguezes. Deixou-se-lhes porém o tribulo do machado, e de ta- rinha, que 08 sujeitos a surrelfa carregarao. Serio Aymorés, e Abatiras? Perguntéi a mim mesmo muitas vezes mas inutilmente, porque esse anno atravessei sem ver viva alma, todo o Valle do Ribeirao da Pedra, » “do Urued. Alcangando 0 valle do Todos os Santos fui mais feliz: tribus de Nacknenukes que presenti, sendo solici- ee intervengio dos interpretes, se me apresentario, — 190 — As primeiras conferencias entre mim ¢ 03 Nacknenukes tiverdo lugar no dia 4 de Agosto de 1852, no mesmo lugar que hoje occupa a minha querida Philadelphia. Philadelphia esta situada na margem esquerda do Todos 08 Santos, confluencia do Ribeiréo de Santo Antonio. © ribeiréo de Santo Antonio tem uma superficie de mais de duas legoas quadradas, e além da povoagio de Phila- delphia € ocevpado por muitas familias de colonos, e pela teibu do Capitio Timotheo, que antes erfio os seus unicos habitantes. Os primeiros cumprimentos que fiz‘ aos Nacknenukes forfo uma larga distribuigio de toucinhe, farinha e rapa- duras. Os Nacknenukes acharfio-se em forga de mais de 4100 arcos. Um dos presentes era Poton-acique de uma das tribus que occupfio 0 ribeiréo do Poton, legoa e meia abaixo de Philadelphia. Estavao tambem Ninkate e Timotheo ca- ciques de uma mesma tribu que habita no Santo Antonio. De Poton me declarei parente, e élle acolhto rindo a demonstracfio de que o eramos. Tirei a demonstragio do nome — Poton — que pronunciei — Potoni — e do qual, nio sei por que regra de etymologia, extrahi — Ottoni. Aceilo o parentesco, dive-me Poton que trouxesse os mais parenles, porque as terras erio muitas ¢ chegavao para todos. Peguei-Ihe pela palavra, © 15 dias depois abria-se por conta de diversos parentes do selvagem uma grande derru- bada, que produzio tres magnificas fazendas, roteadas hoje por mais de 150 escravos, © cujos proprietarios vivem com 3 seus parentes nas melhores relacdes. Depois dirigi-me a Timotheo e Ninkate. Este havia de clarado com arrogancia que os Portuguezes deviio se con- tentar com as terras que ja tinbao tomado t Afaguei-os © presenteci-os; @ aquella mesma tarde us dous me pedifo que abrisse alli uma grande roca. Assim comegou nos Estados-Unidos a occupagio da Pen- silvania. Sorriu-me a analogia, e accitando o auspicioso fausto, tomei posse da minha Philadelphia, repetindo mais de uma yez os yersos de Phitinto: Aqui nos torrdes toscos Sentados aceitavao Os selvagens indigenas o preco Da terra oe dada: ed ana 2 ne que esculp: amia Nos que as tertas nfio suas captivario. — 19 — ‘Timotheo acompanhou-me alé Santa Clara, onde the dei, além de muitos outros objectos, quanta ferramenta pode Consegui que a sua tribu se fixasse no Ribeirfo dus Corsiumas, que 6 o prineipal confluente do Santo Antoaio- © Sr. Augusto Oltoni registrou convenientemente em nome de Timotheo e¢ sua tribu a posse daquelle Ribeirao, cuia propriedade Ihes fica assim garantida. O resto do Ribeirao de Santo Antonio pertence ao capitao Pogirum, no dizer de ‘Timotheo, mas realmente 4 companhia do Mucury, que j4 tira daquellas terras um foro annual de 2:4008000 réis. ‘Timotheo bem como a sua tribu, ainda hoje arriscariéo a vida para defender a propriedade que doou 4 companhia Tudo tenho feito para que elle munca se arrependa da doagio. Timotheo tem grande poder sobre os seus. Nas Cor- iumas repartio as terras pelas familias da tribu, e um /dos poucos artigos do seu codigo diz — quem nao trabalha néo come. Ha nas Corsiumas canavial, bananal, batatal, efe., ¢ fquella gente é incompatavelmente mais feliz do que antes de me ter por socio nas terras. Timotheo, Ninkate, Poté, Poton, Ghrispim, Krakatan, Inhome, Filippe, ete., so eaciques das diversas tribus da confederagio dos Nacknenukes que occupfio os valles do alto Todos os Santos, Mucury do Krakatan, Polé, e Mucury de fora, E' gente que ja esta toda fixada no sélo em que foi encontrada em 1852. Sio lavradores, plantdo, colhem, e sfo antes de auxilio do que de peso aos novos moradores. Vé-los-heis repetidas vezes nas ruas de Philadelphia vendendo putia, couros de veado e outros, batates, ennas, @ outros objectos. Os Nacknenukes vivem em uma invejavel harmonia, nfo - 86 08 individuos de cada tribu uns com os outros, como as gum em que além das visitas processio- Philadelphia por motivos do seu mos- nfo note, ora a tribu inteira das Cor- — 192 — Buslo Benedicto Oltoni, director dos Indios do Mucury o ‘Todos os Santos. No anno de 4855, quando se abrio a estrada de Philas delphia para o Alto dos Bois, um trabalhador perturbou ® paz domestica de um pobre Indio do Pots. Toda a tribn se déo por offendida © lembrou-se das suas flechas, mas © velho eaeique opinou que se viesse pedir justi¢a ao Sr. Augusto Ottoni. © ‘caso niio esta previsto no Codigo, mas por virtude do regulamento dos Indios, 0 Director dellos fez despejar do districto 0 perturbador das familias dos pobres solvagens, ganhando cada vez mais forea moral sobre elles, © obti, Bando-os a abencoar a épocha em que tal protector entrou nestas mattas. J4 referi como o Capitao Poton recebeu no seu Rie beirio — podéra dizer no seu Reino — diversas pessons @ cnire ellas meu cunhado o Sr. Joaquim Maia, que o Indio aceolhéo como parentes. Para acautelar o futura desta pobre gente o St Otloni na qualidade de Director dos Indios, registou-lhes sa Posses que elles occupavao, e entre outras a de um dos prin- cipaes confluentes do Poton, onde existia o aldeamenta, Os selvagens ficaréo sabendo que eva aquelle confluente do Poton, que Ihes ficava exclusivamente pertencendo. Mas por equivoco os derrubadores do St. Maia em 1857 nio respeitario as devisas convencionadas, e penetrardo. no Ribeir’o do aldeamento. Os Indios correrio para Philadelphia e comecaro quet- xando-se ao Sr. A. Ottoni dos Gyporoks, que dizifio ter. thes entrado em casa. E perguntando o Sc. A. Oftoni so era gente de Pojichd, ou de Joio Imma, responderso: Ho capita Joaquim Maia que esté Gyporok. Quando Pordm elles se queixavao, j4 tinha cessado o motivo, tendo Sido retirados os derrubadores, que por equiveey havias penetrado no alheio dominio. Nao s6 justica, € tambem benevolencia que os Indios fem confianga de achar sempre no Sr. A. Ottoni. « Em 1856 0 Cacique do aldeamento do Noret, aguas do Suassuby, 6 a 8 legoas distante, veio a Philadelphia visitar 9 Director dos Indios, ¢ 9 seu Deos te salve foi, que sa- bendo ser 0 Director amigo dos tapulos trabalhadores. vinha communicar-Ihe que tinha um grande paiol de milho, « pedir-Ihe que Ihe mandasse levantar uma maquina de fazer farinha, A promessa foi feita para logo que os Indios abrissem — 13 — Para Philadelphia caminho onde se podesse andar a cavalo; Tas antes o dono do paiol mudou-se para o Poté, onde com a ‘os outros planta milo para vender aos tropeiros. ‘Tratando da confederacio dos Nacknenukes, dizia eu no teu relatorio de 1853, a paginas 34 a 35, 0 seguinte: “Esta confederacio nfo tem leis, nem governo regular, 4 hada que se assemele a uma organisagio nacional; sto visinhos em boa visinhanga uns com os outros, que mutua- mente se auxilifo em caso de perigo. “As tribus em geral estio no mesmo caso, chama-s6 capita 0 homem mais valente, e as vezes 0 mais hem apes soado; acompanhao-o mas nfo Ihe obedecem, nem ha regra alguma de deveres dos. selvagens para com o chamad> ca- pitao, "Tudo entre js miseros indica uma sociedade em aca- bada dissolugio, 6u uma raga onde ainda mal germina a sociedade. Nem ao menos uma religiio nacional oe liga. a “As idéas confusas que tem da Divindade parecem be- bidas nas conversayOes de alguns que entendem o porluguez, ; ¢ tem ouvido a diversos missionarios, e entre elles ao Sr. Frei Bernardino que ha annos reside por aquellas immediagdes, ij @ hoje no novo districto do Jacury. j “Vi diversas sepulturas onde enterravao-so alguns mor- ; tos. Todas estio ornadas com a Cruz da Redempc%o, « observei com religiosa altencao a passagem de alguns por Junto daquella mansio dos seus finados, “Todos faziéo genuflexdo perante a Cruz, e voltanto-se depois para a sepultura, uns davio sua bengio, outros Peditio-u, outros saudavao simplesmente, conforme o naren- tesco © relagiio que tinhio com o morto. “No Crakatan a sepultura de um chefe de familia esta Justamente no meio do mandiocal e junto da casa. “O ajuste do casamento ordinariamente se faz sendo a noiva ainda mening; fica ella em companhia do pai, mas o noivo a sustenta. “Dé-se a bigamia, mas 0s casos niio sio numerosas. “A fidelidade conjugal é altamente apreciada, e bem que # fome algumas ratas vezes leva o marido 4 infamia de vender a mulher, nfio 6 menos exacto que a mér parte dos attentados commettidos pelos selvagens nestes ullimos — 194 — “Ha meretrizes entre as tribus, mas sao olhadas com desprezo, e 0 prova o seguinte facto: “José Campo, em quem jé fallei, quando me veio en- contrar nas mattas, trouxe comsigo uma mulher que Ihe carregava os mantimentos, e era companheira dos seus tra- Dalhos. “Certo dia eu The dice que queria ser padrinho do seu casamento, e que havia de fazer uma festa nesse dia, res- pondeo-me que queria casar-se, © estava procurando uma senhora, mas que nao podia aceitar para isso aquella com- panheita de sua viagem, por ser uma mulher dama. “A difficuldade de subsistencia devia neeessariamente influin nos arranjos matrimoniaes dos Nacknenukes, Assim sémente sio bigamos ou tem tres mulheres os cacadores mais felizes, ou os mais robustos trabalhadores. “Pelo mesmo motivo dé-se a notavel cireunstancia de que nunea um esbelto adolescents desposa uma rapariga de sua idade. Ambos sio inexperientes, nfo conhecem © lugar das melhores cagadas, ou as moitas onde se vao arrancar raizes fuberosas; se se casassem arriscavo-se a moreer de fome. “Assim o esbello rapaz 6 conquistado sempre por al- guma vinva idosa, mas rica de experiencia, e que sabe guiar o seu noivo aos lugares onde podem ambos encher @ barriga; por seu furna a bella mocoila dé tamhem pre- ferencia ao velho ecagador sobre o inexperionte rapsz por mais gentil que este lhe pareca.” Os Nacknenukes sabem ser agradecidos, e dessa quali- dade deo Timotheo notavel testemunbo em uma circun- stancia bem momentosa. Em principio de 1854 9 Sr. Augusto Oltoni, ageale da companhia em Philadelphia, foi avisado por carta do uma pessoa respeitavel do districto de S. Miguel do Gequiti- nhonha, que uma tribu de selvagens maquinava vir da- quellas partes procurar os Nacknenukes do Todos o3 Santos, e instigal-os ao assassinato dos Capitdes que estavao-se esia- belecendo em Philadelphia. A carta alé mencionava quaes os meios de persuasio com os quaes os selvagens do Gequitinhonha eontavao fazer preyalecer 9 seu sanguinolento projecto. Havifio de dizer aos Nacknenukes que matando 03 ca~ Dilaes de Philadelphia nfo havia mais suai © assim de- fendiio os Nacknenukes as suas terras. _Fateoia ter havido om largo estudo da questdo, ¢ ficava ; — 195 — patente que os fins do assassinato erdo antes defenderem-se ‘os selvagens do Gequitinhonha contra os perigos da estrada do que preservarem da usurpacio as terras dos Nackne- O Sr. A. Ottoni nfo deu importancia ao aviso, acredi- fando que o raciocinio era bastante especioso para que a sua paternidade podesse ficar aos Tapuios, e 0 projecto Perverso demais para poder ser attribuido aos christios. No entanto nfo decorrerio muitas semanas, e um bello dia um Indio das Corsitimas entra accelerado em Phila- delphia, ¢ da parte de Timotheo vem annunciar que em sua aldéa estavio Gyporoks mal intencionados (mavones) que tinhfio vindo convidar para nssassinar os capitdes de Philadelphia a fim de nao haverem mais estradas, ¢ assim no tomarem os Portuguezes as terras dos Nackne- nukes. Dizia 0 mensageiro que Timotheo allegaya a sua ami- zade com o capitio Pogirum (sou eu) © os beneficios, @ protecgio que os Indios todos recebifio do capitio Crelnon (o Sr. A. Ottoni), ¢ explicara com evidente bom sei que nés s6 tomavamos as terras se que elles no precisavao. Mas que os visitantes insistifio no seu projecto e an- nunciaviio que, visto ser tolo o Timotheo, elles o virifo execular. No dia seguinte 0 Sr. Roberto Schloback estando ali- Alando a estrada eneontrou-se com Timothoo © os scus ar- mados. Timotheo tudo confirmou ao Sr. Sehloback, e sceres-, centou, que tendo os Gyporoks sahido da sua aldén, e es- tando alli nas visinhancas entretidos a comer bichos do taquéra, elle os espreitava para no caso de seguirem para Philadelphia ir tambem com a sua gente defender 0 Capita Cremon. 08 assassinos nfo apparecerio, © nds nio lemos querido aprofundar os mysterios de iniquidade que o facto encerra em si. Servio elle para estreitar nossas relagdes de amizade, @ de gratidio para com 0 nosso excellente visinho ¢ bonda- doso selvagem. ‘ Os Nacknenukes nunca yiajio isoladamente; se tem de ir longe do aldeamento yai ou toda a tribu ou um grupo mumeroso. : Alugfio-se em turmas para trabalhar, mas sémente sup- is moderados como a colheita das rocas, i an — 196 — . 0 preco arbitrado pelo Director dos Indios para o seu salario 6 de uma pataca para os homens e meia pataca para as mulheres. E bem que nio facio aominalmente outra distinegio das diversas moedas senfo as de pataca cobre, patava nota, pataca prata, jd sabem arithmetica bastante para guano trabalhio um dia exigirem 8 patacas cobres — id est — ilo moedas de quarenta réis. Este anno, 54 alugardo-se para colher uma grande roca ; de milho do Sr. Joaquim Maia, © esto presentemente co- Thendo a roca da companhia mesmo em Philadelphia. Cumpre porém dizer que nem sempre os Nacknenukes forfio mansos, pacificos ¢ agradecidos como agora os des- erevo. Quando derfio de si as primeiras novas nos terrenos limitrophes 4s cabeceiras do Mucury, erfo elles a vangnerda da alluviio de Botocudos, que nfo podendo sustentar-se no Rio Doce mudarfo para o norte o theatro de suas devas- tagdes e represalias. Foro os Nacknenukes, como depois explicarei, que ex- pellirfo de seus dominios os infelizes Maxacalis, E quando senhores das terras dos Maxacalis se approximario dos Por- tuguezes, foi commettendo tropelias © attentados ora pro- vocados, ora nao. Em abono da verdade porém neste caso, a mér arte das suas culpas devem-se antes imputar aos linguas de quem os coilados erfo instrumentos. Ha bondade no caracter dos Nacknenukes, mas deve-se confessar que elles se tornario completamente inoff :nsivos @ bons, depois que com a populagio christi crescerfo os meios de repressio do lado povoado, ao mesmo tempo que 08 outros Botocudos do interior thes faziio a guerra sem dar quartel. A’ cerca dos costumes dos Nacknenukes mais do Oeste, quando primeiro sahirio 4 falla — suas depredacdes, e seus soffrimentos, escreyi em 1853 a0 Exm. Goyerno da provincia de Minas o seguinte: “As violencias @ depredacgdes em que figurou dessa épocha em diante o nome dos selvagens, tem sido, ou re- accio contra extraordinarias violencias, ou as mais das vezes filhas das instigagies dos linguas, que erfio quasi sempre soldados desertores, os quaes mettendo-se por entre 05 sel~ vagens 6 pentiendo faclimente preponderancia entre sli, as co Stare Malin, other inponhio ah ; — ie — contribuicées de guerra, ou Ihes devastavao as plantagdes e criagdes com o brago innocente dos selvagens, “A repressao necessaria, muitas vezes atroz, e que quasi nunea aleangava os verdadeiros culpados, fez passar 0s sel- vagens por nova transformacio. Estes infelizes nio encon- trando, como en ja disse, na pequena circunferencia de territoria a que figarfio reduzidos, a subsistencia necessaria se acharfio na indelinavel necessidade de pedir 4 agricul~ tura os meios para viverem. “Os linguas mais intelligentes prevalecendo-se da depen- denoia em que o reconhecimento desta necessidade punha os selvagens, comecaréo a fazer derrubadas de plantacdes com os bragos dos miseros na borda da matta, e vendifio depois estas posses a alguns colonos mais ousados que que- rifo estabelecer-se 14. “Vendida uma primeira posse, os linguas internaviio-se novamente com as suas bandeiras de selvagens, hiao fazer novas derrubadas e plantagdes para venderem do aesmo modo. “Esta transformagio deu-se especialmente 4 cerca das tribus que ficario mais em contacto com a povoagio de Minas, que se domesticario com mais favilidade, porque falvez o terreno que Ihes deixou a guerra com as outras tribus 6 menos abundante de caga, de pesca, e de fructos imitacdo do que faziio os linguas, muitos homens emprehendedores, alguns alé proprietarios de escravos, como por exemplo, o fallecido Antonio Gomes Leal, do Alto dos Bois, metterfio-se tambem pela malta, e sempre com 0 apoio do brago dos selvagens, que elles obtinhio matando-Ihes a forme com alguns presentes, forfio estabelecendo habitacdes provisorias, que, ou Yendido para internar-se mais pela mata, ou legavo a seus filhos e familia. “Estas especies de posseiros ad instar dos Shelters que eonquistio as mattas virgens dos Estados Unidos, e pre- pario habitagdes e fazendas provisorias para vender, tinhao por si o direito de occupayao, que, como V. Ex. sabe, 6 0 unico titulo de possessio da maxima parte da superficie da insia de Minas. _ “E foi incontestavelmente desta mangira que se povoou de 20 annos a esta toda a matta ao sul e a leste do Alto dos Bois, a Trindade, 8. Tue Sey e Jacury, se creou pel districto de paz. ‘proprie- —198— , < tarios que habitao essas mattas, que se sujeitario aos mais rudes frabalhos, que arriscario suas vidas, comprometterio © estragarfio sua saude para ter um torriio de terra que deixar a seus filhos, nfo se julga hoje seguro em sua propriedade, a vista de serem alguns desapossados de suas fazendas, com casa de vivenda, paiées, gongorras, engenhos de canna, ¢ criagio de gado, a pretexto de que se havitio servido dos bragos dos indigenas para abrirem aquellas fa- . zendas ! : “Acredite V. Ex. que esta questo ¢ da maior trenscen- dencia, e merece que V. Ex. se procure informar cabalmente 4 respeito della para deliberar o que mais acertado for. Nio serei ou quem pretenda sustentar essa especie de es- cravidaéo a que, obrigados pela fome, os indigenas se tem sujeitado. Bem pelo contrario sou o primeiro a denuncial-a, pedindo a V. Ex. que a par das providencias que em sua sabedoria julgar acertadas para garantir aos numerosos fa— zendeiros estahelecidos naquellas mattas, a propriedade dos estabelecimentos que tantos, sacrificios Ihes tem custado, tome V. Bx. ao mesmo tempo as medidas necessarias para melhorar a sorte dos infelizes selvagens. “Sabendo que estes, pelo que fica dito, nfo tém nas mattas meio de subsistencia, certos por outro lado que, aterrados pelas passadas carnificinas, elles nfo ousio alten- lar, nem mesmo furtivamente, contra suas plantacdes, os fazendeiros cuid&o sé em ter o paiol supprido para malar a fome aos selvagens, porque assim infalliyelmente obtem trabalhadores que Ihes plantem, capinem, e colhfo as rocas ® os cannaviaes, ¢ facdo todo o servico de cultura. “Nao 6 raro ver-se numa fazenda contigua 4 malta oecupada pelos selvagens, grande porgio de ferramentas que poderé fazer erer ao viajante que aquella casa pertence a um proprietario de 20 ou 30 eseravos, e entretento o fazendeiro nao tem um 86 eseravo, e nem elle nem as pes- soas de sua familia trabalhao da fouce ou machado, A ferramenta 6 destinada para os selvagens que na ¢stacio propria voluntariamente se vem entregar ao trabalho das rogas para assim matarem a fome: senhores de engenho e@ de cannaviaes, nem bois tem para o costeio dessa lavoura, eno tempo da moagem as mulheres dos selvagens carregio nas costas a canna cortada que seus ‘maridos vem meer no engenho. us todos os selvagens que chegdo ds fazendas nestas estacées trabalhfio, mas tambem 6 comem ordinariamente do caldeirao do fazendeiro os que trabalho e suas familias. F — 199 — Os outros cago, ou comem os restos da mesa dos traba- Thadores. “E tal 6 0 poder da fome, e o terror com que subjuga 68 selvagens a lembranca das passadas carnificinas, que os miseros se sujeitdo ao chicote, 4 palmatoria e até ao tronco, que sfio ainda hoje'os instrumentos eivilisadores de que se server os moradores christios. E nfo s6 se sujeitio a esses eastigos sem resistencia, como néo fogem senio das casas ‘onde nao thes dio abundancia de comida.” Hoje, como ji fiz ver, 0 viver dos Nacknenukes 6 bem diverso. Nio sio instrumentos das depredagdes dos linguas, nfo esta em guerra uns com os outros. Nao sio victimas da ambicfio dos fazendciros, nem mettem medo a estes. ‘Tem plantacdes proprias, estdo fixados no solo, e 86 as ‘vezes ha que exprobrar-Ihes alguns furtosinhos nas rocas das visinhangas, ¢ a regra geral neste caso ¢ que elles con~ fessio 0 furto, mas com uma imperturbavel hypocrisia de- clario que foi feito por suas mulheres sem elles 0 sa- berem. 9 offerecem-se para castigal-as d satisfagio do rou- hado, que tem de contentar-se com estas explicapdes, mas que com a queixa afugenta da roca os larapios. Devo acerescentar que havia alguma exageragio nas informagdes contidlas nos topicos copiados. Os Nacknenukes si dados 4 medicina, ¢ mais de uma ‘ver notei que de boamente elles offerecem aos amigos os seus reoursos contra as doencas. Tem uma materia medica riea, e onde 0 nosso bom Doutor e meu fallecido amigo Joa- quim José da Silva, achavia muitas provas para a sua as- sereio de que a Materia Medica Brasileira offerecia anti- dotos contra todas as molestias. Os Nacknenukes curdo as boubas radicalmente com ba- nhos © beberagens de casca de genipapo. ‘A poucos mezes grassando aqui febres catharraes, 0 Ca- pitdo Tnhome trouxe de presente ao Sr. A. Oltoni umas raizes, asseverando serem remedio efficaz contra aquellas febres. Taes sfio os Nacknenukes que fiquei conhecendo desde 4852, ¢ com os quaes temos cultivado nfo. interrompida- mente a mais inalteravel amizade. Conhecidos os Nacknenukes, isto 6, os moradores das eabeceiras do Todos ‘os Santos c os do Mucury do Sul, res- tava entrar em relagio, e verificar quaes erfio os moradores iro existente entre os Nacknenukes ¢ as tr ‘em Santa Clara, quer do lado do Norte quer do = 10s. © mysterio com quo og selvagens desta zona se proton= dito esquivar a todo 0 contacto comnosco, era proprio para desafiar a curiosidade @ infundir receios, A imaginacio se comprazia 4s yezos com as descobertas fue phantasiava ir fazer nessas brenhas dos Aymorés @ Aba. {yras, © eu me perguntava a mim mesmo so nfo era pro- Navel due aquelles selvagens; os quaes movendo guerra’ aos Geumpadores de sua terra tinhao mostrado espirito de nas cionalidade © energia d'alma, tivescom methorado de eivilic Zacho com: o seu passeio militar pela costa de Caravellne Porto Seguro. Se me afigurava que nesses 8 nhecia, ew iria encontrar, sen: menos alguma cousa que se nio encontrasse em ontra parte, No anno de 1853 triangulando o terreno para obler um : trago convenionto para a estrada de Santa Clara ‘a Phin, delphia, adiantei-me um bouco no conhecimento dos mo- radores, Fazendo uma achamo- ertoes que ninguem co- fio uma civilisagéo nova, ao Dieada de leste a oeste de Santa Clara, Ros nas mais remotas cabeceiras de um Ribeirdo 17 legoas distante do nosso ponte de partida. Eu fazia esta excursio em companhia do S*. Joaquin José de Araujo Maia, do Engenheiro Allemio 0 Sr. Osean Henniq, com berto de 40 pessoas. A cada momento pres dores daquellas florestas seu incognito, mas filidaae, Para hem reeonhecer o terreno desci pelo Ribeirio que gslayamos certos ser confiuente do Mucury, © em pouco achamo-nos em uma batida de Indios que se foi a pouco transformando em caminho muito limpo e exoellente para pedes. No segundo e terceiro dia os moradares invisiveis nos intimario, entulhando com ramos 0 seu caminho, que nos nao coneediao o direito de transito. cv, - Apezar da advertencia, que os entendidos nos dizifio ser Muito significativa, continuamos a descar pelo Ribeirio, e ‘ho 4° dia de viagem (5 de Agosto de 1853) a comitiva dos if. cargueiros composta de 7 pessoas foi assaltada por algumas fechas no acto de comegar a viagem. - Das 7 pessoas de que se compunha a comitiva dos oar 2 fivario feridos © 4 f ntiamos os mysteriosos habita- due perseveravao em conservar 9 que nao davdo o menor signal de hos- itt um tiro para o lado donde partido as flechas, e estas cea- sarfio logo, desapparecendo os aggressores. Note-se que os trabalhadores com o Sr. Maia, que desde manh@ se occupava em alargar o caminho para poderem passar as beslas, estayio a uma legoa de distancia. Eu tinha deixado os cargueiros poucos minutos antes do assalto, ¢ tinha andado aquella legoa inteiramente 86. Pouco antes de montar a cavallo eu tinha ido banbar- me no rio féra das vistas da minha comitiva, a mais de 200 bracas de distanci Considerei pois como facto verdadeiramente providen- cial nao se terem 03 Indios aproveitado do isolamento em que eu eslivera toda a manhi para me mimosearem com alguma flechada. Nao sabia tambem explicar porque razio estando elles de ma tengaio comnoseo deixarfo de atacar de preferencia a turma da vanguarda, destacada sempre do corpo dos tra- baihadores, e composta s6 de 3 homens, o Engenheiro Hennig, © Gama, aquelle fazendeiro do Mucury em que ja fallei, ¢ mais. um trabalhador . Avisados do ataque por um dos fugitivos voltamos a foda a pressa ao campo da batalha que estava em poder dos mossos e soubemos que o combate se limitara ao que dito fica. Debalde tentou-se ir no encalco dos assaltantes. Haviao desapparecido. No dia seguinte achamo-nos em um aldeamento, onde havia um rancho barreado ¢ outros mais toscos, grande bananal, mandioca, canna e inhames. Ficou para mim explicado o alaque da vespera, 2 o entupimento do caminho. Os proprietarios temifo que Ihes fossemos destruir 0 cannavial, e as demais plantacdes. Néo consenti que se tocasse em um 86 objecto do al- deamento, e seguindo viagem aleancei no dia 8 a picada do ‘auno antecedents, justamente no lugar em que, como j4 ‘referi, os Indios havido recusado chegar 4 falla, declarando ‘nao quererem relagdes com os Portuguezes. Ero os mesmos d aldeamento daquelle _ © ribeiréo por onde desciamos era o Uruct. Aoredilei que estes Indios ero os descendentes dessea ee mare nesicay ne inhba ipesty a gucéca expellir ¢ — 202 — tepassados se abstinhio religiosamente de todo o contacto com os dominadores. Assim expliquei o seu comportamento. Mas a cobardia com que fugirao de um 86 tiro dado ao acaso; mas a bon- dade com que se tinhéo abstido de toda a hostilidade .em quanto niio virio ameagado o seu aldeamento; mas 0 motivo porque nao atacariio de preferennia os 3 homens isolados que ifo na vanguarda; mas o evidente proposito que tinha ha- vido de pouparem-me. Er&o enigmas que eu nio sabia decifrar. Fazendo regressar os trabalhadores para Santa Clara, Segui com quatro pessoas para Philadelphia. ‘ao podia fazer esta viagem muito tranquillo. : Tinha de atravessar o valle de S. Joao, e alcangando o . Todos os Santos dalli a 6 legoas, subir mais 10 legoas pelas suas margens para chegar a Philadelphia. Ora no mez de Junho passado, 5 legoas abaixo de Phi- Jadelphia, no lugar denominada S. Jo%o, uma escolta de operarios da Companhia expedida de Santa Clara, tinha sido assaltada por uma tribu mumerosa. © cavique tinha-Ihes declarado com sobranceria que nao queria estrada nas suas terras, @ depois elle e os seus Ihes havido arremecado grande numero de flechas, de que resul~ tara ficarem feridos gravemente 3 dos expedicionarios. © terror foi tal entre estes, que abandonario no nicio da estrada e quasi no lugar do confliclo um companheiro moribundo, 0 qual morreria das feridas e de inanigao, se de Philadelphia o Sr. Joaquim Pereira da Silva, que acolheu e tratou caridosamente os feridos, nfo mandasse uma forea Sovcorrer ¢ conduzir para o seu rancho o infeliz abando- nado. Mas quem era o ousado e energico tapuio que sabin ar~ ticular 0 meu eo teu, @ se abalancava a vir bradar na boca das espingardas “nfo quero estrada nas minas terras” |! Este sim, dizia eu, 6 0 representante e descendente dos corajosos Aymorés. Pertenceré elle & tribu do Uruct ? Foi durante a minha digressio pelo Urueti que veri- fiquei ter havido este outro ataque no Todos os Santos. Ou fosse a mesma tribu, on diferentes as tribus dos assaltantes do Uruei e de Todos os Santos, o facto era grave — 203 — E tal era a sua convicgio a respeito, que fizeraio re- gressar para o Rio de Janeiro o vapor que tinha ordem de esperar-me em Setembro. E eu mesmo {anta importaneia dava 4 sitaagio, que, em vista da hostilidade dos selvagens, comigo mesmo recon- siderei por vezes a empresa encetada, © entrei em duvida se convinha ou nio abrir mao de tudo. Mas ja tinha empregado mais de 200 contos do capital da companhia, e 0 ponto de honra n&o me permittio recuar. Fui a Trindade, a Minas Novas © ao Gravaté. Arranjei 40 homens resolutos, inclusive 10 pragas de cacadores de Montanha, que ford postos 4 minha disposigio ¢ muito me auxiliarao No dia 6 de Setembro estava eu de volta em Phila- delphia com o meu pequeno exercito, que devia ir reco- nhecer os inimigos que nos haviio assaltado em Junho no Todos os Santos, e no dia 5 de Agosto no Uruet. Reparti a forea em duas escolfas, uma destinada a descer pelo Uructi, e outra pelo Todos os Santos. Segui com esta no dia 7 de Setembro depois de ter ali- nhado nesse dia o armazem e a Praga da companhia em presenca de Timotheo e sua tribu, que navamente ratifi- carfio a doagio do terreno. A outra escolta atravessou a cordilheiva que separa o Todos os Santos do Uructi. Hia capitaneada por Manoel Francisco da Silva, lavrador residente na matta da ‘Trin- dade, que falla com perfeicao a lingua dos selvagens. Ao terceiro dia de Viagem, ainda no Valle do Todos os Santos, deparou o Sr. Manoel Francisco com um grande aldeamento. Apenas presentido, os Indios sallario para o mato, ¢ pe~ dindo-Ihes Manoel Francisco que nao fugissem, protestando que vinha como amigo — respondéo uma voz energica estas Tmemoraveis palavras: ortuguez quando vem 4 minha casa ¢ para me matar. Porém replicando Manoel Francisco que vinha da parle de um capita muito bom, que costumaya deixar ferramenta @ presontes dependurados nas arvores para os Indios, @ que yinha ‘sé pedir licenga para fazer uma estrada sem se Ihes tomar as terras, retorquio a mesma voz: “Se yoots sio desse capitao nfo precisio de armas: lar- F =e com os bragos abertos, e abragou com a maior effusio todos 9s individuos da escolta perguntando-Ihes pelo capitio. Declarou em seguida que era meu amigo, ¢ que me dava licenca para fazer estrada ainda que fosse pelo meio de sua casa. Para conhecer-me deliberou-se a acompanhar a escolta até Santa Clara, onde recebeo muitos presentes, e d'ondo voliou com 0 Sr. Augusto Ottoni. Este valente, e generoso cacique era — Pojichi. Era elle que tinha atacado em Junho na margem do Todos os Santos a escolta de Santa Clara bradando: “Nao quero estrada nas minhas terras,” Quando atacou estes passageiros, nfio pensou qua elles tambem pertencessem ao Capitio que deixava presentes de- Pendurados nas picadas. Mezes depois sahio a0 encontro do Sr. Roberto Schloback, do alto da Pedra da Saudade, @ repetio a mesma prohibicdo, que retirou logo que se Ihe explicou ser aquella a mesma estrada para a qual elle jé linha dado licenga. Era mais uma tribu de Botocudos como os Nacknonukes, os Bakués, os Porokuns, os de Joio Zuum, e do Capito Ca- simiro. Quando Pojicha descia para Santa Clara com os embai- xadores que mandei a sua casa, indicou-lhes no Urucd o eaminho da Aldéa Brava, mostrando cicatrizes que dizia serem 0 resultado de Inctas com os Indios d'aquelle lugar; isto 6, 0s do ataque de 5 de Agosto. Quem erfo esses mysteriosos habitadores do Uructi ? E' 0 que restava saber para ficarem conhecidas todas as tribus que ora occupio o Valle do Mucury, Mas os Indios do Uructi souberio guardar o incognito alé 0 dia 6 de Agosto de 1856. Estabeleceo-se o transilo de Santa Clara para Phila- Gelphia, 6 legoas da estrada estendem-se pelo Valle do Urueti. A cada momento os viajantes presentiao os vestigios, e 48 vezes os proprios mysteriosos habitantes, os quaes porém Pertinazmente recusavao abrir relagSes com os Portugueses. Em 1854, 1855 e 1856 fui pessoalmente ao seu_aldea- mento deixar-Ihes presentes. S Em 1856 fugirfio-me quando eu ja estava dentro do eannavial com os Srs. Antonio dos Santos Neiva, Leonardo Esteves, ¢ M. Horn, e por mais que se Ihes bradasse pslo lingua, nio houve meio de os fazer srt, Depois de depozitar nos seus ranchos os demais pre- = 205 — sentes, deixei a minha faca de mato e a minha gravata, tmandando gritar que ero as insignias do eapitao que offerecia ao seu colleza. Finalmente no dia 6 de Selembro de 1856 apparecerfio no servigo do Sr. Leonardo Esteves, declarando-se mansos © pedindo amizade. ‘Trazifio como bandeira pariamentaria o lenco de seda que me servia de gravata, e que ou Lina deisado com a minha faea de mato para o Cacique. Passei por uma grande decepoio. Contra toda a minha expectativa achei-me com mais uma trib de Botocudos. Fingiraio-se mais ignorantes do que sio na realidade, © oulras palavras nfo se arrancava delles senio — Jack-je- menuk — Sincorana — Capito paquejti e rehé. Estou manso, tenho forme, 0 Capitdo grande é muito bom. Entrincheirados na sua estupidez @ meias palavras, os Indios do Urueti tinhao amortecido a minha curiosidade. Mas veio novamente desafial-a, o instigar-me a fazer mais indagagdes um sabio viajante que este anno honrou ‘© Mucury com a sua visita. r Fallo do subdilo austriaco Barao de Tehudy. Miajando eomigo o mez passado encontramos na Colonia Militar e visinhancas a tribu do Urucd. © Barfo de Tehudy 6 0 viajante mais indagador que tenho visto. Teye larga pralica com o lingua, interpellou, indagou, @ por ultimo esereveu na sua carteira, que os In- dios do Uructi ero 03 mesmos que me tinhio apparecido em 1847 na Lagoa da Aréra, e que eu suppunha terem-se Teconeentrado para os sertdes do Prado © de Aleobaca. No meu regresso proourei verificar o que havia de exacto na hypothese do Barso, Eu tinha feito reunir os Indios do Uruet na Colonia Militar para os apresentar ao Sr. Cansanefo, cuja visita nos fora promettida, e nfo se péde realizar. Havilio-se reunido mais de 200. A’ despedida era de regra presentea-los. Fui pessoaimente distribuir-thes ferramenta, @ apro- veilei a occasifio para as indagagdes. Perguntei ao capilio Juquirana onde me tinha visto a primeira vez. Respondeu que n’uma Lagoa junto 4 qual me finhiio ajudado a levantar uma cruz, que desde entio fi- o todos meus amigos pelos muitos presentes que lhes que ao depois nfo cessavao de ver-me passar no matto — 206 — A outro perguntei se conhecia a Gama morador perto dessa Lagoa em que fallayao. Responden que quando os Indios chegavio 4 casa de Gama, as mulheres todas hifio ralar mandioca para fazer farinha e dar-thes; que Gama era muito bom, que o tinhio visto muitas vezes fazendo picada nos seus mattos, mas qué nfio The tinhao fallado porque estavao mal com os Portu- suezes. Nao havia duvida, erfio os Indios da Aréra que atter- fados com 9 massacre de §, Matheus tinhio atravessado 10 leguas de paiz inimigo — as terras dos Bakués, © tribu de Porokum — para virem abrigar-se nas florestas do Uruct contra a sanha dos christios. Cah das nuvens. Para inteirar-me dos motivos porque em 5 de Agosto de 1853 havio attacado os meus tropeiros, perguntei-Ihes quaes erfo os que tinhao atirado flechas nos crains (pretos) de Pojirum — responderio de prompto, com ronha eminen- temente diplomatica, que esses j4 tinh&o morrido, e que erko uns companheiros que nfo me conheciio nem tinhfo rece- bido ferramenta nem missangas. Eo certo é que logo ao primeiro choque tendo ficado na rancharia unicamente o preto forro Ventura, n&io se péde admittir que elle s6 intimidasse uma tribu guerreira como a de Gyporock, que tinha tomado de assalto e de- baizo de fogo a fazenda dos Violas, defendida por diversas espingardas, e que 1a tinhio matado 8 pessoas de familia. Evidentemente tinhao pretendido apenas entimidar-nos, ® afastar-nos do seu aldeamento alirando flechas sobre os tropeiros, mas guardardo-se de offender o bemfeitor da co- Jonia da Ardra, e o da roda de mandiooa. © talisman que nos preservou foraio os donativos de 1847, e a hondade de Gama. E estavao explicados os mysterios do Uruci, @ bem ave~ riguado que, se no dia 5 de Agosto de 1859, eu havia passado incolume por entre as emboscadas dos selvagens, devia-o 4 gratidio religiosa com que esta pobre gente guarda a lem- branga dos beneficios. Estava em fim provado que a generosidade, a mode- ragio e a benevolencia erfio a mais proveitosa das catecheses. Com os Nacknenukes, com Pojiché, com oy Bakuts, ¢ com os Indios do Uructi os resultados ero sempre os mes- mos. Os Indios do Uruew j4 comecao a ser uleis como os Nacknenukes. Forfo elles que colheo muitas rogas dos co-. — 207 lonos Madeirenses, ¢ alugardo-se tambem ‘para a colheita ao Sr. Gazzinelli, colono Italiano residente no ribeirdo da Pe- dra seis legoas acima de Santa Clara. Posso applicar aos In- dios do Uructi quanto disse do Nacknenukes & cerca de cos- tumes, religiio © sociedade. Completamos as informagées sbbre as teibus que actual- mente residem no Mucury. Entre os dominios de Pojiché no Todos os Santos e os dos meus amigos do Uruct interpdem-se duas tribus eapi- taneadas pelo Capitao Casimiro, ¢ por Joao Imma: Siio con- federados. Aldearao-se junto aos picos mais elevados da Serra das Esmeraldas, © nas cabooeiras do Corrego do Ouro. J& sabemos que a tribu de Casimir foi que matou o Sargento Coelho, ¢ mais dous soldados: no Quartel de Santa Cruz, em 1849. Quanto 4 tribu de Joao Immé, 0 nome do cacique parece Provar que ella emigrou do Gequitinhonha para aqui. Ao menos, é certo que no ribeirio do Rubim, confluente do Ge- Sauitinhonha, tres legoas abaixo de S. Miguel era vonhecido, hha annos um Indio por nome Jo%o Imind, cacique de uma tribu numerosa. £ Provavelmente foro as duas on uma destas tribus que em 4854 trouxe do Gequitinhonha o grandioso projecto de assassinar os Capiliies que estavio fazendo estrada; para res Buardar, como se Ihes fizera dizer as terras dos Nacknenu- Kes, projeclo que 9 Capitio Timotheo inntilisou, como j& referi. Casimiro e Joio Imma esto em guerra com Pojicht, seu vizinho do lado do poente, e com os Indios do Uruci, ao lado do nascente. Ainda em Marco queixou-se-me Jaquirana de que Jo&io Immé the tinka morto um irmio de nome Erehes. Pareve que a principio estava 86 nestes lugares a tribu de Jolio Immi, que se revelava de vez em quando roubando alguma rez que apanhavio desgarrada na estrada; mas o ‘anno passado recebendo a visita dos do Rio Preto resolveriio fazer em commum uma demonstraio de forga. Com effeito, ousario apparecer na Colonia Militar e fal- Jar a9 Director em tom arrogante, nfio se mostrando agra id 8 aos presentes que receberio, e protestando contra » que Ihes estavo tomando as suas terras, el eas a Colonia Militar nfo era o Quar- soldados, retirardo-se, © 08 mais ; —ss — 208 — ‘Tambem fizerao um aldeamento com muitas Plantagdes Ra margem do Todos os Santos, uma lagoa abaixo das Candas, na passagem da picada antiga, 41 legoas distante de Phila- delphia, e quatro legoas da estrada nova. Diabi fazem exeursdes contra os Indios do Uruct. Fez compaixdo ver como esta gerite mutuamente Be Ox- termina. Os Nacknenukes © os Aranaus, que babitio nas verten- tes do Arapuca, so irreconciliayeis, @ se nio ha no presente conflictos sanguinolentos, ¢ porque os Aranaus temem-se de vir offender 03 Nacknenukes no centro dos seus novos allia~ dos christios, e os Nacknenukes achio mais vantajoso ar- rancar puaia, e plantar batatas para vender com os couros de veado em Philadelphia, do que irem fazer a guerra para conquistar kurukas, que hoje ninguem thes compra, Sio inimigos de Pojicha seu vizinho de tres legoas. Pojicha ¢ inimigo de Joao Imma; ainda estte anno se ata- sardo, ¢ as duas aldéas distéo quatro legoas uma da outra. Igual distancia tem entre si as duas aldéas de Joao Imma € do Urueti, de cuja inimizade fallei ha pouro. Pouco mais distantes estdo os do Urueti dos de Porohum e Batata, que residem a mor parte do tempo em 8. Ma- theus. E quando estes vem a Santa Clara, passio 0 rio para o Horle, perseguindo os Bakués, que ontras vezes vém espe= rar ao sul os seus inimigos. Em 4854 houve um combate entre estas duas Lribus, sendo o campo de batatha o lado do sul. Ambas fizeréo pric sioneiros aos inimigos. Os prisioneiros dos Bakués fordo assassinados defronte do armazem de Santa Clara. Quando 0 Dr. Manoel Esteves, advertido da execugdo, sahio de casa para embaragal-a, era tarde. E sabendo nos que os prisioneiros de Batata ito ser fambem executados, procurdmos salval-os a todo 0 custo. Batala respondeo as primeiras rogativas, declarando que @ sua gente nfo thes perdoava de modo algum, Mas taes foro a8 minhas instancias, que 0 mesmo Ba- {ata insinuou-me para reclamar os prisioneiros, promettendo que iGo ser meus escravos, mas que pedisse para m’os irem entregar na divisa dos Gyporoks (eu estava de viagem para Philadelphia) quando nio era possivel que mesmo em minha companhia fossem mortos a flechadas. 2 © consetho teve o desejado effeito, mas as amaveis es- — 209 — Posas dos prisioneiros se haviaio rendido de coracio aos ini- migos, @ tecusarao acompanhar os maridos. Qs pobres homens, conscios aliéis da sorte que os espe- raya, preferirio ficar no acampamento inimigo. Na mesma semana uns erdo assassinados, outros fugifio feridos, © 0 Dr. Esteves salvava estes, passando-os para o outra lado do rio. Aos assassinos, que tambem querifo canoas, negou-se passagem. Protegemos indistinctamente os perseguidos, mas a ne- nhum prestamos meios de aggressio contra os outros. Esta neutralidade verdadeira nos tem conservado em boa harmonia com todos. Recapitulemos as tribussde que tenho dado perfuncto- ria noticia. Nas cabeceiras do sul do Mucury e alto Todos os Santos as tribus confederadas dos Nacknenukes. Os Nacknenukes so Botocudos, Nas cabeceiras do norte e no valle do Rio Preto as tri- bus do Capitao Casimiro e de Joio Imma, que descendo pelo Mucury © subindo pelo Todos os Santos passio uma parte do anno na Serra das Esmeraldas, 7 legoas abaixo de Phila- delphia. Nas aguas do Rio Preto ha, além destas, as tribus das Americana; da Agua Branea, 6 outras que, occupando suc~ cessivamente a margem direita do Mucury, vem encontrar-se com os Bakués, que vagio entre o rio Pampan e Santa Clara. S40 todos Botocudos. e ‘Na margem esquerda do Mucury, descendo pelo valle do Todos os Santos, apenas se deixa o paiz dos Nacknenukes, tres legous abaixo de Philadelphia, se esté nos dominios do energico e inlelligente Pojich’, igualmente Botocudo. Deixando 0 valle do Todos os Santos e passando ao valle contiguo do Uruct, esto os Gyporoks, Botoeudos como os outros. E no valle contiguo, isto 6, no ribeir&o da Pedra, d’ahi até Santa Clara as tribus de Batata, Porohum, ete., tambem Botocudos. ‘Yé-se, pois, que todo o valle do Mucury nfo tem outra com poueas forgas, e menos inolinagao para . Direi, porém, o juizo que tenho — 210 — Pouco antes da descoberta de Cabral, muitas tribus da raga dos Tupis havido-se apoderado da costa de Porto Se- guro, obrigando as tribus que ahi residifo, e que erao da raga dos Tapuios, a emigrar para o interior. E' fora de duvida que os Tupis entregardo a costa aos Portuguezes. E que os Aymorés @ seus confederados Abatiras, Po- taxds, etc., da casta Tapuigs, descendo das serras para onde tinhao emigrado, tirario ampla desforra contra os Tupis, e ao mesmo tempo contra os colonos Portuguezes, e que foro depois reealeados para as florestas pelas forcas que 0 Go- verno da Bahia mandou a favor de Porto Seguro. Os Tupis tambem se dividirag, fieando os Tupinaus e Tupiniquins do Rio Doce para o norte, e para o sul os Pu- ris @ outros. Dos Puris ainda se encontrao restos em S. Fidelis, na margem do Parahyba. E como o terror despovoou Porto Seguro @ deo-lhe baixa de capitania, por muito tempo se ignorou o que se pas- sava n’aquella redondeza entre Tapuios (Aymorés) e Tupis. © que eu acredito é que os Tupis continuardo a conquista comecada quasi ao tempo da occupacio Portugueza, exter- minarao os Tapuios, e que apparecendo mais de seculo de- pois com o nome de Botocudos forio proclamados descen- dentes dos Aymorés, quando ao contrario fora os extermi- nadores e o flagello dos seus suppostos aseendentes. Vou deduzir as provas desta minha assergio, e 0 fago muito a medo por ir de encontro ao que tenho lido a respeito em authoridades®ue fizer’o profundo estudo da questéo. Nao irei heber as provas em fontes que se resintao da humana fragilidade, observadores superficiaes, ou chronistas suspeitos, cegos pela ignorancia ou influenciados pelo odio, pela adulacao, ou pelo medo. Invoearei 0 testemunho incorruptivel das serras, os mon- tes, os rio, e os valles que estio proclamando que aquelle paiz nao esteye sempre sob 0 dominio estupide dos Boto- ‘eudos, seus actuaes dominadores. Subindo pelo Uruet, especialmente pelo ribeirao das Lages pullulio a cada canto os indicios demonstradores de que alli jd existio quem sabia fazer valer os recursos da terra. Os Botoeudos actuaes habitantes deste valle tem apenas “nas vizinhancas do ribeirfio da Aréa uma Aldéa com palho- gas, © um rancho barreado, mas pouco tempo Id se demorao, ‘por que, tirando a mér parte de sua subsistencia da caga tem at — at * mecessidade de mudar de lugar, nfo digo de habitacao, mui- y tas vezes. - -Vagio pelas florestas semanas e mezes, dormindo ao relento, ou cobertos apenas por alguns ramos quebrados cada dia. Mais infelizes, e menos industriogos que os Tartaros, nao tem para conduzir em suas excursdes nem tendas nem rebanhos’ © unico animal domestico que conhecem & 0 cio. E nio poucas vezes apanhfo poreos do matto, maca-os, e veados ainda tenros, que a5 mulheres amamentao conjun- ctamente com os filhos. Passio estupidamente aqui ¢ acolé por tapéras onde 0 mais superficial observador reconhece os vestigios do antigo trabalho de mais industriosos moradores. Encontrareis as tapéras geralmente em localidades apro- priadas para fazendas. Muilas vezes os vestigios da velha di habitacio esta debaixo de uma’ cachoeira. E nio ha tapéra ser bananal. Os mattos circumvizinhos demonstrao a modo irreousa- vel uma cultura que cessou ha muitos annos, e que aquelle solo jd foi o theatro de uma civilisagio mais adiantada, A simples inspeceao do terreno, sobre tudo das tapéras, Prova que os seus actuaes occupantes so intrusos. E niio 6 86 a vegetagiio do paiz, que falla esta linguagem. A terra, para denunciar a barbaridade dos Botocudos, guardou em deposito instrumentos de industria, importados de féra por seus antigos senhores, @ os artefactos locaes, que nao deixio duvida alguma sobre essa civilisagio mais adian- ‘tada que alli existio. © Sr. Tenente-Coronel Antonio José Yelloso Soares, im- ‘portaite fazendeiro, que se estabeleceo quatro legoas abaixo de Philadelphia, capinando a sua roa de milho, encontrou um precioso documento historico. ‘E’ um machado de forma inteiramente desconhecida 20s mais elhos habitantes de Minas. 0 Barko de Tehudy, examinando este instrumento com a abitual attengio, descobriu-Ihe a marca da fabriea onde rT — ue — Porto Seguro, no tempo da descoherta, e que este faz parte dos despojos que os Aymorés trouxerfo da costa. Offereco a V. 8. em original o precioso documenta. Outra descoberta, tanto ou mais importante, foi feita pelo colono Suisso Riis, em sua fazenda, situada na confluen- cia do 8. Jacintho com o Todos os Santos. Riis fazia covas para nao sei que plantacéo. A enchada Pereutio em corpo sondro, que 0 colono extrahio cuidado- samente. Era uma telha de dimensoes maiores do que as usadas actualmente para os tectos de nossas casas, Outra circunstancia. Era de terra vermelha, ¢ niio de argila, como ordinariamente. Dir-se-hia que 0 oleiro, tendo visto em outra parte func- cionar esta industria, veio ensaial-a em casa, sem ao menos saber escolher a materia prima. Os Nacknenukes affirmio que nas vizinhancas de Phila~ delphia ha telhas daquellas, restos de casas de que nao ha outros vestigios, e que nao pertencifio & sua gente. Ora a quem se ha de attribuir o singular machado, a telha de oleiro novico, e as tapéras? De certo, a proprietarios anteriores 4 oceupacao dos Ro. tocudos. Esses proprietarios anteriores esta sabido que orto as tribus de Tapuios que, expellidos da costa pelos Tupis, Vollarao depois das suas serras, e foro castigar nos Tupi- niquins o crime de haverem partilhado com estrangeiros peri- Bos0s a patria commum. Ero sem duvida esses famosos Aymorés © seus confe= derados, os quaes, tendo-se assenhoreado por alguns annos da mér parte dos estabelecimentos de Porto Seguro, e Lendo sido obrigados depois pelas forgas portuguezas @ retroceder para as suas montanhas, para e4 trouxerdo provavelmento uma parte dessa civilisayio que, cegos, tinhio ido combater, Que os Aymorés expellidos da costa fossem os pavoadores da cordilheira das Esmeraldas, dizem-nos os historiadores, mas ignoravao que os Aymorés houvessem trazido para a3 suas’ brenhas essa civilisacio adiantada, cujas Provas acabo de citar. : Nessa ignorancia imaginarfo a absurda filiacho dos Bo- tocudos, que creio eu cahe por terra 4 vista dos factos expostos. __ Muitas assergdes que atravessao 0s seculos como verdades ‘Eu creio que (aes machados houvessem sido trazidos para * — 243 — Mas sobrio-me ainda proyas para demonstrar o que fyancei. J& commemorei que antes de sahirem no Alto dos Bois os Botocudos Nacknenukes, pedindo soccorro contra os Botocudos Gyporoks, haviio apparecido pedindo soccorro contra os Nacknenukes outros selvagens, que nio ergo Bo- tocudos. Especifiquei os Macunis e Malalis, sobre cuja historia © desgragas entrei em alguns desenvolvimentos. c Com os Macunis ¢ Malalis vierfio os Machacalis, tribu de tapuigs, cujo nome appareceu tambem na costa no tempo da descoberta. : 0s Machacalis evo mais numerosos e aguerridos, e mostravio odio inveterado contra os conquistadores, que os langavaio fora de suas terras. Quando os Machaealis sahirio no Alto dos Bois, fugindo dos Botocudos, lutava com estes em toda a extensio do Ge- . quitinhonha, do Calh4o até Belmonte, 0 commandante geral das Divisbes, Coronel Julifio Fernandes Ledo, irmo do pai do Sr. Conselheiro Antio. Estou referindo factos co¢vos de que ainda existem tes~ temunhas, para as quaes posso appellar. 2 © Coronel Julio, querendo oppor aos Botocudos os Ma- chacalis, levou-os para o Gequitinhonha, e deu-lhes por ses maria o Ribeirio dos Prates, onde se conservio até hoje. © seu aldeamento é na margem do Gequitinhonha, para cima da barra do Ribeirdo, no lugar denominado Farrancho, Os Machacalis fizerdo-se christéos, t¢m um cemiterio re- gular, e tratéo de levantar uma igreja. Tém auxiliado constantemente os outros moradores na repression dos Botocudos, cujas offensas passio de pais 4 memoria dos filhos. 86 82 servem do arco para matar peixe, Raro 6 0 que nfo tem espingarda. ‘S40 industriosos; a olaria 6 um dos vamos da sua indus- tria, ¢ em tal escala, que nas povoagdes das margens do Ge- quitinbonha cozinha-se exclusivamente em panellas da fa~ brica dos Machaealis. _ Tambem fazem candas e remos para fornecimento dos canoeiros do Gequitinhonha. ‘Sio elles mesmos excellentes canoeiros, ¢ como taes sao para a conducgao do sal do Salto para 0 Calhéo. eam Go cea a pias ». 4 homem intelligente, -viagem ao Rio de Janeiro. i oo. ae — 4 — ‘Uma viagem ao Aldeamento do — Farrancho — deve ser muito importante para a historia, e talvez traga a luz de- talhes curiosos sobre os costumes, governo, religiao, ¢ nacio- nalidade dos ascendentes desta tribu. Os seus penates, que elles transportarao do Mucury para © Gequitinhonha, sio naturalmente depositarios, nao digo de annaes, mas das tradigbes dos seus antepassados. # ereio que um tal exame levaria 4 ultima evidencia a eonclusio que tiro da narragio que fiz. Os Machacalis sio os restos dessas tribus de Tapuios, que os Tupis impelliréo a concentrar-se para a cordilheira da Serra das Esmeraldas, e que, tendo vollado 4 costa com o nome famoso de Aymorés, Abatiras, ete., abi vencerdio os Tu- piniquins e Portuguezes, » tendo-se assenhoreado por muitos i annos dos estabelecimentos destes, conservaréo alguns no eaptiveiro, ¢ naturalmente delles aprenderdo algumas artes @ officios. E quando, vencidos novamente pelos Portuguezes, tiverio de refluir para o interior, 14 foraio praticar o que nhio aprendido e de que deixarao os vestigios que menci nei, e que tem sido quasi apagados pelos Botocudos da raga dos Tupis, os quaes, prosezuindo na invasio e conquista das terras dos Tapuios, os esmagarfio nos seus ultimos esconde- , rijos, e os obrigarfio a ir procurar a proteceao dos christdos sob os nomes de Mucuni, Malalis e Machalis. Os Botocudos, sua origem, costumes, idéas religiosas, lin- guagem e governo, podem ser estudados vantajosamente em manuscriptos, que me consta existirem, contendo a correspon- dencia official dos cofmmandantes geraes das Divisdes do Rio Doce, Gequitinhonha, Major Guido Thomaz Marliere, » Co- ronel Juliio Fernandes Leao Juiz competente me assegura que esses manuseripios sto ricos de informagoes. Guido foi o pai e 0 amigo dos Botocudos, Juliao o con- quistador e vencedor delles. © que fica escripto 6 tudo quanto sei dos selvagens do Mueury. i Reconhego que sao materiaes demasiadamente toscos. Na&o me sobra nem tempo nem aptidao para os preparar @ colligir melhores. No entanto, fico phantasiando ter com 0 pouco que ac~ ‘cumulei, proporcionado ao sublime cantor da — Nebuldsa, pirituoso author da Moreninha, — assumpto com que seu fertil engenho erija 4 litteratura ey monumentos no- 05. ss ere prrenniora. i eine stinks sorta 0 men sales Be, ‘Dr. Macedo péde fazer o uso que conveniente Ihe parecer, certo de que 86 a deferencia ao seu pedido me antimou a escrevél-a. ‘Sou deveras Seu Amigo, THEoPHiLo Bexevicto OrTon!. Se Pree a a eee — 216 — 2 Reaumo Total da Poputagho que existia no anno desta Cldade do Rio de Janeiro, até o ultimo mascerao © fallecerao no mesmo auio de SS BRANCOS, PARDOS: FREGUEZIAS DA CIDADE bo RIO DE JANEIRO, Aggregados € Aggiegadas em varias casas, (32|_e7m| ams] sue | sto | Somas, 2 | Chetes de Familia Becteanaticon: 70 | Ciefes de Familia Casados. 7D | Mulheres dos ditos. ‘BZ Chetes de Familia Soltelos. 172 | Ditas Solteiras, 14] Ditos Viavos. a 7 Santa Rita, ree =>) Conventas, i NI |_| ta Toda a Pi oda # Populacto Fallecidos no Hospital de El-Rei, Pobres fallacidos no Hospital da Missricordia, Eajsitados que se sspultarRo no Comiterio da dita. Bscravos que s3 sspaltaro no Cemitzrio da mesma, Somma Geral dos fallecidos no dito anno. ‘eoppanty se sopo1 9p eames | got “Din on) Ou SOPH TT oe "Qu 97D OW SHPIDAIE] SRIAFT SOSH “ORSETRGOG F UPON ap WUIOS | “SOARS $0 SOPO} ap PUUOS | ZIRE “DULY ON) OW SOD/PRPU 80H [set Ter Freguezins Mortos “Sopesy) UAT MPA ep S9}9RD | SC “FoHSINT we ap FAHD “emo [01 goers avpIwA tia supuaaitay o sopedaiily | oe “ouUY OFT Om soproseT soNiG | BL “rurp waed sovuw Lop Sowa [oe “souue 1 ap opepy v Pe swULA 2 Sout | 26 i i 4 i ¢ * * N.B, A Tropa desta Cidade s6 vai incluida neste Mappa no numero dos ‘n0 Hospital Real. de 1779, de REVISTA a us } INSTITUTO MISTORICO E GEOGRAPHIC) BRASILEIRO ee ——— TOMO XXI — 3° TRIMESTRE DE 1858 NOTICIA PARTICULAR DO Continente do Rio Grande do Sul Semindo 0 que vi no mexmo Continente, « noticias que nelle al- cancel, com ax notas do que me parece meceasario para augmento do mesmo Continents ¢ utilidade da Real Fazenda. Dada no anno do 1780 por ordem do ttm. © Exm. Sr. Luiz de Vasconcellos € Sousa, do Consclho de Sua Magestade, Vice-Rel e Capltio Ge- meral de mar ¢ terra do Estado do Hrasil (Copia de um Manuncripto orignal existente no Archivo Publico Go Imperio,) I. PORTO ALEGRE Esta povoaciin, a que muitos chamfo villa, « nos papeis publicos se diz — nesta denominada villa de Porto Alegre —, 6 onde reside 0 governador do Rio Grande; a Junta da Fa- zenda Real; 0 Provedor da mesma Real Fazenda; a Camara; © Juiz Ordinario; 0 Juiz dos Orffios; e todos os mais offi- ines que constituem o Corpo Civil; além da tropa que alli arbitrio do Governador; tendo tambem armazens a E’ situada no Rio de $. Pedro, acima da . | | . — 220 — eagdes que dependem de mais de nove palmos de agua car- regados. m Nota: No anno de 1763, foi invadida pelos Castelhanos a villa de 8. Pedro do Rio Grande, que entio era consi- deravel, e retirando-se dalli os Portuguezes, andaréo vagando por todo 0 continente, sem assentarem a parte onde se esta- deleceriao ; muitos forfio para a ilha de Santa Catharina; ou- tros para Porto Alegre, entdo Porto dos Casaes; e outros se arrancharao em differentes sitios do continente, até que o Brigadeiro José Custodio elegeo a sitio de Viamio para ajun- far alli os moradores que tinhao sahido da villa de S. Pedro. A distancia do porto de mar fez parecer mais util formar-se 4 povoagéo de Porto Alegre; e com effeito desde o anno de 1773, se trabalha alli, © se tem feito 4 custa da Fazenda Real alguns edificios de valor, e os particulares tambem os tem feito, pela necessidade de acompanharem a Capital. Os mo- radores que occupavao a villa de 8. Pedro, e nella tinhao suas propriedades de casas, foraio os mesmos que as fizerdo em Viaméo, que depois tambem os forfio fazer em Porto Ale- gre; bastando sé considerar esta despesa, ainda nao fazendo mengdo de outros prejuizos, para se oppor aquelle povo arrastada. IL. VIAMAO. Servio de capital desde a invasio da villa do Rio Grande alé 0 anno de 1773, em que se passou para Porto Alegre. E' situado distante da barra do Rio Grande por terra cin- coenta e oito legoas @ meia, sendo o porto de mar que tem mais proximo o de Porto Alegre em distancia de tres legoas meia. Nota: 0 sitio de Viamao ¢ excelente, e seria sem com- Paragio a nenhum outro se tivesse porto de mar; estava bas— tantemente cheio de moradores, que tinhio feito excellentes Propriedades de casas, como o continente nao tem em ou- tra alguma parte; achh-se tambem um bom Templo, varias quintas ele., que tudo fazia jd uma povoacdo agradavel, a qual durou até o anno de 1773, e ainda depois muitas fami- Nas se conservardo alguns annos, pela repugnancia que tino ‘a deixar as propriedades que pdssuiio, mas nfo poderéo re~ Sistir, e com effeito se passarao para Porto Alegre, deixando ‘Viamao com poucos moradores, e ficando por esta causa do todo desamparado, ¢ perdidos a maior parte dos bellos edi- ficios que tem. =— oy ; Til. RIO PARDO E’ situado acima de Porto Alegre, distante pelo rio trinta legoas. E' fronteira; tem Armazens Reaes, e reside ali a tropa que os Governadores regulio necessaria para a guarnigio, eujo commandante governa tambem o povo, debaixo das or- dens do Governador. Nota: A povoagio do Rio Pardo nio é pequena, mas muito separada, segundo me consta, dando para isto tambem. © terreno alguma causa por ser todo em lombas, ou altos @ baixos. Nesta povoagéo ou nas suas vizinhancas, ¢ que por estudo vivem muitos homens separados de communicagio Para estarem mais aptos a poderem sahir ao campo fazer os roubos de gados (a que chamao arreadas), sendo estes ho- mens havidos por desembaracados, e resolutos campistas, di- Bnos de qualquer empresa; mas quanto a mim sao uma peste que ali reside, e uns perturbadores da paz, e soeego publico, que para se conservar, me parecia ser 9 melhor meio, tiral- 0s a todos das fronteiras, ¢ dar-Ihes suas moradas no inte- rior do paiz, ¢ alé conceder-Ihes terrenos equivatentes aos que la possuirem, nao deixando estabelecidos em fronteiras homens que nio sejio conhecidos por quietos, socegados, & sem inclinagio a se enriquecerem pelo meio das arreadas: Pondo-se tambem todo o cuidado nos que alli ficarem que se contenho nos terrenos que thes forem sufficientes para as ‘suas creagdes, e se no vao estendendo, e pondo de posse de? uma, duas, e mais fazendas, que entretém com poucos gados, © 86 com o destino de as poderem vender, o que 6 preju- dicialissimo ao continente e aos novos povoadores que nelle Se podem accommodar. IV. ALDEIA DE N. 8. DOS ANJOS de Indios de nagio Guarani; est4 siluada nas mar- gens do rio Gravatahi, distante para cima de Porto Alegre, Por mar seis para sete legoas, ¢ por terra quatro legoas. E° ‘uin sitio delicioso para lavouras, e me dizem ser mui fertil, € abundante de aguas. Tem fabricas de telha, tijolo, e louga em que trabalho os Indios; além de outros engenhos, que se Ihe tem feito. Tem um bom Templo, feito de taipa com casas para vivenda dos Religiosos de Santo Antonio, sio os Curas. A maior povoapio 6 de Indios, amber tem outros moradores. 2 — 292 — em gue se comprehendia o dito terreno; @ como nas sesma- rias se exceptua meia legoa para povoago, havendo-a, tirko- Tha para estabelecimento dos Indios, por ser o melhor sitio que se achou para o dito estabelcimento. Nao foi, porém, dastante a meia legoa, @ se Lomou mais terreno, que se pagou a seu dono. pusta da Fazenda Real. Nas ditas terras havia uma estancia, que, segundo me informardo, era mui nume- rosa de gado, ¢ hoje se acha despovoada, porque os Indios, sendo insaciaveis de carne, nfo obstante fornecer-se-lhes pela Fazenda Real a necessaria para seu sustento, fordio ronbando, e matando 0 gado da dita estaneia, que 9 extinguirao de todo, fazendo o mesmo ds outras estancias cireumvizinhas. 0 sus- tento destes Indios tem feilo 4 Fazenda Real uma excessiva despesa: 0 Governador actual pretende evital-a com 0 esta~ belecimento que tem feito de uma estancia entre 8. Simao e os Palmares, intitulada mesmo a Estancia dos Povos Gua- ranis, que fica distante da aldeia, perto de trinta legoas no caminho para a parte da villa de $. Pedro. Na dita estancia me consta kaver para cima de 12 mil cabecas de gado; e com tudo parece-rme que nfo seri bastante para evilar a despesa 4 Fazenda Roal, em quanto os Indios forem administrados, e sustentados pela eaixa, ou administragéo que se thes esta- heleceu para seu regimen, e nao os deixarem viver sobre si @ nas outras povoagées que aquelles que tiverem aprendido officios mechanicos, obrigando-os a tomarem mesires, para sme depois de o serem, possio viver Sobre si, e adquirirem o necessario para se manterem, e nio estarem sempre como pupillos, pois que a este fim se encaminhio todas as ordens regias em beneficio dos Indios. Ha na aldeia, para instrueefo dos rapazes Indios, um mestre de escola, outro de grammatica, outro de solfa, e um recolhimento para nelle se ensinarem as raparigas a coser, ete. Que bem empregado seria todo o cuidado que o actual Governador tem posto na educagho dos Indios, se 0 voltasse para qualquer das outras povoagdes do continente, pois que destas yeria fructo, e daquelles tem sempre tido o senti- mento de ver sem utilidade o seu desvelo; porque, hayendo na aldeia (v. g.) duzentos rapazes, que se poderdio applicar, apenas se coniardé alguns que saibio os primeiros princi- pios, e que eserevio, ou contem mal, 0 que nfo é utilidade correspondente ao cuidado, e despesa que se faz com o seu ensino, além do trabalho que ttm os mestres em educar, ou aa homens, que, em geral, parece que a Omnipo- nein, a que ee aos talentos =f ros homens, © pouco mais superiores ao in 7 Res — stineto dos animaes. Seria, porém, de um grande proveito ao continente se estes estudos se mudassem para a capital delle em beneficio dos seus moradores, que nao tém mestres al- guns; deixando para os Indios os officios mechanioos, que Serdo dignos de estimagao os que os aprenderem, e nenhuma terdo sendo méios musicos, grammaticos, e escrivaes, etc. Quanto is femeas, parese-me ser mais acertado alu- gal-as para servirem aos moradores do continente, e nao constiluil-as, ou infundir-thes uma tal nobreza, que as faz incorrigiveis, viciosas, e inimigas de trabalhar; servindo de destruig&o, nao sé aos seus nacionaes, mas ainda a todos os que (ém a infelicidade de com ellas terem communicagao, sendo tanto nas ferneas coma nos machos, estranha a palavra de honra, e os estimulos que ella causa, como a experiencia tem mostrado, que nao obstante o trabalho que com elles se tem tido a tantos annos para os civilisar, e indivar-thes © horror aos vicios, estio hoje da mesma sorte que quando vivido tolalmente na ignorancia, nfo fazendo escrupulo de trocarem uns com os outros as mulheres, alugal-as ou dar- Ihes livengas para quando as convida o appetite lascivo. Fi- nalmente, parece-me seria util trabalhar-se em Ihes fazer esquecer a lingua nacional, para ver se assim conservao me- nos amor nago, ¢ por consequencia mais horror aos seus usos © costumes. V. ALDEIA DE §, NICOLAO FE situada no Rio Pardo, distante uma legoa da povoacao. Esta aldeia consta s6 de Indios, e tera quatrocentas alas, pouco mais ou menos, todos de nagdo Guarani. Tom um cura religioso de Santo Antonio. Nota: Ignoro qual fosse 0 motivo que obrigasse a ficar esta aldeia separada da outra nem me consta que nella haja mestres; mas so os Indios da mesma qualidade, e por isso me reporto ao que fica dito a respeito dos da aldeia de N. Senhora dos Anjos. . e Il, FREGUEZIA DE N. 8. DA GONGEIGAO DO ESTREITO "Principia nas margens do norle do Ri Grande, na ie sash, 6 sagde at — 2 Vil. FREGUEZIA DE S. LUIZ DE MOSTARDAS Principia em Cap&o-Comprido, e¢ segue até o Quintiio, com extensio de vinte © sete legoas. VILL, FREGUEZIA DA CONCEIQAO DA SERRA Principia no Quinto, vai até ds Torres, ¢ depois volte até Cupivari, com extensio de quarenta legoas. O terreno para se estabelecer extn frenezia foi fomado de uma estan- cia particular. IX. FREGUBZIA DE SANTA ANNA Principia em Gapivari, @ segue até fis lombas de Viamao, com oxtensio de snte legoas. O terreno para xe estabslocer esta freguecia fol tomado de uma estaneia particular. X. PREGUEZIA DEN. S. DA CONCEICAO DE ‘VIAMAO Principia nas lombas de Viamao, e segue até o passo do Dornetlas, com extensio de tres legons, fazendo mais fundo para a parte da barra de Tnpoa. XI. PREGUEZIA DEN. 8. MAL DE DEOS DE PORTO ALEGRE Pringipia no Passo do Dornellas, ¢ segue até a margem do rio, dividindo pela parte de terra com w freguezia da aldeia de N. Senhora dos Anjos, com extensio de duas e meia legoas. O terreno para sa estabelecer esta freguezia foi tomado de uma estancia particular. XII. FREGUEZIA DE N. 8. DOS ANJOS DA ALDEIA Principia nas margens do rio dos Sinos, @ segue até 0 Arroio de Miraguaya, com extensiio de dez legoas. O terreno ira s¢ estaheleoer esta freguezia foi tomado a uma estancia particular. ‘XIII. PREGUEZIA DE SANTO ANTONIO DA SERRA Principia no Arroio de Miraguaya, ¢ segue até o mato chamado de Viamio, com extensio de oilo tegons. Para e- ' — 25 — tabelecimento de alguns casaes se Lomou lerreno do ostancia particular, XIV, FREGUEZIA DO SENHOR BOM JESUS DO TRIUMPHO. Principia nas margens do rio dos Sinos, & segue alé a barra de Taquari, onde 6 situada a Igreja, com extensio de dezeseis legoas. Tem moradores alé a barra do rio Camacua, com extensio de perto de trinta legoas. Os moradores mesmo derio 9 terreno para a freguezia. XV. FREGUEZIA DE §. JOSE’ DE 'TAQUART Principia no Arroio de Santa Cruz @ segue até o Passo de Taquari, com extensio de tres legoas. O terreno para se estabelecer esta freguezia foi tomado de uma estancia par- ticular. XVI. FREGUEZIA DE SANTO AMARO Principia da outra parte do rio ‘Taquari, e segue até os morros de Agostinho Gomes, ou arroio de Jodo Rodrigues, com extensio de sete legoas. Tem freguezes da outra parte do rio Guahiba, com extensio de quatorze legoas. O terreno Para se estabelecer esta freguezia foi tomado de uma estancia particular. XVII. FREGUEZIA DO RIO PARDO Principia no arroio de Joao Rodrigues, e segue até a es- tancia de Miguel Pereira, com extensio de dez legoas,.c tem freguezes alé 4s margens do rio Camacui, com extensio de vinte legoas. Para estabelecimento de alguns casaes se tomou terreno de estancia particular. XVII. FREGUEZIA DE S. NICOLAO DE ALDEIA © situada no Rio Pardo, ¢ apenas comprehendera um quarto de legoa de terreno, excellente para plantas. XIX, PREGUEZIA DE 8. NICOLAO eb . de Miguel Pereira, seguindo até o Passo de Jacuhi, com éx- tensio de dez legoas. Foi tomado o terreno para a fregue- via, e parece nfo ser a melhor situagao. XX. FREGUEZIA Di S. PEDRO DA VILLA DO RIO GRANDE Principia na margem do sul do Rio Grande, na entrada da barra, ¢ segue dali alé os limites que dividem com 5 eampo neutral entre Portugal e Castella, com extensfio de quinze legoas de comprido. Tem tambem freguezes da parte de féra do Sangradouro de Merim, onde cham&o os Campos das Pelotas, e Arroio das Pedras. Nota: Todas as freguezias nomeadas occuptio grandes exiensdes de terrenos, mas a maior parle sid estancias de eriagdes de gados. ‘A freguezia de Santa Anna merece ser mudada pela in- capacidade do terreno para a cultura, unico meio de que vivem aquelles freguezes, os quaes terido por uma grande fortuna se os mudassem para a aldeia de Nossa Senhora dos Anjos, por ser o terreno excellente para a agricultura, e ex- perimentaria o paiz outra abundancia que com as insigni- ficantes plantagdes que fazem os Indios, cujo numero 60 poderi diminuir, como na continuac&o desta noticia se iré vendo. A freguezia de Botucarahi ultimamente erect, infor~ mfo-me que poderé ter al¢ onze estancias, ou casaes, sendo ‘uma parte delles bastantemente pobre. XXI. VILLA DE 8. PEDRO #' situada duas legoas da barra do Rio Grande de Sio Pedro, eaminhando rio acima. B) villa desde 0 anno de 4761, e é a unica que ha em todo o continente. Foi sempre a capital, ga elle pertence a camara que hoje*se acha em Porto Alegre. Alé o anno de 1763, que foi invadida pelos Cas- Atelhanos, s¢ havia teabalhado bastante para a fazer rica, 0 que ainda se deixa porceber, pio obstante a destruicho que The causou 9 méo (rato que teve em treze annos, que foi oc~ ‘cupada pelos Castelhanos, pois ainda the restario para mo- moria um bom Templo, a casa do residencia dos — = supposto fossem feitos de pio a pique (unico modo com que alli se fabriea) ¢ se achassem todos muito arruinades quando felizmente foi reconquistada a villa no anno de 1776, com tudo mostravao a grandeza, e aceio com que tinhiio sido fei- tos. A maior parte sos moradores que hoje a ocetipao so os Aap Vierfio de Buenos-Ayres, © portenciio 4 Praca da Go- lonia, Actuamente esté commandada por um sargento-mér debaixo das ordens do Governador. Tem armazens reaes ¢ marinha. 0 armazens reaes estedom-se tambem avs que ha da parte do norte do rie, onde ha um official para 9 cuidalo dos mesmos armazens. Nota: Esta villa. que tanto tem custato a coréa Por- lugueza, parece de Justign se conserve, © se passe para ella a capital, mudando-so de Porto Alegre as pessoas que foriio o Estady Civil, e restituinda-se a antiga posse em que os lavfio ni vila. Dirtio que o terreno & indigno pelas muitas areias que formao combros formidaveis, « que estes cada vex mais se vio approximando 4 villa, sepultanda os edificios della, o que néo duvido succede, © succederd se nao houver algum trabalho para os impedir. Se, porém, econsiderarem a8 ulilidades que se seguem de ser alli a capital do conti- hente, sdimente pela proximidade da barra, « sem atlender is mais que resultado aos povos vizinhos, que sio jf em grande numero, vir-se-ha n conhecer que se deve empregar todo 0 cuidado na conservagio © augmento daquella villa, © que ainda @ pretenderem mu para outro sitio. se se guem grandes perdas nos edificios que se deixfo, especial inente, néo bavendo de dentro do sangradouro da Lagoa Me- rim terreno que nao seja areento, « que em pouco tempo, conservando-se sem Deneficio, se ndo converta igualmente em combros de areia, como hoje existe a villa de 8, Pedro, que 9s nao tinha em algum tempo, nem tao grandes, nem tio pro- ximos, como ha muitos moradores antigos dalli, que ainda existem, & 0 confessio. Sendo a mudanga para o campo chamado das Pelotas, onde o lerreno @ melhor, ¢ tem pedra, ha 08 ontos de ficar distante da barra mais de des legoas; ¢ se poder fortificar, ou guardar pela parte do campo sem uma nume- rosa guarnigho. E° bem verdade que 0 eontinente nada o guardaré, se nfo uma pay solida e permanente; mas a villa sempre 4 mais defendida, » se péde cobrir com alguma for- , ‘no sitio chamady 0 Estreito, onde jé houve uma ou obra que tanto valha. Todas estas razdes fazem na villa é que se deve trabathar, e por todos Conducentes para o seu restabele- — 28 cimento, povoagio, augmento e cultura. Para este effeito me lembra expdér as providencias que seguem: » Uma ordem para que-a capilal do continente seja na villa de 8. Pedro, da qual se nfo possa mudar por pretexto algum, nem fazer-se a este respeito representacio. Em quanto se nfo assentar fixamente nesta resolugdo, e que nao fique a arbitrio dos Governadores poderem mudar a sua re- sidoncia, sempre aquelles moradores se conservardd na espe- ranga de melhorar, ou trocar de sitio, e nunca fardd esta- belecimentos permanentes, nem casas a que se possa dar este nome, mas sim choupanas para viver algum tempo. 2". Que logo vé residir na villa o Governador do conti- nente, fazendo mudar para ella a provedoria, a camara, e todos os mais juizes, e pessoas que constituem o Corpo Givil. Depois de feita esta mudanga, todos os mais moradores, cujos empregos, ou negocio obriga a viver na capital, virad insensivelmente habitar nella, ¢ a augmentaraa. 3*. Para os transportes assim do que perteace 4 Fa- zenda Real, camara, ¢ mais tribunaes, me parece justo se em- preguem todas as embarcagdes de Kl-Rei, vislo que a mu- danga se pide fazer pelo rio. E tambem me parece justo aju- dar aos particulares, concedendo-Ihes nas mesmas embarea- gGes gratis as passagens daquelles que dentro de um anno, ou dous forem habilar na villa. 4*. Que o governo do continente mande logo tragar, ou alinhar as ruas que se devem fazer, para eada um poder eleger o sitio em que pretende fazer casas, @ que estas as possio fazer terreas, ou de sobrado, mas debaixo de um preceilo de prospecto que todos devao seguir, evitando-se as despesas superfluas para que nao atemorise 0 custo das propriedades aquelles que 8m menos cabedal. d*. Que pertenga a Camara a doac&o dos chaos que ainda estiio devolulos © que reccha delies e fro correspondente, como antigamente praticava; e que pela Camara *nesma se dém os giscos dos prospectos que se deverdd seguir. 6*. Que seja prohibido fazer-se obra nova para a Fa~ zenda Real, ou qualquer outro tribunal, que nao seja de pedra e ¢al, coberla de telha. O contrario é fazer a mesma dospesa, e em breve ficar o edificio podre e inutil, © j4 mais se dao por acabadas as obras da Fazenda Real, porque facil- ‘mente se animi&o a desmanchal-as pelo nenhum valor a que ‘se reduzem. ___ 7. Que a villa se deve encher de casas quanto possivel for, principiando do pantano da villa, ou do forte para a parte = BB da igreja, e nio ir entrando do pantano para dentro, que serfio oustosos os alerros, ¢ sempre ficio aquellas proprie- dades sujeitas ds enchentes do riv, tendo da igreja para a parte do campo muito bons sitios onde possio edificar, es- peeialmente no largo chamado do Pelourinho, onde se péde fazer uma boa praca, evitando-se a entrada de cavalhadas e boiadas que revolvem as areias, as quaes, estando snoegadas, erifo um capim ou herva, que as defende dz -voarem com a impetuosidade dos ventos. 8, Bom seria que aos particulares fosse prohido fazerem casas sem serem de pedra e cal, cobertas de telhas; mas isto seria querer muito, e nao se poderia con- seguir em tio breve pela difficuldade da pedra, e prineipal- mente por no estarem ainda as cousas a caminho para este effeito; seria, pois, necessario, primeiro encaminhal-as, por- que depois facilmente se co: ufio. Para que assim se con- siga, lembra-me que, entrando-se pelo sangradouro de Merim, tres ou quatro legoas, ha muitas e admiraveis rochas de boa pedra, havendo portos de mar que dao lugar 4 entrada de embareagSes grandes, e chegio quasi ao pé dos serros; que dalli se transporte a pedra para a villa, dispondc-3e wste :m- portante trabalho na férma que segu Mandar-se passar para o melhor sitio ou porto, que por pessoa pratica se eleger mais commodo para se earregar2m as embareagdes, uma companhia de cento e cincoenta on du- zentos indios trabalhadores, e que esles se empreguem de- baixo da direcgio de pessoa intelligente em quebrar e ar- rancar pedras de toda a qualidade, assim lioz como lagedo, ou seixo redondo, ¢ que a vio pondo em montes junto ao carre- gadouro, e isto sem delerminacdo de quantidade, mas toda a que poderem quebrar, Estes Indios costumio yencer cin- eoenta réis por dia, e a sua racio de quatro libras de carne, que poderd a vir a importar no anno sem entrar a carne em quatro para cinco mil crusado com 0 administrador, ou mes- tre que os ensinar a cavouqueiros. A carne, péde-se-lhes dar sem despesa, fazendo-a vir da estancia dos mesmos Indios sita entre 8. Sim&o e Palmares, aproyeitando-se os couros em beneficio dos estabelecimentos para que se fez a dita es- tancia, pois que tanto importa serem os Indios sustentados na aldeia, como alli naquelle trabalho. As rezes que poderad gastar por dia os duzentos traba- sera0 quatro, e por anno fazem mil quatrocentas ¢ ¢ nfo serd justo que venhio os ditos trabalhadores pelo menos, tenhio ja de reserva trezentas, ou qua- 'ezes, para nfo experimentarem fome; mas, caso haja alguma falta, como alli ji ha estancias, tina-se destns. por emprestimo, ¢ s¢ Ihe salisfaz depois no mesmo genero. Para a pedra ser conduzida 4 villa, tem a Fazenda Real duas excellenies embarcagdes, que carregio muito e dependem de. pouca agua para navegar, e se podem equipar oom alguns dos. ditos Indios, e alguns marinheiros; estas sdo as embareagias que se fizerio para transportes de gado do Norte para a villa, de sorte que podem as ditas embarcagées quando forem para cima, levar gado, e cada uma carrega 4 vontade, quarenta @ tantas cabecas; © chegando Ii carregarem de pedra, @ espe- rando 0 vento proprio, em poueas horas chegao 4 villa, pois que a distancia sera alé nove legoas, pouco mais ou menos, Se a experiencia mosirar que basta menor numero de Indios para este trabalho pela facilidade de arranear a pedra, sendo possivel ou mais facil o quebral-a a fogo, poder-se-ha dimi- nuir o numero dos ditos trabalhadores, em ordem a fivar mais commoda a despesa. %, No mesmo sitio em que se corla a pedra, ha excel- lente barro para telha @ tijelo, e como na aldeia ha Indios que sabem fazer estes dous materiaes, parece-me justo que sejio todos os mestras, ou officiaes deste offivio mudados para aquelle sitio, © alli estabelegso a3 suas fabricas para servirem ao augmento da villa, yendendo os ditos materiaos por aquelles pregos que pela Camara se regularem propor= cionados e racionaveis. 10, Para quo a Corda Portugueza receba a ulilidade de conseguir em mais breve o restabelecimento da villa, e para que os moradores della recebio tambem algum favor om attengdo aos muitos e consideraveis prejuizos que tem expe- vimentado, ¢ a estar em geral muito pobre o gontinente, pa~ reoia-me que, coneedendo-se gratis a todos os que edifi- eassem casas na villa dentro em um termo certo de ants (que noderiao ser cinco, contados da publicacio da graga) toda a pedra que precisassem para as suas obras, serviria de um grande estimulo a cada um o quever-se aproveitar deste heneficia, ¢ se esforgariio dentro no dito tempo prefixo a fazerem as suas obras de pedra, desprezanslo a obra de pio a pique. Officiaes do pedreiro e carpinteiro, ha bastantes para servirem, ¢ aclualmente pouco tem que fager. Intro- duzido, como digo, o fazerem-se as casas de pedra, @ aberto © caminho para a fagilidade de a tirar, ereio que haverd bem poucos que se nfo envergonhem de construir casas de pio a pique, palha, ele.; mas em tal caso se podem prohibir, por- que desornio muito similbantes fabricas de easas. Dos In- dios que se empregarem na tirada de pedra podem ficar al- guns vivendo do mesmo trabalho, « tomando-o por officio para venderem a pedra aos particulares que edificarem casas depois de passado o tempo da graga, M4, A construcgio destas casas poderd ser de pedra e barro, pela diffiouldade que.hia de cal e areia, ou saihro. Na vontinente péde-se muilo bem fazer cal de marisco, tanto em uma caieira que ha no sitio de Mostardas, como ainda na praia do mar grossa, ao sul da barra, onde ja se tem fei mas bom gerd faser-so exame, ou experiencia com a pe das margens do Sangradouro, se sera boa para cal, e tambemn averiguar se ha saibro, ou areia propria para a fabrica ie edificios, De qualquer sovte que seja, deve-se animar a fac- tyra de cal, porque, quando nao sirva para o interior das pa- redes, serve-lhes a reboque, etc. 42, Nas mesmas margens do Sangradouro de Merim em pequena distancia, consta-me haverem excellontes, madviras, emi cujo corte se podem empregar alguns Indios, fazendo-as cortar nos tempos proprios, ¢ dando-lhe 0 necessario para Secoarem, €-ndo serem empregadas nas obras ainda yerdes, de que procede apodrecerem em breve. Se se conseguir que do sitio que se escolher nas margens do Sangradouro de Me- pim possio vir para a villa os materiaes de pedra, eal, areia, telha, tijolo, e madeira, para servir @ construcgao das casas, e empregados neste irabalbos os Indios, que melhores es- tudos haverd para elles? e que melhores commodidades. para os senhorigs das casas? 43, Falla dar uma idéa para segurar a areia, ou pé que continugdamente yoa na villa do Rio Grande; ou 20. manos ‘para que néo seja {fio molesta acs que alli vivern. Tem havido diversos projectos, ou opinides para este effeito, assentando tung, que 0 verdadeiro seria engordar as areias, isto 4, langar- he todes as immundigies que huvessem humidas, unindo- Ihe tambem os intestinos dos gados que se matio; outros que seria.o melhor plantar-lhes mamonos, ou outros arbustos, para que assim, pouco a pouco se fossem segurando e se re- duzisse udo a relva; mais me inclino a este segundo pro- jecto, se bem que tem demora, e nao se péde praticar pelas ruas por onde é continuada a passagem. O primeira tem a cia mostrada infructifero, porque junto ao agougus eurral, em que estd continuadamente gado, iariamente, alli fiedo lodas aquellas immun- esta sempre movidiga a areia; pelo que a melhor idéa serd fabricar bastantes gue atravessem os mesmos combros, ria que 0 nocessario para endireitar as ruas € obrigando os senhorios de cada propriedade a calearem, ow lagearem a rua até o meio cada um nas suas testadas, que esta sera a forma mais breve e efficaz para socegar as areias aas Tuas; e cuidando cada morador, eujos fundos sejio pata os combros em plantar seus quintaes, e pela parte de fora das sUas cercas fazer plantar os mamonos em que ja se fallou, ou outros arbustros, ficarié assim livres de que as areias thes sossobrem os seus officios. Para prova do que digo, decta- rarei o que a experiencia me mostrou no tempo em que es- tive no Rio Grande. Na rua Direita, assim como em todas as mais roas, férma o vento differentes combros de areia, eu- costando diversamente, conforme as partes donde os ventos soprio, ficando umas vezes no meio das ruas, outras 4 paste direita encostados s casas, e outras da mesma forma 4 es- querda; mas observei que havendo casas tanto de uma como de outra parte que tivessem lageadas ou calgadas as suas tes- tades, nfio Ihe parava a areia, e deixando limpa a calgada. Isto deixa ver que, se todas as ruas fossem calgadas, 0 vento, em lugar de as cobrir de areia, as limparia, nem obsta © poder- se dizer que a calgada nao seguraré feita em um pé ou areia to fina e solta; porque a isto se satisfaz dizendo que a humi- dade da terra a prende logo uma mao travessa abaixo da que anda solta; e assentando-se-Ihe a caleada em cima, nfio 36 viré a humidade até 4s pedras, mas crearé eapim pelos can= tos ¢ juntas das mesinas pedras, a que bastard para fazer a ealada solida. Vi tambem que logo quo se fazia qualquer aberta para os combros procedida de casa cubida, quintal ar- ruinado, ete., era uma porta por onde os ventos vinhio in- troduzindo as areias, e bastava um dia de vento para se for- mar naquelle lugar um combro t&o alto, como era antes a casa; © mesmo nos quintaes se nao havia prevencao de cer~ cas, @ de Ihes plantar os mamonos; 0 que me parece clara- mento mostra que se fosse possivel reduzir todos os combros & ruas e citsas com seus quintaes, seria o modo do terraplenar a villa, ¢ evitar-lhe o incommodo que causio as areias. Eu bem sel que isto se nfo péde fazer tio breve, mas tudo & veneivel como 9 tempo, com os interesses, e havendo constan= cia € applicacio de trabalho. 44. A parte da villa que olha para o mar, lem uma praia que 6 bastantemento suja, nao sé pelo muito limo que a maré traz, mas pelas immundicias que Ihe deitdo, e faz um cheiro. {iy méo com as maresias, que ds vezos se niio péde por alli passar. A férma para evitar este incommodo, seria obrigar 08 senhorios das casas, cujos fundos sio para aquella parte, que nas suas tesladas fizessem um eées de pedra de uma al j tura correspondente para que a maré nfo Podesse naqueile sitio langar de si as immundicias que traz, mas antes as le- ‘vasse a outro lugar onde nfo fizesse damno. Esta lembranca nfo 6 nova, porque antes da invasio dos Caslelhanos, jé cada um fazia o seu caes de madeira, cuja duracdo 6 nenhuma. Depois de reconquistada a villa, mandou o Exm. General do Exercito fazer um simithante cas nas fundos da casa de re- sidencia dos governadores, e com elle conseguio ser alli a Praia mais limpa, e o seria de todo se 0 caes continuasse para diante, ¢ se sahisse mais alguma cousa ao mar, que impedisse @ passagem de animaes por baixo. Conseguida esta obra, ficaré a dita praia sem aquelle defeito, ¢ se poderd prohibir com penas pecuniarias, ou de prisio pela Camara ou almo- Z taeés, que se facéo no dito caes limpezas, ou se escamem i peixes, etc. , 45. Deve ser prohibido que as cercas dos quintaes se Tago de madeira, porque, durando quando muito tres annos, nio bastard para cercar os quintaes quanta madeira ha, que { y niio é muita, ¢ sfo continuadas as reformas. Padoréé sim ‘ fazer as suas cercas de pedra, de tijollo, de arvoredo que 4 pegue, como figueiras bravas, corticeiras, salso, e limfo, de tunas, ou gerumbebas, ¢ de caraguatés; que todas estas cer- eas so muito melhores de que usio; so mais uteis, e du- raveis, ¢ até seguriio melhor o terreno. 10. Defronte da villa em distancia por mar de menos de uma legoa, esté uma ilha chamada dos Marinheiros, na qual tem sesmarias ¢ datas de terras alguns Partieulares, e como ‘dali ver as lenhas para a villa pelas néo haver mais proxi- mas, foro isentas da sesmaria e datas, assim as lenhas como o8 capins que server para cobertas de casas, a fim de que tanto a Fazenda Real, como os moradores da villa se podes- sem livremente utiligar das ditas lenhas e capins. Os eértes de lenhas, ¢ madeiras tém sido tao extraardinarios, e tio sem Tegra, de tempo « esta parte, que j4 ¢ necessario entrar muilo no interior da ilha, e com difficuldade para trazer a lenha, que vir a acabar-se com detrimento grave dos morador: villa, se se nfio der alguma providencia, facil obrigando ou acautelando que nas o — 24 » AZ Em qualquer parte da villa onde se’ pretenda fazer ‘pocos, ov eacimbas, como la Ihe chamio, se acha agua em peduena altura, ¢ em muilas partes capac de se beber; sup- aslo que nem todos usdo della, por que a mandao busear a ilha dos Marinheiros em que j4 se fallou, onde ba um ria core renie de exceilente agua, mas nao deixa de ser incommodo a in-se busear esta agua (io longe, senda necessaria embacua- oGes, ele-, 0 que se porleria evitar conservando em benefieio do.povo uma ou mais cacimbas limpas, fazendo-lhe sua fonta para se consprvar « agua com aceio, pois de o nao haver procede a repugnaneia que ha de se servirem das easimbas, Féra da villa menos de meio quarto de legoa ha, uma pa+ ragem @ que chamao as Cagimbas, onde ba muita quantidase de agua, que es! sahindo a superficie da terra, © onde vai a maior parte da gente da villa lavar roupa; que pela rasio de sahin a agua tio alla, nao senia diffiewlloso fazev-se alguma fonie com meia duzia de bioas, onde, com aceio, se podessa veeeber @ agua, livre das immundicias com. que sempre 5 peorhe nas cacimbas ordingrias, e Lambem ali se podia fazer um tanque para lavar roupa, 0 que bastaria que pelo tempo agiante se fizesse; porém a fonte 6 summamente necessayia e util ao poyo, e me parece que a Camara devia obriigag a fazel-a. 48. A’ Camara fica pertencendo a arrematagio dos agou- gues para o poyo, e tudo o mais que Sua Magestade conceda a estes tribunags, para a.sua sustentago, « para.as obpas publicas das villas;.e serd de grande ulilidade se a do Rid Grande poder ajudar os moradores (que como. deixo dito esto pobres) na factura de ruas, nas plantagies de maios para lenbas, © em tudo 9 mais que se conhocer util 4 sub; stangia. augmento da yilla.e nao for inepmpatiyel com os destings dos cabedaes da Camara. 19. Sera de necessidade que haja naquella villa um mi- nistro letrada, que, presidindo na Camara, conhaga do ciyel, crime, e orffios ; por que de serem sempre leigos estes juizes procede, ficarem todas as causas incompletas, mal farma- lisadas, ¢ uljimamente sentenciadas pelos escrivaes, em quem se fifio os juizes, e em quem se péde suppor eneaminhao as senlen SON RDA. 9A suas paixdes, ¢ isto basta para se eon, ‘ adores) tanta. da te, como ee ee sane vie i oO ei ee oy 68 seus fructos, * 0 due é causa de os arruinarem: motivo porque me parece \ / nifo Seria desacertadd fazevem-se pela Fazenda Real, ou. pela Camita dous armazens grandes, de pedra e cal, assoalhados, unr no norte, e outro na villa, para se reeolherem os frucios de-todos os layradores que os quizerem alli entregar, seja trigo, centeio, covada, © milho; ow feijao, ervilha, ou outro qualquer: legume, pagando vinte réis, ou cousa similhante pela guarda e vendagem de cada alqueire; e pelo aluguel dos sa¢08 quarenta, ou sessonia réis ou o quo se julgar corres~ pondente a cada moio «le sacos, que so sessenia; tudo em beneficio do dono dos armazens, que terd em cada um seu administrador, @ gente precisa para medir, e euidar dos fru- tos depositadas, ostando sempre os trigos, © 0s mais griios por conta e visco de seus donos, nio se provanda ommissio per conta da administracie dos armazens, Se acago assenta- nem que ser’ util receberem-se nos mesmos armazens aulos generos, como queijos, couros, ete., parece-me nip ser des- eertado, ajustando-se o prego racional que devem pagar pela guarda, e venda de cada um dos dilos generos. Destes arma~ vens geraes se seguem muilas ulilidades, sendo administer dos eomo devern ser por umas pessoas verdadeiras e zelosas, que adquirio as vontades dos lavradores. Das utilidades que por ora me oceorrem sao: 1*, ndo se destruirem os fructos; 2%, a facilidade com que esto promptos para susteneagio dos moradores da villa, sem terem estes dé andar legoas e lo~ goas @ procurarem o necessarin para se sustentarem, como suecede; 3%, a commodidade que fica aos lavradres para quando © como Ihes for mais facil poderem trazer os seus eneros, na certeza de terem ange os recolhio, e quem thos vonda; #*, 0 interesse que ex#illmentard o negocio para a extraccdo dos ditos tructos pela promptidéo de os lerem Junto a0 embarque, ¢ poderem escolher os melhores que hou- ver para este effeilo; 5*, 0 euidado que tomarad os lavraderes: em limpar bem os seus trigos, e fazer que sejao dos me- Thores para que tenhdo mais prompta sahida; 6°, finalmente, ‘0 poder-se por estes depositos saber o augsmento, ou diminui- cdo das lavouras, a fome ou abundancia que ha no paiz, para se regularem os pregos geraes de todos os fruo! prohibir, ou augmentar a extraccio, conforme 0 pedirem as oceasides, ‘Tudo isto seri de grande utilidade, mas para se execular 4 que os lavradores tha achem, especialmente na yer- promptiddo com que se Lhes devem fazer as entregas pain: valetha aithpg lannndo pany — 236 — eando frustrado todo o trabalho, o qual deve ser sé em os animar, ¢ mostrar-Ihes as utilidades que se lhes seguem, @ due elles em effeito as pereebfo para se thes desvanecer a desconfianga em que yivem por causa das dividas que com elles se tém contrahido pelo Fazenda Real, procedidas de fructos que se thes tém tomado, ¢ estio por pagar, Simi- Jhantemente podem estes armazens servir para os generos que entrarem pela barra; regulando-se em tudo pelo regi- mento que ultimamente se deo para o ‘Terreiro da cidade de Lisboa, no que for applicavel a estes armazens. 24. Desde a villa de S. Pedro, sahindo pelo sitio do Ar- roio, @ depois encostando-se a parte da Lagoa dos Patos, pelas Povoagdes que por alli ha até o Rincio da Barra Falsa, com- Prehendendo as has dos Marinheiros, de Marcal de Lima, e de Tororotama, continuando pelas margens do Sangradouro de Merim, até sahir as Guardas de Tahim, e Albardio; vol- tando pelo caminho da praia até a Barra do Sul, e recolhen- do-se pela Mangueira para a villa, em que medeia uma gran- de poredo de legoas, ha muitas terrenos devolutos em que se podem accommodar bastantes casas de lavradores, se se Ihes repartirem as terras como ¢ costume a estes casaes, € me parece se deveria estabelecer, declarar e ordenar 4°, que em quanto no circuito declarado houver terrenos devolutos Se niio ho de repartir, nem accommodar casaes em outra Parle; 2°, a cada casal so deve repartir sémente a terra que 6 estilo para as suas plantas, deixando entre um tanto nu. meroso de casaes uma porgdo de campo baldio para logra- douro, e pastos dos seus cavallos, bois, e vaccas mansas ¢ leiteiras; 3°, acabados que sejio de repartir os terrenos devolutos ou sem dono, me parece se deviio entrar a re- partir, e accommodar os casaes nas eslancias que tém donos, repartindo-lhes a cada casal a mesma quartidade de terreno que ¢ estilo; 4°, aos donos das estancias se poderé deixar a cada um o dobro do terreno que se dé aos casaes, e isto se se vir que as suas lavouras so dignas desta graga; 0 que Posto se encaminha a tres fins: 0 {* é unir os moradores, @ povoar a villa, e seus suburbios, para a fazer abundante de Gente trabalhadora, © por consequencia, farta @ rica; 9 2° & — 237 — ido; porque, servindy bem para plantas, dé mio pasto, ¢ Por esta causa necesita occupar maior extensio; @ estando dividido em datas a casacs, que cada um tenha os seus bois, @ yaee_"mansas, talvez que se depois se fizer a conta ao total de gado que todos possuem, quo se ache maior numero do que tinha antes a estancia, estando demais cultivado 0 tererno, que era incullo, ¢ sustentando um numero sufficiente de pessoas. 22. Como ¢ justo que aos donos das estancias, a quem se lira terreno para accommodacao de casaes se Ihes dé um equivalente, se liverem gados para creacio maior, 6 capazes do formar uma estancia, seria o meu parecer que este equi- valente se repartisse da outra parte do Sangradouro de Me- rim, e Costa do Piratini, a cada um conforme as forgas que tiver para fazerem as suas creagdes de gados; e néo umas quantidades extraordinarias de legoas sem conta, peso, ou medida; declarando, porém, que nestas eslancias se nao fa- 145 casas seniio as sufficientes para vivenda do capataz ou Piaens que cuidarem do gado, devendo os senhores dellas morar dentro do recinto da villa; porque, concedendo-se a UM, coneorrero todos sem consideragao de estarem expos- tos, (por nfio ter seguranca aquelle sitio, e ser campanha aberta, como ja se disse) e diminuiré a povoagio da villa que, para a augmentar 6 0 unico intento a que se dirige 0 ajuntar os moradores. Por mij choias que estejio de ados aquellas campanhas, nao h¥ tanto que recear alli ura invas&o, porque, como tudo sio bens semoventes, com faci- lidade se retirao, ou para o Rio Pardo, ou pasando o San- gradouro de Merim para a villa 23. Os campos chamados de S. Gonsalo, das Pelotas, ou do Serro Pelado, pertencem 4 Corda de Portugal, segundo o Tratado de Paz; mas como nfo esta demarcada a linha de limites, parece nfo ser justo occuparem-se aquellas campa- nbas, nem repartirem-se a moradores sem estar concluida a linha divisoria; e 0 tenho visto praticar pelo contrario, Porque nao sé se tem repartido, mas até se tem vendida de um particular outro a passe por um titulo que nao 6, nem podia ser, @ tal ¢ qual foi adquirido ainda antes da invasio que os Gastelhanos fizerfo .no Rio Grande, em cujo tempo nao pertencia 4 Corda de Portugal aquelle terreno. Todus dao uma boa informacio delle para ereagées de gados, por ser de excellentes pastos, e a idéa ¢ fazer alli povoagao, ¢ char para 14 0; moradores. Confesso que nao sei qual seja a ea de separar os povos em distanoias {ao avultadas, expondo-0s aos majores incommodos e riscos. 0 mau intento fdo que se Nio Utilisom aquellas terras, mas antes pelo con= {rario digo, que € justo se empreguem em creagdes de gadus, logo aque pela linha divisoria ficarem nesses termos, nao bodendo os actuaes possuidores allegar direito 4 posse em due esto, por serem intrusos, © néo poderem mostrar titulo legal, que thes authorise 0 dominio dos ditos terrenos quad intrusamente oceupfio. Sou sim de parecer que, sendo 1d as fazendas de gados, sejao as vivendas de seus donos dentro do revinta da villa, como ja fioa declarado, 24. Do sitio do Paulista até a Guarda de Tahim, ha uma grande quantidade de eguas bravas, a que ehamao al- gadas, que server de grandes prajuizos aos moradores, porque se algum cavallo manso se encorpora a ellas, perde-o seu dono, © no 6 facil torna-lo « hayer, pelo que me parece que Similhante peste se deve dar faculdade aos moradores para as apanharem, seas poderem fazer uleis; para as matarem; ou para as correrem até as bolar para fora da Guarda de Tahim, 4 ajunta-las com muitas que ha no campo neutral, ficando livres de similhante oppressio os campos para dentro. das Guardas. 25. No campo neutral entre as Guardas de Tahim, ¢ Albard@o da parte de Portugal; e do Rio Chuhi da parte de Castella, em que medeiao quarenta legoas pouco mai ou menos, ha um numero itmmenso de cavalhada algada: boiada tambem alcada, poreos mansos aleados, tigres, ledes, alm de uma infinidude de outros atimaes selvagens, que continuadamente vio augientando, ¢ faraio impossivel o transite ‘por aquellas partes, sendo ja presentemente de grande cuidado para os passageiros, porque de noite 6 ne eessario sempre. velar, niio 66 com receio dos animaes fe~ foxes, mas tambem pelo euidado que tem nos cavallos em que deve marchar, para que no fujéo, ¢ vio com as egaas alpadas, deixando-os a pé em uma campanha tao dilalada, pelo que sfo obrigados a trdeer sempre os cavallos ém ronda, ou rodeio, como se explicfio pelo termo do paiz. Por- tanto parect-me seria conveniente haver um ajuste entre o Sr. Viee-Rei'do Brasil, © o de Buenos-Aires para que todos 98 annos em tempo proprio se fizesssm por uma e outra parte imontarias, ou cotridas a desbastar os animaes feroxes, bolada, ¢ Gavalhada ¢m beneficio nfo s6 dos viandantes, mas nda das estancias vizinhas a Raia; indo a esta diligencia ‘de confidencia, —« pa ee mmaee que ‘fossam fmorlos pelas suas Lropas, e depois ven- dendiowsé Gm Leil80, serviriao para vom 6 producto’ sé dat algum premio aos que fossem 4 diligencia; 4 wnébessario porém considerar que aproveilando-se os couros é neces- sario mais gente para os estaquear © beneficiar, e tamber: condugdes para elles, mas creio que o seu yalor satisfard esta maior despesa. Devo porém lembrar que a quantidade tle gido © cavalhada que ha naquelles campos, procede do qué os Portuguezes deixaifio nas estancias que antes da invagio a) anno de 1763 possito até Chuhi; civcunstancia ‘gue dove fazer mais favoravel o aproveitarem-se estes gadlos pelos Portuguezes, e aindi particularmente pelos que pos- suirfio estancias naquelle sitio 26. Gheios, que sejio de moradores os campos da villa © seus suburbios com os moradores que ja vieriio, e con- tinufio a vir de Maldonado © Colonia, ¢ com os que no Con- linente estavéo sem acgomodacdo, se deverd eniio passat a repartir-Ihes (erras da parte do norte do Rio Grande até Bojurd, Gapio Compride, principitndo pelas partes mais vizinhas ao rio, continuando para dentro, nio deixando vans onde possdo ser accommodados outros casaes, porque 0 me- Thor e mais util é quanto menos afastado da villa, que 6 a povoagao principal ¢ a capital do Continente. 27. Na villa tem+se dado terrenos nos melhores sitios a algumas pessoas, que pela sta pobreza nfo podem fazer ou- tras cusas que de péo a pique atado com couros, @ isto # bem improprio de uma capital, pelo que me parece que ha- vendo quem queira naquelles mesmos ebiaos fazer edifidios de pedra © cal, 6 nfo os podendo assim fazer o actual pos- suidor, deve ser obrigado a aceitar 0 em que se Ihe ava- liarem as bemfeitorias que lhe pertencerem, e largar a posse que tinha do terreno. 28. Go bs trabalhos da tirada de pedra o madeira, fa- elura de tetha, tijollo, cal, elo., se entretem bastante nu- ‘mero de Indios, que saliindo para féra da aldeia, se po- dete nella accomodar alguns cagaés dos da freguezia de Sant’Anna, 9 que serd muito ulil aos casaes, © 20 Conti- 29. Seri de grande utilidade animar a planta de al- - godoeiros em todas as fazendas @ estancias, que sem eat embarago 4. oulras plantas, podem _produzir em — 210 — Supposto ja hoje ha, trabalhio muito pouco, ¢ nao se alcanca delles obra alguma, ou por falta de algodéo, ou por falte de o benoficiarem. ‘XXIL. ESTANCIAS REAES Ford creadas pelo anno de 1737, e estao situadas em Bojurt e Capao Comprido ao norle do Rio Grande em dis- tancia de quatorze legoas da barra do dito rio. Tiverao em outro tempo muito gado, e hoje por estarem em graude diminuig&o se achdo reduzidas a uma s6 em Capao Com- prido. Nota: A utilidade que se tem tirado destas estancias 6 nehuma, considerada a despesa que ellas tem feito (sup- posto que nfo me conste se comprasse gado para este es- tabelecimento); mas para o avultado numero de cavalhada © reforma delta, os capatazes e pides tem feito parte, ou 0 maior empenho do Continente. Aos capaiazes pertence a uti- lidade se a ha nas estancias, porque além do soldo plantdio para si e aproveitdo-se das leitarias das vaceas que fazem mansas; porque a Fazenda Real s6 tira algum gado para sustento da tropa, vendendo os couros. Nestas estanciag so matio muitas rezes diariamente para sustento da pionada: o como © capataz di a sua conta pelos couros que entrega, nao the importando, nem tendo interesse que o numero do gado se augmente, mas antes se se diminue tem menos in- commodo: serve-lhe de pouco obstaculo o matarem-se mai tezes das necessarias, ou sustentarem-se mais pessdas, do que as empregadas no beneficio das estancias, como sempra suecedeo, succede e ha de succeder em quanto durar gado nestas estancias. Ha nellas um numero grande cavallos in- uteis por velhos e incapazes. Os capatazes queixfo-se sem- a — at — carros, cavalhadas, © iudo quanto nellas ha, ¢ alé dando-se 08 moradores do Coutinente em pagamento do que se lhes deve de fructos; 0 que todos estimaro ¢ em breve se ron- : Siguird ter as ditas estancias devolutas para nellas accom- modar familias, @ regulando-se pelo que fica dito no n. 26 do capitulo 21 da villa de S. Pedro. * XXIII. GAVALHADAS E BOIADAS REAES So para servirem ao regimento de Dragdes ¢ aos mais que vao em Wiligencia do Real servico; conducées ete. 3 Nota: Este 6 um objecto dos consideraveis para a des- besa da Fazenda Real no Continente, e tambem para 0 ve- xame dos povos. o que exporei. De duas férmas se provém de cavallos as cavalhadas Reaes que Sua Magestede tem no Gontinente do Rio Grande divididas em Porto-Alegre; Rio Pardo; e villa de S. Pedro. A primeira forma 6 comprando- Se 08 cavallos, ou mulas aos particulares; © a segundo @ quintando-se, on. confiscando-sq todos os animaes que en- trfio para as nossas terras vindos Mas dos Castelhanos. Tanto m uma como em outra férma ha muitas violencias que s¢ tem executado, © que por nfo fazer maior extensio deixo de repetir. Compradas, on tomadas as cavalhadas, proce- de-se a marea-los, cuja marca ¢ cortar-Ihes metade da ore- Tha direita, a que chamfo reiunar, ficando os cavallos assim conhecidos pela denominagao de — Reiunos — isto é, Pertencentes a El-Rei. Thdo o cavallo que tem esta mares (Supposto que tambem a viciio agucando ambas as ore thas) 6 justamente privilegiado, e nfo se péde vender, nem ‘Servir-se pessba alguma delle, que nao sejGio os soldado= do Tegimento de cavallaria de Dragdes, ou aquelles que tem o Justo titulo do servico de Sua Magistade; de licenga dos Go- vernadores; ou finalmente os capatazes e pifes que cuidio da mesma eavalhada; porque todos os mais serfio compre- hendidos debaixo de pena de prisio, e das outras que fichio a arbitrio dos Governador estando tambem sujeitos és x Denas os fazendeiros em cujas fazendas se acha Aetido. Logo que qualquer cavallo tem a-orelha cor. ; sem contradicio que néo péde sahir da cavalhada — Re @ pides que cuidio na conservacio, ou guarda de simithantes cavallos, nfo sendo to pequena esta despesa no geral. ‘Se averiguarmos a utilidade que se tira de todo este trabalho © despesa; perguntaremos quantos cayallos ha reiunos, quantos capazes de servico, e quantos inuteis, e acharemos um numero infinito de animéis e delles eseolhidos os capazes de se poderem montar, acharemos que de seis centos cavallos, se poderdo montar até sessenta, por- que todos os outros nao se montio por magros, velhos e incapazes que nem podem vomsigo, ou por manhosos e indignos de servirem a quem nao ¢ amansador, Se ha alguns de melhor qualidade, sio reservados para os ea- Patazes e pides que dizem neoessilio andar em bons caval- los para correr nos rodeios que fazem aos outros para so nao espalharem, ou fugirem; © quando tem desteuido estes eavallos, entao os deixao para servirem nas fungdes a que 6 destinada a cavalhiada, refazendo-se de outros nos novos ue se comprao. Se algum destes miseraveis cavallos adoeco, @ 0 tempo ou o ar os nao cura, morre infalivelmente ao desamparo, ou o malio antes que morra no campo e seja eonsumido sem que lhe tirem as orelhas que apresentéo para desoarga dos cavallos que tem a seu cargo. Quando os eapatazes apresentio as orelhas ao dar das suas contas nfo se Jhes pergunta de que molestia morreo e infinite numero de cavallos de que apresentao as orelhas, e se fixeram as diligenoias necessarias para os curarem, mas ou morressom @ necessidade, ou porque mesmo os matarao, osti-se por tudo, comtanto que se apresentem'as orelhas; succedendo o mesme a respeito das diligentias a que se manda cavalhada, Porque se fica algum cavallo cangado suocede pela maior parte materem-o © traerem-lhe a orelha para a sua des- carga. Os cavallos que servem aos dragées tem a mesma Térma de administragao; © disto succede que a arbitrio dos capatazos @ pifics, 6 quo 05 soldados montao estes ou aquel- Jes cavallos, sendo mui casual que um soldado monte duas vezes em um mesmo cavallo, nascendo daqui nfo o nfo te~ Tem os soldados amor aos cavallos em que hao de servir, Mas nem conhecimento algum delles, o que 6 peor porque os faz menos aplos para qualquer occasiio que haja, ficando muito mais desembaragados tendo maior conhecimento dos cayallos em que devem montar, e sendo de grande in- teresse que os capitfies conheglio nfio sé os soldados da — 143 — PRIMEIRA Pane — Cavatharta dos dragées i Pédo-se ajustar com os chefes das compantiias ter cada win & eavalhada quo Ihe deve servir, que & para cada preca de official ou soldado tres cavallos, ¢ uma mula, com as con- ‘vengies seguintes ir-se 4 forma de reitmar os cavallos cor. tando-thes as orelhas, mas antes dar permisstio para quo os que jé se ach&o reiunados se possio vender livremente a parlioulares, pondo-se-lhes alguma contra-marca para gue niio tenha crime quem se servir delles. 2. Entregar-se u cada capilio, ou chefe de compankia, ‘0s eavallos ¢ mulas que forem necessarios para o seryico, 7 escolhem-se dos rejunos que existem, e avaliando-se cada um de per si, ou functos como parecer mais convenients; mandando logo o chefe proceder a mareal-os com a sua marca, ou com marca propria da companhia, e fazendo-se carga ao dito cefe no }iyro da sua companhia, da impor- tancia total dos cavalloc! que para ella recebe, a que fica responsayel. . 8°. Que os chefes das companhias poder&o vender, iro- car ou alborcar os cavallos da sua companhia como bem thes Darecer, pondo-lhes as suas contra-mareas; mas para que 0 servigo nfo fique deteriorado, no poderdo marcar para a companhia cavallo algum sem ser apresentado ao chefe do Fogimento ou ao commandante do quartel, para examinar Se 0 cavallo que entra de novo é capaz do servigo ou nfo, ¢ Approva-lo, ou desapprova-lo. 4*, Passndo de posto qualquer chefe de companhia, se deve proceder 4 avaliag&o dos cayallos della para se fazer entrega € carga ao novo nomeads, © para se descarregar o ‘anilecessor, © qual deve pagar antes de vencer 0 solda no novo Posto, 9 que se aleancar estar com diminuicéo a companhia; ‘assim como tambein deve receber da Fazenda Real o que de mais valer a companhia do que a avaliaghio que della se fez E — 24 6*, Que em cada anno se dard mais ao capitio para os eavallos ou mulas que Ihe podem morrer, 0 valor de dous em cada cincoenta, avaliados a tres mil réis cada cayallo, © a quatro mil réis cada mula: @ porque o nao estarem os eavallos recolhidos em cavalharigas os fax sujeitos a serem levados por desertores, ou quaesquer outros malevolos para 0s dominios de Castella; deverd o capitao requere-los pelos meios competentes para The serem entregues, conforme o ‘Tratado de Paz; e caso Ihe nao voltem, deve a Fazenda Rea! Paga-los, ou leva-los em conta, mostrando 0 capitéo que fez as diligencias possiveis para os haver, e 0 ndo conseguio. Similhantemente deve a Fazenda Real pagar os cavallos qué Se afogarem nas passagens de alguns rios a nado, porque 6 capitio, ou chefe da companhia nao poderd evitar este visco: Por eija causa me parece deve haver nisto alguma attengao, que péde ser (v. g.) havendo algum similhante suecesso deve 9 capitio dentro de dous mezes fazer 0 seu requerix mento ao governador do continente que mandara proceder pelo provedor da Fazenda Real a uma inquirig&o rigorosa dos justos motivos que houverdo para a perda dos eavallos que se declararem, averiguando se nas Passagens dos ditos Nos deo as providencias precisas para que a cavalhada fosse bem encaminhada ao nado, e se nisto houve algum des euido; e justificando que o nio houvera, e que era impos- sivel evilar a perda que deve fazer certa, e indubitavel a respeity do numero dos cayallos, parece-me que 4 vista da inquiricao, e informagio do provedor da Fazenda Real, deve informar 9 chefe do regimento, ¢ concordando poder o go Vernador do continente delerminar se proveda & avaliagac dos eavailos que morreréo para se abonarem na carga que © capitio tiver da companhia. Porém depois de passados dous mezes nao serao admittidos requerimentos alguns a este respeito por evitar as incertezas com que se podem fazer, valendo-se de umas lembrancas eseacas, e muito di- tminutas que sé possio conservar. Da mesma férma se pro- eederd a respeito dos cavallos mortos pelo inimigo, ou que Por causa delle se precipitassem aos rios, etc., havendo nes- {es requerimentos alguma attengao ao tempo em que se ad mittinem, em razio da duracio da eampanha, por causa da qual, no poderido talvez requerer dentro dos dous mezos que ficdo declarados. 7. Que nos sitios onde residir o regiment de dragées, | 0 Thes {a8 promptos os campos que houver, ‘on que forem ‘para pasos: as cavaltidas; fieando por conta — U5 — : : dos eapilies © henoficinr, ow fechar, os dilos eampos para melhor eommodidade, sustento e abrigo da cavalhad 8. Que uma vez em cada anno se unird o regimento no silio que parecer mais proprio, e se fari uma visita geval 8 todas as eavalhadas pelo goyernador do Continente na pre- senga do chefe do regimento, provedor da Fazenda Real, e mais officiaes correspondentes, para se fazerem as decle~ racdes que parecerem convenientes do tratamento ou es fado, em que se conservarem as cavalhadas. 9". Que as cavalhadas destinadas as companhias, nfo Poderio ser empregadas em outro algum servico, pelo pre- juizo que se pdde seguir de estarem as ditas cavalhadas can- cadas, e em mao estado. 10. Que os chefes das companhias, poder livremente fazer as compras dos cavallos nos sitios e lugares, que bem Ihes parecerem, evitando-se porém os contrabandos, ou ne= gocios com os Castethanos. } 41. Que por evitar conducées de earretas para as mu- dancas que possa haver de destacamentos, se entregarid das ; cavalhadas reaes, para bagagens ao coronel oito mulas; 20 tenente-coronel seis; ao sargento-mér quatro; a cada ea pilfo tres; a cada official suhalterno duas; ao capellio duas: Para a capella duas; as quaes mulas todas devem entregar passando de regimento, ou dando baixa, e supposto que se hin de entregar ao capil, nfo se ha de fazer conta dellas para 08 premios que ficdo regulados a respeito dos cavallos em que devem fazer o servico, porque em recompensa tirfio das ditas béstas a utilidade de todo um anno para apenas se emi- pregarem em uma viagem do servico, e por essa causa nunca se darad por mortas. Além das companhias, ba féra dellas as pracas abaixo eclaradas, que tambem devem ter cavallos, a saber: Cavallos Mula Rergenio mit 8)! 2) ee |e) Quariel Mestre... 2... ee atro ajudantes do dito... .. a... a . Ao sargento mér se dio pela Fazenda Real cento e ses- senta mil réis para a compra de dous cavallos, ¢ nove mil © seis centos réis por mez para a sustentagao delles; @ ao Ajudante se dio oitenta mil réis para a compra de um ca- vallo, © quatro mil @ oito centos réis por mez para o sus- tento; cuja despesa ma parece se péde ovitar porque nem a fazem no sustento de taes cavallos nem servem nelles, por- que quasi sempre server em cavallos reiunos. Pelo que pa- reea-me se deviso unir todos os cavallos acima declarad 4 companhia do Coronel, e incluirem-se no ajuste com os daquella companhia, evitando-se assim maior despesa; mas © Goronel, Major e Ajudante, podem ajustar-se entre si a respeito das vendas ¢ trocas dos cavallos, serem a arbitrio destes dous officiaes e em sua ntilidade Quanto aos arreios, tambem me parece se devo fazer outro igual contracto com os chefes de companhias na férma fue segue. Cada arreio. que deve constar de um lombilhn com seu rabicho e peitoral, um freio, um par de estribos tom seus loros de sola, uma eahecada com redeas. trans eadis, um par de coldres, um pellego, duas caronas e uns suadouros, se ha de fazer prompto pela Fazenda Real ao en- tregar da companhia, © so deve avaliar para se proceder com elles da mesma firma que fica dito a respeito da ava- liagdo dos cavallos; e para o Capildo ou chefe da companhia Conservar os arreios em bom estado, fazendo-thes por sua conta as reformas e concertos necessarios, se Ihe poderd dar pela Fazenda Real para cada arreio de official inferior o soldado effectivo por mez setenta réis; niio podendo a res- peito dos arreios allegar-se outra perda que a causada poin inimigo. Com isto se evita muita despesa ¢ muito barulho que eausdo nos armazens o infinilo numero de arreios velhos que a elles se recolhem continuadamente, sendo os soldados sem- pre mal providos, e nfo se thes dando de destruir, porque nao tem quem os embarace. Conta da despesa annual com os cavallos de uma companhia de 50 pragas e um piio Deve a dita companhia ter: } cavallos, inclusos os do pifio. 52 mulas — idem, ‘7 mulas para bagagens dos {res officiaes. 28 fea 438260 para compra ¢ cura de 206 animaes a respeito de 70 réis por mez a cada praca, que contém qua~ tro. animaes. 48$000 para soldo de um pitio. 48$360 para os cavallos mortos a respeito de dois por cada 50, que nos 158 importio 6 3/25 cavallos a 3§000. 8$480 para as mulas mortas a respeito de dois por eada 50, que nas 53 importéo em 2 3/25 mulas de 48000. 39$480 para os concertos de arreios de 47 pragas de of- fieiaes inferiores e soldados, a 70 réis cada praca. 1579580 Seaunpa Parte — Cavalhada para o mais servico que ndo for da tropa Nao considero motivo urgente para se conservar cava- thada por conta da Fazenda Real, que nfio seja a que se em- prega na tropa; pelo que ¢ o mew parecer que depois dé completo. numero preciso nos Dragdes, se yenda toda a oulra cavaihada, e nfio havendo quem a compre por yelha € inutil, antes s¢ desampare, do que conservarem-se por esse motivo demorados pides com soldo para que a Fazenda Real receba de mais esse prejuizo, Nao obstante porém o que deixa dito, poderd hayer occasides de diligencias do Real Seryico a que seja necessavia ir a Governador, Provedor © Mais officiaes da Fazenda Real, e que por serem yiagens distantes se Ines devo dar cayalgaduras 4 cysta da mesma Real Fazenda; nestes casos me parece se deve regular (y. g.) a0 Governador dez ou doze cavalgaduras, ao Pro- vedor seis ou oito, © aos mais officiaes tres ou einsa, re guladas a trezentos ris por dia eada cavalgadura, durante ae Asst spp > Sener 2 2, Tinta jkr — Aeigte eka eK, por ae 1 villa todos: —us — se fazem por mar, e para os transportes de mantimentos 4s Suardas, os arrematantes, ou contractadores ox Taro; e caso que pela Fazenda Real se necessite de alguma eonduecio Serd, mais conveniente alugar um carro ou carreta, que te- las por sua conta com uma despesa excessiva, A mesma venda declaro se deve por em pratica a respeito de todos os carros e carrelas, que actualmente possue a Real Fazenda. XXIV., ARMAZENS REARS Ha-os em Porto Alegre, Rio Pardo, @ Villa de S. Pedro: havendo para cada um dellas officiaes destinados, Os da Villa de 8. Pedro e de Porto Alegre séo os de maior in- teresse. Nota: Nio acho precisio de haver tantos Armazens Reaes, @ tantos officines destinados A guarda e administra- ¢Go delles: sendo de parecer que, formada a capital da Villa de S. Pedro, para ella se transportem {odos os generos dos outros armazens, ficando unicamente no Rio Pardo as muniedes de guerra da sua defesa, ¢ nada em Porto Alegre. Formados os armazens na Villa de $. Pedro, bastao-Ihe 03 officines que ficarid adiante declarados no capitulo das despesas da Fazenda Real. . XXV. GENEROS DOS ARMAZENS Nota: Em todos os armazens do Continente ha muitos generos inuteis, ¢ de nenhum valor, # ha tambem muitos ge- neros bons, cujas numerosas quantidades, nfo so. necessa- rias ao uso da Real Fazenda como por exemplo: polvora, chumbo, enxadas, pis, machados, fechaduras, traneas dé porlas, que sio 08 de que me lembro a maior abundancia. Seria de parceer que quanto 4 polyora, « chumbo, que nao teriio alli grande extraccdo, poderiio ser remettilos a esta capital, e quanto aos mais generos, nio 36 os nomeados, mas todos os mais que se julgarem desnecessarins nos armazens, entrando tambem o que é ferramenta de qualquer officio, se poderiio vender pelos precos correntes na terra para ser- virem ao pagamento de parte do que se deve, dando-se tam- hem consumo dos de nentuma ulilidade, — 29 XXVI. MUNIGGES DE GUERRA Ha em todas as tres partes onde existem os Armazens Reaes, acerescendo que em eada uma dostas partes so achio divididas pelas fortalezas, © pelos armazens. Nota: As divisoes que sio necessarias nestas munigdes, assim pelas fortalezas, como pelos armazens, dio causa a muitos prejuizos dos almoxarifes, ou commissarios dos ar- mazens por nfo terem debaixo da sua chave as ditas muni- a que sio responsaveis, acerescendo a nenhuma intelli- Bencia que de ordinario tem nestes generos: Pelo que pare- cia-me que das munigdes que estéo recolhidas ans armazens tivesse carga o almoxarife, mas das mais que estio nas for- talezas, houvesse em cada uma um official inferior nomeado almoxarife, ou condestavel que fosse enearregado do que hou- vvesse das portas a dentro da forlaleza, e que tendo o seu livro dle carga na Provedoria Ihe servissem de descarga as ordens do commandante da fortaleza approvadas pelo governador do Continente, ¢ na sua auseneia pelo commandante que fizer as suas vezes. Lembra-me que havendo no Rio Grande muito arma- mento bom, e outro capaz de concerto, que ld o nao pode ter Por falta de artifices; © tavendo tambom artilheria de mais da necessaria para as suas fortifivacdes, seria acortado fazer vir tudo para esta capital, onde 0 armamento bom sé conser- varia limpo, @ 0 quo nocessitasse de concerto se aprompta- ria; cujo beneficio no Rio Grande se the nfo faz, por nao haver quem o execute, nem com que se satisfaga. XXVII. MUNICOES DE BOCA, B LUZES Ei © fornecimento de munigées de boca 4 tropa, consta de pfo, ou farinha ¢ carne, regulado; a saber: sendo p&o dé-se para dous dias a cada praca um pio de toda a farina, a que se chama de munigio, com o peso de duas libras e meia de~ ois de cozido: sendo farina sio tres quartas de alqueire por mez, ou um decimo de quarta por dia a cada praca: a carne dé-se conforme os postos, sendo os maiores a seis libras por dia, e vindo em diminuicio até chegar ao soldado que duas libras por dia, sendo este 0 menor vencimento que de carne, Para cada uma luz se dio por noite duas velas am

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