O Código Tributário Nacional (CTN), como norma geral das leis dos
tributos, agasalhou hipóteses de responsabilidade tributária para fins de manter
a arrecadação do Estado. Dentre as situações previstas, encontra-se a responsabilidade tributária quando da alienação de um estabelecimento ou fundo de comércio.
Definida pela doutrina como responsabilidade por transferência, esta se
caracteriza por transferir a terceiros o dever de pagar os tributos. No momento do fato gerador, o contribuinte é quem possui esse dever. Posteriormente, por determinada circunstância, essa obrigação é transferida, a exemplo do caso em apreço.
Nessa hipótese, se o alienante cessar a atividade desenvolvida, o
adquirente responderá integralmente pelos tributos relativos ao estabelecimento adquirido. Apesar do CTN definir tal responsabilidade como integral, deve-se interpretar como um dever exclusivo do comprador.
Diversamente ocorrerá se o vendedor prosseguir na exploração da
atividade ou iniciar qualquer outra no prazo de seis meses a contar da data da alienação. Nessa situação, o alienante responderá subsidiariamente como o adquirente pelos tributos. Sendo a responsabilidade subsidiária, a Fazenda deverá observar o benefício de ordem: cobrar primeiro do vendedor e só depois, na impossibilidade de recebimento, cobrar do responsável (comprador).
Quando o estabelecimento em negociação estiver em processo de
falência, tais responsabilidades não subsistirão. Afinal de contas, intenciona-se facilitar a sobrevivência da empresa e tal regra significaria desestímulo para o adquirente.
No caso em análise, o estabelecimento encontra-se em processo de
falência, mas a responsabilidade não se extinguirá. Isto porque o adquirente é sociedade controladora do alienante. Se o fundo de comércio pudesse ser adquirido, sem responsabilidade tributária, por um sócio ou parente do falido, por uma sociedade controladora, esse artifício representaria lesão ao fisco.
Conforme exposto, verifica-se que o CTN, em relação às hipóteses de
responsabilidade tributária, englobou todas as situações possíveis, incluindo regras extintivas, para fins de garantir o recebimento dos recursos tributários, fonte principal da manutenção do Estado.